É possível imaginar o mundo sem luxo?

Gilles Lipovetsky dá-nos uma aula de filosofia em forma de entrevista. O filósofo esteve em Lisboa para uma conversa com a artista plástica Joana Vasconcelos sobre Luxo, Moda e Arte.

O reputado filósofo e sociólogo francês Gilles Lipovetsky, membro do Conseil d’Analyse de la Société, órgão consultivo do primeiro-ministro francês, e autor de várias obras sobre a sociedade contemporânea, esteve em Lisboa, desta vez para falar sobre a dimensão estética que une o Luxo, a Moda e a Arte. “Temas considerados por muitos marginais, mas a que Lipovetsky se dedica desde os anos 80, sem julgamentos morais” começou por dizer Mónica Seabra Mendes, diretora do Programa Executivo de Gestão do Luxo da Católica Lisbon, que organizou o encontro.

No Atelier de Joana Vasconcelos, o autor de 15 livros traduzidos em 20 línguas, falou-nos sobre o futuro do luxo e aquilo a que chama de “Capitalismo Artístico”.

http://videos.sapo.pt/mgZmzDvb8LnlCgniOrcp

Para Joana Vasconcelos, “o luxo é uma necessidade do ser humano, que não pode existir sem luxo, sem beleza, sonho ou sedução”, disse a artista plástica que foi ilustrando a conversa com várias imagens das suas obras.

http://videos.sapo.pt/LWzPD8dWdZRMFuM8mfqn

 

 

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Turquia lança resseguradora do Estado

  • ECO Seguros
  • 1 Outubro 2019

Catástrofes, pensões e retenção de fundos no sistema financeiro interno são alguns dos motivos que levam o Estado turco a avançar com a sua própria empresa de resseguro.

Promover um crescimento sustentável do setor segurador e cumprir os requisitos das seguradoras locais são os principais objetivos da Türk Reasürans AŞ (Türk Re) resseguradora criada pelo Estado turco e cujo único acionista é o Ministério do Tesouro e das Finanças.

A resseguradora é criada no âmbito de um programa económico apresentado em setembro e que inclui diversas medidas para os setores dos seguros e do sistema de pensões do setor privado. Em comunicado a Turk Re afirma que também assumirá os riscos dos desastres naturais e gerará vantagens nos custos para o setor.

A resseguradora também procurará garantir que os prémios de resseguro transferidos para o exterior fiquem no país para que sejam executados os requisitos necessários à reestruturação da gestão de riscos dos interesses públicos. O diretor geral da Turk Re será Selva Eren, informa a agência Anadolu.

Entre as medidas para o setor segurador prevista no programa económico revelado pelo governo em setembro incluem-se incentivos para garantir que os colaboradores das seguradoras comprem apólice de grupos para expandir seguros de saúde suplementares e aumentar o apoio às exportações através de programas de seguro e garantias.

No domínio das pensões no setor privado o programa prevê, entre outras medidas, o seu desenvolvimento para aumentar o número de participantes e o total dos fundos do sistema e a diferenciação por idade, tornando atrativos para os jovens as poupanças de longo prazo.

O programa prevê que o PIB do país aumente para 1,2 biliões de dólares em 2023 e que o rendimento per capita atinja os 12,484 dólares. Entre 2019 e 2023 o governo estima um crescimento económico médio anual de 4,3%.

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Óbidos adia cobrança de taxa turística para janeiro de 2020

  • Lusa
  • 1 Outubro 2019

Ia arrancar este ano, mas foi adiada. A cobrança da taxa turística em Óbidos só vai começar a ser feita em janeiro do próximo ano, e custará um euro por hóspede, por noite.

A Câmara de Óbidos adiou para janeiro de 2020 a entrada em vigor da Taxa Turística, prevista para ser aplicada no último trimestre deste ano, mas cujo valor está ainda em consulta pública.

O valor da ‘taxa de dormida’ já está definido em um euro, mas está ainda a decorrer a consulta pública para que possa ser aprovado e iniciada a cobrança”, disse hoje à Lusa o presidente da Câmara de Óbidos, Humberto Marques.

O município tinha previsto que a taxa começasse a ser aplicada no último trimestre deste ano, mas o autarca explicou que “este período entre a aprovação final e a entrada em vigor vai ser aproveitado para explicar o procedimento aos operadores turísticos e operacionalizar todo o processo”.

O regulamento da Taxa Turística foi publicado em novembro de 2018 em Diário da República, para entrar em vigor no primeiro dia de dezembro, estipulando a aplicação de uma “taxa de dormida” a todos os hóspedes com mais de 13 anos que pernoitem no concelho. Contudo, a aplicação foi adiada por, nessa altura, não estar ainda aprovado o Regulamento e Tabela de Taxas e Licenças do Município de Óbidos, que definiria o valor a cobrar.

Aquando da aprovação do Regulamento da Taxa Turística pela Assembleia Municipal de Óbidos, em setembro de 2018, Humberto Marques avançou uma estimativa de que o valor deveria ser fixado em um euro. O valor, disse o autarca, “mantém-se e é o que vai ser cobrado”, mas só depois de terminada a consulta pública, dentro de duas semanas, e de aprovado o regulamento na assembleia municipal, que deverá reunir-se em novembro.

A “taxa de dormida” será aplicada a todos os hóspedes com idade superior a 13 anos que pernoitem em estabelecimentos hoteleiros, apartamentos, aldeamentos e empreendimentos turísticos, parques de campismo ou alojamento local no concelho de Óbidos, no distrito de Leiria. O regulamento estabelece que o valor seja cobrado “por hóspede, por noite, até um máximo de cinco noites consecutivas no mesmo estabelecimento”, e isenta os hóspedes cuja estadia “seja motivada pela obtenção de tratamentos médicos”.

