Jerónimo Martins pressiona bolsa. Lisboa volta a cair quatro sessões depois

Depois de três sessões no verde, a bolsa portuguesa voltou a fechar o dia com as "contas" no vermelho. Foi pressionada sobretudo pelo mau desempenho da Jerónimo Martins.

Após três sessões de ganhos, a bolsa nacional fechou esta terça-feira em terreno negativo, pressionada sobretudo pelo mau desempenho da Jerónimo Martins, em mais um dia de queda para as ações do BCP. Lisboa acompanhou as principais praças na Europa perante dados económicos mistos.

O PSI-20, o principal índice português, recuou ligeiros 0,08% para 5.139,36 pontos. Foram 11 as cotadas nacionais que encerraram abaixo da linha de água, com destaque para dois pesos pesados: a retalhista dona do Pingo Doce viu os títulos cederem 1,49% para 12,54 euros e o banco liderado por Miguel Maya recuou 0,56% para 0,2310 euros, isto na véspera de apresentar as contas anuais ao mercado — os analistas do BPI/CaixaBank apontam para um lucro na ordem dos 304 milhões de euros, que pode abrir a porta à distribuição de dividendos.

Do outro lado da balança, e ajudando a amparar as quedas, estiveram as energéticas Galp (+0,59%) e EDP (+0,31%), assim como a papeleira Navigator (protagonizou o melhor desempenho por cá com uma subida de 2,27%) e a casa-mãe Semapa (+1,43%).

Entretanto, no mercado secundário de dívida, dia histórico para Portugal: a taxa de juro associada aos títulos a dez anos atingiu esta terça-feira um novo mínimo histórico, abaixo dos 1,5%. Filipe Silva, diretor de gestão de ativos do Banco Carregosa, associou este alívio dos juros da dívida ao cenário de desagravamento das taxas na Europa.

No mercado acionista europeu, o índice de referência europeu, o Stoxx 600, fechou em baixa de 0,21%, acompanhado das principais praças de Milão e Paris, que perderam 0,50% e 0,16%, respetivamente. O alemão Dax-30 escapou por pouco às perdas, com uma tímida subida de 0,09%.

Foi um dia de sentimentos mistos para os investidores. Estão preocupados com os sinais de abrandamento da economia, que foram reforçados com resultados empresariais abaixo do esperado. Mas tiveram hoje boas notícias em relação a uma aproximação entre Washington e Pequim para resolver a disputa comercial.

(Notícia atualizada às 16h59)

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Santana admite afastar vice-presidente acusado de peculato e prevaricação

  • Lusa
  • 19 Fevereiro 2019

Carlos Pinto, antigo autarca da Covilhã, foi acusado pelo Departamento de Investigação Penal de Coimbra de participar na alegada construção ilegal de uma casa.

O presidente da Aliança, Pedro Santana Lopes, admitiu, esta terça-feira, o afastamento do vice-presidente do partido Carlos Pinto, acusado de peculato e prevaricação, mas disse ser preciso ouvir o antigo autarca da Covilhã antes de tomar uma decisão.

A SIC noticiou no fim de semana que o antigo presidente da Câmara Municipal da Covilhã foi acusado pelo Departamento de Investigação Penal de Coimbra, e que em causa está a alegada construção ilegal de uma casa, bem como o pagamento de parecer jurídicos com dinheiro do município.

Confrontado com isto, o presidente da Aliança sublinhou que “quem seja objeto de acusações dos órgãos competentes em matérias ligadas ao exercício de funções, e que tenha que ver com responsabilização em matéria também financeira, não deve exercer funções políticas”.

“Fui muito claro sobre isso no congresso” fundador do partido, afirmou aos jornalistas à margem de um debate promovido pela Aliança, que decorreu em Lisboa, assinalando que para a Aliança esta é “uma questão de princípio, de facto, sagrada”. O líder da Aliança considerou, contudo, que esse entendimento se aplica “quando há acusação”, acrescentando que “uma pessoa ser arguida é diferente, isso não implica nenhuma acusação”.

Ainda assim, sustentou que “quando uma pessoa já está acusada, ou há uma sentença sobre um processo, mesmo que tenha recurso”, essa pessoa “não deve estar a exercer funções políticas, pelas mais variadas razões”. Apontando que “aqui não há acusações de corrupção”, Pedro Santana Lopes declarou que, “de qualquer maneira, quando estão envolvidas acusações em relação a possíveis crimes no exercício de funções políticas”, a atitude a tomar “tem de ser clara”.

Só que a Aliança não quer tomar nenhuma posição definitiva sem ouvir e saber se o próprio o quer fazer e, portanto, aguardamos por amanhã à noite, não podemos fazer outra coisa”, apontou, referindo que Carlos Pinto se encontra fora do país, em Roma.

Santana disse que, entretanto, já falou com o vice-presidente da Aliança, mas sublinhou que “uma conversa dessas” “não se deve ter” por telefone.

O líder da Aliança sustentou ainda que “há a notícia da acusação, as pessoas visadas devem poder defender-se”.

