André Silva acusa PSD, CDS e PCP de “conservadorismo” que trava a mudança

  • Lusa
  • 4 Outubro 2019

As críticas também não pouparam o BE que acusa de fazer "ginástica suficiente para correr na pista da direita" e o PS, vicando que "nunca aceitará viabilizar" um Governo que queira explorar o petróleo

O porta-voz do PAN, André Silva, afirmou esta quinta-feira que Portugal poderia estar “mais à frente, não fosse a força do travão do conservadorismo ideológico” de PCP, PSD e CDS-PP.

O país “poderia estar mais à frente, não fosse a força do travão do conservadorismo ideológico” do PCP, PSD e CDS-PP, disse André Silva, que discursava no único comício do PAN nesta campanha, em Palmela, acusando o partido de Assunção Cristas de ser “dos partidos mais perigosos e extremistas“.

As críticas de André Silva também não pouparam o Bloco de Esquerda – que acusou de fazer “ginástica suficiente para correr na pista da direita” – e o Partido Socialista, vincando que o PAN “nunca aceitará viabilizar” um Governo que queira explorar petróleo, que decida construir aeroportos antes de fazer avaliação de impacto ambiental, que não apresente medidas sérias de combate à corrupção, ou que continue a ter “vergonha da agricultura biológica”.

Referindo que o PAN foi o partido que “mais sofreu campanhas de ‘bullying’ e desinformação mediática”, André Silva vincou que todos os partidos com assento parlamentar “não têm sido capazes de ler o momento” que se vive e de oferecer “respostas aos desafios” do tempo.

Para o porta-voz do PAN, o problema não se pode resumir “em ser-se de esquerda ou de direita”, considerando que a ideologia traduz-se “em políticas insuficientes e castra a evolução”.

“A ideologia desilude por não acompanhar uma sociedade em permanente movimento”, acrescentou.

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Centeno compara Rui Rio ao comerciante que aumenta preços antes dos saldos

  • Lusa
  • 4 Outubro 2019

Centeno comparou o cenário macroeconómico do PSD à "aldrabice" de um comerciante que aumenta preços antes dos saldos, advertindo que Rui Rio vende o velho carro com uma pintura "novinha".

O socialista Mário Centeno comparou esta quinta-feira o cenário macroeconómico do PSD à “aldrabice” de um comerciante que aumenta preços antes da época dos saldos, advertindo que Rui Rio vende o velho carro com uma pintura “novinha”.

No comício de Setúbal do PS, o ministro das Finanças, candidato a deputado pelo PS no círculo de Lisboa, fez um ataque cerrado ao programa económico do PSD, colocando a questão das eleições de domingo entre o atual “rumo de segurança” do Governo e as “promessas vãs” dos sociais-democratas”.

Mário Centeno dirigiu-se de forma original ao presidente do PSD, virando-se para as câmaras de televisão dizendo: “Onde é que é a câmara? Alô doutor Rui Rio, boa noite, está a ouvir-me?”

“Sei que está sempre atento ao que digo, estou agora também a falar para si. Doutor Rui Rio, a sua magia não é nada de especial, funciona muito como a daqueles comerciantes, felizmente poucos, com poucos escrúpulos, que aumentam o preço antes da época dos saldos. A isso os portugueses chamam aldrabice“, considerou, recebendo uma salva de palmas da plateia.

De acordo com o titular da pasta das Finanças, no cenário macroeconómico que Rui Rio apresentou, “o PSD deu uma de mão de PIB (Produto Interno Bruto) ao velho modelo do choque fiscal de 2002, insuflou de receita fiscal – totalmente inventada – e depois diz que a vai baixar”.

“Mas vai baixar exatamente o quê doutor Rui Rio? Ou seja, vai inventar a receita de impostos que inventou. Elimina o que não existe (uma pura ilusão). Aumenta-se o preço antes do dia da época de saldos para depois o cortar”, disse.

De acordo com o ministro das Finanças, o presidente do PSD “está a vender aos portugueses o mesmo velho carro sem motor, mas com uma pintura novinha em folha“.

“O doutor Rui Rio tentou um truque baratucho que normalmente acaba em liquidação total, mas não nos enganemos porque o cenário do PSD é mesmo radical e não encontra sustentação no sucesso de hoje da economia portuguesa. O doutor Rui Rio sabe que tem um buraco de 4,75 mil milhões de euros e tem de falar verdade aos portugueses“, criticou Mário Centeno.

Mário Centeno que, face ao cenário de instabilidade internacional, o próximo Governo tem de ser de legislatura e não de conjuntura, “e só o PS pode garantir a estabilidade”.

“Não nos deixemos enganar por promessas vãs”, declarou, em novo ataque aos sociais-democratas.

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Se BE for mais forte na segunda-feira contará para “um novo começo”

  • Lusa
  • 4 Outubro 2019

A líder bloquista garante que se o partido sair mais forte das eleições, "o BE contará para novas soluções que partem precisamente de onde a gerigonça parou", ou seja, "um novo começo".

A coordenadora bloquista, Catarina Martins, garantiu esta quinta-feira que, se sair mais forte das eleições, na segunda-feira, “o BE contará para novas soluções que partem precisamente de onde a gerigonça parou“, ou seja, “um novo começo“.

No penúltimo dia de campanha, num comício que junta cerca de 700 pessoas na Alfândega do Porto, Catarina Martins decidiu responder àquilo que parecia ser um segredo sobre o pós-eleições porque no BE não se guardam “surpresas para segunda-feira”.

