Altice mantém “todo o interesse” na compra da Media Capital

Em comunicado enviado à CMVM, a Altice reitera interesse na dona da TVi e diz estar "disponível para prestar todos os esclarecimentos" às autoridades.

A Altice continua interessada em comprar a Media Capital. Em comunicado enviado pela Media Capital à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, a Altice reafirma a intenção de comprar a empresa dona da TVI, dizendo que está “como sempre esteve, disponível para prestar todos os esclarecimentos às autoridades competentes, e mantendo-se empenhada na concretização da mesma”.

“A Altice Portugal mantém todo o interesse em realizar a aquisição da Media Capital”, refere o comunicado divulgado na madrugada desta sexta-feira pela CMVM.

De acordo com a declaração, a Altice Portugal diz ter recebido, no início da noite de 28 de maio, uma Comunicação da Autoridade da Concorrência no âmbito do procedimento de controlo de concentrações relativo à aquisição, pela sua subsidiária MEO – Serviços de Comunicações e Multimédia, S.A.. Essa comunicação servia para a Autoridade da Concorrência antecipar “que a Decisão Preliminar no âmbito daquele procedimento é a de rejeição dos compromissos que a Altice Portugal se prestou a assumir para a aquisição, pela MEO, da Media Capital”.

No entanto, refere ainda a empresa, “a Altice Portugal aguarda a notificação formal da Decisão Preliminar pela Autoridade da Concorrência, por forma a pronunciar-se ao abrigo do respetivo direito de audiência prévia, antes da emissão de uma Decisão Final”.

A Altice reitera não concordar com o conteúdo da comunicação recebida, “por não refletir o impacto e relevância dos compromissos assumidos pela Altice Portugal para a aquisição, pela sua subsidiária MEO, da Media Capital, em linha com as melhores práticas de mercado e de outras autoridades europeias em transações similares”, sublinhando que a empresa teve oportunidade de referir por por diversas vezes, “os compromissos que considerou razoáveis para que a Autoridade da Concorrência tomasse uma decisão, não estando, por isso, disponível para apresentar quaisquer outros”.

Assim, a Altice reitera que a oferta pública de aquisição obrigatória sobre o capital social da Media Capital anunciada preliminarmente pela MEO mantém-se em vigor, estando o seu registo e lançamento sujeitos às condições regulatórias referidas no anúncio preliminar, incluindo a não-oposição da Autoridade da Concorrência no procedimento de controlo de concentrações acima referido”.

A Autoridade da Concorrência (AdC) chumbou os compromissos propostos pela Altice para comprar a Media Capital, a dona da TVI, e agora cabe ao operador franco-israelita avaliar se apresenta outras medidas que respondam às exigências zdo regulador. A ideia é que estas questões garantam a defesa dos consumidores e a concorrência. Será, de qualquer forma, uma formalidade, porque, na verdade, já ninguém acredita que o negócio venha a fazer-se. É uma telenovela com um final infeliz para os dois protagonistas.

O negócio arrastava-se desde julho de 2017, quando, em conferência de Imprensa, Patrick Drahi e Armando Pereira anunciaram ao mercado a compra da Media Capital por 440 milhões de euros, cm um múltiplo de dez vezes o EBITDA, muito superior às médias de mercado em operações internacionais semelhantes. Logo naquele momento, suscitaram-se dúvidas e os concorrentes da Altice, a NOS e a Vodafone, foram particularmente vocais nos argumentos contra o negócio.

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Altice compra a TVI? Novela chega ao fim sem final feliz

A Autoridade da Concorrência chumbou os compromissos apresentados pela Altice para comprar a TVI. A resposta está agora do lado da Altice, mas já ninguém acredita no negócio.

A Autoridade da Concorrência (AdC) exigia compromissos estruturais da Altice para autorizar a compra da Media Capital, mas os “remédios” apresentados foram considerados insuficientes “porque não protegem os direitos dos consumidores nem garantem a concorrência no mercado”, disse fonte oficial do regulador ao ECO. Formalmente, a Altice poderá ainda reformular as medidas propostas para responder às exigências da AdC, mas diversas fontes oficiososas contactadas pelo ECO asseguram que o negócio morreu. “O que a Concorrência exige para admitir a operação é de tal ordem que se a Altice ainda tem interesse no negócio, o que é duvidoso, não aceitará essas condições”, afirma uma fonte conhecedora do processo.

A oferta da Altice pela Media Capital, que controla a TVI, foi anunciada a 14 de julho de 2017. Foi uma “bomba”: por 440 milhões de euros, o grupo franco-israelita liderado por Patrick Drahi e Armando Pereira que tinha comprado a PT queria, agora, fazer uma integração vertical, com a empresa que controla o grupo líder de comunicação social. Após meses conturbados, e com o processo na AdC, a última das etapas para a sua aprovação ou “chumbo”, a Altice já sabia desde fevereiro a natureza dos remédios exigidos pelo regulador, sobretudo em relação à possibilidade de “encerramento de mercados”, uma fórmula jurídica simplificada para explicar a possibilidade de a Altice impedir o acesso de outros operadores concorrentes, como a Nos ou Vodafone, a conteúdos de subscrição ou de aumentar de tal forma os preços que, na prática, resultaria na mesma consequência. Ora, diz uma fonte ao ECO, “a Altice só respondeu no dia 30 de abril, e com remédios comportamentais, que são impossíveis de monitorizar“.

Quais são os pontos-chave para a Concorrência, e que de resto já tinham sido expostos por Miguel Almeida (Nos) e Mário Vaz (Vodafone) perante os oito remédios propostos pela Altice? Riscos de monitorização, riscos de incumprimento e insuficiência de especificações relativamente às medidas propostas. Para o conselho da AdC, presidido por Margarida Matos Rosa, os compromissos apresentados são de natureza meramente comportamental, quando se exigem medidas e “remédios” estruturais. Quais? Regra geral, só através de vendas de partes de negócio, mas, neste caso, essa possibilidade põe em causa a própria operação. “Como é que se garante que a Altice não vai encerrar mercados, não só na televisão por subscrição, mas na publicidade, nos Over The Top (OTT) ou na própria TDT?”, questiona outra fonte.

Recentemente, no Parlamento, Alexandre Fonseca, presidente da Altice Portugal, tinha dito que a Altice não estaria disponível para mudar os “remédios” apresentados. Quais foram?

  • A Altice Portugal compromete-se a autonomizar os negócios de distribuição de canais, conteúdos, publicidade e TDT. A ideia é que estes departamentos sejam controlados por empresas distintas no grupo;
  • A Altice também mostra disponibilidade para implementar a oferta regulada de acesso à sua plataforma, por um período entre cinco e dez anos;
  • A dona da Meo compromete-se a não atribuir exclusividade aos canais e novos canais da plataforma de televisão da Meo. Ou seja, garante o acesso da concorrência aos canais que detém;
  • A Altice Portugal não tenciona ainda vir a limitar o acesso aos serviços de operadores de televisão concorrentes;
  • A empresa garante ainda que vai continuar a disponibilizar na sua plataforma os canais de operadores concorrentes da TVI, nem os vai despromover na grelha de canais;
  • A Altice garante que vai disponibilizar os canais publicitários da Media Capital aos concorrentes numa base não discriminatória, “durante o período de duração dos compromissos”;
  • Será restringida a mobilidade de trabalhadores entre a Meo e a Media Capital, para que não haja risco de troca de informação sensível;
  • A dona da Meo compromete-se, por fim, a continuar a dar acesso à TDT de forma não discriminatória e em condições de transparência de preço.

