Bancos cobraram mais de 1.500 milhões em comissões em 2019

  • Lusa
  • 25 Fevereiro 2020

O tema das comissões praticadas pelos bancos vai a debate no Parlamento esta quinta-feira. Bancos cobraram mais de 1.500 milhões em comissões pelos serviços prestados em 2019.

Money Conference/EY - 22NOV19

As comissões bancárias, que estarão em debate no parlamento na quinta-feira, permitiram aos principais bancos arrecadar mais de 1.500 milhões de euros em 2019, mais 40 milhões de euros do que em 2018.

O parlamento debate esta quinta-feira 11 propostas de Bloco de Esquerda, PCP, PS, PAN e PSD sobre comissões bancárias, como limitar as comissões cobradas pelos bancos em meios de pagamento como MB Way, em declarações relacionadas com contratos de créditos e alterações unilaterais de contratos de crédito.

De acordo com os resultados dos principais bancos que operam em Portugal (com exceção do Novo Banco, que só esta semana apresenta as contas de 2019), as comissões cobradas aumentaram 40 milhões de euros entre 2018 e 2019 (em base comparável), tendo no ano passado Caixa Geral de Depósitos (CGD), BCP, BPI e Santander Totta cobrado mais de 1.500 milhões de euros nesta rubrica da conta de resultados.

O BCP cobrou, na operação em Portugal, 483,2 milhões de euros em 2019, mais 1,7% do que em 2018. Do valor total, as comissões bancárias subiram 5% para 431,4 milhões de euros, enquanto as comissões relacionadas com mercados desceram 19,3% para 51,8 milhões de euros.

O tema das comissões não escapou às questões dos jornalistas na apresentação de resultados do banco, na semana passada, tendo o presidente executivo, Miguel Maya, dito que tem a regra de não comentar política, mas que abria uma exceção face ao que considerava uma intervenção política na economia.

O líder do BCP defendeu que as transferências do MB Way devem ser comissionadas a um “preço justo” que corresponda ao serviço prestado, com “transparência”, e comparou o MB Way às entradas de uma refeição num restaurante, que podem ser gratuitas mas são depois pagas “no prato, na sopa ou na sobremesa”.

a CGD, na operação em Portugal, conseguiu 414 milhões de euros em resultados de comissões e serviços, mais 5,3% face 2018, justificando com “a colocação de seguros e fundos de investimento”.

Do valor total, as comissões com cartões, meios de pagamento e outros subiram 10% para 174 milhões de euros, enquanto as comissões com créditos e extrapatrimoniais (comissões sobre seguros e fundos de investimento) desceram 7% para 133 milhões de euros.

Já as comissões de seguros subiram 19% para 57 milhões de euros e as comissões de títulos e gestão de ativos 16% para 51 milhões de euros.

Por seu lado, o Santander Totta teve receitas de 380,5 milhões de euros com comissões líquidas, mais 4,8% do que em 2018, o que o banco justifica com a “evolução favorável das comissões de meios de pagamento e de seguros”.

Por fim, em 2019, o BPI registou 257,9 milhões de euros em comissões líquidas, um valor inferior em 7,2% às cobradas em 2018. Contudo, o banco vendeu no ano passado o negócios de cartões, acquiring e de banca de investimento ao CaixaBank (dono do BPI), pelo que este ano não constam as comissões geradas por esses negócios.

Segundo o BPI, excluindo o efeito decorrente das vendas destes negócios, em base comparável, as comissões aumentaram 14 milhões de euros em 2019 face a 2018 (5,7%).

Já o Novo Banco cobrou entre janeiro e setembro de 2019 (últimos dados disponíveis) 229,5 milhões de euros, menos 3% do que nos primeiros nove meses de 2018, um valor que não entrou nos cálculos da Lusa por não se referir ao conjunto de 2019.

Esta quinta-feira, o parlamento irá discutir propostas de BE, PCP, PS, PAN e PSD sobre limitação e proibição de comissões bancárias.

Um tema transversal a vários projetos de lei são as comissões cobradas pelos bancos nas plataformas eletrónicas, como MB Way.

