CGD no centro do cartel da banca devido a e-mail com spreads da casa

  • ECO
  • 11 Janeiro 2020

Entre maio de 2002 e março de 2013, 14 bancos, trocando informação sensível entre si, concertaram “preços” dos produtos de crédito, num esquema anticoncorrencial que lesou famílias e empresas.

Um e-mail da Caixa Geral de Depósitos (CGD) contendo informação sensível sobre dados relativos a práticas comerciais no crédito à habitação é a prova mais antiga encontrada pela Autoridade da Concorrência no inquérito conhecido como o “cartel da banca” que condenou 14 bancos ao pagamento de uma coima global de 225 milhões de euros.

Segundo o jornal Expresso (acesso pago), o e-mail datado de maio de 2002 tinha uma folha de cálculo elaborada pelo banco público com dados e uma “análise detalhada” sobre as comissões praticadas pelos concorrentes sobre o crédito para a compra de casa. “Atento o grau de detalhe e precisão das informações relativas a comissões contidas no documento referido no parágrafo anterior, considera-se que o seu conteúdo não era público, era sensível e estratégico”, referiu a Autoridade da Concorrência no processo consultado pelo jornal.

Entre maio de 2002 e março de 2013, 14 bancos, trocando informação sensível entre si, concertaram “preços” dos produtos de crédito, num esquema anticoncorrencial que lesou famílias e empresas. A decisão foi tornada pública em setembro. CGD, BCP, Santander Totta, BPI e Banco Montepio foram os principais bancos visados pelo regulador da concorrência. Mas estão a contestar a coima em tribunal.

Além de e-mails, também há contactos telefónicos entre os elementos que suportam a investigação. O jornal dá conta de um e-mail de 2011 em que o Santander envia para nove bancos concorrentes “os valores exatos de spread que o Santander pretendia alterar no prazo de três dias”. Nesse mesmo ano há outro e-mail do BES para dez concorrentes com “novas grelhas de spreads de crédito à habitação” que iriam entrar em vigor em breve. Ainda em relação ao BES, há um outro e-mail de 2001 em que um trabalhador do banco informa outros bancos de que vai mudar de funções, mas que haverá um novo responsável “no que respeita a informações da concorrência”. Neste caso, o regulador não sabe a fonte da informação, razão pela qual este elemento não foi tido em conta.

As coimas variam entre 1.000 euros (Banif) e 82 milhões de euros (CGD), com a multa de oito milhões do Barclays a ser perdoada na totalidade porque o banco denunciou o esquema. O Montepio, que também aderiu ao regime de clemência, teve um corte de 50% da sua coima, sendo condenado a pagar 13 milhões. Já o EuroBic indicou que terá de ser o Estado a assumir a responsabilidade — tocou-lhe uma multa de 500 mil euros. A Autoridade da Concorrência discorda.

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Trabalhadores do Montepio estão insatisfeitos. Banco lança inquérito para saber porquê

Inquérito feito pela comissão de trabalhadores no último verão mostrou descontentamento geral no Montepio. Agora, a comissão executiva lança novo questionário para avaliar clima interno.

O Montepio lançou um inquérito interno para avaliar a insatisfação e desmotivação que se vive entre os trabalhadores do banco. A iniciativa foi anunciada um dia antes de o banco confirmar o nome de Pedro Leitão para CEO, esta quinta-feira. E surge depois de a comissão de trabalhadores ter promovido no verão passado um questionário sobre o clima organizacional interno semelhante e cujos resultados mostraram elevados índices de descontentamento e com críticas à equipa de gestão à mistura.

Ao contrário do inquérito levado a cabo pela comissão de trabalhadores, cujo processo não foi auditado por nenhuma entidade especializada e, por isso, deixou reservas sobre a validade dos resultados, o questionário promovido pela comissão executiva está a ser conduzido pela Mercer, uma consultora especializada em recursos humanos.

De acordo com uma informação enviada internamente esta quarta-feira, os trabalhadores terão duas semanas para responder às várias perguntas que lhes são colocadas online. O prazo para preencher o inquérito termina no dia 22 de janeiro, que é quando se conclui a primeira fase de um plano de três fases para lidar com os problemas dos funcionários do banco.

Terminada o diagnóstico, a segunda fase passará pela organização de workshops para a apresentação dos resultados do inquérito e de medidas para resolver as questões levantadas. Depois, na última fase, o banco procederá à implementação de um plano de ação englobando um conjunto de iniciativas para melhorar o ambiente de trabalho.

O banco apela à participação no inquérito. “É fundamental que todos participem”, diz o e-mail que é assinado pela comissão executiva. “As pessoas são o principal ativo” do banco e “queremos reforçar o sentimento de pertença”, lê-se na informação distribuída internamente.

