Caixa tem liquidez e capacidade para apoiar investimento

  • Lusa
  • 26 Setembro 2017

Paulo Macedo, presidente da Caixa Geral de Depósitos, garantiu que o banco público tem liquidez e capacidade para ajudar as empresas e famílias a investirem em "negócios com rentabilidade"

Paulo Macedo diz que Caixa tem capacidade e liquidez para emprestar.Paula Nunes/ECO

O presidente da Comissão Executiva da Caixa Geral de Depósitos, Paulo Macedo, garantiu esta terça-feira, no Algarve, que a entidade bancária tem rácios, liquidez e capacidade para ajudar empresas e particulares a investirem em “oportunidades de negócio com rentabilidade”.

Na intervenção que realizou a encerrar o VII Encontro Fora da Caixa, promovido pela CGD em Faro, Paulo Macedo disse ser no Algarve que a entidade bancária “tem a sua maior quota de mercado” em todo o país e “trabalha com a generalidade das empresas, de uma forma mais sólida, mais robusta”.

O presidente da Comissão Executiva da CGD afirmou que é “no Algarve que a Caixa tenta trabalhar cada vez com maior número de empresas de excelências” e assegurou o que o banco “está disponível para fazer crédito às empresas e aos particulares”.

"A Caixa tem os rácios de capital, tem a liquidez necessária, tem as pessoas, as agências, tem o conhecimento do mercado e tem também uma coisa muito importante, que é a procura internacional.”

Paulo Macedo

Presidente da Caixa Geral de Depósitos

“A Caixa tem os rácios de capital, tem a liquidez necessária, tem as pessoas, as agências, tem o conhecimento do mercado e tem também uma coisa muito importante, que é a procura internacional”, acrescentou, frisando que o banco “tem nesta região do Algarve cerca de 15 mil milhões de linhas de crédito para renovar ou conceder” através de leasing, de médio e longo prazo ou outras modalidades.

Paulo Macedo disse haver claramente “uma vontade e um compromisso de crescer e apoiar esta procura” de oportunidades de investimento, mas considerou como “importante que o Estado faça o seu trabalho” e “continue a fazer as suas reformas, que o país precisa, na área da justiça, acelerando a resolução de conflitos, as insolvências, quando aplicável, que reduza o desbalanceamento que existe ao nível macroeconómico”.

“Mas é muito importante que a banca diga e continue a evidenciar uma elevada liquidez”, contrapôs, exemplificando com a evolução registada em Portugal, onde “há uns anos na banca havia rácios maus de crédito para depósitos de cerca de 160%” e “hoje existem rácios abaixo dos 100%”.

O presidente da Caixa disse que, em termos de saúde financeira, “a banca fez claramente um percurso de diminuição do seu endividamento e tem hoje um menor rácio, mais saudável e tem a liquidez necessária”, assim como a “capacidade para financiar bons projetos”.

Paulo Macedo disse que a Caixa se propõe a financiar “projetos de boa qualidade e projetos de bom risco” e que as empresas podem “tirar partido de taxas de juro historicamente baixas” e “de Portugal estar na moda” para “aproveitar as oportunidades de negócio que existem”, porque “há vários investidores sentados em cima de liquidez e à procura de oportunidades de negócio com rentabilidade”, considerou.

"A banca fez claramente um percurso de diminuição do seu endividamento e tem hoje um menor rácio, mais saudável e tem a liquidez necessária.”

Paulo Macedo

Presidente da Caixa Geral de Depósitos

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Cimpor sai de bolsa. Acionistas recebem 34 cêntimos por ação

Cimenteira detida pelos brasileiros oferece 34 cêntimos por cada ação da Cimpor, implicando uma "perda" de 5% face cotação de fecho desta terça-feira.

A Cimpor pediu para sair de bolsa e a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) aceitou o pedido da cimenteira nacional, que agora vai comprar as ações que ainda não detém por 0,34 euros nos próximos três meses.

“O Conselho de Administração da CMVM, na sequência do requerimento apresentado em 28 de junho de 2017 pela Cimpor, deliberou, em reunião realizada em 26 de setembro de 2017, deferir, com efeitos a esta data, o pedido de perda da qualidade de sociedade aberta da Cimpor“, informa o regulador do mercado de capitais em comunicado.

