Da bricolage às conservas. Estas empresas cresceram em tempos de pandemia

2020 foi um ano particularmente difícil para grande parte do tecido industrial português, mas existem exceções. Da Cimpor à Ramirez, conheça exemplos de empresas que cresceram em tempos de crise.

A pandemia afetou a economia a uma escala global, mas nem todas as indústrias foram afetadas da mesma forma. Alguns setores de atividade viram a sua procura aumentar significativamente e tiveram mesmo de intensificar a produção para responder à procura desenfreada por determinado produto. É o caso de setores como a construção, bricolage, mobiliário, conservas e energia.

O ECO falou com a Cimpor, Barbot, Ramirez, Lavoro, Paulo Antunes, Sun Energy e Arquiconsult. Todas as empresas cresceram em tempos de pandemia e algumas até contrataram mais recursos humanos para responder à procura.

O confinamento e o teletrabalho levaram os consumidores a alterar hábitos de consumo, a reformular espaços e tornar a casa mais confortável, pensando em soluções energéticas mais amigas do ambiente. Com todas estas alterações, várias indústrias sentiram um impacto positivo e assistiram a um aumento do número de encomendas.

A construção, a par com a indústria agroalimentar, foram setores que resistiram ao impacto da pandemia. No que respeita à construção, os materiais registaram uma forte procura, à semelhança dos bens alimentares. A Cimpor apesar de ter crescido em tempos de pandemia, viu as exportações caírem 30%. A fábrica de cimento mais antiga do país, que exporta principalmente para África, América Latina e Europa, encontrou oscilações entre os mercados.

“Enquanto no mercado interno a Cimpor registou uma evolução positiva face a 2019 — o volume de vendas cresceu cerca de 10% — os resultados com as exportações baixaram cerca de 30%”, explica ao ECO o presidente executivo da Cimpor Portugal e Cabo Verde, Luís Fernandes.

Nos primeiros dez meses do ano, o consumo de cimento cresceu 9,3% e atingiu valor anual médio mais alto desde 2011. Para o CEO da Cimpor Portugal e Cabo Verde, este crescimento deve-se a duas razoes: “O facto de o setor da construção em geral não ter parado, ou seja, as obras em curso continuaram e as que já estavam adjudicadas iniciaram-se” e registou-se “um crescimento da pequena obra, pensamos que associada ao facto de, devido ao confinamento, as pessoas estando em casa aproveitaram para executar obras “adiadas”, o que se traduziu num aumento do consumo de cimento ensacado”, enumera o responsável.

À semelhança da construção, a bricolage foi um dos setores que mostrou resiliência. O presidente da Barbot, Carlos Barbot, confirma a tendência de crescimento e corrobora a ideia de Luís Fernandes. “A construção civil continuou a trabalhar normalmente e a bricolage aumentou”, explica o empresário. Acrescenta ainda que a “procura foi homogénea em todo o catálogo com um foco especial nas tintas de cor para o interior”.

Para o presidente da Barbot, com o confinamento e todas as medidas de restrição adjacentes ao estado de emergência, “os portugueses dedicaram mais tempo e dinheiro à casa”. Já no primeiro trimestre do ano, a Barbot fez correr muita tinta e assistiu a um aumento de 5% nas vendas. O gestor da empresa já tinha dito ao ECO, no primeiro confinamento, que as pessoas aproveitaram o facto de estarem em casa para fazer uns retoques. Noves meses depois, Carlos Barbot, confirma que a Barbot cresceu 12% a nível global e 15% no mercado interno. A empresa faturou mais de 50 milhões a nível global, contra os cerca de 46 milhões faturados em 2019.

Para além da construção a procura por bens alimentares disparou. A Ramirez viu a procura por conservas disparar no primeiro confinamento. Já no primeiro trimestre o presidente da empresa, Manuel Ramirez antecipava ao ECO um ano de crescimento. A expectativa passou a realidade e a Ramirez, que conta com 168 anos de história, fechou o ano de 2020 com um crescimento global de 30% no volume de negócios. “Registou-se um aumento de consumo desse tipo de produtos quer no mercado interno, quer no mercado externo”, conta Luís Avides Moreira, adjunto da administração das Conservas Ramirez.

O adjunto da administração das Conservas Ramirez, explica ao ECO o porquê desta procura: as conservas “são um produto que, por norma, funcionam em contraciclo. Quando existem crises que abalam a economia as conservas são um produto que tende a ter uma performance bastante boa nessas conjunturas”. Do atum às sardinhas, o crescimento foi homogéneo em todas as referências do grupo. Mesmo em cenário de pandemia, o administrador da Ramirez lembra que “há uma preocupação por consumir produtos mais saudáveis”.

Também o setor do mobiliário viu a sua procura aumentar. Com as pessoas fechadas em casa, o lar passou a ter várias funções em simultâneo, entre elas o teletrabalho e a telescola. Devido ao confinamento as pessoas passaram mais tempo em casa, tiveram necessidade de adaptar os espaços e tornar o lar mais confortável. Face a esta tendência, em alguns casos a procura por móveis aumentou como é o caso da empresa de mobiliário Paulo Antunes, que registou o melhor ano de sempre em 2020, com um crescimento de 20% em termos homólogos.

