Divórcio à distância de um click? Vai ser possível

  • ECO
  • 7 Maio 2020

Todos os atos que sejam praticados pelos notários passam a poder ser realizados através da nova plataforma informática. Projeto piloto funcionará até ao final do ano.

Vai ser possível realizar uma série de atos contratuais à distância, através de uma plataforma digital para notários, advogados e conservatórias. Ministério da Justiça vai lançar um projeto piloto que permitirá, entre outros, divórcios por mútuo consentimento através da internet, avança o Jornal de Negócios (acesso pago).

Além de divórcios, todos os atos que sejam praticados pelos notários passam a poder ser realizados através da nova plataforma informática. Será, assim, possível realizar também escrituras públicas de imóveis, testamentos, autenticação de documentos ou de assinaturas à distância.

O diploma que cria este regime deverá ser aprovado esta quinta-feira em Conselho de Ministros, sendo a ideia a de que o projeto piloto fique em funcionamento até dezembro. Depois, poderá passar a permanente.

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CTT em destaque na bolsa. Lisboa segue Europa em recuperação

A tendência de recuperação prossegue nas bolsas europeias, incluindo na portuguesa. CTT destacam-se depois de registarem uma queda ligeira nos lucros de um trimestre marcado pela pandemia.

As bolsas europeias estão a registar ganhos modestos, à medida que mais empresas vão apresentando as contas relativas ao primeiro trimestre de 2020. Os investidores estão atentos a sinais que lancem mais luz sobre o impacto económico provocado pela pandemia e que permitam avaliar melhor que tipo de recessão se ergue no horizonte.

Depois de uma sessão de ganhos nos mercados asiáticos perante a informação de que as exportações chinesas se revelaram mais fortes do que o esperado, o Stoxx 600 está a beneficiar de algum otimismo, registando uma subida de 0,36%. Os índices alemão, britânico, francês e espanhol seguem a mesma tendência, com ganhos entre 0,38% e 0,60%. Em Portugal, o PSI-20 avança 0,23%, para 4.194,82 pontos, suportado na valorização de alguns “pesos pesados” da bolsa de Lisboa.

É o caso da EDP Renováveis, que valoriza 1,09%, para 11,12 euros por ação, depois de se saber que a empresa produziu menos energia mas que os lucros subiram 2% no trimestre, para 62 milhões de euros. Enquanto isso, o BCP soma 0,42%, para 9,59 cêntimos, a Galp Energia ganha 0,34%, para 10,185 euros, e a Corticeira Amorim regista o melhor desempenho da sessão, com um avanço de 2,17%, para 9,41 euros.

Mas os CTT destacam-se com uma valorização de 2,11%, para 2,18 euros, um desempenho registado depois de a empresa postal ter revelado que o lucro do primeiro trimestre desceu ligeiramente, na ordem dos 0,4%, para 3,7 milhões de euros. Cenário diferente no caso da Nos, que perde 1,75%, para 3,26 euros, depois de se saber que o coronavírus atirou a operadora para prejuízos de 10,4 milhões de euros, um resultado que compara com os lucros de 42,5 milhões registados no mesmo período do ano passado.

Evolução das ações dos CTT em Lisboa

Esta quinta-feira espera-se ainda que EDP e REN apresentem resultados trimestrais, sendo já certo que, em março, foi registada uma redução do consumo de eletricidade por causa da pandemia. A elétrica nacional valoriza 0,31%, para 3,912 euros, enquanto a REN perde 0,41%, para 2,43 euros cada título.

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IP estuda taxa sobre carros elétricos

  • ECO
  • 7 Maio 2020

A IP pondera criar uma taxa sobre carros elétricos para pagar a conservação das estradas. Atualmente já é cobrada uma contribuição sobre automóveis a gasolina, gasóleo e GPL.

O conselho geral e de supervisão da Infraestruturas de Portugal (IP) “considera necessário promover uma discussão sobre a existência de uma compensação” para a empresa “sobre os carros elétricos que utilizam a infraestrutura”, à semelhança do que acontece com os restantes veículos automóveis, revela o Jornal de Negócios (ligação indisponível).

A intenção está plasmada no relatório anual de atividades de 2019. “Poderá constituir uma contribuição para a conservação das vias rodoviárias entregues à IP e, no futuro, deveria incorporar uma parcela pelo uso que os carros elétricos fazem das mesmas”, sublinha o documento. Atualmente já é cobrada uma contribuição sobre automóveis a gasolina, gasóleo e GPL, que gerou 701 milhões de euros à IP em 2019, um aumento de 2% face ao ano anterior.

