Famílias investem mais que o esperado em dívida. Já contribuíram com 400 milhões de euros para o orçamento

A presidente do IGCP - Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública está esta terça-feira no Parlamento para uma audição no âmbito do Plano de Atividades da COFMA.

As famílias estão a investir do que o esperado em certificados. O orçamento do Estado para 2019 antecipava um impacto nulo dos certificados de aforro para o financiamento público, mas até meados de junho já ascende a 400 milhões de euros líquidos.

“A previsão inicial era de um impacto nulo em 2019, mas é de 400 milhões. Tínhamos alguma incerteza quanto à taxa de reinvestimento por isso optámos por uma abordagem conservadora“, afirmou Cristina Casalinho, presidente do IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública, no âmbito do Plano de Atividades da Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa (COFMA).

O conservadorismo prende-se com uma mudança de procedimento ocorrida no ano passado. Os certificados de aforro que atingem as maturidades deixaram de ser automaticamente reembolsados por questões de proteção contra branqueamento de capitais, como explicou Casalinho. Devido à alteração, as projeções do OE 2019 foram feitas com base numa taxa de reinvestimento de 30%.

“Está claramente acima de 50% e, nalguns meses, acima de 70%”, revelou Cristina Casalinho, confirmando a tendência dos últimos meses. Os últimos dados do Banco de Portugal, referentes a abril, indicam que as aplicações em certificados de aforro cresceram ao longo de seis meses consecutivos. O investimento em certificados de aforro e do Tesouro ascendeu, em abril, a 28.687 milhões de euros.

Tesouro ainda espera mil milhões em OTRV este ano

No OE 2019, o Governo previa que as famílias não tivessem qualquer impacto líquido no financiamento público deste ano. O Estado esperava registar uma procura líquida negativa pelos certificados em mil milhões de euros, que seria compensada na mesma medida pelo contributo positivo das Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável (OTRV).

Com o novo valor prestado por Cristina Casalinho aos deputados, o impacto é, para já, negativo em 600 milhões de euros pois, apesar da entrada de 400 milhões líquidos, os mil milhões esperados em OTRV ainda não entraram nos cofres do Estado. Cristina Casalinho garantiu que o plano de lançar nova emissão destas obrigações do Tesouro para pequenos aforradores continua em curso.

O contributo das famílias é apenas uma pequena parte das formas de financiamento do Estado, que recorre principalmente a colocações de obrigações do Tesouro. Para um financiamento líquido estimado para este ano em 7.878 milhões de euros, Portugal contava fazer emissões Bilhetes do Tesouro e Obrigações do Tesouro em montantes de 15.215 milhões e 17.486 milhões, respetivamente. A presidente do IGCP afirmou também na COFMA que o programa de financiamento está executado em 65%.

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PCP determinado “até ao fim” numa solução para Lei de Bases da Saúde, mas preocupado

  • Lusa
  • 2 Julho 2019

"É conhecido o problema. Da nossa parte estamos determinados em encontrar uma solução até ao fim", disse Jerónimo de Sousa.

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, garantiu esta terça-feira que os comunistas estão “determinados em encontrar uma solução até ao fim” para a Lei de Bases da Saúde (LBS), mas assumiu “grande preocupação” com o rumo deste dossiê.

No final de uma reunião esta terça-feira de manhã, na sede do PCP, em Lisboa, com o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, Jerónimo de Sousa foi questionado pela agência Lusa sobre a expectativa que tem em relação ao impasse na nova Lei de Bases da Saúde, cujo grupo de trabalho reúne-se de novo esta tarde para análise e fixação do texto de substituição relativo às iniciativas legislativas deste tema.

“É conhecido o problema. Da nossa parte estamos determinados em encontrar uma solução até ao fim, mas uma convergência que se sustente nesta questão nacional de fundo que está colocada que é de saber se a saúde é um direito de todos os portugueses ou se a saúde é uma mera área de negócio para aumentar os lucros dos grandes grupos económicos”, começou por responder.