Já em julho de 2017, Carlos Pinto tinha sido condenado a três anos com pena suspensa por prevaricação. Questionado sobre se tinha conhecimento desta condenação, Santana Lopes disse: “não tínhamos conhecimento das suas implicações”. E acrescentou: “Há os dois casos, mas queremos ouvir a pessoa”.

Entretanto, Carlos Pinto usou a sua página na rede social Facebook para confirmar ter recebido “um despacho de Acusação do Ministério Público de Coimbra”, que dava conta de “que tinha procedido à realização de um inquérito a partir de denúncia anónima”.

O Ministério Público acusou o antigo autarca de “irregular licenciamento da única casa” que possui e habita “desde 2010, por supostas irregularidades no licenciamento em 2007”.

“À época, lembro-me de ter pedido eu próprio à Procuradoria Geral da República para promover uma análise ao processo de licenciamento na câmara, feito antes de eu ter adquirido o respetivo terreno, tendo no final o Tribunal Administrativo e Fiscal de Castelo Branco julgado o procedimento absolutamente correto e legal, e sentenciando a não existência de qualquer irregularidade”, assinala Carlos Pinto.

Apontando que o Ministério Público pretende também que o dirigente responda por “terem sido pedidos dois pareceres a jurisconsultos, alegando que o foram para defesa do respetivo licenciamento”, Carlos Pinto considera que “a iniciativa é dos serviços como é normal, no recurso a entidades tecnicamente especializadas e para defesa do regular procedimento dos atos praticados, como o Tribunal Administrativo e Fiscal de Castelo Branco bem sentenciou”.

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PSD quer ouvir Álvaro Santos Pereira no Parlamento sobre corrupção destacada pela OCDE

  • Lusa
  • 19 Fevereiro 2019

Os sociais-democratas querem saber porque é que o Governo exigiu a exclusão de Santos Pereira da apresentação do estudo da OCDE sobre as perspetivas económicas para Portugal.

O PSD pediu a audição do ex-ministro Álvaro Santos Pereira no Parlamento para debater o relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) sobre Portugal, “na parte que se refere à reforma da justiça e à corrupção“.

O requerimento dos sociais-democratas para ouvir Álvaro Santos Pereira foi entregue na segunda-feira na Assembleia da República e deverá ser votado na quarta-feira, na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias.

Em causa estão, segundo os deputados do PSD, notícias de que “o Governo exigiu a exclusão do diretor do Departamento que coordena os relatórios sobre as economias dos países membros da OCDE“, Álvaro Santos Pereira, da apresentação do documento da OCDE sobre as perspetivas económicas para Portugal — o Economic Survey – “simplesmente porque este pôs como um dos dois temas centrais desse relatório a reforma da justiça e a corrupção”.

“Já era conhecido o desconforto do Governo em relação a esta matéria, sobretudo, no que se refere à corrupção, sendo, no entanto, inédita esta posição de força assumida pelo Governo“, argumenta o Grupo Parlamentar social-democrata no requerimento.

Para o PSD, a reforma da justiça e a temática da corrupção são “dois temas nucleares acompanhados no âmbito da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias” da Assembleia da República, pelo que “importa ouvir, de viva voz, o que tem a dizer sobre estas duas matérias” o ex-ministro de Passos Coelho e atual diretor da OCDE Álvaro Santos Pereira, autor do referido relatório.

Os sociais-democratas querem que Santos Pereira explique “que razões concretas o levaram a colocar o seu enfoque” em duas áreas como a reforma da justiça e a corrupção.

No início do mês de janeiro, o jornal Expresso indicou que a corrupção é destacada, pela primeira vez, num relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) sobre a economia nacional, que é publicado a cada dois anos.

O jornal referiu que, na base desta conclusão, está o trabalho da equipa do antigo ministro Álvaro Santos Pereira, o Economic Survey, um radar da OCDE sobre a economia portuguesa.

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BLMP: novo escritório nasce no Porto

No dia 15 de janeiro de 2019 nasceu a BLMP, Sociedade de Advogados. Luís Branco Lopes, sócio fundador, explica que a sociedade resulta de um projeto "ao jeito de uma boutique".

No dia 15 de janeiro de 2019 nasceu a BLMP, Sociedade de Advogados. Luís Branco Lopes, sócio fundador, explica que a sociedade resulta de um projeto “ao jeito de uma boutique, com um fato à medida para cada tema em análise”.

“Quando decidi concretizar este projeto, era associado sénior do departamento laboral na Garrigues, contando, à data, com quase 10 anos de «casa». Senti que era o momento certo para transportar as boas práticas incutidas e os níveis de excelência e rigor adquiridos em tal sociedade ibérica para as adaptar a uma nova realidade que, ainda que vocacionada, em grande escala, para a área empresarial, visa um approach diferente”, segundo comunicado do escritório.

