Covid-19: Polónia lança programa de 47 mil milhões para ajudar economia

  • Lusa
  • 18 Março 2020

"O valor estimado do programa é de 47 mil milhões de euros", isto é, cerca de 10% do orçamento do Estado do país, explicou na ocasião o chefe do executivo polaco.

O Governo polaco anunciou esta quarta-feira um programa de 47 mil milhões de euros para ajudar a economia do país confrontada com a pandemia do novo coronavírus.

Composta por cinco áreas-chave de ajuda, salvaguarda de empregos, empresas, serviços públicos de saúde, estabilidade financeira e investimento público, este “escudo anti-crise” foi apresentado numa conferência de imprensa conjunta, em Varsóvia, pelo Presidente polaco, Andrzej Duda, e pelo primeiro ministro, Mateusz Morawiecki.

“O valor estimado do programa é de 47 mil milhões de euros”, isto é, cerca de 10% do orçamento do Estado do país, explicou na ocasião o chefe do executivo polaco.

Este programa, que deverá ser rapidamente transposto e legislado, vai ser financiado através de fundos próprios do orçamento de Estado, através de uma política de crédito menos restritiva, por fundos das agência estaduais e por programas de ajuda do banco central da Polónia.

“São fundos independentes de qualquer ajuda europeia”, disse Morawiecki, adiantando que, apesar das previsões já feitas,o país “não vai conseguir evitar um défice orçamental”, sem dar mais detalhes sobre o assunto.

Entre as medidas avançadas, está previsto o Estado assumir o pagamento parcial dos salários dos trabalhadores das empresas em dificuldades.

Também haverá uma ajuda em termos de empréstimos, uma ajuda direta aos trabalhadores independentes e medidas de alívio no pagamento de royalties e mesmo de deferimento de impostos.

No orçamento para 2020, aprovado antes da crise da pandemia do novo coronavírus, o Governo polaco previa um crescimento económico de 3,7% e uma inflação média anual de 2,5%.

O país, que pertence à União Europeia, mas que não faz parte da zona do euro, registava esta quarta-feira cerca de 250 de pessoas infetadas com o novo coronavírus e cinco mortes.

Mais de 200 mil pessoas estavam infetadas em todo o mundo pelo novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, das quais mais de 8.200 morreram. Das pessoas infetadas, mais de 82.500 recuperaram da doença.

O surto começou na China, em dezembro, e espalhou-se já por 170 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

No total, desde o início do surto, em dezembro passado, as autoridades da China continental, que exclui Macau e Hong Kong, contabilizaram 80.894 infeções diagnosticadas, incluindo 69.601 casos que já recuperaram, enquanto o total de mortos se fixou nos 3.237.

O número de infetados ativos no país fixou-se em 8.056, incluindo 2.622 em estado grave. Os países mais afetados depois da China são Itália, com 2.503 mortes para 31.506 casos, Irão, com 1.135 mortes (17.350 casos), Espanha, com 558 mortes (13.716 casos) e França com 175 mortes (7.730 casos).

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Santander isenta todas as comissões nos pagamentos online

O banco vai isentar, pelo menos durante um mês as operações de pagamentos efetuadas através dos canais digitais, bem como vai emitir gratuitamente cartões com contactless.

À semelhança do que outros bancos têm vindo a fazer, também o Santander vai deixar de cobrar comissões em alguns dos seus serviços durante esta fase crítica da crise do coronavírus. Aos particulares vai isentar os pagamentos feitos através das suas plataformas digitais e emitir cartões com contactless também sem encargos para os clientes.

“No seu propósito de apoiar as empresas e as pessoas, o Santander Portugal acaba de adotar um conjunto de medidas extraordinárias e temporárias para negócios e particulares, destinadas a minorar os efeitos da pandemia Covid-19”, começa por dizer a instituição liderada por Pedro castro e Almeida, em comunicado.

Tendo isso em conta, o banco Santander diz que “isenta todas as comissões nos pagamentos online”, adiantando ainda que irá proceder à substituição de todos os cartões que não dispõem de tecnologia contactless sem a cobrança de qualquer encargo, de modo a fomentar a respetiva utilização nas compras presenciais.

