Após resultados, Corticeira Amorim e Novabase sobem 7%

A bolsa nacional está a subir no início desta sessão, contrariando a tendência negativa das quatro sessões desta semana. Após apresentarem resultados, Novabase e Corticeira Amorim brilham na bolsa.

A bolsa nacional negoceia em terreno positivo esta sexta-feira: o PSI-20 arrancou a subir 1,27% para os 4.008,94 pontos, após quatro quedas consecutivas, mas já intensificou os ganhos, chegando a superar os 2%. Ainda assim, esta semana deverá ser negativa para o índice lisboeta. Entre as cotadas, o destaque vai para a Corticeira Amorim e a Novabase que sobem cerca de 7% após terem apresentado ontem os resultados do primeiro trimestre.

“O PSI-20 deverá abrir em alta”, antecipavam os analistas do BPI no diário de bolsa, assinalando que as bolsas europeias iam na mesma direção. Ontem, Wall Street também fechou em alta. Em Lisboa, todas os títulos seguem em alta.

Entre as cotadas, o destaque vai para a Jerónimo Martins que ontem caiu 14% após ter anunciado uma quebra nos lucros no primeiro trimestre e um corte do dividendo em 40%. Na sessão de hoje, os títulos sobem ligeiramente: mais 0,51% para os 14,06 euros.

Esta sexta-feira, a Corticeira Amorim e a Novabase deverão estar a reagir aos resultados do primeiro trimestre. A Corticeira Amorim viu os seus lucros aumentarem 7% para os 20 milhões de euros e a Novabase aumentou em 13% o volume de negócios, atingindo os 31,6 milhões de euros. Ambas as cotadas ainda não sentiram o impacto da pandemia de forma significativa.

As ações da Novabase são as que mais valorizam ao subirem 7,15% para os 2,85 euros. As ações da Corticeira Amorim sobem 6,91% para os 8,82 euros.

Na sessão de hoje, os acionistas da Sonae e da Altri começam a receber os dividendos dos lucros do ano passado: 0,0463 euros por ação e 0,30 euros por ação, respetivamente. As ações da Altri sobem 2,23% para os 4,12 euros e os títulos da Sonae valorizam 1,54% para os 0,62 euros.

(Notícia atualizada às 8h53 com atualização das cotações)

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ARS Norte não paga horas extra aos médicos de saúde pública

  • ECO
  • 15 Maio 2020

O subsídio de disponibilidade permanente que estes médicos auferem não se enquadra no aumento de atividade que começou há mais de dois meses, defendem especialistas.

A Associação dos Médicos de Saúde Pública contesta a decisão da ARS Norte de não pagar as horas extraordinárias feitas pelos médicos de saúde pública desde que a pandemia chegou a Portugal. De acordo com o presidente da associação, Ricardo Mexia, o subsídio de disponibilidade permanente que estes médicos recebem não se enquadra no aumento do volume de trabalho que se regista há mais de dois meses, avançou a TSF (acesso livre).

“As horas trabalhadas que, na prática, há várias semanas, têm sido de rotina, têm sido todos os dias – os médicos de saúde pública trabalham muito mais horas do que aquelas que têm no seu horário — essas horas dificilmente podem ser enquadradas ao abrigo deste regime”, explica Ricardo Mexia à TSF.

De acordo com o presidente da associação dos médicos, esta atitude da ARS Norte vai contribuir para uma atitude menos positiva entre estes profissionais de saúde: “Estamos a falar de profissionais que, há muitas semanas, estão a dar o melhor de si para controlar o problema. Naturalmente, perante uma situação destas ficam um pouco abalados, desiludidos, desmotivados. Espero que isso se vá resolver oportunamente.”

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Passe família na Área Metropolitana do Porto avança a 1 de junho

  • Lusa
  • 15 Maio 2020

O passe família na Área Metropolitana do Porto (AMP) vai avançar no dia 1 de junho e a emissão pode ser feita a partir de 25 de maio.

O passe família na Área Metropolitana do Porto (AMP) vai avançar no dia 1 de junho, podendo a emissão deste título de transporte ser feita a partir de 25 de maio, confirmou quinta-feira à Lusa fonte da entidade.

Segundo a fonte da AMP, a adesão ao Andante Família, que é exclusivo para agregados familiares (mínimo três elementos) com domicílio fiscal num dos 17 municípios da região, pode ser realizada nas lojas Andante, bilheteiras CP com venda Andante e pontos de venda Andante nos concelhos.

O passe família foi aprovado pela Área Metropolitana do Porto no final de janeiro e a sua entrada em vigor esteve prevista para o dia 1 de maio.

A 3 de abril, o presidente da AMP, Eduardo Vítor Rodrigues, revelou que o lançamento do passe família se encontrava suspenso devido ao Covid-19.

“O atual estado de emergência e as consequentes medidas adotadas para evitar a propagação do contágio de Covid-19, bem como a proteção dos passageiros e dos trabalhadores do setor do transporte público, implicaram um ajustamento nos processos de venda de títulos de transporte e de validação dos mesmos”, referiu então a AMP, em resposta à Lusa.

Segundo a AMP, o facto de a emissão do passe “obrigar a um contacto direto entre os requerentes e a rede de vendas” pesou na decisão de adiar a sua entrada em vigor.

Em entrevista à TSF, Eduardo Vítor Rodrigues adiantou que o passe família avança a 1 de junho.

“Acreditávamos que estávamos a fazer poupar uma parte do orçamento familiar, mas tendo havido este deslize de maio para junho, acho que mais sentido faz. Estou absolutamente convencido que neste momento as pessoas precisam mais deste apoio financeiro, desta redução de gasto de orçamento familiar do que há quatro meses”, explicou o também autarca de Vila Nova de Gaia.

As famílias portadoras deste título poderão optar entre duas assinaturas: o Andante Família Metropolitano, válido em toda a área metropolitana, com um custo mensal de 80 euros, e o Andante Família Municipal, que terá um custo de 60 euros mensais e será válido para viagens dentro do município ou até três zonas.

Segundo a fonte da AMP, para usufruir do Andante Família é necessário que todos os elementos de agregado familiar sejam titulares de cartão Andante prateado (em PVC) e todos terão obrigatoriamente de carregar o passe com o mesmo tipo de assinatura.

