Nas notícias lá fora: United Airlines, Trump e Pós-Brexit

  • ECO
  • 22 Julho 2020

Trump muda radicalmente de postura sobre Covid-19, enquanto United Airlines anuncia perdas de 1,6 mil milhões de dólares devido à Covid-19. Londres já quase não acredita num acordo pós-brexit com UE.

A pandemia continua a marcar a atualidade internacional. A United Airlines anunciou que entre abril e junho, perdeu mais de 1,6 mil milhões de dólares e viu a faturação cair 87% devido à Covid-19. Trump muda radicalmente de postura sobre a Covid-19 e alerta que a pandemia “vai piorar antes de melhorar” e apela a que todos os cidadãos usem máscara de proteção respiratória. No Reino Unido, o Governo britânico já não acredita num acordo entre o Reino Unido e a União Europeia sobre as relações pós-Brexit. Já o Japão está a pagar aos cidadãos para viajarem para o país, através do programa “Go To Travel”, uma iniciativa pública no valor de 10,6 mil milhões de euros. A Telefónica e Amancio Ortega recebem 98 milhões em dividendos da holding Telxius.

The New York Times

Trump muda radicalmente de postura sobre a Covid-19

O Presidente dos EUA afirmou numa conferência de imprensa que a pandemia de Covid-19 no país “vai piorar antes de melhorar” e apelou a que todos os cidadãos usem máscara de proteção respiratória nos casos em que não seja possível manter distanciamento social. Estas declarações marcam uma mudança radical na postura de Donald Trump, que há poucos meses desconsiderava por completo a gravidade da pandemia e que chegou a sugerir aos cidadãos injetarem lixívia para combater o novo coronavírus, uma prática nefasta para a saúde e que foi altamente criticada pela comunidade científica. A posição do Presidente surge dias depois de ter aparecido pela primeira vez em público com máscara.

Leia a notícia completa no The New York Times (acesso condicionado, conteúdo em inglês).

The Telegraph

Londres já quase não acredita num acordo pós-brexit com a UE

O Governo britânico já não acredita num acordo entre o Reino Unido e a União Europeia sobre as relações pós-Brexit, revela o The Telegraph, a poucos dias do fim do prazo limite definido pelo próprio Executivo britânico — o final de julho. Contudo, o Governo de Boris Johnson pensa que continua a ser possível um acordo “básico” no Outono se a UE ceder em alguns pontos, acrescenta o jornal que cita fontes governamentais. O Reino Unido deixou a UE a 31 de janeiro, mas continua a ter de respeitar as regras comunitárias durante um período de transição que termina a 31 de dezembro.

Leia a notícia completa no The Telegraph (acesso condicionado, conteúdo em inglês).

Business Insider

United Airlines anuncia perdas de 1,6 mil milhões de dólares

A United Airlines anunciou na terça-feira que, entre abril e junho, perdeu mais de 1,6 mil milhões de dólares e viu a faturação cair 87% devido à pandemia, no que considerou ter sido o pior trimestre da sua história. As perdas agora apresentadas pela terceira transportadora aérea dos EUA, sediada em Atlanta, comparam com os lucros de 1,5 mil milhões obtidos no mesmo período do ano passado, o mesmo valor da faturação agora registada. Desde o início do ano, a empresa já perdeu 62% do valor bolsista. Trata-se do trimestre “mais difícil nos seus 94 anos de história” devido à grave queda na procura de voos causada pela crise do novo coronavírus, mas que a companhia espera melhorar nos próximos três meses.

Leia a notícia completa no Business Insider (acesso livre / conteúdo em inglês)

The Economist Espresso

Japão paga aos cidadãos para viajarem

Arranca esta quarta-feira o programa “Go To Travel” no Japão, uma iniciativa pública com 1,3 biliões de ienes (10,6 mil milhões de euros) para financiar e incentivar os cidadãos a viajarem. O programa financia até metade das despesas em viagens dentro do país, uma forma de estimular a economia e o turismo interno, depois do impacto da pandemia da Covid-19. Porém, a media não está isenta de críticas e 80% dos cidadãos acredita ser “muito cedo” para lançar este programa, face aos receios de que os viajantes possam ajudar a propagar ainda mais o novo coronavírus.

Leia a notícia completa no The Economist Espresso (ligação indisponível).

Cindo Días

Telefónica e Amancio Ortega recebem 98 milhões em dividendos da holding Telxius

A Pontel Participaciones, sociedade holding que detém 60% do capital da Telxius, filial de infraestruturas da Telefónica, e que agrupa as ações da operadora na empresa Pontegadea, veículo de investimento de Amancio Ortega, pagou mais de 98 milhões de euros em dividendos durante o ano passado, de acordo com o relatório de contas da empresa. No ano anterior, a Pontel tinha distribuído um dividendo de 77,68 milhões de euros, um aumento de 26%. Do montante total, a Telefónica recebeu mais de 81,82 milhões de euros, tendo em conta a sua participação na Pontel de 83,35% do capital, o que lhe confere 50,01% das ações da Telxius. Por outro lado, a Pontegadea recebeu quase 16,3 milhões de euros, devido à sua participação de 16,65% na empresa, o que lhe confere quase 10% da Telxius.

Leia a notícia completa no Cinco Días (acesso livre, conteúdo em espanhol).

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Bolsas europeias recuam no rescaldo do Conselho Europeu

As bolsas europeias estão a cair depois de três sessões seguidas de ganhos. Os investidores vendem ações no rescaldo do Conselho Europeu que puxou pelos índices do Velho Continente.

As bolsas europeias negoceiam com perdas, interrompendo os ganhos que eram registados há três sessões consecutivas. A tendência surge depois de um dia marcado pelo acordo histórico alcançado pelo Conselho Europeu.

Depois de entrarem sem rumo na sessão, as perdas acentuaram-se. O Stoxx 600 cai 0,76%, enquanto o alemão DAX recua 0,52%, o francês CAC-40 cede 0,92% e o espanhol IBEX desvaloriza 0,92%. Em Lisboa, o PSI-20 negoceia pouco alterado, caindo 0,01% para 4.545,33 pontos, pressionado pelo setor da energia, mas contrabalançado pelos correios e pelo retalho.

A EDP Renováveis desvaloriza 0,42%, para 14,12 euros cada título. Enquanto isso, a casa-mãe EDP recua 0,09%, para 4,545 euros, preço já destacado dos direitos no âmbito do processo de aumento de capital em curso. No mercado do petróleo, a Galp Energia perde 0,38%, para 10,58 euros, num dia em que o preço do barril de Brent em Londres, referência para as importações portuguesas, recua 0,1%, para 44,27 euros.