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Miguel Maya contra travão das comissões no Parlamento. “Ninguém acredita que as coisas são gratuitas quando têm valor”

CEO do BCP comentou o tema das comissões bancárias, que o Parlamento pretender legislar. "Ninguém acredita em coisas grátis se têm valor", disse Maya.

O CEO do BCP não tem por hábito “fazer comentário político”, mas abriu uma exceção para comentar as iniciativas legislativas dos vários partidos para travarem algumas comissões da banca, como operações no serviço MB Way.

Miguel Maya começou por comparar um banco a um restaurante. “Quando vamos ao restaurante, se nos puserem um prato de entradas e disserem que é gratuito, nós sabemos que esse prato há de ser pago no resto do primeiro prato, ou na sopa ou na sobremesa”, disse o presidente executivo do BCP esta quinta-feira.

Mas por que é que desconfiamos se nos põem o tal prato com as entradas e disserem que é de borla, e já não desconfiamos se alguém nos está a dar alguma coisa e tem valor reconhecido?“, questionou.

Para Miguel Maya, “ninguém acredita que as coisas são gratuitas quando têm valor” e esse será o caso dos serviços que os bancos prestam e que devem ser cobrados.

O CEO do BCP disse ainda que se o serviço não for cobrado aos clientes, alguém terá de suportar esse custo, nomeadamente o banco e os seus trabalhadores.

Por outro lado, Miguel Maya alertou para as inconsistências no discurso político. “Não podemos ter um discurso de União Bancária, e ter depois um conjunto de restrições à atividade bancária dos operadores que criam emprego e pagam impostos em Portugal de forma a torná-los menos competitivos e concorrendo para que o sistema financeiro se deslocalize para fora de Portugal, destruindo emprego e prosperidade”, frisou.

Em cima da mesa estão várias propostas legislativas para limitar e em alguns casos travar comissões bancárias, incluindo operações realizadas em aplicações móveis, como o MB Way. O tema vai ser discutido na próxima semana no Parlamento.

Ainda sobre o tema das apps, Miguel Maya anunciou esta quinta-feira uma parceria entre o ActivoBank com a Transferwise que vai permitir transferências internacionais através da app.

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Novo Banco? “Analisaremos essa operação e diremos se fará sentido”, diz BCP

Miguel Maya, CEO do BCP, adiantou que "se e quando" Novo Banco for colocado à venda vai "olhar com rigor" para a operação.

Miguel Maya, CEO do BCP, adiantou esta quinta-feira aos jornalistas que a estratégia do banco passo pelo “crescimento orgânico”, mas não descarta mais compras. Referindo-se ao Novo Banco, disse que vai “olhar com rigor” para a operação “se e quando” for colocada à venda.

“Sempre dissemos que o nosso crescimento é orgânico e que queríamos fazer uma aquisição e está feita: é o EuroBank“, começou por dizer Miguel Maya na conferência de resultados anuais.

Isto para depois acrescentar, em relação ao Novo Banco, que “não acenará” a dizer que estamos interessados.

“Se e quando acontecer, vamos olhar com o rigor que suporta as nossas decisões — não é crescer por crescer — e analisaremos essa operação e diremos se fará sentido e por que valor faz sentido”, declarou Miguel Maya. “Mas é um assunto que não nos ocupa um segundo“, disse ainda.

O Novo Banco é detido a 75% pelos americanos do Lone Star e a 25% pelo Fundo de Resolução.

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“Proposta de dividendo vai ser muito conservadora”, diz CEO do BCP

BCP apresentou lucros de 302 milhões de euros, uma subida ligeira face a 2018. Maya anunciou que proposta de dividendo será "muito conservadora".

Miguel Maya, CEO do BCP, adiantou esta quinta-feira que vai apresentar ao conselho de administração do banco uma proposta para distribuição de lucros pelos acionistas “muito, muito conservadora”.

“Aprovámos os resultados e em momento oportuno apresentaremos a proposta para o dividendo. Será proposta de prudência. Será conservadora, muito conservadora, tendo em conta o contexto”, disse Miguel Maya durante a apresentação de resultados.