Também os comerciantes vão beneficiar de um alívio de encargos, já que o Santander vai suspender a cobrança da mensalidade dos POS e isentar também a aplicação de um valor mínimo sobre as transações efetuadas. “Para apoiar as transações ‘sem contacto’ o Santander suspende também a cobrança de todas as comissões do serviço MB Way no POS“, acrescenta a instituição financeira.

Todas as medidas que o banco liderado por Pedro Castro e Almeida vai implementar “estão em vigor durante pelo menos um mês“, conclui.

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Turismo de Portugal lança linha de apoio de 60 milhões

Uma linha de financiamento para microempresas, um programa de consultoria online e suspensão de reembolsos no âmbito dos programas do Turismo de Portugal são as medidas anunciadas pela entidade.

No dia em que o Governo anunciou um pacote de medidas económicas para fazer face ao surto de coronavírus, o Turismo de Portugal revelou o seu próprio pacote de medidas para ajudar o setor, com “recurso a verbas próprias”. Uma linha de apoio financeiro às empresas, um serviço de consultoria online e a suspensão dos reembolsos dos seus próprios programas.

A primeira “ajuda” é a criação de uma linha de apoio à tesouraria para microempresas do turismo, com uma dotação de 60 milhões de euros, anunciou o Turismo de Portugal, em comunicado. Para ter acesso à mesma, as empresas ou empresários em nome individual devem ter, pelo menos, dez postos de trabalho, e um volume de negócios anual ou balanço total anual inferior a dois milhões de euros, terem atividade em território nacional e certificação PME.

O montante do apoio a ser dado é calculado em função do número de trabalhadores existentes na empresa em fevereiro, multiplicado por 750 euros por cada trabalhador e pelo período de três meses, até ao montante máximo de 20.000 euros por empresa. Este apoio, diz a entidade, “não vence juros e é reembolsado no prazo de três anos, incluindo um período de carência de 12 meses”.

Para se candidatem a esta linha de financiamento, as empresas devem preencher um formulário que será disponibilizado nos próximos dias no Portal Business do Turismo de Portugal. A linha vai manter-se em vigor até alcançar a dotação orçamental prevista: 60 milhões de euros.

Além disso, a entidade vai disponibilizar uma “equipa de apoio técnico às empresas”, disponível num programa de consultoria online desenvolvido pelas Escolas do Turismo de Portugal, lê-se no comunicado. Ao dispor das empresas estarão 60 formadores disponíveis para identificar medidas individualizadas para cada área de negócio, contribuindo para minimizar os impactos do surto de coronavírus. As empresas interessadas em aderir a este programa devem aceder aos portais do Turismo de Portugal “Business” e “Escolas” e, novamente, preencher um formulário online.

A terceira medida anunciada pelo Turismo de Portugal é a suspensão, por 12 meses, dos reembolsos no âmbito de projetos apoiados pela própria entidade e dos programas JESSICA, Linha de Apoio à Qualificação da Oferta e Valorizar.

Todas estas medidas, criadas com recuso a verbas próprias do Turismo de Portugal, têm como objetivo colmatar os efeitos que o surto do novo coronavírus está a ter para as empresas do setor.

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PSI-20 dá novo tombo. Afunda 5% e renova mínimos históricos

Criado nos anos 90 do século passado, o PSI-20 nunca tinha negociado em níveis tão baixos, numa altura em que Portugal se prepara para entrar em estado de emergência devido ao coronavírus.

A bolsa de Lisboa afundou para o valor mais baixo de sempre. Numa altura em que o país se prepara para entrar em estado de emergência devido ao coronavírus, a pandemia continua a penalizar as ações e os investidores tentam avaliar o potencial impacto na economia. Neste cenário, o PSI-20 afundou 5% para 3.641,80 pontos. Oito das 18 cotadas acumularam perdas superiores ao índice.

O Governo português anunciou esta quarta-feira um pacote de estímulos para a economia, que tem um valor de aumento da liquidez imediata das empresas e dos trabalhadores independentes de 9.200 milhões de euros. Prevê linhas de crédito para as empresas dos setores mais afetados, flexibilização dos pagamentos ao Fisco e à Segurança Social e medidas no sistema bancário. No entanto, não chegou para convencer os investidores.