A mesma fonte da AMP acrescentou ainda que a adesão ao passe “pode ser solicitada por qualquer membro do agregado familiar, maior de idade e mandatado para o efeito, através da Declaração de Representação especificamente definida para o efeito”, que em breve estará disponível.

A 3 de abril, Eduardo Vítor Rodrigues escusou-se, contudo, a apontar uma data concreta para a entrada em vigor do passe família, por entender que a medida tinha de ser avaliada em função da evolução do quadro epidemiológico no país.

Desde julho de 2019 que este título pode ser adquirido na Área Metropolitana de Lisboa (AML).

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Injeção do Estado na TAP pode levar a despedimentos e alteração de rotas

  • ECO
  • 15 Maio 2020

A injeção da TAP terá de passar pelo crivo da direção-geral da concorrência da Comissão Europeia, a qual poderá impor mudanças na empresa.

A ajuda que o Estado deverá dar à transportadora aérea nacional poderá levar a despedimentos e alteração de rotas, caso a Comissão Europeia conclua que os problemas da empresa são anteriores à pandemia. Estas poderão vir a ser as medidas de reestruturação que a TAP, que emprega cerca de dez mil trabalhadores, poderá ter de aplicar para que o Estado possa intervir.

Para aprovar o auxílio público, a Comissão poderá impor condições “duras”, escreve o Jornal Económico (acesso pago) que cita uma fonte próxima do processo, referindo que o Governo tem três cenários em cima da mesa. O plano, que poderá superar os mil milhões de euros (cerca de 0,5% do PIB), deverá estar concluído até ao final de maio.

No quadro das negociações com os privados da TAP, a solução mais provável passará por uma injeção de capital, até 250 milhões de euros, e uma emissão de obrigações, tal como o ECO já avançou, e o Executivo está anunciou que tem a expectativa de que haja um injeção de dinheiro na companhia aérea em meados de junho. Mas, mais dinheiro do Estado vai ter de significar mais controlo do Estado, já alertou António Costa.

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Hoje nas notícias: TAP, sondagem e médicos

  • ECO
  • 15 Maio 2020

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

A ajuda do Estado à TAP poderá estar ligada a despedimentos e a alterações das rotas. O Partido Socialista reforçou as intenções de voto durante a pandemia, aproximando-se do limiar da maioria absoluta. Ainda na atualidade, os médicos de saúde pública queixam-se de não receber pelo trabalho em horas extraordinárias durante a pandemia.

Injeção do Estado na TAP pode levar a despedimentos e alteração de rotas

A ajuda que o Estado deverá dar à transportadora aérea nacional poderá levar a despedimentos e alteração de rotas, caso a Comissão Europeia conclua que os problemas da empresa sejam anteriores à pandemia. Para aprovar o auxílio público, a Comissão poderá impor condições “duras”, escreve o Jornal Económico, referindo que o Governo tem três cenários em cima da mesa. Leia a notícia completa no Jornal Económico (acesso pago).

PS à beira da maioria absoluta

A pandemia está a beneficiar o Partido Socialista que volta a ganhar terreno no mês de maio. Segundo a sondagem da Intercampus, 40,3% dos eleitores votariam nos socialistas, uma subida que acentua a vantagem do partido em comparação com o mês de abril (35,4%). Quanto ao PSD a intenção de voto é de 23,3% e o Bloco continua na terceira posição com 9%, apesar de uma queda em comparação com o mês de abril. Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (link indisponível) e Correio da Manhã (acesso livre).

ARS Norte não paga horas extra aos médicos de saúde pública

A Associação dos Médicos de Saúde Pública contesta a decisão da ARS Norte de não pagar as horas extraordinárias feitas pelos médicos de saúde pública desde que a pandemia chegou a Portugal. De acordo com o presidente da associação, Ricardo Mexia, o subsídio de disponibilidade permanente que estes médicos recebem não se enquadra no aumento do volume de trabalho que se regista há mais de dois meses. Leia a notícia completa na TSF (acesso livre).

Sem doentes, hospitais de campanha vão ser desativados

Os hospitais de campanha foram utilizados de forma muito reduzida e vão começar a ser desativados. Em Lisboa, será retirada uma estrutura pré-fabricada que poderá ser reposta caso seja necessário. No Porto, o hospital de retaguarda deverá ser desativado, mas continuará equipado para ser reativado, se necessário, até ao final de junho. Leia a notícia completa no Público (acesso condicionado).

Não houve casamentos em mais de 240 concelhos em abril

Em abril, a indústria dos casamentos quase paralisou. Em mais de 240 concelhos do país não houve nenhuma cerimónia. No Porto, oito casais mantiveram a cerimónia, em Lisboa apenas um e em Braga nenhum. Recorde-se que, em 2019, o número de casamentos desceu pela primeira vez desde 2015. Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (link indisponível).

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PS à beira da maioria absoluta 

  • ECO
  • 15 Maio 2020

Mesmo com toda a polémica em torno do Novo Banco, Costa e Centeno não saem penalizados e lideram as intenções de voto com 40,3%.

A pandemia está a beneficiar o partido socialista que volta a ganhar terreno no mês de maio. Segundo a sondagem da Intercampus para o Jornal Negócios (link indisponível) e o Correio da Manhã (acesso pago), 40,3% dos eleitores votariam nos socialistas, uma subida que acentua a vantagem do partido em comparação com o mês de abril (35,4%).

Quanto ao PSD a intenção de voto mantém-se igual ao mês anterior e situa-se nos 23,3%. O Bloco de Esquerda continua na terceira posição com 9%, apesar de uma queda em comparação com o mês anterior. O mesmo acontece com o Chega de André Ventura que cai de 7,8% para 6,8%. A CDU, com 5,9%, tem uma subida ligeira em relação a abril (5,8%). O PAN regista uma descida acentuada, para 3,6%, a mesma percentagem do CDS, que também perde eleitores nesta sondagem. Quem dá um salto, o segundo mais relevante nesta sondagem, é a Iniciativa Liberal, liderada por João Cotrim Figueiredo, que passa para 3,2% das intenções de voto.