Mal pagos e sem oportunidades

No inquérito da comissão de trabalhadores realizado no verão passado, em que participaram metade dos trabalhadores do banco e cujos resultados estiveram na gaveta durante três meses com medo que viessem a perturbar a vida interna da instituição, os funcionários queixaram-se dos baixos salários e revelaram-se insatisfeitos no desempenho das suas funções.

Também lamentaram a falta de oportunidades para a progressão na carreira e deixaram críticas à liderança, nomeadamente quanto ao facto de as direções não se preocuparem em capacitar os trabalhadores para atingirem as metas definidas e nem se preocupam em motivar os trabalhadores para o cumprimentos dos objetivos.

Conclusões finais: os trabalhadores não procurariam convencer um colega a permanecer no banco se tivesse uma oportunidade de trabalho noutro lugar e nem recomendariam a um amigo vir trabalhar no Banco Montepio, resultados que “são motivo de elevada reflexão” e devem constituir uma “oportunidade para melhorias significativas”, segundo a comissão de trabalhadores.

Em reação, o banco disse estar “sensível ao sentimento demonstrado” pelos trabalhadores, tendo sublinhado que os resultados do inquérito da comissão de trabalhador “espelham bem os tempos desafiantes em que nos encontramos no setor bancário, em geral, e no Banco Montepio, em particular”.

Na altura, o banco indicou ainda estar a “trabalhar ativamente na transformação da instituição”, prevendo várias políticas dirigidas aos trabalhadores, “incluindo a gestão de desempenho, a gestão de potencial, a compensação e benefícios e programas direcionados à atração e retenção de talento no banco”. “Acreditamos que terão impacto na satisfação dos colaboradores”, reforça o banco.

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Banco Montepio já tem CEO. Pedro Leitão assume funções

O Banco Montepio aprovou formalmente o nome de Pedro Leitão para presidente da comissão executiva para o mandato 2018-2021. Ex-Atlântico Europa assume funções de CEO imediatamente.

O Banco Montepio aprovou formalmente o nome de Pedro Leitão para presidente da comissão executiva para o mandato 2018-2021, após a reunião do conselho de administração que teve lugar na tarde desta quinta-feira. O ex-administrador do Atlântico Europa assume imediatamente as novas funções de CEO, dando início a “uma nova fase” na instituição controlada pela Associação Mutualista Montepio Geral.

“Enquanto líder da comissão executiva terá como missão central realizar plenamente o processo de transformação em curso no Banco Montepio, e inovar, com o propósito de tornar a instituição mais eficiente, digital e competitiva, retomando o caminho do crescimento”, diz o banco em comunicado.

Há quase dois anos que o Banco Montepio estava sem CEO efetivo, após a saída de José Félix Morgado em rota de colisão com Tomás Correia, então presidente da mutualista, principal acionista do banco.

Ex-Banco Atlântico Europa, onde estava desde 2015, Pedro Leitão era responsável pela transformação digital do banco, onde assumia também os “pelouros” do marketing, da tecnologia e ainda os negócios de private banking. Antes, Pedro Leitão foi administrador do Banco Millennium Atlântico (antigo Banco Privado Atlântico), em Angola, entre 2011 e 2015, onde foi Chief Operations & Marketing Officer, responsável pela implementação, entre outros da rede de retalho. Foi ainda partner da Deloitte, durante quase uma década, entre 2001 e 2011, contando ainda passagens anteriores pelo BBVA e BPI.

Pedro Leitão tem um MBA do ISEG e frequentou diversos cursos e programas de gestão executiva e de transformação digital em várias universidades de renome: London Business School, INSEAD, Stanford ou IMD Business School. Foi professor em várias universidades portuguesas.

“Com esta nomeação, o Banco Montepio inicia uma nova fase, reafirmando a ambição de fazer a diferença na vida das pessoas, empresas e instituições da economia social, honrando o legado de 175 anos de história de uma instituição sem par no panorama nacional”, frisa o banco.

(Notícia atualizada às 18h41 com mais informação)

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657 dias depois, Montepio tem CEO. Pedro Leitão começa hoje após vários “chumbos”

Gosta de cozinha, pratica yoga e ginástica com regularidade e desde 2016 que se dedica também à agricultura. Pedro Leitão é o novo CEO do Banco Montepio que se prepara para iniciar funções.

Quase dois anos depois, o Banco Montepio tem finalmente um novo CEO. Tal como o ECO avançou em primeira mão, Pedro Leitão é o nome escolhido para assumir a liderança executiva de um banco à procura de estabilidade. É que o caminho para chegar até aqui foi tudo menos tranquilo para a instituição controlada pela Associação Mutualista Montepio Geral.