Para o administrador da empresa sediada em Amares, “as pessoas passaram a dar mais prioridade à casa e ao conforto”. Sofás, móveis e cadeirões foram alguns dos produtos com mais saída. Paulo Antunes confessa que, a partir de abril, “o telefone não parava de tocar com pedidos de novas encomendas” e que “nunca tiveram tanto trabalho”. Face a esta procura a empresa contratou meia dúzia de colaboradores no ano de 2020.

A empresa, que exporta 85% da produção principalmente para a Rússia, Reino Unido e Alemanha, diz só ter disponibilidade para aceitar novas encomendas a partir de abril face à procura desenfreada por móveis. Para além de ter sido o melhor ano de sempre, o responsável diz ter consciência que quando as vacinas entrarem efetivamente em ação e quando isto tudo passar, o fenómeno será invertido. “As pessoas vão esquecer a casa e canalizar o ser orçamento para viajar e jantar fora”, alerta.

Empresas reinventam-se em tempos de pandemia

Contrariamente à bricolage e ao mobiliário, o setor do calçado foi brutalmente prejudicado pela pandemia. Com fábricas em lay-off, lojas de venda ao público fechadas e a moda a ficar para segundo plano, o calçado viu as suas exportações cair a pique. Todavia, mesmo neste setor existem casos de empresas que conseguiram reinventar-se em tempos de pandemia e aumentar o volume de negócios. É o caso da Lavoro. A empresa especializada em calçado de segurança viu nesta crise uma oportunidade de negócio e adaptou as linhas de produção para começar a produzir viseiras, máscaras certificadas pelo Citeve e, posteriormente, calçado especializado para os profissionais de saúde.

O negócio das máscaras e das viseiras permitiu à empresa com 35 anos de história registar um crescimento homólogo de cerca de 5% no volume de negócios. “Parte deste crescimento deve-se às mascaras e às viseiras, no caso do calçado ficou ligeiramente abaixo. No conjunto global crescemos 6%”, conta o presidente do conselho de administração da Lavoro. Teófilo Leite acrescenta ainda que, “o ano passado, o objetivo era faturar 20 milhões de euros”. Fecharam o ano com 18 milhões. “Já ficamos bastante contentes e satisfeitos (…) no final do ano atingiram o objetivo: a produção três mil pares de sapatos por dia. Fizemos o que estava previsto para 2020”, frisa.

Teófilo Leite explica ao ECO que através do negócio das viseiras e das máscaras “abriram a porta a mais clientes da área dos equipamentos de proteção individual”. Fruto deste crescimento, a Lavoro empregou mais 40 colaboradores em 2020, no total são 240.

Procura por energias mais limpas também aumentou

A procura por energias limpas também se destacou em tempos de pandemia e quem o diz é o CEO da Sun Energy. Raul Santos refere que o volume de negócio da Sun Energy aumentou 60% em 2020. “Apesar de todas as contrariedades de 2020, o setor da energia solar continuou a dar sinais de grande resiliência. Na senda do que vinha a acontecer nos anos anteriores, sentimos que os portugueses apostaram, cada vez mais, em soluções sustentáveis e que, ao mesmo tempo, permitem uma redução significativa a nível económico”, afirma o responsável.

Fruto do aumento da procuram, em 2020, a SunEnergy abriu duas novas delegações, nas Caldas da Rainha e na Marinha Grande. De norte a sul, a empresa conta com dez delegações, empregando mais de 50 pessoas. Ao longo do ano de 2020, a Sun Energy, sediada em Coimbra, instalou 15.000 painéis solares fotovoltaicos para a produção de energia elétrica a partir do sol, o que corresponde a 5 MW de potência instalada. Ao todo, estes projetos vão permitir a poupança acumulada de 800 mil euros por ano aos seus clientes, evitando também a emissão de 3.000 toneladas de CO2 anualmente.

Outra das empresas que cresceu em 2020 foi a Arquiconsult. A empresa portuguesa de consultoria especializada na implementação de sistemas de informação de gestão cresceu 12% e fechou o ano passado com um volume de negócios superior a 14 milhões. O administrador Rui Santos considera que a procura por este tipo de serviços é muito semelhante ao ano transato e que o crescimento se deve ao ao facto de terem fechado alguns projetos internacionais. A Arquiconsult trabalha a nível nacional com empresas como o Gato Preto e a Farfetch.

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Rui Rio apela ao Governo que feche as escolas

Em comunicado enviado às redações, o deputado acusa o Governo de um confinamento "permissivo" e de não ouvir o PSD.

O Presidente do PSD, Rui Rio, apelou esta quarta-feira ao Governo, que as escolas sejam fechadas “a partir de amanhã”. Em comunicado enviado às redações, o deputado acusa o Governo de um confinamento “permissivo” e de não ouvir o PSD.

“Não nos quis ouvir” indicou Rui Rio, referindo-se à possibilidade de adiamento das eleições presidenciais (marcadas para 24 de janeiro de 2021) e ao encerramento das escolas a partir do sexto ano.

Na opinião do líder dos sociais-democratas, o confinamento atual é “muito permissivo, sendo que o funcionamento pleno das escolas é o caso mais evidente dessa permissividade”.