Perante estes compromissos, que a Nos e a Vodafone consideraram, desde logo, insuficientes, a AdC rejeitou-os de forma global, por não protegerem os interesses dos consumidores. A decisão do regulador, que ainda não é a final sobre o próprio negócio, foi comunicada esta segunda-feira à Altice e cabe agora à operadora uma de duas respostas: apresentar novos remédios ou, simplesmente, desistir do negócio. Oficialmente, a Altice remete uma resposta para os próximos dias, mas o ECO sabe que, salvaguardada qualquer evolução de última hora, deverá ser emitido um comunicado esta terça ou na quarta-feira.

Na própria AdC, a convicção é a de que a Altice não vai apresentar qualquer alternativa de “remédios”, menos ainda na linha daqueles que são considerados indispensáveis para a aprovação do negócio. “Não cabe à Concorrência sugerir ‘remédios’ às empresas, mas os técnicos do regulador fazem cenários e antecipam condições que, tendo em conta o que está em causa, dificilmente serão viáveis para a Altice”, disse ao ECO uma fonte que conhece os procedimentos internos do regulador.

A Altice ainda quer mesmo comprar a Media Capital? Esta é uma questão a que ninguém consegue responder. Oficialmente, a administração da Altice Portugal fez sucessivas declarações de empenhamento no negócio, mas diversas fontes estranham o tempo que a empresa demorou a responder à Concorrência, quando, ainda por cima, anunciava publicamente que existia no contrato de compra com os espanhóis da Prisa uma data-limite para a sua conclusão que já tinha sido ultrapassada.

Além disso, na semana passada, houve uma evolução que pode sinalizar uma resposta às dúvidas sobre os reais interesses da Altice na Media Capital. Pressionada por um elevado nível de dívida, a Altice anunciou no início de janeiro a separação dos negócios americano do europeu. E, a 22 de maio, no mesmo dia em que a empresa começou a negociar em ex-dividendo na bolsa de Amesterdão, por força deste spin-off, o presidente do regulador das telecomunicações francês, Sebastien Soriano, disse ao Le Monde que estaria aberto a novas fusões no meio das telecomunicações em França. Foi o suficiente para puxar pelos títulos da Altice, que chegaram a ganhar mais de 50% em bolsa por causa das perspetivas dos investidores em relação a uma possível venda da SFR, a telecom do grupo Altice em França.

A reestruturação da Altice, quer do ponto de vista societário e de governação, quer do ponto de vista operacional, dá um novo fôlego ao grupo franco-israelita junto dos investidores e a possibilidade de deixar cair um negócio em Portugal que estava contratado com um múltiplo que avalia a dona da TVI em cerca de dez vezes o EBITDA que consegue gerar por ano poderá ser, também, outra boa notícia nos mercados.

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Concorrência chumba compromissos da Altice para comprar a TVI

  • ECO
  • 28 Maio 2018

A Autoridade da Concorrência diz que os compromissos assumidos não protegem os direitos dos consumidores nem garantem a concorrência no mercado. Poderá, agora, propor novos ou desistir do negócio.

A Autoridade da Concorrência (AdC) chumbou os compromissos apresentados pela Altice para levar a “bom porto” a compra da Media Capital, que detém a TVI. Esta decisão já foi comunicada à empresa liderada por Patrick Drahi que poderá avançar com novos compromissos para tentar fechar o negócio ou desistir da operação se considerar que não tem condições para apresentar uma nova proposta, avança o Dinheiro Vivo. A informação já foi entretanto confirmada pelo ECO.

No entender da entidade liderada por Margarida Matos Rosa, os compromissos propostos para a concretização da operação não protegem os direitos dos consumidores nem garantem a concorrência no mercado.

O Dinheiro Vivo, que obteve a informação junto de fonte próxima do processo, mas sem a revelar, acrescenta que a Altice já foi informada desta decisão, podendo agora avançar com novos compromissos. Mas se considerar que não tem condições para apresentar compromissos alternativos, poderá mesmo deixar cair o negócio de 440 milhões de euros.

Em fevereiro, a Autoridade da Concorrência colocou o negócio de compra da Media Capital pelo grupo francês sob investigação aprofundada por considerar que a operação pode levantar obstáculos concorrenciais em diversos mercados.

Entretanto, para responder às preocupações do regulador, a Altice apresentou no final do mês de abril oito “remédios”, incluindo a autonomização de negócios de empresas distintas, a não exclusividade dos canais e ainda a disponibilização na sua plataforma dos canais concorrentes da TVI. O grupo assumiu ainda o compromisso de criar uma figura independente — denominada mandatário de monitorização — para assegurar o cumprimento dos compromissos.

Porém, no entender do regulador, alguns dos remédios assumidos pelos franceses careciam de especificações, apresentavam riscos de monitorização e de eventual incumprimento, bem como de distorção de mercado.

Considerou ainda a Autoridade da Concorrência que a operação pode ter “impactos potencialmente negativos no desenvolvimento de novos conteúdos e modelos de negócio que envolvam, designadamente, a transmissão e o acesso a conteúdos audiovisuais através da internet”, aponta o documento citado pelo Dinheiro Vivo.

(Notícia atualizada às 20h06)

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Nos diz que os compromissos da Altice para comprar a TVI são “uma ilusão”. Conheça os argumentos

A Nos enviou um documento ao Parlamento onde tenta desmontar os compromissos que a Altice propôs para desbloquear a compra da TVI. Altice acusa Miguel Almeida de divulgar informação confidencial.

Miguel Almeida, presidente executivo da Nos.Paula Nunes/ECO

Os oito compromissos da Altice para que a compra da Media Capital seja aprovada são “superficiais”, “genéricos” e “incompletos”. Criam também uma “ilusão” de que os riscos identificados pelas autoridades estão mesmo a ser mitigados, defende a operadora concorrente Nos, num documento a que o ECO teve acesso. Mais: para a empresa liderada por Miguel Almeida, muitas das preocupações evidenciadas pelo regulador da concorrência nem sequer são encaradas por esses compromissos.

Além disso, a Nos garante que um dos compromissos propostos pela Altice vai efetivamente permitir o bloqueio do acesso da concorrência à distribuição da TVI, aumentando “exponencialmente” o preço que as operadoras vão ter de pagar para garantir a sua distribuição e, desta forma, “tornando impossível o acesso ao mesmo”.

A Altice e a Nos têm estado num autêntico braço de ferro, com troca de acusações de parte a parte, numa altura em que a Autoridade da Concorrência (AdC) se encontra a efetuar diligências para decidir se dá luz verde à compra da dona da TVI pela dona da Meo. Já se sabia que a Nos está contra a realização do negócio, com o argumento de que esta fusão vai desvirtuar a concorrência nos setores das telecomunicações e media e com potencial impacto negativo na sociedade, na economia e “no bem-estar dos portugueses”.

O documento a que o ECO teve acesso é uma carta enviada aos deputados da Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas, no qual a Nos argumenta contra cada um dos oito remédios propostos pela Altice, de forma detalhada. É o mesmo documento que o presidente executivo da Altice Portugal, Alexandre Fonseca, criticou na audição parlamentar desta quarta-feira, quando acusou a Nos de ter vertido para o domínio público “um conjunto de informação que foi disponibilizada em sede própria fechada pela Altice à AdC”.