O anterior CEO, José Félix Morgado, deixou o banco no dia 21 de março de 2018, ou seja, há precisamente 657 dias, em rota de colisão com o então presidente da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG), Tomás Correia. Na altura, para substituir Félix Morgado, foi indicado o Nuno Mota Pinto, mas o nome acabou por não avançar. Carlos Tavares foi entretanto nomeado para o cargo de CEO, mas passou a assumir o cargo de chairman por acumulação após Francisco Fonseca da Silva também ter sido rejeitado para liderar o conselho de administração.

Desde então, foram apontados vários nomes para chairman — Álvaro Nascimento e João Ermida — e também CEO — Dulce Mota (CEO interina desde fevereiro do ano passado) e Pedro Alves durante este tempo. Por uma razão ou por outra, nenhum destes nomes acabou verdadeiramente por vingar.

Pedro Leitão deixa o Banco Atlântico Europa onde estava desde 2015. Era responsável pela transformação digital do banco, onde assumia também os “pelouros” do marketing, da tecnologia e ainda os negócios de private banking. É esta visão mais tecnológica de um setor em rápida mudança que Pedro Leitão poderá trazer agora a um banco tradicional e que conta com uma grande expressão no mercado de retalho.

Há mais dossiês que Pedro Leitão vai encontrar na sua secretária: fechar a venda do Finibanco Angola, por exemplo, que se encontra em processo de fusão com o banco BNI Angola; definir o papel do Montepio Crédito e Montepio Valor; ou concluir o plano de transformação iniciado por Carlos Tavares.

Nas palavras do próprio Carlos Tavares, “as qualidades pessoais e profissionais e o seu espírito de missão” de Pedro Leitão vão dar “confiança neste novo ciclo” e trarão estabilidade ao banco que vai contar com três novas caras na administração: José Nunes Pereira (do Banco de Portugal), António Egídio Reis (da ASF) e Paulo Pedroso (antigo governante), como não executivos.

Antes do Banco Atlântico Europa, Pedro Leitão foi administrador do Banco Millennium Atlântico (antigo Banco Privado Atlântico), em Angola, entre 2011 e 2015, onde foi Chief Operations & Marketing Officer, responsável pela implementação, entre outros da rede de retalho. Foi ainda partner da Deloitte, durante quase uma década, entre 2001 e 2011, contando ainda passagens anteriores pelo BBVA e BPI.

Pedro Leitão tem um MBA do ISEG e frequentou diversos cursos e programas de gestão executiva e de transformação digital em várias universidades de renome: London Business School, INSEAD, Stanford ou IMD Business School. Foi professor em várias universidades portuguesas.

Para lá da dimensão profissional e académica, Pedro Leitão gosta de cozinhar e é praticante regular de yoga, ginástica e jogging. Tornou-se agricultor em 2016.

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Almoço de Natal do Montepio assinala despedida de Tomás Correia

  • ECO
  • 11 Dezembro 2019

Este ano, o almoço de Natal do Montepio assinala a despedida de Tomás Correia. O custo do encontro, cerca de 600 mil euros, está a gerar polémica, mas a Associação Mutualista desmente estes números.

O almoço de Natal do Montepio, marcado para este sábado no Altice Arena, está a gerar polémica dentro do grupo. A edição deste ano assinala a despedida do presidente da associação mutualista, Tomás Correia, e segundo o Observador, custará cerca de 235 euros por cabeça, numa despesa total que deverá rondar os 600 mil euros, assumindo cerca de 3.000 participantes.

Já depois de publicada esta notícia, uma fonte oficial da Associação Mutualista garante ao ECO que não custará 600 mil euros, desde logo porque não estarão três mil, mas menos de dois mil colaboradores. Ainda assim, a mesma fonte escusou-se a dizer qual o custo do almoço por colaborador. E também desmentiu a informação de que será a Casa do Marquês a fornecer o catering do encontro, mas não revelou qual será.

Segundo o Observador (acesso pago), que avançou a notícia, o Montepio organiza todos os anos este almoço de Natal para os trabalhadores das empresas do grupo. Mas este ano a festa vai ser de “arromba”, apesar das conhecidas dificuldades financeiras da associação. O jornal escreve que o evento contará com animação e música ao vivo da banda HMB e a refeição será servida pela Casa do Marquês, a cozinha oficial do Protocolo de Estado.