O fulcral, na perspetiva do líder do PCP, “é saber se nessa lei de bases será consagrado o objetivo constitucional de um Serviço Nacional de Saúde geral, universal e gratuito ou se se prefere entrar pelo caminho da exploração do negócio em que a doença seja transformada nisso mesmo”. “Da nossa parte, um esforço até ao fim, mas em relação à sua pergunta, com grande preocupação”, assumiu.

Questionado sobre o posicionamento do PS, Jerónimo de Sousa afirmou que não pode falar pelos socialistas. “Já fizemos chegar aquilo que é a nossa posição de fundo, sempre disponíveis para construir, mas naturalmente o PS tem que se libertar, ou pelo menos clarificar, o que pensa em relação a esta questão central que eu coloquei da saúde como um direito”, insistiu.

O PS anunciou sexta-feira que não chegou a acordo com o PSD sobre a revisão da Lei de Bases da Saúde e pediu o apoio dos “partidos que não se revêm na atual lei que incentiva as PPP”, dirigindo-se aos seus parceiros parlamentares à esquerda, enquanto o presidente social-democrata, Rui Rio, afirmou não querer ser uma “muleta da geringonça”.

Em 18 de junho, as propostas de alteração à Lei de Bases da Saúde sobre as parcerias público-privadas (PPP) foram rejeitadas no parlamento em votação indiciária.

Todas as propostas sobre o enquadramento a dar às PPP na nova Lei de Bases da Saúde foram chumbadas em reunião do grupo de trabalho sobre a revisão do diploma.

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Governo tem de “renegociar ou resgatar” subconcessão Algarve Litoral

Ministro das Infraestruturas admite resgatar subconcessão Algarve Litoral, o que terá um impacto financeiro imediato.

O Governo terá de tomar uma decisão a propósito da subconcessão do Algarve Litoral responsável pela requalificação da Estrada Nacional 125, sendo que neste momento ainda não é possível estimar se esta passará por uma renegociação ou pelo resgate desta via. “Mas uma das duas terá de acontecer”, referiu Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas, esta terça-feira de manhã na Comissão de Economia, que decorre no Parlamento.

“Neste momento não consigo dizer qual será a resposta. Mas negociar ou resgatar, uma das duas terá de acontecer. Estamos perante um problema grave que terá uma dimensão financeira significativa“, continuou o governante.

Em causa a recusa do Tribunal de Contas em dar um visto prévio à revisão feita ao contrato desta subconcessão, o que levou à suspensão dos pagamentos à concessionária. O ministério admitiu que ainda vai tentar levar a questão ao Tribunal Constitucional, depois do plenário do TdC ter recusado um recurso, mas que caso a decisão não sofra alterações terá de sentar-se com os privados.

As alterações realizadas a este contrato, ainda no tempo do Governo de Sócrates, introduziram compensações contingentes associadas à subconcessão que, de acordo com o Tribunal de Contas podem oscilar entre 288 e 394 milhões de euros, sendo esta a “dimensão financeira significativa” referida pelo governante. Com o chumbo do visto prévio, estes valores deixaram de ser pagos ao concessionário — Rotas do Algarve Litoral.

“Estamos com todos os cuidados a explorar todas as vias de um litígio já com muitos anos”, salientou ainda Pedro Nuno Santos, admitindo que este caso tem tido “impactos graves no Algarve” e que o Governo terá de se sentar com o privado e perceber qual a melhor situação”.

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Pedro Nuno Santos: “Ainda há muito trabalho para fazer na TAP. Muito.”

Ministro continua indignado com a gestão da companhia aérea, mas quadro institucional na empresa não permite fazer mais do que foi feito. Pedro Nuno Santos diz que ainda há muito para fazer na TAP

O Ministro das Infraestruturas e Habitação, considera que “ainda há muito” trabalho para fazer na TAP no que toca à relação entre os acionistas privado e público da transportadora aérea. Pedro Nuno Santos respondia assim à polémica dos prémios pagos pela empresa em ano de prejuízos, opção tomada pelos administradores privados da TAP, sem terem informado previamente o acionista Estado, detentor de 50% da empresa, o que levou a tutela a anunciar publicamente ter perdido a confiança no parceiro privado.