“E se formos mais fortes – e eu acho que vamos ser – todo o país sabe na segunda-feira que o Bloco de Esquerda contará para novas soluções que partem precisamente de onde a gerigonça parou. Um novo começo”, comprometeu-se.

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Recuperação de Wall Street contagia a Europa. Energia sustenta bolsa de Lisboa

O BCP continua em foco devido aos créditos em francos suíços da subsidiária polaca Millennium Bank. O banco na Polónia corrige, enquanto o português segue com volatilidade.

As bolsas globais respiram de alívio, após a forte pressão causada pelo agravamento da tensão comercial. Em linha com a recuperação de Wall Street, os índices europeus abriram esta sexta-feira em alta. O português PSI-20 não fugiu à tendência e está a beneficiar em especial dos ganhos das cotadas da energia.

O PSI-20 abriu a ganhar 0,13% para 4.871,94 pontos e foi aumentando a valorização nas primeiras negociações. A Pharol, que dispara 1,70%, é a cotada que mais sobe.

Depois de o Barclays ter subido, na última sessão, o preço-alvo das ações para 18 euros (contra 17,5 euros), a Galp valoriza 1,09% para 13,40 euros. Também a EDP Renováveis avança 0,62% para 9,70 euros, enquanto a EDP — empresa onde a Alliance Bernstein anunciou ter comprado 2,3% do capital — segue na linha de água nos 3,56 euros.

O BCP negocia com volatilidade, entre ganhos e perdas, mas acima dos 0,19 euros, enquanto o Millenium Bank avança 3,4%. A subsidiária polaca do BCP minimizou a apreciação do Tribunal de Justiça da União Europeia sobre créditos à habitação contraídos em francos suíços e Miguel Maya disse acreditar que a justiça polaca vai decidir “de forma equilibrada”.

Ainda não se sabe qual o impacto que poderá ter nas contas e nas ações do banco. “Ontem, o catalisador da valorização do BCP foi o anúncio do Governo Polaco de que iria ajudar os bancos. No entanto, de recordar que no próximo dia 13 irão realizar-se as eleições legislativas no país e a questão da solução para os empréstimos em CHF poderá ser um dos temas da campanha eleitoral. Assim sendo, o BCP continuará a mostrar-se permeável ao fluxo de notícias vindas da Polónia“, lembram os analistas do BPI.

Lisboa acompanha assim os ganhos na Europa, onde o índice pan-europeu Stoxx 600 abriu a subir 0,1%, “fruto da recuperação das bolsas americanas durante a sessão de ontem”, segundo o BPI. O francês CAC 40, o alemão DAX, o britânico FTSE 100 e o espanhol IBEX 30 avançam entre 0,1% e 0,2%.

“A manhã avizinha-se relativamente tranquila em virtude da expectativa suscitada pela divulgação do relatório do emprego nos EUA. O DAX continuará a ser o mais sensível à temática em redor da economia mundial, dada a sua dimensão e a elevada dependência das exportações da maioria dos seus membros”, acrescentam os analistas.

Apesar da subida das ações, as yields das dívidas soberanas da Zona Euro mantêm a tendência de queda da última sessão. No caso de Portugal — cuja dívida vai ser esta noite avaliada pela agência de rating canadiana DBRS –, o juro das obrigações a dez anos recuam para 0,13%, o valor mais baixo em mais de uma semana.

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PS sem maioria absoluta. Livre, Aliança e RIR podem entrar no Parlamento

A dois dias das eleições, sondagens apontam para uma vitória do PS no domingo, mas sem maioria. Pode escolher entre PAN, BE e PCP para formar Governo. Livre, Aliança e RIR podem entrar no Parlamento.

As sondagens são unânimes: o PS não deverá conseguir maioria absoluta nas urnas este domingo António Costa e Rui Rio estão separados por dez pontos. Por outro lado, o Parlamento poderá acolher novos deputados, isto porque Livre, Aliança e RIR poderão conseguir eleger um deputado.

De acordo com a sondagem do ISCTE e ICS para o Expresso e Sic, o PS reúne 38% das intenções de voto, conseguindo eleger entre 104 e 114 deputados, um resultado que representa uma quebra de nove pontos num mês. Já o PSD surge com 28%, o que se poderá traduzir em 73 a 83 mandatos, o que significa que os sociais democratas recuperaram cinco pontos desde o último inquérito, passando de 23% para 28%. A diferença que separa agora os dois maiores partidos é de dez pontos — no início de setembro eram 19 pontos. Com valores diferentes a sondagem da Aximage para o Jornal Económico que coloca António Costa com 36,5% das intenções de voto (101 a 104 deputados) e o PSD com 26,8% (72 deputados), mas também com uma diferença de dez pontos.

Esta melhoria de desempenho do PSD deve-se à “performance de Rui Rio nos debates, à melhoria de desempenho ao longo da campanha e ao facto de haver um efeito de personalização, porque as pessoas quando votam no PS ou no PSD estão implicitamente a escolher o primeiro-ministro”, sublinha o politólogo António Costa Pinto, em declarações à Sic.