Cada empresa paga a participação dos seus trabalhadores, pelo que a maior “fatia” da conta deverá recair sobre o Banco Montepio, que é o maior empregador do grupo. Noutros anos, estes almoços chegaram a gerar tensão entre Tomás Correia, presidente cessante da Associação Mutualista Montepio, e os presidentes do banco em funções. Aliás, José Félix Morgado demitiu-se do cargo pouco tempo depois do evento em 2017, depois das fortes críticas de Tomás Correia.

“Os encontros de Natal aproximam pessoas, fortalecem laços e equipas. Por isso, entre no espírito e não perca o que, este ano, reservámos para si. Inscreva-se no Encontro de Natal do Grupo Montepio, que se realiza no próximo dia 14 de dezembro, no Altice Arena, em Lisboa, e prepare-se para uma celebração repleta de surpresas e emoções. Este ano, os HMB juntam-se à nossa celebração e marcam o ritmo da festa”, lê-se no convite que foi enviado aos funcionários do grupo.

A notícia surge dois dias depois de o ECO ter revelado que um estudo do Montepio concluiu que há uma grande franja de trabalhadores descontentes e desmoralizados na instituição, profundamente insatisfeitos com as condições de trabalho e sem vislumbrarem perspetivas de futuro na empresa. O inquérito foi realizado no verão e os resultados mantidos na gaveta até agora.

(Notícia atualizada às 22h54 com informações prestadas por fonte oficial da Associação Mutualista Montepio Geral)

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Mal pagos, sem oportunidades e descontentes. Inquérito mostra insatisfação dos trabalhadores do Montepio

Mal pagos, sem oportunidades de progredir, desmoralizados e descontentes. É o retrato de um inquérito interno aos trabalhadores do Banco Montepio e cujos resultados estavam na gaveta há 3 meses.

Quando se reunir com os quadros do Montepio este sábado, no Altice Arena, em Lisboa, para o tradicional almoço de fim de ano, Tomás Correia irá encontrar uma grande franja de trabalhadores descontentes, desmoralizados e com índices de motivação deprimentes. Isto sucede não porque os funcionários estarão a lamentar a saída (prematura) do emblemático líder do grupo ao fim de 11 anos no poder. Antes, estão profundamente insatisfeitos com condições de trabalho no Banco Montepio, não vislumbrando quaisquer perspetivas de futuro naquela casa. O banco diz que está “sensível ao sentimento demonstrado” pelo inquérito, sublinhando que trabalha “ativamente na transformação da instituição” para melhorar a satisfação dos trabalhadores.

Os resultados de um inquérito realizado no passado verão — revelados agora pelo ECO depois de terem sido mantidos na gaveta durante três meses pela comissão de trabalhadores com medo que fossem tornados públicos e desestabilizassem ainda mais o banco — revelam um clima de insatisfação geral no quadro de pessoal de um banco que ainda está longe de apresentar resultados, que mantém uma liderança indefinida e cujo acionista — a Associação Mutualista Montepio Geral — também não apura a melhor condição financeira.

A comissão de trabalhadores avançou para o estudo com base nos relatos dos trabalhadores que iam chegando e que mostravam, de forma uma empírica, um clima de “insatisfação permanente” e “de níveis motivacionais baixos” dentro do banco. Assim, com o inquérito, pretendeu-se dar uma “base científica” para sustentar a real dimensão da crise social no banco. E as conclusões desta avaliação — ao qual responderam mais de 60% dos trabalhadores tendo sido reveladas internamente apenas no final do mês passado — e não deixaram dúvidas: os resultados “são motivo de elevada REFLEXÃO” e devem constituir uma “oportunidade para MELHORIAS SIGNIFICATIVAS”, lê-se nas apreciações finais e recomendações do estudo que já foram, de resto, apresentadas a Tomás Correia e à administração do banco, designadamente a Carlos Tavares e Dulce Mota, em setembro.

Na sua apreciação global, os trabalhadores revelaram-se “críticos”, com tendência “a manifestar a sua insatisfação internamente, junto dos que são mais próximos, quer interna, quer externamente”. É a avaliação que resulta do score de satisfação global de 5,27 dentro de uma escala que vai de 1 a 10 — de acordo com a metodologia usada, apenas scores entre 9 e 10 mostram trabalhadores satisfeitos, 7 e 8 são classificações “neutras” e resultados abaixo de 6 são insatisfatórios.

Resumidamente: os trabalhadores não procurariam convencer um colega a permanecer no banco se tivesse uma oportunidade de trabalho noutro lugar e nem recomendariam a um amigo vir trabalhar no Banco Montepio.

"Resultados [do inquérito] espelham bem os tempos desafiantes em que nos encontramos no setor bancário, em geral, e no Banco Montepio, em particular.”