Contudo, a leitura da carta enviada aos deputados, assinada pelo gestor Miguel Almeida, lança mais alguma luz sobre o porquê de a Nos estar contra a aprovação do negócio da Altice e da Media Capital, mesmo com a imposição de garantias que permitam mitigar os tais riscos. É que, além de estar contra isso, Miguel Almeida vai um pouco mais além: assume, uma vez mais, que se a fusão das duas empresas avançar com a imposição de remédios, estes não só são ineficazes como agravam ainda mais os problemas já identificados.

Porque é que a Nos defende que os compromissos da Altice são ineficazes, ponto por ponto:

Estes são, em linhas gerais, os argumentos da Nos para recusar veemente uma aprovação do negócio com compromissos da dona da Meo.

  1. Compromisso de autonomizar os negócios de distribuição de canais e conteúdos, de publicidade e de TDT. É o primeiro compromisso da Altice, que a Nos considera ser “totalmente vazio de efeito prático”. Isto porque, segundo a Nos, não engloba o negócio da Plural nem dos portais Sapo e IOL. A Nos recorda que, em 2007, antes do spin off da PT Multimédia do grupo PT, havia um “alinhamento de interesses” entre a PT Multimédia e a PT Comunicações, “patente na ausência de concorrência entre si”. “Até então”, continua, eram “empresas autónomas em termos contabilísticos e funcionais, mas tinham uma gestão alinhada”, “não competiam entre si” e partilhavam a mesma estrutura acionista.
  2. Implementar a oferta regulada de acesso no que concerne ao canal aberto da TVI. Segundo a Nos, é um “compromisso incompleto”, desde logo porque deixa de fora os “demais canais atuais ou futuros”, nomeadamente a TVI24. Mas há mais: a Nos alerta que este remédio “introduz um conceito de custo do canal que faz aumentar exponencialmente o preço pago atualmente” pelas operadoras aos canais pela sua distribuição, “tornando impossível o acesso ao mesmo”.
  3. Não exclusividade dos canais e novos canais nas plataformas da Altice. “Este compromisso não sobrevive sequer à primeira leitura”, começa por dizer a Nos. Segundo a operadora liderada por Miguel Almeida, através dele “a Altice é livre de apresentar as condições que quiser e por essa via não fechar quaisquer contratos com as plataformas da Nos, Vodafone e Nowo”, pois não são estabelecidas quaisquer “regras sobre a disponibilização dos canais em condições não discriminatórias entre operadoras e face à própria Meo”.
  4. Não limitação dos serviços OTT. Para a Nos, este é um remédio “particularmente confuso” e “cuja redação assenta em conceitos indeterminados”. Em causa, o uso, pela Altice, de termos como “condições justas”, ou “razoáveis”, sem especificar que critérios definem o que é justo ou razoável. Serviços OTT são os chamados serviços over-the-top, isto é, funcionam de forma independente e online, mas assente nas redes das operadoras de telecomunicações. (A título de exemplo, o WhatsApp usa a internet fornecida pelas operadoras mas presta um serviço semelhante, que é o de permitir trocar mensagens entre pessoas).
  5. Acesso à plataforma de televisão por subscrição da Altice. O que está aqui em causa não é o bloqueio da TVI às plataformas concorrentes da Meo, mas sim o oposto: o eventual bloqueio do acesso de canais concorrentes da Media Capital (como a SIC) à plataforma da Meo. De acordo com a Nos, é um “compromisso incompleto, equívoco e opaco”, pois só engloba seis canais das “centenas de canais que são atualmente distribuídos, além de ignorar eventuais canais novos que possam vir a ser criados. A proposta da Altice vai também congelar “qualquer evolução contratual que possa ser necessária”, pois remete diretamente para as atuais condições. A Nos acusa esta proposta de “desfaçatez”.
  6. Disponibilização do espaço publicitário da Media Capital numa base não discriminatória. Esta é outra das grandes preocupações das operadoras concorrentes da Meo. Temem que a Altice, uma vez dona da Media Capital, crie entraves na promoção de campanhas dos concorrentes na televisão ou na rádio. Novamente, o problema para a Nos é o uso de termos como “condições justas e razoáveis”, algo subjetivo que, numa negociação, “raramente” ou “nunca” têm um significado “idêntico”. Outro problema é a Altice remeter para as condições comerciais standard quando este mercado costuma oferecer “elevados descontos que dependem de diferentes variáveis”.
  7. Evitar quaisquer risco de troca de informação concorrencialmente sensível. A Nos teme eventuais fluxos de informação confidencial e sensível que possam existir entre a Media Capital e a Meo, como é o caso de eventuais informações de campanhas publicitárias de concorrentes da Altice que possam estar na calha da TVI. Para a Nos, não há como controlar esses fluxos, pois “é impossível monitorar o contacto pessoal quer em ambiente profissional, quer particular, dos colaboradores das empresas e da troca de informação”.
  8. Acesso à TDT em condições de transparência de preços e numa base não discriminatória. Para a empresa de Miguel Almeida, é um remédio que “não acrescenta nada de verdadeiramente novo”, pois é algo que “já está previsto na legislação em vigor”. Além disso, não resolve o verdadeiro problema, na opinião da Nos, nomeadamente o risco de ser colocado um “travão” ao desenvolvimento da TDT, ou da introdução de condições de acesso menos transparentes.
  • A Nos também aponta uma série de outros riscos que diz não terem sido, sequer, encarados pela Altice nas propostas enviadas à AdC. Entre eles está o risco de “aumento de uniformidade dos conteúdos disponíveis em Portugal”, a “lesão da autonomia e independência editorial” dos órgãos de comunicação social da Media Capital (a Nos acha mesmo que há risco de a Altice “instrumentalizar” meios de comunicação social como a TVI ou a rádio Comercial), ou mesmo o “enfraquecimento” dos restantes meios de comunicação através da redução das receitas resultante desta operação de concentração.

A resposta da Altice à posição da Nos: documento é “vazio” e não tem “fundamentação”

Alexandre Fonseca, presidente executivo da Altice Portugal.Paula Nunes/ECO 23 Maio, 2018

O presidente executivo da Altice Portugal, Alexandre Fonseca, encarou este documento na Assembleia da República (AR), numa sessão conjunta das comissões de economia e cultura, que decorreu esta quarta-feira de manhã. Sem mencionar o nome da Nos ou de Miguel Almeida, Alexandre Fonseca lamentou que a concorrência tenha trazido “a público informação que é de caráter confidencial”.

O gestor da Altice foi ainda mais longe, acusando indiretamente a Nos de “falta de cortesia e de ética”. Sobre a análise da Nos aos compromissos propostos ao regulador da concorrência, Alexandre Fonseca disse tratar-se de uma “análise tendenciosa” e “disponibilizada de forma ilegítima”. “É um documento que é vazio e que não tem qualquer tipo de fundamentação”, afirmou o gestor. “Parece-me, no mínimo, lamentável”, concluiu.