Eduarda Martins Pereira, igualmente sócia fundadora da BLMP, refere que há muito tempo que idealizava dar vida a este projeto, nomeadamente pela necessidade crescente que vinha sentindo em garantir uma resposta especializada e transversal, numa ótica de análise integrada das necessidades dos clientes. “Os clientes procuram cada vez mais uma análise com enfoque em todas as áreas que se interligam, passando, por exemplo, pela área societária, laboral, fiscal, entre outras. A BLMP foi instituída para garantir essa assessoria, contando com advogados com um know-how sedimentado nas áreas mais críticas e recorrentes.”

Atualmente, a BLMP encontra-se a desenvolver um projeto de assessoria preventiva junto dos seus clientes, pelo que iniciará, a partir do mês de março de 2019, um ciclo de “miniconferências”, no âmbito das quais, analisará, junto dos seus clientes, as alterações legislativas que terão um impacto direto ou indireto na estrutura das várias empresas com que trabalha.

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Isabel Ucha: “Investidores não querem ficar limitados à oferta dos seus bancos”

Isabel Ucha, presidente da Euronext Lisbon, explicou que os planos de expansão do grupo passam não só pela aquisição de novas bolsas, como de reforço dos serviços oferecidos.

A Euronext Lisbon quer reforçar a oferta de fundos de investimento, com uma nova plataforma que alarga a disponibilização destes ativos para clientes dos vários bancos. Os planos de expansão do grupo passam não só pela aquisição de novas bolsas, como de reforço dos serviços oferecidos, como explicou Isabel Ucha, presidente da Euronext Lisbon, na conferência Via Bolsa 2019.

Os investidores não querem ficar limitados à oferta de fundos de investimento que os seus bancos têm para oferecer (no respetivo grupo bancário), e portanto a oferta vai ser mais diversificada. A própria legislação também assim o incentiva”, afirmou Isabel Ucha, na abertura da conferência, organizada pela Euronext Lisbon e que conta com o ECO como media partner.

“A Interbolsa é mais também para a indústria de fundos de investimento. Pensamos que a Interbolsa, através do seu serviço de fundos”, defendeu. A presidente da Euronext Lisbon considera que a plataforma de serviço de fundos que a Interbolsa oferece facilita que mais bancos e outras entidades possam distribuir fundos e produtos de investimento a investidores, de diversas entidades gestoras, nacionais e internacionais.

Por outro lado, pretende continuar “a intensificar-se a procura por fundos de gestão passiva (os ETF)” que diz estarem “sub-representados no mercado português”. No campo dos serviços, Isabel Ucha apontou ainda para o novo Centro Tecnológico no Porto, de onde é gerida toda a atividade de cibersegurança do grupo. A par dos serviços, também o crescimento em termos de capitalização de mercado e geografias está nos planos do grupo.

Novas aquisições em cima da mesa

A capitalização de mercado da Euronext disparou para 3,7 mil milhões de euros, no início deste ano, face aos 1,4 mil milhões, em 2014, quando foi alvo de IPO. Isabel Ucha garante que há planos para continuar a expandir, não só com a aquisição de novas bolsas como com reforço da oferta de serviços.

“Os mercados de capitais vão continuar a ser um pilar das empresas, das economias e da inovação do mundo”, afirmou Isabel Ucha. “Com a aquisição da bolsa da Irlanda somos agora o maior centro mundial de listing de obrigações e fundos”.

O grupo conta com mais de 37 mil títulos de dívida cotados de 90 países, mais de 5,6 mil fundos de investimento e mais de 1.150 ETF. “E o grupo Euronext pretende continuar a crescer e atrair outras gestoras de bolsas que queiram partilhar a sua ambição de servir um mercado único de capitais na Europa“.

Em dezembro, a Euronext anunciou a intenção de comprar a bolsa norueguesa, a Oslo Børs. O processo ainda está a decorrer, até porque o Conselho de Administração da bolsa não recomendou a venda, por 625 milhões de euros, o que poderá obrigar a uma revisão em alta do montante.

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Carlos Costa: “Falta-nos premiar a distribuição de dividendos com base em contas transparentes”

Carlos Costa pede novos empreendedores para regenerar a economia portuguesa. Mas também recomendou às empresas existentes que distribuam dividendos com base em contas transparentes.

Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, considera que falta ao país um quarto pilar para completar a retoma “notável” que tem vindo a fazer desde a crise da dívida de 2011: “Falta-nos o premiar a propriedade sem prejudicar a gestão, o que significa que nos falta premiar a distribuição de dividendos com base em contas transparentes e auditadas de forma a assegurar que ser acionista ou proprietário de uma empresa não implica estar necessariamente no conselho de administração”.

Só por essa via é que as empresas portuguesas vão conseguir “atrair novos investidores” necessários para captar investimento de longo prazo e reduzir a dependência do financiamento bancário, completou o governador no discurso de abertura do Via Bolsa, uma iniciativa da Euronext Lisbon que decorre no Museu do Dinheiro, em Lisboa.

Ignorando por completo o caso relacionado com a sua passagem pela Caixa Geral de Depósitos (CGD) na década passada, Carlos Costa falou dos pilares da recuperação da economia portuguesa que começou com o “programa de ajustamento que foi inevitável” entre 2011 e 2014, a que se seguiu uma “desenvolvimento notável das exportações”. Depois, veio a estabilidade financeira, “medida pela confiança dos depositantes nos sistema bancário, que está espelhada na evolução dos depósitos”. Mas falta agora um quarto pilar, frisou.

