Novo Banco atira fusões e aquisições para máximos desde compra da PT pela Altice

Venda do Novo Banco fez acelerar atividade de M&A no mercado nacional mas é a EDP quem mais está a puxar pelos negócios em 2017, com quatro negócios entre os dez mais valiosos do ano.

A atividade de fusões e aquisições atingiu os 6.660 mil milhões de euros até final de outubro, traduzindo um aumento de quase 30% face ao mesmo período do ano passado, depois de o Fundo de Resolução ter assinado a venda do Novo Banco ao fundo Lone Star, num negócio avaliado em 1.000 milhões de euros. Mas é sobretudo a EDP que está a atirar o mercado de M&A para o nível mais elevado desde a compra da PT Portugal pela Altice, em 2014.

De acordo com os dados da consultora Dealogic, a conclusão da venda do antigo BES ao fundo americano, que foi assinada no dia 17 de outubro, entra diretamente para o segundo lugar do ranking de operações de M&A (sigla para mergers and acquisitions) envolvendo Portugal.

No âmbito da venda de 75% do Novo Banco, os americanos do Lone Star acordaram com o Banco de Portugal injetar mil milhões de euros na instituição ainda este ano, dos quais 750 milhões já foram “introduzidos” no capital do banco. Faltam 250 milhões.

Até ao momento, foram realizadas 85 operações de M&A que envolveram de alguma forma entidades portuguesas. A maior operação do ano continua a ser a venda da espanhola Naturgas pela EDP a um grupo de investidores que inclui o JPMorgan Chase. A transação foi feita por 2.591 milhões de euros, tendo ficado fechada em março deste ano.

Atividade de M&A dispara 27% este ano

Fonte: Dealogic

Tudo somado, a atividade de fusões de aquisições apura até ao momento um valor que supera em 27% o montante observado no mesmo período do ano passado, aproximadamente de 5.200 milhões de euros. De resto, 2017 já se encontra mesmo acima do conjunto do ano de 2016 em termos de M&A (5.811 milhões) e perto de bater o volume de negócios realizados em 2015 (6.741 milhões).

Ou seja, com dois meses para o fim do ano, o M&A em 2017 prepara-se para atingir o nível mais elevado desde que a Altice comprou PT Portugal, em 2014, por 7.400 milhões de euros.

Ranking dos dez maiores negócios de M&A em 2017

EDP responsável por mais de metade do M&A

Olhando para os negócios mais valiosos envolvendo entidades portuguesas, evidencia-se a EDP como principal player que está a mexer com mercado de M&A em Portugal. Além da venda Naturgas em Espanha, a elétrica nacional também alienou os seus ativos de gás no Norte de Portugal no âmbito da seu plano de reestruturação da carteira de ativos e lançou ainda mão de parte da EDP Renováveis numa oferta pública de aquisição (OPA) que viria a falhar nos seus objetivos.

A EDP Gas foi vendida à REN num negócio avaliado em 532 milhões de euros, transação que ficou concluída em setembro e que se coloca na terceira mais valiosa em 2017. No mês anterior, terminou a OPA sobre a EDP Renováveis e que resultou na compra de mais 5% da empresa de energias renováveis por 296 milhões de euros pela EDP.

Se contarmos ainda a venda realizada pela EDP Renováveis de uma posição minoritária num portfólio de energia eólica de 422 megawatts em Portugal, transação denominada por “Power Station” pela Dealogic e que ficou fechada a 30 de junho por 248 milhões de euros, a atividade de M&A envolvendo a família EDP ascende aos 3.667 milhões de euros, representando 55% do total de negócios M&A em que Portugal esteve envolvido.

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Escalada de 3% do BCP anima PSI-20

  • Juliana Nogueira Santos
  • 30 Outubro 2017

O negócio do BCP na Polónia superou as estimativas e os investidores aplaudiram. As ações do banco português avançaram mais de 3%, puxando pelo PSI-20.

A primeira sessão da semana foi de ganhos para o principal índice português. O PSI-20 avançou quase 0,70% com 12 das 18 cotadas a negociarem a terreno positivo, sendo o BCP o protagonista do dia. O braço polaco do banco liderado por Nuno Amado registou lucros bem acima do esperado pelos investidores, o que levou os títulos a avançarem mais de 3%.

O Bank Millennium registou 502 milhões de zlotys, ou 117,8 milhões de euros, de lucros nos nove primeiros meses do ano, com o BCP a salientar que os resultados revelam a “continuação da melhoria da rendibilidade e da eficiência operacional”. As ações do banco chegaram a ganhar 4,16% durante a sessão desta segunda-feira, mas terminaram o dia a avançar 3,03% para 25,5 cêntimos.

Destaque positivo também para a Jerónimo Martins, cujos títulos avançaram 0,71% para 15,63 euros, para a Nos, que ganhou 0,86% para 5,16 euros, e para as empresas do universo EDP, com a EDP a ganhar 0,26% para 3,03 euros e a EDP Renováveis a valorizar 0,27% para 7,10 euros.