O encurtar da margem entre PS e PSD também não é alheio ao caso Tancos e ao facto de o antigo ministro da Defesa, Azeredo Lopes, ter sido constituído arguido e de haver um sms trocado com o deputado socialista, Tiago Barbosa Ribeiro, no qual dizia saber da operação de alegado achamento do material militar roubado dos paióis em Tancos. Aliás, de acordo com a Aximage, 26% dos inquiridos consideram que o caso de Tancos vai ter uma influência “grande” ou “muito grande” nos resultados eleitorais e 23% defendem que a polémica tem uma influência “pequena” ou “muito pequena”.

A confirmarem-se estes resultados António Costa precisará apenas de um partido à esquerda para conseguir formar Governo: Bloco, PCP ou PAN, uma tendência que já se vinha a confirmar desde as últimas sondagens do Correio da Manhã e da TSF.

O Bloco de Esquerda parece cimentar a sua posição enquanto terceira força política conseguindo eleger 25 ou 26 deputados, segundo a Aximage, ou 16 a 24 de acordo com o ISCTE/ICS, que atribui ao Bloco 10% das intenções de voto, mais ou menos o mesmo resultado de 2015, mas que em número de deputados se poderá traduzir por um aumento ou uma diminuição. Na noite de quinta-feira, Catarina Martins sublinhou que se sair mais forte das eleições, na segunda-feira, “o BE contará para novas soluções que partem precisamente de onde a gerigonça parou”, ou seja, “um novo começo”.

Já o PCP reúne 7% das intenções de voto, aproximando-se do 8,3% de há quatro anos, mas poderá acabar por perder lugares na banca, já que poderá eleger 9 a 15 deputados. De acordo com a Aximage os comunistas têm 6,6% das intenções de voto, menos 0,2 pontos do que na semana anterior, mas acima dos 5,4% do início de setembro. Mas António Costa tem ainda a possibilidade de tentar um acordo com o PAN, que segundo o ISCTE/ICS, tem 3% das intenções de voto, o que se poderá traduzir em dois a cinco mandatos, aproximando-se do CDS que também poderá eleger cinco a dez deputados (5%).

De acordo com a Aximage, o PAN subiu de 3,6% para 3,8%, mas fica aquém dos 4,9% que chegou a ter no início do mês passado, passando de um para seis deputados.

Uma das novidades destas sondagens reside no facto de o Parlamento poder vir a ter ainda mais partidos além dos atuais sete (a contar com os Verdes). Apesar de na sondagem Expresso/Sic, nenhum dos pequenos partidos conseguir reunir 1% das intenções de voto, os autores do estudo não descartam a hipótese de algum (ou alguns) deles conseguir esse objetivo. As maiores hipóteses são do Livre, cuja cabeça de lista é Joacine Moreira, seguido do RIR, de Tino de Rans, que nas eleições regionais da Madeira conseguiu ser o pequeno partido com mais votos e que, nas presidenciais, obteve mais de 150 mil votos, a maioria no distrito do Porto (onde é agora candidato). O Aliança, do ex-primeiro-ministro Pedro Santana Lopes (candidato em Lisboa), e o Chega, de André Ventura, também poderão conseguir chegar ao Parlamento.

Tendência semelhante é identificada pela Aximage que assinala uma pequena retração entre os partidos mais pequenos, mas Livre e Chega conseguem 1,3% das intenções de voto, o que poderá bastar para terem representação parlamentar. Já a Iniciativa Liberal vem mais atrás, com 1,1% de intenções de voto.

Veja aqui as fichas técnicas das sondagens do Expresso/Sic e da Aximage.

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Hoje nas notícias: Sondagens, Malo e Crédito Agrícola

  • ECO
  • 4 Outubro 2019

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

A dois dias das eleições legislativas são conhecidas as últimas sondagens, que apontam para uma vitória sem maioria absoluta pelo PS. Após os resultados, Rui Rio vai avaliar se fica ou na liderança do PSD, dependendo da estabilidade da solução governativa encontrada. A banca está também em destaque com as perdas para os portugueses com o perdão da dívida da Maló Clinic, bem como a avaliação do Banco de Portugal ao novo chairman do Crédito Agrícola.

Diferença entre PS e PSD cai para dez pontos

Na última sondagem antes das eleições legislativas do próximo domingo, o PS garante a vitória, mas não chega à maioria absoluta. Os socialistas perderam força e a diferença entre o partido de António Costa (38%) e o PSD de Rui Rio (28%) situa-se em apenas dez pontos, em comparação com os anteriores 19 pontos. O cenário mais favorável a Costa é que tenha de escolher apenas um parceiro para negociar entre três partidos à esquerda — BE, CDU e PAN –, revela a sondagem Expresso/SIC, realizada pelo ISCTE e ICS. Leia a notícia completa no Expresso (acesso pago).

Rio admite continuar à frente do PSD se tiver meia-vitória

Rui Rio não irá abandonar a liderança do PSD, caso o partido não vença as eleições de domingo. Diz que irá avaliar não só o resultado conseguido pelo PSD, mas também o do PS, no rescaldo das legislativas. “Depende dos resultados e das circunstâncias”, afirmou o social-democrata, clarificando que quanto menos estável for a solução de Governo de Costa maior é a probabilidade de ficar. “Vamos olhar para o xadrez que sair dali”, acrescentou. Leia a notícia completa no Observador (acesso pago).

Perdão da dívida da clínica Malo custa 30 milhões aos portugueses

A Malo Clinic, recentemente comprada pelo fundo de capital de risco Atena, conseguiu um perdão de 90% de uma dívida de 67,5 milhões de euros. Sabe-se agora que a reestruturação, ao abrigo do Plano Especial de Revitalização (PER) e que tinha sido anunciada na semana passada, terá custos para os contribuintes em Portugal. Em causa estão perdas significativas para o Novo Banco, para a Caixa Geral de Depósitos e para a Segurança Social. Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (acesso pago).