“Falta investimento. Investimento não só de natureza incremental, mas investimento também de natureza disruptiva, assente em inovação radical. Falta-nos novos empreendedores, falta-nos a regeneração do tecido empresarial, falta-nos a profissionalização da gestão”, disse o líder do supervisor.

Foi neste ponto que Carlos Costa pediu maior disciplina na distribuição de dividendos, que tem de ser feita com base em “contas transparentes e auditadas”, através das quais as empresas conseguirão ter investidores que se “sintam confiantes para trazer capitais próprios ou para fazer empréstimos de longo prazo”.

Numa economia de “insuficiência crónica de poupança” e com dificuldade em captar novos investidores, as empresas estão limitadas “à dimensão do braço do seu proprietário”, que “tende a ser cada vez menos determinante à medida que sucedem as gerações”, notou.

“Por isso temos um problema que é cuidar da terceira geração empresarial, trazê-la para o mercado de capitais, assegurar que a abertura do capital a novos investidores é feita sem prejuízo da preocupação com rendimentos que essas empresas geram”, disse o governador do Banco de Portugal.

Para Carlos Costa, é importante promover a regeneração do tecido empresarial português, mas lembrou que não se trata de uma “uma política de terra queimada”. E contextualizou de seguida: “A transformação e regeneração do tecido produtivo de um país faz-se com as empresas que temos, mesmo que lhes acrescentemos também algumas sementes de regeneração”.

Após o discurso, Carlos Costa abandonou imediatamente o evento, sem falar com os jornalistas. Mas o governador do Banco de Portugal concede mais logo uma entrevista à SIC, onde deverá explicar a sua participação nas reuniões da CGD que aprovaram empréstimos de risco e que geraram perdas volumosas para o banco público, como as que foram identificadas pelo relatório da auditoria da EY.

(Notícia atualizada às 15h51)

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Abreu Advogados assessora Nani na sua transferência para Orlando City

Internacional português assina contrato por três épocas com o clube norte-americano. Esta é a segunda vez que conta com a assessoria de Fernando Veiga Gomes, depois da transferência para o Sporting.

O internacional português Nani contou com a assessoria da Abreu Advogados na mudança para o Orlando City Soccer Club, equipa da liga norte-americana de futebol, a Major League Soccer.

A saída de Nani do Sporting foi feita através de uma rescisão do contrato por mútuo acordo, e o vínculo com o Orlando City FC terá a duração de três épocas desportivas. Fernando Veiga Gomes, sócio da Abreu Advogados responsável pela área de direito do Desporto, foi responsável pela assessoria.

Esta é a segunda vez que Nani recorre à sociedade esta época: em julho de 2018, o advogado já tinha assessorado o internacional português na transferência do Valência para o Sporting.

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Lançada iniciativa franco-alemã para criar “novos campeões” na indústria

  • Lusa
  • 19 Fevereiro 2019

Os ministros da economia da França e Alemanha anunciaram uma iniciativa para uma nova estratégia industrial e reforma das regras da UE. A produção de baterias elétricas é o primeiro projeto.

Os governos alemão e francês anunciaram esta terça-feira uma iniciativa conjunta para uma nova estratégia industrial e uma reforma das regras da União Europeia, com o objetivo de criar “novos campeões”, depois do chumbo da fusão Siemens-Alstom.

“É um dia importante porque depois de meses de trabalho, colocámo-nos de acordo sobre a definição de uma estratégia industrial para a Europa, que proporemos aos nossos parceiros europeus”, declarou o ministro francês da Economia, Bruno Le Maire, citado pela AFP, durante uma conferência de imprensa em Berlim com o seu homólogo alemão, Peter Altmaier.

Os parceiros escolheram a produção de baterias elétricas como primeiro projeto concreto de cooperação, que será aberto a outros países europeus.

A Alemanha colocou 1.000 milhões de euros à disposição do projeto e a França 700 milhões, precisou Peter Altmaier.

Berlim e Paris esperam uma resposta da Comissão Europeia sobre o assunto antes de 01 de abril.

“É a primeira vez em décadas que lançamos uma iniciativa desta importância e que a França e a Alemanha se colocam de acordo sobre uma estratégia comum em matéria industrial para o século XXI”, disse Bruno Le Maire.

O memorando proposto pelos dois países assenta em três pilares: focar-se na inovação e encontrar os financiamentos necessários, e depois modificar as regras europeias apelidadas de “ultrapassadas” pelo ministro francês, “como visto com o chumbo da fusão Siemens/Alstom”.

De acordo com a AFP, o objetivo do projeto é saber proteger melhor as indústrias europeias, para que as tecnologias de ponta fiquem no continente.

Depois da fusão abortada entre a Siemens e a Alstom, Bruno Le Maire começou uma campanha para uma vasta reforma do Direito europeu de fusões, uma ofensiva friamente acolhida por Bruxelas.