A Cimpor é detida em 94% pela construtora Camargo Corrêa. Os brasileiros obrigaram-se a adquirir as ações detidas pelos acionistas que não aprovaram a sua oferta para sair de bolsa. Oferecem 0,34 euros por cada ação, valor que fica disponível pelo prazo de três meses.

A ação da cimenteira fechou esta terça-feira a cotar-se nos 0,36 euros, pelo que a contrapartida da Cimpor tem um desconto implícito de 5%.

A decisão da CMVM sobre a perda de qualidade de sociedade aberta da Cimpor implica “a imediata exclusão da negociação em mercado regulamentado das ações da sociedade e dos valores mobiliários que dão direito à sua subscrição ou aquisição, ficando vedada a sua readmissão pelo prazo de um ano“.

A Cimpor apresentou um prejuízo de 200 milhões de euros no primeiro semestre do ano.

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EDP Renováveis tem novos administradores após saída de dois gestores

Houve duas renúncias na administração da EDP Renováveis: Miguel Dias Amaro e Gabriel Alonso. Mas o board da cotada liderada por Manso Neto já está novamente preenchido.

A EDP Renováveis EDPR 0,18% tem dois novos administradores na sequência da renúncia aos cargos no conselho de administração de Miguel Dias Amaro e de Gabriel Alonso, revelou a cotada liderada por Manso Neto.

Para preencher os lugares vagos, foram nomeados por cooptação para o board da EDP Renováveis Duarte Castro Bello (antigo diretor do Departamento de Análise de Negócios da EDP) e Miguel Balboa (até agora diretor do Departamento de Investimentos, Fusões e Aquisições na EDP Renováveis), segundo o comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Miguel Dias Amaro apresentou a sua renúncia ao cargo na administração da energia no seguimento das novas responsabilidades assumidas na EDP, explica a EDP Renováveis. Já Gabriel Alonso apresentou a demissão “por razões de ordem pessoal”, cessando “igualmente o seu cargo enquanto membro da comissão executiva” na empresa de energias limpas.

“A EDP Renováveis agradece a ambos, Miguel Dias Amaro e Gabriel Alonso, toda a dedicação e valiosos contributos prestados à sociedade”, diz a nota enviada ao mercado.

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Patrões aceitam estratégia do pós-2020, sindicatos preferem falar do presente

  • Lusa
  • 26 Setembro 2017

O Governo quer a participação dos parceiros sociais para preparar a negociação com Bruxelas dos fundos comunitários no pós-2020. Os patrões aceitam. Os sindicatos querem resolver os problemas atuais.

As confederações patronais anunciaram que subscrevem as prioridades do Governo para o próximo quadro comunitário de apoio, mas as centrais sindicais defenderam que, antes de falar do futuro, é preciso avaliar os problemas do presente.

As posições dos parceiros sociais foram conhecidas esta tarde, após uma audição da concertação social sobre os fundos comunitários pós 2020, onde estiveram presentes o primeiro-ministro, António Costa, e vários ministros.

À saída do encontro, o presidente da CIP – Confederação Empresarial de Portugal, António Saraiva, disse que “o documento de reflexão” apresentado pelo Governo aos parceiros sociais tem a concordância da associação que lidera.

“Subscrevemos o documento” e “apoiamos o Governo nesta sua determinação em exigir a Bruxelas a manutenção da política de coesão”, disse António Saraiva aos jornalistas.

Para a CIP, o próximo quadro comunitário deverá ser focado em três grandes áreas: a qualificação dos recursos humanos, a inovação do tecido empresarial e o investimento, acrescentou António Saraiva.

O presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), Vieira Lopes, disse não ter “discordâncias de fundo” e que aceita “globalmente” o documento do Governo para o Pós-2020, mas defendeu que há pontos que devem ser “aprofundados”.

“Pensamos que é em torno do ordenamento do território que deve ser reestruturada a política económica portuguesa”, afirmou Vieira Lopes.

Do lado das centrais sindicais, tanto a CGTP como a UGT, defenderam que, antes da discussão da estratégia para os fundos comunitários para depois de 2020, é preciso olhar para a atual década.

“A preparação do futuro começa com a resposta aos problemas do presente”, como “o desequilíbrio das relações laborais, a acentuação das desigualdades e o empobrecimento”, declarou o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos.

Para o líder da CGTP, a criação de emprego com qualidade devia ser a prioridade do futuro quadro comunitário, mas “surge neste projeto num quadro secundarizado”.