Em sentido inverso, o BCP avança 0,09%, para 10,92 cêntimos, ajudando a travar as perdas em conjunto com os desempenhos positivos dos CTT e da Jerónimo Martins, que ganham, respetivamente, 0,64% e 0,71%.

(Notícia atualizada às 9h10 com cotações atualizadas)

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Irlanda dispensa de quarentena 13 países, Portugal excluído da lista

  • Lusa
  • 22 Julho 2020

Malta, Finlândia, Noruega, Itália, Hungria, Estónia, Letónia, Lituânia, Chipre, Eslováquia, Grécia, Mónaco, São Marinho, Gibraltar e Groenlândia são os 13 que integram a lista verde da Irlanda.

O Governo de Dublin publicou esta quarta-feira uma ‘lista verde’ de 13 países cujos viajantes estão isentos de cumprir a quarentena ao chegar à Irlanda e que exclui países como Portugal, Espanha, França e o vizinho Reino Unido.

Fora da lista da Irlanda ficou igualmente os Estados Unidos, cujos visitantes devem continuar a restringir os movimentos ao chegar a qualquer porto ou aeroporto da ilha com um período de auto-isolamento de 14 dias.

A lista é composta por 13 países europeus e dois territórios (Gibraltar e Groenlândia), que possuem um número de casos de coronavírus por 100.000 habitantes igual ou menor do que a Irlanda: Malta, Finlândia, Noruega, Itália, Hungria, Estónia, Letónia, Lituânia, Chipre, Eslováquia, Grécia, Mónaco e São Marinho.

O Governo irlandês divulgou a decisão durante a madrugada depois de uma longa reunião que começou na terça-feira à noite e que mostrou divisões internas entre os ministros que integram os dois grandes partidos irlandeses: o centrista Fianna Fáil e o democrata cristão Fine Gael, e os verdes. Alguns ministros consideravam que a nova medida pode provocar mensagens confusas aos cidadãos porque a posição oficial do Governo corresponde às determinações da Equipa Pública de Emergências de Saúde Pública (NPHET).

O organismo continua a defender que não se devem fazer deslocações ao estrangeiro, seja qual for o destino. “Se a recomendação sobre viagens para países incluídos na ‘lista verde’ não é diferente da dos outros países (sobre deslocações), então seria melhor que não houvesse uma ‘lista verde'”, alertou o vice-primeiro ministro e ex-chefe do Governo, o democrata-cristão Leo Varadkar.

Mesmo assim, o Executivo de Dublin, após a publicação da lista divulgou um comunicado referindo que “as recomendações sobre a saúde pública continuam a ser as mesmas” já que a pandemia “não acabou” acrescentando que “o mais seguro é não viajar”.

O Governo diz ainda que vai reforçar as medidas de vigilância à quarentena (14 dias) que devem ser cumpridas por todos os passageiros que entrem no país “desde qualquer destino”, mesmo que não esteja na lista, uma medida que também deve ser cumprida pelos residentes na República da Irlanda.

Dublin indicou ainda que vai rever a situação e a composição da “lista verde” dentro de duas semanas.

Os números oficiais mostram que não se registaram óbitos por Covid-19 nas últimas 24 horas naquele país. O número de mortos pela doença na República da Irlanda é 1.753 tendo-se detetado 36 novos contágios desde terça-feira. O número total de casos de covid-19 no país é de 25.802.

As autoridades sanitárias de Dublin alertaram que se verifica um aumento do “índice de reprodução do vírus” e o “aumento da incidência da doença entre os mais jovens”, uma situação que pode causar até 170 novos casos nas próximas semanas.

(Notícia atualizada às 9h25 com mais informação)

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Segurança Social investe 7,1 milhões em fundo sem obra

  • ECO
  • 22 Julho 2020

Segurança Social tem autorização para investir até 1,4 mil milhões em reabilitação. Todavia, ainda não foi feita qualquer obra em nenhum dos imóveis identificados para serem intervencionados.

O Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social investiu já um total de 7,1 milhões de euros no Fundo Nacional de Reabilitação do Edificado, um instrumento criado pelo Governo para reabilitar imóveis devolutos do Estado com o objetivo de os colocar, depois, no mercado do arrendamento, avança o Jornal Público (acesso pago).

Passados quatro anos desde a criação do Fundo Nacional de Reabilitação do Edificados as obras ainda não começaram em nenhum dos imóveis que foram identificados para integrar este fundo e ainda não existe uma data para pôr os primeiros alojamentos no mercado.

Segundo o Público, a Segurança Social tem autorização para investir até 1,4 mil milhões de euros neste fundo de reabilitação e desde 2017 que disponibiliza na lei do Orçamento do Estado uma autorização de transferência de 50 milhões de euros. “Foram sinalizados como disponíveis para potencial integração no FNRE, por parte do Estado, autarquias locais e outras entidades públicas ou do terceiro setor, um total de 780 imóveis, que já foram alvo de uma avaliação preliminar, tendo cerca de 170 sido considerados como potencialmente viáveis”, esclarece a Fundiestamo, entidade que gere este fundo.

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Hoje nas notícias: Segurança Social, Montijo e lixo

  • ECO
  • 22 Julho 2020

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

O fundo da Segurança Social já investiu 7,1 milhões de euros num instrumento criado pelo Governo para reabilitar imóveis públicos devolutos e os colocar no mercado do arrendamento, mas que ainda não fez qualquer obra. Também em destaque na imprensa nacional, o desafio do ministro Pedro Nuno Santos ao PSD para mudar a lei e permitir o avanço do aeroporto do Montijo sem o parecer favorável das autarquias da Moita e do Seixal.

Segurança Social investe 7,1 milhões em fundo que não fez uma única obra

O Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social investiu já um total de 7,1 milhões de euros no Fundo Nacional de Reabilitação do Edificado, um instrumento criado pelo Governo para reabilitar imóveis devolutos do Estado com o objetivo de os colocar, depois, no mercado do arrendamento. Porém, este último ainda não realizou qualquer obra, nem sequer as começou em nenhum dos imóveis identificados para serem intervencionados. Segundo o Público, a Segurança Social tem autorização para investir até 1,4 mil milhões de euros neste fundo de reabilitação e desde 2017 que disponibiliza na lei do Orçamento do Estado uma autorização de transferência de 50 milhões de euros.