Presente na Comissão de Economia do Parlamento, o ministro lembrou esta terça-feira que, no rescaldo da polémica do pagamento de prémios a alguns trabalhadores da transportadora aérea, o Estado conseguiu avançar com a criação de uma comissão para acompanhar salários e prémios da empresa. Só que mesmo depois disso “ainda há muito, mesmo muito, trabalho para fazer” na TAP. E sublinhou: “A indignação continua, mas não posso fazer o que não posso”, ou seja, demitir a comissão executiva da companhia aérea, nomeada pela Atlantic Gateway em exclusivo.

Criticado por Hélder Amaral (CDS) por ter assumido uma postura agressiva aquando das primeiras notícias sobre o pagamento de prémios pela TAP e, posteriormente, ter deixado de comentar o assunto, Pedro Nuno Santos explicou que ter ficado calado seria “aceitar um desrespeito pelo maior acionista”, explicando que pelo acordo parassocial existente na TAP pouco mais pode fazer além da denúncia pública.

“O quadro institucional não nos permite ter alguém na Comissão Executiva, e a questão dos prémios são de gestão corrente, que está delegada na Comissão Executiva, que não tem qualquer representante do Estado.”

Ministro insatisfeito com governança da TAP

Reiterando mais do que uma vez que “continua indignado” com todo o episódio que levou a comissão executiva a pagar prémios à revelia do acionista Estado, Pedro Nuno Santos aproveitou a ocasião para criticar todo o processo de privatização da companhia aérea, levada a cabo pelo governo PSD/CDS pouco antes de sair de funções.

“O Estado português, quando privatizou a TAP, assumiu a dívida passada, presente e futura, e se a empresa entrasse em incumprimento o Estado, sem lá ter um cêntimo, ia ter que assumir a responsabilidade”, começou por dizer. E qual a diferença face ao cenário atual? “É que estamos na empresa, podemos discuti-la e garantimos que a TAP não vai sair do país, ao contrário do que foi definido na privatização”, lembrou.

Em causa a garantia associada à privatização e concedida pelo PSD/CDS de que a TAP não seria deslocada do país por pelo menos 20 anos. “Já com a presença do Estado, a diferença é que nunca sairá de Portugal. É uma diferença enorme.”

Mas apesar de ver na renegociação levada a cabo já pelo governo PS um acordo melhor que aquele associado à privatização, Pedro Nuno Santos não tem pruridos em assumir que está longe de satisfeito com o desenho final com que ficou a governança da transportadora aérea.

Se me perguntar se estou satisfeito com o quadro institucional? Não. Mas também é importante dizer que fizemos um duro trabalho de negociação em 2015 perante um quadro que herdámos em que se entregava 66% da TAP a um privado e, em dois anos, o remanescente ao preço que eles quisessem.” E foi este o ponto de partida com que o PS teve que iniciar as negociações com a Atlantic Gateway, apontou.

“Perante este contexto, tentámos assegurar que o Estado se mantinha na empresa. Foi insatisfatório? Sim, mas foi o único possível num quadro institucional que herdámos e a negociação para manter 50% da empresa foi bastante dura”, concluiu.

(Atualizada às 13h50)

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Dona das cervejas Budweiser vai entrar na bolsa. Será a maior IPO do ano

  • Lusa
  • 2 Julho 2019

A AB InBev, que detém a marca de cervejas Budweiser, quer entrar na bolsa este ano para angariar 9,8 mil milhões de dólares. Oferta pública inicial vale mais do que a da Uber.

O maior fabricante de cervejas mundial, a AB InBev, quer encaixar 9,8 mil milhões de dólares (8,7 mil milhões de euros) com a entrada da sua unidade da Ásia-Pacífico na bolsa de Hong Kong, noticiou a Bloomberg.

Trata-se da maior Oferta Pública de Venda (OPV) do mundo este ano, segundo os termos do acordo a que a agência financeira Bloomberg teve acesso, e que superará a entrada da Uber na bolsa de Nova Iorque, que atingiu os 8,1 mil milhões de dólares.