O índice de referência nacional, que foi criado em 1993, tinha atingido o valor mais baixo de sempre há dois dias e esta quarta-feira renovou mínimos. A Ibersol liderou as perdas no PSI-20, tendo afundado 14%, seguida da Altri (-10,05%) e Semapa (-9,19%). “O mercado nacional terminou o dia novamente em baixa, perdendo assim os ganhos de ontem [terça-feira]. Tal como tem sido a marca da atual configuração bolsista, a sessão nacional espelhou as vicissitudes da envolvente externa”, explica o BPI, numa nota de fecho da sessão.

Na energia, a EDP tombou 8,65% para 3,307 euros, a EDP Renováveis perdeu 8,56% para 9,29 euros e a Galp Energia recuou 3,72% para 8,50 euros. Além do sentimento generalizado na bolsa, a petrolífera está a ser penalizada pela desvalorização do petróleo. O Brent de referência europeia cai 10,86% para 25,6 dólares por barril e o crude WTI perde 17% para 22,39 dólares.

Entre outros pesos pesados do índice destaca-se ainda a desvalorização de 4,47% dos CTT (para 1,968 euros por ação) e de 4% do BCP (para 0,1008 euros). No retalho, tanto a Sonae (-7,19%) como a Jerónimo Martins (-2,81%) fecharam igualmente no vermelho. A única exceção foi a Corticeira Amorim (que devido à forte exposição internacional tem sido das cotadas mais penalizadas), ao valorizar 1,32% para 7,70 euros.

Manteve-se assim a montanha russa que se tem vivido nas bolsas. “A deteriorar o sentimento dos investidores do Velho Continente esteve porventura a inexistência na União Europeia de um plano fiscal idêntico aos dos EUA e nenhum sinal que a epidemia está a desacelerar. Neste contexto, o nervosismo dos investidores recaiu sobre os setores mais expostos à atual conjuntura, como as transportadoras aéreas, as companhias petrolíferas e mineiras, etc”, acrescentam os analistas do BPI.

O Stoxx 600 afundou 4,3%, enquanto o alemão DAX perdeu 5%, o francês CAC 40 tombou 5,6% e o britânico FTSE MIB caiu 3,7%. Com o sentimento de risco a agravar, os juros das dívidas também espelharam esse sentimento: a yield das obrigações portuguesas a dez anos subiu para mais de 1,5%, o que não acontecia desde fevereiro do ano passado.

Bolsa de Lisboa tomba para mínimos históricos

(Notícia em atualização)

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Covid-19: Setor automóvel exige plano de apoio específico para as empresas

  • Lusa
  • 18 Março 2020

As associações do setor dizem acreditar que a crise gerada “irá ter os efeitos de uma guerra devastadora, com especial impacto” na economia e pedem "um plano de apoio específico para as empresas.

As associações do setor automóvel concordam com as medidas já tomadas pelo Governo, mas exigem “um plano de apoio específico para as empresas” desta área, de acordo com um comunicado divulgado esta quarta-feira.

Na nota, assinada pela ACAP – Associação Automóvel de Portugal, AFIA- Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel, ANECRA – Associação Nacional das Empresas do Comércio e da Reparação Automóvel e ARAN – Associação Nacional do Ramo Automóvel, as entidades dizem acreditar que a crise gerada pela pandemia de Covid-19 “irá ter os efeitos de uma guerra devastadora, com especial impacto” na economia.

Por isso, a as associações “vêm alertar para a necessidade de, além das medidas já tomadas pelo Governo, ser criado um plano específico de apoio ao setor automóvel”.

As organizações acreditam que estas medidas “permitirão às empresas, não só atenuar esta crise”, mas também “manter a sua competitividade, após este período, logo que se verifique a retoma gradual da economia”.

Entre as medidas pedidas conta-se a “criação de uma linha de crédito específica para as empresas deste setor (o que não foi considerado, surpreendentemente, na apresentação desta quarta-feira efetuada pelo Governo, sobre as medidas económicas)”, lamentam as associações.

O setor quer a “alteração do regime de ‘lay-off’ [suspensão temporária do contrato de trabalho], de modo a permitir o acesso imediato a este regime para as empresas que tenham tido uma quebra de faturação superior a 40% nos últimos trinta dias, ou comparativamente com a do mês homólogo do ano anterior, e deveria, ainda, resultar claro deste regime a possibilidade de lay-off parcial”.

As associações apelam ainda à “alteração do regime de férias, de modo a permitir, desde já, a sua marcação”.