Também a presidente da UGT, Lucinda Dâmaso, defendeu que há ainda “muito trabalho a fazer” até 2020.

“É fundamental que haja um aumento dos salários, uma política fiscal mais justa” e que o salário mínimo seja aumentado, considerou a presidente da central sindical, acrescentando, por outro lado, que “é importantíssimo a UGT fazer parte” da discussão sobre o próximo quadro comunitário de apoio.

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Mota-Engil ganha obras de 500 milhões em África

  • ECO
  • 26 Setembro 2017

A construtora portuguesa conseguiu um contrato de 445 milhões em Moçambique. A este junta-se a assinatura de um outro no valor de 76 milhões de euros em Angola.

A Mota-Engil conseguiu duas obras no valor de mais de 500 milhões de euros em África. A maior “fatia” deste “bolo”, de 445 milhões, é referente a um projeto de execução de serviços mineiros em Moçambique.

Em comunicado enviado à CMVM, a empresa liderada por Gonçalo Moura Martins “informa sobre a adjudicação à Mota-Engil África de um contrato em Moçambique com um valor total de cerca de 445 milhões de dólares e a assinatura pela Mota-Engil Angola de um contrato, neste país, com um valor de 76 milhões de dólares”.

“O projeto em Moçambique, adjudicado pela Vale, inclui a execução de serviços mineiros que englobam a perfuração, fornecimento de explosivos, carga e transporte de estéril e carvão, no projeto mineiro de extração de carvão em Moatize, de que a adjudicadora é concessionária. A Vale é uma das maiores mineiras do mundo e a maior empresa privada da América Latina, com sede no Brasil com atuação nos cinco continentes”, nota.

A adjudicação pelo Governo da Província de Luanda, em Angola, corresponde “à terceira fase do projeto para a renovação das ruas de Luanda, incluindo a reparação de buracos, de passeios e lancis, a colocação de placas de sinais de trânsito e a limpeza de coletores, entre outros serviços e fornecimentos”, conclui a empresa.

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Com a compra da TVI pela Altice regressam as “ligações entre o poder económico, o político e o mediático”

  • Lusa
  • 26 Setembro 2017

Paulo Azevedo, líder da Sonae, foi ouvido na ERC sobre a compra da TVI pela Meo/Altice e alertou que este é um negócio que "não visa o interesse público".

O presidente da Sonae, Paulo Azevedo, alertou que a compra da Media Capital, dona da TVI, pela francesa Altice, dona da PT, não visa “o interesse público”, por juntar os maiores grupos de comunicação social e telecomunicações.

“Infelizmente [ao longo da carreira] tive muitas vezes de lutar contra teias tecidas por ligações entre o poder económico, o poder político e poder mediático que não visavam o interesse público e penso que esta operação configuraria uma situação que se prestaria muito a isso voltar a acontecer de uma forma bastante mais grave”, advertiu o gestor à saída de uma reunião na Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC).

E prosseguiu: “Estamos a falar em juntar a propriedade do maior grupo de comunicação social com o maior grupo de telecomunicações e hoje os grupos de telecomunicações são o canal que está entre os consumidores e a comunicação social”.

Para Paulo Azevedo, se há vinte anos “isso não seria praticamente um problema” hoje 100% passa através desses operadores e este operador em concreto [a PT] tem a exclusividade de cerca de quase metade dos portugueses e cada português tem só uma box e um acesso à Internet.

A Sonae detém a Sonaecom que, por sua vez, detém uma participação indireta na Nos, através dos 50% que tem na Zopt, que é detentora de 52,15% da operadora Nos.

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Governo quer parceiros sociais nas negociações dos fundos comunitários

  • Lusa
  • 26 Setembro 2017

O ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, diz que é "importante aproximar o Governo e os parceiros sociais no quadro da estratégia e na participação nas negociações".

O Governo anunciou a constituição de um grupo de trabalho, com a participação dos parceiros sociais, para preparar a negociação com Bruxelas dos fundos comunitários da próxima década a partir de uma estratégia nacional.

Este grupo de trabalho, ainda de caráter informal, foi anunciado pelo ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, no final de duas horas de reunião da Comissão Permanente da Concertação Social, que teve a presença do primeiro-ministro, António Costa.