Visto que o primeiro-ministro disse, esta quarta-feira, que o Governo vai reunir-se ainda esta tarde com epidemiologistas, Rui Rio espera que seja determinado “o encerramento das escolas a partir de amanhã.”

Na reunião desta quarta-feira estarão as ministras da Saúde e da Presidência, que vão depois encontrar-se com António Costa, quando este regressar de Bruxelas.

(Notícia atualizada às 18h56)

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“Toda a minha alma está nisto.” Biden promete ser o presidente de todos, mesmo dos que não o apoiam

Joe Biden tomou posse como presidente dos EUA e prometeu ser o presidente de todos os cidadãos, incluindo daqueles que não votaram nele nas eleições.

Joe Biden, 46.º presidente dos Estados Unidos da América.EPA/Patrick Semansky / POOL

Joseph R. Biden, 78 anos, prestou juramento e assumiu a presidência dos Estados Unidos da América, acompanhado pela vice-presidente Kamala Harris, a primeira mulher a desempenhar o cargo. Num discurso unificador, Biden prometeu ser “o presidente de todos os americanos”, mesmo daqueles que não votaram nele nas eleições de novembro.

“Este é o dia da América. Este é o dia da democracia. Um dia de história e esperança, de renovação”, começou por afirmar Biden no primeiro discurso enquanto 46.º presidente da maior economia do mundo. “Durante anos, a América foi testada e esteve à altura do desafio. Hoje, celebramos o triunfo não de um candidato, mas de uma causa, a causa da democracia”, disse o democrata.

Numa clara referência ao facto de Donald Trump, antecessor, nunca ter aceitado o resultado das eleições — espoletando um violento ataque ao Capitólio a 6 de janeiro –, Biden recordou que a democracia não pode ser dada como garantida: “Aprendemos novamente que a democracia é preciosa, é frágil. A esta hora, amigos, a democracia prevaleceu”, apontou, numa cerimónia que não contou com a presença de Trump.

“Temos muito para sarar e construir”

“Acabei de fazer o juramento sagrado. A história não depende de um de nós, não de alguns de nós, mas de todos nós. Isto é uma grande nação. Somos boas pessoas”, disse ainda Joe Biden, sinalizando que o país tem de “ir longe” perante os problemas que estão a ser causados pela pandemia, que continua fora de controlo no país.

“Temos muito para sarar e muito para construir. E muito para ganhar”, continuou o novo presidente, considerando também que “poucas pessoas na história da nação foram mais desafiadas ou encontraram tempos tão difíceis como” os de agora. “O vírus tirou mais vidas num ano do que em toda a Segunda Guerra Mundial”, reforçou o chefe de Estado, endurecendo o discurso.

No discurso na cerimónia de inauguração, a partir do edifício do Capitólio, Joe Biden falou contra o racismo sistémico, contra o “extremismo político” e contra os “supremacistas brancos”. São ideais que o presidente assumiu querer “desconstruir e vencer”, mas que também reconheceu que, para serem ultrapassados, é preciso “muito mais do que palavras: requer unidade”.

Citando Abraham Lincoln na sua própria tomada de posse, Joe Biden reforçou: If my name evers go down in history, it will be for this act, and my whole soul is in it. My whole soul is in it. (“Se meu nome algum dia entrar para a história, será por causa desse ato, e toda a minha alma está nele.”) De seguida, e referindo-se à sua própria presidência, Joe Biden rematou: “Toda a minha alma está nisto. Peço a cada americano para se juntar a mim nesta causa.”

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IG P&I Clubs quantifica 1046 incidentes de pilotagem em 20 anos

  • ECO Seguros
  • 20 Janeiro 2021

Mais de um terço dos incidentes relacionados com a atividade de pilotagem ocorreram na Ásia, seguindo-se a América do Norte e Europa. Os danos totais segurados rondaram 1,5 mil milhões de euros.

Os incidentes relacionados com a pilotagem marítima, atividade que consiste na assistência operacional à entrada e saída dos navios das zonas portuárias, resultaram em danos segurados estimados em 1,82 mil milhões de dólares (cerca de 1,5 mil milhões de euros ao câmbio atual) no período entre 1999 e 2019, revelam dados compilados pelo International Group of P&I Clubs (IG P&I), entidade que agrega mais de uma dúzia de associações de seguro marítimo (e de armadores) e que, em conjunto, cobrem cerca de 90% da tonelagem total em trânsito nos oceanos.

Os dados divulgados recentemente pelo IG P&I baseiam-se em responsabilidades e gastos de proteção assumidos com a cobertura de danos em navios, sob pilotagem, segurados pelos P&I Clubs membros da organização. De acordo com o relatório, os dados englobam sinistros que representaram, cada um, responsabilidades por valor superior a 100 mil dólares.

O valor médio dos danos por incidente nos 20 anos cobertos pelo relatório foi de 1,7 milhões de dólares, sendo que houve três anos (2007, 2009, 2013) em que o custo médio segurado se situou entre 2,5 milhões e mais de cinco milhões de dólares por sinistro. O ano de 2007 registou o custo médio unitário mais elevado (5,3 milhões de dólares) por causa de um sinistro que, individualmente, resultou em danos superiores a 200 milhões de dólares, revela o estudo referindo também que os dados relativos ao ano 2019 são de alguma forma limitados.