A Altice tem evitado entrar em detalhes acerca desta operação, recordando que este é um dossiê que deve ser tratado sempre no âmbito do processo que está a ser levado a cabo pela AdC. No próximo dia 14 de julho assinala-se um ano desde que a empresa anunciou o acordo com os espanhóis da Prisa para a compra da Media Capital por 440 milhões de euros. E, apesar de Alexandre Fonseca ter a “máxima convicção” de que o regulador vai aprovar a compra entretanto, o gestor admitiu que há o “limite da razoabilidade”.

Ou seja, este pode ser o prazo psicológico para que a empresa decida desistir da compra. Outro fator que pode fazer cair a operação poderá ser a imposição de remédios demasiado limitativos e que impeçam a Altice de levar a cabo a estratégia que motiva esta compra. Não esquecer ainda que a Vodafone já interpôs uma providência cautelar para tentar travar a operação, um processo que poderá criar atritos nas engrenagens deste dossiê.

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Altice/TVI: “Temos máxima confiança de que o negócio se vai realizar”

Alexandre Fonseca, líder da Altice, recordou ao Parlamento que a compra da TVI é uma "iniciativa privada" e disse que tem a "máxima confiança" de que a operação vai ser aprovada.

Alexandre Fonseca, presidente executivo da Altice Portugal.Paula Nunes/ECO

A Altice tem a “máxima confiança” de que vai mesmo obter luz verde para comprar a Media Capital. No entanto, admite que há um limite, que é o “limite da razoabilidade”, que poderá resultar no abandono da operação pela dona da Meo. Esse limite é o prazo de um ano desde que a Altice anunciou o acordo com a Prisa para a compra do grupo de media (isto é, 14 de julho) ou a imposição de remédios pelo regulador que coloquem em causa a capacidade da empresa de “implementar projetos”.

Por outras palavras, a Altice Portugal, apesar de convicta de que a Autoridade da Concorrência (AdC) vai aprovar a compra, pode desistir do negócio caso se arraste para lá de 14 de julho, ou se os remédios que vierem a ser impostos pelo regulador comprometam o plano estratégico da dona da Meo para a dona da TVI. Os remédios são condições que o regulador pode impor para mitigar os receios que possam existir, ou seja, são garantias que devem ser assumidas pela Altice.

“Iremos aguardar até que seja razoável”, disse Alexandre Fonseca, presidente executivo da Altice Portugal, que foi ouvido esta quarta-feira numa audição conjunta das comissões de economia e cultura. Apontando para o “prazo de um ano para realizar um negócio de 440 milhões de euros”, o gestor disse ainda que não vai desistir. “Não vamos desistir. Estamos convictos de que o negócio vai ser permitido”, indicou.

O gestor criticou ainda quem tenta “criar ruído” no processo da compra da Media Capital, grupo de media que detém a TVI. E recordou que é um “processo de iniciativa privada, totalmente legal e que está sob a alçada de três reguladores, que se movem num regime jurídico adequado”. Além disso, o gestor considerou que, face ao negócio, “não houve uma posição de oposição por parte da ERC, não houve uma posição de oposição por parte da Anacom” e, dito isto, afirmou: “Estamos a trabalhar com a Autoridade da Concorrência para que esta operação se execute”.

Alexandre Fonseca foi ouvido esta quarta-feira na Assembleia da República (AR), numa audição conjunta das comissões de cultura e de economia, a requerimento do Bloco de Esquerda (BE). O negócio da compra do maior grupo de media pelo maior grupo de telecomunicações em quota de mercado continua na ordem do dia, numa altura em que se aproxima o prazo para o regulador da concorrência decidir aprovar ou chumbar a operação.

Operação essa que tem merecido críticas por parte dos concorrentes Vodafone e Nos, e também da Impresa, que detém a SIC. Mas as críticas de Alexandre Fonseca acabaram por cair mal junto do BE, levando o deputado Heitor de Sousa a lançar um desafio ao líder da Altice Portugal: “Temos uma única pergunta para lhe colocar: vem hoje a este Parlamento anunciar que a Altice desiste da compra da Media ou vai esperar que os reguladores impeçam o negócio?”

Em resposta, Alexandre Fonseca recordou que veio à AR de forma voluntária. “A nossa presença é um ato voluntário. Vim aqui porque tenho como objetivo assegurar que existe total transparência”, retorquiu. E acrescentou que a Altice está “serenamente e tranquilamente a aguardar a decisão das autoridades competentes”. “Não somos como outros que vieram a este Parlamento acusar o Governo de fraude (…), que trazem a público informação que é de caráter confidencial. Temos máxima confiança de que o negócio se vai realizar”, apontou o líder da empresa.

Temos máxima confiança de que o negócio [da compra da Media Capital pela Altice Portugal] se vai realizar.

Alexandre Fonseca

Presidente executivo da Altice Portugal

Se comprar a TVI, Altice não vai despedir

O gestor aproveitou a sessão parlamentar para responder a algumas dúvidas dos deputados, nomeadamente sobre os receios do que a Altice possa fazer, uma vez que tenha luz verde da AdC para comprar a Media Capital.

Alexandre Fonseca recordou que uma das bandeiras do seu mandato na presidência da Altice Portugal tem sido a manutenção da paz social na companhia. Avançando que “cerca de uma dezena de colaboradores [da Meo] já abandonaram” os processos que tinham movido contra a empresa, apontou ainda que, no que toca à Media Capital, não existe um plano de despedimentos na sequência do negócio. “Não temos nenhum plano de despedimento de colaboradores no âmbito desta transação”, garantiu.

Questionado sobre os receios de que a Altice promova um “desinvestimento em informação” nos meios de comunicação social, o gestor também descartou essa ideia. “Não antevemos. Não, não haverá desinvestimento em informação”, disse. Quanto à hipótese de a Altice bloquear o acesso dos concorrentes à transmissão dos canais da TVI no cabo, Alexandre Fonseca lembrou que a televisão é um negócio que vive da publicidade e que, por isso, não é lógico fragmentar as audiências dessa forma.

Altice de costas voltadas com a Nos

A audição de Alexandre Fonseca no Parlamento alargou ainda mais o fosso entre a Meo e a Nos, que têm protagonizado trocas de acusações acerca deste e de outros dossiês. Sem mencionar o nome do homólogo Miguel Almeida, ou mesmo o nome da Nos, Alexandre Fonseca falou em “falta de cortesia e de ética”, apontando para um documento com informação confidencial que, segundo o gestor da Altice, terá sido remetido aos deputados.

“É um documento vazio e que não tem qualquer tipo de fundamentação. Este nosso concorrente veio a público acusar o Governo da República de fraude, acusar a Anacom de fraude e veio ao Parlamento acusar o próprio Parlamento de responsabilidades”, atirou, acusando indiretamente Miguel Almeida de vir a público “fazer um conjunto de acusações graves”, mas que, se a compra for a aprovada, “diz que vai fazer o mesmo”.

Contra o fim do serviço universal

O presidente da Altice Portugal aproveitou também para mostrar oposição à decisão da Anacom de que “não se justifica” continuar a manter o serviço universal de comunicações, através do qual a Meo gere as cabines telefónicas (também chamados de “postes públicos”) e o serviço de listas telefónicas.

“O regulador diz que só existem duas chamadas por cada poste público”, recordou Alexandre Fonseca. Disto isto, mostrou este facto numa outra perspetiva: “Significa que existem cerca de oito milhões de chamadas feitas em Portugal através dos postes públicos, seis milhões através dos postes públicos do serviço universal, a partir de hospitais, prisões, lares de terceira idade”, indicou.