Leia a notícia completa no Público (acesso condicionado).

Governo volta a desafiar PSD a mudar lei para viabilizar Montijo

O Governo não desiste de tentar mudar a lei que faz depender o avanço do novo aeroporto no Montijo ao parecer positivo e vinculativo de todos os municípios afetados pela infraestrutura. Numa altura em que Moita e Seixal continuam a opor-se a esta solução, o Executivo voltou a insistir com o PSD sobre a necessidade de proceder a essa alteração legislativa. No Parlamento, o ministro Pedro Nuno Santos foi claro: o Montijo “depende de uma de duas coisas: que os municípios deem pareceres favoráveis, o que até agora não houve disponibilidade”, ou “mudar a lei”.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso condicionado).

Media Capital acusa ERC de se deixar instrumentalizar pela Cofina

Dias depois de a ERC ter sinalizado que vai investigar as “mudanças relevantes” na estrutura acionista da Media Capital, eis que surge uma resposta da dona da TVI. O grupo enviou uma carta ao regulador dos media onde o acusa de se deixar instrumentalizar pela Cofina, a dona do Correio da Manhã, que esteve ao lado do empresário Mário Ferreira quando ambos tentaram comprar o grupo à Prisa no início do ano, um negócio que acabou por falhar. Entretanto, Mário Ferreira (que também é acionista do ECO) entrou mesmo na estrutura acionista da Media Capital, mas a relação com a Cofina tem vindo a degradar-se.

Leia a notícia completa no Público (acesso condicionado).

Lixo gerado pela Covid sem controlo

A poluição que tem sido gerada por resíduos relacionados com a pandemia é a manchete do Jornal de Notícias. Ninguém controla o aumento do lixo gerado pela pandemia, entre o qual se destacam as máscaras, luvas, batas e copos de plástico. Estes foram os tipos de resíduos que mais cresceram nos últimos meses, sendo que muitos destes produtos não podem ser reciclados e acabam por ser encaminhados para aterros comuns.

Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (ligação indisponível).

Basílio Horta quer reforçar urgência do Amadora Sintra

Com a possibilidade de uma segunda vaga de Covid-19, o presidente da Câmara Municipal de Sintra, Basílio Horta, quer reforçar o serviço de urgência do hospital Fernando Fonseca até outubro e aponta como prioridade garantir resposta hospitalar. “É preciso aumentar a urgência do Amadora-Sintra e estamos disponíveis para o fazer. A urgência já de si é limitada e vai ser necessário criar uma infraestrutura para aumentar a o serviço. Isso vamos ter de fazer seguramente. Até setembro ou outubro está pronta”, diz o presidente. Basílio Horta foca ainda na necessidade de preparar outras medidas para evitar que se repitam os “erros” do desconfinamento.

Leia a notícia completa no Diário de Notícias (acesso pago).

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Media Capital acusa ERC de ser instrumentalizada pela Cofina

Em carta enviada à ERC e ao Parlamento, a dona da TVI questiona a independência do regulador dos media em relação à Cofina quando fez um comunicado a anunciar investigação à sua estrutura acionista.

A Media Capital questiona a independência da Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC) em relação à Cofina, grupo dono do Correio da Manhã. Numa carta enviada àquela entidade reguladora, e que foi enviada também para os grupos parlamentares e para a 8ª comissão parlamentar (Cultura), o grupo dono da TVI considera mesmo que a Cofina “consegue instrumentalizar a ERC, atingindo o objetivo de lançar sobre a Media Capital suspeitas de irregularidades”. A acusação, direta e sem ambiguidades, é uma resposta ao anúncio da ERC, presidida por Sebastião Póvoas, de que está a investigar a estrutura acionista da Media Capital e uma eventual mudança de poder.

Nesta carta, datada de 20 de julho a que o ECO teve acesso, Hermes Pato, diretor jurídico e secretário geral da Media Capital, pede para ser informado sobre “o órgão que tomou a deliberação — ou o cargo de que emanou a decisão — que está na base da elaboração do comunicado da ERC [de 17 de julho], bem como a base da deliberação/decisão e a respetiva fundamentação”. É que o referido comunicado não está assinado, como nota a Media Capital.

No passado dia 17, a ERC divulgou em comunicado — e deu conhecimento à Media Capital, através do chefe de gabinete do presidente do regulador — que estaria a “avaliar o âmbito” de mudanças acionistas, a configuração da nova posição e respetivas consequências em eventual “alteração não autorizada de domínio” da empresa, que poderia mesmo resultar em medidas contraordenacionais, até a perda de licença de televisão. E cita, para isso, o artigo 72ª da Lei da Televisão e dos Serviços Audiovisuais a Pedido, que se reporta… à atividade ilegal de televisão. Ora, como refere a Media Capital, “a invocação dessa disposição afigura-se bizarra e sem sentido”, “uma interpretação que já causou danos no nosso grupo de comunicação social (…) pelo estrondo causado na opinião pública”. Em causa nesta suposta investigação estará a entrada de Mário Ferreira no capital na companhia, com cerca de 30%, mantendo a Prisa cerca de 65% das ações.

“Trata-se de um comunicado de enorme gravidade”, escreve a Media Capital nesta carta. Desde logo, porque a ERC não desencadeou qualquer auscultação prévia da própria empresa. Depois, acrescenta a empresa dona da TVI, “porque a Media Capital e as suas participadas como a TVI são livres de proceder às escolhas das pessoas que melhor entendem estarem em condições de desempenhar funções no âmbito dos órgãos sociais ou na estrutura dos seus quadros dirigentes”.

Para a Media Capital, sem que haja razões para esta iniciativa da ERC, há uma explicação: “Não podemos ignorar que a causa próxima do mesmo teve a ver com a publicação de notícias especulativas e infundadas difundidas por órgãos de comunicação social que pertencem ao grupo Cofina”.

A Media Capital recorda o interesse público e notório da Cofina na Media Capital, mesmo depois de ter desistido da OPA lançada sobre a empresa de media que tem a TVI, a Plural e a Rádio Comercial. “Cerca de duas horas depois de publicadas notícias infundadas e especulativas, a Cofina conseguia (…) que o regulador publicasse um comunicado (…) que merece a nossa veemente crítica”. Assim, acrescenta a Media Capital.