Maya sublinhou que o ambiente operacional dos bancos “está mais volátil e mais imprevisível”, fruto do ambiente de juros baixos do Banco Central Europeu (BCE) e da guerra comercial, entre outras razões.

“O nosso primeiro compromisso e a sustentabilidade do banco”, disse o CEO do BCP, que pretende uma “distribuição equilibrada” dos resultados entre os stakeholders.

“Quis sinalizar que é nossa intenção de propor dividendo, mas será proposta conservadora face ao contexto e desafio de contas”, referiu Miguel Maya

O BCP obteve lucros de 302 milhões de euros em 2019, o melhor resultado desde 2007. No ano passado, depois de ter registado um resultado de 301,1 milhões de euros, distribuiu um dividendo equivalente a 10% do lucro, a rondar os 30 milhões.

(Notícia atualizada às 18h33)

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BCP com lucros de 302 milhões. É o melhor resultado desde 2007

Banco liderado por Miguel Maya registou lucros de 302 milhões de euros em 2019, uma subida ligeira de 0,3% face ao ano anterior. São os melhores resultados em 12 anos.

O BCP registou lucros de 302 milhões de euros em 2019, o que corresponde a uma ligeira subida de 0,3% face a 2018. Foram os melhores resultados em 12 anos, com o banco liderado por Miguel Maya a surpreender os analistas que esperavam uma quebra dos lucros para 283 milhões.

Apesar da subida, os resultados do ano passado foram penalizados por custos não recorrentes no negócio polaco, onde o Bank Millennium (detido a 50,01% pelo BCP) fechou a aquisição de um banco e foi também obrigado a criar uma provisão extraordinária de 52 milhões de euros devido a eventuais perdas com disputas judiciais relacionadas com o caso dos créditos concedidos em francos suíços. Também a anulação de ativos por impostos diferidos pesou nas contas do ano passado.

Isso mesmo explicou Miguel Maya, CEO do banco, durante a apresentação de resultados. “2019 foi adverso para o setor financeiro. As razões são sobejamente conhecidas como as taxas de juro e as expectativas de taxas de juros que vão manter-se mais baixas durante mais tempo do que o esperado e a guerra comercial. Mas também houve fatores específicos do BCP“, disse.

Com o BCE a pressionar o negócio bancário, o BCP viu, ainda assim, a margem financeira (diferença entre juros cobrados e juros pagos) subir 8,8% para 1.548,5 milhões de euros, enquanto as comissões subiram quase 3% para 703 milhões de euros. Feitas as contas, o produto bancário aumentou 7% para 2.252,0 milhões de euros.

O banco fez-se valer do aumento dos volumes de negócio para contrariar a pressão da política monetária. Registou um aumento nos stocks de crédito e recursos de clientes, que ascenderam a 136,4 mil milhões de euros.

Do lado positivo, o BCP contou ainda com mais-valias superiores a 30 milhões de euros com a venda de dívida pública, que também ajudaram nos resultados.

Sem anúncio de dividendo

Durante a conferência de imprensa, Miguel Maya sublinhou os esforços para limpar o balanço, com o nível de ativos não produtivos a cair mais do que a meta estabelecida. “Aceleramos o programa de redução de NPE, entregamos mais do que o esperado, mas tem sempre um custo adicional”, frisou.

O rácio de NPE baixou 1.500 milhões de euros em todo o grupo BCP para 4.200 milhões de euros. O rácio do crédito malparado baixou dos 6,1% para 4,1%. “É uma trajetória francamente positiva”, notou o líder do BCP.

O banco destaca ainda os rácios de capital robustos face às exigências regulatórias, com o rácio total fixado nos 15,6% — 2,3 pontos percentuais face ao exigido.

Quanto aos custos operacionais, o BCP registou um aumento de 13,8% para 1.169 milhões de euros, em parte explicado com a integração do EuroBank no Millennium Bank.