O tema já foi “abordado numa reunião com o conselho de administração executivo pois o conselho geral e de supervisão entende ser muito importante que sejam consideradas alternativas em resultado desta alteração do paradigma introduzido pelas viaturas elétricas“, defende o órgão. As vendas de carros elétricos têm vindo a aumentar. Atualmente, representam 0,3% do parque automóvel de ligeiros.

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Advogados pedem à Ordem referendo sobre futuro da Caixa de Previdência

  • Lusa
  • 7 Maio 2020

Mais de uma centena de advogados pediu à Ordem que convoque um referendo para decidir o futuro da Caixa de Previdência dos Advogados e Solicitadores.

Mais de uma centena de advogados pediu ao bastonário da Ordem que convoque um referendo, ainda este ano, para auscultar estes profissionais sobre o futuro da Caixa de Previdência dos Advogados e Solicitadores (CPAS).

Num abaixo-assinado com 130 subscritores, entregue na Ordem dos Advogados, é requerida uma audiência com os representantes de advogados de todo o país para que possam expor a sua proposta com vista à convocação do referendo.

“Deveria estudar-se a viabilidade e termos para a realização de um amplo debate prévio, seguido de um referendo aos advogados, acerca do futuro e reestruturação da CPAS, incluindo a possível integração na Segurança Social”, defende o grupo, numa nota enviada à agência Lusa.

Os subscritores do documento consideram a CPAS “um mero fundo de pensões”, que “não dá cobertura assistencial completa na doença, na saúde e na velhice, como acontece com a Segurança Social”. Um dos motivos de descontentamento foi a diferença nos apoios devido à pandemia de Covid-19.

“A CPAS não conseguiu dar uma resposta satisfatória aos milhares de advogados, que, nesta situação excecional, ficaram sem rendimentos, ou os viram muito limitados, sem suspensão automática da obrigação de pagamento de contribuições por rendimentos que deixaram de auferir”, censura o grupo de advogados, na nota escrita.

Os subscritores da proposta acentuam terem “ficado de fora dos recentes apoios sociais”, ao contrário de outros trabalhadores independentes, por não descontarem para a Segurança Social.

No documento, os causídicos preconizam a realização de “um referendo esclarecido, programado, ponderado e que aponte uma solução única sustentada e viável, na qual os advogados se revejam, obtendo a proteção social ampla e completa que todo o cidadão carece, na velhice, na saúde e na doença”.

Para os subscritores do pedido à Ordem dos Advogados, a solução para o problema não pode ser conseguida “com soluções individualizadas, parcelares e setorizadas”, consideram.

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Hoje nas notícias: Elétricos, artistas e burocracia

  • ECO
  • 7 Maio 2020

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia

Os automóveis elétricos poderão vir a ser alvo de uma nova taxa pelo uso da infraestrutura. Na atualidade nacional, também é notícia o facto de alguns artistas estarem a ser surpreendidos por dívidas à Segurança Social enquanto aguardavam os apoios por causa da pandemia. A burocracia estará também a dificultar o acesso a estes apoios.

Infraestruturas de Portugal pede taxa sobre carros elétricos

O conselho geral e de supervisão da Infraestruturas de Portugal (IP) “considera necessário promover uma discussão sobre a existência de uma compensação” para a empresa “sobre os carros elétricos que utilizam a infraestrutura”. A intenção está plasmada no relatório anual de atividades de 2019 e “poderá constituir uma contribuição para a conservação das vias rodoviárias entregues à IP e, no futuro, deveria incorporar uma parcela pelo uso que os carros elétricos fazem das mesmas”, sublinha o mesmo. Atualmente já é cobrada uma contribuição sobre automóveis a gasolina, gasóleo e GPL.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (ligação indisponível).

Artistas notificados de dívidas à Segurança Social

O Governo criou em março medidas de apoio aos artistas, uma classe profissional penalizada pelas restrições às deslocações impostas pelo estado de emergência. Mas alguns destes profissionais estão a ser notificados de dívidas à Segurança Social enquanto aguardavam esses mesmos apoios. Inclusivamente, algumas das notificações já tinham prescrito.

Leia a notícia completa no jornal i (ligação indisponível).

Burocracia dificulta acesso aos créditos do Estado

A burocracia está a dificultar o acesso das empresas às linhas de apoio criadas para mitigar o impacto económico da pandemia. De acordo com o Jornal de Notícias, são necessários 17 papéis na candidatura. Ainda assim, estas linhas já receberam mais de 43 mil candidaturas e duas delas já esgotaram.

Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (ligação indisponível).

Portugueses gastam mil milhões em apostas online

Os portugueses apostaram mil milhões de euros em casinos online nos três primeiros meses do ano, segundo os dados do Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos do Turismo de Portugal. Este é um número recorde e representa um crescimento face ao mesmo período do ano passado. A evolução é explicada pelo confinamento, que obrigou os portugueses a procurarem outras formas de lazer, bem como, um maior número de empresas a explorarem estas atividades e pela migração das apostas desportivas.

Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (ligação indisponível).

Professores não vão compensar alunos cujos pais os proíbam de ir à escola

Muitos encarregados de educação estão reticentes quanto ao regresso dos filhos às escolas para as aulas do 11º e 12º anos de escolaridade. De acordo com as orientações do Ministério da Educação, nestes casos as faltas são justificadas. Mas os professores não são obrigados a compensar estes alunos através do ensino à distância, a menos que se tratem de grupos de risco, mediante apresentação de atestado médico.

Leia a notícia completa no Diário de Notícias (acesso condicionado).

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Próxima Moda Paris vai acontecer na internet

  • Lusa
  • 7 Maio 2020

Os desfiles das semanas da moda em Paris agendados para 23 e 28 de junho e 5 e 9 de julho foram anulados devido à pandemia de Covid-19. Próxima edição será digital.

A próxima semana da Moda em Paris vai acontecer entre 9 e 13 de julho e as coleções serão apresentadas através da internet, anunciou a Federação de Alta Costura e Moda.

As coleções de pronto a vestir primavera-verão para homem serão apresentadas “em formato de um filme ou vídeo”, numa plataforma digital específica, adiantou a federação, em comunicado.

Os desfiles das semanas da moda em Paris agendados para 23 e 28 de junho e 5 e 9 de julho foram anulados devido à pandemia de Covid-19, que já matou mais de 25 mil pessoas em França, o quinto país mais atingido no mundo, atrás de Estados Unidos (68.934 mortos), Reino Unido (29.427), Itália (29.315) e Espanha (25.613).

A atual crise já está a desencadear mudanças mais profundas no mundo da moda.

O diretor artístico da Saint Laurent, Anthony Vaccarello, já anunciou que a casa vai retirar-se da Moda Paris este ano, optando por criar e apresentar as suas coleções ao seu ritmo e privilegiar “a relação com as pessoas e o quotidiano”.

Também o criador italiano Giorgio Armani, que apresenta as suas coleções nas semanas da moda de Milão e Paris, já disse que pretende “suprimir o supérfluo”.

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EDP Renováveis produz menos energia, mas lucros crescem

Empresa liderada por Manso Neto "produziu 7,8 TWh de energia limpa", menos -8% face ao arranque do ano passado.

A EDP Renováveis lucrou 62 milhões de euros nos primeiros três meses do ano, um ligeiro aumento face ao mesmo período do ano passado explicado pelo menor impacto da fiscalidade. Resultado líquido cresceu apesar de tanto o resultado operacional como as receitas da empresa liderada por Manso Neto terem encolhido.

O resultado Líquido totalizou 62 milhões de euros, um aumento de 2% face ao primeiro trimestre de 2019, “beneficiando de um menor lucro tributável”, nota a EDP Renováveis em comunicado enviado à CMVM.

O EBITDA somou 340 milhões, uma quebra de 12% face ao mesmo período do ano passado, isto apesar de as operações de vendas de ativos terem tido um impacto positivo. A EDP Renováveis nota que “concluiu com sucesso o sell-down de toda a sua participação no parque eólico de 137 MW Babilonia no Brasil, conforme anunciado em julho de 19″.

“As receitas diminuíram para 487 milhões de euros (-7% face ao primeiro trimestre de 2019)”, refere a empresa, salientando que “produziu 7,8 TWh de energia limpa”, menos -8% face ao arranque do ano passado.

“O impacto da capacidade MW (-45 milhões de euros face ao primeiro trimestre de 2019) e dos recursos eólicos (-16 milhões em termos homólogos) apenas parcialmente compensados pelos preços de venda mais elevados (+15 milhões) e o impacto positivo de tradução cambial (+12 milhões)”, nota.

 

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Porque é que a recessão em Portugal é menor que em Espanha e Itália?

Os países do Sul costumam ser comparados por terem economias com características semelhantes. Contudo, o impacto da pandemia não será igual, segundo as previsões da Comissão Europeia. Porquê?

A Comissão Europeia prevê que a crise pandémica provoque a maior recessão que a União Europeia já viveu. Contudo, o impacto não será igual em todos os países nem nos habituais “blocos” de economias com características semelhantes, como é o caso do sul da Europa. Países como Espanha e Itália vão ver o PIB cair mais de 9% em 2020 enquanto em Portugal a recessão não deverá chegar aos 7%, de acordo com as previsões de primavera de Bruxelas divulgadas esta quarta-feira. O que justifica esta diferença?