A Budweiser Brewing Company APAC está a vender 1,6 mil milhões de ações entre 40 e 47 dólares de Hong Kong (5,13 e 6,02 dólares norte-americanos), sendo que a transação das ações deverá iniciar-se em 19 de julho.

A AB InBev espera alcançar um encaixe entre 8,3 e 9,8 mil milhões de dólares. A venda das ações da Budweiser Brewing representará uma capitalização bolsista até 63,7 mil milhões de dólares, o que a coloca a par da Heineken, o segundo maior fabricante de cervejas do mundo.

O diretor financeiro da empresa, Felipe Dutra, disse que a entrada na bolsa de Hong Kong vai permitir criar “um campeão regional”, além de ajudar a AB InBev a reduzir a sua dívida. As ações da AB InBev, empresa com sede na Bélgica, subiram 1,7% na manhã desta terça-feira na bolsa de Bruxelas, sendo que já valorizaram 38% este ano.

A AB InBev, através da Budweiser Brewing, está apostar no potencial do poder de compra dos consumidores desta região do mundo, os quais estão a consumir cada vez mais cerveja, compensando assim a queda noutras zonas do globo onde se confronta com a retração do mercado.

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Pedro Nuno Santos não exclui renacionalizar CTT, mas elogia sinais de mudança na empresa

Apesar de elogiar mudanças nos CTT nos últimos meses, Pedro Nuno Santos reitera que exige que os Correios tenham, "no mínimo", uma loja por concelho. Caso contrário, Governo intervirá.

Será com a força dos mais de 10 milhões de portugueses que o Governo representa que o Ministério das Infraestruturas e Habitação exige aos CTT – Correios de Portugal que tenham no mínimo uma loja em cada concelho de Portugal, uma fasquia mínima que, para Pedro Nuno Santos, deve ser assegurada independentemente da vontade da empresa.

“Fomos muito claros na última audição. É uma empresa privada, mas que presta serviço público. E nós, Estado, não estamos cá só para assistir ao que uma empresa privatizada faz. Representamos 10 milhões de portugueses e é com essa força que nos apresentamos de cada vez que nos sentamos com uma empresa, sempre respeitando a lei, claro”, começou por apontar o Ministro das Infraestruturas aos deputados da Comissão da Economia.

Independentemente da vontade da empresa, não vai haver nenhum concelho sem uma loja dos CTT, isso é o mínimo“, explicou o governante, sobre o “mínimo” que o Executivo vai exigir na renegociação no contrato de concessão. E caso tal não venha a acontecer, “o Estado português não excluirá nenhum cenário”, sendo que entre estes se conta a recuperação do controlo público dos Correios.

Mas apesar de reforçar a posição já manifestada em abril, aquando de uma outra audição na Comissão de Economia, Pedro Nuno Santos reconheceu que desde então notou uma alteração na postura da empresa. “Depois da audição, ouvimos os CTT a comprometerem-se que não fechariam mais nenhuma loja e que iriam abrir algumas das que foram encerradas”, reconheceu. Mas só isso não é suficiente, alertou.

“Obviamente que há aqui um sinal de mudança de paradigma na empresa, logo foi com muito agrado que ouvimos o novo CEO dos CTT. Não chegámos aquilo que queremos, mas a seu tempo objetivo será concretizado”. E garantiu: “Não haverá nenhum concelho sem CTT e isso vai mesmo acontecer.”

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A manhã num minuto

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“O Tribunal Constitucional dificilmente terá tempo para fazer outra coisa” se a Entidade da Transparência avançar, diz Costa Andrade

O presidente do Tribunal Constitucional está na AR a falar sobre a nova Entidade da Transparência. Costa Andrade deixa três reservas e um recado: "Todos os dias ouvimos queixas e ameaças de demissão."

O presidente do Tribunal Constitucional (TC) avisou esta terça-feira os deputados que, se a Entidade da Transparência avançar, “o TC dificilmente terá tempo para fazer outra coisa”. Manuel da Costa Andrade está no Parlamento a falar aos deputados sobre algumas propostas dos partidos no âmbito do pacote da transparência, onde deixou três reservas quanto à nova entidade que pode ser aprovada este mês e um alerta sobre a dificuldade de contratar pessoas para o tribunal com os salários que são pagos no Palácio Ratton.

