Conheça a nova nave espacial da Apple

  • ECO
  • 13 Fevereiro 2017

Em Sillicon Valley, a nova sede da empresa tem sido referida como nave espacial. E foi projetada com a mesma atenção aos pormenores que é dada a um iPhone.

Em Cupertino, na Califórnia, um celeiro tem vindo a resistir, há mais de um século, ao surgimento de várias companhias do mundo das tecnologias em redor do terreno onde foi construído. As propriedades vão passando de mão em mão, mas o celeiro lá continua. E agora vai ter a nave espacial da Apple como companhia.

A nova sede da gigante da comunicação, conhecida como Campus Apple 2, veio ocupar o espaço onde estava a antiga HP e mais terrenos circundantes, num total de nove propriedades contíguas. Do cimento e betão, o espaço passou a ser mais verde, com uma pegada ambiental mais reduzida, para a qual contribuem os milhares de novas árvores plantadas. E, no centro, aterrou o principal edifício, que tem sido apelidado em Silicon Valley de nave espacial. No interior, está o maior anel de vidro do mundo, Mas esse é apenas um dos pormenores que têm deixado profissionais do mundo da arquitetura, do design e da tecnologia de olhos arregalados.

Desde que a Apple revelou o projeto, em 2011, a data de mudança para a nova “casa” tem vindo a ser lentamente adiada. No início, Jobs tinha projetado a mudança para 2015, mas ainda não aconteceu. É mais provável que aconteça nesta primavera, de acordo com fontes envolvidas no projeto. O processo de aprovação pelas entidades de Cupertino foi a principal razão apontada para o atraso.

A Apple não quis revelar a fatura final da nave espacial, mas os ex-gerentes do projeto estimam que alcance os cinco mil milhões de dólares, algo que Tim Cook, o CEO, não negou numa entrevista televisiva em 2015. Só no interior do principal edifício foram gastos mil milhões de dólares. E enquanto estava a ser construído, deu emprego permanente a 13 mil pessoas.

Inspirado em Jobs

No computador original da Macintosh, Steve Jobs deixou guardadas as suas assinaturas e as dos restantes membros da sua equipa, como salvaguarda futura para todos os elementos que lhe permitiriam construir o computador.

Agora, o seu trabalho final — a nova sede da Apple — terá, não só a sua assinatura como servirá de homenagem ao próprio. É um campo futurístico construído com uma atenção extraordinária a cada detalhe. Desde a composição da rede elétrica até aos acabamentos num cabo escondido algures, nenhum detalhe do edifício de 2,8 milhões de metros quadrados foi demasiado pequeno para ser deixado de lado. Nenhuns canos nem cabos podiam ficar visíveis, a poderem refletir-se no anel de vidro, e as diretrizes quanto à madeira usada no edifício ocupavam um documento com quase trinta páginas. Muitos dos pormenores do edifício fazem lembrar os dos aparelhos da Apple, como os botões dos elevadores, que parecem os do botão central do iPhone.

“As coisas que não se veem à partida foram todas tidas em conta pela Apple”, afirmou um dos antigos gestores do projeto que, quando estiver terminado, terá capacidade para 14.200 empregados, de acordo com as projeções apresentadas já em 2013.

Mas construir um edifício com a mesma atenção minuciosa com que se constrói um telemóvel não foi tarefa fácil. O campus é algo que sai da regra dos escritórios openspace, que promovem a colaboração, a orientação e o fácil acesso dos seus colaboradores, disse Louise Mozingo, diretora do Departamento de Arquitetura Paisagista e Planeamento Ambiental da Universidade de Berkeley. É que, apesar de ser tão belo e futurístico, torna fácil a quem circula no interior perder-se.

A questão da sinalética foi particularmente difícil de resolver. A Apple queria que todos os sinais no interior do edifício seguissem a sua linha estética minimalista mas o departamento de segurança insistiu que tinham de ser fáceis de seguir para que fosse possível aos trabalhadores saírem em segurança no caso de se dar um incêndio. Dirk Mattern, ex-dirigente do departamento dos bombeiros do condado de Santa Clara, na Califórnia, afirmou ter discutido este pormenor em, pelo menos, quinze reuniões. “Nunca tinha perdido tanto tempo a discutir sinalética”, confessou.

“Neste caso, o objetivo não foi maximizar a capacidade produtiva do escritório, mas sim criar um centro simbólico para esta companhia global. Estão a criar um ícone”, acrescentou Louise Mozingo.

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Dombrovskis diz que Portugal deve terminar défice excessivo este ano

  • Margarida Peixoto
  • 13 Fevereiro 2017

Valdis Dombrovskis, vice-presidente da Comissão Europeia, assume que se tudo correr como esperado Portugal deverá acabar com o défice excessivo este ano. Só depois Bruxelas decidirá sobre o PDE.

Valdis Dombrovskis, vice-presidente da Comissão Europeia, sublinhou esta segunda-feira que Portugal deverá terminar o défice excessivo em 2017. O responsável falou no mesmo dia em que Bruxelas divulgou as suas Previsões de Inverno, apontando para um défice de 2,3% em 2016 e de 2% este ano.