De acordo com o documento, dos mais de mil incidentes registados no período 1999-2019, a região do sudeste asiático contabilizou o maior número (365 sinistros), seguida da América do Norte (202), Europa (194), África (119), América do Sul (106) e Oceania (21). O ano mais crítico foi 2014, com 79 incidentes e Singapura a liderar a tabela ao contabilizar sete incidentes, quatro dos quais foram colisões com outras embarcações.

O relatório, produzido em resposta a preocupações expressas pelos conselhos de administração dos armadores do IG P&I, pretende contribuir para a avaliação da gravidade e frequência das responsabilidades dos P&I relacionados com navios movimentados em situação de pilotagem, e empreender recomendações para mitigar o risco de tais responsabilidades ocorrerem no futuro, explica a entidade.

Segundo Chris Adams, presidente do subcomité de Pilotagem do IG P&I: O documento “fornece uma visão valiosa da natureza, frequência, gravidade e custo global associado a incidentes” que ocorrem quando uma embarcação está a navegar com a assistência de um piloto de barra ou dos portos. No entanto, “além de procurar compreender melhor as causas e a raiz dos incidentes, identificando medidas que sirvam para evitar a sua recorrência, “o relatório também propõe uma abordagem colaborativa para o futuro na investigação de tais incidentes”.

Para isso, o IG P&I defende a cooperação e o apoio das autoridades de portuárias e dos organismos representativos dos armadores e dos pilotos, em particular a Câmara Internacional de Navegação (ICS) e a Associação Internacional de Pilotos Marítimos (IMPA), “no esforço para alcançar o objetivo de reduzir o número e a gravidade de tais incidentes”, explicou Adams.

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Nomeação de procurador português é “preocupante”, considera Provedora de Justiça Europeia

  • Lusa
  • 20 Janeiro 2021

A resposta de Emily O'Reilly surge no seguimento de uma queixa apresentada por Nuno Melo, eurodeputado do CDS-PP, acerca da nomeação de José Guerra para procurador europeu português.

A Provedora de Justiça Europeia, Emily O’Reilly, considerou esta quarta-feira que a polémica nomeação feita pelo Governo português do magistrado José Guerra para o cargo de procurador europeu “é preocupante”, após uma queixa apresentada pelo CDS-PP.

“O assunto é, estou de acordo, preocupante”, refere Emily O’Reilly, numa resposta enviada ao eurodeputado centrista, Nuno Melo, no seguimento de uma queixa apresentada pelo próprio há duas semanas, e divulgada pelo gabinete do eurodeputado à imprensa.

No passado dia 8 de janeiro, o eurodeputado do CDS-PP apresentou uma queixa à Provedora de Justiça Europeia sobre a polémica nomeação de José Guerra para procurador europeu português, pedindo uma investigação ao caso.

Esta quarta-feira, em resposta, Emily O’Reilly afirma, porém, não poder avançar já com a investigação: “Uma das regras que rege as minhas funções requer que o queixoso entre em contacto com o organismo da UE em causa, com vista a conseguir a resolução do problema, antes de apresentar queixa à Provedoria de Justiça”.

“Dessa forma, o organismo da UE em questão tem a oportunidade de resolver o problema numa fase inicial, sem a intervenção da Provedoria de Justiça”, explica a responsável a Nuno Melo, solicitando que o eurodeputado faça as “devidas diligências para resolver o problema junto do Conselho e da Comissão”.

Nuno Melo já questionou a Comissão Europeia e o Conselho da UE no passado dia 30 de dezembro, aguardando resposta.

“Caso não obtenha uma resposta satisfatória num prazo razoável, poderá apresentar uma nova queixa ao Provedor de Justiça”, conclui Emily O’Reilly.

Na carta enviada na altura à Provedora de Justiça Europeia, Nuno Melo alegou que “o candidato escolhido beneficiou de informações falsas, oriundas do Ministério da Justiça de Portugal, que lhe davam injustamente e ilegalmente vantagem relativamente aos outros candidatos, nomeadamente a tida por preferível na avaliação daquele comité de seleção”.

A ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, tem estado no centro de uma polémica depois de, numa carta enviada para a UE, em novembro de 2019, o Governo ter apresentado dados falsos sobre o magistrado preferido do Governo para procurador europeu, – após seleção do Conselho Superior do Ministério Público -, mas depois de um comité europeu de peritos ter considerado Ana Carla Almeida a melhor candidata para o cargo.

Apesar das críticas, que já tiveram repercussões internacionais e motivaram um debate esta quarta-feira no Parlamento Europeu, Francisca Van Dunem tem vindo a reiterar ter condições para se manter no cargo.

O magistrado português José Guerra foi nomeado a 27 de julho procurador europeu nacional na Procuradoria da UE, órgão independente de combate à fraude.

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Fotogaleria: Biden e Harris tomam posse nos EUA

Joe Biden e Kamala Harris tomaram hoje posse em Washington. Veja alguns dos melhores momentos da cerimónia no Capitólio.