Novo chairman do Crédito Agrícola arrisca ser chumbado pelo BdP

O novo chairman proposto para o Crédito Agrícola poderá não passar no teste do Banco de Portugal. O supervisor questionou o banco sobre António Varela, por este ser acionista da startup de factoring Netinvoice que tem o concorrente Banco CTT como parceiro. O Banco de Portugal vê obstáculos no registo e pediu esclarecimentos ao Crédito Agrícola sobre as condições de António Varela para presidir ao Conselho Geral e de Supervisão. Leia a notícia completa no Jornal Económico (acesso pago).

Juiz Rui Rangel recusa explica fortuna

O juiz desembargador Rui Rangel recusou explicar o nível o nível de vida acima dos rendimentos recebidos, esta quinta-feira ao Conselho Superior da Magistratura, onde foi questionado no âmbito de um processo disciplinar. O magistrado foi confrontado com emails e escutas telefónicas que indiciam a prática de crimes, mas negou qualquer crime. O projeto de sanção disciplinar será entregue a um relator para que seja depois apresentado a plenário. Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso pago).

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Millennium Bank minimiza decisão do Tribunal de Justiça da UE sobre créditos na Polónia

  • ECO e Lusa
  • 4 Outubro 2019

Em comunicado, o Millenium salientou que a decisão do TJUE é relativa apenas a um caso e, por isso, não deve aplicada automaticamente a todos os casos existentes.

O banco Millenium, que o BCP detém na Polónia, minimizou na quinta-feira a apreciação do Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE) sobre empréstimos imobiliários contraídos em francos suíços, com potencial impacto para as instituições financeiras no país.

Na decisão, conhecida na quinta-feira, o TJUE sustentou que, nos contratos de empréstimos feitos na Polónia e indexados a uma moeda estrangeira, cláusulas abusivas, relacionadas com variações cambiais, podem motivar a anulação dos contratos em causa.

Na sua reação, em comunicado, o Millenium salientou que a decisão do TJUE é relativa apenas a um caso, que vai agora ser considerada pelo Distrito Judicial de Varsóvia, devendo chegar ao Supremo Tribunal, e que não deve aplicada automaticamente a todos os casos existentes.

Em causa está um pedido de nulidade feito por cidadãos polacos aos tribunais na Polónia e que chegou ao TJUE, relativo a um crédito para compra de habitação em francos suíços contraído em 2008. Quando o franco suíço valorizou face à moeda local, o zloty, a dívida aumentou.

A decisão do TJUE permite que os devedores polacos, com créditos em francos suíços, recorram aos tribunais para os mudarem para zlotys, com perdas para os bancos.

O Millenium destacou também que “as especificidades do contrato e do banco em causa neste caso não podem ser transladadas para os casos, as práticas e os contratos do Bank Millenium”. No seu comunicado, a instituição financeira realçou ainda que “cada caso é um caso individual, cada cliente tem uma situação específica que tem de ser apresentada a um tribunal polaco”.

Até agora, o banco diz que só perdeu uma ação judicial. Adiantou, a propósito, que as estatísticas da Associação Polaca de Bancos indicam que até agora houve cerca de mil decisões favoráveis aos bancos e cem aos clientes.

Na segunda-feira, dia 30, o presidente executivo do Bank Millennium afastou a possibilidade de constituir uma provisão extraordinária para fazer face a eventuais perdas com os empréstimos em francos suíços. João Brás Jorge, em entrevista ao jornal polaco Dziennik Gazeta Prawna, citado pela agência de informação financeira Bloomberg, especificou que as potenciais perdas serão registadas ao longo do tempo, consoante as decisões dos tribunais polacos para casos específicos.

Ainda assim, admitiu que a forma de o banco tratar o caso pode mudar se perder vários casos em tribunal, mas disse que demorará dois anos até a situação mudar. O banco polaco detido pelo BCP admite ainda fazer acordos com clientes.

Miguel Maya: Justiça polaca decidirá de “forma equilibrada”

O presidente executivo do BCP, Miguel Maya, considerou na quinta-feira que a justiça polaca vai decidir “de forma equilibrada” os processos relativos a empréstimos à habitação em francos suíços.

Vamos, naturalmente, continuar a acompanhar este tema com especial atenção, na convição de que a justiça, perante cada situação em concreto, decidirá de forma equilibrada”, disse Miguel Maya, em comunicado enviado à agência Lusa.

Segundo Miguel Maya, este é “um tema que, não sendo novo, tem sido amplamente noticiado na imprensa local e internacional e cujas diversas perceções e supostas implicações tiveram ao longo dos últimos meses reflexo nas cotações de diversos bancos cotados na Bolsa de Varsóvia”, caso do Bank Millennium, pelo que o BCP, “detendo uma participação de 50,1%, está a acompanhar todos os desenvolvimentos”.

Segundo o presidente executivo do BCP, o banco detido na Polónia já não concede créditos habitação em francos suíços desde 2008, e os contratos de crédito do Bank Millennium “são específicos e, em vários aspetos relevantes, distintos do que foi apreciado no caso referido no acórdão relativo ao Raiffeisen”.