Ao contrário do ano passado, o BCP não anunciou quanto é que vai pagar em dividendos aos acionistas. Em 2018, o payout foi de 10%, o que se traduziu em dividendos na casa dos 30 milhões de euros. O objetivo é atingir um payout de 40% em 2021.

(Notícia atualizada às 17h38)

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BPI/CaixaBank vê lucros do BCP a encolher. Corta preço-alvo

Lucros do BCP terão caído para 283 milhões de euros em 2019 devido a custos de reestruturação, encargos com litígios e menos DTA. BPI/CaixaBank reduz avaliação e recomendação para as ações.

O BPI/CaixaBank reduziu a avaliação para as ações do BCP, antes de o banco liderado por Miguel Maya apresentar os resultados anuais. Os lucros terão caído no ano passado para 283 milhões de euros.

Numa nota de investimento a que o ECO teve acesso, o BPI/CaixaBank baixou o preço alvo do BCP em 7%, dos 0,27 euros para os 0,25 euros, reduzindo a recomendação de “Comprar” para “Neutral”. Vê um potencial de valorização de 28% face à cotação de fecho da passada sexta-feira. As ações do BCP estão a cair 2,72% para 0,1895 euros no PSI-20.

A explicar o downgrade está a redução dos lucros por ação. O BCP vai anunciar os resultados de 2019 na quinta-feira da próxima semana. Depois dos lucros de 301 milhões em 2018, o banco deverá registar uma descida de 5,9% para 283 milhões no ano passado, segundo as estimativas do BPI/CaixaBank.

“Os resultados vão ser penalizados por itens específicos (custos de reestruturação, encargos com litígios e desreconhecimentos de DTA) e pela compressão da margem no trimestre“, explicam os analistas numa nota de research emitida esta segunda-feira.

Ponto positivo: os rácios de capital confortáveis o suficiente para fazer face a preocupações com a capacidade de o grupo reduzir os ativos não produtivos. “O BCP negoceia com um desconto entre 15% e 25% face ao setor europeu e aos pares espanhóis. Contudo, acreditamos que este desconto seja justificado devido às incertezas pendentes relacionadas com a litigância na Polónia em torno dos empréstimos em francos suíços, juntamente com o rácio de NPA [ativos não produtivos] mais elevado do que a média”, refere o BPI/CaixaBank.

O banco de investimento destaca os “desenvolvimentos positivos na qualidade dos ativos com os NPE [exposição não produtiva] (…) em baixa de 6%, permitindo ao BCP bater o guidance com uma redução de 25% para o conjunto do ano de 2019″.

Em relação ao caso dos empréstimos em moeda estrangeira na Polónia, o BPI/CaixaBank lembra que o Bank Millennium (controlado pelo BCP) já colocou de lado 52 milhões, embora tenha admitido perdas adicionais. “Num pior cenário, a conversão de todos os empréstimos FX do Bank Millennium poderá ter um impacto de 120 pontos base no rácio CET1 do BCP”, diz o BPI/CaixaBank.

BCP lidera quedas em Lisboa

Nota: A informação apresentada tem por base a nota emitida pelo banco de investimento, não constituindo uma qualquer recomendação por parte do ECO. Para efeitos de decisão de investimento, o leitor deve procurar junto do banco de investimento a nota na íntegra e consultar o seu intermediário financeiro.

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ActivoBank reforça capital para 101 milhões após nova injeção do BCP

Em pouco mais de um ano, o BCP aumentou o capital do ActivoBank em 80 milhões de euros. Reforços surgem numa altura em que Maya tem planos ambiciosos para o banco eletrónico.

O BCP voltou a injetar dinheiro no ActivoBank. O banco digital realizou, no início desta semana, um novo aumento de capital, no valor de 36,5 milhões de euros, que foi totalmente subscrito pelo seu acionista único: o banco liderado por Miguel Maya. Após a operação, o ActivoBank passou a apresentar um capital superior a 100 milhões de euros.