Dia histórico nos EUA. Joe Biden tomou posse como 46º presidente dos Estados Unidos duas semanas depois de o Capitólio ter sido invadido por uma multidão apoiante de Donald Trump. A cerimónia ficou marcada por fortes medidas de segurança e pela ausência de público devido à pandemia.

Donald Trump, como já vinha sendo anunciado, “rompeu” com a tradição de passagem de testemunho e faltou ao evento da tomada de posse do democrata, ao contrário de Bill Clinton, George W. Bush e Barack Obama. Também Mike Pence, o agora ex-vice-presidente, esteve presente no evento. Kamala Harris assumiu o cargo e tornou-se na primeira mulher vice-presidente dos EUA.

Veja alguns momentos da tomada de posse na fotogaleria abaixo:

 

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PSD e PS unem-se para travar auditoria à gestão privada na TAP

O Bloco de Esquerda entregou no Parlamento um projeto de resolução que "recomenda ao Governo que seja elaborada uma auditoria à gestão privada da TAP", mas não conseguiu apoio dos maiores partidos.

A gestão privada da TAP é alvo de críticas partidárias da esquerda à direita, mas a proposta do Bloco de Esquerda para que seja feita uma auditoria não vai avançar. PS, PSD, CDS-PP e Iniciativa Liberal vão votar contra o projeto, que conta apenas com apoio à esquerda.

O Bloco de Esquerda entregou no Parlamento um projeto de resolução que “recomenda ao Governo que seja elaborada uma auditoria à gestão privada da TAP”. No debate que aconteceu esta quarta-feira na véspera da votação, a deputada bloquista Isabel Pires explicou que o objetivo é apurar responsabilidades da gestão do acionista David Neeleman deixou a companhia aérea. “Se a pandemia veio trazer uma situação difícil para todo o setor da aviação civil, também é verdade que a gestão privada da TAP deixou marcas que ainda hoje se sentem“.

Entre os restantes partidos, apenas os deputados do PCP (que foi responsável pela iniciativa que levou ao agendamento do debate em questão), do partido ecologista Os Verdes e do PAN declararam apoio, o que não chega para aprovação. A deputada Inês Sousa Real, do PAN, explicou pretender que a análise “permita identificar e quantificar todas as ações que possam ser suscetíveis de ter lesado interesse público”.

Iniciativa Liberal vai fazer nova proposta de auditoria

Outros partidos — o PSD e o IL — mostraram abertura para uma auditoria, mas não no formato delineado pela proposta. “Estamos disponíveis para aprovar uma auditoria séria, que investigue todo o processo da TAP, efetuada por entidades independentes. Não estamos disponíveis para auditorias direcionadas e que servem apenas uma qualquer cartilha ideológica”, disse o deputado do PSD Carlos Silva.

O Parlamento terá, no entanto, outra oportunidade para mudar de ideias já que João Cotrim Figueiredo anunciou a intenção de propor também uma auditoria. “Estamos totalmente de acordo que será útil ter uma auditoria à gestão anterior da TAP, mas é bom que essa auditoria não assuma logo as conclusões como a proposta do Bloco parece fazer. Se a auditoria é para apurar a verdade dos factos, não faz sentido assumi-la à partida. É com esse espírito de querer saber quem é responsável por uma fatura aos contribuintes, que já vai em quase 4 mil milhões de euros, que a Iniciativa Liberal também vai propor uma auditoria ao processo de renacionalização da TAP para ver se, desta vez, a culpa não morre solteira“.

PS e CDS-PP justificaram o voto contra o projeto por considerarem que é tempo de focar na reestruturação em vez de uma auditoria. “Estamos numa fase complexa de definir o plano de reestruturação da TAP e não me parece ser o momento certo para fazer uma auditoria a qualquer gestão, quer seja pública ou privada”, explicou Carlos Pereira, do PS. “Estamos muito empenhados em encontrar um plano de reestruturação da TAP que permita garantir a sustentabilidade da TAP e proteção dos trabalhadores”.

PSD alinha com PCP no pedido do plano de reestruturação

Questionado pelo ECO, fonte do PSD clarificou que irá votar contra a proposta do BE, mas que em relação à proposta do PCP irá pedir a desagregação para que seja votada por pontos. E nesse caso irá votar a favor do ponto que requer ao Governo que entregue ao Parlamento o plano de reestruturação que foi enviado a Bruxelas.

Apesar de na discussão não ter sido feita referência a desagregação, este ponto deverá contar com votos a favor dos partidos que apoiaram a totalidade do projeto do PCP, ou seja, BE, PEV e PAN. O CDS-PP também se mostrou a favor de ter acesso ao documento. “Discutir questões relativas aos trabalhadores e ao papel que queremos para determinada empresa, não tem qualquer sustentabilidade. Por isso é que não é possível continuar a fazer um debate sobre a TAP, sem o Governo dar a este Parlamento para que possamos fazer essa discussão“, disse o centrista João Almeida.

Tal como o projeto bloquista, também o comunista não deverá ser aprovado de forma agregada. Além do acesso ao documento, o PCP pede a reversão do decreto da TAP como empresa em situação económica difícil, da suspensão dos acordos de empresa e do plano de despedimentos.