“Resultou desta reunião a determinação no sentido de ser criado um grupo de trabalho entre o Governo e os parceiros sociais para suportar a próxima negociação [dos fundos estruturais pós 2020] nas várias instâncias comunitárias”, disse Pedro Marques.

Num processo que é longo, que durará seguramente todo o ano de 2018 e entrará por meados de 2019, é importante aproximar o Governo e os parceiros sociais no quadro da estratégia e na participação nas negociações“, acrescentou o ministro do Planeamento e das Infraestruturas.

Perante os jornalistas, Pedro Marques acentuou que os fundos europeus, em conjugação com a orientação a definir para a economia portuguesa na próxima década, são fatores “críticos” para existir uma linha de sustentabilidade em termos de convergência com a União Europeia.

“Neste momento, o essencial é passar-se de reuniões como esta, do plenário da Comissão Permanente da Concertação Social, para espaços em que seja possível articular posições em termos estratégicos para as economias portuguesa e europeia”, disse.

No fundo, de acordo com o membro do executivo, trata-se de atingir “uma forma de compreensão plena em relação ao modo como Governo e parceiros sociais podem agir nos seus espaços negociais ao nível das instâncias europeias em que cada um se integra”.

“Como disse o primeiro-ministro, caso se articulem mais as nossas posições, então será mais fácil e possível que uma ação concertada das instâncias governamentais e das económico-sociais garanta que uma determinada elegibilidade seja consagrada nas próximas negociações”, justificou.

As negociações com Bruxelas, de acordo com Pedro Marques, vão avançar de forma muito significativa ao longo de 2018.

Face a este calendário, para já, a preocupação do Governo “é detalhar” o trabalho no que respeita à definição de objetivos estratégicos de Portugal face às próximas negociações de fundos estruturais.

Interrogado sobre a questão dos investimentos públicos a realizar por Portugal na próxima década, o titular das pastas do Planeamento e das Infraestruturas não entrou em detalhes.

“Nesta reunião foi discutida a forma como o investimento público pode suportar a competitividade futura da economia portuguesa. Pela parte do Governo, ao longo dos próximos meses, promoverá uma discussão aberta, tendo também como base audições especializadas, para recolher propostas e sugestões” em matéria de plano de investimentos considerados prioritários, frisou Pedro Marques.

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Isabel dos Santos: Tomada de posse de João Lourenço marca “transição pacífica”

  • Lusa
  • 26 Setembro 2017

Isabel dos Santos, filha do agora ex-Presidente de Angola, fala num "misto de sentimentos" na tomada de posse mas reitera a felicidade da família dos Santos em ver uma transição pacífica.

A empresária Isabel dos Santos, filha do agora ex-Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, considerou a tomada de posse do novo chefe de Estado, João Lourenço, como “um momento muito especial” que mostra “uma transição pacífica”.

Em declarações à imprensa no final da cerimónia de investidura do novo Presidente de Angola, a também presidente do conselho de administração da petrolífera estatal angolana, Sonangol, classificou o dia como um misto de sentimentos. “É um sentimento muito misto, porque é um momento muito especial, porque é um momento muito feliz sobretudo, isto é a primeira coisa que tem que se dizer. Nós estamos muito felizes, como família, de ver uma transição pacífica”, disse.

A participação de vários convidados internacionais na cerimónia desta terça-feira, a realização de um processo eleitoral, “que esteve à altura das expectativas de todos os angolanos”, e o exemplo que Angola representa para África são motivos de satisfação para a família presidencial, considerou Isabel dos Santos.

“Conversei com alguns presidentes africanos presentes na cerimónia desta terça-feira e todos disseram que realmente Angola inspira e que Angola é um exemplo de África, e que é um exemplo para o mundo, que em África é possível termos transições, nós mudarmos de Presidente, fazermos eleições e termos esses processos de forma tranquila, pacífica, como nos outros países do mundo”, afirmou a empresária.

Instada a comentar os receios de uma boa coabitação entre o novo Presidente da República e o ex-Presidente, Isabel dos Santos minimizou eventuais temores, porque “é assim que são as democracias”. “Talvez para quem o processo seja novo e não esteja habituado tenha algum receio e alguma ansiedade, mas faz parte a tomada de posse de novos Presidentes, com certeza esta não será a última tomada de posse em Angola, daqui a muitos anos isso já será um processo completamente normal”, frisou.