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Bordallo Pinheiro inaugura primeira loja em Paris. Segunda abre em março

  • Lusa
  • 19 Fevereiro 2019

"O objetivo é levar a Bordallo Pinheiro para um patamar de marca global", diz Nuno Barra, administrador do grupo Vista Alegre.

A marca portuguesa Bordallo Pinheiro inaugurou, esta terça-feira, a primeira loja em Paris, na Boulevard Saint Germain, um investimento de 200 mil euros, e prepara a abertura de uma segunda loja na capital francesa, prevista para o início de março.

“O objetivo é levar a Bordallo Pinheiro para um patamar de marca global. Paris não significa só o mercado francês. Abrir uma loja aqui é abrir uma loja no mundo“, afirmou Nuno Barra, administrador do grupo Vista Alegre, em declarações à agência Lusa.

Junto à estação de metro Solferino, em plena Boulevard Saint Germain – uma das zonas nobres de Paris -, a primeira loja da marca Bordallo Pinheiro na cidade das Luzes chama a atenção com cogumelos, caracóis gigantes e frutos de todos os tamanhos, que caracterizam a marca das Caldas da Rainha.

“Temos algumas regras para estas lojas: estar bem no centro de Paris, em zonas de grande passagem, facilmente reconhecidas, onde já estejam outras marcas e ter uma grande montra para dar a conhecer os produtos”, acrescentou o administrador.

A marca Bordallo Pinheiro ultrapassou em 2018 os sete milhões de euros de faturação e a expansão da marca vai continuar com a próxima inauguração a acontecer já no início de março, também na capital francesa, na zona de Les Marais, na margem direita do Sena, que é considerada o centro das tendências parisienses.

Apesar de a loja da Boulevard Saint Germain já estar aberta ao público desde dezembro, as manifestações dos “coletes amarelos” – que não deixaram incólume este bairro -, causaram alguns estragos nas montras e, por isso, a inauguração foi adiada.

“Apenas apostámos nas redes sociais em certas zonas da cidade e a divulgação vai começar agora. A maior parte das pessoas vem pelo aspeto das peças, que é muito diferente. E os funcionários depois explicam e enquadram a Bordallo Pinheiro”, explicou Nuno Barra.

A loja conta com três funcionários, dois deles luso-descendentes, que foram a Portugal conhecer a fábrica e ajudam a explicar a história da Bordallo Pinheiro. “Eu conheço a marca há muito tempo e fiquei muito interessado quando soube que ia abrir a loja aqui em Paris. Há o lado da tradição que é muito forte e lembro-me que a minha avó tinha peças destas em casa”, disse André Fernandes, funcionário da loja.

Entre a tradição das origens e quem acaba de conhecer, a Bordallo Pinheiro tem conquistado atenções no bairro. “Cada vez mais franceses viajam para Portugal e conhecem a marca. No Natal, o passa-a-palavra entre amigos resultou muito bem. As pessoas do bairro estão muito felizes, porque há mais animação com a nossa loja aqui. Há ainda todas as pessoas que vêm porque têm origens portuguesas ou amigos portugueses”, afirmou Isabelle Dehillotte, também funcionária loja.

Para a inauguração desta primeira loja parisiense, a marca trouxe um modelador da sua fábrica em Portugal para demonstrar durante as técnicas e o detalhe de cada peça Bordallo Pinheiro.

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Wall Street recua após feriado. EUA e China voltam a negociar

As bolsas norte-americanas abriram em baixa num dia em que os EUA e a China voltam a negociar para travar a guerra comercial entre os dois países. Investidores aguardam novidades.

As bolsas norte-americanas retomaram as negociações após o feriado e abriram em baixa, interrompendo os ganhos acima de 1% registados na passada sexta-feira. As atenções dos investidores voltam a estar centradas no retomar das negociações entre EUA e China, em Washington, enquanto esperam novidades que possam apontar para tréguas comerciais entre as duas maiores economias do mundo.

O S&P 500 cai 0,27%, para 2.768,06 pontos, enquanto o tecnológico Nasdaq recuou 0,28%, para 7.451,43 pontos. O industrial Dow Jones desvaloriza 0,17%, para 25.839,05 pontos, numa sessão em que o preço do petróleo cai 0,47%. O barril de WTI para entrega em março negoceia a 55,4 dólares em Nova Iorque.

As perdas em Wall Street estão a ser ditadas por quedas no valor de grandes empresas mais sensíveis às questões comerciais. A fabricante Boeing perde 0,23%, para 417,02 dólares por ação. Já a Caterpillar perde 0,31%, para 135,78 dólares cada título.

Dados pouco animadores do comércio mundial também patrocinam as quedas nas ações das cotadas norte-americanas. Segundo a Reuters, a Organização Mundial do Comércio (OMC) divulgou uma previsão trimestral do comércio mundial de mercadorias, cujo registo caiu para mínimos de nove anos, motivando receios de que a economia global possa abrandar caso as tensões comerciais continuem.