O que a TAP precisa o quanto antes não é de uma pseudo-reestruturação, é de um plano de contingência que lhe permita enfrentar os efeitos da pandemia e ultrapassar este momento em condições de poder retomar a atividade quando a situação de saúde pública o permitir”, sublinhou o deputado do PCP, Bruno Dias.

(Notícia atualizada às 18h45)

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Compra da Aviva France disputada entre Macif e Allianz-Athora

  • ECO Seguros
  • 20 Janeiro 2021

Generali, Macif, o consórcio Athora-Allianz e a Eurazeo apresentaram propostas não vinculativas para aquisição dos ativos do grupo segurador britânico em França.

A Aviva France recebeu quatro propostas aquisição não vinculativas. A Generali terá apresentado oferta pela totalidade do negócio. A seguradora italiana, interessada sobretudo nas operações não Vida (acidentes), tem tido contactos com eventuais parceiros interessados na operação Vida.

Além da Generali, a edição eletrónica do jornal Le Figaro avançou que, outros três candidatos Athora Holding-Allianz, Eurazeo e a Macif terão igualmente apresentado as respetivas ofertas. Mas, de acordo com o site de informação financeira Agefi, o desfecho antecipado para a reta final do concurso supõe apenas dois potenciais candidatos.

Terminado o prazo para a apresentação de propostas (não vinculativas), no passado dia 15 de janeiro, a mútua Macif e o duo Allianz-Athora (em consórcio) são dados já como os eventuais finalistas na disputa pela Aviva France, uma operação que envolve ativos estimados em 80 mil milhões de euros (incluindo 60 mil milhões do ramo Vida) e cuja aquisição poderia significar o desembolso de aproximadamente 3000 milhões de euros, conforme tem sido apontado na imprensa internacional.

O valor atribuído à Aviva France é razoável tendo em conta os cerca de 2,9 mil milhões de capitais próprios (no final de 2019) e o valor bruto das participações na Aviva Vie (que detém o apetitoso contrato coletivo de pensões da Afer), estimado em 3000 milhões e os 517 milhões de euros do negócio não Vida (Aviva Assurances), consideram as fontes.

Embora ainda sem detalhes das ofertas de cada proponente, nem confirmação oficial que tenham sido formalmente remetidas à Aviva Plc, a imprensa especializada já começou a pesar o potencial de sucesso das candidatas que ficarão em posição de avançar com procedimentos de due diligence. No caso da Macif, considera-se que seria a solução com maior ascendente para superar barreiras sociais : é uma mútua francesa, é a preferida pelos sindicatos franceses e estaria interessada na aquisição dos ativos em bloco.

No caso do consórcio Athora-Allianz, um candidato inicialmente estigmatizado pelo facto de a Athora ter o seu negócio de resseguro sediado no paraíso fiscal da Bermuda, o duo tratou de criar uma estrutura jurídica de direito europeu (com representação em França) e terá conseguido tranquilizar a Afer quanto à capacidade de satisfazer expectativas dos milhares de aforradores membros da associação.

A intenção da Aviva Plc vender Aviva France, que emprega cerca de 4000 pessoas e constitui a segunda maior fonte de receitas do grupo britânico a seguir à operação doméstica (Reino Unido), foi anunciada ainda no verão de 2020 e enquadra-se na estratégia do grupo segurador em focar-se nos mercados do Reino Unido, Irlanda e Canadá.

O contexto de baixas taxas de juro leva muitas seguradoras a afastarem-se da aquisição seguros de vida, um negócio muito intensivo em capital. Este fator alimenta cenários de que a transação poderá ser concretizada em duas parcelas, separando os ativos Vida do negócio não Vida.

O facto de a Aviva France gerir os fundos (em euros) da Afer (Association française d’épargne et de retraite), agregando mais de 750 mil membros aforradores (a maior do país), pode também significar que a entidade terá uma palavra a dizer sobre a operação de venda da filial local da Aviva, sustentam as fontes.

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Mais 85 mil acidentes de trabalho em nove meses de 2020

  • ECO Seguros
  • 20 Janeiro 2021

De janeiro a setembro de 2020, as seguradoras registaram cerca de 84,68 mil participações de acidentes de trabalho, com as indústrias transformadoras a representarem um quarto do sinistro laboral.

O setor que agrupa entidades com Atividades de saúde humana e apoio social foi o quarto com mais participações de acidente de trabalho até final de setembro de 2020. Nos primeiros nove meses do ano, as CAE de Saúde e Apoio Social representaram 9% do total de participações de acidente de trabalho, indicam dados estatísticos da Associação Portuguesa de Seguradores (APS).

Globalmente, a análise estatística da APS para os primeiros nove meses do ano situa mais de dois terços dos sinistros ocorridos “em estabelecimento” e contabiliza 84677 participações de acidentes de trabalho, sendo que o absoluto correspondente aos 9% da CAE Saúde e Apoio Social traduz 7620 participações de acidente.