De recordar que nem todas as cabines telefónicas fazem parte do serviço universal, sendo que, segundo a Anacom, existem cerca de 19.500 cabines telefónicas mantidas pelas operadoras à margem do serviço público.

(Notícia atualizada às 13h43 com mais informações)

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Altice disparou mais de 50% com abertura do regulador francês a novas fusões

  • Marta Santos Silva
  • 22 Maio 2018

A empresa de telecomunicações francesa disparou em bolsa com a notícia de que o regulador francês poderá vir a permitir a venda da sua unidade endividada SFR.

A Altice chegou a ganhar mais de 50% em bolsa graças às palavras do presidente do regulador das telecomunicações francês, Sebastien Soriano, que disse ao Le Monde que estaria aberto a novas fusões no meio das telecomunicações em França.

Este aceno da reguladora lançou as ações da empresa para uma forte valorização na bolsa, e também beneficiou os outros três principais players do setor, a Orange, a Iliad e a Bouygues, escreve a Bloomberg.

A Altice, cotada em Amesterdão, chegou a ganhar 53% em bolsa, e fechou com ganhos de 45,35%, chegando aos 2,42 euros por ação.

A endividada SFR pertence à Altice mas a empresa não tem podido vendê-la devido a problemas com os reguladores, que queriam evitar que o setor das telecomunicações não ficasse resumido a três principais atores. No entanto, com as novas declarações de Soriano, é possível que a SFR possa ser vendida a uma das outras três companhias que dominam a área.

Ao Le Monde, Soriano afirmou que o regulador, a Arcep, não se opunha “em princípio” à consolidação, mas que se tinha oposto a fusões no passado devido à falta de investimentos em áreas como a fibra. “Agora que os operadores responderam ao nosso apelo, esta mensagem de total separação já não é relevante”, disse Soriano.

A grande valorização da Altice aconteceu no mesmo dia em que a empresa começa a negociar em ex-dividendo na bolsa de Amesterdão. Cada acionista da empresa terá direito a 0,4163 ações da Altice USA por cada ação que detiver no capital da empresa europeia.

A separação entre a Altice europeia e a Altice norte-americana, conhecidas agora como Altice Europe e Altice USA, já fora anunciada a 8 de janeiro deste ano. É nesse âmbito que a Altice Europe vai distribuir pelos seus acionistas o capital que detém na Altice USA.

(Notícia atualizada às 17h40 com mais informação)

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Anacom quer pôr os clientes a avaliarem as operadoras

O líder da Anacom, João Cadete de Matos, disse que quer investir no desenvolvimento de ferramentas de inteligência artificial para que os clientes possam avaliar as operadoras de telecomunicações.

A Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) disse esta quinta-feira que pretende investir em soluções de inteligência artificial para que os clientes possam avaliar as operadoras, medida que considera “potenciar a concorrência”.

“A Anacom já trabalha na área da medição de serviço, mas queremos investir nessa dimensão, para que os consumidores possam fazer uma avaliação da qualidade do serviço que é prestado pelos vários operadores”, disse o presidente da entidade, João Cadete de Matos, que falava na Federação Portuguesa das Comunicações, em Lisboa, num debate com empresas do setor sobre “a utilização da Inteligência Artificial para o bem comum”, no âmbito do Dia Mundial das Telecomunicações. O responsável da Anacom acrescentou que essa avaliação do serviço iria “potenciar a concorrência”.

De acordo com João Cadete de Matos, a Anacom também pretende “usar a inteligência artificial para conseguir prestar um serviço mais eficiente”, o que passa desde logo por “resolver o problema das reclamações”. “A inteligência artificial pode ajudar-nos a todos a sermos mais eficientes sobretudo nos tempos de resposta, que é uma das queixas que os utilizadores mais apresentam, quanto ao tempo que demoram em ver a sua queixa respondida, já não digo resolvida”, notou o presidente da Anacom.

Operadoras lembram que já usam inteligência artificial

Presentes na ocasião, responsáveis da Nowo, Nos, Altice e Vodafone explicaram que estas companhias já recorrem à inteligência artificial para determinadas áreas.

Segundo o presidente da Nowo, Miguel Venâncio, a operadora usa este tipo de tecnologia para “ter mecanismos de diagnóstico da internet” que possibilitam uma “manutenção antecipada”, bem como na “computorização” de determinadas tarefas, que estão agora a ser desempenhadas em “muito menos tempo e com muito maior produtividade” do que eram por colaboradores, entretanto transferidos para outras áreas. Além disso, a Nowo quer levar inteligência artificial aos serviços de apoio ao cliente. “Estamos a trabalhar numa área que é no call center, para que quando o nosso cliente nos liga consigamos perceber qual é o seu estado de espírito e, com base nisso, adaptar o modo de o colaborador fala”, apontou Miguel Venâncio.

Por seu lado, a administradora da Nos Ana Paula Marques assinalou que esta operadora tem apostado em “grandes áreas ao nível da inteligência artificial”, como na “melhoria da experiência ao cliente”, na forma como disponibiliza os produtos e na vertente operacional.

O administrador da Altice Labs Alcino Lavrador indicou que a dona da Meo aplicou inteligência artificial às boxes das televisões, à criação de “ferramentas para detetar falhas e avarias” da rede e às campanhas para os seus clientes, “promovendo a oferta mais adequada”.

Já o administrador da Vodafone João Nascimento falou na introdução desta tecnologia em “processos de supervisão de rede”, o que permite uma “capacidade de análise e de gestão muito maior”. Intervindo na sessão, João Nascimento apontou ainda na necessidade de se apostar no ensino desta tecnologia nas universidades, o que permitira “uma nova força de trabalho” e “pessoas mais capacitadas do ponto de vista digital”.

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Venda das torres da Altice está “bem avançada”. Vai render 2.000 milhões de euros

  • Lusa
  • 17 Maio 2018

O processo de venda de torres de telecomunicações da Altice em Portugal e França está "bem avançado", afirmou um administrador da empresa esta quinta-feira. Dona da Meo espera arrecadar 2.000 milhões.

O administrador financeiro da Altice, Dennis Okhuijsen, afirmou esta quinta-feira que o processo de venda das torres de telecomunicações em Portugal e França, bem como o negócio na República Domincana, está “bem avançado”.

Dennis Okhuijsen, que falava na conferência de telefónica com os analistas sobre a atividade da dona da Altice Portugal durante o primeiro trimestre deste ano, adiantou que o programa de alienação de ativos não estratégicos, que inclui a venda de torres de telecomunicações em Portugal, França e o negócio na República Dominicana estão “bem avançados” e nas “etapas finais”. Com esta alienação, o administrador financeiro disse esperar cerca de “2.000 milhões” de euros.

O grupo Altice vai vender 13.000 torres de comunicações em França e em Portugal, das quais 3.000 no mercado português. No início deste mês, o patrão da Altice, Patrick Drahi, afirmou, em Lisboa, que existiam interessados “de todos os sítios do mundo” nas torres em Portugal.

“As receitas totais da Altice Portugal caíram 4,5% em termos homólogos no primeiro trimestre de 2018 excluindo medidas extraordinárias ou 6,5% numa base comparável para 507 milhões de euros”, anunciou a empresa, esta quinta-feira, em comunicado. Esta descida, segundo uma nota divulgada em Portugal, “resulta da perda de quotas de mercado verificadas no passado. Com o crescimento agora reportado na quota de mercado, a empresa tem a ambição de recuperar receita nos trimestres seguintes”.