As associações querem também “um plano de incentivo ao abate de veículos em fim de vida, com o objetivo de renovar o parque automóvel e permitir às empresas uma saída gradual da crise”.

Além disso, “com a possível declaração do estado de emergência, pedimos que a atividade de prestação de serviços através de veículos de pronto-socorro e o setor de assistência e reparação automóvel sejam considerados setores essenciais, dado que são imprescindíveis para a manutenção da segurança dos cidadãos”.

Apesar destes apelos, “o setor automóvel aprova as medidas que têm vindo a ser tomadas pelo Governo, assim como as recomendações sanitárias para as empresas e trabalhadores, as quais estão a ser rigorosamente cumpridas”, indicam as associações, na mesma nota, garantindo que “têm vindo a aplicar planos de contingência” para proteger os trabalhadores e manter a laboração para que as consequências “não sejam ainda mais negativas”.

As associações recordam que “o setor automóvel representa 19% do PIB, 25% das exportações de bens transacionáveis e emprega, diretamente, cerca de duzentas mil pessoas”, sendo que as empresas têm um peso de 21% nas receitas fiscais do Estado.

O Governo anunciou esta quarta-feira medidas de apoio às empresas que garantem aumento de liquidez próximo dos 9.200 milhões de euros, dos quais 5.200 na área fiscal, 3.000 na de garantias e 1.000 na contributiva.

Esta semana, a Autoeuropa anunciou a suspensão de todos os turnos de produção de automóveis na fábrica de Palmela até ao dia 29 de março, e esta quarta-feira encerram a unidade de Mangualde da PSA e a fábrica em Cacia da Renault.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, infetou mais de 200 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 8.200 morreram. Das pessoas infetadas, mais de 82.500 recuperaram da doença.

Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou esta quarta-feira o número de casos confirmados de infeção para 642, mais 194 do que na terça-feira. O número de mortos no país subiu para dois.

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Porto já está a produzir mil máscaras por dia. Produção pode quadruplicar

Uma das principais prioridades da autarquia é garantir máscaras aos trabalhadores que continuam a desempenhar as suas tarefas. Empresas estão a unir esforços e a produção pode quadruplicar brevemente.

Face à escassez de máscaras de proteção, várias empresas estão a unir esforços e a parar as próprias produções para se dedicarem em exclusivo à produção de máscaras. Um desses exemplos foi o empresário da Campanhã que contactou o município do Porto e montou uma unidade de produção de máscaras em tempo recorde. Neste momento, a empresa já está a produzir mil máscaras por dia, um número que pode em breve quadruplicar, explica a autarquia.

A primeira entrega das máscaras será realizada esta quarta-feira. “Tivemos a informação de que se conseguirmos importar uma máquina existente no Japão, é possível quadruplicar ou quintuplicar essa capacidade”, informou o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, esta quarta-feira, no dia em que abriu o primeiro Centro de Rastreio Móvel à doença de Covid-19.

Para além desta empresa na Campanhã já existem mais duas fábricas que se juntaram a esta onda de solidariedade e mostraram-se disponíveis para reconverter as suas unidades fabris e passarem a produzir máscaras. “Há ainda mais duas empresas interessadas em fabricar material de proteção individual, que estão a articular essa possibilidade com o município”, revela o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, numa nota publicada no site do município.

Há ainda mais duas empresas interessadas em fabricar material de proteção individual, que estão a articular essa possibilidade com o município.

Rui Moreira

Presidente da Câmara do Porto

“Temos empresas a querer produzir máscaras, a pedir referências técnicas para muito rapidamente começar a produzi-las” e em breve estarão em condição de o começar a fazer, revelou ainda o chefe do gabinete da Câmara do Porto, Nuno Nogueira Santos.

Segundo Rui Moreira a prioridade, neste momento, “é garantir máscaras aos trabalhadores da Câmara do Porto que continuam a desempenhar as suas tarefas, como a Proteção Civil, os Sapadores Bombeiros, um conjunto de trabalhadores que, inevitavelmente, tem de estar no exterior”, refere o presidente.

Para além das máscaras, a autarquia do Porto já garantiu que vão chegar nos próximos dias 50 ventiladores de Shenzhen. O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira revelou como vai ser feita essa distribuição nos hospitais: “25 ventiladores serão entregues no Hospital de São João, 20 no Hospital de Santo António e 5 ao Hospital de Cascais, em articulação com o presidente da Câmara”, refere Rui Moreira.