A cadeia retalhista Walmart está a travar as perdas na bolsa de Nova Iorque. A companhia soma 3,21%, para 103,2 dólares, depois de ter apresentado vendas superiores ao antecipado pelos analistas.

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As dez dúvidas que o governador do Banco de Portugal ainda não esclareceu

O governador do Banco de Portugal tem sido um dos principais alvos políticos e mediáticos, pela sua atuação enquanto administrador da CGD. Esta terça-feira, terá oportunidade de se explicar.

Passado pouco mais de duas semanas desde que o relatório final da auditoria feita pela EY à gestão da Caixa Geral de Depósitos (CGD) entre os anos de 2000 e 2015 foi divulgado pelo próprio banco público, Carlos Costa volta a aparecer no espaço público. O governador do Banco de Portugal tem sido um dos principais alvos políticos e mediáticos das últimas semanas, pela sua atuação enquanto administrador não executivo da Caixa, altura em que terá participado em reuniões onde foi dado aval a várias das operações de crédito ruinosas visadas na auditoria da EY. A sua exoneração volta a estar em cima da mesa e o seu nome está na linha da frente para ser ouvido na terceira comissão parlamentar de inquérito desta legislatura que tem a Caixa como objeto.

Até agora, Carlos Costa pouco tem dito sobre as várias incógnitas que se levantam, esclarecendo apenas que pediu escusa das decisões do Banco de Portugal relativas à CGD, que decorram da auditoria feita pela EY, e que, enquanto foi administrador do banco público, não teve responsabilidades nas áreas de crédito, risco, acompanhamento de clientes ou de controlo e auditoria interna.

Esta terça-feira, o governador terá oportunidade de esclarecer várias questões, quando participar no Via Bolsa, evento promovido pela Euronext que contará com a presença da comunicação social, e quando for entrevistado pela SIC, esta noite. Estas são dez das principais questões a esclarecer.

  • Quem são os gestores da CGD que estarão sujeitos ao exame de idoneidade aplicado pelo Banco de Portugal?

O Banco de Portugal está a avaliar a idoneidade de antigos e atuais gestores da Caixa que tenham feito parte dos conselhos de administração durante o período analisado pelo EY e que, ainda hoje, mantenham funções de gestão em instituições bancárias. Mas o regulador não esclareceu, para já, quem são os responsáveis que estão a ser examinados. O Jornal Económico começou por avançar, no início deste mês, que o Banco de Portugal estaria a avaliar a idoneidade de nove dos 44 gestores que passaram pelo banco público entre 2000 e 2015. Já este sábado, o Expresso deu conta de que seriam, afinal, sete os antigos administradores que estão a ser analisados pelo Banco de Portugal, que irá depois decidir se abre um processo de reavaliação da sua idoneidade. Entre eles, está António de Sousa, antigo governador do Banco de Portugal e presidente da Caixa entre 2000 e 2004. Os restantes, ainda segundo o semanário, encontram-se atualmente no Novo Banco, BCP, Finantia, CGD, EuroBic e ECS.

  • Porque é que o governador não será sujeito a este exame?

O Banco de Portugal está a analisar a atuação de antigos gestores da Caixa que se mantenham em funções da banca, mas o próprio governador escapa a este exame. Isto porque a legislação não permite que o Banco de Portugal se supervisione a si a próprio, no que toca a questões de avaliação de idoneidade. Isto apesar de, durante o período em que Carlos Costa foi administrador não executivo da Caixa, entre abril de 2004 e setembro de 2006, o banco público ter aprovado vários dos créditos visados na auditoria da EY que vieram a revelar-se ruinosos.

  • Em que reuniões do Conselho Alargado de Crédito esteve presente enquanto administrador da CGD?

Carlos Costa participou, enquanto administrador da Caixa, entre abril de 2004 e setembro de 2006, em reuniões do Conselho Alargado de Crédito que trataram algumas das operações de financiamento que vieram a gerar perdas de milhões para o banco público. As atas a que a revista Sábado teve acesso dão conta disso mesmo e o governador do Banco de Portugal não o nega. Mas Carlos Costa ainda não esclareceu quais as reuniões exatas em que esteve presente. Segundo a revista, o então administrador do banco público esteve presente em, pelo menos, quatro reuniões do Conselho Alargado de Crédito nas quais foram aprovados empréstimos a grande devedores, incluindo aquelas onde se aprovaram os créditos à Metalgest, Investifino e Vale do Lobo. No primeiro esclarecimento que prestou a este respeito, o agora governador do Banco de Portugal disse apenas estar disponível para prestar todos os esclarecimentos sobre “os termos da sua participação nos órgãos colegiais que aprovaram as operações que são objeto da auditoria da EY à CGD”. No mais recente esclarecimento, já disse que “o financiamento da CGD a Vale do Lobo teve a aprovação final numa reunião do Conselho Alargado de Crédito que não contou com a presença do governador”. Não fez ainda qualquer referência às outras operações em que poderá ter estado envolvido.

  • Qual foi a sua intervenção nessas reuniões?