Nos primeiros três meses de 2018, a Meo ganhou quota de mercado, “pelo segundo trimestre consecutivo, capturando cerca de 65% das adições líquidas, quando comparado com os dois principais concorrentes”, o que, diz a operadora, “revela uma tendência de crescimento, que permitirá inverter” a queda das receitas verificada no período em análise. A Meo conquistou 49.000 novos clientes de fibra.

“Seguros de que a forte performance comercial é sólida e sustentável, a Altice Portugal mantém absolutamente inalterado o seu plano de investimentos: independentemente da variação de receitas reportada, a empresa investiu, no 1T [primeiro trimestre] de 2018, 105 milhões de euros, o mesmo valor investido no período homólogo”, lê-se no comunicado. O Capex (investimento) de 105 milhões de euros no primeiro trimestre ficou ligeiramente abaixo dos 108 milhões de euros de igual período de 2017. O EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado caiu 10,6% excluindo medidas extraordinárias ou 14,6% numa base comparável para 219,2 milhões de euros.

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Nos e Vodafone dizem que corte de 66% nos preços da Fibroglobal é “insuficiente”

A Nos e a Vodafone assumem que continuarão impossibilitadas de usar a rede de fibra ótica da Fibroglobal, mesmo que os preços desçam 66%, como foi proposto. A Nos acusa a Meo de "monopólio".

A Nos e a Vodafone consideram que, mesmo que os preços cobrados pelo acesso à rede da Fibroglobal baixem 66%, tal como propôs a Anacom, o investimento na rede daquela empresa continua a não ser viável. Foi o que disseram ao ECO fontes das duas empresas esta sexta-feira.

A Fibroglobal construiu uma rede de fibra ótica no interior do país, com o apoio milionário de fundos comunitários. No entanto, a Meo é a principal utilizadora. E têm sido sucessivas as queixas das operadoras concorrentes em relação a esse aspeto, apontando para indícios de que a Fibroglobal tenha ligações à Meo.

É o caso da Nos. Ao ECO, fonte oficial da empresa liderada por Miguel Almeida afirmou que o corte nos preços é “insuficiente”, uma vez que “não assegura a concorrência e o fim do monopólio da Meo”. Já Mário Vaz, presidente da Vodafone, reiterou esta mesma insuficiência e tem uma posição semelhante.

Indicando que a intervenção do regulador é “um sinal positivo para a resolução de um grave problema que há muito afeta o mercado”, a Nos afirmou que continuam a não ser asseguradas as condições necessárias ao lançamento de ofertas nestas áreas. “A estrutura de custos apresentada é incompatível com os preços de retalho praticados no mercado, e não permite replicar as ofertas praticadas pela Meo nessas zonas”, disse fonte oficial ao ECO.

“Assim, o monopólio [da Meo] dever-se-á manter”, indicou fonte oficial da Nos. Pelo menos “até que seja garantida a redução adicional dos preços do acesso local, existir a possibilidade de lançamento de ofertas até 1 Gbps e for garantida a adoção de protocolos de transmissão de vídeo eficientes”, garantiu. A expectativa da empresa é a de que o Governo “interfira neste processo e reveja, com urgência, a proposta da Anacom”.

Já para o presidente da Vodafone, “o preço único proposto pela Anacom pelo acesso à rede da Fibroglobal continua elevado, com condicionalismos técnicos relevantes, e é aproximadamente o mesmo que aplica atualmente ao seu único cliente e acionista, e que levou ao reconhecimento da existência de sobrefinanciamento.”

A Vodafone assumiu ainda que poderá existir “uma leitura mais aprofundada” da recomendação da Anacom, que poderá ser complementada com “pedidos de esclarecimento adicionais ao regulador”. De qualquer forma, “a esta data, a Vodafone não encontra, nesta decisão, suporte para iniciar a disponibilização da sua oferta aos clientes destas zonas, que continuarão a não ter acesso aos benefícios de um mercado concorrencial e da liberdade de escolha que lhes é devida”.

Desta feita, também a Vodafone espera que “o Governo não deixe de olhar para esta situação como crítica, reformulando a proposta da Anacom”. “Igualmente essencial é que a Autoridade da Concorrência (AdC) esclareça os exatos contornos da estrutura acionista da Fibroglobal”, sublinhou ao ECO o gestor da operadora, Mário Vaz.

O ECO tentou obter reações junto da Meo e da própria Fibroglobal, mas ainda não foi possível. Contactada, fonte oficial da Anacom não quis fazer comentários.

O que é que isto significa?

  • A Fibroglobal foi uma das empresas criadas com o apoio de fundos comunitários para dotar o interior do país de cobertura de fibra ótica.
  • No entanto, a Meo é a principal utilizadora dessa rede, o que significa que é quem presta o serviço em maior escala nessas zonas do país.
  • A Nos e a Vodafone, concorrentes da Meo, dizem que os preços que a Fibroglobal lhes cobra para usar a rede não viabilizam o investimento.
  • Especificamente, a Nos acusa a Fibroglobal de ter ligações à Altice, o grupo que é dono da Meo. A Meo tem afastado essa ideia.
  • É uma acusação relevante, tendo em conta que a Fibroglobal recebeu financiamento de dinheiros públicos. E o regulador da concorrência já está a investigar.
  • A Anacom, que regula o setor das comunicações, foi mandatada pelo Governo para analisar os preços praticados pela Fibroglobal face às outras empresas do género, como é o caso da DST.
  • Recentemente, a Anacom, na sequência desse processo, recomendou ao Governo que obrigue a Fibroglobal a baixar os preços em até 66%. E vai obrigar a empresa a devolver 3,1 milhões de euros de dinheiros comunitários.
  • O desenvolvimento desta sexta-feira é que a Nos e a Vodafone dizem que o corte nos preços proposto pela Anacom não é suficiente.
  • As operadoras concorrentes da Meo indicam que a descida terá de ser maior para que possam investir na rede.
  • Por isso, recomendam agora ao Governo que reveja a proposta da Anacom.

(Notícia atualizada pela última vez às 12h05)

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Patrick Drahi sobre a multa de Bruxelas à Altice: “Faremos tudo para não pagar”

Acusada de controlar a PT antes de ter luz verde de Bruxelas, o fundador do grupo Altice diz que a empresa "vai fazer tudo" para não pagar a multa de 124,5 milhões de euros à Comissão Europeia.

A Altice ATC 0,00% vai recorrer à Justiça para tentar anular a multa de 124,5 milhões de euros imposta pela Comissão Europeia, que concluiu que a empresa exerceu poder sobre a PT Portugal ainda antes de o negócio ter sido aprovado pelos reguladores. Em resposta a uma pergunta do ECO, o fundador da Altice disse que a empresa “vai fazer tudo o que estiver ao seu alcance para não pagar”.

Instado pelo ECO a comentar a multa aplicada pela Comissão Europeia, Patrick Drahi disse discordar “inteiramente” da posição tomada por Bruxelas. “Não sei como foram feitos os cálculos [para chegar ao valor da multa]. Por isso, vamos para tribunal para contestar esta decisão”, afirmou o multimilionário franco-israelita, que fundou a Altice em 2001.