Não há uma resposta direta nas previsões da Comissão Europeia, mas os números e o texto que acompanha cada país permite tirar algumas conclusões. Olhando apenas para as componentes do PIB, como mostra a tabela seguinte, o consumo privado vai cair quase o dobro em Espanha e Itália, em comparação com Portugal, assim como o investimento. É aí que está a grande diferença.

Por um lado, em Espanha, o consumo público será mais intenso do que em Portugal e em Itália, mas por outro lado haverá uma queda mais expressiva das exportações espanholas.

Previsões de primavera de 2020 da Comissão Europeia. Os valores correspondem às respetivas variações homólogas em 2020, face a 2019.

 

Deixando os números de lado, é possível também tirar encontrar justificações para esta diferença na forma como a pandemia afetou estes países — Itália e Espanha foram, até agora, os dois países da Zona Euro mais afetados pelo coronavírus — e na composição do seu mercado de trabalho, por exemplo.

No relatório, comparando as grandes economias da Zona Euro, a Comissão Europeia escreve que a diferença que existe entre o impacto económico na Alemanha e em países como Itália e Espanha deve-se aos diferentes timings das medidas de contenção e do distanciamento social, mas também às “estruturas económicas, incluindo a exposição a serviços dependentes do contacto” pessoal, como o turismo. Neste ponto, tanto Itália como Espanha ainda estão mais expostos do que Portugal, segundo dados da OCDE citados pelos técnicos de Bruxelas neste relatório.

Há também o ingrediente da política orçamental como estabilizador macroeconómico: “O tamanho e a esperada eficácia da resposta [da política orçamental] não pode ser negligenciada“, alerta a Comissão Europeia. Neste aspeto, Espanha leva a melhor na comparação com Portugal e Itália, pelo menos no indicador do consumo público. Tal poderá refletir a margem orçamental que é condicionada pelo nível de endividamento público de Portugal e Itália, acima dos 100% do PIB, bem acima do rácio da dívida pública espanhola.

Mas a maior diferença entre esses dois países e Portugal parece estar no mercado de trabalho, não só na sua composição mas também no impacto da pandemia no emprego, de acordo as previsões da Comissão Europeia. Espanha tem uma “elevada percentagem de contratos temporários” enquanto Itália “tem uma relativamente elevada proporção de trabalhadores por conta própria”. Estes dois tipos de trabalhadores estão “mais vulneráveis”, têm maior probabilidade de verem “reduções significativas no rendimento” durante a contração económica, recebem “menos ajuda” dos apoios estatais e ainda estão “sobrerrepresentados em setores mais afetados pelo confinamento”.

A análise é dos técnicos da Comissão Europeia e é corroborado pelas suas previsões. Portugal, que tinha uma taxa de desemprego de 6,5% em 2019, registará uma redução do emprego de 3,4%, sendo que para já os números mostram que o lay-off simplificado tem conseguido estancar grande perdas de postos de trabalho. Já em Espanha, onde a taxa de desemprego estava acima dos 13%, a redução será de 8,7% e em Itália, onde a taxa de desemprego estava acima dos 10%, a redução será de 7,5%. Ou seja, o mercado de trabalho destes dois países, seja pela sua composição, regulação ou pelas medidas dos Governos, vai ser mais afetado do que o português, segundo as previsões da Comissão.

No geral, as palavras usadas por Bruxelas para descrever a recessão em Espanha e Itália são mais duras do que em Portugal. No capítulo de Itália, a Comissão diz que a economia italiana irá entrar numa “profunda recessão” com as medidas de confinamento a travar a fundo o consumo privado, o qual não deverá voltar à normalidade dado que haverá mais poupança por precaução. Além disso, a redução forte do emprego, pelos seus efeitos de contágio a toda a economia, poderá colocar em causa a força da recuperação.

No capítulo de Espanha, a Comissão antecipa uma “contração sem precedentes” da atividade económico e um aumento “significativo” da taxa de desemprego uma vez que as ajudas do Estado “não preveniram uma rápida queda do emprego, afetando em particular os trabalhadores temporários”. A redução do rendimento disponível dos espanhóis deverá levar a uma “fraca procura, elevada incerteza, falta de liquidez [nas empresas] e menos rentabilidade”, o que por sua vez resultará numa “contração acentuada do investimento” na economia.

Já no capítulo de Portugal, a Comissão antecipa que o consumo privado irá cair “a um ritmo mais baixo do que o PIB uma vez que as medidas de apoio vão compensar parcialmente a queda do rendimento dos agregados familiares”. Tanto que os técnicos dizem mesmo que “muitos dos cortes nos postos de trabalho serão provavelmente temporários“, ainda que a recuperação do emprego possa ser mais lenta nos setores ligados ao turismo e serviços relacionados. Apesar do investimento em equipamento afundar, o investimento em construção deverá manter-se “mais resiliente, beneficiando do ciclo e da nova flexibilidade introduzida nos fundos da União Europeia”.