Os indicadores resultam da amostra das participações eletrónicas registadas (Segurnet) pela APS e colocam as Indústrias Transformadoras no topo da sinistralidade participada, com 25% do total de participações, seguida da CAE (código de atividade económica) Comércio por grosso e a retalho e a reparação de veículos, com 15%. À frente da Saúde e Apoio Social, o terceiro setor mais representado nas participações da sinistralidade laboral é a Construção (14%), enquanto as Atividades administrativas e Serviços de apoio pesaram 7%, completando o top5, revela o relatório trimestral da Associação de Seguradores.

De acordo com os dados relativos à distribuição etária da amostra, os intervalos de 35-44 anos e 45-54 anos de idade concentram o maior número de sinistros, tanto em participações envolvendo acidentados homens como mulheres. A idade média dos sinistrados rondou os 43 anos, enquanto os grupos profissionais com maior sinistralidade (acidentes no estabelecimento) foram “Trabalhadores Qualificados da indústria, construção e artífices” e os “Trabalhadores não qualificados”, representando em conjunto mais de metade (54%) da amostra.

A distribuição geográfica dos sinistros (por NUTS II) localizou-se, por maioria, no norte (37%) e no centro (28%), seguindo-se a área metropolitana de Lisboa (25%). Por fim, quanto a sazonalidade, janeiro (19625) e fevereiro (17241) apresentaram o maior número de participações no primeiro trimestre, liderando também no conjunto dos primeiros nove meses de 2020. O segundo pico registado no número de sinistros de trabalho aconteceu em maio e junho.

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Sonangol vai privatizar 12 ativos este ano e quer lançar outros 32 concursos

  • Lusa
  • 20 Janeiro 2021

O ministro Diamantino de Azevedo admitiu no entanto que esta pode não ser a melhor altura para a privatização dos ativos, face aos efeitos da pandemia de Covid-19.

A petrolífera angolana Sonangol tem previsto privatizar 12 dos 56 ativos que quer alienar ainda este ano, prevendo lançar também 32 concursos, segundo o presidente da empresa, Gaspar Martins.

Durante um encontro com jornalistas, Gaspar Martins afirmou que foram já privatizados “três ativos imobiliários na Europa” e passaram para a TAAG, transportadora aérea angolana, duas aeronaves que estavam no segmento de asa fixa (da subsidiária Sonair).

Na mesma ocasião, o ministro dos Recursos Minerais e Petróleos, Diamantino de Azevedo admitiu que esta pode não ser a melhor altura para a privatização dos ativos, face ao efeito da pandemia de Covid-19, mas acrescentou que este pode também vir a ser o novo normal.

“Vamos parar? Vamos esperar que isto acabe? Nós não queremos parar. Pode haver menos receitas, mas não se deve olhar só para as receitas”, sublinhou o governante, destacando que para a Sonangol seria pior ficar parada do que vender os ativos que constam da lista.

A lista inclui desinvestimentos na Sonangol Cabo Verde – Sociedade e Investimentos, Combustíveis e Óleos de São Tomé e Príncipe, Founton (Gibraltar), Sonatide Marine (Ilhas Caimão), Solo Properties Nightbridge (Reino Unido), Societé Ivoiriense de Raffinage (Costa do Marfim), Puma Energy Holdings (Singapura) e Sonandiets Services (Panamá).

Também estão abrangidas as participações nas empresas WTA-Houston Express e na francesa WTA, nas petrolíferas Sonacergy – Serviços e Construções Petrolíferas e Sonafurt International Shipping e na Atlântida Viagens e Turismo, entre outras.

Instado a comentar os casos de corrupção associados à Sonangol, Diamantino de Azevedo afirmou que o processo de reestruturação da petrolífera, que inclui a alienação destas subsidiárias, decorre também deste combate.

“É um processo que não vai terminar hoje nem amanhã”, disse o ministro, escusando-se a comentar o processo judicial que envolve o empresário luso-angolano Carlos São Vicente, alegadamente envolvido num esquema ilegal que lesou a petrolífera em mais de 900 milhões de dólares (cerca de 760 milhões de euros).

“A nível do que nos compete, queremos é dominar aspetos que possam diluir as facilidades para a corrupção”, sublinhou o governante.

A Sonangol é o maior grupo empresarial angolano, com perto de 10.000 trabalhadores diretos e subsidiárias na área do transporte aéreo, telecomunicações, imobiliário e distribuição de combustíveis, entre outros, tendo ainda participações em várias empresas e bancos, incluindo em Portugal (Millennium BCP e Galp).

Durante o encontro que teve lugar no hotel Intercontinental, recentemente inaugurado depois de ser nacionalizado em outubro do ano passado, por ter sido construído com recurso a fundos públicos da Sonangol, foi também questionado o modelo de gestão da unidade hoteleira, ainda em regime de ‘soft opening’.

Segundo Gaspar Martins, o edifício não está arrendado à cadeia Intercontinental, devendo ser definido um “fee” de gestão com base no desempenho da unidade. Outros serviços, como ‘spas’ e casino poderão ser “terciarizados”.

Quanto à redução da participação da Sonangol em alguns blocos petrolíferos, está a ser estudada a modalidade em que as empresas se poderão futuramente candidatar: “Haverá um documento claro da Sonangol sobre como as empresas interessadas poderão concorrer”.

O ministro Diamantino de Azevedo abordou também a privatização da companhia estatal de diamantes Endiama, explicando que ficou acordado com o Ministério das Finanças que a entrada em bolsa só poderia arrancar depois de dois anos consecutivos de contas auditadas, sem reservas.