A Altice está a tentar fechar outro negócio em Portugal: a compra da Media Capital, dona da TVI, pela qual oferece 440 milhões de euros. Esta segunda-feira, soube-se que a dona da Meo apresentou oito compromissos para aliviar os receios da Autoridade da Concorrência (AdC), que se encontra a avaliar o negócio e tem o poder de o aprovar ou chumbar.

Sobre se está mais confiante de que o regulador vai aprovar a compra da TVI, Patrick Drahi afirmou que está “sempre muito confiante”. “Nada altera a minha confiança e nem depende de mim. Quando algo não depende de nós, não temos de fazer nada. É só esperar pela decisão das autoridades”, afirmou. Patrick Drahi admitiu ainda que o regulador português “tem todas as hipóteses em cima da mesa”.

Em Portugal, a Altice está também a tentar vender cerca de 3.000 torres de telecomunicações. Questionado pelo ECO sobre se a venda já foi fechada, Patrick Drahi explicou que não e afirmou que pode nem sequer acontecer, se “não houver um bom preço”. Sobre quem são os interessados, o empresário afirmou: “Só posso dizer quantos são: são muitos. Mais de dez. Há muito interesse de todo o mundo. É visto pelos interessados como um investimento imobiliário de longo prazo.”

Patrick Drahi foi ainda questionado sobre se tenciona vender o negócio do grupo em França, uma hipótese que tem vindo a ser avançada pela imprensa local. No entanto, rejeitou completamente essa ideia. “Não estou a vender o meu negócio em França. Comecei o meu negócio em França e não há qualquer hipótese de o vir a vender”, disse. Acrescentou ainda que a Altice não recebeu nenhuma proposta pela venda da operadora SFR.

“Não me importo com o dinheiro”

O fundador do grupo Altice esteve esta terça-feira em Lisboa, onde lançou o novo Centro de Inovação Tecnológica e Empreendedorismo da Católica-Lisbon. O projeto recebeu financiamento da Fundação Patrick e Lina Drahi e, no evento, estiveram ainda presentes a filha do casal, Grazielle Drahi, bem como outros altos cargos da Altice: Alain Weill, líder da NextRadioTV (detém o canal BFM em França) e Alexandre Fonseca, presidente executivo da Altice Portugal. Houve direito a perguntas da plateia, sobretudo acerca da fórmula para o sucesso do empresário.

Patrick Drahi disse que teve “sorte” quando decidiu criar o seu próprio negócio. “Nos anos 90, o negócio das telecomunicações era de monopólio. Era um bom mercado, com apetência à tecnologia e ao sucesso”, explicou. Com uma fortuna avaliada em 6,5 mil milhões de dólares, o patrão da Altice considerou que se trataram de “dois fatores”. O primeiro foi “paixão e paciência”. “O segundo é que nunca ninguém conseguiu controlar-me”, disse o sócio fundador do grupo Altice.

Ninguém conseguiu controlar-me e tive de criar a minha própria empresa. Tive sorte. Nos anos 90, o negócio das telecomunicações era de monopólio. Era um bom mercado, com apetência à tecnologia.

E continuou: “Não me importo com o dinheiro. Sempre fiquei muito chateado quando não era o número um”, disse Patrick Drahi, aconselhando os alunos presentes a seguirem o próprio instinto e a “não ouvirem ninguém”. Por fim, o empresário afirmou que o importante é ter “paixão, paciência e muita motivação”.

O grupo Altice foi criado em 2001 e, ao longo dos anos, apostou numa estratégia de crescimento inorgânico, tendo adquirido diversas empresas, entre as quais a PT Portugal (dona da Meo), que era detida pelos brasileiros da operadora Oi depois da fusão falhada entre as duas operadoras. A Altice foi acumulando uma dívida que chegou perto dos 50 mil milhões de dólares e anunciou no ano passado um programa de venda de ativos para reforçar a sua liquidez.

(Notícia atualizada pela última vez às 20h37)

Cotação das ações da Altice na bolsa de Amesterdão

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Altice assume compromissos para acelerar compra da TVI

  • ECO
  • 7 Maio 2018

A Altice Portugal assumiu oito compromissos que podem ir ao encontro das preocupações da Autoridade da Concorrência (AdC). Abre-se uma via rápida que pode acelerar o processo.

A Altice Portugal já assumiu formalmente alguns compromissos para mitigar os riscos e problemas identificados pela Autoridade da Concorrência (AdC) no processo de compra da Media Capital, a dona da TVI, avançou o Expresso esta segunda-feira ao final da tarde. São oito “remédios” que visam dar mais margem de manobra para que o regulador possa dar luz verde ao negócio, avaliado em 440 milhões de euros. Tal como o ECO avançou em primeira mão em meados de abril, este é um aspeto que poderá acelerar o processo de decisão do regulador, num dossiê que se arrasta deste o verão do ano passado.

Segundo o jornal, a equipa da Uría Menéndez, sociedade que está a assessorar o negócio do lado da Altice, fez chegar ao regulador o documento com a apresentação formal de oito compromissos para aliviar os receios da AdC. Como indicava a notícia do ECO, o prazo estava suspenso a aguardar o envio de elementos ao regulador por parte da compradora. A entidade, liderada por Margarida Matos Rosa, está desde 15 de fevereiro a levar a cabo uma investigação aprofundada para decidir se aprova ou chumba o negócio.

Os oito compromissos da dona da Meo:

  1. A Altice Portugal compromete-se a autonomizar os negócios de distribuição de canais, conteúdos, publicidade e TDT. Segundo o Expresso, a ideia é que estes departamentos sejam controlados por empresas distintas no grupo.
  2. A empresa também mostra disponibilidade para implementar a oferta regulada de acesso à sua plataforma, por um período entre cinco e dez anos.
  3. A dona da Meo compromete-se a não atribuir exclusividade aos canais e novos canais da plataforma de televisão da Meo. Ou seja, garante o acesso da concorrência aos canais que detém.
  4. A Altice Portugal não tenciona ainda vir a limitar o acesso aos serviços de operadores de televisão concorrentes.
  5. A empresa garante ainda que vai continuar a disponibilizar na sua plataforma os canais de operadores concorrentes da TVI, nem os vai despromover na grelha de canais.
  6. Segundo o jornal, o grupo garante que vai disponibilizar os canais publicitários da Media Capital aos concorrentes numa base não discriminatória, “durante o período de duração dos compromissos”.
  7. Será restringida a mobilidade de trabalhadores entre a Meo e a Media Capital, para que não haja risco de troca de informação sensível.
  8. A dona da Meo compromete-se, por fim, a continuar a dar acesso à TDT de forma não discriminatória e em condições de transparência de preço.

Aprovação à vista?

Em meados de abril, fonte próxima da AdC disse ao ECO que a aceitação de compromissos pela Altice Portugal poderia acelerar a emissão de um parecer por parte do regulador. Nessa altura, era entendimento da AdC que a dona da Meo ainda não tinha prestado devidamente essas garantias.

Agora, com este novo elemento em cima da mesa, poderá estar em causa um acelerar do processo. Segundo o semanário, a bola está do lado do regulador, que tem até dia 21 de maio para ouvir os concorrentes da Meo e da Media Capital sobre as propostas da empresa liderada em Portugal por Alexandre Fonseca.