Nesta carta enviada também aos deputados, a Media Capital detalha que a Prisa não abdicou em nenhum momento do poder que decorre de controlar cerca de 65% do capital e que no conselho de administração, que tem reunido todas as semanas, há seis elementos, dos quais cinco são espanhóis (o único português é o administrador delegado, Manuel Alves Monteiro). Além disso, a Media Capital recorda que desde a entrada de Mário Ferreira no capital da Media Capital, não se realizou qualquer assembleia geral, portanto, “não lhe foi dado ainda o ensejo de poder ver traduzidos os seus direitos sociais em direito a participação na administração da empresa”.

A Media Capital critica de forma dura o comunicado da ERC também porque “levanta suspeitas na praça pública relativamente a uma empresa cotada em bolsa e, portanto, de interesse público”. E é por isso que a Media Capital “espera que a situação seja corrigida e seja esclarecida a breve trecho”.

A ERC é presidida por Sebastião Póvoas, Mário Mesquita é o vice-presidente e tem três vogais: Francisco Azevedo e Silva, Maria de Fátima Lima e João Pedro Figueiredo.

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Geração Z e millennials estão mais otimistas, apesar do impacto da pandemia

As gerações nascidas entre 1981 e 2012 estão a sofrer o impacto negativo da pandemia nas vidas profissionais. Muitos ficaram sem emprego, enquanto os restantes querem agora ficar mais tempo.

Três em cada dez pessoas da Geração Z perderam o emprego ou estão em situação de licença temporária não remunerada, devido à pandemia. Entre os millennials, a percentagem é ligeiramente inferior (um em cada quatro). Apesar do impacto negativo da crise da Covid-19 na situação profissional, estes jovens estão mais otimistas quando pensam no futuro e procuram ter um impacto positivo no mundo.

Estas são algumas das conclusões do estudo Deloitte Millennial Survey 2020, da Deloitte, sobre os millennials, nascidos entre 1981 e 1999, e a Geração Z, dos jovens nascidos entre 1995 e 2012.

Os jovens destas duas gerações são resilientes e querem aproveitar a adversidade para construir um mundo melhor, revela o estudo. Por isso, procuram num emprego um desafio profissional e empresas que tenham uma cultura de flexibilidade laboral e, principalmente, políticas de impacto social e humano.

As alterações climáticas surgem como uma questão crítica para os millennials e os jovens da Geração Z, antes e durante a crise da Covid-19, refere a consultora. Antes da pandemia, metade dos entrevistados disse ser tarde demais para reparar os danos causados pelas alterações climáticas, mas quatro meses depois, os millennials parecem estar mais otimistas relativamente ao futuro do planeta.

Jovens estão preocupados com a saúde mental

Devido ao confinamento e à suspensão da atividade profissional para alguns jovens, os níveis de stress apontados pelos jovens diminuíram na versão mais recente do estudo, revela a Deloitte.

Já antes da pandemia, 50% dos millennials e 52% da Geração Z, afirmavam sentir sintomas de stress durante a maior parte do tempo de trabalho, sendo as principais fontes de preocupação o bem-estar da família, o impacto financeiro a longo prazo e as perspetivas de emprego. 61% millennials acredita que a situação financeira pode piorar ou estagnar este ano, revela o inquérito.

A crise pandémica alterou de forma substancial a forma como olhamos para o mundo do trabalho com os jovens trabalhadores, a darem sinais de algum otimismo e vontade de melhorar as empresas, as comunidades em que se inserem e contribuir para a construção de um mundo melhor.

Nuno Carvalho

partner da Deloitte

Apesar de sentirem menos stress devido à pandemia, estas gerações estão mais alerta para questões como a saúde mental no trabalho. 69% dos millennials e 64% da geração Z, consideram que acordos de trabalho flexível e a opção do teletrabalho, podem ajudar a reduzir o stress no futuro.

Mais millennials querem ficar no atual empregado cinco ou mais anos

Na primeira fase do estudo, 51% dos millennials afirmaram que o mundo dos negócios é uma força positiva e apostada em fazer o bem, menos do que os 76% de há três anos e do que os 55% registados o ano passado. No pós-pandemia, os números continuam a cair para 41% nos millennials e 43% na Geração Z.

Apesar disso, os jovens parecem estar mais leais às empresas. Pela primeira vez desde o início deste estudo, em 2016, há mais millennials a afirmarem que desejam ficar com os seus atuais empregadores por cinco ou mais anos, do que aqueles que respondem que querem sair dentro de dois anos. Já na Geração Z, mais de 50% afirma que pretende trocar de emprego dentro de dois anos.

Quase três quartos dos inquiridos garante que “a pandemia os tornou mais empáticos relativamente às necessidades dos outros“, por isso admitem que no futuro querem ter um impacto positivo nas comunidades em que se inserem, revela o inquérito.

“A crise pandémica alterou de forma substancial a forma como olhamos para o mundo do trabalho com os jovens trabalhadores, que foram particularmente atingidos pelo confinamento, a darem sinais de algum otimismo e vontade de melhorar as empresas, as comunidades em que se inserem e contribuir para a construção de um mundo melhor. Millennials e Geração Z demonstram que são gerações resilientes e que é neles que está a solução para um problema que é de todos”, sublinha Nuno Carvalho, partner da Deloitte, citado em comunicado. O relatório reuniu 18.426 respostas de jovens destas gerações, em 43 países.

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5 coisas que vão marcar o dia

Na política, a Lei de Enquadramento Orçamental vai a votos na especialidade, enquanto o PR recebe os partidos para discutir as eleições dos Açores. Nos apresenta resultados relativos ao 1.º semestre.

Esta quarta-feira, o dia será marcado pela votação na especialidade da alteração à Lei de Enquadramento Orçamental. Ainda no plano político, o Presidente da República vai receber os partidos com assento parlamentar para debater as eleições regionais dos Açores, enquanto o secretário de Estado Adjunto das Telecomunicações vai ser ouvido sobre a concorrência no setor das telecomunicações e os seus efeitos na implementação do 5G. A nível empresarial, a Nos apresenta os resultados financeiros relativos ao primeiro semestre.

Votada proposta de alteração à LEO

A proposta de alteração à Lei de Enquadramento Orçamental (LEO) vai ser votada na especialidade esta quarta-feira na Comissão de Orçamento e Finanças (COF), depois de ter sido adiada a sua votação. A ser aprovada, uma das mudanças que esta lei traz é que o Orçamento do Estado seja apresentado até 10 de outubro.

Marcelo recebe partidos para discutir eleições regionais dos Açores

O Presidente da República vai receber os partidos com assento parlamentar na Assembleia da República para discutir as eleições regionais dos Açores. Estas eleições deverão decorrer em outubro deste ano, embora o Chefe de Estado ainda não tenha definido uma data para a sua realização.