Ainda que tenha visto os seus lucros a subirem 45% no terceiro trimestre do ano, a Galp Energia não escapou às perdas, tendo sido uma das seis cotadas a encerrar o dia em terreno negativo. A empresa liderada por Carlos Gomes da Silva registou 166 milhões de euros de lucros, mas desvalorizou 0,06% em bolsa, cotando nos 15,59 euros. A Altri, a Ibersol, a Navigator, a REN e a Sonae Capital acompanharam a petrolífera portuguesa nas perdas.

Na Europa, o dia também foi de ganhos, com as principais bolsas a avançarem perante um clima político e social mais estável. O espanhol IBEX-35 avançou 2,44% com as notícias de que a Generalitat vai ser acusada de rebelião, enquanto o alemão DAX avançou 0,09%. O índice de referência europeu, o Stoxx 600, avançou 0,12%.

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Isabel dos Santos: Posição da Sonangol no BCP “é para manter”

  • Lusa
  • 19 Outubro 2017

Isabel dos Santos diz ver a relação com o banco português "a reforçar-se e a continuar". "Acho que vamos manter a nossa posição acionista", salientou.

A Sonangol vai manter a posição acionista no banco português Millennium BCP, investimento que já produziu rendimento, afirmou a presidente do Conselho de Administração da petrolífera angolana, Isabel dos Santos, em Londres.

Num evento promovido pela Thomson Reuters, Isabel dos Santos lembrou que a posição acionista aumentou em cerca de 1%, para 15,24% durante o aumento de capital realizado pelo banco, em fevereiro deste ano.

"BCP é um bom investimento. Os números falam por si: a Sonangol comprou as ações a um preço baixo e já tivemos rendimento do nosso investimento. Acho que vamos manter a nossa posição acionista.”

Isabel dos Santos

Empresária

“Acabámos de reforçar essa participação e temos tido um papel ativo na administração. Vemos a nossa relação nesse sentido a reforçar-se e a continuar”, destacou.

A presidente da Sonangol considerou que o BCP “é um bom investimento. Os números falam por si: a Sonangol comprou as ações a um preço baixo e já tivemos rendimento do nosso investimento. Acho que vamos manter a nossa posição acionista”.

Sobre o futuro do banco, aguarda a reunião da administração do Millennium BCP, para a qual foram nomeados novos membros, no âmbito da entrada do grupo chinês Fosun, que reforçou a sua participação para cerca de 25%.

“Ainda não discutimos na administração qual é a visão para o futuro. Houve a nomeação de novos administradores devido à mudança de estrutura acionista. Assim que estiver concluída, os acionistas vão decidir qual vai ser a sua política de investimentos, se será na Europa ou noutro sítio”, adiantou.

O relatório e contas de 2016 da Sonangol indicou que o investimento da Sonangol no banco português começou em 2007, então com 180 milhões de ações (que no final de 2015 chegaram a cerca de 10,53 mil milhões), inicialmente no valor de 525,6 milhões euros.

Dez anos depois, o saldo desse investimento representa um “justo valor”, nas contas de 2016, de 150,4 milhões de euros, contra o saldo inicial de 516,1 milhões de euros nas contas do final de 2015, representando uma perda potencial de 365,7 milhões de euros, refere a petrolífera angolana.

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Mexia não é o único. Metade do PSI-20 também tem gestão em fim de mandato

Mexia não é o único gestor em Lisboa que está em fim de mandato. Metade das cotadas da bolsa de Lisboa também terá de eleger novos membros no próximo ano. Chineses vão ter palavra decisiva.

São oito os CEO cujos mandatos terminam no final do ano (por ordem, da esquerda para a direita): Luís Paulo Salvado (Novabase), Moura Martins (Mota-Engil), Cláudia Azevedo (Sonae Capital), Manso Neto (EDP Renováveis), António Mexia (EDP), Nuno Amado (BCP), Palha da Silva (Pharol) e Rodrigo Costa (REN).

António Mexia não é o único gestor cujo mandato caminha para o fim em 2017. Quase metade das cotadas que compõem o PSI-20 também vai ter de eleger novos presidentes e equipas de gestão assim que os mandatos atuais terminarem no final deste ano, segundo o levantamento realizado pelo ECO. Em muitas destas decisões os chineses vão ter uma palavra importante a dizer. Tal como acontece na EDP.

Além da EDP, onde António Mexia verá o seu lugar de CEO ser discutido em Pequim no próximo dia 22 de outubro, também EDP Renováveis, BCP, REN, Novabase, Sonae Capital, Pharol e Mota-Engil vão ter de levar às próximas assembleias gerais de acionistas os nomes dos membros que vão compor os diferentes órgãos de governo das sociedades para os próximos anos.

Estas oito cotadas são de peso. Em conjunto, apresentam-se com um valor de mercado superior a 24 mil milhões de euros, respondendo por aproximadamente de 40% da capitalização bolsista de 60 mil milhões de um o índice de referência nacional composto, atualmente, apenas por 18 empresas.