Isabel dos Santos acrescentou que vê com “muitos bons olhos, com confiança”, o futuro de Angola, “com tudo para dar certo”. “Temos muitos desafios, passamos um momento muito difícil economicamente, temos que, nós próprios, começar a pensar nas soluções, como é que nós também podemos ajudar a resolver o país, não contar que é só o chefe que resolve, mas cada um de nós também tem que resolver, mas eu vejo o futuro com muita confiança”, salientou.

Eu vejo o futuro com muita confiança

Isabel dos Santos

Relativamente ao discurso de tomada de posse do novo Presidente de Angola, Isabel dos Santos disse ter tocado “nos pontos todos fundamentais”, nomeadamente no emprego, no papel da juventude, dos professores, por isso em todos os setores importantes da sociedade. “Acho que é um discurso que permite já antever quais é que serão as prioridades do próximo Governo e onde é que vão realmente ser consagrados os maiores esforços“, referiu.

Isabel dos Santos lidera desde junho de 2016 a Sonangol, em processo de reestruturação, tendo assumido que leva “muito a peito” este compromisso. Recordou que assumiu o cargo de presidente da petrolífera “num período muito difícil, muito crítico”, com o preço do petróleo a 29 dólares no mercado internacional. “A empresa estava com os cofres vazios, tínhamos muitas dificuldades e este ano tem sido um ano no fundo de gerir essas dificuldades e conseguirmos passo a passo sobreviver às dificuldades e devagarinho começar a pensar no futuro“, observou.

Admite que ainda é cedo para se “pensar num futuro brilhante”, salientando que continua a decorrer o trabalho para se atingir a estabilidade da empresa e fazer com que as suas necessidades sejam cumpridas. “Temos reduzido custos, temos instaurado um clima de mérito, as pessoas que merecem estão nos bons lugares, elas é que terão os cargos, tentamos mudar alguns critérios de trabalho, dar prioridade realmente ao que é importante. Quando se tem poucos recursos, quando não há muito dinheiro, é importante fazer o melhor possível com o pouco que se tem e é essa a filosofia que se tem estado a aplicar na empresa”, salientou.

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Famalicão: Exportações são motor do concelho e dominam campanha

Algumas das mais importantes indústrias e empresas nacionais estão sediadas em Famalicão e fazem do concelho o terceiro maior exportador nacional. O ECO foi tentar perceber o que é que Famalicão tem.

A história remonta a 1938 e envolve condes e cardeais e uma região particularmente pobre, Lousado, no concelho de Famalicão. O Cardeal Cerejeira, natural da região, resolve pedir ao amigo abonado, Júlio de Quental Calheiros, conde da Covilhã, para “investir” na freguesia algo que fosse criador de emprego. O conde da Covilhã, que no entretanto casara com Maria Borges, descendente da família Borges e dona do Banco Borges & Irmão, tinha grandes amizades com a empresa americana General Tire.

Está dado o mote para a criação da Mabor, uma fábrica de pneus, uma indústria que não existia em Portugal e que viria a inaugurar em abril de 1946. Os americanos ficam detentores de 14% do capital e forneciam a tecnologia e maquinaria necessárias. Anos mais tarde, a gigante alemã Continental compra os americanos e descobre, por acaso, que detém 14% de uma pequena fábrica em Famalicão. É o primeiro passo de um investimento que é conhecido. A Continental Mabor fatura 830 milhões de euros e assume-se como principal motor da economia de Famalicão. Num concelho onde a indústria automóvel começa também ela a despontar.

Mas o sucesso do terceiro concelho mais exportador do país, atrás de Lisboa e de Palmela, e o segundo com melhor excedente comercial — com um volume de exportações que ronda os 1,9 mil milhões de euros, e uma saldo líquido da balança comercial de 901 milhões de euros, segundo dados do INE referentes a 2016 — não se pode dissociar do espírito empreendedor das gentes da região. Vila Nova de Famalicão alberga mais de 12 mil empresas, responsáveis por um volume de negócios de 4,3 mil milhões de euros, de múltiplos setores de atividade, e tem algumas das principais empresas, quer seja do setor têxtil, metalomecânica ou agroalimentar.

Ainda ao nível das exportações, os dados mais recentes do INE, referentes ao período entre janeiro e julho, apontam para valores do comércio internacional de 1,18 mil milhões de euros, um aumento de 1,84% ou 21 milhões de euros face ao período homólogo de 2016.