Secretário de Estado Adjunto e das Comunicações ouvido na AR

O secretário de Estado Adjunto e das Comunicações, Alberto Souto de Miranda, vai ser ouvido na Comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação “a propósito da concorrência no setor das telecomunicações e os seus efeitos na implementação do 5G em Portugal”. Esta audição ocorre numa altura que já há novo calendário para o processo 5G, com a Anacom a prever arrancar com o leilão em outubro, concluí-lo em dezembro e finalizar a atribuição dos direitos de utilização das frequências até fevereiro de 2021.

Nos apresenta resultados do primeiro semestre

A Nos apresenta os resultados financeiros relativos ao primeiro semestre desde ano. Nos primeiros três meses deste ano, a empresa de telecomunicações registou prejuízos de 10,4 milhões de euros, que comparam com os lucros de 42,5 milhões de euros registados no mesmo período do ano anterior. A companhia liderada por Miguel Almeida justificou a queda com “os efeitos da pandemia Covid-19, pelo aumento de custos não recorrentes, nomeadamente o aumento de provisões para fazer face ao aumento de dívidas incobráveis”.

PE em Portugal faz ponto da situação do dinheiro da Europa

O Parlamento Europeu em Portugal organiza um briefing online para comunicar o plano de recuperação para combater a crise provocada pela pandemia, bem como, o novo quadro plurianual (2021-2027) para a União Europeia. Na terça-feira de madrugada, os 27 líderes dos Estados-membros da UE chegaram a acordo quanto à composição de um fundo de 750 mil milhões de euros, sendo que segundo o primeiro-ministro Portugal irá receber uma verba superior a 15 mil milhões de euros em subsídios a fundo perdido e mais de 10 mil milhões em empréstimos.

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Portugal 100% neutro em carbono por um dia. Num ano, BP quer compensar dois milhões de toneladas de CO2

Para mitigar a totalidade das emissões dos combustíveis que vende em Portugal, a BP vai adquirir créditos de carbono lá fora. Aos preços atuais, a fatura desta compensação seria de 54 milhões de euros

Esta quarta-feira, 22 de julho, Portugal será 100% neutro em carbono. Durante 24 horas, não serão lançados para a atmosfera 27.000 kg de CO2, de um total de cerca de 20 milhões de toneladas de gases poluentes que todos os anos o país emite. Este é o objetivo assumido pela petrolífera BP para marcar o arranque do projeto pioneiro Drive Carbon Neutral, lançado pela empresa em Portugal e único em todo o mundo: ser a primeira marca de combustíveis a compensar, durante 12 meses, a totalidade das emissões de CO2 dos abastecimentos dos seus clientes de todos os tipos de combustível de gasolina, gasóleo e GPL. No início do ano, a petrolífera tinha já assumido o compromisso de atingir a neutralidade carbónica até 2050.

Tendo chegado em 2020 à marca de 500 postos de abastecimento no país, a BP estima que num ano os combustíveis que vende em Portugal sejam responsáveis por dois milhões de toneladas de carbono (o equivalente a 400.000 carros a circular nas estradas), e é isso que propõe compensar a partir desta data, através da compra de créditos de carbonos gerados a partir de projetos globais que financiam a utilização de energias renováveis, baixo carbono e a proteção das florestas, no âmbito do programa global da empresa BP Target Neutral.

A empresa não revela o valor investido em créditos de carbono neste projeto de compensação de emissões em Portugal (que depende muito da data de aquisição e da capacidade negocial da BP no mercado), mas nos últimos 14 anos já gastou mais de 24 milhões de euros para mitigar 6 milhões de toneladas de carbono. Os futuros dos créditos de carbono negociavam, esta terça-feira, 26,85 euros por tonelada de CO2 no mercado europeu, de acordo com dados da Reuters. Só para dar um exemplo, e fazendo as contas a este valor indicativo, para compensar estes dois milhões de toneladas de CO2 em Portugal a BP teria de desembolsar quase 54 milhões de euros.

Pedro Oliveira, presidente da BP Portugal, confirmou apenas que se trata de um investimento “assustadoramente elevado”, que não será refletido nos preços dos combustíveis vendidos em Portugal. Ou seja, saber que se vai poluir menos quando se enche o depósito na bomba não sairá mais caro aos clientes.

Para a petrolífera, além da taxa de carbono paga através do ISP, a mitigação das emissões através de créditos de carbono devia ser “obrigatório por lei” para toda a indústria petrolífera, quase como uma “licença para operar“, defendeu o presidente da BP Portugal, num encontro com jornalistas. No entanto, para já, não existam programas de compensação de emissões de carbono certificados em Portugal, um cenário que querem reverter.

“O que é preciso para esta iniciativa ser bem-sucedida? Sermos um elemento de tração para o mercado e que todos os operadores façam a mesma coisa, incorporem na sua proposta de valor as externalidades associadas às emissões na mobilidade, que representa apenas 25% das emissões, face à área residencial (40%), industrial (35%). O transporte privado representa 5 a 7% das emissões do mundo”, diz o responsável da BP em Portugal.

Fogões eficientes no México e plantação florestal na Zâmbia compensam emissões

E se neste momento os créditos de carbono comprados são provenientes apenas de projetos lá fora (sobretudo na América Latina e em África), um dos grandes objetivos da BP é ver nascer em Portugal um projeto que cumpra todos os requisitos e possa ser elegível para este programa. “Queremos muito que isto aconteça e vamos trabalhar para isso. Seria a cereja no topo do bolo”, diz Pedro Oliveira, garantindo que a empresa está recetiva a todos os projetos nacionais que queiram apresentar as suas candidaturas ao programa BP Target Neutral para virem a ser apoiados pela petrolífera.

“Têm de ser projetos certificados, incrementais (que não estejam já em pipeline), sem fins lucrativos, que comprovadamente reduzem emissões e melhoram qualidade de vida das populações, que emitem os seus créditos de carbono que são depois comorados pela BP”, frisou o responsável.