A verba foi calculada com base nos indicadores relativos à atividade turística do município, que “recebe anualmente um milhão e meio de visitantes, nacionais e estrangeiros”. Ainda segundo o documento, a receita prevista cobrirá “aproximadamente 54%” dos custos que o turismo tem para o município, com o acréscimo de encargos em setores como o património cultural; limpeza urbana; jardinagem e espaços verdes; águas, saneamento e serviços operativos; Gabinete de Comunicação e Imagem; e segurança e proteção civil”.

O custo estimado destes serviços associados ao turismo “é de aproximadamente 370 mil euros”, no qual a câmara invoca “o princípio da justa repartição dos encargos públicos” para defender que “os custos operacionais em que incorre com a geração de utilidades aos turistas que visitam a concelho seja imputado, na proporção em que delas usufruem, a estes turistas e não à população residente do município”.

A câmara estima que o valor da receita a arrecadar em cada ano seja de aproximadamente 200 mil euros. O valor foi calculado com base em dados do Turismo de Portugal, divulgados por Humberto Marques e que demonstram que, em 2017, o concelho registou 230 mil dormidas.

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Alice, um avião elétrico israelita com design português

Elétrico e israelita, o Alice tem capacidade para nove passageiros e autonomia de até mil quilómetros. Todo o design, conceito e produção dos interiores pertence à empresa portuguesa Almadesign.

Chama-se Alice, é um avião comercial totalmente elétrico, fabricado pela empresa israelita Eviation mas… com design português. A Almadesign é a empresa responsável por todo o desenho, conceito e produção dos interiores deste avião elétrico. O Alice mede apenas 12 metros, tem três hélices, capacidade para nove passageiros e autonomia para fazer viagens de até mil quilómetros.

A empresa portuguesa, com mais de 20 anos de existência, começou por conceber o design da cabine e acabou por criar todo o interior do avião elétrico. “À medida que foram confiando no trabalho que estávamos a desenvolver, foram-nos atribuídos mais projetos”, refere com orgulho o CEO & Design Manager na Almadesign, Rui Marcelino.

“O design de interiores foi todo definido por nós, com o apoio e feedback da equipa da Eviation”, refere Rui Marcelino. Acrescenta ao ECO que todo o processo de design de interiores da Alice demorou cerca de 18 meses até estar concluído.

Temos a honra de participar com a Eviation nesta maravilhosa viagem rumo a um futuro sustentável.

Rui Marcelino

CEO e Design Manager na Almadesign

Alguns materiais usados no interior do design da Alice são sustentáveis. “Tentamos usar materiais amigos do ambiente dentro daquilo que é certificado pela indústria aeronáutica, optamos por usar matérias que tenham ciclos de vida longos, que não se desgastem facilmente, tendo em conta que um material que é substituído muitas vezes tem uma pegada ambiental muito maior”, destaca Rui Marcelino.

A portuguesa Almadesign já arrecadou mais de 20 prémios nacionais e internacionais, entre eles o “Óscar” pelo melhor interior de avião, atribuído em 2012.

A empresa trabalha com clientes de todo o mundo e de países tão diversos como Israel, EUA, Brasil, Espanha, Alemanha, entre outros. Rui Marcelino destaca que este ano o mercado israelita foi o cliente mais forte, tendo em conta o projeto do Alice. Refere ainda que o Canadá é um mercado em crescimento, já que é referência internacional na indústria aeronáutica. Cerca de 65% dos clientes da Almadesign advêm do mercado externo.

Localizada em Paço de Arcos, a empresa é uma referência a nível internacional no design de aeronaves, barcos, comboios, autocarros, entre outros. Na carteira de clientes estão marcas como a TAP, Embraer, CP e Salvador Caetano sendo, esta última, o cliente número 1 da empresa. “Trabalhamos há mais de 20 anos com o Salvador Caetano, o que é para nós um grande motivo de orgulho”, refere Rui Marcelino, sublinhando que a Almadesign tem o cuidado de “utilizar o máximo possível a mão-de-obra nacional, o que acaba por contribuir para a própria economia local”.

Mudança de paradigma

A preocupação no sentido de utilizar cada vez mais energias limpas materializa-se, tanto nos materiais como nos processos, e trata-se de uma verdadeira mudança de paradigma, sugere o responsável.

“Estamos a trabalhar em vários setores com energias limpas, como autocarros movidos a hidrogénio, barcos a energia solar, aviões elétricos com possibilidade de descolagem e aterragem na vertical”, acrescenta Rui Marcelino. Neste caso concreto, trata-se de uma aeronave leve com motores elétricos, com capacidade para entre dois a quatro passageiros, com a especificidade que pode aterrar numa área reduzida, como o topo de um edifício, mas sem o ruído, e com uma pegada ecológica muito mais baixa quando comparado a um helicóptero.

Rui Marcelino acredita que daqui a dez anos serão produzidas cerca de seis mil aeronaves por ano e que daqui a cinco, já “teremos alguns milhares dessas aeronaves a voar”. A Almadesign já está envolvida em dois projetos desta envergadura. “No mundo inteiro já existem cerca de 200 projetos a ser desenvolvidos”, avalia, relativamente aos veículos elétrico com capacidade de aterragem e descolagem na vertical.

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ECO e Serralves celebram aniversário com conferência sobre futuro da indústria

  • ECO
  • 1 Outubro 2019

A conferência Fábrica2030 contará com a participação de Rui Moreira, António Mexia, Álvaro Santos Pereira, Carlos Moedas, Ana Pinho, Rui Miguel Nabeiro, entre outros.

No contexto dos seus aniversários, o ECO (3º aniversário) e a Fundação de Serralves (30º aniversário) vão organizar, na manhã do próximo dia 17 de outubro, uma grande conferência que focará sobre as temáticas que marcarão o futuro da indústria.

Evento que reunirá, pela primeira vez, os principais representantes dos mais relevantes grupos industriais portugueses para debaterem aqueles que são os principais desafios dos vários setores da indústria.