No têxtil, um dos setores mais importantes do concelho, responsável por 805 milhões de euros de volume de negócios, e algumas das maiores e mais tradicionais empresas do setor, Famalicão dá cartas. Repartido por um raio de 60 quilómetros, estão as grandes marcas, as grandes produtoras e as infraestruturas tecnológicas e de produção. Famílias tradicionais, como os Gonçalves, da Têxtil Manuel Gonçalves, ou os Oliveiras da Riopele devem ter aqui uma quota-parte de responsabilidade.

José Alexandre Oliveira, presidente da Riopele, empresa quase a celebrar 90 anos, explica ao ECO as origens de uma das maiores têxteis nacionais. “A Riopele foi fundada pelo meu avô, e numa altura em que o concelho não era ainda muito industrializado fomos um importante empregador na região”.

A Riopele, cujo volume de faturação atingiu, em 2016, 71 milhões de euros, emprega hoje 1.100 pessoas, mas, em 1979, chegou a ter quatro mil trabalhadores. “Quando cá cheguei em 1979, tínhamos quatro mil trabalhadores. Tínhamos e continuamos a ter uma grande responsabilidade social. A Riopele era uma grande empregadora da região”, afirma o presidente da têxtil.

Com todo o respeito pelas outras atividades, o têxtil deve ter sido das primeira indústrias deste concelho, aliás muitas das empresas que hoje existem no setor nasceram dentro das grandes empresas do setor.

José Alexandre Oliveira

Presidente da Riopele

Como homem do têxtil que é, José Alexandre Oliveira enaltece a sua “dama”. “Com todo o respeito pelas outras atividades, o têxtil deve ter sido das primeira industrias deste concelho, aliás muitas das empresas que hoje existem no setor nasceram dentro das grandes empresas do setor”.

Sobre o concelho, José Alexandre Oliveira, diz: “Desde que estou na empresa, o poder local tem ao longo de todos estes anos mostrado vontade de colaborar na expansão de Famalicão, e isso não é trabalho de um só presidente. Temos sabido atrair investimento estrangeiro e isso é mérito dos presidentes que nos últimos anos estiveram à frente da Câmara, e que fizeram quase todos dois mandatos”.

O espírito empreendedor a despontar entre os familicenses, e sobretudo a afirmar-se pela transversalidade a todos os setores.

D. Olívia Ramos Norte que o diga. Com sete filhos e o marido emigrado, D. Olívia olhou para o porco que costumava salgar para ter carne para sustento dos filhos com outros olhos. Em vez de salgar o porco, pegou numa cesta e foi de porta a porta vender a carne de porco. A necessidade faz o engenho, já diz o ditado. Quando regressou a casa, a D. Olívia tinha dinheiro para… dois porcos. Estavam dados os primeiros passos para um novo negócio e uma nova indústria. Ciente de que era preciso crescer, D. Olívia mete-se a caminho do Porto, numa carroça, para ir a feiras e mercados divulgar o seu produto. Um dos filhos, que entretanto trabalhava noutra área para ajudar nas contas da família, começa a fazer contas à vida e resolve seguir as pisadas da mãe. Estava assim criada a Primor, uma empresa que hoje fatura 164 milhões de euros e é umas das mais importantes dentro do setor do agroalimentar.

“A minha avó descobriu o filão e soube explorá-lo. O meu pai entretanto pensou em criar uma rede de talhos para expandir o negócio. Depois do sucesso dessa rede de talhos, resolveu tomar uma posição e desligou-se da empresa da mãe e criou a Primor”, explica Pedro Pinto, presidente executivo da Primor.

A minha avó descobriu o filão e soube explorá-lo. O meu pai, entretanto, pensou em criar uma rede de talhos para expandir o negócio. -Depois do sucesso dessa rede de talhos, resolveu tomar uma posição e desligou-se da empresa da mãe e criou a Primor.

Pedro Pinto

Presidente executivo da Primor

O setor que em Famalicão fatura 361 milhões de euros, repartidos por 165 empresas, e emprega 2.777 pessoas, segundo dados do INE referentes a 2014, está a assumir uma importância relevante dentro da cidade, que a autarquia se viu na “obrigação” de definir como prioridade do plano estratégico 2014-2025 a criação de um centro de competências do agroalimentar, para o setor da carnes, para permitir o desenvolvimento de áreas como a transformação de carnes verdes e pré-cozinhados.