Se há incerteza em relação à permanência de alguns dos gestores, há outros casos em que a aposta dos acionistas deverá passar pela continuidade face ao trabalhado apresentado até aqui. Esse deverá ser a situação de Nuno Amado. Foi ele que nos últimos anos empreendeu uma reviravolta no BCP, sobretudo com a libertação da intervenção do Estado depois anos de turbulência na instituição que culminou com o último aumento de capital de 1.300 milhões de euros, realizado em fevereiro.

Foi esta ampliação de capital que trouxe os chineses da Fosun para o primeiro plano no seio do banco — atualmente, o grupo chinês detém 25% do banco, à frente dos angolanos da Sonangol (com 15%). Juntos, estes dois acionistas terão voto de relevância na próxima equipa de gestão.

Quem termina mandato este ano

Chineses decidem

De resto, também o futuro das gestões de EDP e EDP Renováveis vai ser discutido sobretudo em mandarim. O caso de António Mexia na EDP é o mais mediático. A China Three Gorges detém 22,5%, procura alternativas a António Mexia e até já marcou um encontro para o dia 22 deste mês para decidir o futuro CEO, como adiantou em primeira mão o ECO.

Ainda que Mexia, que lidera a elétrica nacional desde 2007, tenha manifestado disponibilidade para continuar, os chineses estarão à procura de caras novas. A investigação judicial à empresa no caso dos CMEC terá pesado nesta decisão de mudança na administração da empresa. Francisco de Lacerda, cujo mandato nos CTT apenas termina em 2019, é um dos nomes falados para suceder ao antigo ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações na EDP. A acontecer, isto obrigaria a mudanças também na liderança da empresa de correio postal. Mais uma. Lacerda Machado também foi apontado, mas disse ao ECO que “não tem perfil para ser CEO da EDP“.

Por outro lado, a permanência de Manso Neto à frente da EDP Renováveis também poderá ser uma incógnita. Ele é o braço-direito de Mexia e o mandato também termina dentro de três meses. E mais de dois terços da empresa de energias limpas é detida pela casa-mãe… onde os chineses mandam. Importa também lembrar que Manso Neto é outro dos arguidos no caso dos CMEC, uma das razões para os chineses pretenderem mudanças na EDP.

Na REN, também há chineses a assumirem papel relevante: a companhia estatal chinesa State Grid assume 25% da gestora de rede elétrica. O mandato de Rodrigo Costa expira igualmente no último mês do ano e acontece numa altura particularmente importante para a empresa: está em vias de diversificar o seu portefólio em Portugal com a aquisição de ativos de gás à EDP, numa operação avaliada em 530 milhões de euros.

Nova dança para o ano

Este ano pode haver mudanças em oito cotadas, numa lista que inclui ainda os nomes de Luís Paulo Salvado (Novabase), Cláudia de Azevedo (Sonae Capital), Luís Palha da Silva (Pharol) e Gonçalo Moura Martins (Mota-Engil). Estas empresas também vão ter eleger brevemente as novas administrações para o próximo ciclo. No caso de Luís Paulo Salvado, a tecnológica indicou esta segunda-feira que os acionistas propuseram o nome de João Bento para liderar a comissão executiva no triénio 2018-2020, enquanto Salvado assumirá apenas o cargo de chairman.

Em 2018, perspetiva-se uma nova dança de cadeiras. Estão na calha mudanças em mais seis empresas da bolsa de Lisboa, valendo 31 mil milhões de euros em valor de mercado (metade do PSI-20), com destaques para petrolífera Galp Energia, as retalhistas Jerónimo Martins e Sonae e a operadora de telecomunicações Nos.

Carlos Gomes da Silva lidera os destinos da Galp desde 2015 e o seu mandato de quatro anos à frente da petrolífera termina no final de 2018. Também Pedro Soares dos Santos (Jerónimo Martins), Paulo Azevedo/Ângelo Paupério (co-CEO na Sonae) e Miguel Almeida (Nos) se encontrarão em fim de ciclo nas respetivas empresas no próximo ano.

Quem termina mandato em 2018

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Máximos das papeleiras atraem fundos nacionais em setembro

BCP continua a ser a estrela dos gestores dos fundos nacionais, que foram atraídos pelos máximos históricos das papeleiras Navigator e Altri no mês de setembro, segundo os dados da CMVM.

Atraídos pelos máximos históricos, os fundos de investimento portugueses apostaram forte nas ações das papeleiras Navigator e Altri no mês de setembro. Ainda assim, o BCP continua a ser o título preferido dos gestores portugueses.

Segundo os indicadores de síntese dos fundos de investimento divulgados esta segunda-feira pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o total investido na Navigator cresceu 18,5% em setembro para um total de 16,9 milhões de euros, aproveitando a boleia da valorização do título de 15% naquele mês. A papeleira liderada por Diogo da Silveira pesa quase 17% na carteira dos fundos nacionais, sendo o segundo título mais representado.