Esta injeção surge depois de o BCP ter procedido a um outro aumento de capital no banco eletrónico no valor de 47 milhões de euros em dezembro de 2018. Ou seja, em pouco mais de um ano, o ActivoBank recebeu do seu acionista mais de 80 milhões de euros, passando de um capital de 17,5 milhões de euros para um capital de 101 milhões de euros

Estas injeções visam dotar o ActivoBank de capacidade financeira para crescer, depois de um período marcado por alguma indefinição. Em 2014, o banco digital esteve perto de ser vendido, mas as negociações com o fundo Cabot Square acabaram por não chegar a um bom porto.

Questionado pelo ECO sobre esta operação, o BCP indicou que o aumento de capital “tem por objetivo apenas um reforço de capitais próprios ActivoBank”. Há um ano, aquando do anterior reforço, o banco explicava ao Jornal de Negócios que a operação visava “acompanhar o forte crescimento da atividade do ActivoBank, cumprindo com os rácios regulamentares”.

O BCP tem planos ambiciosos para o ActivoBank, nomeadamente em termos de aquisição de clientes do segmento mais jovem e abastado através do canal digital. O banco tinha mais de 230 mil clientes no final de 2018 e o objetivo é duplicar a base de clientes até 2021.

Por outro lado, Miguel Maya já abriu a porta à internacionalização do banco online, embora na última conferência de resultados tenha adiantado que não havia qualquer desenvolvimento relevante em relação ao tema. Ainda assim, o plano estratégico para 2021 prevê a hipótese de levar a plataforma digital para outros países “através de um modelo eficiente e de reduzido consumo de capital”.

Evolução do capital do ActivoBank

Fonte: ActivoBank

O ActivoBank é liderado por Ricardo Campos desde o ano passado, que assumiu o cargo após a saída de Dulce Mota para o Banco Montepio. Registou lucros de 6,3 milhões nos primeiros nove meses de 2019. O BCP apresenta contas anuais no próximo dia 20 de fevereiro.

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Bancos reclamam 18 milhões à Orey

Entre os mais de 350 credores no PER da Orey estão os principais bancos nacionais, que reclamam 18 milhões de euros. Total dos créditos reconhecidos ascende a mais de 58 milhões.

Orey tem dívidas ao Santander, Novo Banco, BCP e CGD.

Os principais bancos nacionais como o Novo Banco, a Caixa Geral de Depósitos (CGD), o BCP e o Santander estão entre os mais de 350 credores da Orey Antunes, reclamando 18 milhões de euros. A dívida reclamada pela banca representa 30% do total dos créditos reconhecidos: 58,2 milhões de euros. De fora ficaram créditos na ordem dos 7,5 milhões, que não foram reconhecidos pelo administrador judicial do processo de recuperação da sociedade.

A Orey Antunes avançou em dezembro com um pedido de Processo Especial de Revitalização (PER). Para assegurar a sua viabilidade, pede um perdão de dívida no valor de 50 milhões de euros, que abrange não só os bancos, mas também obrigacionistas e outras entidades. O credores tinham até ao final do ano passado para reclamarem os créditos.

Cerca de quatro semanas depois de terminado esse prazo, a lista provisória de credores da Orey deu agora entrada no tribunal de Lisboa. O Novo Banco surge como o maior credor. A instituição liderada por António Ramalho reclama créditos no valor de 8,1 milhões à empresa de transporte e logística. Grande parte desta exposição diz respeito a um empréstimo obrigacionista: 7,7 milhões. Outros 450 mil euros correspondem a créditos comuns.

A seguir surge a CGD. Ao banco público foi reconhecido um crédito de 4,7 milhões de euros. Em causa está um empréstimo no valor de 4,56 milhões, aos quais se somam 120 mil euros em juros e 3.000 euros em comissões. Foi reconhecido como sendo um crédito comum, isto apesar de o financiamento original estar garantido por ações do fundo OCP SICAR, através do qual a Orey Antunes controla os principais ativos na sua posse, nomeadamente os negócios de transporte e logística em Portugal e Espanha (empresa Horizon View) e Angola e Moçambique (empresa Lynx BV). A OCP SICAR controla ainda as chamadas “empresas técnicas” ASN e OIR.