“Se tudo correr como planeado esperamos que Portugal, França e Croácia corrijam o seu défice excessivo, com a possibilidade de o Reino Unido também” o conseguir, disse o responsável, citado pela Bloomberg.

A confirmação do défice de 2016 só será feita em abril, com o apuramento das contas por parte do Instituto Nacional de Estatística e a sua validação pelo Eurostat. Mas cumprir um défice abaixo do limite de 3% do PIB é só o primeiro requisito para Portugal poder sair do Procedimento por Défices Excessivos. O segundo é manter uma tendência de redução do défice ao longo do horizonte de projeção.

As Previsões de Inverno da Comissão Europeia apontam para uma nova redução do défice para 2% em 2017, mas uma subida para 2,2% em 2018. Em termos estruturais, a Comissão não identificou melhorias em 2016 e antecipa uma degradação em 2017 e 2018.

Na apresentação do relatório, esta manhã, Pierre Moscovici frisou que vê “melhorias muito significativas” nos “resultados gerais de Portugal” e reconheceu que “será preciso tomar decisões este ano em relação ao Procedimento por Défice Excessivo”. Contudo, não adiantou ainda o sentido dessa decisão.

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A magia da rádio é uma ciência

Não há truques na rádio portuguesa. A ciência substituiu a magia em nome da maximização da audiência e do negócio. No Dia Mundial da Rádio, o ECO foi ver como se elabora a lista de músicas da M80.

Na M80, a playlist de músicas é composta apenas por 750 músicas e mudanças só são permitidas anualmente após uma experiência junto dos ouvintes. “Consegue-se um bom equilíbrio entre diversidade e repetição”, explica Miguel Cruz, diretor de programação daquela estação. “São dois fatores importantes para garantir a fidelização da audiência”, assegura. Em Dia Mundial da Rádio, falar da sua magia tornou-se um lugar-comum. Há mais ciência na seleção dos hits do que se pensa.

Método e experiência fazem parte do processo de seleção de canções de qualquer estação de rádio nos dias que correm. Por que razão a RFM ou a Rádio Comercial repetem tantas vezes a “La Bicicleta” da Shakira e Carlos Vives no mesmo dia? Tocar o êxito do momento várias vezes ao dia é uma forma de garantir o máximo de ouvidos possíveis colados à sua estação. No fim do dia, é a guerra de audiências que vai determinar o preço dos espaços publicitários e as receitas da empresa.

A M80 é detida pelo grupo Media Capital, que tem também no seu portfólio a Rádio Comercial, CidadeFM, SmoothFM e Cotonete. A rádio é um negócio importante para o grupo. Até setembro de 2016, só estas cinco rádios tinham faturado 12,66 milhões de euros, um aumento de 5% face ao mesmo período do ano passado e correspondendo a cerca de 10% das receitas totais.

"A playlist da M80 é constituída por cerca de 750 músicas. Com este número consegue-se um bom equilíbrio entre diversidade e repetição, dois fatores importante para garantir a fidelização da audiência.”

Miguel Cruz

Diretor de programação da M80

Por isso, todo o cuidado de Miguel Cruz na elaboração da playlist da M80 é pouco. Tratando-se de uma estação que apenas passa música editada entre 1970 e 2010, uma lista composta por apenas 750 canções torna mais provável que a mesma seja tocada no mesmo dia. Mas não é isso que acontece.

“O controlo da programação musical da estação é assegurado por um software especializado, que garante o cumprimento de todas as regras necessárias a uma programação otimizada“, diz o responsável da M80.

Um dos clássicos que faz sucesso na M80 é o “I want to break free” do grupo britânico Queen. Percebe-se. Representa a música da vida de muitas pessoas, como diz o lema desta estação. Outras canções há que passam sistematicamente há 10 anos, desde o início do projeto. São sucessos que resistiram ao tempo e às mudanças que os responsáveis da M80 operam na playlist todos os anos. Como são escolhidas novas canções para integrar a lista?

"Uma curiosidade que normalmente surpreende quem não trabalha no meio Rádio é o facto de testarmos anualmente junto de uma amostra credível do auditório potencial da estação toda a música que tocamos. Na playlist da M80 só entram os temas que sabemos que o auditório mais quer ouvir. As canções que não cumprem os nossos apertados critérios de exigência ficam de fora.”

Miguel Cruz

Diretor de programação da M80

“Depende do seu grau de agradabilidade junto do público”, diz Miguel Cruz. “Testamos anualmente junto de uma amostra credível do auditório potencial da estação toda a música que tocamos. Só entram os temas que sabemos que o auditório mais quer ouvir. E um dos temas que melhor testa desde sempre é o “I Want To Break Free” dos Queen”, precisa o diretor de programação da M80.

Ao contrário, uma canção que não cumpra os requisitos e não passe no teste salta fora da lista. Simplesmente, a música deixa de ter o interesse do público da M80 que, para evitar que o ouvinte sintonize outra estação, a substitui por outra mais bem-sucedida.

Ou seja, não há truques na rádio portuguesa. A magia da rádio é uma ciência.

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Capital de risco: bloqueio ultrapassado. Linha de 220 milhões chega ao terreno

São 25 entidades que vão aceder aos 220 milhões de euros da linha de capital de risco lançada em maio do ano passado. Indústria 4.0 e tecnologias de informação são dos setores mais procurados.