Carlos Costa não nega ter participado em reuniões do Conselho Alargado de Crédito da CGD, mas não esclarece qual foi a sua participação nas mesmas. O mais próximo que esteve de explicar a sua intervenção nestas reuniões foi quando negou responsabilidades na área do crédito: “Entre abril de 2004 e setembro de 2006, o governador exerceu funções de administrador da CGD, tendo sido responsável pelas áreas de marketing e internacional da instituição. Durante todo o período em que exerceu funções de administrador na CGD, o governador não teve responsabilidades nas áreas de crédito, risco, acompanhamento de clientes ou de controlo e auditoria interna”.

  • Em que operações visadas na auditoria da EY teve intervenção, enquanto administrador da CGD?

Fica por saber, então, quais as operações, de crédito ou de investimento, que são analisadas na auditoria da EY e em que Carlos Costa teve intervenção enquanto foi administrador da CGD, no Conselho Alargado de Crédito ou noutro âmbito.

  • O que vai expor ao Conselho de Ética do Banco de Portugal e ao BCE?

Neste cenário em que se colocam em causa as condições que Carlos Costa ainda terá, ou não, para manter o cargo no regulador da banca, o governador pediu para ser ouvido pelo Conselho de Ética do Banco de Portugal e pelo Comité de Ética do Banco Central Europeu (BCE), segundo avançou o Expresso este sábado. Carlos Costa já terá preparado a defesa sobre o seu alegado envolvimento, enquanto administrador da CGD, em algumas das operações que resultaram em perdas de milhões para o público, incluindo a Metalgest, Vale do Lobo e Investifino. Resta tornar estas explicações públicas. E, sobre este ponto, importa também notar que a Comissão de Ética a quem o governador vai prestar esclarecimentos foi escolhida por ele próprio, como determina o Regulamento da Comissão de Ética e dos Deveres Gerais de Conduta dos Trabalhadores do Banco de Portugal. Nesta comissão estão Vítor Pessoa, que foi administrador do Banco de Portugal no início do mandato de Carlos Costa, Vasco Pereira, que já foi diretor do departamento de supervisão ainda durante o mandato do atual governador, e José Pereira, que já esteve à frente do mesmo departamento, também durante o mandato de Carlos Costa.

  • Porque é que só pediu escusa de decisões relativas à CGD mais de quatro meses depois de o relatório da auditoria da EY ter sido concluído?

Primeiro, Carlos Costa anunciou que pediu para não participar nas decisões do Banco de Portugal decorrentes das conclusões da auditoria feita pela EY, um pedido que foi aceite pelo Conselho de Administração do regulador. Mais tarde, esclareceu que este pedido de escusa foi feito no dia 6 de novembro de 2018, tendo sido aceite nesse mesmo dia. Significa isto que o pedido de escusa só foi feito cerca de quatro meses e meio depois de o relatório final da auditoria da EY ter sido concluído, a 26 de junho de 2018.

  • Considera que continua a cumprir os requisitos necessários ao exercício das suas funções, ou que cometeu alguma falta grave que justifique a sua exoneração?

O governador do Banco de Portugal é inamovível e só há duas situações em que pode ser exonerado: se deixar de preencher os requisitos necessários ao exercício das mesmas ou se tiver cometido falta grave. Os requisitos que têm de preencher antes de poderem ser nomeados são: comprovada idoneidade, capacidade e experiência de gestão, bem como domínio de conhecimento nas áreas bancária e monetária. Já o conceito de “falta grave” não está definido com clareza nos estatutos do BCE. Em várias opiniões emitidas relativas ao quadro legal de países da Zona Euro, o regulador europeu classifica de “falta grave” as decisões ou omissões que violem a lei, um conceito relativamente aberto. Noutros casos, é mais específico. No que toca aos requisitos de reporte relativos às estatísticas de balanço, por exemplo, o BCE define como “falta grave” as situações de incumprimento sistemático dos padrões mínimos para as revisões; reporte incorreto com intenção fraudulenta; reporte sistemático de dados incorretos; flagrante falta de cooperação com o banco central competente e/ou com o BCE.

No ano passado, pouco depois de ter recebido a auditoria da EY, o Banco de Portugal acabou por não dar parecer de idoneidade a Norberto Rosa, antigo administrador da Caixa que era candidato a administrador não executivo do BCP, e a Pedro Cardoso, outro antigo administrador do banco público que era candidato a administrador do Bison Bank, em ambos os casos devido às participações destes antigos gestores nos conselhos de crédito da Caixa. É neste contexto, e considerando as situações em que o governador pode ser exonerado, que se levantam várias questões. Se Carlos Costa também participou em conselhos de crédito da Caixa no período analisado pela EY, por que razão não estão o seu nome e a sua idoneidade a serem avaliados? Do mesmo modo, o governador pode garantir que continua a cumprir os requisitos que lhe são exigidos ou que não cometeu qualquer falta grave?

  • Houve falhas por parte do Banco de Portugal, durante o seu mandato, na supervisão à CGD?