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Ponto por ponto, o que fica suspenso com a declaração do estado de emergência? Leia o decreto de Marcelo

Ponto por ponto, saiba que direitos serão suspensos com a declaração de estado de emergência por causa da pandemia do novo coronavírus. Consulte aqui também o projeto de decreto presidencial.

Ouvido o Conselho de Estado na manhã desta quarta-feira, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, enviou ao Parlamento um decreto que declara o estado de emergência em Portugal por um prazo de 15 dias. O documento já chegou à Assembleia da República para apreciação dos deputados e pode ser consultado aqui.

Este decreto suspende direitos, liberdades e garantias dos cidadãos portugueses, numa tentativa de evitar o contágio pelo novo coronavírus. Eis o que fica “parcialmente suspenso”:

  • Direito de deslocação e fixação em qualquer parte do território nacional. O decreto presidencial determina que as autoridades podem impor “o confinamento compulsivo no domicílio ou em estabelecimento de saúde”, bem como impor “cercas sanitárias”, interditar deslocações e a permanência injustificada na via pública. Os portugueses poderão sair de casa para “desempenho de atividades profissionais”, “obtenção de cuidados de saúde”, “assistência a terceiros” ou “por outras razões ponderosas” que sejam estipuladas pelo Governo.
  • Propriedade e iniciativa económica privada. As autoridades podem requisitar “a prestação de quaisquer serviços e a utilização de bens móveis e imóveis, de unidades de prestação de cuidados de saúde, de estabelecimentos comerciais e industriais de empresas e outras unidades produtivas”. Pode ainda ser determinada a “obrigatoriedade de abertura, laboração e funcionamento” de certas empresas, estabelecimentos ou meios de produção.
  • Direitos dos trabalhadores. Os trabalhadores portugueses vão poder ser chamados a trabalhar, “independentemente do tipo de vínculo”. Além disso, podem, “se necessário”, ter de desempenhar “funções em local diverso, em entidade diversa e em condições e horários de trabalho diversos dos que correspondem ao vínculo existente”. Fica ainda “suspenso o exercício do direito à greve na medida em que possa comprometer” infraestruturas e unidades essenciais à população.
  • Circulação internacional. Podem ser impostos “controlos fronteiriços de pessoas e bens, incluindo controlos sanitários em portos e aeroportos” para “impedir a entrada em território nacional ou de condicionar essa entrada”. As autoridades podem também tomar medidas para “assegurar a circulação internacional de bens e serviços essenciais”.
  • Direito de reunião e de manifestação. As autoridades podem limitar ou proibir a “realização de reuniões ou manifestações que, pelo número de pessoas envolvidas, potenciem a transmissão do novo coronavírus”.
  • Liberdade de culto na sua dimensão coletiva. Para prevenir infeções, as autoridades públicas passam a ter o poder de limitar ou proibir a “realização de celebrações de cariz religioso e de outros eventos de culto que impliquem uma aglomeração de pessoas”.
  • Direito de resistência. “Fica impedido todo e qualquer ato de resistência ativa ou passiva às ordens emanadas pelas autoridades públicas competentes em execução do presente estado de emergência”, indica o documento.

Naturalmente, nem todos os direitos dos portugueses são suspensos. Há direitos fundamentais que permanecerão em vigor neste período de 15 dias de estado de emergência (que poderá ser estendido).

Entre os direitos que permanecem ativos estão o direito à vida, à integridade pessoal, à identidade pessoal, à capacidade civil e à cidadania, à não retroatividade da lei criminal, à defesa dos arguidos e à liberdade de consciência e de religião. Também não são afetadas a liberdade de expressão nem a de informação.

O decreto determina também que “em caso algum pode ser posto em causa o princípio do Estado unitário ou a continuidade territorial do Estado”. E declara, para terminar, que a Procuradoria-Geral da República e a Provedoria de Justiça manter-se-ão, doravante, “em sessão permanente”.

Numa carta a acompanhar o decreto presidencial, remetida à Assembleia da República esta quarta-feira à tarde, Marcelo Rebelo de Sousa salienta que o documento permite “adotar medidas necessárias à contenção da propagação da doença Covid-19”. Indica ainda que o Governo deu “o seu acordo” à declaração de estado de emergência.