Banco Montepio

Fonte oficial

O banco não desvaloriza os resultados do inquérito, isto apesar de não ter sido conduzido por uma empresa especializada, razão pela qual os resultados não estão auditados. Fonte oficial do banco salienta, ainda assim, que os resultados “espelham bem os tempos desafiantes em que nos encontramos no setor bancário, em geral, e no Banco Montepio, em particular”.

A mesma fonte acrescenta que o banco está “sensível ao sentimento demonstrado” pelos trabalhadores, notando que se está a trabalhar ativamente na transformação da instituição, o qual prevê várias políticas dirigidas aos trabalhadores, “incluindo a gestão de desempenho, a gestão de potencial, a compensação e benefícios e programas direcionados à atração e retenção de talento no banco”. “Acreditamos que terão impacto na satisfação dos colaboradores“, reforça o banco.

Satisfação global é negativa

Mal pagos e sem oportunidades

Dos mais de 1.800 trabalhadores que participaram no inquérito, realizado entre 9 de julho e 2 de agosto, mais de 80% consideraram-se mal pagos e revelaram-se insatisfeitos no desempenho das suas funções — apenas 3% se mostraram satisfeitos que com o salário que auferem quer com o seu trabalho no banco. Na dimensão “Satisfação no trabalho”, a classificação foi de 5,07.

No entanto, o maior descontentamento entre os funcionários do Banco Montepio tem sobretudo a ver com a “Formação” e a “Avaliação de desempenho e de oportunidades”, que registaram scores de 4,37 e 4,15, os mais baixos de todas as dimensões analisadas. Nas conclusões, a comissão de trabalhadores salienta que “a eventual progressão na carreira é percecionada como INEXISTENTE”.

Quase nove em cada dez trabalhadores não consideram que o banco faça uma avaliação justa e imparcial do seu desempenho, lamentando igualmente a falta de oportunidades para a progressão na carreira — e nem a formação é tida em conta pelo banco para progredir. Tão pouco se procura saber quais as competências de cada trabalhador na escolha de novos elementos para o exercício do funções.

Também há críticas à liderança. Por exemplo, as direções não se preocupam em capacitar os trabalhadores para atingirem as metas definidas e nem se preocupam em motivar os trabalhadores para o cumprimentos dos objetivos.

As melhores classificações foram obtidas nas perguntas sobre a “Motivação”, que obteve um score de 5,74. Mesmo assim, apenas cerca 10% dos trabalhadores disseram estar muito comprometidos com o seu trabalho. E a maioria disse que não era tratada com seriedade e consideração. Também cerca de 10% assumem que o facto de o Banco Montepio pertencer a uma associação mutualista é uma mais-valia (score de 6,28). Ainda assim, concluiu a comissão de trabalhadores, o sentimento “Ser Montepio com muito orgulho” não aumentou nos últimos meses. Pelo contrário, a julgar pela avaliação dos trabalhadores.

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Pedro Leitão, do Atlântico Europa, indicado para CEO do Banco Montepio

Pedro Leitão, Chief Digital Officer do Banco Atlântico Europa, é o nome indicado para o cargo de presidente executivo do Banco Montepio. A proposta seguirá nos próximos dias para o Banco de Portugal.

Página de LinkedIn de Pedro Leitão.LinkedIn

Pedro Leitão, Chief Digital Officer do Banco Atlântico Europa, é o nome indicado para o cargo de presidente executivo do Banco Montepio, apurou o ECO. A proposta vai seguir nos próximos dias para o Banco de Portugal, que terá agora de validar o nome e conceder o registo de idoneidade. Têm-se intensificado os contactos entre as várias partes nas últimas semanas a fim de resolver o impasse na liderança do banco. Depois das reuniões adiadas com o regulador por não haver um consenso entre a Associação Mutualista e o chairman do banco, tudo indica que será desta.

Oficialmente, nenhuma das partes faz comentários, mas será mesmo um nome unânime entre Tomás Correia (presidente em fim de funções na Associação Mutualista Montepio Geral, a dona do banco) e Carlos Tavares (chairman do banco), tal como foi exigido pelo supervisor. E será o nome para colocar um ponto final na indefinição da liderança do Banco Montepio, num processo que se tem arrastado há cerca de ano e meio, desde a saída da anterior administração de Félix Morgado.

No Banco Atlântico Europa, onde está desde agosto de 2016, Pedro Leitão é responsável pela transformação digital do banco de capitais angolanos, assumindo também os “pelouros” do marketing, da tecnologia e ainda os negócios de private banking.

Antes disso, foi administrador do Banco Millennium Atlântico (antigo Banco Privado Atlântico), em Angola, entre 2011 e 2014, onde foi Chief Operations & Marketing Officer, responsável pela implementação, entre outros da rede de retalho. E foi ainda partner da Deloitte, durante quase uma década, entre 2001 e 2011.