Para já, o projeto vai incluir as emissões de todos os veículos particulares, mas os clientes com frota empresarial ficarão de fora, já que o projeto não inclui os combustíveis adquiridos através dos cartões BP Plus. Para contribuírem para a compensação das suas emissões, diz Pedro Oliveira, presidente da BP Portugal, “os condutores não precisam de subscrever, comprar um combustível especial ou aderir a um programa de fidelização”

“Sabemos que os nossos clientes desejam reduzir as emissões de carbono, mas também sabemos que há momentos em que precisam de conduzir para o trabalho, ir às compras ou para visitar amigos e familiares. O programa Drive Carbon Neutral ajuda-os a desempenhar o seu papel na jornada do mundo para a neutralidade carbónica. Hoje estamos a compensar o equivalente às emissões de todos os condutores particulares em Portugal. A partir de amanhã, apenas estará disponível para condutores que abasteçam na BP”, disse o responsável, acrescentando: “Hoje a BP paga a festa toda, a partir do dia seguinte será só só para para os seus convidados”.

A ideia é acelerar a redução de emissões onde é mais fácil e eficaz. “Reduzir emissões é sempre bom, não vale a pena discutir. Reduzir emissões é fácil, mas reduzir emissões sem comprometer a qualidade de vida é difícil, sobretudo na mobilidade. O conteúdo energético de uma unidade de combustível fóssil na mobilidade é algo que ainda é muito difícil de substituir de maneira económica e sustentável. O grande adversário à redução das emissões na mobilidade é a força do conteúdo energético do combustível fóssil, a sua transportabilidade, a logística associada”, disse Pedro Oliveira num encontro com jornalistas.

A diretora internacional do BP Target Neutral, garante que os créditos de carbono usados para compensar as emissões dos combustíveis vendidos em Portugal “provêm de projetos de redução de carbono que são verificados e selecionados de forma independente por um painel de ONG. Ao longo dos últimos 14 anos ajudámos clientes a compensar 6 milhões de toneladas de carbono, angariando mais de 24 milhões de euros para projetos de redução de carbono em todos o mundo”.

Andrea Abrahams acrescenta que os condutores que beneficiam do programa Drive Target Neutral em Portugal estarão a apoiar uma série de programas que incluem atualmente um projeto de instalação de fogões eficientes no México e um projeto de proteção e plantação florestal na Zâmbia. “Estes projetos não só reduzem as emissões de carbono como também proporcionam benefícios de subsistência em linha com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. No ano passado, apoiámos um portfólio que ajudou mais de 1.2 milhões de pessoas no acesso a melhores cuidados de saúde, providenciou formação e educação a mais de 8.000 pessoas e protegeu mais de 40.000 hectares de floresta”.

O projeto levou quase um ano a ser preparado. “Estamos conscientes que vai ser altamente escrutinado, por isso tentámos desenhar isto para ser à prova de bala”, garante Pedro Oliveira, antevendo as acusações de greenwashing que se avizinham por parte de organizações ambientais. O responsável lembra que a BP também marca presença nos veículos elétricos (quer chegar a 30 carregadores até ao final do ano) e nas renováveis (estando de olho nos leilões do solar que se vão realizar este ano em Portuhgal), tendo já comprado a maior rede de carregadores elétricos da Europa, Charge Master, metade do maior promotor de energia solar ao nível europeu e do maior produtor de energia eólica dos EUA.

Para chegar ao número anual de emissões de carbono com base nas vendas anuais de combustível projetadas em Portugal, a BP calculou a equivalência baseada numa distância de viagem anual de 15.000 km/ano e uma economia de combustível de 35,5 km por 3,79 litros: um carro a gasolina emitirá 4,8 toneladas de CO2 (numa base ‘well to wheel’, ou seja, do poço de petróleo ao tubo de escape). Os cálculos foram feitos com base nas vendas diárias médias de julho de 2019 como relatado pela Direção Geral de Energia para todos os combustíveis de gasóleo, gasolina e GPL.

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#Episódio 3. O porteiro espanhol recrutado por Salgado que custou 300 milhões à Venezuela

Salgado mandou recrutar um venezuelano para se fazer passar por dirigente da PDVSA. Um porteiro conseguiu desbloquear várias contas no BES para investir em dívida da ESI que passou para a Rioforte.

Ricardo Salgado

A história tem ingredientes de um verdadeiro filme de Hollywood, em que Ricardo Salgado assume o papel principal num enredo que começa com o roubo de identidade a um porteiro espanhol, desenvolve-se com documentos forjados e reuniões inventadas, e acaba com a Petroleos da Venezuela SA (PDVSA) a perder mais de 300 milhões de euros com a falência da Rioforte, em 2014.

No início daquele ano, já com a ESI em dificuldades financeiras, Ricardo Salgado montou um esquema para ter acesso a fundos da PDVSA depositados no BES, que seriam aplicados em obrigações da Rioforte, ficcionando para isso um concurso lançado pelo grupo petrolífero venezuelano para a gestão de um fundo de ativos e de uma carteira de investimentos no valor acima de 3,5 mil milhões. Toda a ação é contada pelo Ministério Público no despacho de acusação no âmbito da investigação “Universo Espírito Santo”.

A tese é esta: para executar o plano, o ex-líder do BES mandou João Alexandre Silva, ex-diretor da sucursal do banco na Madeira, recrutar um cidadão venezuelano para se fazer passar por dirigente do grupo venezuelano. Foi “contratado” José Trinidad Márquez, que assumiu a identidade de Domingos Galan Macias, cidadão espanhol, porteiro de profissão, e que “interveio em todo o processo apresentando-se como representante da PDVSA, o que era falso”, conta o Ministério Público — Domingos Galan Macias existe mesmo e colocou uma queixa às autoridades espanholas contra José Trinidad Márquez por roubo de identidade.

Foi através deste pretenso dirigente da companhia venezuelana que Ricardo Salgado conseguiu desbloquear várias contas de depósitos que a PDVSA tinha no BES para investir em obrigações da ESI, depois roladas em obrigações da Rioforte, segundo a acusação.

“Sob a égide e controlo de Ricardo Salgado, e com a participação de João Alexandre Silva, e à revelia dos órgãos de governo das empresas PDVSA, iniciou-se um processo de produção de documentos forjados para fazer crer aos serviços do BES a existência do referido concurso lançado pela PDVSA“, refere o Ministério Público, explicando todos os passos de um esquema que acabou mal para todos.

Documentos forjados, concurso simulado

Já depois de contactada pelo falso responsável da PDVSA, nos primeiros dias de abril de 2014, a ESAF (gestora de ativos do BES) elaborou uma proposta de contrato entre o grupo BES e a PDVSA que Ricardo Salgado entregou em mão a José Trinidad Marquez, “este identificando-se como Domingos Galan Macias e representante da PDVSA, o que aquele bem sabia ser falso”.