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Dos sócios-gerentes aos recibos verdes. Vem aí nova vaga de apoios sociais

O Governo deverá aprovar, esta quinta-feira, em Conselho de Ministros um novo pacote de apoios em resposta ao impacto da pandemia de coronavírus na economia nacional.

Quase dois meses depois de ter lançado o primeiro pacote de apoios às empresas e aos trabalhadores em resposta à pandemia de coronavírus, o Executivo de António Costa prepara-se para aprovar, esta quinta-feira, novas medidas de reforço da proteção social dos portugueses.

Numa altura em que mais de 100 mil empresas já aderiram ao lay-off simplificado, milhares de trabalhadores independentes pediram o apoio extraordinário à redução da atividade e outros tantos pais solicitaram à Segurança Social a ajuda excecional para ficarem a cuidar dos filhos, o Governo avança com o alargamento das prestações previstas para os trabalhadores por conta própria, para os sócios-gerentes e para os trabalhadores informais. E até o subsídio social de desemprego sofrerá alterações.

Os detalhes de todos estes instrumentos ainda estão por conhecer, mas já é possível traçar um retrato geral do que sairá da reunião de Conselho de Ministros desta quinta-feira.

Recibos verdes sem descontos também vão ter apoio

No primeiro ano de atividade, os trabalhadores independentes têm direito à isenção dos descontos para a Segurança Social, mas só quem rejeitou esse benefício tinha, até agora, acesso ao apoio extraordinário à redução da faturação lançado pelo Governo, face ao impacto da pandemia de coronavírus na economia nacional. Segundo o Executivo, essa ajuda será agora alargada.

Em resposta aos efeitos negativos do surto de Covid-19 na vida dos trabalhadores, foi preparado um apoio extraordinário para os “recibos verdes” que contem com, pelo menos, três meses de descontos consecutivos ou seis meses de descontos interpolados, nos últimos doze meses. Até agora, ficavam de fora, portanto, todos os trabalhadores independentes que estavam a beneficiar da isenção das contribuições sociais, disponibilizada no primeiro ano de atividade.

A ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, e o primeiro-ministro, António Costa, já vieram, contudo, esclarecer que o Governo irá votar, esta quinta-feira em Conselho de Ministros, um alargamento do apoio em causa aos trabalhadores nessa última situação, isto é, que não cumpram o prazo de garantia. “Vamos proteger os independentes que não contribuíram”, garantiu o chefe de Executivo. Costa não adiantou, contudo, o valor desta ajuda — disse apenas que será inferior ao concedido aos “recibos verdes” com descontos registados –, nem detalhou as condições de acesso.

De notar que, atualmente, o apoio previsto para os trabalhadores independentes que cumpram o prazo de garantia equivale:

  • Ao valor da base de incidência registada nos últimos 12 meses, quando esse valor é inferior a 1,5 vezes o Indexante dos Apoios Sociais (cerca de 658 euros). A ajuda tem como valor máximo 438,81 euros.
  • A dois terços da base de incidência registada nos últimos 12 meses, quando esse último valor é igual ou superior a 1,5 vezes o Indexante dos Apoios Sociais. A ajuda tem como valor máximo 635 euros.

Sócios-gerentes com trabalhadores passam a ser apoiados

No pacote de apoios originalmente lançado pelo Governo, não constava qualquer apoio para os sócios-gerentes das empresas mais afetadas pela crise pandémica. As críticas fizeram-se rapidamente ouvir e o Executivo acabou por alargar o apoio já previsto para os trabalhadores independentes aos sócios-gerentes sem trabalhadores dependentes e com até 60 mil euros anuais de faturação.

Esta medida acabou, contudo, por ser considerada insuficiente, com a bastonária da Ordem dos Contabilistas Certificados a adiantar ao ECO que uma grande fatia dos sócios-gerentes continuava sem qualquer tipo de proteção. Esta quinta-feira, o Governo dá outro passo, devendo aprovar um novo alargamento: o apoio passará a abranger também os sócios-gerentes das microempresas (ou seja, com até 10 trabalhadores dependentes) com até 80 mil euros anuais de faturação. Segundo adiantou ao Jornal de Notícias a ministra do Trabalho, podem estar em causa 190 mil pessoas. Ainda por saber está, no entanto, o mês partir do qual será paga esta prestação.