Além disso, afirmou, “as decisões relativas a cada situação em concreto serão, melhor, continuarão a ser, apreciadas e decididas pelos tribunais polacos” e até ao momento “em decisões de recurso apenas uma não foi favorável ao banco”.

A decisão do Tribunal de Justiça da União Europeia acontece depois do recurso interposto pelo banco polaco Raffeisen, que questiona as recomendações do Supremo Tribunal da Polónia aos tribunais locais que avaliam ações movidas por cidadãos.

As ações do BCP têm apresentado elevada volatilidade ultimamente. Na quinta-feira, as ações do banco fecharam nos 0,1907, valorizando 3,87% sobre a sessão anterior, de acordo com os números finais, publicados pela bolsa de Lisboa. Segundo analistas do BPI Online, as ações do BCP “foram favorecidas pelo anúncio do Governo polaco de que iria ajudar os bancos”.

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Não há Haitong, mas há research “suficiente” em Lisboa, diz Isabel Ucha

A presidente da bolsa de Lisboa vê a decisão do Haitong de deixar de acompanhar cotadas portuguesas como uma má notícia, mas considera que os 44 bancos de investimento que o fazem são suficientes.

O fim da análise de research do Haitong sobre as empresas portuguesas não é positivo, mas também não é dramático para a presidente da bolsa de Lisboa. Isabel Ucha considera que o número de analistas a cobrirem as cotadas nacionais e a dimensão dos bancos de investimento que o fazem é “suficiente”.

O nível de cobertura que a maior parte das empresas cotadas tem é suficiente, adequado e até, comparativamente, bastante interessante quer em número de casas que fazem research quer em termos de dimensão global dessas casas. Há muitos bancos de investimento de natureza global que cobrem as empresas portuguesas”, disse Ucha, ao ECO.

O Haitong — antigo Banco Espírito Santo Investimento (BESI) — anunciou esta segunda-feira aos clientes que deixou de fazer análise financeira de ações portuguesas e espanholas. A decisão, motivada principalmente por um realinhamento do modelo de negócio, limitou ainda mais o número de analistas financeiros que cobrem títulos da bolsa de Lisboa.

“Haver menos intermediários financeiros a fazer cobertura de research de empresas portuguesas é sempre algo que não podemos ver como positivo, mas as empresas cotadas portuguesas continuam a ter um nível de cobertura de research muito interessante”, acredita a presidente da Euronext Lisbon sobre o caso do Haitong.

Todas as empresas do PSI-20 têm cobertura de análise e cinco cotadas do PSI Geral também. Ainda assim, apenas sete cotadas do índice de referência têm mais de dez analistas. “Comparativamente com outros mercados e para empresas de dimensão semelhante não podemos dizer que as nossas empresas não têm uma boa cobertura de research“, remata Isabel Ucha.

Mais de duas dezenas de empresas portuguesas têm research

Fonte: Bloomberg e Euronext Lisbon

DMIF II não ajudou o cenário

Existem atualmente 44 casas de research a cobrir empresas portuguesas, com o BPI e a Caixa Banco de Investimento (BI) a destacarem-se: fazem análise sobre 20 e 19 cotadas respetivamente. A partir de Portugal, além destes dois só mesmo o BiG – Banco de Investimento Global o faz, que cobre apenas quatro empresas.

Além destes, é de Espanha que vem o maior número de notas de análise, incluindo do Santander, JB Capital Markets ou BBVA. Grandes players como o Goldman Sachs, o JP Morgan ou o Morgan Stanley focam-se nas empresas maiores e acompanham menos de 10 empresas cada. Até ao mês passado, o Haitong acompanhava nove cotadas portuguesas.

Além da reestrutura pela qual o banco está a passar, o Haitong apontou para outras razões para ter decidido acabar com o research, incluindo “mudanças estruturais” no setor na Europa. A presidente da bolsa de Lisboa concorda que a regulação mais apertada — com a entrada em vigor da revisão da diretiva dos mercados de instrumentos financeiros (DMIF II) — aumentou os custos para os bancos e está a causar concentração no setor.

“Com entrada desta legislação, todo o research que é produzido tem de ser vendido e tem de haver uma justificação. Isto tem a ver naturalmente com temas de conflitos de interesses que resultaram da crise financeira. Não obstante, introduziu não só em Portugal, mas em toda a Europa, um novo quadro regulatório que torna difícil — para não dizer impossível — a algumas casas de research, especialmente a que cobrem poucas empresas e que não têm atividade muito alargada, justificar custos“, apontou Isabel Ucha.

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Campanha de calçado português censurada no Instagram

O diretor de comunicação da associação portuguesa de calçado postou quatro fotografias da campanha "A indústria mais sexy da Europa", passados cinco minutos foi bloqueado pelo Instagram.

A indústria mais sexy da Europa foi o motor da campanha promocional do calçado português em 2011. Esta campanha já fez correr muita tinta pelos melhores motivos e volta a estar em destaque passados nove anos.

Paulo Gonçalves, diretor de comunicação da Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos (APICCAPS) publicou na sua conta pessoal do Instagram, dia 29 de setembro, quatro fotografias referentes à Indústria mais sexy da Europa, com o intuito de perceber como reagiriam as redes sociais a uma campanha arrojada como esta. A resposta não tardou muito e passados cinco minutos viu a sua conta do Instagram bloqueada.