A Instituição Financeira de Desenvolvimento, mais conhecida por banco de fomento, publicou esta manhã, os resultados do concurso lançado em maio para as capitais de riscos e que tinha sido alvo de contestação por parte de alguns dos concorrentes, tal como o ECO avançou. Em causa está uma linha de financiamento de 220 milhões de euros que chega agora à economia através de 25 entidades.

De acordo com a instituição, liderada por José Fernando de Figueiredo, ao concurso apresentaram-se 26 entidades e apenas uma acabou por ser excluída. Contudo, a “procura total de fundos pelos concorrentes nos vários Programas Operacionais foi de cerca de 196 milhões de euros, ou seja, cerca de duas vezes superior à dotação disponível que ascendia a 98,29 milhões de euros”. Ou seja, os projetos acabam por ter um financiamento inferior àquele que desejariam.

A procura total de fundos pelos concorrentes nos vários Programas Operacionais foi de cerca de 196 milhões de euros, ou seja, cerca de duas vezes superior à dotação disponível que ascendia a 98,29 milhões de euros.

Instituição Financeira de Desenvolvimento

As entidades selecionadas estão listadas no VortalGov, mas o relatório com a lista ordenada dos concorrentes aceites ao concurso e a respetiva proposta de atribuição de verbas de cofinanciamento só é acessível aos participantes. Participantes esses que contam com uma entidade estrangeira e 24 nacionais. O site da IFD revela ainda que entre os escolhidos estão dez novos operadores no mercado português e sete são entidades a grupos empresariais.

Segundo o Governo, num comunicado enviado pelo Ministério da Economia, e citado pela Lusa, os setores mais procurados incluem áreas como as tecnologias da informação, a Indústria 4.0, a biotecnologia, a farmacêutica, a eficiência energética, a robótica e a eletrónica, a economia circular e as indústrias criativas. “A grande procura registada, mais uma vez, confirma que existe confiança para investir em Portugal”, adianta, informando ainda que vai “avaliar a possibilidade” de abrir um novo concurso de cofinanciamento de fundos de capital de risco.

. Até ao final de 2016, a instituição potenciou mil milhões de euros. Os 30 milhões para os Business Angels; 40 milhões numa linha de capital reversível, um projeto piloto só para o Norte; e mil milhões de euros na linha de crédito com garantia mútua para investimento e fundo de maneio e que funciona em complementaridade com a nova Linha de Crédito Capitalizar, lançada a 16 de janeiro.

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Petróleo cai 1%. Plataformas dos EUA valem mais que a OPEP?

Preços do petróleo seguem em queda, com o aumento do número de plataformas em atividade nos EUA a diminuir o impacto do corte de produção pelos países da OPEP.

O petróleo está em queda neste arranque de semana. A cotação do barril de petróleo recua em torno de 1%, com o mercado a dividir-se entre a relevância do corte de produção da matéria-prima por parte da OPEP e o aumento do número de plataformas em produção nos EUA.

O petróleo trava após três sessões consecutivas de avanço no final da semana passada, com o preço do barril de brent londrino a recuar neste momento 0,55%, até aos 56,39 dólares, apesar de já ter estado a desvalorizar 1,16%, para os 56,04 dólares. Já o concorrente crude desliza 0,59%, para os 53,54 dólares, em Nova Iorque, depois de já ter estado a perder 1,06%, até aos 53,29 dólares.

Petróleo em queda

Fonte: Bloomberg (Valores em dólares)

Este desempenho acontece apesar de o ministro do petróleo do Kuwait ter avançado que os países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) conseguiram cumprir em 92% o corte de produção de petróleo previsto ao abrigo do acordo celebrado no final do ano passado, ao mesmo tempo que os seus parceiros fora da esfera do cartel terão conseguido implementar mais de metade dos cortes previstos. O mercado parece estar a preferir valorizar o aumento do número de plataformas dos EUA em produção, que de acordo com a Baker Hughes atingiu o patamar mais elevado desde outubro de 2015.

Para a OPEP trata-se de um equilíbrio difícil. Ao reduzir a produção de petróleo, o cartel ajuda a impulsionar a cotação da matéria-prima mas, ao mesmo tempo, também torna mais rentável a exploração de petróleo para os produtores norte-americanos. “Trata-se de um dilema para a OPEP”, disse Spencer Welch, diretor de mercado de petróleo e de exploração da IHS Markit, numa entrevista concedida à Bloomberg. “Eles querem ajudar-se a si próprios e, ao fazê-lo, também estão a ajudar outros. Isto é inevitável. A OPEP diz que não pode mudar o que acontece nos EUA, pelo que sim: a produção vai aumentar”, acrescentou o mesmo especialista.

Desde que os membros da OPEP e outros 11 países produtores começaram a reduzir a produção de ouro negro no início de janeiro, que a respetiva cotação se tem mantido acima da fasquia psicológica dos 50 dólares por barril. A expectativa é de que o mercado petrolífero entre em défice durante a primeira metade deste ano, segundo estimativas da Goldman Sachs avançadas avançadas na semana passada.

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Pharol afunda 20% após máximos de ano e meio

Apesar do tombo, Pharol continua a deter a melhor marca no PSI-20 em 2017. Ações estão a corrigir esta segunda-feira de máximos de ano e meio, provocando uma inversão negativa em Lisboa.