Esta crise pandémica tem vindo a beneficiar António Costa, mesmo com toda polémica do Novo Banco e do choque com Mário Centeno, ministro das Finanças. O trabalho de campo decorreu entre 5 e 9 de maio, no decorrer da polémica do Novo Banco, quando o primeiro-ministro assumiu não ter sido informado do pagamento de 850 milhões de euros ao Fundo de Resolução.

Leia a ficha técnica da sondagem aqui.

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Governo quer relançar economia com obras públicas. Economistas divididos

O Governo diz que o investimento será o "coração" da recuperação. Mas há quem alerte para "exageros". Os economistas dividem-se sobre a "dose" de investimento público, mas o crucial é a sua qualidade.

Parece haver consenso de que será necessário algum investimento público durante a fase de recuperação da economia, mas há divergências quanto à dose e as áreas a aplicar. O ministro do Planeamento, Nelson Souza, defende que o “investimento público será o coração do plano de recuperação” e o ministro das Finanças, Mário Centeno, diz que “vai ser uma pedra chave no nosso plano de recuperação”. Já o ex-ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, considera que “entrar em quimeras de investimento público seria um disparate total” e o PSD teme que este não seja o instrumento mais adequado por causa do desfasamento temporal. Para já, a intenção do Governo é executar o investimento previsto para 2020, o qual tem ficado aquém dos objetivos nos últimos anos.

A questão que divide os economistas mais ou menos intervencionistas tende a reaparecer em alturas de crise. Uns querem que o Estado avance com investimentos — “investimento público será certamente um dos grandes instrumentos do plano de recuperação”, assumiu Nelson Souza, em entrevista ao ECO — numa altura em que a falta de confiança (e de recursos) do setor privado deixa a economia paralisada. Esta foi a primeira resposta da União Europeia à crise financeira, mas esta abordagem viria a ser abortada e, em parte, terá levado à crise das dívidas soberanas. “Vamos continuar a promover o investimento público como um instrumento fundamental para animar a economia e obter, entre outros efeitos, a dinamização da procura que, em último caso, também é aproveitada pelo setor privado”, acrescentou esta semana no Parlamento, afirmando que esta estratégia irá aumentar a confiança dos agentes económicos.

Outros economistas temem não só o fardo de dívida (e de impostos futuros) que esse “grande” investimento público cria como duvidam do seu efeito no relançamento da economia. Muita literatura refere o efeito de “crowding out“: existindo uma disputa por recursos (trabalho e capital), o aumento do investimento público levaria a uma queda do investimento privado — este deverá cair já por causa da recessão –, mas com o desemprego em alta essa questão não deverá colocar-se. Em entrevista ao ECO, Álvaro Santos Pereira, diretor do departamento de economia da OCDE, considerou que esse dinheiro do investimento público devia ser utilizado para “ajudar as empresas e para as pessoas voltarem a ter emprego”.

Em 2020, no panorama nacional, a intenção do Governo é manter o que estava planeado, segundo o primeiro-ministro. O Orçamento do Estado para 2020 prevê 4.992 milhões de euros de investimento, mais mil milhões do que o executado em 2019 (3.980 milhões de euros). No entanto, este valor pode vir a ser aumentado ou revisto em baixa no orçamento suplementar (ou retificativo) que será apresentado antes da pausa de verão dos trabalhos parlamentares. O ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, já assumiu no Parlamento que o investimento público “pode ter um papel determinante”, anunciando que vai tirar da “gaveta” várias empreitadas até ao final do ano e que o Ferrovia 2020 já está em velocidade de cruzeiro, como mostraram os dados da execução orçamental até março.

Para atingir o objetivo, o Executivo quer agilizar os procedimentos administrativos: “É importante que o Estado tenha a capacidade de absorver e compensar essa diminuição da capacidade produtiva e o investimento publico é muito necessário”, disse o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, no Parlamento. No início do ano já foram lançados alguns concursos como as novas linhas de metro do Porto e de Lisboa (com recurso a fundos comunitários) e a modernização da Linha da Beira Alta, tendo março sido o mês com o maior volume de concursos públicos desde 2010. No caso do aeroporto, este também deverá avançar, segundo António Costa, mas não conta diretamente com dinheiro público dado que será financiado pela concessionária ANA (Vinci).

No panorama europeu, as incertezas à volta da forma como o dinheiro do plano de recuperação chegará aos 27 Estados-membros não permite grandes conclusões sobre se este será mais focado em investimento público ou optará por outras vias. Será preciso saber exatamente para que programas os fundos serão canalizados e se chegarão aos países na forma de subvenções ou empréstimos para perceber o seu efeito no investimento público. A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, disse a maioria do investimento iria ser canalizado para reformas nos Estados e para a coesão, mas também para o pacto europeu verde, para a transição digital e para a criação de maior autonomia de produção em áreas essenciais.

Investimento público para reanimar economia: sim, mas com que dose?

Até o Fundo Monetário Internacional (FMI), uma entidade vista como mais conservadora, assumia no World Economic Outlook e no Fiscal Monitor que os países terão de aumentar o investimento público. Um estímulo orçamental, “como por exemplo o investimento em infraestruturas públicas ou cortes transversais nos impostos”, podem “prevenir uma queda mais acentuada da confiança, ajudar a aumentar a procura agregada, limitar a propagação do choque ao reduzir as falências e evitar uma recessão ainda pior”.

No Fiscal Monitor, o Fundo mostrava como o investimento público estava a diminuir nas economias avançadas antes da crise pandémica. “O argumento para o investimento público é particularmente forte em países com um rácio de capital face ao PIB baixo ou em queda (isto é, onde o investimento bruto não compensa pela depreciação), com uma acumulação lenta de capital per capita e uma procura agregada fraca”, aconselhava o FMI.

Esse é o caso de Portugal, como alertou a Comissão Europeia em fevereiro: “O investimento público em Portugal tem sido mais baixo do que o consumo de capital fixo desde 2012, o que se traduz num investimento público em termos líquidos continuamente negativo e numa erosão potencial do stock de capital”. Esta deterioração do investimento público contrasta com o investimento privado líquido que é positivo desde 2018. Atualmente, o Estado só representa 10% do investimento total da economia portuguesa.