“Postei as fotografias referentes à campanha de 2011 “The Sexiest Industry in Europe” e fiz a seguinte pergunta: Há nove anos criamos muito ruído e acabámos por surpreender internacionalmente ao desenvolvermos uma campanha arrojada como esta. Como seria hoje?”, conta ao ECO.

“A sociedade reagiu cinco minutos depois. Vi a minha conta bloqueada pelo Instagram”.

“Em 2011 as mesmas fotos foram publicadas nas redes sociais e não foram banidas”, destaca Paulo Gonçalves. O responsável alerta que “hoje a sociedade é muito mais conservadora do que há dez ou 15 anos”. “Quando lançámos esta campanha, há nove anos, tínhamos uma liberdade de expressão e de pensamento criativo que hoje não temos. Não sei se a nossa sociedade hoje reagiria da mesma forma”, explica.

Paulo Gonçalves explica que “moda é sinónimo de ousadia, criatividade e, muitas vezes, nudez que é algo que deve ser encarado como arte”. Destaca que a campanha em particular foi “altamente elogiada internacionalmente, exatamente, porque era fora da caixa e surpreendente”. O responsável considera que o que aconteceu é “assustador”. “Estão a amputar aquilo que é o nosso talento, a nossa criatividade, a nossa capacidade de surpreender”, frisa.

Não quero que o calçado português seja censurado nas redes sociais.

Paulo Gonçalves

Diretor de comunicação da APPICAPS

“Temos uma grande responsabilidade, porque promovemos campanhas que pertencem a uma indústria que representa dois mil milhões de euros de exportação e, por isso mesmo, temos de ser muito prudentes naquilo que fazemos. Na imagem, linguagem, styling, no conceito da campanha propriamente dito”.

Questionado se voltaria a apostar numa campanha arrojada como esta, não hesita em dizer: “Hoje muito dificilmente faria uma campanha desta natureza”. “Se à partida as nossas campanhas com este perfil nas redes sociais são censuradas, como foi o caso, não vale a pena”. “Discutimos internamente, pensamos, medimos os prós e os contras e não arriscamos fazer uma coisa desta natureza, porque seguramente vamos ser censurados”, lamenta.

Anualmente, a associação portuguesa do calçado gasta cerca de 200 mil euros em marketing digital, nomeadamente na promoção do calçado português através das redes sociais. Destaca que “a aposta é indispensável” e que “não consegue idealizar uma campanha de promoção do calçado português sem que passe pelas redes sociais”.

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Quer concorrer ao Porta 65 Jovem? Prazo termina hoje

As candidaturas ao terceiro Porta 65 deste ano terminam hoje às 17h. Se ainda não concorreu, saiba quais os requisitos que tem de cumprir.

Encerra esta sexta-feira o período de candidaturas ao programa de arrendamento Porta 65 Jovem, de acordo com o Portal da Habitação. Os interessados começaram a candidatar-se a 16 de setembro e têm até até às 17h00 desta sexta-feira para finalizarem os processos.

“O Porta 65 Jovem tem como objetivo regular os incentivos aos jovens arrendatários”, refere o Portal da Habitação. É uma iniciativa do Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU) e pretende ajudar os jovens a começarem uma vida mais autónoma, seja sozinhos, em família ou em coabitação jovem. Além disso, este programa de apoio financeiro pretende ainda dinamizar o mercado do arrendamento.

Para se candidatar é preciso preencher alguns requisitos: idade igual ou superior a 18 anos e inferior a 35 anos. No caso de um jovem casal, um dos elementos pode ter até 37 anos e o outro elemento até 35 anos (no limite, um dos elementos pode ter 36 anos e o outro 34 anos).

Mas os rendimentos também contam: o rendimento mensal corrigido do agregado não pode ser superior a quatro vezes o valor da renda máxima admitida para cada zona e não pode exceder quatro vezes o salário mínimo nacional.

Além disso, há ainda outros quatro requisitos importantes para os candidatos:

  • Têm de ser titulares de um contrato de arrendamento para habitação permanente;
  • Não podem usufruir, ao mesmo tempo, de quaisquer subsídios ou de outra forma de apoio público à habitação;
  • Não podem ser proprietários ou arrendatários para fins habitacionais de outro imóvel;
  • Não podem ser parentes ou afins do senhorio.

Um jovem pode candidatar-se, no máximo, a uma habitação T2, enquanto dois candidatos sem dependentes podem candidatar-se, no máximo, a um T2. Contudo, a tipologia admitida poderá ser superior caso algum dos jovens ou dos membros do agregado seja portador de um grau de incapacidade igual ou superior a 60% ou a habitação tenha uma ou mais assoalhadas sem janelas para o exterior.

Em termos de renda, esta não não pode ultrapassar a renda máxima admitida na zona onde se localiza a habitação e para a tipologia da casa (ver tabela) e não pode ter um valor superior a 60% do rendimento médio mensal bruto do agregado (taxa de esforço).

Na hora de submeter a candidatura, os interessados devem preencher o formulário eletrónico disponível no Portal da Habitação. O período de análise das candidaturas é de 45 dias após o fecho e as listas de resultados são publicadas aqui, neste caso em dezembro.

Cada candidatura aprovada com subvenção tem a duração de 12 meses e o apoio pode durar no máximo cinco anos. Findo o primeiro ano, pode ser apresentada uma nova candidatura, no período correspondente ao da 1ª candidatura, durante os cinco anos, para que o apoio não se interrompa.