Dias depois, “a mando de Ricardo Salgado, foram forjados documentos relativos a uma assembleia extraordinária da PDVSA, datados de 30 de abril de 2014, e em que se fez constar que, na sequência de um processo de convite a um conjunto de entidades bancárias internacionais para gerirem posições financeiras da PDVSA fora da Venezuela, aquela proposta do BES, preparada em nove dias, tinha saído vencedora”.

O Ministério Público conta que Salgado simulou um concurso em que BES ganhou a corrida a grandes bancos internacionais como a UBS, o BSI e a Mitsubishi UFJ. “O que era falso já que estas entidades não receberam em 2014 qualquer convite da PDVSA para aquele efeito”.

Naquela assembleia extraordinária, Ricardo Salgado não quis deixar nenhuma ponta solta. Determinou ainda que o “ingeniero” Domingos Galan Macias, dirigente da divisão de engenharia do departamento técnico, teria sido o nome indicado por Rafael Ramirez, presidente da junta diretiva da PDVSA e ministro dos Petróleos da Venezuela, para atuar como representante da companhia e como gestor do projeto no contrato. “Seria responsável pela abertura de contas, preparação de documentos e contratos com o BES, e mandatado para aconselhar o BES em tudo o que fosse necessário, para além de ser o responsável pela entrega da carta oficial de adjudicação ao BES” e a quem o BES “pagaria um conjunto de verbas a título de comissão de adjudicação para contas tituladas por Domingos Galan que faria chegar tal dinheiro à PDVSA”, explica a acusação.

A “feliz notícia” de que o BES ganhou o concurso da PDVSA chegou à comissão executiva do BES a 7 de maio. Nesse dia, José Trinidad Marques viajou de Madrid na companhia de João Alexandre Silva para participar na reunião do BES em que estiveram presentes, além de Ricardo Salgado, os administradores António Souto, Jorge Martins, Rui Silveira, Joaquim Goes, Amílcar Morais Pires, João Freixa e Stanislas Rives.

Nessa reunião, coube ao diretor da sucursal madeirense a “responsabilidade de, falsamente, e conforme instruído por Ricardo Salgado, apresentar como exigência da PDVSA para a adjudicação daquele contrato a autorização do BES à descativação dos saldos bancários que garantiam os empréstimos concedidos pelo banco” às operações da companhia (trade finance).

Sem saber o que estava exatamente no contrato, os membros da comissão executiva aprovaram as propostas feitas e deliberaram delegar poderes em “Ricardo Salgado para representar o banco na assinatura do contrato de gestão de carteira com a PDVSA”.

Nesse mesmo dia, depois das 17h00, os serviços da administração do BES receberam um outro documento datado de 5 de maio, “também forjado por instruções de Ricardo Salgado, com autoria imputada a Rafael Ramirez (presidente da PDVSA), e pelo qual este, em nome da PDVSA, comunicava ao BES a adjudicação direta e irrevogável da gestão dos ativos da PDVSA no montante de 3.550 milhões de euros”.

A derrocada

No dia seguinte, a 8 de maio, com a descativação dos depósitos do grupo PDVSA que serviam de garantia aos empréstimos feitos junto do banco, foram transferidos cerca de 260 milhões de euros para outras contas do grupo na SFE e no BES Luxemburgo.

Foi com este dinheiro, segundo a acusação do Ministério Público, que João Olavo Silva, “atuando como gestor discricionário dos interesses bancários do grupo PDVSA na SFE, em nome da PDVSA e PDVSA Services, mas à revelia dos representantes destas sociedades, tomou obrigações da ESI, com maturidade em 19 de maio, data em que seriam roladas para obrigações da Rioforte”.

“A tomada daquelas obrigações ESI, possibilitada pela libertação dos saldos das contas da PDVSA, foi efetuadas sem instruções prévias da direção financeira da PDVSA, sendo as respetivas ordens de subscrição assinadas apenas a 14 e 20 de maio”, explicam os magistrados.

Entretanto, Ricardo Salgado conseguiu convencer os representantes da PDVSA a tomar dívida da Rioforte, já depois de o conselho de administração da Rioforte ter autorizado o aumento do limite de endividamento em mil milhões, para 4,5 mil milhões. E, a 19 de maio, aquelas obrigações da ESI (tomadas pela PDVSA sem o consentimento dos responsáveis venezuelanos) foram roladas em obrigações emitidas pela Rioforte.

Mais tarde, os venezuelanos, “por decisão dos seus legais representantes, convencidos da solidez da situação patrimonial da emitente”, reforçaram os investimentos em obrigações da Rioforte que nunca vieram a ser pagas de volta.

Com a falência desta sociedade (pediu proteção contra credores a 22 de julho de 2014), arrastada pelos problemas da ESI, “as obrigações tomadas pelas sociedades do grupo PDVSA não foram reembolsadas, gerando-lhe o prejuízo total de 330 milhões de euros”.

Em relação a José Trinidad Marquez, Ricardo Salgado diligenciou pelo pagamento das “recompensas prometidas”, seguindo os procedimentos que constavam dos “documentos forjados a seu mando, como se documentos elaborados pelos serviços da PDVSA se tratassem”.

“Entre 3 de abril e 3 de julho, por ordem de Ricardo Salgado, foram então pagos a José Trinidad Marquez, que usurpava a identidade de Domingo Galan Macias, o valor total de 4,5 milhões de euros“.

Este artigo faz parte de uma série de episódios da “Novela BES” e que contam os bastidores, os negócios, as intrigas, as alianças e as traições que marcaram a queda do Grupo Espírito Santo. As histórias e os relatos têm por base a informação do despacho de acusação anunciado pelo Ministério Público no dia 14 de junho de 2020, no âmbito da investigação ao “Universo Espírito Santo”.

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“Se já não havia para os táxis, não sei se vai haver para” Ubers, alertam os táxis

A partir de agora, a Uber "funciona" em todo o país. Mas, sem a criação de incentivos, será difícil ter carros em muitas regiões: "Se já não havia para os táxis, não sei se vai haver para eles."

A Uber vai alargar a operação a todo o território nacional, permitindo agora que os motoristas e parceiros levem a cabo o transporte de passageiros em qualquer região de Portugal. Até aqui, a Uber estava apenas disponível em duas dezenas de cidades portuguesas com maior dimensão, do Algarve a Viana do Castelo, de Lisboa a Portalegre, passando por muitas outras.