“O investimento público, efetuado de forma continuada pode contribuir para a obtenção de uma taxa de rentabilidade macroeconómica positiva (cerca de 1,6% no período 1960-2014 em Portugal)“, argumenta, em resposta ao ECO, António Afonso, professor do ISEG, citando um estudo seu com Miguel St. Aubyn do Conselho das Finanças Públicas.

Os números do Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que um euro de investimento (público e privado) conduz a 37 cêntimos de importações (contributo negativo para o PIB) e 63 cêntimos de PIB. Já um euro de exportações — que foram o motor da recuperação económica da crise anterior, mas que poderão demorar a reanimar, principalmente no turismo, por causa da pandemia — conduz a 44 cêntimos de importações e 56 cêntimos de PIB.

"O investimento público, efetuado de forma continuada pode contribuir para a obtenção de uma taxa de rentabilidade macroeconómica positiva.”

António Afonso

ISEG

Porém, Pedro Braz Teixeira, diretor do gabinete de estudos do Fórum para a Competitividade, duvida dos efeitos de um grande aumento do investimento, alertando que “é muito difícil haver estudos fiáveis em relação ao investimento público”. “Como é que se diferencia entre investimento útil e disparatado (TGV)?“, questiona, argumentando que, “em geral, nos estudos, quanto maior a derrapagem, maior o investimento público e maiores seriam os seus efeitos, o que não é razoável”. Esta semana, o Fórum escrevia mesmo este era o “pior instrumento possível” para combater uma recessão destas características.

Susana Peralta, professora da Nova SBE, também reconhece que os estudos sobre os efeitos do investimento público têm um “problema enorme de causalidade”, mas a maioria dos estudos aponta para um efeito positivo no PIB quando se está perante aumentos nos gastos públicos “razoavelmente contidos”. No entanto, nota que “evidentemente a qualidade do investimento público é determinante” para tirar conclusões mais robustas.

“Os multiplicadores (rácio da variação de euros do PIB como consequência da variação de euros do investimento público) dependem do horizonte temporal, das características dos países, da composição do próprio investimento e também do estado (expansão/recessão da economia), entre muitas outras dimensões”, acrescenta Pedro Brinca, professor de macroeconomia na Nova SBE. Contudo, relativamente a Portugal, o economista considera que “os níveis baixíssimos de investimento público que têm sido observados no passado mostram que mais do que uma política oportuna de combate à recessão, é mesmo uma necessidade do país”.

"Em geral, nos estudos, quanto maior a derrapagem, maior o investimento público e maiores seriam os seus efeitos, o que não é razoável.”

Pedro Braz Teixeira

Fórum para a Competitividade

Há ainda dificuldades inerentes ao momento que se vive, nomeadamente o condicionamento da vida pública até que haja uma vacina ou um tratamento eficaz. “É importante salientar que estimular a procura [através do aumento do investimento público], em quarentena, tem impactos limitados“, avisa Braz Teixeira, explicando que “há muitos setores impossibilitados de vender (por exemplo, vestuário) que não são beneficiados, pelo que os benefícios circulares habituais estão cerceados”.

Esta é uma crise única no sentido que é uma crise de procura i.e. afeta a capacidade/vontade de as pessoas consumirem, e uma crise de oferta ao mesmo tempo i.e. afeta a capacidade/vontade de as pessoas produzirem”, complementa Pedro Brinca, explicando que “a estratégia de promover o investimento público em altura de recessões faz mais sentido num contexto de crise de procura”. “Dependendo do peso relativo destas duas forças, pode fazer mais ou menos sentido”, conclui, referindo que nos “inquéritos às empresas que têm sido feitos, o efeito dominante parece ser o da crise na procura e sendo assim, uma política de investimento público poderá fazer sentido“.

Uma União dividida no investimento público

Entre as economias avançadas, Portugal tem um dos rácios de investimento público no PIB mais baixos: em 2019 foi de 1,9%, segundo os dados do Eurostat, apenas acima do Chipre (1,7%) e longe da média europeia de 3% do PIB. Esta estatística em particular demonstra bem a capacidade de investimento público dos vários países da União Europeia: Portugal, Grécia, Espanha e Itália — países mais endividados que lutam por um maior apoio europeu — estão na cauda europeia neste indicador.

Fonte: Eurostat.

António Afonso explica que “países com maiores desequilíbrios orçamentais e maiores rácios dívida pública-PIB, na UE, têm sentido alguma limitação adicional em implementar medidas de investimento público, quer pelas restrições orçamentais, quer pelo maior custo de financiamento e obtenção de capital no mercado de capitais”. “O investimento público seguramente que é uma prioridade nacional, mas se implicar divida significativa adicional sem qualquer garantia ou apoio das instâncias Europeias (que não os mercados), não me parece que seja viável“, antecipa Pedro Brinca.

Na mesma linha, Susana Peralta avisa que “em Portugal, a aposta no investimento público é muito mais problemática [do que noutros países europeus] se levar a um aumento enorme da dívida, o que depois pode levar a cortes em gastos fundamentais e austeridade”. Ainda assim, a economista vê como positiva a “vontade política” a nível europeu de haver um fundo de recuperação de cerca de 10% do PIB, mesmo que seja em grande parte através da concessão de empréstimos. Esta componente europeia poderá dar mais margem a Portugal para investir, nomeadamente se estiver integrado no pacto verde europeu que “depende de muito investimento público” por ser uma “mudança de paradigma” que é “impulsionada pelo Estado”.

"Parece evidente que a reconstrução pós-crise terá de ser inserida nesse plano pré-crise do plano verde.”

Susana Peralta

Nova SBE

“São investimentos que dificilmente o setor privado consegue fazer”, considera, explicando que os custos iniciais são “enormes”. “Parece evidente que a reconstrução pós-crise terá de ser inserida nesse plano pré-crise do plano verde”, diz, referindo que este é o “contexto ideal para fazer a transição energética” até porque a situação atual mostra como nos temos de proteger de “riscos mais radicais”, seja os incêndios, inundações ou o risco sísmico. “Esta é uma oportunidade para o Estado avançar”, argumenta, para que mais tarde o “setor privado possa complementar de alguma forma”.

Investir sim, mas onde?