A conferência contará com a participação de nomes como Álvaro Santos Pereira, Carlos Moedas, António Mexia, Rui Moreira, Rui Miguel Nabeiro, Carlos Tavares, entre outros.

No debate, os oradores vão dar respostas a estas perguntas:

  • Como se perspetiva a evolução do peso do setor secundário no produto interno português?
  • Robotização, machine learning, inteligência artificial: evolução ou revolução?
  • Que áreas do ciclo de produção e distribuição estarão na primeira linha de investimentos no curto e médio prazo?
  • Que papel pode desempenhar o Estado na facilitação de um ambiente mais propício à atividade industrial?
  • Investimento estrangeiro e capital português: é de esperar um maior equilíbrio a prazo?

Saiba mais aqui.

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Wall Street com ganhos com investidores à espera de boas notícias sobre a indústria

Os principais índices da bolsa de Nova Iorque abriu esta terça-feira em alta com os investidores à espera que os dados da indústria sejam positivos e com as tecnológicas em terreno positivo.

A Bolsa de Nova Iorque abriu esta terça-feira com ganhos ligeiros, com as empresas do setor tecnológico a darem o mote, quando os investidores ainda esperam pelos dados sobre a produção industrial nos Estados Unidos à procura de boas notícias para a maior economia do mundo.

Mesmo com as más notícias que chegaram da Europa, onde a confiança dos empresários da indústria caiu para o nível mais baixo dos últimos sete anos, o índice industrial Dow Jones valorizou 0,24% na abertura das negociações. O alargado S&P 500 subia 0,3% e o Nasdaq, que agrupa as empresas do setor tecnológico, começou com ganhos na ordem dos 0,37%.

No começo do dia foram mesmo as tecnológicas que deram o primeiro impulso às ações norte-americanas, mas os investidores estão otimistas quanto aos dados que serão divulgados esta tarde relativos ao sentimento económico na indústria, ao contrário do verificado a nível europeu.

Na próxima semana, as autoridades chinesas estarão em Washington para mais uma nova ronda de negociações com os Estados Unidos tendo em vista a obtenção de um acordo que coloque um ponto final na guerra comercial que se arrasta desde o início de 2017.

No entanto, as negociações estarão ensombradas pelas novas taxas aduaneiras que Donald Trump ameaçou impor e depois das notícias que dão conta que a Administração norte-americana estará a ponderar proibir as empresas chinesas de serem cotadas nas bolsas de valores norte-americanas.

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PPP, autonomia de gestão e incentivos. Estas são as propostas dos partidos para a saúde

A saúde foi um dos temas mais debatidos nesta legislatura, e as clivagens entre os partidos no setor refletem-se nos programas eleitorais. O papel dos privados é um dos pontos que os separa.

Se há assunto próximo do coração dos portugueses é a saúde. As críticas constantes de falta de investimento, degradação dos serviços, falta de profissionais e elevados tempo de espera, marcaram o tom da oposição ao longo da legislatura, que viu Adalberto Campos Fernandes ser substituído por Marta Temido, na remodelação governamental levadas a cabo por António Costa na sequência da demissão de Azeredo Lopes, há quase um ano. Com as eleições legislativas a aproximarem-se, o ECO foi ver que propostas os partidos têm para o setor. Na realidade, há muitas medidas com as quais todos concordam, mas as principais divergências residem no papel do setor privado no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Durante esta legislatura foi aprovada uma nova Lei de Bases da Saúde, e as Parcerias Público-Privadas (PPP) e a participação privada no SNS estiveram no centro das discussões para a aprovação do documento. O desacordo entre os partidos neste ponto levou a avanços e recuos nas negociações, tanto até que tudo indicava para que a Lei não conseguissem passar no Parlamento esta legislatura.

No entanto, um acordo de última hora entre o PS, o Bloco e o PCP permitiu viabilizar o diploma. Todas as propostas referentes às PPP ficaram de fora do documento final, já que foram rejeitadas no grupo de trabalho que se debruçou sobre o assunto. Sendo também revogado o decreto-lei que legislava as PPP, os partidos da geringonça concordaram em dar o aval, ficando agora por definir o quadro legal das PPP.

O Presidente da República, perante tantas divergências e incertezas, foi fazendo avisou à navegação. Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou que uma Lei de Bases que não contemplasse o setor social e também as PPP era “irrealista” e sinalizou que não iria promulgar uma lei que não reunisse consenso, porque era necessário um documento que pudesse resistir nas próximas legislaturas.

Mesmo assim, a solução encontrada, por “não comprometer, em nenhum sentido, as escolhas futuras do legislador”, recebeu luz verde de Marcelo, como se lê na nota sobre a promulgação. Depois das discussões sobre esta Lei, que já foi publicada em Diário da República, as PPP e a participação privada no SNS são precisamente os elementos que mostram as diferenças mais flagrantes entre os programas eleitorais, nomeadamente entre a direita e a esquerda.

“Há um conjunto de ideias, sobretudo mais à esquerda, de que o setor deve ser completamente público, ou o mais possível”, diz, ao ECO, Miguel Gouveia, professor na Universidade Católica. Já os partidos “menos à esquerda são mais flexíveis”. Para o economista especialista na área da Saúde, “a insistência num sistema de saúde completamente público ignora a realidade”, porque o papel dos prestadores privados na saúde tem vindo a crescer.

O PSD e o CDS defendem o recurso aos privados quando necessário, mas o Bloco e o PCP argumentam o fim da gestão privada dos hospitais públicos. O PS diz que “a contratação de entidades terceiras é condicionada à avaliação da necessidade”, mas compromete-se a não fazer “nenhuma nova PPP na gestão clínica num estabelecimento em que ela não exista”.