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Legislativas podem deixar rating da DBRS em modo de espera

A agência canadiana DBRS pronuncia-se esta sexta-feira sobre Portugal. Apesar de ter o outlook positivo, o que perspetiva uma subida, a proximidade das eleições poderá ser um travão à mudança.

A dois dias das eleições legislativas, a agência de notação financeira DBRS tem uma avaliação marcada a Portugal. A perspetiva do rating está positiva, o que deixa a porta aberta a subidas. No entanto, a proximidade das eleições poderá ser um entrave a mudanças na nota para o país.

“Não faz sentido que a DBRS se pronuncie porque, se esperarem até segunda-feira, terão uma perspetiva completamente diferente. Subir o rating pode ser usado como arma de arremesso político. Ao anunciar alguma mudança está a envolver-se na campanha eleitoral“, acredita Filipe Garcia, economista e presidente da IMF – Informação de Mercados Financeiros.

O PS leva dos últimos quatro anos o reequilíbrio das contas públicas que permitiu a Portugal sair do nível de rating especulativo pelas principais agências. Com a notação de investimento (e o apoio da política monetária do Banco Central Europeu) veio uma queda livre nos juros da dívida para mínimos históricos e a consequente poupança com gestão da dívida para as contas públicas.

António Costa quer manter-se à frente do Governo e Mário Centeno das finanças portuguesas, sendo que este aponta já para o défice perto de 0% e uma dívida abaixo de 100%, o que deverá agradar a agências de rating. Apesar de as sondagens apontarem para uma vitória do PS, no próximo domingo, a maioria absoluta não é certa e a DBRS poderá optar por esperar para fazer alterações. “A política é extremamente importante para o rating soberano“, lembra Garcia.

País ingovernável ou PS mais forte?

Vários cenários são possíveis: o PS afinal conseguir a maioria absoluta, o PS conseguir formar Governo apenas com um dos três partidos à esquerda (BE, CDU ou PAN), o PS ter de manter um acordo governativo ao género da atual geringonça ou até mesmo o PSD tentar formar governo coligado com o CDS ou outros partidos à direita.

O cenário base do banco holandês ING é que a geringonça se mantenha, mas o economista Steven Trypsteen alertava, numa nota publicada esta quinta-feira, que há um importante risco. “O foco do PS na prudência orçamental poderá tornar mais difícil conseguir apoio. Se não o conseguir, então o país poderá ficar ingovernável. Um cenário como o que se vê em Espanha, em que o PSOE precisou, e em última análise não conseguiu, de apoio do partido mais pequeno de esquerda Podemos, poderá tornar-se uma realidade”, apontou Trypsteen.

O Citigroup está mais otimista e considera que a geringonça irá manter-se, mas que a probabilidade de aumentar o número de deputados no Parlamento “deverá trazer um maior poder ao centro e para a agenda de consolidação orçamental do PS”, referiu, numa nota citada pelo Jornal de Negócios (acesso livre). “Em troca, deverão abrir-se portas a mais revisões em alta do rating.

E há razões para subidas. Tal como Filipe Garcia, o diretor da gestão de ativos do Banco Carregosa Filipe Silva aponta para o crescimento económico de Portugal (recentemente revisto em alta), para a gestão da dívida pública aproveitando os baixos juros para adiar reembolsos e a política monetária expansionista do BCE como razões para o otimismo da DBRS face a Portugal.

Mas pode não ser suficiente. “Penso que não vão fazer alterações porque já têm o outlook positivo”, diz Silva, que considera, contudo, que as eleições “não são um evento significativo” porque não vão aumentar nem diminuir o risco de Portugal. Só aconteceria se houvesse um candidato extremista.

Economia internacional é o principal risco

Na última revisão, em abril, a DBRS subiu a perspetiva do rating de Portugal para “positiva”, do anterior nível “estável”. Apesar de a notação financeira se ter mantido inalterada em “BBB” (no segundo degrau do nível de investimento de qualidade), a agência elogiou a quebra no défice e na dívida. Mas também alertou para a conjuntura externa.

Desta vez, os analistas esperam que a DBRS volte a chamar a atenção para o abrandamento da economia global, perspetiva de recessão nalgumas geografias que têm impacto em Portugal como a Alemanha e para o impacto da guerra comercial.

A nível interno é o sistema financeiro que continua a lançar dúvidas. Aos alertas sobre o crédito malparado — que tem vindo a cair — poderão poderão juntar-se as margens financeiras dos bancos. “A verdade é que todos os bancos têm buffers muito maiores do que no passado e estão muito mais capitalizados. Ainda existe malparado nos balanços, mas esse não se resolve de um dia para o outro”, diz o diretor da gestão de ativos do Carregosa.

“A margem financeira é que está muito esmagada. O endividamento das famílias e empresas pode ser um problema muito grave se houver uma forte subida dos juros. As margens financeiras estarem tão apertadas obriga a que os bancos tenham de emprestar a outras empresas. Por um lado, é positivo porque apostam em novos negócios. Por outro, há empresas que deviam ir à falência e não vão, levando a que haja empresas zombie. Pode ser um problema, mas penso não será já”, acrescentou.

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Cada eleitor faz uma cruz mas os votos não valem todos o mesmo

Com certeza já ouviu dizer que os votos nas eleições não têm todos o mesmo valor. A explicação está no método usado para apurar resultados e no facto de o país estar dividido em círculos eleitorais.