Um dos pontos que os economistas consideram ser essencial neste debate é onde será aplicado o dinheiro. E aqui também há divergências entre os países europeus no ponto de partida: por exemplo, a ferrovia está mais desenvolvida e interligada nos países que partilham fronteira (Alemanha, França, Bélgica, Itália e Espanha, por exemplo) enquanto Portugal, que apostou mais na rodovia, foi ficando à margem. Mas há áreas em que Portugal está mais à frente em comparações com outros países europeus, como é o exemplo das telecomunicações.

Na entrevista ao ECO, Álvaro Santos Pereira temia “grandes” obras públicas, mas concordava, por exemplo, com investimentos europeus, nomeadamente as ligações europeias de ferrovia. Já Nelson Souza falava de “investimento público qualificando, melhorando e disponibilizando as infraestruturas”, sem dispensar uma “análise criteriosa dos investimentos, da sua viabilidade e, do contributo que para a estratégia de retoma”.

“Portugal desde os anos 90 tem escolhido canalizar parte do investimento público (e privado) para infraestruturas rodoviárias, as quais, provavelmente, terão já alguma rentabilidade implícita negativa”, considera António Afonso, explicando que “sendo um país de pequena dimensão territorial, e com apenas uma fronteira terrestre, tal tipo de investimentos pode ser diversificado, por exemplo para áreas como a ferrovia”.

Pedro Braz Teixeira segue a mesma linha: “É preciso diferenciar as infraestruturas. Em vias rodoviárias estamos bem, em geral, mas ferroviárias não. Em transportes sim, mas em saúde não“, acrescenta, assinalando que neste momento “parece importante aumentar a capacidade do sistema de saúde, para lidar com novos picos, que são dados como prováveis”. “Nunca houve e não haverá (pelo menos num futuro próximo) tantas condições políticas para investir no sistema nacional de saúde“, acrescenta Pedro Brinca, assinalando que “existem problemas graves no SNS em termos de infraestruturas que podem e devem ser colmatadas”.

Já no reforço da autonomia produtiva da União Europeia, uma prioridade da Comissão Europeia e do Conselho Europeu, o economista prefere que o ónus esteja do lado das empresas. “É preferível que seja o setor privado a fazê-lo, porque o Estado não tem qualquer experiência na produção destes bens”, argumenta Braz Teixeira, ressalvando, no entanto, que para o investimento privado “ser interessante” é preciso ter “clareza sobre como será a procura e os preços”.

Para Susana Peralta este reforço da autonomia obrigará a União Europeia a ser menos focada na “minimização do custo” e “mais focada na minimização do risco” de depender apenas de um só país, a China, em várias cadeias de valor. “Essa industrialização a nível europeu, movendo parte da produção, até pode ser uma boa notícia para Portugal. Pode vir a ser uma oportunidade”, antecipa. Essa opinião é partilhada por Pedro Brinca que vê uma “oportunidade” para Portugal, país com custos de trabalho relativamente baixos na União Europeia, no “reshoring de muita atividade produtiva que estava deslocalizada para fora da Europa”. No entanto, “obviamente que essa não será uma ‘vantagem desejável’ no longo prazo”, considera.

E este reforço da autonomia europeia poderá levar a um aumento do protecionismo a nível mundial? Pedro Braz Teixeira admite que sim — “existe um risco protecionista” –, mas refere que em parte tem “boas razões, como sejam a segurança”. “Será como ter uma mini-PAC para os bens da saúde, mas sem perder de vista os propósitos iniciais daquela”, antecipa. “Esta crise veio acentuar algum sentimento que surge sempre nestas alturas, de mudar os perfis de consumo para apoiar as economias nacionais“, acrescenta Pedro Brinca, referindo, porém, que “como em todas as outras ocasiões, não terão grandes consequências”.

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5 coisas que vão marcar o dia

No dia em que há novos dados do PIB, há reações a resultados trimestrais e dividendos na bolsa de Lisboa. No Parlamento, discutem-se comissões bancárias.

É certo que a recessão em Portugal, causada pela pandemia, será profunda. Esta sexta-feira, poderá começar a ter-se noção do impacto do coronavírus na economia, ainda que o vírus apenas tenha começado a fazer-se sentir no final do primeiro trimestre. Será também importante seguir a evolução da atividade turística em março, mas também as medidas da segunda fase de desconfinamento, que será apresentada pelo Governo após o Conselho de Ministros. Na bolsa, depois da venda de parte da Media Capital, será de acompanhar o comportamento das ações de empresas que apresentaram contas, isto enquanto alguns investidores recebem os dividendos dos lucros de 2019.

Coronavírus já se sente no PIB?

O centro das atenções vai estar, esta sexta-feira, nos dados do produto interno bruto (PIB) referentes ao primeiro trimestre do ano, tanto de Portugal como dos restantes países da União Europeia. A perspetiva é de que a economia nacional ainda tenha crescido nos três meses até março, mas haverá um abrandamento em resultado do confinamento provocado pelo coronavírus. O rombo mais expressivo será sentido no segundo trimestre, levando a uma contração no total do ano. Apesar de o Governo não ter atualizado as projeções para a economia, as estimativas internacionais para a totalidade do ano antecipam uma forte quebra. A Comissão Europeia espera uma recessão de 6,8% e o Fundo Monetário Internacional de 8%.

Turismo em queda com o vírus

O Instituto Nacional de Estatística (INE) vai revelar os dados da atividade turística. Se em fevereiro ainda houve um crescimento de 15% face ao mesmo mês do ano passado, embora com a quebra para menos de metade dos turistas chineses, os números de março já vão demonstrar um cenário bem diferente. Na estimativa rápida já apresentada, referente ao terceiro mês do ano, o INE apontava já para uma quebra de 50% no número de turistas, principalmente devido à perda de hóspedes nacionais.

Desconfinamento, a nova fase. Costa anuncia-a hoje

Depois de mais um encontro com especialistas no Infarmed, o Governo vai reunir-se esta sexta-feira em Conselho de Ministros para apresentar a segunda fase do processo de desconfinamento, que arrancará dia 18 com a reabertura dos restaurantes. Marcelo Rebelo de Sousa, que esteve novamente na reunião, juntamente com Ferro Rodrigues, António Costa e os líderes dos restantes partidos, deu a “luz verde” para esta nova fase, salientando que os portugueses foram “muito contidos” na primeira fase.