Uma das histórias mais entusiasmantes no PSI-20 em 2017, a Pharol PHR 0,00% conhece esta segunda-feira um capítulo mais negativo. As ações estão em forte queda depois de na sexta-feira terem disparado mais de 10%, dia em que se ficou a saber que a Oi tinha um novo interessado na compra da problemática operadora brasileira onde a empresa portuguesa é maior acionista.

Os títulos da Pharol afundam neste momento 5,73% para 0,411 euros. Mas já estiveram a cair mais de 20%, para os 0,347 euros, corrigindo dos máximos de ano e meio que atingiram na última semana. Apesar do tombo, a cotada liderada por Palha da Silva mantém ganhos de 90% em 2017, o melhor desempenho em Lisboa. Entretanto, o PSI-20 seguia em baixa de 0,4% para 4.586,33 pontos, invertendo dos ganhos iniciais, pressionada ainda pela desvalorização de mais de 3% do BCP para 14,22 cêntimos.

“A Pharol tem sido um título afetado por uma elevada volatilidade, tendo valorizado 97% desde janeiro”, refere Henrique Romão Dias, gestor da corretora XTB. “Dado o baixo preço da ação, e a onda de otimismo de que está a ser alvo, torna-se um ativo interessante para os especuladores que procuram um trading intra-diário”, justifica.

Os títulos valorizaram de forma expressiva na última sessão, depois de a Reuters ter noticiado que um novo fundo de investimento entrou na corrida pela Oi, a operadora brasileira que se encontra num plano de proteção de falência desde junho do ano passado, o maior processo deste género alguma vez desencadeado no Brasil. Trata-se de um grupo de investidores liderados pelo fundo Cerberus Capital Management, que está a planear avançar com uma proposta alternativa de recuperação judicial em março, logo após a finalização do processo de due dilligence, revelou uma fonte à agência Reuters.

Além da participação na Oi, a Pharol detém ainda cerca de 900 milhões de euros em papel comercial da Rioforte, braço não financeiro do Grupo Espírito Santo, embora a empresa já só espere recuperar 85,8 milhões de euros.

Pharol apaga a luz

Fonte: Bloomberg (valores em euros)

A administração da Oi está neste momento a analisar várias alternativas quanto ao futuro da operadora. Entre as opções em cima da mesa está a possibilidade de converter parte dessa dívida em ações. A ideia de conversão dívida em capital foi proposta por credores e apresentada aos administradores pela LaPlace, a assessora financeira da empresa. Neste sentido, “o conselho [de administração] autorizou a diretoria da Oi a prosseguir com entendimentos junto dos credores, aprofundando alguns itens críticos”, segundo comunicou ao mercado na semana passada.

Adicionalmente, a gestão da Oi tem em cima da mesa mais duas propostas para a compra da operadora. Existe uma proposta da Elliot Management, do multimilionário Paul Singer, que envolve uma injeção de capital no valor de nove mil milhões de reais (2,9 mil milhões de dólares) que daria uma participação maioritária àquele fundo norte-americano na operadora brasileira, segundo a Reuters. Este negócio tem a oposição da Pharol, que revelou à agência que apenas aceitará um plano de reorganização alternativo se tiver o aval da administração da Oi.

E há outra oferta da Orascom, detida pelo multimilionário Naguiv Sawiris, que recentemente decidiu estender o prazo de validade das sugestões para um plano alternativo de recuperação judicial da operadora brasileira Oi. A proposta da Orascom expira no final do mês.

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Comissão: Melhoria dos salários vai abrandar criação de emprego

  • Margarida Peixoto
  • 13 Fevereiro 2017

Bruxelas reconhece a forte criação de emprego em Portugal. Mas avisa que a recuperação dos salários e as dificuldades demográficas do país vão travar o ritmo da criação de emprego já em 2017.

Com o bom desempenho do setor do turismo, as melhorias no mercado de trabalho têm sido evidentes. Mas o ritmo de criação de emprego deverá travar já este ano. O aviso é da Comissão Europeia, nas Previsões de Inverno publicadas esta segunda-feira, em Bruxelas.

“A forte época turística apoiou o mercado de trabalho à medida que a criação de emprego e os salários melhoraram”, reconhece a Comissão Europeia. “Contudo, o crescimento do emprego deverá gradualmente abrandar de 1,3% em 2016 para 0,6% em 2018, à medida que a recente recuperação nos salários pode travar a procura de emprego e as restrições na oferta de emprego relacionadas com a diminuição da população em idade ativa se começam a sentir”, avisam os peritos.

Ou seja, há dois fatores a travar o ritmo da criação de postos de trabalho: o aumento das remunerações e a diminuição da população em idade de trabalhar. Estes dois efeitos tornam o emprego mais caro e, por isso mesmo, mais difícil de criar.

"O crescimento do emprego deverá gradualmente abrandar de 1,3% em 2016 para 0,6% em 2018, à medida que a recente recuperação nos salários pode travar a procura de emprego e as restrições na oferta de emprego relacionadas com a diminuição da população em idade ativa se começam a sentir.”