Os deputados da Comissão Eventual para o Reforço da Transparência em Funções Públicas estão a ultimar os trabalhos do pacote da transparência, onde uma das ideias que pode ver a luz do dia nesta legislatura é a criação de uma nova entidade que recebe e fiscaliza as declarações de rendimentos dos políticos.

Sobre a Entidade da Transparência, Manuel da Costa Andrade deixou reservas na intervenção inicial que fez esta manhã no Parlamento:

  1. A nova entidade não pode funcionar fisicamente nas instalações do TC, em Lisboa, por falta de espaço. O presidente do TC lembra que a Entidade das Contas e dos Financiamentos Políticos que está nas instalações do TC “está em vias de sair” – vai sair em “outubro” – e relatou aos deputados as dificuldades que o tribunal sentiu a encontrar uma nova localização para esta entidade que já existe. O Tribunal Constitucional questionou primeiro o Estado sobre haveria algum espaço livre, mas obteve resposta negativa. Depois foi para o mercado. Mas, o TC “não tem know how para esta matéria”, alerta. Tendo em conta estes entraves, Costa Andrade sugeriu aos deputados que, no pressuposto de que a nova Entidade da Transparência avance, era importante “criar uma comissão instaladora” para garantir o espaço e as pessoas para a nova entidade. Deixou ainda a possibilidade de esta nova entidade não ficar em Lisboa, mas avisou que se ficar localizada fora terá de ter autonomia administrativa.
  2. A outra reserva do presidente do TC prende-se com a entrada em funcionamento da nova entidade. Neste caso, Costa Andrade defende que “tudo” deve entrar em vigor ao mesmo tempo. “Não é possível ver 12 mil declarações de rendimento com cuidado e com os recursos que o TC tem”, ilustra. E avisa que se a nova entidade começar a receber declarações de rendimentos dos políticos e altos titulares de cargos públicos sem condições reais para as analisar “causa frustração”. Com a nova entidade, “vai aumentar para cima de duas dezenas de milhar” o número de declarações de rendimento, o que exige de “imediato” mais pessoal e mais disponibilidade orçamental.
  3. Por último, o presidente do TC deixou uma reserva por temer o “risco de descaracterização do TC”, que já recebeu competências do Tribunal de Contas, da Comissão Nacional de Eleições, de tribunais fiscais, ficando com menos tempo para as questões constitucionais. “Se todas as decisões da Entidade da Transparência passarem pelo plenário do tribunal, o TC dificilmente terá tempo para fazer outra coisa” se a entidade avançar. Costa Andrade avisou que podem alterar-se “significativamente” os pressupostos das pessoas para aceitarem ir para o TC.

“Todos os dias ouvimos queixas e ameaças de demissão”, conta Costa Andrade

Sobre a questão de contratação de pessoal, o presidente do Tribunal Constitucional deixou uma nota aos deputados sobre as “dificuldades” em recrutar pessoas para o Palácio Ratton. Quando foi a saída de Margarida Salema da Entidade das Contas “percorremos muito mais do que uma dezena de pessoas”, entre professores de direito nas universidades a advogados em escritórios. “Todas diziam que a tarefa era estimulante, mas acrescentavam: esse vencimento ganho numa avença”, contou o presidente da instituição.

Figueiredo Dias “aceitou por respeito” mas um diretor da Comissão de Mercado e Valores Mobiliários (CMVM) ganha “três vezes mais”, comparou. “Todos os dias ouvimos queixas e ameaças de demissão”, relatou Costa Andrade, deixando assim o recado que as dificuldades de contratação também podem acontecer para a nova Entidade da Transparência que pode sair do Parlamento.

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Arrendamento acessível: Proprietários criticam falta de informação sobre seguros obrigatórios

  • Lusa
  • 2 Julho 2019

A Associação Lisbonense de Proprietários criticou a falta de informação sobre os seguros que são obrigatórios no Programa de Arrendamento Acessível.