Atualmente, o apoio previsto para os sócios-gerentes tem como valor máximo 635 euros, baseando-se o cálculo desta ajuda na remuneração recebida em fevereiro, declarada em março, ou na ausência dessa remuneração, no valor do Indexante dos Apoios Sociais (438,81 euros). Aplica-se o mesmo raciocínio já referido para o caso dos trabalhadores independentes. Ou seja, no caso da remuneração de referência ser inferior ao valor de 1,5 vezes o Indexante dos Apoios Sociais, o apoio é igual ao valor dessa remuneração com um limite máximo de 438,81 euros. Já se a remuneração de fevereiro ultrapassar os tais 658,2 euros, o apoio passa a corresponder a dois terços dessa remuneração, com o limite máximo de 635 euros.

Facilitado acesso ao subsídio social de desemprego

Os trabalhadores que tenham ficado sem emprego e que não reúnam os descontos necessários para ter acesso ao subsídio de desemprego (360 dias nos últimos 24 meses) têm direito ao subsídio social de desemprego.

Até agora, para ter acesso a esta prestação era preciso contar com 180 dias de trabalho por conta de outrem registados nos 12 meses imediatamente anteriores à data de desemprego; ou 120 dias de trabalho nesse mesmo período, no caso da não renovação de um contrato a prazo ou da denúncia do contrato durante o período experimental, por parte do empregador.

Face ao impacto da crise pandémica na economia nacional e no mercado de trabalho português, o Governo vai agora rever esses prazos de garantia, cortando-os para metade: 90 dias no primeiro caso e 60 dias no segundo. O valor da prestação deverá, contudo, também diminuir, mas ainda não se sabe qual será.

O apoio atualmente em vigor é calculado com base na soma das remunerações declaradas nos primeiros seis meses dos últimos oito, a contar da data do desemprego. Esse valor divide-se por 180 para obter a remuneração de referência diária. Este apoio tem, de resto, como tetos máximos o Indexante dos Apoios Sociais (438,81 euros), para os beneficiários com agregado familiar, ou 80% desse valor (348,61 euros), para os beneficiários que vivam sozinhos.

Trabalhadores informais ganham proteção social

Os trabalhadores informais — isto é, que recebem “por baixo da mesa” — também vão passar a ter direito a um apoio excecional, com a entrada em vigor deste novo pacote de medidas que deverá ser aprovado, esta quinta-feira, em Conselho de Ministros.

A ideia é que estes trabalhadores — que até agora não faziam descontos — passem a receber ajuda, ficando em troca obrigados a uma espécie de período de fidelização à Segurança Social. As condições de acesso a esse regime e os detalhes desse período de fidelização ainda não são, contudo, conhecidas.

“Queremos dizer-lhes que é importante pertencer a um sistema coletivo de proteção social, nestes momentos difíceis”, explicou a ministra do Trabalho, em declarações ao Jornal de Notícias.

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Partidos querem mudar benefícios dos contratos de arrendamento

No Parlamento não há consenso quanto à duração da suspensão da caducidade dos contratos de arrendamento, isto depois de o Governo ter decidido alterar a lei atual.

Para lidar com este período de crise, o Governo criou uma lei que define que os prazos de caducidade dos contratos de arrendamento ficam suspensos até 60 dias depois do fim das medidas de mitigação. Mas, agora, o Executivo quer voltar atrás e alterar esse prazo. O problema é que também os restantes partidos querem fazer alterações nesse sentido — e todas diferentes. E apenas um partido quer manter a lei como está. As alterações vão ser discutidas e votadas esta quinta-feira durante o debate quinzenal.

De acordo com o artigo 8.º da Lei n.º 1-A/2020, “durante a vigência das medidas de prevenção, contenção, mitigação e tratamento da infeção epidemiológica (…) e até sessenta dias após a cessação de tais medidas”, ficam suspensas as “denúncias de contratos de arrendamento habitacional e não habitacional efetuadas pelo senhorio”, “a caducidade dos contratos de arrendamento habitacionais e não habitacionais, salvo se o arrendatário não se opuser à cessação”, “a produção de efeitos da revogação, da oposição à renovação de contratos de arrendamento habitacional e não habitacional efetuadas pelo senhorio” e a “execução de hipoteca sobre imóvel que constitua habitação própria e permanente do executado”.

Contudo, o Governo quer alterar este prazo. Assim, de acordo com a proposta que deu entrada no Parlamento, o Executivo pretende alterar este prazo e definir que todas as situações anteriores fiquem suspensas até 30 de junho. Ou seja, na prática, isto vai reduzir o prazo previsto atualmente na lei.

Mas os restantes partidos também apresentaram as suas próprias propostas de alteração à lei, e todas diferem das do Governo. A começar pelo próprio PS, que também propôs uma data fixa: os prazos de caducidade, as denúncias dos contratos e a execução das hipotecas ficam suspensos “até 30 de setembro de 2020”, lê-se na proposta.