Outro dos cluster que se tem vindo a impor-se é o metalúrgico. A indústria metalúrgica, a mais forte a nível nacional em termos de exportações, tem também aqui no concelho um peso significativo. Empresas com tecnologia de vanguarda e de reconhecida reputação mundial produzindo produtos inovadores têm-se vindo a afirmar. É o caso da AMOB, líder mundial no fabrico de equipamentos para a indústria metalomecânica e que produz para as maiores empresas do setor automóvel, energia, indústria naval entre outras.

No total, o setor da metalomecânica no concelho é responsável por um volume de faturação de 216 milhões de euros, 65 empresas e mais de 2300 pessoas.

Investimento estrangeiro, sobretudo alemão…

A região, seja por motivos mais ou menos históricos e casuísticos como é o caso da Continental, seja pelas características próprias soube juntamente com este espírito empreendedor, conquistar e atrair investimento estrangeiro. A somar à Continental, outra empresa de capital alemão tem captado as atenções em Famalicão. Foi ainda antes do 25 de abril, que a Leica, uma espécie de ‘Rolls Royce’ dentro do mundo da fotografia se instalou em Portugal. Famalicão captou a atenção dos alemães devido à experiência na indústria relojoeira, nomeadamente com a Boa Reguladora, uma empresa fundada em 1892, a mais antiga da Península Ibérica.

“A vinda da Leica para Famalicão teve muito a ver com a oferta da região, nomeadamente na mecânica fina, como a relojoaria e também com a abundância de mão-de-obra especializada, trabalho manual devido ao têxtil”, diz Paulo Maravalhas, diretor de Recursos Humanos da Leica.

A vinda da Leica para Famalicão teve muito a ver com a oferta da região, nomeadamente na mecânica fina, como a relojoaria e também com a abundância de mão-de-obra especializada, trabalho manual devido ao têxtil.

Paulo Maravalhas

Diretor de Recursos Humanos da Leica

A Leica tem ao longo da sua história em Portugal estabelecido uma grande proximidade com a Universidade do Minho, para identificar potencial humano e estabelecer também parcerias ao nível de investigação e desenvolvimento (I&D).

Mas o que é que Famalicão tem?

Com 133 mil habitantes (segundo dados do INE, referentes a 2015) e uma área de 202 quilómetros quadrados Famalicão deve à sua localização estratégica, eventualmente, muito do seu sucesso industrial. A cidade está próxima de outras importantes cidades do Norte de Portugal, como sejam desde logo o Porto e Braga, mas também de Guimarães, Barcelos ou Santo Tirso, sem esquecer, a Galiza. O que implica um mercado (euro-região Galiza e Norte de Portugal) de 6,5 milhões de habitantes.

Mas Famalicão beneficia ainda de uma completa rede de infraestruturas de transporte e comunicações (aeroporto Sá Carneiro, Porto de Leixões, autoestradas). Ao nível das autoestradas, Famalicão é servido pela A3 (Porto- Valença), A7 (Guimarães-Póvoa do Varzim), já ao nível ferroviário existem ligações diretas a Braga, Guimarães, Porto, Vigo, Coimbra, Lisboa e Algarve.

A par das acessibilidades, o concelho conta com a Universidade Lusíada, o CESPU – Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário e ainda com o Centro Tecnológico da Indústria Têxtil e do Vestuário (CITEVE), uma referência a nível nacional e internacional dentro do setor e ainda com o CENTI (Centro de Nanotecnologia, materiais técnicos, funcionais e inteligentes) cujo objetivo é a investigação e o desenvolvimento de novos produtos de elevado valor acrescentado para a indústria têxtil e do vestuário.

Ainda a nível de instituições, destacar o Famalicão Made In, uma iniciativa da Câmara Municipal que arrancou em 2014 e que visa a atração de investimento, o apoio à criação de novas empresas e a promoção do tecido empresarial. O Famalicão Made In tem associada uma incubadora de empresas, que nos últimos dois anos, apoiou a criação de 87 empresas, 65 dos quais novos negócios e 22 empresas que se deslocaram para o concelho, num investimento global de 113,7 milhões de euros.