Agora assume um um dos cargos mais escrutinados publicamente nos últimos meses: o de CEO do Banco Montepio. O banco está praticamente sem presidente executivo efetivo desde a saída de José Félix Morgado, isto apesar dos vários nomes que já foram apontados e indicados: Nuno Mota Pinto, Dulce Mota e, mais recentemente, Pedro Alves. Por uma razão ou por outra, nenhum destes nomes chegou a ficar com o cargo que é ocupado interinamente por Dulce Mota, enquanto vice-presidente da instituição, desde que a solução temporária de ter Carlos Tavares como chairman e CEO em simultâneo expirou em fevereiro deste ano.

O Banco Montepio fechou a primeira metade do ano com lucros de 3,6 milhões de euros, menos 77% do que há um ano, um resultado que foi penalizado sobretudo pelo mau desempenho do Finibanco Angola, por maiores encargos com impostos e pela deterioração do negócio em Portugal.

Na sua descrição no LinkedIn, Pedro Leitão descreve-se como profissional com 24 anos de experiência no setor financeiro. Começou a carreira no BPI (1995-1997), onde foi diretor na divisão de clientes do segmento corporate, contando também com uma passagem pelo BBVA (1997-2001).

Em termos académicos, Pedro Leitão tem um MBA do ISEG e frequentou diversos cursos e programas de gestão executiva e de transformação digital em várias universidades de renome: London Business School, INSEAD, Stanford ou IMD Business School. Foi professor em várias universidades portuguesas.

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Sem nomes para CEO, Montepio e Banco de Portugal adiam reunião

Tomás Correia e Carlos Tavares tinham uma reunião marcada no Banco de Portugal, mas como ainda não há um nome de consenso para CEO, o encontro foi adiado.

Não foi à primeira, nem foi à segunda reunião. Tomás Correia, o presidente demissionário da Associação Mutualista Montepio, Virgílio Lima, o presidente indigitado, e Carlos Tavares, chairman do Banco Montepio, voltaram a adiar, pela segunda vez, uma reunião no Banco de Portugal para escolherem um novo candidato de consenso à presidência executiva do Montepio, apurou o ECO. E a razão é simples: Ainda não têm um nome de consenso para apresentar ao supervisor, depois do “chumbo” do candidato Pedro Alves.

Como o ECO noticiou, na sequência da desistência do grupo Montepio (Associação Mutualista e Banco Montepio) de apresentar o nome de Pedro Alves como presidente executivo, na sequência da posição prévia do Banco de Portugal, foi marcada uma nova reunião para o início desta semana com o supervisor, no Departamento de Supervisão Prudencial. O objetivo estava definido: As administrações do acionista Associação Mutualista e do Banco Montepio tinham de encontrar uma segunda via, de consenso, para apresentarem ao supervisor. Como não tinham esse nome ou nomes acordados, o encontro foi adiado 24 horas, para terça-feira, mas mesmo esse prazo não foi possível cumprir e, agora, não há data marcada para uma nova reunião enquanto Tomás Correia, Virgílio Lima e Carlos Tavares não se entenderem sobre o candidato a apresentar.

Oficialmente, ninguém faz comentários sobre o processo, as discussões entre a associação mutualista e o banco têm decorrido com intensidade nos últimos dias, mas ainda não haverá um entendimento sobre um candidato a CEO, que tem de passar o crivo de idoneidade do Banco de Portugal.

O Banco Montepio está desde fevereiro deste ano sem um presidente executivo em efetividade de funções. Desde o momento em que Carlos Tavares deixou de poder acumular o cargo de chairman e de CEO do Banco Montepio, e passou a ser Dulce Mota, a vice-presidente, a exercer o cargo de forma interina. Mas sabe-se há meses que o nome da gestora, que veio do grupo BCP, deixou de ser uma solução para Tavares, que o terá comunicado logo em abril a Tomás Correia e ao próprio Banco de Portugal.

Agora, é preciso escolher outro nome para presidente executivo, além de pelo menos três nomes para administrador não executivo, para garantir uma maioria de independentes dentro do conselho de administração.

O processo, de qualquer forma, não será rápido. Em média, os processos de fit and proper demoram cerca de três meses e, neste caso, dada a sensibilidade do tema, o departamento de supervisão prudencial é particularmente exigente na avaliação de idoneidade dos candidatos. Como sucedeu com Pedro Alves, dado como um facto por Tomás Correia e Carlos Tavares.