A Associação Lisbonense de Proprietários (ALP) criticou esta terça-feira a falta de informação sobre o preço dos seguros obrigatórios no Programa de Arrendamento Acessível (PAA), defendendo que “ninguém faz uma assinatura de contrato sem saber os custos”.

“Diz-se que isto vai ser vantajoso mesmo com os seguros, mas ninguém sabe qual é o preço dos seguros e o grande receio que temos é que os seguros sejam muito elevados“, afirmou o presidente da ALP, Luís Menezes Leitão, referindo-se ao PAA, que entrou em funcionamento na segunda-feira e que exige seguros obrigatórios aos proprietários e inquilinos.

Em declarações à Lusa, o representante dos proprietários disse que, se o programa exige seguros obrigatórios, mas não diz qual é o preço dos seguros, é como “estar a pedir às pessoas que celebrem contratos de olhos fechados, praticamente”.

Ninguém faz uma assinatura de contrato sem saber os custos que tem e isso é o que o Governo está a propor aos proprietários, porque não diz qual é o custo do seguro que é obrigatório”, declarou Menezes Leitão, alertando que “as pessoas que estão a colocar os imóveis na plataforma estão a assumir um custo que não sabem qual é”.

O balanço das primeiras horas do PAA, com dados apurados até às 17h00 de segunda-feira, aponta para 3.662 visitas à plataforma, 705 registos, 191 candidaturas e oito alojamentos disponibilizados, revelou o Ministério das Infraestruturas e Habitação.

Na perspetiva do presidente da ALP, o balanço de 191 candidaturas de inquilinos relativamente a oito imóveis disponibilizados pelos proprietários “demostra bem que o Arrendamento Acessível vai ficar completamente impossibilitado de corresponder às expectativas existentes, porque a procura vai ser muito maior do que a oferta“.

“Mas isso é o que já acontece no mercado geral. Neste momento, não temos oferta de arrendamento por se ter lançado uma grande desconfiança no mercado, em consequência das medidas que foram tomadas”, ressalvou o representante dos proprietários, afirmando que, no quadro dos associados da ALP, “a esmagadora maioria não mostrou qualquer interesse em aderir” ao Programa de Arrendamento Acessível.

Neste âmbito, a ALP convidou a secretária de Estado da Habitação para “esclarecer as muitas dúvidas que os proprietários têm” sobre o Arrendamento Acessível, mas até ao momento não obteve resposta. “O programa não tem grande atratividade para os proprietários”, considerou Luís Menezes Leitão.

Além da questão dos seguros obrigatórios, outro fator contestado pelos proprietários tem a ver com o cálculo da renda de mercado, no âmbito do PAA, que utiliza a mediana em vez da média, “o que significa que, como a mediana está, no mínimo, 10% abaixo da média, os senhorios têm que perder 30% do valor da renda para ganhar 28% no IRS (Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares) e, além disso, ainda ficam a pagar o AIMI (Adicional ao Imposto Municipal sobre Imóveis)”, no caso de um senhorio com vários imóveis.

O PAA permite aos senhorios beneficiar de uma isenção total de impostos sobre “os rendimentos prediais resultantes de contratos de arrendamento ou subarrendamento habitacional”, no âmbito da celebração de novos contratos, desde que a renda seja inferior a 20% dos preços de mercado e os arrendatários não tenham de suportar uma taxa de esforço superior a 35%.

Para a ALP, os requisitos do programa, nomeadamente a redução da renda e os seguros obrigatórios, “não compensam, minimamente, o que existe em termos de benefício fiscal”, pelo que “não está a ter a mínima atratividade para os proprietários”.

“Vemos isto como um subsídio dado indiretamente a inquilinos, mas, neste caso, a inquilinos que podem pagar rendas elevadas, o que não parece que faça sentido quando o Estado deixou a maior parte dos senhorios numa situação absolutamente miserável, recebendo um renda de miséria”, reclamou Menezes Leitão, exigindo que os contratos com rendas congeladas, celebrados antes de 1990, com valores a partir de 2,24 euros mensais, sejam contemplados com benefícios fiscais idênticos ao PAA.