Falta, assim, a Assembleia da República pronunciar-se sobre a declaração do estado de emergência para o mesmo entrar em vigor. O Parlamento reúne na tarde desta quarta-feira para discutir e votar o documento, numa altura em que existem pelo menos 642 casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus, segundo a última atualização da Direção-Geral da Saúde, 16 dias depois do surgimento da primeira confirmação da doença em território nacional.

Leia aqui, na íntegra, o projeto do decreto do Presidente da República:

(Notícia atualizada pela última vez às 17h02)

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Marcelo decreta estado de emergência. Costa aprova

O Governo deu parecer favorável à decisão de Marcelo Rebelo de Sousa de declarar estado de emergência e o decreto segue agora para o Parlamento. Costa garante que "o país não vai parar".

O Governo deu parecer favorável à decisão de Marcelo Rebelo de Sousa de declarar estado de emergência no país, devido à pandemia do novo coronavírus, disse António Costa, à saída da reunião do Conselho de Ministros convocada de urgência para analisar os resultados do Conselho de Estado. O decreto segue agora para o Parlamento.

“É fundamental que a vida continue, tudo aquilo que são as cadeias de abastecimento fundamentais de bens essenciais têm de ser assegurados, os serviços essenciais têm de continuar a ser prestados. O país não vai parar“, disse Costa, em declarações transmitidas pelas televisões.

O primeiro-ministro garante que “a democracia não está suspensa”. Costa não adianta muito sobre o conteúdo do decreto presidencial, que será revelado pelo Presidente da República e discutido no Parlamento, dizendo apenas que o recolher obrigatório não esta previsto. Se o decreto for aprovado entrará imediatamente em vigor e o Governo fica habilitado a tomar medidas. A duração é de 15 dias, mas pode ser renovada.

Cabe ao Presidente da República declarar o estado de emergência, sendo que tem de ser ouvido o Governo e a Assembleia da República tem de aprovar. Os deputados vão reunir esta tarde em plenário para votar as medidas excecionais e temporárias de resposta à pandemia, bem como este decreto.

O total de casos confirmados da doença Covid-19 em Portugal era de 642, até à passada meia-noite, de acordo com a Direção-Geral da Saúde. Há três pessoas recuperadas e duas vítimas mortais.

(Notícia atualizada às 16h30)

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Covid-19: Metro do Porto regista redução de 80% nos passageiros

  • Lusa
  • 18 Março 2020

“De valores médios próximos dos 270 mil clientes diários em janeiro e fevereiro, passamos agora para valores pouco superior", o que representa um decréscimo de cerca de 80%, informou o Metro do Porto.

O número de passageiros no Metro do Porto desceu cerca de 80% devido à Covid-19, passando de uma média de 270 mil clientes diários em janeiro e fevereiro para pouco mais de 50 mil, revelou esta quarta-feira a empresa.

De valores médios próximos dos 270 mil clientes diários em janeiro e fevereiro, passamos agora para valores pouco superiores a 50 mil passageiros em dia útil, no que representa um decréscimo a rondar os 80%”, informou fonte oficial da Metro do Porto, em resposta a questões da agência Lusa.

Todas as máquinas de venda e validadores de bilhetes no Metro do Porto foram esta quarta-feira desligados devido à pandemia de Covid-19 e o carregamento e validação deixou de ser obrigatório, por tempo indeterminado. Na terça-feira, a empresa indicou que a medida se aplica “até indicação em contrário”.

A empresa revelou na segunda-feira já ter disponível a “nova solução de limpeza de largo espectro e ampla duração, que permite a impermeabilização de superfícies”, nomeadamente “o interior dos veículos e as zonas de contacto nas estações”.

A Metro referia que, “de acordo com os ensaios realizados” a nova solução de limpeza “será eficaz na eliminação da Covid-19”, acrescentando que ia começar “desde já”, a usar o produto “na limpeza e impermeabilização dos veículos e estações”.

O Metro do Porto foi utilizada por mais de 71 milhões de clientes em 2019. A empresa opera em sete concelhos com uma rede de seis linhas, 67 quilómetros e 82 estações.