Em relação à Altri, a outra papeleira do índice de referência PSI-20, os fundos reforçaram a sua exposição ao título em 39,2% para 12,2 milhões de euros no mês passado. Em setembro, a ação disparou 21,7%, sendo o sexto título mais representado nas carteiras dos gestores nacionais.

Apesar do forte interesse no setor do papel, a principal estrela dos fundos continuou a ser o BCP. Os gestores portugueses reforçaram o seu portefólio com ações do banco liderado por Nuno Amado em 21,4% em setembro para um total de 21,9 milhões de euros. Em setembro, mês em que completou 30 anos na bolsa, as ações do BCP valorizaram 9,8%.

Em sentido contrário, desfizeram-se de parte das suas carteiras de ações da Sonae (-4,6%) e Galp (-9,7%).

Em termos gerais, os fundos portugueses aumentaram a sua exposição ao mercado de ações nacionais em 8,3% para 184,2 milhões de euros.

Os mesmos dados da CMVM indicam que as sociedades gestoras com as maiores quotas de mercado em setembro foram a Caixagest (30,8%), BPI Gestão de Ativos (27,5%), e Santander Asset Management (15,6%).

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BPI: BCP vale mais. É uma “história de recuperação de resultados”

  • Rita Atalaia
  • 12 Outubro 2017

O BPI acredita que as ações do BCP estão subvalorizadas face aos pares ibéricos e da Europa. Vê um potencial de valorização de 35%. Para o banco, o BCP é uma "história de recuperação de resultados".

O BPI retomou a cobertura das ações do BCP… e está otimista. O banco de investimento considera que a instituição financeira liderada por Nuno Amado está muito subvalorizada em relação aos pares, atribuindo-lhe uma avaliação que confere um potencial de subida de 35%. É que apesar de ainda haver dúvidas em torno da exposição a ativos tóxicos e dos créditos na Polónia, o BPI salienta que o BCP deverá ser uma “história de recuperação dos resultados”.

As ações do BCP estão a negociar nos 24,51 cêntimos, mas o BPI acredita que este não é o valor justo. Numa nota de research em que retoma a cobertura dos títulos, o banco atribui-lhe um preço-alvo de 33 cêntimos para 2018. Ou seja, uma valorização de 35% em relação ao preço atual das ações, o que justifica a recomendação de “comprar”. A média das avaliações dos analistas consultados pela Bloomberg é de 26 cêntimos.

Ações do BCP estão a negociar nos 24,51 cêntimos

Apesar de ainda existirem dúvidas em torno da “evolução dos NPE [exposição ao crédito malparado], da cobertura [destes créditos] e a incerteza em relação aos créditos em moeda polaca”, o BPI diz que o BCP está a “negociar com um desconto entre 28% e 53% face aos pares ibéricos e à média do setor europeu”. Para além disso, “os riscos associados à cobertura [dos empréstimos em incumprimento] parecem estar incorporados”, os “receios em torno do capital aliviaram e o anúncio dos requisitos do SREP 2018 pode ser um catalisador de relevo”, de acordo com a nota obtida pelo ECO.

"O BCP deve tornar-se numa história de recuperação dos resultados (…) suportada pela melhoria da margem financeira.”

BPI

O banco está “a caminho de alcançar os objetivos de redução do NPE” e deve, por isso, tornar-se “numa história de recuperação dos resultados”, suportada pelo aumento da margem financeira.

Os bancos portugueses estão a fazer um esforço para reduzir o peso do malparado, que continua a penalizar a sua rentabilidade. Para além dos planos apresentados por cada instituição financeira, será ainda criada uma plataforma para ajudar a resolver estes créditos.

Como avançou o ECO, a Plataforma de Gestão de Créditos Bancários vai ser criada muito em breve. CGD, BCP e Novo Banco já assinaram o memorando de entendimento para colocar este mecanismo que quer solucionar os créditos em incumprimento em funcionamento, algo que deverá acontecer até ao final deste ano. A expectativa, sabe o ECO, é de encolher para um terço o tempo médio de reestruturação destes créditos, reduzindo-o para seis meses. Devem começar a ver-se resultados no final do primeiro trimestre de 2018.

Nota: A informação apresentada tem por base a nota emitida pelo banco de investimento, não constituindo uma qualquer recomendação por parte do ECO. Para efeitos de decisão de investimento, o leitor deve procurar junto do banco de investimento a nota na íntegra e consultar o seu intermediário financeiro.

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Banqueiros levam cheque maior para casa. A culpa é da CGD e do BCP

Entre salários, bónus e outras benesses, receberam 14,8 milhões só num semestre. Os bancos estão a regressar aos lucros e a folha salarial dos gestores está a acompanhar.

A banca nacional está a recuperar. O malparado continua a pesar, mas aos poucos as contas das instituições financeiras vão passando do vermelho para o verde. O valor das remunerações também está a aumentar, alcançando os 14,8 milhões de euros no semestre. Há um aumento significativo face ao ano passado. Praticamente todos os bancos pagaram mais aos administradores, com a Caixa Geral de Depósitos (CGD) a mais do que duplicar as remunerações (por causa da mudança das regras) e o BCP a crescer 30% depois de se libertar da ajuda estatal.