Antes de seguros serem divulgados, proprietários não têm de os contratar

A resposta do Gabinete da secretária de Estado da Habitação não tardou a responder aos proprietários, esclarecendo que “os seguros obrigatórios só são exigíveis depois de estarem divulgados na plataforma eletrónica do PAA, permitindo assim a todos que conheçam antecipadamente o custo desses seguros”. Antes de isso acontecer, “os proprietários que aderirem ao programa não ficam vinculados a contratar esses seguros”, lê-se numa nota enviada às redações.

O gabinete de Ana Pinho explicou ainda que os custos destes seguros serão “previsivelmente mais baixos do que os produtos equivalentes disponíveis no mercado”, e isto porque as próprias regras do PAA reduzem o risco.

Relativamente à fórmula de cálculo do limite máximo de renda acessível, o documento esclarece que “este é calculado com base na mediana dos preços de renda efetivamente praticados no mercado divulgada pelo INE, com base nos contratos declarados à Autoridade Tributária, em cada área geográfica”.

E ainda que a estatística do INE “é a única fonte de informação suficientemente representativa da realidade dos preços de renda efetivamente praticados e é mais fiável que a média aritmética, que pode ser muito influenciada por rendas anormalmente baixas ou altas”.

Por fim, o gabinete afirma que, até ao momento, “não recebeu qualquer solicitação da ALP com dúvidas sobre o PAA, mas que está inteiramente disponível para esclarecer todos os interessados”.

(Notícia atualizada às 19h09 com resposta do gabinete da secretária de Estado da Habitação)

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Médis reforça proteção oncológica

  • ECO Seguros
  • 2 Julho 2019

O reforço do seguro aumenta a proteção dos clientes com diagnóstico oncológico, incluindo a duplicação dos capitais de hospitalização e ambulatório.

A Médis passou a incluir nas opções 2 e 3 do seu seguro uma proteção oncológica reforçada, a qual aumenta a proteção dos clientes com diagnóstico oncológico através da duplicação dos capitais de hospitalização e ambulatório, da cobertura de próteses e ortóteses para oncologia e serviços de assistência, reforço da linha Médis, para disponibilizar ajuda para esclarecimentos, gerir todas as necessidades e acompanhar de forma direta e pessoal os doentes oncológicos e ainda do reforço da literacia de saúde e prevenção, através da disponibilização de manuais.

Refira-se que, o caso da opção 3 do seguro Médis, os capitais tornam-se ilimitados. De acordo com um comunicado da Médis, “este reforço é uma resposta direta à dimensão que a doença oncológica tem na população portuguesa e é mais um passo da seguradora na concretização do compromisso de ser o Serviço Pessoal de Saúde dos Portugueses”.

“A incidência da doença tem aumentado e é urgente continuar a apostar no rastreio, prevenção e no reforço da proteção. Foi exatamente o que fizemos e isso é ser verdadeiramente um Serviço Pessoal de Saúde”, afirma o CEO da Médis, Eduardo Consiglieri Pedroso, citado no comunicado. Em 2018 surgiram 18 milhões de novos casos de cancro em todo o mundo, cerca de 60 mil só em Portugal. Nas próximas duas décadas é esperado um aumento de cerca de 60% a nível mundial na incidência do cancro.

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Apple processada por seguradora

  • ECO Seguros
  • 2 Julho 2019

A marca da maçã tem um histórico de gadgets que explodem e vai enfrentar novo caso em que também é processada pela seguradora de um prédio onde ocorreu um acidente alegadamente causado por um iPad.

A viúva Julia Ireland Meo abriu um processo contra a Apple alegando que um iPad com defeito teria causado um incêndio no seu apartamento em Nova Jersey, Estados Unidos,, o qual causou a morte do seu marido, Bradley Ireland. Agora foi a vez da seguradora e da administração do prédio onde o acidente aconteceu processarem a gigante de Cupertino, como informou ‘The Register’. Os reclamantes alegam que o iPad de Ireland “era excessivamente perigoso e inseguro para o seu propósito devido a defeitos no seu design ou no seu fabrico”.