Entre as medidas para conter a pandemia, o Governo suspendeu as atividades letivas presenciais em todas as escolas desde segunda-feira e impôs restrições em estabelecimentos comerciais e transportes, entre outras.

Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou quarta-feira o número de casos confirmados de infeção para 642, mais 194 do que na terça-feira. O número de mortos no país subiu para dois.

Dos casos confirmados, 553 estão a recuperar em casa e 89 estão internados, 20 dos quais em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI). O boletim divulgado pela DGS assinala 5.067 casos suspeitos até quarta-feira, dos quais 351 aguardavam resultado laboratorial. Das pessoas infetadas em Portugal, três recuperaram.

De acordo com o boletim, há 6.852 contactos em vigilância pelas autoridades de saúde. Atualmente, há 24 cadeias de transmissão ativas em Portugal, mais cinco do que na terça-feira.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, reuniu esta quarta-feira o Conselho de Estado, para discutir a eventual decisão de decretar o estado de emergência.

Portugal está em estado de alerta desde sexta-feira, e o Governo colocou os meios de proteção civil e as forças e serviços de segurança em prontidão.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, infetou mais de 200 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 8.200 morreram. Das pessoas infetadas, mais de 82.500 recuperaram da doença.

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Ana Botín: “Muito obrigada, António. Foi um privilégio ter sido tua colega e amiga”

Foi assim que Ana Botín, presidente do grupo Santander, se despediu de Vieira Monteiro, que faleceu esta quarta-feira vítima do novo coronavírus.

“Muito obrigada, António. Foi um privilégio ter sido tua colega e amiga”. Foi assim que Ana Botín, presidente do grupo financeiro espanhol Santander, se despediu de Vieira Monteiro, que faleceu esta manhã, aos 73 anos, vítima do coronavírus.

“Esta manhã perdemos um grande líder, profissional e querido amigo António Vieira”, escreveu Ana Botín numa mensagem partilhada nas redes sociais, em que lamenta a morte de quem “era apaixonado pela vida e pelo seu trabalho” e envia sentidas condolências à família de Vieira Monteiro.

“Até recentemente nosso CEO, juntou-se a nós há 20 anos, e foi parte da minha equipa desde o início. Esta manhã, quando estava a falar com Pedro Castro e Almeida, o nosso CEO em Portugal, e mais tarde com a Rita, a filha de António, eu senti pessoalmente a verdadeira dimensão desta crise. A Rita não vai poder comparecer ao funeral uma vez que também tem Covid-19. Eu e os meus colegas — embora saudáveis – não vamos poder ir também”, disse.

A presidente do Santander também enviou uma mensagem de apelo a todos no combate à pandemia. “Quero dizer a todos na nossa família Santander e além, a todas as comunidades, CEO e governos, vamos trabalhar em conjunto para salvar vidas e para salvar empregos que podem ajudar a salvar vidas”, afirmou.

Vamos cada um de nós contribuir naquilo em que somos melhores, e esquecer as ideologias e partidos políticos. Somos uma família global. Trabalhando em conjunto podemos resolver isto mais rapidamente e recuperar mais rapidamente”, reforçou Ana Botín.

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Três dias depois do lançamento, Governo revê as regras do “novo lay-off”. Renovação já não está dependente da antecipação das férias

O Ministério do Trabalho publicou uma portaria que revê as regras do "novo lay-off" criado face à pandemia de coronavírus. As alterações chegam três dias depois do lançamento do novo regime.

Três dias depois de ter publicado as regras do “novo lay-off”, o Ministério do Trabalho publicou, esta quarta-feira, uma portaria que revê os contornos desse regime especial criado face à pandemia de coronavírus. Com este diploma, fica agora claro que, afinal, a renovação deste apoio para lá do primeiro mês não está dependente do gozo antecipado das férias. É eliminada, além disso, a possibilidade de a empresa obrigar o trabalhador a cumprir funções que não as suas durante este período, uma porta que tinha sido aberta na portaria publicada no domingo.

Podem ter acesso a este “novo lay-off“, os empregadores que estejam numa das duas situações seguintes: paragem total da atividade decorrente da interrupção das cadeias de abastecimento globais ou da suspensão ou cancelamento de encomendas; quebra “abrupta e acentuada” de, pelo menos 40% da faturação.