Já o PAN não faz referência ao papel dos privados na saúde, apontando, no entanto, no capítulo que diz respeito aos contratos públicos, que quer “rever todas as cláusulas potencialmente abusivas das atuais PPP”, bem como “condicionar a celebração de novas PPP à obtenção de parecer”.

O caso particular das PPP é onde as ideologias se tornam mais vincadas“, aponta Miguel Gouveia. Os estudos, de entidades como o Tribunal de Contas, apontam para que estas parcerias poupem cerca de 400 milhões de euros, recorda o especialista na área da saúde, e ao acabar com elas “os governos estão a deitar fora poupanças”.

“Caos” no SNS e listas de espera

O SNS tem estado no centro das discussões políticas, estando muitas vezes na base das críticas ao Governo. Tanto à direita como à esquerda, multiplicam-se as acusações de falta de investimento e de recursos humanos, bem como relatos da demora das listas de espera para consultas e cirurgias.

O Governo responde às críticas com números. No debate com os outros partidos com assento parlamentar, António Costa apontou que se fizeram mais 700 mil consultas nos cuidados de saúde primários do que em 2015, e que existe hoje um “maior número de quadros no SNS”. Isto em resposta a Assunção Cristas, que pintou um cenário de “caos na Saúde”.

Quando se olha para a última década, a despesa pública reduziu-se e “só agora em 2019 está a voltar ao valor que estava em 2010, sublinha Miguel Gouveia. Apesar de haver investimento, “não se pode negar que tenha havido consequências negativas no SNS” devido a algumas políticas aplicadas, reitera o professor da Católica.

O “retrocesso em medidas aplicadas durante a troika, como as 35 horas de trabalho semanais, pode ter satisfeito os profissionais”, mas criou situações de falta de recursos humanos das quais o SNS não “recuperou”, sublinha o especialista em saúde. O Governo tem vindo a contratar mais profissionais para responder às 35 horas, sendo que em agosto autorizou a contratação de 1.400.

Tendo em conta os diferentes aspetos deste setor, alguns partidos “tendem a enfatizar incapacidade do sistema prestar os serviços necessários”, aponta Miguel Gouveia. Por outro lado, os “partidos que apoiam o Governo põem ênfase na ideia que contrataram mais profissionais”.

Com o retrato que tem sido feito do SNS em mente, muitas medidas propostas pelos partidos nos seus programas têm em vista resolver estes problemas: a contratação de mais profissionais, mudanças no sistema das listas de espera e reformulações nas unidades de cuidados ou nos centros de saúde, por exemplo.

Mas quando chega a altura de decidir o partido, “para muitas pessoas a saúde é importante, mas não tanto que determine o voto“, aponta Miguel Gouveia. Para além dos profissionais ligados à área, deverá ser mesmo para as “pessoas que tiveram muitas horas nas urgências e nas listas de espera, que sofreram fraca capacidade de resposta”, que as medidas na saúde irão pesar mais na hora de fazer a cruz no boletim de voto.

Incentivos aos profissionais e autonomia de gestão unem os partidos

Nos programas dos principais partidos o capítulo que se debruça sobre a saúde apresenta à volta de 20 a 30 medidas. O PAN é o campeão em termos de propostas, ao contemplar mais de 100 medidas na área da saúde e bem-estar. Seguem-se o CDS e o PS, que mesmo assim não se aproximam da centena.

De todas estas propostas, nas áreas que juntam os partidos encontra-se a saúde mental, com quase todos a defenderem um investimento na área, e os cuidadores informais, cujo entendimento entre as forças com assento parlamentar já levou à aprovação do estatuto destes profissionais.

A valorização dos profissionais do SNS também está presente em todos os programas, embora em níveis diferentes. Os partidos defendem incentivos, se bem que no caso do PCP e do Bloco estes são à dedicação exclusiva dos profissionais do SNS, enquanto para o PS, PSD e CDS os inventivos são em função dos resultados obtidos.

Para além do médico de família, incluído em todos os programas dos partidos com assento parlamentar, o enfermeiro de família é uma figura mencionada pelo CDS e pelo PCP, estando ainda presente nos programas de partidos como o Livre. Já o PS promete uma “equipa de saúde familiar”, enquanto o Aliança sugere a instituição da figura do Enfermeiro de Comunidade.

Finalmente, há ainda outro assunto chave que une alguns dos partidos. A autonomia de gestão dos hospitais está presente nos programas do Bloco, do PSD e do CDS, que defendem que as unidades do SNS tenham mais flexibilidade. O PS propõe mais autonomia nos níveis de gestão intermédia nos hospitais públicos, enquanto o PCP defende autonomia para os Centros de Saúde.

Já no que diz respeito ao subsistema de saúde dos funcionários públicos, entre os partidos com assento parlamentar, apenas o CDS e o PCP fazem referência à ADSE. Os centristas defendem o alargamento da ADSE para todos, uma medida que consta também nos programas de partidos como o Aliança e a Iniciativa Liberal. Enquanto isso, o PCP foca-se na autonomia dos subsistemas.

Veja aqui as principais propostas dos partidos para a saúde.

Partido Socialista (PS)

  • Não fazer nenhuma nova PPP na gestão clínica num estabelecimento em que ela não exista.
  • Criar, junto das unidades de cuidados primários de territórios de baixa densidade, unidades móveis que possam prestar em proximidade cuidados de saúde primários.
  • Celebrar pactos de permanência no SNS com os profissionais de saúde, após a conclusão da futura formação especializada e dar incentivos em função dos resultados.
  • Alargar o número de consultas externas, tendo em vista a melhoria do acesso e da satisfação dos utentes, por exemplo alargando a atividades programadas aos sábados.
  • Criar, a exemplo do cheque dentista, um vale de pagamento de óculos a todas as crianças e jovens até aos 18 anos e pessoas com mais de 65 anos beneficiárias do rendimento social de inserção, prescrito em consulta no SNS.
  • Rever e universalizar o modelo das unidades de saúde familiar (USF) a todo o país, adequando-o à realidade de cada região.
  • Garantir uma equipa de saúde familiar a todos os portugueses.
  • Alargar a cobertura de medicina dentária no SNS, nomeadamente através dos centros de saúde e em colaboração com os municípios.
  • Reforçar o papel dos níveis de gestão intermédia nos hospitais públicos, “conferindo-lhes mais responsabilidade e mais autonomia, remunerando-os diferenciadamente e exigindo-lhes a dedicação plena”.
  • Estimular a oferta de serviços de creche para os filhos dos profissionais de saúde.