Há cerca de um mês, a CGD disse ao ECO que “estava surpreendida com a entrada do PER” da Orey Antunes, isto apesar de ter chegado a tentar pedir a insolvência da empresa de Duarte d’Orey, como revelou o Jornal de Negócios.

Já o BCP reclama 3,3 milhões de euros à Orey, na sua maioria créditos comuns. Com exposições mais reduzidas estão o Santander Totta (1,34 milhões de euros), BBVA (338 mil euros) e Saxo Bank (153 mil euros).

Quanto é que os bancos pedem à Orey?

Fonte: Tribunal Comarca de Lisboa

Reconhecidos 58 milhões, 7,4 milhões de fora

De acordo com a lista provisória, foram reconhecidos créditos no valor de 58,2 milhões de euros, dos quais 30 milhões correspondem a um empréstimo obrigacionista subscrito por vários investidores, incluindo de sociedades da Orey. Por exemplo, há um crédito no valor de 4,1 milhões reconhecido à Orey Financial, que está em liquidação e já deixou de ter licença bancária.

Nos outros credores, onde estão os bancos e outras entidades como a Autoridade Tributária, a Segurança Social, escritórios de advogados e consultoras, fornecedores de bens e serviços como a EDP, foram reconhecidos créditos que rondam os 28 milhões de euros. Já os trabalhadores da empresa viram reconhecidos créditos no valor de cerca de 60 mil euros.

No total, foram reconhecidos créditos de 351 entidades.

Por outro lado, o administrador judicial não reconheceu créditos no valor de 7,4 milhões de euros, envolvendo mais de duas dezenas de investidores. Estes créditos dizem sobretudo respeito a um financiamento obrigacionista que tem como devedor originário uma sociedade de direito holandês chamada Araras Finance.

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CGD no centro do cartel da banca devido a e-mail com spreads da casa

  • ECO
  • 11 Janeiro 2020

Entre maio de 2002 e março de 2013, 14 bancos, trocando informação sensível entre si, concertaram “preços” dos produtos de crédito, num esquema anticoncorrencial que lesou famílias e empresas.

Um e-mail da Caixa Geral de Depósitos (CGD) contendo informação sensível sobre dados relativos a práticas comerciais no crédito à habitação é a prova mais antiga encontrada pela Autoridade da Concorrência no inquérito conhecido como o “cartel da banca” que condenou 14 bancos ao pagamento de uma coima global de 225 milhões de euros.

Segundo o jornal Expresso (acesso pago), o e-mail datado de maio de 2002 tinha uma folha de cálculo elaborada pelo banco público com dados e uma “análise detalhada” sobre as comissões praticadas pelos concorrentes sobre o crédito para a compra de casa. “Atento o grau de detalhe e precisão das informações relativas a comissões contidas no documento referido no parágrafo anterior, considera-se que o seu conteúdo não era público, era sensível e estratégico”, referiu a Autoridade da Concorrência no processo consultado pelo jornal.

Entre maio de 2002 e março de 2013, 14 bancos, trocando informação sensível entre si, concertaram “preços” dos produtos de crédito, num esquema anticoncorrencial que lesou famílias e empresas. A decisão foi tornada pública em setembro. CGD, BCP, Santander Totta, BPI e Banco Montepio foram os principais bancos visados pelo regulador da concorrência. Mas estão a contestar a coima em tribunal.

Além de e-mails, também há contactos telefónicos entre os elementos que suportam a investigação. O jornal dá conta de um e-mail de 2011 em que o Santander envia para nove bancos concorrentes “os valores exatos de spread que o Santander pretendia alterar no prazo de três dias”. Nesse mesmo ano há outro e-mail do BES para dez concorrentes com “novas grelhas de spreads de crédito à habitação” que iriam entrar em vigor em breve. Ainda em relação ao BES, há um outro e-mail de 2001 em que um trabalhador do banco informa outros bancos de que vai mudar de funções, mas que haverá um novo responsável “no que respeita a informações da concorrência”. Neste caso, o regulador não sabe a fonte da informação, razão pela qual este elemento não foi tido em conta.