No dia 6 de outubro quando for votar está a ajudar a escolher os 230 deputados do Parlamento para os próximos quatro anos. Quem conseguir reunir mais deputados, forma Governo.

Para isso, no dia das eleições basta ir até à sua mesa de voto, receber o boletim e pôr a cruz no quadrado do partido que considera merecedor do seu voto.

Será assim para um eleitor em Portalegre e será também assim para um eleitor em Lisboa. Ou seja, cada eleitor tem direito a um voto. Mas na hora de os contar e de os transformar em mandatos de deputados a história é outra. E por dois motivos: o método utilizado para apurar mandatos favorece os maiores partidos e o território nacional está dividido em círculos eleitorais, muitos de pequena dimensão.

https://videos.sapo.pt/yAwuZtjNBmtFJnOSKvrZ

Vamos por partes. Os círculos eleitorais, que funcionam como uma espécie de distritos para as eleições, refletem a população recenseada em cada um deles. E para cada ato eleitoral é criado um mapa que revela quantos eleitores estão registados em cada um desses círculos e quantos deputados vão ser eleitos por cada círculo. Este é o mapa publicado a 12 de agosto pela Comissão Nacional de Eleições para as legislativas que acontecem nas próximas semanas.

Voltando ao exemplo de Portalegre e Lisboa. Enquanto o círculo eleitoral de Portalegre tem 96.425 eleitores com capacidade de voto a 6 de outubro, o círculo eleitoral da capital tem 1.921.189 eleitores. O primeiro elege dois deputados e o segundo escolhe 48.

Isto significa que existe uma relação entre o número de eleitores de uma região, leia-se círculo eleitoral, que está ligado ao número de habitantes, e que se reflete depois no número de assentos a que tem direito no Parlamento.

Quanto menos deputados um círculo elege, mais desproporcional é a conversão de votos em mandatos, explica ao ECO, Pedro Magalhães, investigador do Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade de Lisboa. O investigador regressa às legislativas de 2015 para ilustrar melhor por que motivo os votos têm um valor diferente na hora de os contar. “Em Portalegre, em 2015, mais de 20% dos votos em vários partidos não elegeram qualquer deputado (apenas o PS e o PSD elegeram). Já em Lisboa, só cerca de 7% dos votos é que não resultaram na eleição de um deputado para um partido.”

Comparação entre as votações em Portalegre e Lisboa nas legislativas de 2015

O investigador acrescenta outro exemplo para explicar o mesmo: “em 2015, o PS teve um deputado por cada cerca de 20 mil votos no país. Mas o PAN precisou de 70 mil para eleger um único deputado”.

Um método para contar mandatos que ajuda os partidos maiores

O método utilizado para apurar o número de mandatos que cada partido elege em cada círculo é conhecido como método de Hondt, um matemático belga que ficou famoso em 1878 com a publicação de uma forma de distribuir mandatos de maneira proporcional. Este mecanismo é usado em vários países.

E como funciona? “Vamos imaginar que num círculo eleitoral se elegem 5 deputados e concorrem 3 partidos. O partido A tem 110 votos, o partido B 50 e o partido C tem 20″, explica Pedro Magalhães. Depois constrói-se uma uma “tabela em que se dividem os votos por partido sucessivamente por 1, 2, 3, 4 etc.”

O investigador do ICS e especialista em sistemas eleitorais adianta que os “deputados são atribuídos, por ordem, aos cinco valores mais altos dessa tabela. O partido A elege 4, o B 1 e o C nenhum”. A ordem é a seguinte: o primeiro e segundo deputados são do partido A, o terceiro é do B, e os quarto e quinto são outra vez do A. “O C não elege porque 20 é menor que 27,5, que foi o valor para o último deputado a entrar, para o partido A”, detalha Pedro Magalhães. Aliás só elegeria se, tendo em conta os mesmos resultados, este círculo eleitoral elegesse oito deputados — o sexto deputado seria do partido B, o sétimo do partido A e o oitavo seria então do partido C.

Por isso, o sucesso de cada partido na eleição de deputados depende também de quantos mandatos cada círculo eleitoral tem direito a eleger além do número de votos que reúne. Desta forma é possível calcular o valor mínimo da percentagem de votos que cada partido tem de ter para conseguir sentar um deputado na Assembleia da República. Pedro Magalhães estimou aquilo a que se chama “limiares de inclusão”.

Voltando ao exemplo de Portalegre e Lisboa verifica-se que enquanto em Portalegre um partido tem de ter 5,3% dos votos para eleger deputados, em Lisboa basta ter 1,5% dos votos. A observação dos vários “limiares de inclusão” pode ser importante até para decidir o seu voto tendo em conta o círculo eleitoral onde o eleitor vota. Principalmente se a informação for cruzada com as sondagens por círculo eleitoral.

“Se houver um único partido muito destacado e os restantes com menor votação, vai ser mais fácil para o primeiro converter votos em mandatos do que para os restantes” acrescenta o especialista.

As sondagens para as legislativas têm mostrado um distanciamento entre o PS, que lidera as intenções de voto, e o PSD que surge como segundo classificado. Esta diferença bem como o facto de existirem mais partidos pequenos levou recentemente o diretor da Eurosondagem a defender, num artigo de opinião no Público, que poderão bastar 39% dos votos para garantir a maioria absoluta, abaixo dos registos de 1995 (quando teve 43,8% o equivalente a 112 parlamentares) e 1999 (quando obteve 44%, ou seja, 115 deputados).

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