Comissão Europeia

Previsões de Inverno

O impacto da subida do salário mínimo na criação de emprego tem sido um dos pontos em debate público. A remuneração garantida foi fixada em 557 euros mensais a partir de janeiro de 2017, depois de no ano passado já ter aumentado para 530 euros. E o Executivo inscreveu no Programa de Governo o compromisso de manter aumentos progressivos até atingir os 600 euros mensais, no final da legislatura. Contudo, o Executivo tem garantido que as subidas da remuneração mínima não têm prejudicado o mercado de trabalho.

As previsões de Bruxelas apontam para um aumento de 1,3% do emprego em 2016, seguido de uma subida de apenas 0,8% este ano e de 0,6% em 2018. Esta criação de postos de trabalho permitirá continuar a baixar a taxa de desemprego ao longo do horizonte: este ano para 10,1% e em 2018 para 9,4%.

O Executivo está mais otimista do que a Comissão. O ministro das Finanças primeiro e o da Economia depois, ambos confirmaram que o Governo espera descer a taxa de desemprego para menos de dois dígitos já em 2017. Esta previsão é melhor do que a que serviu de base à construção do Orçamento do Estado para 2017, que conta com uma taxa de desemprego ainda de 10,3%.

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Comissão espera mais crescimento económico que o Governo para 2017

  • Margarida Peixoto e Marta Santos Silva
  • 13 Fevereiro 2017

A Comissão Europeia está à espera de um crescimento de 1,6% para o PIB português deste ano, uma décima acima da projeção do Governo. A maior ajuda vem do turismo.

Bruxelas está ligeiramente mais otimista do que o Governo quanto ao crescimento económico de 2017. O Executivo conta com um aumento de 1,5% do PIB, enquanto a Comissão Europeia está a antecipar um crescimento de 1,6%. Os números constam das Previsões de Inverno divulgadas esta segunda-feira. Pierre Moscovici, comissário europeu para os Assuntos Económicos e Financeiros, deu nota desse otimismo em Bruxelas.

“Estamos a trabalhar com grande proximidade e de forma construtiva e positiva com as autoridades portuguesas, e quando olho para os resultados gerais de Portugal vejo melhorias muito significativas”, afirmou Pierre Moscovici, na conferência de imprensa em que foram apresentadas as Previsões de Inverno, em Bruxelas.

Salientando a melhoria dos números do desemprego e também o crescimento económico, o comissário aproveitou ainda para referir que “será preciso tomar decisões este ano em relação ao Procedimento por Défice Excessivo”, já que o défice deverá cumprir as metas de Bruxelas tanto em 2016 como em 2017. Portugal conseguiu resultados “fortes e de grande melhoria”, sublinhou Moscovici.

Turismo deu a maior ajuda

No relatório, os peritos explicam que “a forte performance económica na segunda metade de 2016, particularmente do turismo, melhorou o outlook para a economia portuguesa.”

"O país expandiu assim a sua quota de mercado nas exportações em 2016, apesar dos estimados aumentos dos custos unitários do trabalho.”

Comissão Europeia

Previsões de Inverno

Os peritos identificaram um crescimento do setor exportador português mais forte do que o registado nos mercados internacionais, o que sugere um aumento da quota de mercado. Este movimento foi “ajudado pela performance muito forte do setor do turismo”, nota a Comissão. E conclui: “O país expandiu assim a sua quota de mercado nas exportações em 2016, apesar dos estimados aumentos dos custos unitários do trabalho”.

Estes ganhos permitiram alcançar um crescimento de 1,3% em 2016, apesar do primeiro semestre fraco que o país tinha registado. Esta previsão para o crescimento do ano passado vai ao encontro das estimativas mais recentes da equipa das Finanças, sabe o ECO. Os dados oficiais deverão ser revelados já esta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística.

São também estes ganhos no turismo que melhoram o cenário da atividade económica para este ano. “Efeitos de carryover deverão manter a quota de mercado do país a subir em 2017, antes de estabilizar em 2018”, lê-se no relatório.

Investimento continua em risco

Na análise que faz ao país, a Comissão nota ainda que o investimento travou o crescimento em 2016 e frisa como principais motivos a mudança do quadro comunitário de apoio e as dificuldades que ainda se fazem sentir no crédito às empresas. E se a questão da entrada de fundos comunitários se deverá resolver, com a entrada deste financiamento no país à medida que o Portugal 2020 se agiliza, o travão que ainda está a ser imposto pela banca pode demorar mais a ter solução.

“Os riscos são negativos, já que os problemas por resolver no setor bancário podem travar a esperada recuperação do investimento”, alerta Bruxelas.

Ainda assim, o relatório dá conta da manutenção dos indicadores avançados para o investimento em Equipamento em terreno positivo. Já os indicadores para o investimento em Construção continuam bastante contidos. “No global, o investimento deverá ganhar ritmo em 2018 à medida que o novo período de programação do financiamento da União Europeia e as condições de crédito melhoram gradualmente”, dizem os peritos.

Excedente externo vai continuar a melhorar

Apesar de o saldo comercial poder degradar-se ligeiramente, porque as importações deverão recuperar ao longo do horizonte de projeção, o excedente de conta corrente vai continuar a melhorar, projeta Bruxelas. Isto acontecerá devido a “desenvolvimentos positivos no rendimento primário e transferências correntes traduzindo as baixas taxas de juro e o ciclo de financiamento da União Europeia”, diz o relatório.