A dispersão de parte do capital em bolsa está também dependente da reestruturação das empresas mineiras para que a Endiama “se liberte do seu papel de concessionária” e se foque no papel de operadora.

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Nova variante do vírus já representa 13% das infeções, diz secretário de Estado da Saúde

António Costa admitiu fechar as escolas se a nova estirpe do vírus se tornar dominante no país. Atualmente, representa cerca de 13% das infeções.

A nova variante do coronavírus, identificada inicialmente no Reino Unido, já representa 13% das infeções em Portugal. Isto quer dizer que são cerca de 18 mil os casos que se tratam desta estirpe, que é mais contagiosa mas, de acordo com os estudos, não deverá provocar uma forma mais grave da doença ou aumentar a mortalidade.

A nova variante inglesa “tem uma prevalência na ordem dos 13%”, adiantou o secretário de Estado da Saúde, esta terça-feira, na RTP. “É significativo, se considerarmos a prevalência”, considerou, apontando que, se os casos ativos são 135 mil, esta percentagem quer dizer que o número de casos da nova estirpe andará na ordem dos 18 mil.

António Lacerda Sales reiterou também que o Governo “voltará a não hesitar” a rever as medidas se a evolução epidemiológica o exigir. O primeiro-ministro admitiu fechar as escolas “se estirpe inglesa for dominante” em Portugal, no debate no Parlamento, esta terça-feira. As escolas são a grande mudança deste confinamento, face aquele que esteve em vigor em março. O Presidente da República disse esta quarta-feira que o Governo vai ponderar, entre hoje e quinta-feira, o eventual encerramento das escolas, podendo tomar uma decisão antes da sessão alargada com epidemiologistas marcada para terça-feira da próxima semana, isto porque esta agendada uma reunião entre as ministras da Saúde e da Presidência com especialistas que normalmente participam nas reuniões do Infarmed. Marta Temido e Mariana Vieira da Silva encontram-se depois com António Costa, quando este regressar de Bruxelas, onde esteve a apresentar as prioridades da presidência portuguesa.

Aquando da decisão das medidas, as opiniões dos peritos ouvidos pelo Governo, nomeadamente na reunião do Infarmed, dividiram-se no que diz respeito às aulas para os jovens com mais de 12 anos. O Executivo acabou por decidir manter os todos estabelecimentos escolares em funcionamento, mas começam a surgir algumas críticas a esta decisão. Costa fez então agora depender o recuo face à decisão de manter as escolas abertas do evoluir dos contágios pela nova estirpe do vírus. Mas também já fez questão de dizer que rejeita decidir “conforme as pressões”, apesar de os números serem “dramáticos”. Esta quinta-feira foi batido mais um recorde com 219 vítimas mortais e 14.647 novos casos.

Um relatório do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, citado pela Rádio Renascença (acesso livre), mostra que a proporção da variante aumentou a um ritmo de 70% por semana. Desta forma, se o crescimento se mantiver a esta velocidade, a proporção de casos da nova estirpe pode chegar aos 60% na primeira semana de fevereiro, preveem os investigadores.

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Decisão sobre as escolas “deve ser tomada nas próximas horas”, diz Marcelo

  • ECO
  • 20 Janeiro 2021

Naquele que foi o pior dia de sempre no que toca a novos casos de infeção, o Presidente da República diz que estes números "têm de ser analisados".

Marcelo Rebelo de Sousa afirmou esta quarta-feira que a decisão de encerrar, ou não, as escolas “deve ser tomada nas próximas horas”. A decisão inicial do Governo recaiu sobre manter os estabelecimentos de ensino em funcionamento, mas com todas as pressões que têm existido e com a “explosão” dos casos de infeção, esta decisão poderá ser revertida. O Governo vai reunir esta tarde com os especialistas.

“Neste momento temos dois dados novos: a variante britânica e saber se a disseminação social está a chegar às escolas a um ritmo tal que coloca em causa a atividade normal. É isso que tem de ser ponderado“, disse esta quarta-feira o Presidente da República, durante uma ação de campanha eleitoral no Liceu Pedro Nunes.

Marcelo referiu ainda que o encerramento, ou não, das escolas, “é uma questão que se vai colocar entre hoje à noite e amanhã”, sublinhando que se o número de casos continuar a disparar, “tem de se agir”.

Sobre os números desta quarta-feira — 14.647 novos casos e mais 219 vítimas mortais –, que representam o pior dia de sempre desde que a pandemia apareceu no país, o Presidente da República afirmou que “têm de ser analisados”, referindo que os responsáveis políticos devem manter a “serenidade”. No entanto, diz o Público, Marcelo disse que não deve dizer o que faria porque isso “implica uma conjugação com o Governo”.

Esta quarta-feira, a ministra da Saúde e a ministra da Presidência vão reunir com os especialistas que costumam participar nas reuniões do Infarmed, num reunião que, segundo a RTP, vai acontecer às 18h, por videoconferência. No final deste encontro, Marta Temido e Mariana Vieira da Silva vão reunir com António Costa, assim que este voltar de Bruxelas.

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