Importa ter em conta que ainda está a ser avaliada na Justiça a providência cautelar interposta pela Vodafone para suspender os efeitos da decisão da AdC no âmbito deste processo, algo que poderá vir a atrapalhar o desfecho do negócio. Aliás, as concorrentes Nos e Vodafone já disseram publicamente estar contra a aprovação de um negócio, mesmo com os chamados “remédios” que, agora, a Altice Portugal veio subscrever.

(Notícia atualizada às 20h06 com mais informações)

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Meo tem novo tarifário modular, uma tendência no setor. Tem vantagens?

A operadora da Altice lançou um tarifário modular, à semelhança do que a Nowo fez em 2016. Quanto custa? E que vantagens e detalhes têm estas ofertas?

Os tarifários modulares são mais personalizáveis e permitem aos clientes desenhar a oferta que mais se alinha com as suas necessidades.Pixabay

A Meo tem um novo tarifário modular, o MEO by, que permite aos clientes escolherem exatamente o tipo de serviços que pretendem incluir no pacote. O anúncio foi feito no Porto e a solução foi considerada pelo presidente executivo, Alexandre Fonseca, “mais um passo para transformar o setor de telecomunicações” em Portugal. Que novidades traz este tarifário introduzido pela operadora da Altice? E vale mesmo a pena face às alternativas que já existem?

Numa nota de apresentação enviada à imprensa, a Altice Portugal indica que o MEO by é “a primeira oferta de telecomunicações totalmente digital, modular e sem fidelização”. Em causa, “mais de 16.000 combinações” de serviços para que o pacote subscrito pelo cliente seja o mais personalizado possível. A grande novidade é o cliente poder alterar os serviços que subscreve a cada 30 dias, diretamente na área de cliente e sem penalizações.

A personalização de ofertas é uma tendência cada vez maior no setor em Portugal, como escreveu o ECO em meados de fevereiro. O tiro de partida foi dado quando a Cabovisão apresentou o rebranding e passou a chama-se Nowo. Na altura, em setembro de 2016, lançou o Meu Nowo, uma espécie de simulador que permite aos clientes desenharem o seu próprio pacote de telecomunicações, com algum detalhe.

Instalação “sem fidelização” custa 100 euros

No caso do Meo by, o funcionamento do simulador é semelhante. Mas será que é realmente “sem fidelização”? Depende da modalidade escolhida pelo cliente e de quanto está disposto a desembolsar pela instalação do serviço.

A subscrição do Meo by sem qualquer período vinculativo para o cliente custa 100 euros de instalação, mais a mensalidade que começa nos 24,99 euros. O custo da instalação cai para 75 euros com uma fidelização de seis meses e 50 euros com uma fidelização de um ano. Caso o cliente opte pela fidelização de dois anos, não só a instalação é totalmente gratuita como o preço da mensalidade base cai para 19,99 euros.

Ainda assim, é menos do que na concorrência. Olhando para a oferta modular da Nowo, a instalação de um serviço sem fidelização pode chegar aos 150 euros. Na Vodafone, a instalação de um serviço deste género, com televisão, internet e voz, é de 120 euros — pode chegar aos 240 euros no caso dos pacotes 5P — isto é, com todos os serviços, do telefone à internet, da televisão ao telemóvel, contando ainda com um ponto de acesso portátil. No caso da Nos, um período de fidelização de 24 meses pressupõe a oferta da instalação, “no valor total de 400 euros”.

Pacote mais básico por cerca de 40 euros

O ECO fez algumas simulações com o MEO by e concluiu que um pacote mais básico com internet, televisão, telemóvel e telefone, com vínculo de dois anos e oferta da instalação, poderá ficar a 38,49 euros. O pacote inclui internet até 3 Mbps, televisão sem box com 120 canais, telefone com chamadas para a rede fixa à noite e ao fim de semana e telefone com 200 minutos de chamadas e 200 SMS gratuitas, mas sem internet móvel. Somar 200 MB de tráfego custa três euros por mês, puxando o preço para os 42,48 euros.

Comparando o MEO by com a oferta da Nowo, que são pacotes modulares com características relativamente semelhantes, o mais básico com estes quatro serviços fica a 30,99 euros no Meu Nowo, sendo ainda oferecidas as duas primeiras mensalidades. A fidelização é de 24 meses.

Por este valor, a internet tem uma velocidade superior (100 Mbps é o mínimo garantido pela operadora), telemóvel com 500 minutos de chamadas ou SMS e 250 MB de dados móveis, televisão com 90 canais e telefone fixo com 9.000 minutos para a rede fixa, mais 1.000 minutos para 50 destinos internacionais, indica a empresa. Contudo, há que ter em conta que a cobertura da Nowo em Portugal é significativamente inferior.

A Nos, no pacote UMA com os quatro serviços, oferece duas mensalidades e a instalação por 56,99 euros por mês. No entanto, o pacote inclui uma série de benefícios, como a box Ultra HD 4k, 500 horas de gravação e 177 canais, aplicação para o telemóvel e 170 euros em canais premium e conteúdos. A internet também é superior em velocidade ao pacote base da Meo (são 100 Mbps), pelo que, apesar das contas, não é uma oferta diretamente comparável com as anteriores. Além disso, o serviço móvel conta com 500 MB de dados. Estes fatores podem explicar o preço superior.

A mesma premissa aplica-se aos pacotes da Vodafone com quatro serviços, que também não permitem aproximar a oferta mínima à oferta base dos tarifários modulares da Meo e da Nowo (por exemplo, o tráfego de dados móveis começa nos 500 MB). A mensalidade base é de 56,90 euros com fidelização de dois anos, com oferta de um vale de 25 euros para gastar no videoclube.

Tanto os preços da Nos como os da Vodafone estão relativamente em linha com os preços praticados pela Meo neste tipo de pacotes já definidos. O M4O, por exemplo, começa nos 56,99 euros por mês, variando igualmente nas características dos serviços e nas ofertas feiras aos clientes.

Conclusões?

As ofertas modulares trazem alguma novidade ao setor das telecomunicações, até por permitirem subscrever apenas os serviços que se quer, com as características que se quer. Concretamente, a da Meo tem o detalhe de permitir alterações a cada 30 dias, sem penalizações. Mas são diferentes dos pacotes tradicionais, quer no funcionamento, quer na substância. No MEO by e no Meu Nowo, é possível desenhar algumas ofertas que não são contempladas pelos tarifários base já definidos. A Vodafone tem ainda um tarifário móvel deste género, que é o Vodafone You.

Contudo, os pacotes “sem fidelização”, que surgiram depois das recentes alterações à lei das comunicações eletrónicas, continuam a ter custos de instalação que poderão afastar alguns clientes. O tema é relevante e regressou recentemente à agenda política, pois existem propostas na calha da comissão de economia para serem discutidas e que pretendem “obrigar” as operadoras a terem pacotes sem fidelização e sem custos mais avultados para os clientes.

Por seu lado, as empresas do setor argumentam que a fidelização permite diluir no tempo os custos que têm com o equipamento, o serviço de instalação ou a aquisição de conteúdos a preços internacionais, por exemplo.

Posto isto, é o cliente quem tem mesmo de pesquisar qual a operadora e o serviço que lhe é mais vantajoso ao nível dos custos, pois a oferta é cada vez maior e mais detalhada. Talvez, a melhor hipótese ainda será usar um comparador de preços, como é o caso da plataforma ComparaJá.

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