A Comissão estima que a balança de conta corrente tenha passado a excedentária em 2016 (a evolução foi de um défice de 0,3% o PIB em 2015 para um superavit de 0,3% no ano passado) e reforce este ganho em 2017 e 2018. Este ano deverá ficar em 0,4% do PIB e no próximo em 0,6%.

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Maiores credores fogem da dívida dos EUA

Os receios em relação à atuação da administração liderada por Donald Trump estão a levar os investidores a terem dúvidas relativamente ao financiamento dos EUA.

A atuação controversa de Donald Trump no comando do destino dos EUA está a ter efeitos negativos no mercado de financiamento da maior economia do mundo. Alguns dos maiores credores dos EUA começam a ter dúvidas relativamente ao investimento em dívida pública norte-americana.

No Japão — o maior detentor de Treasuries os investidores levaram a cabo o maior corte em quase quatro anos das suas posições em dívida soberana dos EUA, em dezembro do ano passado, segundo avança a Bloomberg citando dados do Ministério das Finanças. Um corte que salta à vista tendo em conta que em raras vezes foi tão atrativo para os investidores nipónicos apostar em dívida estrangeira, como aconteceu naquele período.

Contudo, não serão apenas os investidores japoneses a virarem as costas à dívida soberana norte-americana. De Tóquio a Pequim, passando por Londres, parece existir um consenso: poucos são os investidores que se sentem à vontade para apostar no mercado de Treasuries norte-americanas avaliado em 13,9 biliões de dólares. Seja devido às perspetivas de aumento dos défices orçamentais ou da inflação com Donald Trump nos comandos dos EUA, ou à subida dos juros pela Reserva Federal norte-americana, a confiança naquela que é considerada como a dívida mais segura do mundo parece estar a ficar abalada.

“Poderá ser mais difícil do que o habitual que o Japão invista em Treasuries e no dólar, este ano, devido à incerteza política”, afirmou Kenta Inoue, responsável pela equipa de investimento em dívida estrangeira do Mitsubishi UFJ Morgan Stanley, citado pela Bloomberg. “As yields das Treasuries podem voltar a subir rapidamente a médio prazo, o que continuará a desencorajar comprá-las de forma agressiva”, rematou.

"Poderá ser mais difícil do que o habitual que o Japão invista em Treasuries e no dólar, este ano, devido à incerteza política. As yields das Treasuries podem voltar a subir rapidamente a médio prazo, o que continuará a desencorajar comprá-las de forma agressiva.”

Kenta Inoue, diretor de investimento em dívida estrangeira

Mitsubishi UFJ Morgan Stanley

O recente recuo não significa necessariamente que os investidores estrangeiros venham a abandonar a aposta em dívida soberana norte-americana, até porque estes detêm 5,94 biliões em obrigações do Tesouro dos EUA, ou cerca de 43% da totalidade do mercado de dívida governamental norte-americana. Contudo, não impede que possam ocorrer consequências na capacidade dos EUA se financiarem a um preço baixo, sobretudo tendo em conta o ambicioso plano de gastos em infraestruturas e de redução de impostos por parte da administração de Donald Trump.

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Bruxelas prevê mais emprego e aceleração da inflação na UE

  • Marta Santos Silva
  • 13 Fevereiro 2017

A estabilidade e resiliência da economia europeia vão voltar a ser postas à prova em 2017 e 2018, mas a Comissão Europeia prevê crescimento em todos os Estados membros, apesar de grandes riscos.

Enquadradas numa ótica de recuperação económica global, todas as economias da União Europeia devem crescer nos próximos anos, mas o risco é alto e a incerteza mais alta ainda. Apesar de tudo, a Comissão Europeia antevê, nas Previsões de Inverno para 2017, que a inflação aumente e o desemprego diminua.

É um ano cheio de incerteza para a União Europeia. Entre eleições decisivas em França, na Holanda, na Alemanha e possivelmente também em Itália, assim como o princípio das negociações de saída do Reino Unido, o próximo inverno mostra-se com riscos que tendem para o negativo, lê-se no comunicado que acompanhou a divulgação das Previsões de Inverno. A tudo isto junta-se ainda a presidência de Donald Trump nos Estados Unidos, cuja política económica, que ainda está a ganhar forma, pode acabar por ser prejudicial para a União Europeia.

Ainda assim, a visão geral parece ser positiva. Todas as economias da União vão expandir-se em 2017 e 2018, prevendo ainda a Comissão que todas terão crescido em 2016, o que, a confirmar-se, marcará a primeira vez desde 2008 que tal acontece. O crescimento poderá ser impulsionado pela recuperação mundial esperada nas economias emergentes, o que poderá aumentar as exportações europeias de bens e serviços.

Já a inflação vai aumentar em 2017 e diminuir ligeiramente em 2018, segundo as previsões da Comissão Europeia. Após dois anos de inflação muito baixa, empurrada pela inflação da energia a taxa geral deverá subir substancialmente nos próximos anos, desde 0,2% em 2016 para 1,7% em 2017 e 1,4% em 2018.