CGD, BCP, Santander Totta, Montepio e BPI entregaram 13,6 milhões de euros aos membros dos conselhos de administração durante a primeira metade do ano passado. O valor passou, este ano, para 14,8 milhões, de acordo com os dados publicados nos respetivos Relatórios e Contas do primeiro semestre de 2017, o que traduz um aumento de 8,4%. É muito? É pouco? Tendo em conta a taxa de inflação nos 12 meses terminados em junho, de 1,07%, as remunerações cresceram quase oito vezes mais do que o aumento do custo de vida.

O cheque global engordou em 1,4 milhões de euros, mas o aumento não foi igual em todos os bancos — até houve um banco, o BPI, em que se assistiu a uma redução do valor pago –, com a CGD a ser responsável por mais de metade da diferença registada no espaço de apenas um ano. Na CGD, a remuneração dos órgãos de gestão e de fiscalização passou de 635 mil euros para 1,462 milhões. É um aumento de 130% que reflete um antes e depois da passagem de António Domingues pelo banco do Estado.

Com a chegada de António Domingues à CGD, as regras de remuneração dos gestores do banco público mudaram, sendo que estes deixaram de estar abrangidos pelo Estatuto do Gestor Público que impunha o teto do salário do primeiro-ministro ou, em alternativa, o vencimento do lugar de origem. O resultado de praticar “salários em linha com o setor” foi que a folha salarial dos administradores da Caixa aumentou de forma substancial. António Domingues passou a ganhar 30.214,29 euros brutos por mês, mais 13,6 mil euros do que o seu antecessor José de Matos.

Domingues só chegou na segunda metade do ano passado, saindo no final de 2016. Mas o salário ficou. Paulo Macedo, bem como os restantes administradores do banco, têm salários sem qualquer tipo de teto, o que se reflete nas contas do primeiro semestre da CGD. Sem travão estão agora também as remunerações dos gestores do BCP, uma vez concluída a devolução ajuda estatal (que limitava os salários) com recurso a um aumento de capital através dos seus acionistas.

Considerando apenas a comissão executiva do BCP, em remunerações contam-se 1,417 milhões de euros, acima dos 1,04 milhões um ano antes. Com complementos de reforma, benefícios pós-emprego e outros, a fatura passa para 2,144 milhões, mas o total vai até aos 2,570 milhões se se juntar à comissão executiva os não-executivos, que completam o conselho de administração do banco liderado por Nuno Amado. O aumento é de 29,9%.

No Montepio, a subida foi de 9,6%. O banco que regressou aos lucros no primeiro semestre elevou a remuneração dos órgãos de gestão, Conselho Supervisão, da Mesa da Assembleia e do Conselho Fiscal para 2,568 milhões de euros.

BPI é a exceção, mas só porque tem menos gestores

“Relativamente ao primeiro semestre de 2017 e de 2016, não foram atribuídas aos membros da Comissão Executiva quaisquer importâncias a título de remuneração variável”, diz o BCP. O mesmo não aconteceu, contudo, no BPI, em que vários dos administradores do banco receberam bónus (ainda que haja diferimento de parte dos valores atribuídos a cada um deles). Fernando Ulrich recebeu 465 mil euros, já Pena do Amaral, Maria Celeste Hagatong e outros três administradores tiveram um cheque extra de 328 mil euros.

Estes bónus, no valor de 2,16 milhões de euros, acrescem à remuneração fixa, às senhas de presença, diuturnidades e bonificações por antiguidade, que colocou a fatura total com a administração do banco em 3,577 milhões de euros, um valor que representa, contudo, uma quebra face aos primeiros seis meses do ano passado. O BPI é mesmo o único dos bancos analisados pelo ECO — não há dados semestrais para o Novo Banco — em que se regista uma redução de 13,2% face ao ano passado. Porquê? Essencialmente porque a administração mudou com a compra pelo CaixaBank, encolhendo o número de administradores da instituição de 21 para 18.

Santander Totta é o que paga mais… também aos trabalhadores

São vários os milhões de euros pagos pelos bancos às suas administrações. Mas no meio de tantos milhões, ninguém paga tanto como o Santander Totta. O banco liderado por António Vieira Monteiro entregou, só nos primeiros seis meses deste ano, 4,646 milhões de euros aos seus gestores, o equivalente a quase um terço do total recebido pelos “homens fortes” da banca nacional. É um valor elevado, mas é pouco diferente daquele que pagou no ano passado: o aumento foi de apenas 1% face aos 4,6 milhões.

Se a liderança recebeu um aumento mínimo, os trabalhadores viram a folha salarial aumentar de forma substancial. O Santander Totta subiu o salário mínimo no banco de 1.000 para 1.200 euros mensais, mais 20% “para todos os trabalhadores a tempo completo”. Numa reunião de 12 de maio, o Comité de Recursos Humanos decidiu alterar o valor do salário mínimo, sendo que este “compreende todas as rubricas que compõem a retribuição mensal e integra já, por antecipação, as atualizações que venham a resultar de futuras revisões da tabela salarial do ACT [Acordo Coletivo de Trabalho] ou de alteração das prestações”, referiu o banco numa nota interna enviada aos trabalhadores.