Não está apenas em causa a atuação de Carlos Costa como administrador da Caixa, mas, também, como governador do Banco de Portugal. Carlos Costa é governador desde 2010, período que já é abrangido análise feita pela EY (2000 a 2015). Ao longo desses anos, o supervisor não quis envolver-se no processo de realização de uma auditoria à Caixa, que acabou por ser pedida pelo Estado, ao contrário do que fez com o Banco Espírito Santo (BES), caso em que pediu uma auditoria à consultora Deloitte. Isto apesar de, neste período o banco público ter tido de ser recapitalizado por duas vezes: uma em 2012, com uma injeção de 1.650 milhões de euros, e outra em 2016, de cerca de cinco mil milhões de euros. Em qualquer um dos casos, não se conhecem análises de supervisão do Banco de Portugal que tenham determinado as razões que levaram a essas necessidades de capital.

  • Admite sair do Banco de Portugal pelo próprio pé?

Pela segunda vez no seu mandato, vai ser votado um projeto que pede a exoneração do governador do Banco de Portugal. O projeto volta a ser apresentado pelo Bloco de Esquerda, que argumenta que “sem a possibilidade de aferir a sua idoneidade face ao comprovado envolvimento na Caixa Geral de Depósitos, Carlos Costa não cumpre as condições de escrutínio e isenção para o desempenho das funções de governador do Banco de Portugal”.

Mais: não é a primeira vez que a possibilidade de Carlos Costa ter cometido alguma falta grave enquanto governador é levantada, ainda que esta nunca lhe tenha sido apontada oficialmente. “É uma falha grave que nós reputamos de falha grave de transmissão de informação”, disse, em abril de 2017, o ministro das Finanças, Mário Centeno, em entrevista à RTP, referindo-se ao facto de o Banco de Portugal ter omitido que tinha pedido ao BCE para limitar o financiamento ao Banif. O Governo nunca retirou, contudo, consequências destas falhas graves. “Esperarei que a comissão de inquérito identifique todas as situações envolvidas nesta matéria”, ressalvou o ministro das Finanças, afastando, então, a exoneração do governador.

A hipotética exoneração do governador poderia, por outro lado, não ter qualquer efeito prático, já que o processo de exoneração é demorado e o mandato do governador termina em julho de 2020.

Resta saber, então, se Carlos Costa admite, perante as falhas de supervisão que lhe são apontadas já desde o colapso do BES, em 2014, renunciar ao mandato.

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Cuidados médicos são um fardo pesado para 15% das famílias portuguesas

Portugal encontra-se entre os dez Estados-membros onde mais famílias classificaram os gastos com cuidados médicos, dentários e com medicamentos como um fardo pesado.

As famílias portuguesas estão entre as que mais sentem o peso dos cuidados médicos nas despesas, na União Europeia (UE). Também os gastos com os cuidados dentários e com medicamentos são um fardo nas carteiras nacionais. Mesmo assim, existem bastantes portugueses que consideram que as despesas médicas não sobrecarregam o orçamento.

Quase 15% dos portugueses indicaram que os cuidados médicos eram um fardo pesado, de acordo com os dados do Eurostat relativos a 2017, uma fatia que fica acima da média europeia e posiciona-se entre as dez mais altas. Em Portugal, cerca de 34% disseram que tinham algum peso, e metade apontaram que não tinha influência nos gastos.

Na UE, foram 11% aqueles que classificaram os cuidados médicos como um grande peso, e 55% os que disseram que não pesava nada nos gastos. Foi no Chipre que mais pessoas consideraram o fardo pesado, seguido pela Bulgária e Itália. Também no Luxemburgo e na Bélgica os cuidados são pesados para mais de 15% da população.

Peso financeiro dos cuidados médicos nas famílias dos países da UEEurostat

Também no que toca aos cuidados dentários Portugal situa-se entre os países que mais sentem o peso dos gastos na carteira, aproximadamente um quinto das pessoas. Nesta área já não chegam a metade aqueles que classificam como não sendo um fardo, fixando-se nos 43,9%.

Novamente, a média da UE fica abaixo de Portugal nos que consideram um peso alto, e acima nos que não sentem a influência destas despesas. Desta feita, Espanha inclui-se também no top 10 dos países que sentem mais o efeito dos custos no dentista, com um terço a classificar o fardo como pesado. Em Itália, quase 40% das famílias dizem que os cuidados dentários pesam muito.

O cenário repete-se ainda quando se olha para as despesas com medicamentos. 17,9% das famílias portuguesas sentem a pressão elevada dos gastos, 36,5% consideram que tem algum peso, enquanto 45,6% dizem que a despesa com os medicamentos não é um fardo. A média da UE aponta para que 12,6% das famílias vejam nos medicamentos um fardo pesado.

O gabinete de estatísticas da UE realça que aqueles que vivem em agregados familiares de duas pessoas que incluem pelo menos uma pessoa com 65 anos ou mais são os que sentem mais o peso dos cuidados. Também as famílias sem filhos dependentes e os agregados de dois adultos relataram que os cuidados de saúde representam uma pressão para o orçamento.

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