Numa linha de pensamento diferente estão o Bloco de Esquerda e o PSD, que preferiram não fixar uma data concreta. O Bloco é o único que pretende manter a lei tal como está — 60 dias após o fim das medidas de mitigação, refere a proposta do partido. “Parece-nos que a formulação inicial está correta”, diz ao ECO a bloquista Maria Manuel Rola. “Não sabemos qual será o período em que as medidas de mitigação terão um alívio considerável”, explica. A deputada refere ainda que “a extensão deste período é essencial” e que, “neste momento, o ideal seria manter a lei tal como está”.

No mesmo caminho, embora com uma pequena diferença, é a proposta dos social-democratas. O PSD propôs que a lei fosse alterada de forma a que os prazos de caducidade, as denúncias dos contratos e a execução das hipotecas fiquem suspensos “enquanto vigorar a situação de calamidade (..) e até 60 dias após a cessação dessa situação”. Para o partido, este prazo é o mais acertado “porque a lei em vigor já prevê esse prazo de 60 dias após a cessação das medidas de prevenção”. “Tentámos, de alguma forma, aproximar-nos do que já estava previsto. E [os 60 dias] já eram a expectativa”, explicou ao ECO a deputada Márcia Passos.

Sobre a proposta do PS — 30 de setembro como prazo limite –, a deputada do Bloco de Esquerda comenta que “60 dias após o fim das medidas de mitigação vai, possivelmente, além de 30 setembro”. “Embora a data de 30 de setembro dê uma maior extensão ao atual período, muito possivelmente terá de ser revista novamente, tal como está a ser revista a proposta inicial”, diz Maria Manuel Rola. Já a deputada do PSD defende que esse prazo “parece exagerado” e que “fixar datas precisas pode ser, de alguma forma, perigoso”.

Além do próprio Governo, PS, PSD e Bloco de Esquerda, há ainda mais duas propostas de alteração neste sentido. Uma delas é do PAN, que propõe que os prazos de caducidade, as denúncias dos contratos e a execução das hipotecas fiquem suspensos “enquanto vigorar a declaração da situação de calamidade (…) e até terem decorrido três meses sobre a respetiva cessação”. A outra proposta é da deputada não inscrita Joacine Katar Moreira, que propõe que este prazo seja alterado para “até 31 de julho de 2020”.

Os restantes partidos — CDS, PCP, PEV, Iniciativa Liberal e Chega — não apresentaram propostas de alteração neste sentido mas, ao ECO, o deputado do CDS, João Gonçalves Pereira, deu a entender que os centristas votarão a favor da proposta do Governo. “Estamos confortáveis com o prazo apresentado pelo Governo”, disse.

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5 coisas que vão marcar o dia

António Costa estará em duas frentes: no Conselho de Ministros para alargar os apoios sociais e no debate quinzenal a enfrentar a oposição. No PSI-20, a EDP, EDP Renováveis e a REN apresentam contas.

Esta quinta-feira é dia de debate quinzenal e de Conselho de Ministros, dois eventos que devem continuar a focar-se na resposta à pandemia, agora na fase de início de desconfinamento. O INE divulga a evolução dos salários no primeiro trimestre, as cotadas do setor da energia mostram os resultados do primeiro trimestre e o BCE apresenta o relatório anual de 2019.

Costa vai ao Parlamento com país em estado de calamidade

Esta quinta-feira o primeiro-ministro vai ao Parlamento para ser confrontado pelos deputados numa altura em que o país já está fora do estado de emergência, tendo entrado no estado da calamidade e no início de desconfinamento. Neste debate quinzenal será o CDS a abrir a discussão.

Conselho de Ministros sobre apoios a trabalhadores independentes e sócios-gerentes

António Costa anunciou esta quarta-feira que haverá um alargamento do apoio extraordinário aos trabalhadores independentes que não cumpram o prazo de garantia. Além disso, o Executivo irá alargar o apoio aos sócios-gerentes que passará a abranger os que têm microempresas com até 10 trabalhadores dependentes. Os desempregados que não têm direito ao subsídio de desemprego ficarão também com o acesso facilitado ao subsídio social de desemprego cujo prazo de garantia será reduzido.

Como evoluiu a remuneração dos portugueses no primeiro trimestre?

O Instituto Nacional de Estatística (INE) vai divulgar os números da evolução da remuneração bruta mensal média por trabalhador no primeiro trimestre. A dúvida será sobre se os dados já mostram o impacto da pandemia, ainda que de forma parcial dado que o estado de emergência começou na segunda quinzena de março. No quarto trimestre de 2019, a remuneração brutal mensal média aumentou 2,4%, em relação ao mesmo período de 2018.