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Moody’s: Plataforma para resolver o malparado é positiva para o rating da banca portuguesa

  • Rita Atalaia
  • 2 Outubro 2017

A agência de notação diz que o malparado é "um obstáculo à qualidade de crédito dos bancos e desafia a solvência" das instituições. Por isso, a plataforma é "positiva" para o rating da banca.

A plataforma para resolver o crédito malparado nos bancos, nomeadamente do BCP, Novo Banco e Caixa Geral de Depósitos (CGD), deve arrancar no início do próximo ano. Um passo que é “positivo” para o rating da banca portuguesa, afirma a Moody’s. O objetivo desta plataforma é resolver cada crédito em incumprimento em seis meses.

“A iniciativa é positiva para o rating [da banca] porque vai acelerar a recuperação destes ativos e reduzir o montante elevado de empréstimos em incumprimento nos balanços dos bancos portugueses”, afirma Pepa Mori à Bloomberg. A analista da Moody’s refere ainda que o crédito malparado é “atualmente um obstáculo à qualidade de crédito dos bancos e desafia a solvência” das instituições financeiras.

"A iniciativa é positiva para o rating [da banca] porque vai acelerar a recuperação destes ativos e reduzir o montante elevado de empréstimos em incumprimento nos balanços dos bancos portugueses.”

Pepa Mori, analista da Moody’s

O memorando de entendimento para a criação de uma plataforma de gestão do malparado já foi assinado. CGD, BCP e Novo Banco vão integrar esta solução que só vai gerir créditos individuais acima de cinco milhões numa fase inicial. Está previsto que esta solução arranque no início de 2018.

Para entrarem na plataforma de gestão de crédito malparado, estes empréstimos em incumprimento têm de cumprir uma série de critérios de elegibilidade. Assim que a plataforma for formalizada, cada banco vai apresentar uma lista dos processos que querem ver tratados na plataforma, cedendo assim a gestão dos créditos. Empréstimos que vão ser posteriormente analisados pela equipa para perceberem se cumprem todos os requisitos.

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Plataforma do malparado? Saiba como vai funcionar

Um crédito que seja resolvido no âmbito da plataforma para o malparado tem de cumprir um conjunto de critérios. Perceba como é que vai funcionar.

O memorando de entendimento para a criação de uma plataforma de gestão do malparado já foi assinado. CGD, BCP e Novo Banco vão integrar esta solução que só vai gerir créditos individuais acima de cinco milhões numa fase inicial. Mas como é que esta plataforma, que conta com José Manuel Correia na direção executiva, vai funcionar?

Para entrarem na plataforma de gestão de crédito malparado, estes empréstimos em incumprimento têm de cumprir uma série de critérios de elegibilidade. Assim que a plataforma for formalizada, cada banco vai apresentar uma lista dos processos que querem ver tratados na plataforma, cedendo assim a gestão dos créditos. Empréstimos que vão ser posteriormente analisados pela equipa para perceberem se cumprem todos os requisitos.

Isto numa plataforma que vai ser patrocinada e cujos custos vão ser suportados pelos bancos. Mas quanto é que vai custar? O equivalente aos custos associados a uma equipa de 30 pessoas, apurou o ECO, sendo que inicialmente será uma equipa menor — parte dos recursos humanos virão dos bancos, mas haverá também especialistas independentes.

Passo a passo para entrar na plataforma

  • A plataforma recebe uma proposta dos bancos, que revelam uma lista dos processos que querem ver tratados neste veículo para gerir créditos em incumprimento;
  • A equipa da direção executiva, liderada por José Manuel Correia, analisa se a proposta cumpre os critérios de elegibilidade que foram definidos entre todos os bancos;
  • Se a proposta cumprir os critérios, é apresentada aos outros bancos. E basta que outro banco aceite para o crédito ser aprovado. Ou seja, duas em três instituições financeiras viabilizam a entrada do processo para ser tratado em sede da plataforma;
  • A partir do momento que é aceite, a plataforma fará um diagnóstico tendo em conta as informações que vai obter;
  • É depois elaborada uma estratégia e medidas que levem à recuperação da empresa;
  • Por fim, a proposta é apresentada ao comité de reestruturação, que poderá vir a ser liderado por Esmeralda Dourado e onde os bancos estão representados, para ser posteriormente aprovada.

Mais dívida? Mais poder de voto para os bancos

A partir do momento que os bancos cedem a gestão destes créditos à plataforma, passam a estar representados nos vários órgãos criados para o efeito. São, ao todo, dois fóruns, sabe o ECO. Um fórum é a direção executiva, onde há dois independentes, sendo um deles José Manuel Correia, que lidera a equipa. E há três representantes dos bancos, uma vez que a plataforma vai arrancar com a participação da CGD, BCP e Novo Banco, as instituições financeiras com níveis mais elevados de malparado. A plataforma é aberta e de adesão voluntária, sendo que o número de instituições presentes pode aumentar.