Partido Social Democrata (PSD)

  • Recorrer às Parcerias Público-Privadas “sempre que as condições e necessidades de prestação de serviços o aconselhem, sob a condição de mais qualidade da prestação e custos mais baixos”.
  • Novo modelo de gestão dos hospitais públicos do SNS, com a “garantia de autonomia de gestão no quadro dos objetivos contratualizados e incentivos financeiros aos profissionais de saúde em função dos resultados obtidos”.
  • Alargar o sistema SIGIC das listas de espera para cirurgias às consultas de especialidade e exames complementares, através da emissão de vouchers, quando os mesmos não se realizem em tempos clinicamente aceitáveis.
  • Contratualizar Médicos de Família do setor público e privado. Para o PSD, a forma de garantir o acesso a médicos de família a todos os portugueses deverá ser “através da contratualização do SNS com médicos disponíveis” em ambos os setores.
  • Permitir que as despesas com os cuidadores informais possam ser dedutíveis no IRS, como as despesas de institucionalização. Esta é uma das medidas relativas aos cuidadores informais no programa social-democrata, que compara as despesas com estes profissionais com aquelas com, por exemplo, lares de idosos.
  • Alargar a rede de cuidados continuados e paliativos em 25%, em parceria com as instituições do setor social.

Bloco de Esquerda (BE)

  • Reforço do orçamento do SNS e criação de um plano plurianual de investimentos. O partido defende um “aumento do investimento público para o patamar mínimo de dez mil milhões de euros por ano, nomeadamente para a saúde”.
  • Separação clara entre público e privado. Fazer uma separação entre setores, estabelecendo que não há gestão privada de unidades inseridas no SNS e que os setores privado e social são, na prestação de cuidados, supletivos do serviço público de saúde são medidas essenciais para o desenvolvimento do SNS.
  • Corrigir o “apagão de tempo de serviço” aos Técnicos Superiores de Diagnóstico e Terapêutica ou a enfermeiros e reconhecer função específica dos Técnicos Auxiliares de Saúde.
  • Autonomia de gestão das unidades do SNS. A partir do momento em que o seu orçamento e plano de atividades anual são homologados pela tutela, as instituições do Serviço Nacional de Saúde “não devem ficar dependentes de autorizações para a contratação de profissionais ou para a realização de pequenos investimentos”.
  • Contratar 18 mil profissionais para o Serviço Nacional de Saúde, na enfermagem, técnicas de diagnóstico e terapêutica, especialidades médicas, auxiliares e pessoal administrativo.
  • Reforçar o número de vagas para formação especializada e promoção, através das instituições do SNS, da formação contínua e especializada a todas e todos os profissionais de saúde.
  • Apostar na produção do Estado de medicamentos. Transformar o Laboratório Militar num laboratório nacional de produção de medicamentos e articulá-lo com a investigação científica que se faz em Portugal.

Partido Comunista Português (PCP)

  • Reformular a rede de serviços de urgência, articulando Hospitais, a rede de CSP e o INEM “de forma a assegurar a plena cobertura territorial das valências necessárias, o seu reforço em meios humanos e materiais assegurando pelo menos um serviço de urgência básica e de transporte urgente de doentes de 24 horas em cada concelho”.
  • Proceder à eliminação programada das Parcerias Público-Privadas e a integração dos hospitais no Setor Público Administrativo.
  • Atribuir médico e enfermeiro de família a todos os utentes e a progressiva redução de lista de utentes por médico e por enfermeiro de família de acordo com as recomendações da OMS.
  • Reorganizar os Centros de Saúde numa base concelhia, garantindo a autonomia financeira e administrativa dos CSP.
  • Intervir de forma adequada no sentido de “reduzir a atual dependência estratégica da ADSE, Assistência na Doença aos Militares, SAD/PSP e SAD/GNR em relação aos prestadores privados, garantindo a autonomia administrativa e financeira destes subsistemas e medidas adequadas para que se mantenham na esfera pública do Estado”.
  • Gestão pública de todas as unidades do SNS com a eleição democrática para todos os órgãos de direção técnica.
  • Atribuir médico e enfermeiro de família a todos os utentes e progressivamente reduzir lista de utentes por médico e por enfermeiro de família.
  • Regularizar a situação contratual dos profissionais de saúde assegurando o vínculo público de nomeação definitiva e a substituição até ao fim da legislatura de empresas de trabalho temporário pela contratação direta de trabalhadores com vínculo público.

CDS – Partido Popular

  • Alargar a ADSE a todos os portugueses.
  • Definir um tempo máximo de resposta garantido para o acesso a primeiras consultas de especialidade no SNS, que se ultrapassado confere aos utentes a liberdade de aceder a consulta de especialidade em qualquer outro hospital, seja do setor público, seja do setor privado ou social.
  • Construir um “sistema nacional de saúde, de qualidade e reconhecida eficiência, não obriga a que seja sempre o Estado a prestar, diretamente, todos os cuidados de saúde, podendo e devendo chamar-se os setores privado ou social a fornecer serviços”, defende o CDS no programa.
  • Alargar o modelo das Unidades Locais de Saúde (ULS) a todas as regiões do país. Esta medida contempla também a adaptação do modelo de financiamento das Unidades de Saúde Familiar, que pode estar dentro ou fora das ULS.
  • O CDS é contra a despenalização e institucionalização da eutanásia e “não viabilizará, com o seu voto, qualquer projeto legislativo que presuma, que estabeleça, que perspetive ou que abra possibilidade à despenalização da eutanásia”.
  • Incentivar a prestação de cuidados de saúde domiciliários e de hospitalização domiciliária aos utentes que não precisam de cuidados agudos em internamento hospitalar, nomeadamente na população envelhecida e/ou mais dependente.
  • Reforçar e alargar a todo o país o papel do enfermeiro de família.