EDP e REN apresentam resultados do primeiro trimestre

Esta quinta-feira continua a apresentação dos resultados das cotadas relativamente ao primeiro trimestre deste ano. A EDP, que lucrou 519 milhões de euros em 2019, e a EDP Renováveis, que lucrou 475 milhões de euros em 2019, vão mostrar as contas dos primeiros três meses do ano, sendo que em março já se notou uma redução do consumo de eletricidade. A REN também apresentará contas e realizará uma assembleia geral de acionistas.

BCE apresenta relatório anual de 2019

O Banco Central Europeu (BCE), que está sob pressão na Alemanha, vai apresentar o relatório anual de 2019. No ano passado, o banco central lucrou 2,4 mil milhões, dos quais 55 milhões serão distribuídos na forma de dividendos para o Banco de Portugal.

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Fundo de 100 milhões para ajudar a fusão de empresas avança sem privados

O fundo de 100 milhões de euros alimentado pelo FEI e pelo Fundo de Fundos para a Internacionalização pretende mobilizar 300 milhões de euros (e já não 500) para financiar PME portuguesas.

O fundo para estimular o crescimento de empresas mais maduras e promover fusões e internacionalização vai avançar sem privados. O Portugal Growth Capital Initiative, um fundo de fundos, vai arrancar com 100 milhões de euros e pretende mobilizar cerca de 300 milhões para financiar PME portuguesas, apurou o ECO. Esta é uma ambição revista em baixa tendo em conta os efeito da pandemia na economia.

O instrumento foi anunciado pelo Executivo em dezembro do ano passado, e avançado em primeira mão pelo ECO. Na altura, estavam em cima da mesa 50 milhões do Fundo Europeu de Investimentos (FEI) e 50 milhões do Fundo de Fundos para a Internacionalização, que é gerido pela Instituição Financeira de Desenvolvimento (IFD), vulgarmente conhecida como banco de fomento. O objetivo era levantar no mercado mais 30 a 50 milhões de euros de privados. No conjunto, a meta era mobilizar cerca de 500 milhões de euros.

Mas o mundo mudou. E se em dezembro já se notava alguma dificuldade em mobilizar os privados, tal como o ECO deu nota, depois da pandemia de Covid-19, que ameaça atirar a economia mundial para a pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial, essa é uma carta fora do baralho. Assim, os mesmos 100 milhões vão alavancar cerca de 300.

Este fundo de fundos vai investir em PME e midcaps, ou seja, empresas que têm até três mil trabalhadores. E esta é a grande diferença face ao Portugal Tech, o programa de investimento de 100 milhões de euros que investe em startups na área da tecnologia.

Tal como o Portugal Tech não faz chegar apoios diretamente às empresas portuguesas, o Portugal Growth Capital Initiative também vai escolher capitais de risco que tenham mais know-how nas diferentes áreas e acesso a capital privado. A escolha das capitais de risco deverá caber ao FEI, do conjunto de equipas privadas que se acreditam junto do fundo para receber financiamento. Bastará escolher os fundos nacionais. No caso do Portugal Tech as capitais de risco especializadas escolhidas foram a Indico Capital Partners, Armilar Venture Partners e Vallis Capital Partners.

o Portugal Venture Capital Initiative (PVCi), o primeiro fundo de fundos português, com 111 milhões de euros, investiu em sete fundos que, por sua vez, investiram em 50 empresas. Mas em Portugal nem todas as empresas veem com bons olhos a entrada de capital de risco, tendo em conta as exigências que isso acarreta. Por ano, são feitos cerca de 20 investimentos de private equity no país.

O montante de 100 milhões de euros com que nasce o Portugal Growth Capital Initiative explica-se pela resistência que o tecido empresarial tem a este tipo de investidores, mas há a possibilidade de vir a ser revisto em alta. O PSD, no conjunto de instrumentos que vai sugerir ao Executivo para capitalizar empresas com dificuldades financeiras causadas pela pandemia de Covid-19, incluí um reforço do Portugal Growth Capital Initiative. “Propõe-se que o Estado compense a ausência de privados e reforce a participação nacional de forma a chegar aos 250 milhões de euros”, sugeria o partido numa nota divulgada à imprensa no domingo.

Ao que o ECO apurou, o montante não é descabido, havendo no país capacidade de absorção de capital público e europeu numa lógica de três anos. Mas ainda que o efeito de oferta possa gerar procura, há sempre o risco de investir em empresas de menor valor caso a oferta seja excessiva. Por outro lado, tendo em conta a atual situação do mercado, tanto o BEI como o FEI poderão ser chamados a assumir posições mais significativas nos fundos face ao que é habitual nestes casos.

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