O outro fórum é o comité de reestruturação. Aqui há três membros independentes, que têm o peso de um terço na votação. Os representantes dos bancos têm dois terços. Sendo que a votação é feita por maioria simples, basta que aos três independentes — que têm 33% — se junte um dos bancos (com 18%) para que fiquem com 51% e o crédito seja viabilizado.

Mas o peso na votação de cada banco dependerá sempre da “fatia” do valor a reestruturar. Por isso, quanto maior for a dívida, maior o poder de voto do banco. Ainda que, havendo uma posição contrária de duas instituições e dos independentes face ao que tem maior representatividade neste crédito, o processo é viabilizado ou chumbado.

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Malparado: “Não haverá nenhuma garantia pública”, diz Mourinho Félix

O secretário de Estado Adjunto e das Finanças garantiu em entrevista à Reuters que "não haverá nenhuma garantia pública" para o crédito malparado gerido pela nova plataforma.

O secretário de Estado Adjunto e das Finanças, Ricardo Mourinho Félix, adiantou que o malparado vai continuar “contabilística e legalmente nos balanços dos bancos” apesar de passarem a ser geridos numa plataforma criada em conjunto pela Caixa Geral de Depósitos, o Novo Banco e o BCP.

Esta plataforma deverá estar em operação “até ao final do ano”, indicou Mourinho Félix em entrevista à agência Reuters. Contudo, esta será uma “entidade privada” que servirá unicamente para coordenar a recuperação de malparados cruzados, sem contar com garantias públicas.

“Os bancos concordaram entregar a gestão dos créditos malparados das empresas, que estão expostas a mais do que um destes bancos, à plataforma (ACE). O ownership do processo é dos bancos e eles já estão a preparar os documentos”, frisou Mourinho Félix.

"Os bancos concordaram entregar a gestão dos créditos (NPLs) das empresas, que estão expostas a mais do que um destes bancos, à plataforma (ACE). O ‘ownership’ do processo é dos bancos e eles já estão a preparar os documentos.”

Ricardo Mourinho Félix

Secretário de Estado Adjunto e das Finanças

Mourinho Félix disse que “não há um bad bank, não há um veículo ou asset management company“. Ou seja, a plataforma portuguesa distancia-se das soluções encontradas pela vizinha Espanha e em Itália, sublinhou o governante.

BCP, Novo Banco e Caixa Geral de Depósitos já assinaram esta quinta-feira o memorando de entendimento para a criação de uma plataforma de gestão do malparado. Esta plataforma só vai gerir créditos individuais acima de cinco milhões numa fase inicial.

De acordo com o secretário de Estado Adjunto e das Finanças, “o papel do Governo e do Banco de Portugal foi sobretudo de sentar os bancos à mesa”.

"Não há um bad bank, não há um veículo ou asset management company.”

Ricardo Mourinho Félix

Secretário de Estado Adjunto e das Finanças

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Plataforma do malparado só vai gerir créditos acima de cinco milhões de euros

BCP, Novo Banco e Caixa Geral de Depósitos já assinaram o memorando de entendimento para a criação de uma plataforma de gestão do malparado. Vai gerir créditos acima de cinco milhões.

BCP, Novo Banco e Caixa Geral de Depósitos já assinaram o memorando de entendimento para a criação de uma plataforma de gestão do malparado. Esta plataforma só vai gerir créditos individuais acima de cinco milhões numa fase inicial, de acordo com o comunicado conjunto das três instituições.

Os três bancos assinaram esta quinta-feira “o memorando de entendimento para a criação da Plataforma de Gestão de Créditos Bancários, um instrumento autónomo que irá permitir uma maior coordenação entre os credores bancários, visando aumentar a eficácia e celeridade nos processos de reestruturação dos créditos e das empresas”, informam os bancos.

“Ao abrigo deste memorando, as três partes declaram a sua intenção de constituir a Plataforma, à qual atribuirão a gestão integrada de um conjunto de créditos, que detêm sobre devedores comuns, classificados como NPE (Non Performing Exposures)”, indicam ainda.

"O BCP, a Caixa Geral de Depósitos e o Novo Banco assinaram hoje o memorando de entendimento para a criação da “Plataforma de Gestão de Créditos Bancários” (Plataforma), um instrumento autónomo que irá permitir uma maior coordenação entre os credores bancários, visando aumentar a eficácia e celeridade nos processos de reestruturação dos créditos e das empresas.”

BCP, CGD e Novo Banco

CMVM

Numa fase inicial, esta plataforma irá apenas gerir créditos cujo valor nominal agregado sobre cada devedor elegível seja, por regra, não inferior a cinco milhões de euros. Os ativos geridos por esta plataforma independente vão permanecer no balanço dos bancos.