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Banco Montepio cancela emissão de obrigações hipotecárias de 2015

  • ECO
  • 5 Novembro 2019

O Banco Montepio cancelou uma emissão de obrigações hipotecárias de 500 milhões de euros efetuada em 2015 e que vencia em 2020. Mas tem outra em curso.

O Banco Montepio cancelou uma emissão de obrigações hipotecárias no valor de 500 milhões de euros efetuada em 2015 e que vencia em 2020. Esta decisão foi tomada depois de a instituição financeira ter lançado uma nova operação com o mesmo montante.

“A emissão de obrigações hipotecárias “CEMG/2015 – EUR 500 M Floating R. Covered Bonds – DEC 2020 – ser. 5”, registada na Central de Valores Mobiliários sob o código CMGROE (ISIN PTCMGROE0021), foi cancelada conforme deliberação do Banco Montepio enquanto entidade emitente”, referiu a instituição em comunicado enviado ao mercado.

Entretanto, esta terça-feira de manhã, para uma nova emissão de obrigações hipotecárias, o Banco Montepio mandatou cinco bancos — Commerzbank, Montepio Investimento, Natixis, NatWest Markets e UniCredit –, com vista a financiar-se em 500 milhões de euros.

Segundo a Bloomberg, que avançou inicialmente com a informação, estas obrigações — garantidas por uma carteira não titularizada de créditos hipotecários do banco — vão ter uma maturidade de cinco anos.

A emissão conta com uma classificação de A1 pela agência de notação Moddy’s, AA pela Fitch e A pela DBRS.

(Notícia corrigida às 21h42)

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Pedro Alves escolhido para CEO do Banco Montepio

  • ECO
  • 18 Outubro 2019

Esta desfeito o impasse na liderança do Banco Montepio. Pedro Alves, atual presidente do Montepio Crédito, foi o escolhido para o lugar de CEO do banco. Nome já foi enviado para o Banco de Portugal.

Está resolvido o impasse na liderança do Banco Montepio. Pedro Alves, atual presidente do Montepio Crédito, foi o nome escolhido para presidente da comissão executivo do banco da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG). Até agora, era Dulce Mota quem exercia as funções de CEO por inerência do cargo de vice-presidente que ocupa.

A informação é adiantada esta sexta-feira pelo Jornal Económico (acesso pago). O nome de Pedro Alves já foi inclusivamente enviado para o Banco de Portugal. Segundo o jornal, a idoneidade do gestor já foi certificada pelo regulador para o cargo de administrador não executivo do Banco Montepio e para a função de presidente da Montepio Crédito.

Desde fevereiro que Dulce Mota tinha passado para a liderança do banco, um cargo exercido de forma interina para resolver o problema criado com o facto de Carlos Tavares ter deixado de poder acumular as funções de CEO e de chairman da instituição financeira. Nos últimos tempos, o supervisor financeiro pressionou o Banco Montepio para clarificar a liderança, com o banco a esclarecer que este dossiê ficaria concluído no final deste mês, depois de concluída a avaliação dos administradores.

Pedro Alves é administrador não executivo do Banco Montepio e ainda presidente do Montepio Crédito, uma empresa do grupo Montepio que se dedica ao crédito especializado.

O Banco Montepio fechou a primeira metade do ano com lucros de 3,6 milhões de euros, menos 77% do que há um ano, um resultado que foi penalizado sobretudo pelo mau desempenho do Finibanco Angola, por maiores encargos com impostos e pela deterioração do negócio em Portugal.

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Fitch: Eficiência de custos dos banca nacional exige mais investimento em tecnologia

A Fitch aplaude os progressos dos resultados dos bancos nacionais na primeira metade do ano, mas salienta a necessidade de investirem mais em tecnologia com vista a melhorem os custos de eficiência.

A Fitch emitiu uma nota onde destaca os progressos conseguidos pelos bancos nacionais na primeira metade do ano. Sublinha a melhoria do nível da qualidade dos seus ativos e da rentabilidade, mas apela ainda à necessidade de mais investimento em tecnologia como forma de os bancos aumentarem a eficiência dos seus custos.

Numa nota divulgada nesta segunda-feira, a agência de notação financeira começa por destacar o facto de os bancos portugueses terem continuado a reduzir os elevados níveis de ativos problemáticos na primeira metade do ano. Neste âmbito, estima que o rácio médio das imparidades dos empréstimos dos seis principais bancos nacionais (Caixa Geral de Depósitos, BCP, Santander Totta, Novo Banco, BPI e Banco Montepio) se tenha reduzido para cerca de 9,6% no final de junho, valor que compara com os 11% que vigorava no final de 2018, destacando as elevadas vendas de ativos, curas e reconhecimento nas contas de imparidades.