As coimas variam entre 1.000 euros (Banif) e 82 milhões de euros (CGD), com a multa de oito milhões do Barclays a ser perdoada na totalidade porque o banco denunciou o esquema. O Montepio, que também aderiu ao regime de clemência, teve um corte de 50% da sua coima, sendo condenado a pagar 13 milhões. Já o EuroBic indicou que terá de ser o Estado a assumir a responsabilidade — tocou-lhe uma multa de 500 mil euros. A Autoridade da Concorrência discorda.

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Banco do BCP na Polónia quer eliminar até 260 postos de trabalho

  • ECO
  • 7 Janeiro 2020

Bank Millennium, o banco polaco do BCP, planeia cortar até 260 postos de trabalho no primeiro trimestre do ano, isto após a aquisição do Euro Bank.

O Bank Millennium, o banco polaco do BCP BCP 4,71% , quer eliminar até 260 postos de trabalho no primeiro trimestre do ano, segundo avançou o sindicato citado pela imprensa local.

A decisão de reduzir a força de trabalho surge depois da aquisição do Euro Bank ao Société Générale no ano passado por cerca de 430 milhões de euros e cujo processo de fusão com o Bank Millennium, detido a 50,1% pelo banco português, ficou concluído em outubro.

De acordo com fonte sindical, as saídas vão afetar vários grupos profissionais, com as rescisões a decorrerem entre 1 de fevereiro e 31 de março. O Bank Millennium tem cerca de 8.500 funcionários.

Para já, estão agendados vários encontros entre a instituição financeira e os sindicatos para os dias 10, 17 e 24 de janeiro.

O Bank Millennium registou lucros de 124,3 milhões de euros entre janeiro e setembro de 2019, devendo apresentar as contas anuais nas próximas semanas. A aquisição do Euro Bank teve um impacto de 28,9 milhões de euros,

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BCP assegura mínimos prudenciais exigidos para 2020

  • Lusa
  • 17 Dezembro 2019

O BCP diz que cumpre "confortavelmente os rácios mínimos exigidos" pelos reguladores para o início do próximo ano.

O BCP BCP 4,71% assegurou esta terça-feira que cumpria os mínimos prudenciais exigidos pelo Banco Central Europeu (BCE) para o próximo ano, revelou o banco em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.

A instituição bancária informou que recebeu a decisão do BCE sobre “os requisitos mínimos prudenciais que deverão ser respeitados em base consolidada a partir de 1 de janeiro de 2020, decisão que se baseia nos resultados do Supervisory Review and Evaluation Process (SREP)”.

Paralelamente, o Banco de Portugal informou o BCP acerca da “reserva de fundos próprios que lhe é exigida na qualidade de outra instituição de importância sistémica”, ou O-SII.

Estas decisões definem os rácios no que respeita aos requisitos mínimos de fundos próprios que deverão ser respeitados a partir de 01 de janeiro de 2020, “determinados em função do valor total dos ativos ponderados pelo risco (RWA)”, lê-se na mesma nota.

De acordo com o BCP, os ‘buffers’ (almofadas de capital) “incluem a reserva de conservação de fundos próprios (2,5%), a reserva contracíclica (0%) e a reserva para outras instituições de importância sistémica (O-SII: 0,563%)”.

Tendo em conta “o aumento da importância sistémica do BCP para o sistema financeiro português, o seu requisito futuro de reserva O-SII foi revisto de 0,75% para 1,00%, tendo-lhe sido concedido um ano adicional (1 de janeiro de 2022) para cumprimento do mesmo, conforme comunicado pelo Banco de Portugal no seu sítio da Internet”, adiantou o banco.

Assim, segundo a decisão do BCE no âmbito do SREP, “o requisito de Pilar 2 para o BCP em 2020 é de 2,25%, mantendo o mesmo valor de 2019. Tendo em conta os rácios observados em 30 de setembro de 2019, o BCP cumpre confortavelmente os rácios mínimos exigidos em matéria de CET1 (Common Equity Tier 1), Tier 1 e rácio total”, concluiu a instituição.

Os rácios de capital são indicadores de solvabilidade de um banco, sendo contabilizados em função dos ativos ponderados pelo risco.