De acordo com o memorando, outros bancos poderão no futuro associar-se voluntariamente a esta plataforma que será gerida por José Manuel Correia. “Os demais órgãos sociais serão compostos por representantes das entidades financeiras envolvidas e por membros independentes (a nomear)”, adiantam BCP e Novo Banco.

Quais os objetivos desta plataforma?

Na sua plenitude de funções, a plataforma perseguirá os seguintes objetivos:

  • Recuperação de crédito e celeridade nos processos de redução de NPE na carteira dos bancos;
  • Apoiar a recuperação de setores da economia portuguesa, através da reestruturação de créditos e devedores e da viabilização de ativos empresariais;
  • Promover os processos de recomposição ou consolidação empresarial, na medida necessária para assegurar a viabilidade ou robustez dos devedores;
  • Facilitar e promover o acesso de empresas reestruturadas, ou em processo de reestruturação, a fontes públicas ou privadas, nacionais e internacionais, a novo capital ou financiamento que impulsione a empresa reestruturada;
  • Acelerar e facilitar o processo de negociação dos credores com os bancos, com vista à reestruturação das suas empresas;
  • Quando necessário, promover junto do Governo e do Banco de Portugal, alterações ao enquadramento legislativo, judicial e fiscal, como forma a tornar mais célere e eficientes os processos de reestruturação empresarial

(Notícia atualizada às 17h09)

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Moody’s: Banca portuguesa está a fazer progressos. Malparado ainda pesa

  • Rita Atalaia
  • 21 Setembro 2017

A agência de notação considera que os seis maiores bancos portugueses estão a dar passos para melhorar a qualidade dos ativos e a capitalização. Mas o crédito malparado ainda é um problema.

A Moody’s elogia os progressos dos seis maiores bancos portugueses. Santander Totta, BPI, BCP, Caixa Geral de Depósitos (CGD), Montepio e Novo Banco estão a conseguir melhorar a qualidade dos ativos, diz a agência de notação, mas continuam a lutar contra um problema: o peso do crédito malparado nos balanços.

A Moody’s, uma das três maiores agências de rating, salienta que a fraca rentabilidade, em resultado do elevado nível de créditos em incumprimento, vai limitar a geração interna de capital dos bancos, o que vai impedir as instituições financeiras de alcançarem os níveis de capitalização dos pares europeus.

Esta mesma questão foi levantada por Faria de Oliveira. Ao ECO, o presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB) disse que o “sistema bancário vai necessitar, de tempos a tempos, de realizar aumentos de capital. Não a curto, mas a médio prazo“, notou Faria de Oliveira. “Aumentos de capital que vão permitir que os bancos acelerem a resolução dos NPL [crédito malparado].”

No conjunto das maiores instituições financeiras nacionais, BPI e Santander Totta são, segundo a Moody’s, os bancos que se distinguem pela positiva, tanto pelos níveis mais baixos de crédito malparado como pelos rácios de capital mais fortes neste grupo de bancos. A agência refere que os “indicadores de risco [dos dois bancos] têm melhorado desde meados de 2016”. Uma melhoria que levou a Standard & Poor’s a retirar o BPI e o Santander Totta de “lixo”. Em relação ao BCP, CGD e Montepio Geral, a Moody’s realça a melhoria da capitalização. Estes bancos “aumentaram o capital em 2016 e 2017 através de várias medidas”, salienta.

BPI e Santander Totta têm os rácios de capital mais fortes

Fonte: Moody’s

Novo Banco é o “patinho feio” dos NPL

O Novo Banco é o que tem níveis de NPL [malparado] mais elevados. O banco de transição tinha, no final de junho deste ano, um rácio de NPL de 32,1% — o do BPI é de 7% e o do Totta é de 7,7%. Créditos em incumprimento que pesam na rentabilidade do banco e, consequentemente, nos rácios de capital.

Para reforçar os rácios, o Novo Banco avançou com uma oferta de troca de dívida com o objetivo de obter uma poupança de 500 milhões de euros. Na primeira assembleia-geral de obrigacionistas, foi aprovada a resolução de reembolso antecipado de 2,34 mil milhões de euros de valor nominal de obrigações, correspondendo a 37% do objetivo global definido para o sucesso da operação. Agora, na segunda convocatória, os detentores de dívida terão outra oportunidade para aceitar a oferta ou então até 2 de outubro, quando acaba o prazo.

“A recapitalização vai levar a um aumento significativo dos rácios de capital do Novo Banco. No entanto, se o LME [troca de dívida] não for concluída com sucesso, a venda não se concretizará. Isto aumenta o risco de uma resolução ou liquidação do Novo Banco, o que pode provocar perdas elevadas para os obrigacionistas seniores, enquanto também deverá ter impacto nos depósitos juniores”, afirma a Moody’s.

Esta proposta de troca de dívida levou a Moody’s a baixar, em abril, ainda mais o rating das obrigações seniores do Novo Banco para um nível de quase incumprimento. A agência de notação disse que esta oferta de troca é “problemática” perante a ameaça de perdas que a operação representa para os investidores.

(Notícia atualizada às 11h31 com mais detalhes)

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