Banco de Portugal e banqueiros ouvidos sobre comissões

O tema das comissões bancárias volta à Assembleia da República com audições ao secretário-geral da Associação Portuguesa de Bancos, Norberto Rosa, ao vice-governador do Banco de Portugal, Máximo dos Santos. A intenção dos deputados é estarem, em junho, em conversações para tentarem consensualizar as várias propostas para avançar com as limitações às comissões bancárias, nomeadamente em plataformas eletrónicas como o MB Way.

Resultados, dividendos e Media Capital

Na bolsa, depois da apresentação das contas, Corticeira Amorim e a Novabase deverão reagir aos resultados do primeiro trimestre deste ano, isto enquanto os acionistas da Sonae e da Altri começam a receber os dividendos dos lucros do ano passado. A partir desta sexta-feira é a vez de a Sonae pagar 0,0463 euros por ação, num total de 92,6 milhões de euros. Também a Altri começa a remunerar os acionistas, em 0,30 euros por ação, o que totaliza 61,5 milhões de euros. Será também importante acompanhar a reação em bolsa da Media Capital à compra de 30% do capital por parte de Mário Ferreira, por uma soma de 10,5 milhões de euros.

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Fundos vão ter controlo mais apertado. Vírus aumenta risco do imobiliário e dívida

A forte incerteza quanto ao outlook macrofinanceiro levou o Comité Europeu do Risco Sistémico a recomendar um acompanhamento mais próximo da indústria da gestão de ativos.

A pandemia veio expor o risco dos fundos de investimento num contexto de pânico nos mercados financeiros. Perante a necessidade de liquidez para reembolsar os aforradores, as sociedades gestoras ficaram em dificuldades, especialmente as mais expostas ao imobiliário e à dívida privada. Vai haver, por isso, um controlo mais apertado daqui para a frente.

A preocupação foi expressa pelo Comité Europeu do Risco Sistémico (ESRB, na sigla inglesa), que aconselha maior controlo nas políticas de investimento. A recomendação já recebeu apoio tanto da Autoridade Europeia dos Valores Mobiliários e dos Mercados (ESMA) como da portuguesa Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

“A aguda queda do preço dos ativos observada com o surto de Covid-19 foi acompanhada de resgates significativos de certos fundos de investimento e uma significativa deterioração da liquidez nos mercados financeiros. Apesar de as condições de mercado terem desde então estabilizado, em grande parte devido às ações dos bancos centrais, autoridades de supervisão e governos, mantém-se uma grande incerteza quanto ao outlook macrofinanceiro“, alerta o ESRB.

O comité aponta as vulnerabilidades de fundos de investimento com curtos períodos de amortização e investimentos em ativos pouco líquidos. Em especial, é o caso de dívida privada e imobiliário, segundo o responsável europeu pelo controlo do risco sistémico. “Esse desalinhamento de liquidez aumenta o risco de pressões adicionais nas avaliações dos ativos em tempos de stress“.

Por isso, o ESRB recomenda que as autoridades nacionais realizem ações de supervisão sobre a exposição e as vulnerabilidades dos fundos de investimento à dívida privada e ao mercado imobiliário. Aconselha ainda a agilização de mecanismos de gestão de liquidez e a avaliação de impactos a nível europeu de uma descida de ratings nos vários segmentos do sistema financeiro.

A nível nacional, a CMVM explica, em comunicado, que tem acompanhado os impactos da pandemia na indústria de gestão de ativos nacional e internacional. “A este respeito foram reforçados os requisitos de prestação de informação e a CMVM mantém um acompanhamento diário dos desenvolvimentos relevantes”, sublinha a entidade liderada por Gabriela Figueiredo Dias.

Acrescenta que irá “tão rapidamente quanto possível” iniciar a análise harmonizada a nível europeu que é referida na recomendação. “Perante a severidade do choque, e sublinhando a incerteza e desafios que ainda permanecem pela frente, a CMVM destaca a resiliência do mercado nacional aos efeitos da pandemia até ao momento, bem como a resposta profissional oferecida pela indústria de fundos de investimento“.

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Moratórias, travão às rendas e suspensão dos despejos. Como os países protegem as famílias

Para apoiar as famílias no que diz respeito à habitação, os países adotaram várias medidas em plena pandemia. Portugal adotou três das quatro mais comuns nos países da OCDE.

Para apoiar as famílias no que diz respeito à habitação, face à crise provocada pelo coronavírus, os países adotaram várias medidas. De acordo com os dados da OCDE revelados esta quinta-feira, a maioria dos países recorreu às moratórias nos créditos à habitação e à suspensão dos despejos. Portugal optou por adotar três das quatro medidas mais comuns.

Moratórias no crédito à habitação, suspensão dos despejos, congelamento das rendas e atribuição de um subsídio de renda foram as quatro medidas mais adotadas por uma lista de 65 países, dos quais 26 fazem parte da OCDE.

Os dados revelados na conferência virtual sobre as medidas adotadas na habitação face à crise do coronavírus, na qual esteve presente a secretária de Estado da Habitação, mostram que as moratórias no crédito da casa foram o recurso mais utilizado, num total de 48 países. Metade já implementou mesmo essas moratórias, enquanto dez ainda estão a planeá-las.

Logo depois vem a suspensão dos despejos, com 45 países a recorrerem a este recurso, como o Canadá, Irlanda e Irlanda. Por fim, 19 países decidiram congelar o preço das rendas, como Espanha, Venezuela e Grécia, enquanto 11 países optaram por atribuir um subsídio de rendas às famílias, como Espanha, Áustria e Portugal.

Analisando o gráfico apresentado pela OCDE observa-se que, destas quatro medidas, Portugal adotou três. Para além das moratórias no crédito à habitação — mas também no pagamento das rendas ao senhorio –, o Governo português decidiu suspender os despejos desde março e, na parte do subsídio de renda, a OCDE deve ter tido em conta os empréstimos concedidos pelo Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) às famílias com perdas de rendimento. De fora ficou o congelamento das rendas, uma medida que os governantes têm sempre dito que iria prejudicar ainda mais o mercado de arrendamento.