O Common Equity Tier 1 é uma medida de avaliação da solvabilidade de um banco.

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Santander recua na comissão aos grandes clientes após contactar Banco de Portugal

Santander aguardava ok do supervisor para começar a cobrar pelos depósitos de clientes institucionais, mas voltou atrás. Banco de Portugal já respondeu ao pedido dos bancos. CGD cobra 0,4% aos bancos.

O Santander Totta estava à espera de autorização do Banco de Portugal para aplicar uma comissão nos depósitos de clientes institucionais para compensar os juros negativos do BCE, mas já recuou na iniciativa. “Não vamos aplicar comissões nos depósitos a instituições”, adiantou ao ECO fonte do banco liderado por Pedro Castro e Almeida.

Vários bancos, e a própria Associação Portuguesa de Bancos, questionaram nas últimas semanas o supervisor sobre o enquadramento legal no sentido de começar a cobrar pelos depósitos de clientes institucionais, independentemente da natureza privada ou pública do cliente. Seria uma forma de o setor evitar a pressão causada pela política monetária do Banco Central Europeu (BCE) e que tem atraído fluxos monetários de países onde os bancos podem aplicar taxas de juro negativas nos depósitos.

Enquanto os principais bancos em Portugal — impedidos de cobrar juros nos depósitos por lei — já lançaram comissões nas contas de instituições financeiras, como bancos, seguradoras ou fundos de pensões, por exemplo, também estava a ser equacionada a possibilidade de se cobrar pelos depósitos de outros grandes clientes como multinacionais e empresas do Estado. E isto deixando sempre de fora os depósitos de particulares e de PME.

O ECO sabe que o Banco de Portugal já deu resposta a alguns dos bancos que pediram uma interpretação da lei. Contactado, o regulador não respondeu às questões.

Uma das instituições que foi ter com o supervisor liderado por Carlos Costa foi o Santander Totta.

Na apresentação dos últimos resultados, o CEO Pedro Castro e Almeida disse que o banco pediu um parecer ao Banco de Portugal. “Não tínhamos de o fazer porque o entendimento da equipa legal é que podemos fazê-lo”, declarou Castro e Almeida na altura. “Aguardamos devida autorização para também o fazer”, referiu. Agora voltou atrás com a ideia.

"Não vamos aplicar comissões nos depósitos a instituições.”

Santander Totta

Fonte oficial

Caixa cobra 0,4% por excesso acima de 5 milhões

Nos outros bancos em Portugal, a “comissão BCE” já está em prática, mas em modelos diferentes caso a caso. Na Caixa Geral de Depósitos (CGD), o último preçário disponibilizado pelo banco público já inclui uma comissão de 0,4% em contas de outros bancos com saldo médio mensal superior a cinco milhões de euros. Com um pormenor: a comissão apenas é aplicável sobre o excedente do saldo médio mensal superior àquele montante.

Paulo Macedo afasta comissões nos depósitos dos outros clientes do banco público, mas já admitiu que “se houver uma situação de fluxo para a Caixa, de multinacionais que vem para CGD para fugir a outra comissão noutro banco“, a instituição também irá equacionar nesse caso.

No BCP já se cobra 0,4% pela contas em euros de entidades financeiras — bancos, companhias de seguras, fundos de pensões — desde outubro passado.

Quanto ao BPI, onde o CEO Pablo Forero anunciou que pretendia começar a aplicar comissões nos depósitos de empresas públicas e multinacionais, não só já se cobra uma comissão de 0,3% pelos depósitos de instituições financeiras como essa comissão vai agravar-se para 0,5% no início do próximo ano.

O banco dos espanhóis do CaixaBank disse ter conseguido reduzir o stock de depósitos destes clientes em quase 600 milhões de euros desde o início do ano, para 350 milhões de euros no final de setembro, com esta comissão. “Os depósitos das instituições financeiras estão a custar-nos dinheiro e a penalizar a nossa conta de resultados. (…) Se o saldo continuar a cair, é bem-vindo”, referiu o líder do BPI na altura.

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