Pessoas-Animais-Natureza (PAN)

  • Assegurar que todos os profissionais de saúde que desempenham funções nos hospitais do SNS estão integrados em carreiras com vínculo à Administração Pública, através de contratos de trabalho em funções públicas.
  • Instituir um regime de dedicação exclusiva dos profissionais de saúde ao SNS garantindo o pagamento de remuneração adequada.
  • Concluir o processo de regulamentação das terapêuticas não convencionais.
  • Despenalizar a morte medicamente assistida, por “decisão consciente e reiterada da pessoa, com lesão definitiva ou doença incurável e irreversível e que se encontra em sofrimento duradouro e insuportável”.
  • Atribuir nutricionistas no SNS a crianças com excesso de peso.
  • Rever o regime da carreira especial de Enfermagem, “nomeadamente garantindo que todos os serviços têm um enfermeiro gestor e que o número total de postos de trabalho correspondentes à categoria de enfermeiro especialista não seja inferior a 50% do total de enfermeiros de que o serviço ou estabelecimento careça”.
  • Criar a carreira especial de nutricionista e de psicólogo.
  • Contratar 60 psicólogos para os Serviços Prisionais.

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Comissão Europeia aprova diretiva para haver eletrodomésticos mais duráveis

  • Lusa
  • 1 Outubro 2019

Bruxelas deu "luz verde" a uma diretiva para tornar os eletrodomésticos mais fáceis de reparar, reciclar e com menos consumo de energia para prolongar a sua vida útil.

A Comissão Europeia adotou, esta terça-feira, regras para tornar os eletrodomésticos mais fáceis de reparar, reciclar, com menos consumo de energia para prolongar a sua vida útil, apontando poupanças nas emissões de gases poluentes.

Frigoríficos, máquinas de lavar louça e roupa, televisões e monitores, fontes de alimentação, motores elétricos, frigoríficos de venda ao público, transformadores e máquinas de soldar são os produtos que a partir de 2021 terão que estar no mercado com as novas regras.

Entre elas, a garantia de haver peças de substituição durante prazos mínimos de sete a 10 anos após a compra, de poderem ser entregues com rapidez e de poderem ser montadas sem a necessidade de ferramentas especiais ou sem o risco de danificar o equipamento durante a reparação.

Os fabricantes terão também que garantir manuais de reparação para profissionais e para consumidores. No caso de máquinas de lavar e secar roupa, deverão consumir menos 711 milhões de metros cúbicos por ano até 2030.

A diretora da Associação de Consumidores Europeia, Monique Goyens, comentou que é essencial abandonar a “cultura do deitar fora”, que acaba com os recursos naturais e esvazia os bolsos dos consumidores”. O responsável pela pasta do Emprego, Crescimento, Investimento e Competitividade europeu, Jyrki Katainen, afirmou que as medidas “podem poupar aos lares europeus uma média de 150 euros por ano e contribuir para uma poupança de energia equivalente ao consumo total anual da Dinamarca em 2030”.

Essa poupança evitará a emissão para atmosfera de 46 milhões de toneladas de gases como dióxido de carbono, um contributo para “uma União Europeia completamente descarbonizada em 2050”.

O diretor da associação europeia da indústria dos eletrodomésticos, Paolo Falcioni, destacou que é preciso que “as autoridades supervisoras do mercado tenham recursos suficientes e coordenação para enfrentar novas dificuldades em verificar o cumprimento da lei”.

Estas medidas vêm juntar-se às novas regras adotadas em março deste ano para as etiquetas de eficiência energética dos produtos, que se espera consigam até 2020 uma poupança de 150 milhões de toneladas de petróleo – o equivalente ao consumo de energia primário de Itália – e de 285 euros por ano aos consumidores.

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Cenário do PS não é público nem debatível, acusa PSD

A guerra entre os "Centenos" do PS e do PSD continua. O porta-voz laranja para as contas públicas acusa do PS de falta de transparência e responde aos ataques do ministro das Finanças.

Um dia depois de Mário Centeno ter acusado o PSD de apresentar contas no programa eleitoral que voltam a colocar Portugal em défice excessivo, Joaquim Miranda Sarmento responde que, ao contrário do que acontece com as contas dos sociais-democratas que estão na base do programa eleitoral, as do PS não são públicas nem podem ser debatidas.

“As nossas contas e o nosso cenário macro e orçamental é público e debatível. O que não podemos dizer do programa do PS”, lê-se numa nota assinada pelo porta-voz dos sociais-democratas, Joaquim Miranda Sarmento, publicada esta terça-feira no site do PSD.

Miranda Sarmento acrescenta que Mário Centeno prefere fazer conferências de imprensa sobre os programas de outros partidos, mas “não divulga, explica e esclarece o programa económico do Partido Socialista”. Os socialistas têm defendido que o Programa de Estabilidade apresentado pelo Governo em abril é a base do programa eleitoral.

Na segunda-feira, o ministro da Finanças e candidato a deputado pelo PS acusou o PSD de ter 4.750 milhões de euros por explicar nas contas que apresenta no seu programa eleitoral, e disse que a estratégia com que o maior partido da oposição se apresenta a eleições colocaria Portugal novamente numa situação de défice excessivo.