A agência destaca ainda a recuperação da rentabilidade operacional em resultado de um controlo mais adequado de custos, custos mais baixos de financiamento e queda dos custos com imparidades. Mas antecipa que, devido às perspectivas de baixas taxas de juro, à fraca procura de crédito e à concorrência forte, as margens da maioria dos bancos deverão ficar mais “apertadas”.

Relativamente aos buffers de capital, explica que estes melhoraram na primeira metade do ano devido a geração de resultados, à emissão de instrumentos subordinados e à redução de riscos.

Apesar desse balanço positivo, a Fitch aponta para três áreas em que considera ser necessário estar atento. Uma delas prende-se com a necessidade de os bancos mitigarem a pressão sobre os resultados. “Com a pressão sobre a qualidade dos ativos a reduzir-se, os bancos focam-se de forma crescente na melhoria dos custos de eficiência”, diz a Fitch que considera que o rácio cost-to-income do setor ao nível de 55% “é aceitável”, mas destaca ao mesmo tempo a necessidade de melhorias desse indicador face “aos desafios estruturais em atingir crescimento de receitas em Portugal”. Diz que os bancos precisam de fazer mais esforços em termos de investimento em tecnologia e em sistemas, considerando tal como “crucial para aumentar a eficiência de custos”.

Outra das áreas que a Fitch considera que irão marcar o mapa dos bancos prende-se com a emissão de dívida no âmbito do chamado MREL (requisito mínimo de fundos próprios e créditos elegíveis), que obriga os bancos europeus com importância sistémica a constituir uma almofada financeira adicional para fazer face dificuldades.

Segundo as estimativas da agência, os seis principais bancos portugueses vão precisar de emitir entre sete mil milhões e nove mil milhões de euros — a Caixa já anunciou que vai ter de emitir 2.000 milhões até final de 2022.

Por fim, no que toca ao novo enquadramento legal relativo aos NPL (non performing loans), após Banco Central Europeu (BCE) ter revisto recentemente as normas, a Ficth considera que os bancos estão a acelerar a redução dos stocks de malparado de forma a mitigar o impacto nos requisitos do SREP (Processo de Análise e Avaliação pelo Supervisor), “que continuam difíceis de calcular”.

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Montepio vende 100 milhões de euros em imóveis à dona da Whitestar

Em dois dias, o Banco Montepio vendeu duas carteiras de ativos problemáticos com o valor agregado de 426 milhões de euros a empresas do grupo da Whitestar.

Um dia antes de ter vendido uma carteira de malparado de 321 milhões de euros, o Banco Montepio chegou a acordo para a alienação de um portefólio de imóveis no valor de 100 milhões de euros. Ambos os negócios foram feitos com duas empresas criadas na hora, pertencentes ao mesmo grupo da Whitestar.

Como tem acontecido em todo setor, também o Banco Montepio continua os esforços no sentido de limpar o seu balanço de ativos não produtivos como os non performing loans (NPL) ou ativos imobiliários para fazer face às exigências das autoridades. Essa limpeza tem passado sobretudo pela venda dos ativos a empresas especializadas na recuperação de créditos em incumprimento e na gestão de imóveis.

A 26 de julho, o banco liderado por Dulce Mota anunciou ao mercado a alienação de uma carteira de 13 mil contratos de crédito malparado com o valor bruto de 321 milhões de euros a uma empresa chamada Panorama Jubilante, do grupo Arrow, que em Portugal é dona da Whitestar. A venda do portefólio “Atlas II” tinha sido concluída uns dias antes, a 12 de julho, após um processo competitivo que, conforme avançou o ECO, gerou um prejuízo de seis milhões para o Banco Montepio.

No dia anterior, a 11 de julho, o banco alienou à empresa Façanha Cristalina ativos imobiliários no valor global bruto de 105 milhões, revela o relatório e contas da instituição publicado esta semana. Ao contrário do “Atlas II”, esta carteira designada de “Brick” ainda não está fechada, dado que se encontra “em curso o processo associado de marcação das escrituras”.

Tal como a Panorama Jubilante, a Façanha Cristalina é uma sociedade de direito português criada através do serviço “Empresa na Hora”. Também é detida pelo grupo Arrow Global, tendo como administrador único João Bugalho, que é o CEO da Whitestar.

O Banco Montepio anunciou lucros de 3,6 milhões de euros na primeira metade do ano. Uma vez que as duas vendas ocorreram após o fecho do semestre, o eventual impacto das operações não foram incluídas nas contas semestrais. O banco chegou a 30 de junho com um rácio de non performing exposures (NPE, exposições não produtivas) de 14,7%, 0,3 pontos percentuais acima do rácio observado no final do ano passado.

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