Na portaria publicada no domingo, estava indicado que esse último recuo deveria ser calculado tendo por referência o período homólogo de três meses, mas o diploma divulgado esta quarta-feira revê essa fórmula, indicando que devem ser tidos em conta não os 90 dias anteriores, mas os 60 dias anteriores ao pedido.

O Ministério de Ana Mendes Godinho dá assim resposta a uma das preocupações dos patrões, que já tinham indicado que o período de três meses era demasiado longo, tendo em conta que o surto de coronavírus só começou a afetar a economia portuguesa este mês.

O diploma publicado esta quarta-feira altera também as regras de renovação para lá do primeiro mês deste apoio, que garante aos empregadores o pagamento, por parte da Segurança Social, de 70% de dois terços da remuneração do trabalhador.

Na portaria original, estava estabelecimento que o apoio só poderia ser prorrogável para lá do primeiro mês, quando os trabalhadores da empresa tivessem gozado o limite máximo de férias anuais. De notar que, segundo o Código do Trabalho, o empregador só pode “forçar” a marcação de férias entre 1 de maio e 31 de outubro, na ausência de um acordo.

Na portaria publicada esta tarde, o Governo deixa, contudo, cair essa condição, sublinhando que o apoio em questão pode ser “excecionalmente prorrogável mensalmente até ao máximo de seis meses”.

Por outro lado, o diploma mais recente revoga o artigo que dava ao empregador nesta situação de lay-off a possibilidade de encarregar temporariamente o trabalhador de funções “não compreendidas no contrato de trabalho”, desde que tal não implicasse a “modificação substancial da posição do trabalhador” e que servisse para garantir a viabilidade da empresa.

No preâmbulo, o Ministério do Trabalho explica que estas alterações foram feitas na sequência dos contributos dos parceiros sociais e visam “clarificar algumas situações, concretamente quanto à salvaguarda dos direitos e deveres dos trabalhadores no âmbito daquelas medidas quer quanto aos requisitos de acesso ao mecanismo”.

Este regime inspira-se no lay-off já previsto na Lei Laboral, mas não o replica. “É na figura do lay-off que esta medida excecional se inspira, quer quanto à estruturação, quer quanto às formas e montantes de pagamento, mas que dela se afasta exatamente por não implicar a suspensão dos contratos de trabalho e definir uma operacionalização procedimental simplificada”, salientava o Governo, na portaria original. Ou seja, a Segurança Social paga 70% dos dois terços da remuneração a que o trabalhador tem direito nesta situação, mas o empregador pode decidir manter o trabalhador a prestar serviços, uma vez que o contrato não é suspenso.

(Notícia atualizada às 15h50)

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Bernie Sanders está a avaliar permanência na corrida presidencial

  • Lusa
  • 18 Março 2020

O senador Bernie Sanders vai avaliar a continuação da sua candidatura às eleições presidenciais dos Estados Unidos, depois de uma nova série de derrotas nas primárias do Partido Democrata.

O senador Bernie Sanders vai avaliar a continuação da sua candidatura às eleições presidenciais dos Estados Unidos, depois de uma nova série de derrotas nas primárias do Partido Democrata na terça-feira, anunciou a sua candidatura.

Joe Biden, ex-vice-Presidente e principal rival de Sanders, venceu na terça-feira a disputa nos três estados (Arizona, Florida, e Illinois) que foram a eleições, distanciando-se ainda mais na corrida que decidirá quem é o candidato presidencial dos democratas.

O Senador Sanders conversará com os seus apoiantes, para avaliar as condições da sua campanha. Por enquanto, no entanto, ele está concentrado na resposta das autoridades ao surto de coronavírus, para garantir que os direitos dos trabalhadores ficam garantidos”, disse Faiz Shakir, diretor de campanha.

Sanders, que iniciou as primárias democratas com algumas vitórias encorajadoras, teve um forte revés na chamada “superterça-feira”, quando perdeu muitas das 15 eleições em jogo nesse dia, deixando Joe Biden com uma confortável vantagem na contabilidade de delegados.

Bernie Sanders ainda não comentou os resultados desta terça-feira, tendo focado todas as suas intervenções políticas na crise de saúde pública provocada pelo surto de coronavírus, referindo a necessidade de o Governo dos Estados Unidos assegurar que os mais vulneráveis ficam protegidos dos danos económicos desta pandemia.

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