O que diz Centeno. O que responde Sarmento

Na conferência de imprensa, o ministro das Finanças disse que a despesa que o PSD propõe está subfinanciada em 2.750 milhões de euros. O mandatário nacional de Rui Rio e co-autor do programa económico argumenta que “o ministro das Finanças ignora que nas principais componentes da despesa no cenário do PSD seguem o cenário do CFP (Conselho de Finanças Públicas). A despesa com juros é da do CFP. A atualização salarial dos funcionários públicos à taxa de inflação está no cenário do CFP. E a atualização prevista para as prestações sociais está também no cenário do PSD”.

Quanto ao crescimento económico, Centeno afirmou que “alinhando a receita com o crescimento económico da média das previsões de instituições independentes, faltam 3.900 milhões de euros”. Sarmento contrapõe que, “em entrevista ao Público, em julho, que as previsões económicas do PSD eram ‘realistas'”.

Nessa entrevista, Mário Centeno considerou possíveis as previsões do PSD para a economia, mas pôs em causa as da frente orçamental.

Miranda Sarmento acrescenta que “no cenário do PSD o crescimento económico de 2020 e 2021 é igual ao do Programa de Estabilidade, sendo que (em função das políticas propostas pelo PSD, porque o Programa de Estabilidade é na prática um cenário de politicas invariantes, dada a ausência de medidas), em 2022 o crescimento previsto é superior em 0,2% e em 2023 é superior em 0,4%”.

Outro dos pontos contestados pelo porta-voz do PSD é a acusação de Mário Centeno de que “mesmo com o crescimento irrealista, a receita total do PSD está sobrevalorizada em 2.000 milhões de euros”. Joaquim Miranda Sarmento refere que “o ministro das Finanças compara a receita fiscal de 2016-2019 (de 13 mil milhões de euros) com a receita fiscal prevista no cenário do PSD para 2020-2023. Ignora por completo que o PIB nominal de 2019 é de cerca de 210 mil milhões de euros, quando o PIB de 2015 era de 180 mil milhões e euros (apesar de ter referido que a variável PIB nominal era a mais crítica num cenário orçamental, para logo a seguir ignorar isso). Ou seja, quanto maior é o PIB nominal maior é o crescimento nominal (em euros), mesmo que as taxas de crescimento sejam ligeiramente inferiores às da legislatura anterior”.

Miranda Sarmento volta a referir a disponibilidade de Álvaro Almeida, coordenador do PSD para as finanças públicas e candidato a deputado social-democrata às legislativas de domingo, e mostra satisfação pelo facto de o PS defender “um modelo de crescimento assente nas exportações e no investimento, ao contrário do que defendia em 2015, em que o PS apostava no consumo privado e público”.

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Portugal aproveita juros baixos para adiar reembolsos até 2027

O IGCP anunciou que vai, esta quarta-feira, ao mercado para uma operação de troca de dívida. Compra títulos que venciam em 2021 e 2022, emitindo em contrapartida OT com prazo em 2023 e 2027.

O Tesouro vai ao mercado para trocar dívida, com o objetivo de adiar reembolsos para daqui a oito anos. A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP anunciou esta terça-feira que a operação irá realizar-se às 10h desta quarta-feira e que irá comprar títulos que venciam em 2021 e 2022. Oferece em contrapartida, obrigações com maturidade em 2023 e 2027.

“O IGCP vai realizar no próximo dia 2 de outubro pelas 10h uma oferta de troca recomprando Obrigações do Tesouro com maturidade em 2021 e 2022”, explica a agência liderada por Cristina Casalinho.

A primeira linha de OT, que vence a 15 de abril de 2021 e tinha sido aberta em 2005, tem um montante vivo de quase 10,8 mil milhões de euros. Já a outra linha, com maturidade a 17 de outubro de 2022 e que tinha sido aberta em 2015, tem 10,7 mil milhões por reembolsar.

Em contrapartida, o IGCP vai emitir OT que vencem em 25 de outubro de 2023 e em 14 de abril de 2027, ou seja, a quatro e oito anos. Esta será a quinta operação de troca de dívida que o IGCP realiza este ano e segue em linha com a estratégia de aproveitar as atuais baixas taxas de juro para emitir dívida mais barata e alongar maturidades dos reembolsos.

As OT benchmark, a dez anos, negoceiam em mercado secundário com uma yield de 0,195%. Os títulos que o Tesouro quer comprar no mercado, a um e dois anos, têm ambas juro negativo, de -0,427% e -0,599%, respetivamente.

Além desta operação, Portugal adiou, em janeiro, o reembolso de 700 milhões de euros para 2028. Em março, foram outros 619 milhões de euros em dívida que vencia em 2030. E em maio, o Tesouro empurrou ainda o reembolso de 742 milhões de euros para 2026 e, em julho, mais 797 milhões. O total de dívida cujos reembolsos foram adiados já vai em 2.858 milhões de euros, este ano.

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Tancos: Ex-diretor da Polícia Judiciária Militar Luís Vieira vai pedir instrução

  • Lusa
  • 1 Outubro 2019

O ex-diretor da Polícia Judiciária Militar, Luís Vieira, vai pedir a abertura de instrução do processo de Tancos, no qual é acusado, entre outros, de associação criminosa e falsificação de documentos.

O ex-diretor da Polícia Judiciária Militar (PJM), Luís Vieira, vai pedir a abertura de instrução do processo de Tancos, no qual é acusado de associação criminosa, tráfico de armas, falsificação de documentos, denegação de justiça, prevaricação e favorecimento pessoal.

A informação sobre o pedido de abertura de instrução foi dada esta terça-feira à Lusa pelo seu advogado Rui Baleizão e junta-se à pretensão já manifestada pelo ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes e pela defesa do ex-porta-voz e ex-investigador da Polícia Judiciária Militar (PJM) major Vasco Brazão. Luís Vieira é acusado em coautoria com outros arguidos da PJM, da GNR e com Azeredo Lopes.