A empresa entra, deste modo, numa rota de colisão mais acentuada com os táxis. Mas, do lado deste setor, a dúvida prende-se com a rentabilidade, sobre a qual têm dúvidas.

Para Florêncio de Almeida, presidente da Antral, “era de esperar que fossem alargar onde pudessem”. Mas acrescenta: “Não acredito que nas aldeias mais pequenas vão ter rentabilidade. Se já não havia para o táxi, não sei se vai haver para eles”, remata o responsável setorial.

Não acredito que nas aldeias mais pequenas vão ter rentabilidade. Se já não havia para o táxi, não sei se vai haver para eles.

Florêncio de Almeida

Presidente da Antral

Já a Federação Portuguesa do Táxi (FPT) tem dúvidas semelhantes. “Eu não vejo que possa ser rentável. O próprio setor do táxi já está há tantos anos no interior do país, em zonas mais rurais. E se até para o táxi está mais complicado, não vejo como pode haver interesse para as plataformas operarem nesses meios”, afirma Ana Rita Silva, vice-presidente desta que é outra entidade representante do setor.

“No nosso entender, [esta decisão] só revela que o mal alastra sem controlo e sem a contingentação municipal que nos foi prometida”, destaca a responsável setorial, garantindo que essa foi uma das promessas do Governo aos taxistas na sequência da manifestação de 2018. A contingentação é a prática de limitar a oferta de motoristas num determinado município e tem sido uma bandeira do PCP nesta matéria, bem como uma das principais exigências do setor do táxi. “Foi pedido para que este poder passasse para as autarquias na altura da manifestação. Foi-nos prometido que iria para a frente”, assegura.

Até aqui, o táxi era a única alternativa disponível para o transporte de passageiros do ponto A ao ponto B em muitas regiões onde a Uber não estava presente. Eventualmente, a Uber atrairá um público mais jovem, enquanto o táxi, por ser a opção mais tradicional, continuará a fazer as preferências das camadas mais seniores da população.

Disponível é uma coisa, ter carros é outra

A Uber justificou esta expansão indiscriminada por “permitir mais oportunidades económicas aos motoristas e populações locais e para incentivar os portugueses a explorarem território nacional”. E abre a porta a decisões semelhantes por parte das outras plataformas eletrónicas de transporte, que, de resto, já cobrem uma “fatia” relevante da população neste mercado cada vez mais maduro.

É certo que, ao alargar a operação desta forma, o serviço vai passar a estar disponível em centenas de locais onde ainda não estava presente. Falamos de pequenas cidades a vilas de norte a sul do país, mas também das regiões autónomas. E há vários anos que habitantes destes locais anseiam pela chegada da aplicação.

Mas haverá uma razão para a Uber não ter tomado esta decisão mais cedo. Até aqui, os lançamentos da Uber são organizados de forma a garantir que a empresa dispõe de motoristas em cada cidade. Isso é feito através de trabalho no terreno, com angariação local de motoristas e de parceiros, e a criação de incentivos a quem conduz e de descontos a quem é conduzido. Por outras palavras, apesar do alargamento da operação a todo o país, será difícil — ou mesmo impossível — ter carros em todos os locais.

O diretor-geral da Uber Portugal sabe isso e admite-o numa entrevista ao Público. “Por exemplo, na ilha do Pico [Açores], não garantimos que possa haver já uma viagem dia 14, mas garantimos que caso exista um parceiro TVDE [Transporte em Veículo Descaracterizado ou alguém que tenha interesse em obter a licença na ilha, vai poder passar a fazer esse serviço”, afirmou.

O ECO contactou a Bolt e a Free Now para saber se estas empresas tencionam expandir a operação a todo o território nacional. Ainda não tinha recebido resposta da Free Now a tempo de publicação deste artigo, enquanto a Bolt escusou-se a comentar.

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Famílias congelam juros da casa durante cada vez mais tempo

Nos contratos de créditos à habitação a taxa fixa celebrados no ano passado, o prazo médio foi de 25 anos, um acréscimo de mais de dois anos e meio face ao verificado no ano anterior.

mais portugueses a trocar o incerto pelo certo e a deixarem-se seduzir pelo crédito à habitação de taxa fixa. E na hora de contratar estão a preferir também “congelar” por mais tempo os respetivos encargos mensais com a casa. Nos contratos de créditos à habitação a taxa fixa celebrados no ano passado, o prazo médio escolhido foi de 25 anos, um acréscimo de mais de dois anos e meio face ao verificado no ano anterior.

“Nos contratos a taxa fixa não relacionados com a regularização de situações de incumprimento, o prazo médio foi de 25 anos, uma duração superior à de 2018 (22,4 anos)”, refere o Banco de Portugal no Relatório de Acompanhamento dos Mercados de Retalho de 2019.

Esse acréscimo na maturidade média dos empréstimos de taxa fixa dá seguimento a uma tendência que já tinha sido reportada no relatório referente ao ano anterior. De 2017 para 2018, a maturidade média já tinha crescido de 22 para 22,4 anos.

Tal acontece num período marcado por níveis historicamente reduzidos dos juros de referência, com muitos portugueses possivelmente a procurarem tirar partido dessa circunstância para fixar o valor dos encargos mensais com a casa em níveis mais baixos.

Mas também não será indiferente ao reforço da aposta dos próprios bancos na oferta de soluções de crédito à habitação de taxa fixa, com enfoque sobretudo em prazos mais dilatados e em concreto em maturidades a 30 anos.

Depois de o BPI ter relançado a sua solução de crédito à habitação de taxa fixa a 30 anos no final de 2018, outros dois grandes bancos se lançaram nesta oferta. Mas em específico, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) e o Novo Banco que no início do ano passado também começaram a disponibilizar crédito à habitação de taxa fixa a 30 anos. Para além desses três bancos, o único a permitir esticar a fixação da taxa de juro do empréstimo da casa por um prazo tão prolongado é o Bankinter, enquanto o Montepio fica-se pelos 25 anos.

A busca por encaminhar os clientes para as soluções de crédito da casa de taxa fixa resulta do facto de nesta tipologia de financiamento os bancos tenderem a ser melhor remunerados face ao que acontece com a taxa variável.

Prova disso mesmo é o diferencial dos custos entre a taxa fixa e a taxa variável registada nas contratações de crédito celebradas no ano passado. Nos novos contratos a taxa variável a TAEG média foi de 2,6%, um valor inferior face aos 3,4% que se verificou nos novos contratos de taxa fixa.

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