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Após mínimos, bolsas já ganham 30%. O pior do coronavírus já passou?

Ações mundiais têm vivido numa montanha russa desde o início do ano, tendo passado por um "bear market" em tempo recorde. Os receios de uma segunda vaga de Covid-19 são o principal travão à retoma.

Quer os investidores tenham aproveitado os baixos preços para reforçar posições, quer estejam confiantes sobre o fim da pandemia, certo é que as bolsas mundiais parecem já ter esquecido os dias negros vividos em março. Menos de dois meses depois, e com grande parte da população mundial ainda em confinamento, a recuperação está já próxima de 30% tanto na Europa como nos EUA.

A pandemia de Covid-19 vai atirar o mundo para a pior crise económica desde a segunda guerra mundial, enquanto a paralisação das empresas deverá causar um disparo nas falências de empresas e, para as que resistirem, uma forte quebra nos resultados. Foi este cenário que levou as bolsas a travarem a fundo e a inverterem o sentido com que chegaram a 2020.

De forma generalizada, as bolsas mundiais renovavam máximos e, a 19 de fevereiro, atingiram o pico. Mas o coronavírus já começava a atacar o continente europeu e a Organização Mundial de Saúde já tinha decretado pandemia mundial. Entre esse último máximo e o mínimo tocado apenas um mês depois, a 23 de março, o global MSCI World, o norte-americano S&P 500 ou o português PSI-20 afundaram 35%. O Stoxx 600, que atingia o mínimo uma semana antes, tombou 38%.

"A reação mais rápida de banqueiros centrais e especialmente dos políticos, em comparação com os eventos de 2008 e 2009, foi certamente apreciada pelos investidores.”

Analistas do ING

Governos e bancos centrais apressaram-se a anunciar estímulos monetários e orçamentais para tentar travar a sangria. Nos EUA, “a Reserva Federal norte-americana (Fed) e o Congresso evitaram a concretização de um total colapso económico”, dizem os analistas do Goldman Sachs, numa nota em que reviram em alta as projeções para o S&P 500.

Injeções de capital deram fôlego às ações

“Estas ações políticas significam que a nossa anterior previsão de desvalorização já não é provável”, indicaram, sinalizando que as quedas do índice de referência já tinham atingido o ponto máximo, depois de a Fed ter anunciado medidas sem precedentes. A mega rede de segurança para empresas famílias, governo central e até regional totaliza 2,3 biliões de dólares de forma direta e outros 3,7 biliões de forma indireta. E junta-se aos 2,9 biliões de dólares aprovados pelo Congresso.

Apesar de abaixo da magnitude dos EUA, os estímulos têm sido generalizados numa série de regiões, da Ásia à Europa. O Banco Central Europeu (BCE) lançou um programa de emergência com 750 mil milhões de euros e aumentou o programa de compra de dívida que já tinha em 120 mil milhões. Reforçou ainda os empréstimos baratos à banca e a liquidez no mercado monetário. Em simultâneo, o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) vai disponibilizar 240 mil milhões de euros em linhas de crédito.

A reação mais rápida de banqueiros centrais e especialmente dos políticos, em comparação com os eventos de 2008 e 2009, foi certamente apreciada pelos investidores“, sublinha o ING. “O livro de estilo da agressiva liquidez foi novamente mobilizado pelos bancos centrais para empurrar os investidores de volta para o mercado de ações”.

Bolsas vivem montanha russa desde o início do ano

Fonte: Reuters

O sucesso foi expressivo. Desde os mínimos registados em março, o MSCI World, o S&P 500 e o Stoxx 600 já somam mais de 30%, enquanto os ganhos do PSI-20 são mais ligeiros, mas ainda assim de 20%. “Até aqui, tudo bem. A nossa preocupação é que a projeção de queda dos lucros seja demasiado otimista“, alertam os analistas do banco holandês.

A preocupação não é exclusiva e o intermitente sentimento positivo é sintomático. As bolsas mundiais têm vivido altos e baixos consoante a evolução do número de infetados pelo vírus, das medidas de desconfinamento e dos resultados trimestrais que vão sendo apresentados. A existência ou não de uma segunda vaga será a chave para a recuperação das ações.

Recuperação total poderá demorar dois anos

Para já, as bolsas conseguiram recuperar cerca de metade do dinheiro perdido, mas continuam abaixo da linha de água no ano. O MSCI World perde 13%, o S&P 500 recua 9%, o Stoxx 600 desvaloriza 16,5% e o PSI-20 cai 19% em 2020. E a total retoma poderá ainda demorar.

“Sempre que há uma recessão assim, parece um afogamento. Quando vai terminar? Quando poderemos respirar? Onde está terra firme?”, compara Duncan Lamont, head of research and analytics da Schroders. “A infeliz verdade é que quebras no mercado de ações desta magnitude, ou até piores, acontecem de tempos a tempos”.

"Nos últimos 148 anos, houve 11 ocasiões em que o S&P 500 afundou 25%. Em sete desses episódios, os investidores recuperaram as perdas em menos de dois anos.”

Duncan Lamont

Head of research and analytics da Schroders

Nos últimos 148 anos, houve 11 ocasiões em que o S&P 500 afundou 25%. Tanto em 2001 como em 2008, as perdas superaram os 40%, e no caso extremo da Grande Depressão nos anos 1930 foi mesmo de 80%.

E agora? Ainda poderá demorar até aos acionistas recuperarem do tombo, como mostra a história. “Se tivessem mantido o investimento [após a queda na Grande Depressão], demoraria 15 anos a recuperarem o seu dinheiro. Mas nem todas as desvalorizações dos mercados acionistas são tão calamitosas. Em sete dos 11 episódios, os investidores recuperaram as perdas em menos de dois anos“, acrescenta Lamont.

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Prolongar o lay-off simplificado? As respostas e opções dos outros países europeus

O lay-off simplificado está disponível até ao final de junho, mas os patrões exigem que a porta continue aberta por mais algum tempo. Há vários países europeus que já avançaram nesse sentido.