Do lado do défice, a previsão geral também é positiva, com quedas previstas para os próximos dois anos. O défice da Zona Euro deverá diminuir de 1,7% para 1,4%, o que reflete as taxas de juro mais baixas sobre a dívida soberana e também o maior emprego, que faz com que mais gente pague contribuições e impostos e menos gente receba prestações sociais.

“A recuperação económica europeia continua pelo quinto ano consecutivo. Mas nestes tempos incertos é importante que as economias europeias se mantenham competitivas e adaptáveis perante circunstâncias que podem mudar”, disse o vice-presidente da Comissão Europeia Valdis Dombrovskis, citado no comunicado. Quais as prioridades? “É necessário que haja um esforço contínuo para as reformas estruturais. Também precisamos de nos concentrar no crescimento inclusivo, de maneira a garantir que a recuperação chega a todos”.

Desemprego vai continuar a cair

O crescimento do emprego na União Europeia vai manter-se nos próximos dois anos, esperando a Comissão Europeia que a taxa de desemprego comunitária caia de 8,5% em 2016 para 8,1% em 2017 e 7,8% em 2018. Uma recuperação que traz os números do desemprego ao seu valor mais baixo desde 2009 — no entanto, mantêm-se acima dos registados antes do estalar da crise do subprime em 2008.

À medida que o emprego recupera e os salários sobem, o principal impulsionador do crescimento económico vai continuar ainda a ser o consumo das famílias. Consumo esse que poderá vir a abrandar nos próximos dois anos, porém, se se verificar a evolução prevista na inflação.

“O crescimento está a aguentar-se e o desemprego e os défices estão a cair”, afirmou Pierre Moscovici, Comissário para os Assuntos Económicos e Financeiros. “Mas com a incerteza a níveis tão altos, é mais importante do que nunca que utilizemos todas as ferramentas políticas para apoiar o crescimento. E acima de tudo temos de nos certificar de que os benefícios são sentidos em todas as partes da Zona Euro e em todos os segmentos da sociedade”.

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Bruxelas: Portugal não fez ajustamento estrutural do défice

  • Margarida Peixoto
  • 13 Fevereiro 2017

A Comissão Europeia estima que o défice ficou em 2,3% do PIB, em 2016. Mas em termos estruturais, não houve ajustamento face a 2015. Bruxelas está menos otimista que o Governo para este ano.

O défice orçamental terá ficado em 2,3% do PIB em 2016, estima a Comissão Europeia, nas Previsões de Inverno, divulgadas esta segunda-feira em Bruxelas. Contudo, descontando tanto os efeitos de medidas extraordinárias, como os efeitos do ciclo económico, os peritos comunitários dizem que não houve qualquer ajustamento face a 2015. Para 2017 Bruxelas está menos otimista que o Governo.

Portugal cumpriu as metas orçamentais impostas por Bruxelas? Tudo indica que sim. A meta imposta pelos peritos para o défice global — o valor que conta com todos os efeitos, sejam eles extraordinários, fruto do andamento económico, ou estruturais — foi cumprida. Na última recomendação feita ao país, a Comissão Europeia tinha exigido um défice de, na pior das hipóteses, 2,5% do PIB. Ora, a julgar pelas estimativas dos peritos de Bruxelas, o défice deverá ter ficado em 2,3%.

Tanto o primeiro-ministro, António Costa, como o ministro das Finanças, Mário Centeno, tinham apontado para um valor de défice “abaixo de 2,3% do PIB”, por isso, a confirmar-se a estimativa de Bruxelas, o défice ficará apenas ligeiramente acima da última referência dada pelo Executivo. A meta inicial definida pelo Governo para o défice do ano passado (em fevereiro) tinha sido de 2,2% e a estimativa feita em outubro do ano passado, que serviu de base à construção do Orçamento do Estado para 2017, tinha sido de 2,4% do PIB.

Seja como for, quer dizer que o défice do ano passado já está abaixo do limite de 3% do PIB, imposto pelo Pacto de Estabilidade e Crescimento. Esta é a primeira condição para o país sair do Procedimento por Défices Excessivos, um objetivo que o Executivo já tem vindo a dar por garantido. A segunda condição é que a tendência de descida se mantenha no horizonte de projeção e aqui o caso é mais dúbio: Bruxelas prevê que o défice recue para 2% em 2017 (um valor mais pessimista do que a meta de 1,6% assumida pelo Governo) mas que aumente para 2,2% em 2018.

Há ainda outra meta que tinha sido definida pela Comissão Europeia e que Portugal também cumpriu: a do saldo estrutural. No âmbito do Pacto de Estabilidade e Crescimento, os países do euro devem convergir para os seus objetivos de médio prazo para o défice orçamental. No caso português, quer dizer que o saldo orçamental estrutural deveria melhorar 0,6 pontos percentuais, em 2016. Contudo, em julho, a Comissão Europeia reviu esta meta para um ajustamento nulo. Ora, este objetivo parece ter sido cumprido. Este indicador — que desconta o efeito de medidas extraordinárias, mas também do ciclo económico, e que é alvo de forte controvérsia por ser de difícil apuramento — ficou inalterado face a 2015, em 2,2% do PIB.