Para o Ministério Público (MP), a recuperação do material militar foi obtida através de um “verdadeiro pacto de silêncio entre todos os arguidos da PJM [incluindo Luís Vieira] da GNR e Azeredo Lopes”, tendo para isso forjado provas e documentos.

A acusação considera que com a conivência de Luís Vieira e elementos da PJM, entre os quais Vasco Brazão e militares da GNR, com a autorização da hierarquia, fizeram diligências junto de suspeito do furto e negociaram a entrega do material militar com a promessa de “impunidade criminal”.

Desde o início do processo que o diretor da PJM discordou que o caso do furto do material militar fosse da competência da PJ e, segundo a acusação, enviou vários mails ao chefe da Casa Militar do Presidente da República, João Cordeiro, “tentando mover influências ao mais a alto nível”. Um deles, lê-se no despacho, dizia o seguinte: “Não será possível o nosso Presidente, junto da PGR, obter, sensibilizar, para que este inquérito deixe de estar delegado na PJ e sim, como seria correto, desde início, na PJM?”.

A instrução é uma fase processual facultativa na qual um juiz avalia se há indícios suficientes para levar os arguidos a julgamento. O processo que investigou o furto e a encenação da recuperação das armas dos paiós de Tancos terminou com a acusação de 23 arguidos, entre elas o ex-ministro da Defesa José Azeredo Lopes.

Os arguidos são acusados de terrorismo, associação criminosa, denegação de justiça, prevaricação, falsificação de documentos, tráfico de influência, abuso de poder, recetação e detenção de arma proibida.

O caso abalou as forças armadas, levou à demissão de Azeredo Lopes em 2018 e a polémica em torno do furto, tornada pública pelo Exército em 29 de junho de 2017 com a indicação de que ocorrera no dia anterior, subiu de tom depois da, aparente, recuperação do material na região da Chamusca, no distrito de Santarém, em outubro de 2017, numa operação da Polícia Judiciária Militar. Nove dos 23 arguidos são acusados de planear e executar o furto do material militar dos paióis nacionais e os restantes 14, entre eles o ex-ministro, da encenação que esteve na base da recuperação do equipamento.

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Vem de Peniche, Nazaré ou Torres Vedras para Lisboa? Câmaras criam passe único

  • Lusa
  • 1 Outubro 2019

Vai ser criado um passe único inter-regional para a zona do Oeste, que abrange municípios do distrito de Lisboa, mas também de Leiria, tais como Caldas da Rainha, Óbidos, Nazaré e Peniche.

A Comunidade Intermunicipal do Oeste (OesteCim) e a Área Metropolitana de Lisboa (AML) fecharam um acordo para a criação de um passe único inter-regional, estando a terminar a operacionalização do processo, disseram esta terça-feira à Lusa fontes das duas entidades.

OesteCim e AML mantêm, contudo, negociações para operacionalizar o processo do novo título, estando por definir o custo que vai ter e a sua entrada em vigor. Paulo Simões, secretário da Comunidade Intermunicipal do Oeste (OesteCim), disse à Lusa que as duas entidades vão avançar com a criação do passe inter-regional, na sequência de uma recomendação da Assembleia da República no sentido de dotar o Plano de Apoio à Redução Tarifária nos Transportes (PARTT) de mais verbas para ligações inter-regionais.

Entre as duas regiões, havia “casos de pessoas que estavam a ser autuadas por terem dois passes [para reduzirem os custos nos transportes] e tem de haver um passe único, que seja comparticipado para compensarmos as operadoras por essa perda” de lucros. “Chegámos a um entendimento político para se criar uma solução de redução tarifária paras as deslocações inter-regionais e a AML disponibilizou 200 mil euros para o efeito”, confirmou Carlos Humberto, secretário da AML.

Pelo lado da OesteCim, o passe único inter-regional vai abranger percursos não diretos, isto é, com várias paragens durante o trajeto, quer numa região, quer noutra, por não haver maior disponibilidade financeira. Carlos Humberto esclareceu que os 200 mil euros foram disponibilizados para as ligações inter-regionais, cabendo à OesteCim decidir se o novo título vai abranger carreiras diretas ou não. “Não temos nada contra as diretas”, sublinhou.

Com o acordo, as duas autoridades de transportes têm como objetivos promover a igualdade de oportunidades entre os cidadãos e a coesão territorial. Vários concelhos da região Oeste estão à mesma distância ou até mais perto da capital do que alguns da Área Metropolitana de Lisboa.

Em abril, com a entrada em vigor dos novos títulos de transportes, a OesteCim passou a financiar um desconto de 30% nos passes das ligações rodoviárias inter-regionais. Só os transportes inter-regionais para Lisboa são utilizados por cerca de cinco mil utentes.

Entre os concelhos do Oeste do distrito de Lisboa, o passe de Arruda dos Vinhos para Lisboa, nas ligações diretas, tinha um custo total de 138 euros, subindo para 160 a partir de Alenquer e Sobral de Monte Agraço, de 166 de Torres Vedras e de 183 na Lourinhã. A estes valores passou a ser aplicado um desconto de 30% desde o mês de abril, baixando para 97 euros em Arruda dos Vinhos, 112 euros em Alenquer e Sobral de Monte Agraço, 116 euros em Torres Vedras e 128 euros na Lourinhã.

A OesteCim integra os municípios de Alenquer, Arruda dos Vinhos, Cadaval, Lourinhã, Sobral de Monte Agraço, Torres Vedras (distrito de Lisboa) e Alcobaça, Bombarral, Caldas da Rainha, Óbidos, Nazaré, Peniche (distrito de Leiria). A AML é composta pelos municípios de Alcochete, Almada, Amadora, Barreiro, Cascais, Lisboa, Loures, Mafra, Moita, Montijo, Odivelas, Oeiras, Palmela, Seixal, Sesimbra, Setúbal, Sintra e Vila Franca de Xira.

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