A porta de acesso ao lay-off simplificado está aberta até ao final de junho, mas os patrões têm exigido o prolongamento desse regime extraordinário por mais algum tempo. E ainda que, desde o lançamento desta medida, o Governo tenha admitido estendê-la até setembro, nenhuma resposta mais concreta ao pedido dos empregadores foi adiantada até agora. Entre os demais países europeus, há já alguns que largaram o período de acesso a mecanismos semelhantes ao lay-off português; mas também há quem pretenda começar a fechar a porta a esses apoios já no arranque do próximo mês.

Em resposta ao impacto da pandemia de coronavírus na economia nacional, o Executivo lançou uma versão simplificada do lay-off destinada aos empregadores que estejam em crise empresarial por causa do surto de Covid-19. Ao abrigo deste regime, a empresa pode suspender os contratos de trabalho ou reduzir a carga horária dos trabalhadores, que mantêm, pelo menos, dois terços do seu salário.

No caso da suspensão do contrato, esses dois terços do ordenado são pagos em 70% pela Segurança Social e em 30% pelo patrão; já no caso da redução do horário, o Estado só comparticipa em 70% o valor necessário para, em conjunto com a remuneração devida pelas horas mantida, perfazer, no mínimo, os tais dois terços da retribuição. Em ambos os casos, cabe ao empregador adiantar por inteiro o ordenado, isto é, a Segurança Social reembolsa mais tarde a empresa pelo valor que cabe ao Estado.

De notar ainda que, no regime português, tanto podem ser colocados em lay-off todos os trabalhadores de uma dada empresa, como apenas parte desse grupo. Os pedidos são, de resto, aprovados mensalmente pela Segurança Social, podendo ser renovados até três meses.

De acordo com o decreto-lei publicado em março, o regime só estará disponível, contudo, até ao final de junho. Ou seja, por exemplo, um empregador que recorra ao lay-off simplificado no início de junho, já não deverá conseguir renová-lo. Os patrões têm pedido, por isso, o prolongamento do regime em causa, considerando que tal é fundamental para apoiar o emprego, também no momento da retoma da atividade.

O Executivo ainda não deu uma resposta concreta a esse pedido, mas no diploma referido já admitia deixar a porta aberta até ao final de setembro se a “evolução das consequências económicas e sociais” o justificasse. Nos demais países do Velho Continente, há alguns que já estão a avançar nesse sentido.

A par de Portugal, outros países europeus também lançaram mecanismos semelhantes ao referido lay-off simplificado para fazer face à crise pandémica, apoiando as empresas no pagamento de remunerações e mitigando a escalada do desemprego.

É o caso, por exemplo, do Reino Unido, onde o chamado job retention scheme (numa tradução livre, o esquema para retenção de empregos) garante 80% do ordenado bruto (até 2.500 libras ou cerca de 2.820 euros) aos trabalhadores, que têm de ficar enquadrados neste regime por um período mínimo de três semanas. O pedido pode, contudo, ser renovado várias vezes, enquanto este mecanismo especial estiver aberto.

A propósito, a porta a esse regime deveria fechar em julho, mas o Executivo de Boris Johnson decidiu mantê-la aberta até ao final de outubro. Além disso, o instrumento ganhará alguma flexibilidade, nomeadamente a possibilidade de fazer regressar ao trabalhado, mas a tempo parcial alguns dos trabalhadores em lay-off. “Esta extensão e mudanças trarão flexibilidade às empresas ao mesmo tempo que protegerão os rendimentos dos cidadãos britânicos e as nossas perspetivas económicas”, defendeu o ministra das Finanças, Rishi Sunak.

Outro país que já escolheu prolongar o lay-off foi Espanha. Até aqui o chamado expediente de regulacíon temporal de empleo (numa tradução livre, o mecanismo de regulação temporária do emprego) estava dependente do estado de exceção, mas o Governo espanhol deixou cair essa condição e prolongou o regime até, pelo menos, o final de junho.

O lay-off espanhol funciona como um subsídio de desemprego temporário, correspondendo o seu valor a 70% do ordenado do trabalhador, até 1.908 euros. Ao contrário do regime português, não está fixado, à partida, um teto à duração em que um dado empregador pode recorrer a este instrumento.

Também a Áustria adotou um mecanismo especial de contornos semelhantes ao lay-off para evitar uma escalada do desemprego em consequência da crise pandémica. Neste caso, os horários de trabalho são reduzidos entre 10% e 90%, recebendo o trabalho a remuneração referente às horas mantidas à qual se soma um apoio do Estado. No total, esse trabalhador tem assegurada uma fatia de 90% do seu ordenado líquido (no caso dos salários brutos até 1.700 euros), de 85% (no caso dos salários brutos entre 1.700 euros e 2.685 euros) ou 80% (no caso dos salários brutos superiores a 2.685 euros).

Ao abrigo desde mecanismo, o empregador pode pedir apoio por três meses, podendo ser prolongado por mais três meses. Na Áustria, ainda não foi anunciado um prolongamento, mas este regime especial está disponível, pelo menos, até setembro.

Também na Alemanha ainda não se fala na extensão do regime equivalente ao português lay-off simplificado, já que à partida a sua duração foi fixada por uma período mais alargado. O chamado kurzarbeit ganhou uma versão especial face à pandemia de coronavíus, permitindo ao empregador recorrer ao apoio para o pagamento das remunerações por até 12 meses. No regime tradicional, a duração máxima é de seis meses. E o que recebem os trabalhadores? É-lhes garantido 67% do salário líquido, no caso de terem filhos, ou 60%, no caso de não terem filhos.

A remar contra a maré do reforço do lay-off está França. O francês chomage partiel (numa tradução simples, desemprego parcial) garante 70% do salário bruto (até 6.927 euros mensais) ou 100% da remuneração aos trabalhadores que recebam o salário mínimo.

A ministra do Trabalho francês, citada pelo Le Figaro, já adiantou, no entanto, que a atuação deste regime será gradualmente reduzida a partir de 1 de junho, com exceção dos setores do turismo, restauração e hotelaria, nos quais os apoios serão mantidos na íntegra. “No início de junho, vamos reduzir a fatia do apoio assegurada pelo Estado, para incentivar a retoma da economia“, disse a governante francesa.

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