"A receita abaixo do esperado no Orçamento foi parcialmente compensada por receitas fiscais adicionais (0,25% do PIB) do programa de pagamento de dívidas PERES e pela contenção generalizada da despesa, em particular devido ao investimento público.”

Comissão Europeia

Previsões de Inverno

“A receita abaixo do esperado no Orçamento foi parcialmente compensada por receitas fiscais adicionais (0,25% do PIB) do programa de pagamento de dívidas PERES e pela contenção generalizada da despesa, em particular devido ao investimento público”, lê-se no relatório.

Ou seja, Portugal não ajustou o défice, em termos estruturais. Em 2015 o país não cumpriu este requisito de Bruxelas, tendo mesmo degradado este indicador: o défice estrutural piorou 0,5 pontos percentuais, contribuindo para a abertura do procedimento de sanções.

Quer dizer que os números apresentados por Pedro Passos Coelho, presidente do PSD, sobre o défice sem a ajuda de medidas extraordinárias estavam certos? Não. O líder da oposição calculou esse indicador em 3,4% do PIB, mas a Comissão Europeia estima esse défice em 2,6% do PIB. O ECO também já tinha dito que só por sorte a estimativa do ex-primeiro-ministro estaria correta. Ou seja, as medidas extraordinárias são estimadas em cerca de 0,3 pontos percentuais do PIB.

Ajustamento tem de continuar: há riscos negativos

Do relatório de Bruxelas resulta ainda que o esforço de consolidação orçamental ainda não pode ser dado por terminado, mesmo que o país já tenha conseguido cortar o défice para menos de 3% do PIB. É que sem alteração de políticas, os peritos antecipam que Portugal volte a ver o défice subir.

“Assumindo um cenário de políticas inalteradas, tanto o défice orçamental global como o saldo estrutural se vão deteriorar ligeiramente em 2018”, avisa o documento.

"Os riscos para o cenário orçamental são negativos, ligados a incertezas em torno do cenário macroeconómico e aos impactos potencialmente negativos de medidas de apoio ao setor bancário.”

Comissão Europeia

Previsões de Inverno

Para este ano, a estimativa é a de uma ligeira degradação do saldo estrutural (na casa de um ponto percentual), mesmo que o défice global continue a cair. A isto, os peritos somam ainda riscos negativos, que resultam de “incertezas em torno do cenário macroeconómico” e de “impactos potencialmente negativos de medidas de apoio ao setor bancário”. Ou seja, a saída do PDE ainda não está completamente garantida.

Quanto à dinâmica da dívida, as estimativas coincidem genericamente com o que tem vindo a ser assumido pelo Governo. O rácio deverá subir para 130,5% do PIB, “sobretudo por causa de emissões mais elevadas de dívida pública para a recapitalização do banco público que está em curso”. Em 2017 a Comissão estima uma descida para 128,9% do PIB, seguida de nova redução para 127,1% em 2018, “devido a excedentes orçamentais primários e crescimento económico continuado”.

(Notícia corrigida às 13h50 com a revisão da meta definida pela Comissão Europeia, em julho. Nessa data, a Comissão deixou de exigir uma melhoria de 0,6 pontos percentuais do saldo estrutural e passou a exigir apenas a manutenção do saldo inalterado.)

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El Corte Inglês lança um plano de outlets em Espanha

  • ECO
  • 13 Fevereiro 2017

O gigante espanhol está a equacionar converter as lojas que dão prejuízo em outlets.

O El Corte Inglês vai apostar num plano de outlets tendo como objetivo salvar os centros da marca que dão prejuízo. A notícia é avançada na edição desta segunda-feira pelo jornal digital espanhol El Confidencial.

Segundo aquela publicação, uma quarta parte dos centros comerciais do gigante de distribuição registam perdas estruturais mas a hipótese de fecho está fora de questão “por razões de imagem corporativa”.

A tábua de salvação destes centros comerciais passa assim por outlets, apoiados no prestígio da própria marca. O El Corte Inglês estará inclusive a olhar para o exemplo da cadeia americana Value Retail, que tem em Espanha, a Roca Village em Barcelona e as Las Rozas Village em Madrid.

Ainda segundo aquela publicação, o El Corte Inglês deverá fechar o mês de fevereiro, altura em que fecha o exercício de 2016, com um crescimento dos lucros de 34%, já as vendas terão crescido apenas 4,3% face ao exercício de 2015. Ainda segundo El Confidencial, o que impede o El Corte Inglês de recuperar para níveis anteriores à crise é precisamente a situação de um quarto dos centros comerciais que registam perdas constantes e cuja solução passa por medidas drásticas.

A maioria destes centros comerciais que estarão a dar problemas ao El Corte Inglês foram lançados a partir do ano 2000.

Estas medidas terão de resto já estado em cima da mesa da empresa sob a liderança de Isidoro Álvarez, mas terão sido rejeitadas pelo anterior presidente do gigante de distribuição, precisamente, porque terão sido lançados durante o seu mandato. Mas as novas tendências de consumo e a perda de afluência aos centros comerciais terá levado o atual presidente Dimas Gimeno, e as filhas de Álvarez a estudar o que fazer ao futuro de até 21 dos seus atuais 100 pontos de venda.

De referir que o El Corte Inglés está presente em Portugal com duas lojas, uma em Lisboa e outra em Vila Nova de Gaia.

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