Sugerem que a Apple é responsável pelos danos porque, supostamente, sabia ou deveria saber que a bateria do iPad era um “mecanismo de ultra risco capaz de causar danos, mesmo quando usado ocasionalmente”.

A Union Management, a gestora do prédio, e a Greater New York Mutual Insurance Company, a sua seguradora, entraram com o processo no último dia 20, no Tribunal Distrital de Nova Jersey.

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Airbnb já tem plano para limites de Medina. Propõe distinguir profissionais de quem aluga quartos

  • Lusa
  • 2 Julho 2019

Na definição das áreas de contenção para novos registos em Lisboa, o Airbnb defende que aqueles que alugam quartos na residência principal não devem ser vistos da mesma forma que profissionais.

A plataforma Airbnb defendeu esta terça-feira que a proposta de projeto do Regulamento Municipal do Alojamento Local de Lisboa, que estabelece áreas de contenção absoluta e relativa, não distingue os profissionais de quem partilha quartos, prejudicando as famílias locais.

O prazo de consulta pública do projeto do Regulamento Municipal do Alojamento Local, que estabelece áreas de contenção absoluta e áreas de contenção relativa para novos registos em Lisboa, termina esta terça-feira.

Em comunicado, a plataforma de alojamentos Airbnb diz ter apresentado alegações à regulação proposta pela Câmara Municipal de Lisboa (CML) por considerar que as novas regras para as áreas de contenção não distinguem adequadamente os profissionais de quem partilha casa (quartos), prejudicando as famílias locais.

Para a plataforma, os quartos alugados na residência principal não devem ser contados como unidades que determinam o limite para considerar uma área de contenção.

“Os quartos são residências principais nestas unidades e, por isso, não há substituição de população nem um problema de ausência de autenticidade. Não podemos comparar uma atividade de partilha de casa com a atividade de investidores que têm o alojamento local como principal atividade profissional ou de fonte de rendimento.

Devido a esta falta de diferenciação, segundo a plataforma, todos os que partilham casa registaram a sua unidade de alojamento local nas mesmas modalidades de um investidor. A Airbnb lembra que o turismo é um setor chave para Lisboa e Portugal, contribuindo para o crescimento económico e, em particular, das empresas locais.

No início de maio, o executivo municipal, liderado pelo PS, aprovou o regulamento com os votos favoráveis dos socialistas e a abstenção do BE (partido que tem um acordo de governação do concelho com PS), tendo os restantes partidos votado contra (PSD, CDS-PP e PCP).

De acordo com o documento, são consideradas áreas de contenção absoluta “as zonas turísticas homogéneas que apresentem um rácio entre estabelecimentos de alojamento local e número de fogos de habitação permanente que seja superior a 20%”. São áreas de contenção relativa as zonas em que esse rácio seja “igual ou superior a 10% e inferior a 20%”.

Fonte da câmara indicou à Lusa na altura que as zonas do Bairro Alto, Madragoa, Castelo, Alfama e Mouraria, onde não é possível registar novos estabelecimentos de alojamento local desde novembro, farão parte das áreas de contenção absoluta, enquanto o bairro da Graça e a Colina de Santana integram as áreas de contenção relativa, passando a ter o registo de alojamento local limitado.

Nas áreas de contenção absoluta “não são admissíveis novos registos de estabelecimentos de alojamento local”, exceto “quando digam respeito a operações de reabilitação de edifícios em ruínas ou reabilitação integral de edifícios devolutos”.

O Regulamento Municipal do Alojamento Local considera que a zona Baixa/Eixos/Avenida da Liberdade/Avenida da República/Avenida Almirante Reis tem um “uso predominante terciário”, pelo que está excluída das áreas de contenção.

A Assembleia Municipal de Lisboa aprovou em 30 de abril o prolongamento da suspensão da autorização de novos registos de alojamento local em Alfama, Bairro Alto, Castelo, Madragoa e Mouraria e acrescentou as zonas da Graça e da Colina de Santana. Esta suspensão vigorará quando estiver publicada em Boletim Municipal e até à aprovação final do Regulamento Municipal do Alojamento Local.

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