Propostas eleitorais

Em época de eleições — as autárquicas realizam-se no próximo domingo — as promessas são a tónica dominante das campanhas. Em Famalicão a tradição ainda é que o era nesta matéria. Paulo Cunha, atual presidente da Câmara e candidato pela coligação “Mais Ação. Mais Famalicão” suportado pelo PSD e CDS-PP, que luta pelo seu segundo mandato, tem como desafio para a área económica criar “mais e melhor emprego“. Para isso o candidato promete criar um pelouro da economia, empreendedorismo e inovação. A taxa de desemprego, segundo dados do INE referentes ao fim de 2016, era de 8,52%. Como o desemprego tem vindo a cair, a exemplo do que acontece no resto do país, o atual presidente põe a tónica do discurso “na qualificação dos recursos humanos, de empresas mais eficientes, em virtude de um tecido empresarial coeso e comprometido e servido por infraestruturas públicas mais capazes”.

E a oposição o que diz sobre esta matéria? O candidato pelo PS, por exemplo, defende a criação do “Espaço Interact Famalicão Inova como fórum permanente de inovação e desenvolvimento económico com empresários, trabalhadores, instituições de ensino, centro de emprego e centros tecnológicos de investigação, fazendo acompanhamento e diálogo permanentes, nomeadamente para monitorizar oportunidades de investimento e necessidades de mão-de-obra qualificada“. Nuno Sá defende ainda uma maior proximidade e “interligação entre o meio escolar de nível técnico-profissional e superior, as instituições e as empresas familicenses”, bem como “apoios municipais à instalação de empresas condicionados à qualidade do emprego”.

Já o Bloco de Esquerda, cujo candidato é José Luís Araújo, põe a tónica no trabalho, pelo que defende a “atração de investimentos que permitam criar emprego com direitos, combater o desemprego e a precariedade protegendo todos os que nada têm, além da sua força de trabalho”.

Ainda a nível económico, Paulo Cunha quer manter o Famalicão Made IN como “imagem da marca da autarquia, evoluindo contudo para novos desafios, particularmente ao nível da inovação, investigação e desenvolvimento (I&D) e da internacionalização do concelho e das suas empresas, através da promoção e participação em redes e eventos de cooperação institucional e empresarial internacionais, de modo a valorizar a imagem do concelho e elevar os índices de exportação das PME”.

O candidato do PS, ainda no âmbito da economia defende a elaboração de um plano estratégico de desenvolvimento industrial — Famalicão Líder, e o desenvolvimento de ações de diplomacia económica para atração de investimento português e estrangeiro e de potencial humano de conhecimento e inovação.

Nuno Sá diz ainda que, caso vença as eleições, irá devolver 2% do IRS aos familicenses, reduzir a derrama e a taxa de IMI.

O candidato do Bloco de Esquerda frisa que muitas das promessas do atual presidente da Câmara ficaram por cumprir e, entre outras medidas, propõe-se “divulgar produtos originários do concelho, em condições de afirmação nos mercados externos”, assim como “incentivar as associações empresariais e os centros tecnológicos e de formação locais e promover a cooperação entre eles tendo em vista o reforço da capacidade técnica, de serviços e de investigação aplicada e qualificação de recursos humanos”.

O ECO pediu também ao candidato à Câmara pela CDU, Domingos Costa as suas propostas económicas para o concelho, mas até à publicação deste artigo não obteve qualquer resposta.

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Fed poderá ter de acelerar subida dos juros, diz Yellen

Folga no mercado laboral poderá obrigar a Reserva Federal a acelerar a subida dos juros, não sendo propriamente preciso atingir a meta de 2% da taxa de inflação.

A líder da Reserva Federal norte-americana, Janet Yellen, diz que não é propriamente preciso atingir a meta de 2% de inflação para que sejam realizadas novas mexidas nos juros, deixando em cima da mesa um cenário em que a entidade poderá ter de acelerar a subida das taxas.

Num discurso intitulado “Inflação, Incerteza e Política Monetária”, inserido no encontro anual da National Association for Business Economics, a chefe da Fed explicou que o comité poderá ter errado nas perspetivas que tinha acerca da inflação. No entanto, tendo em conta que continua a ser gerado emprego a uma velocidade superior à procura, será necessário continuar a subir as taxas de juro para evitar que o mercado laboral sobreaqueça e obrigue a uma subida demasiado acentuada.

Janet Yellen reconheceu que a Fed poderá ter avaliado mal as forças por detrás da inflação e, por isso, é preciso estar a postos para alterar políticas em conformidade. “Temos de nos manter alerta e preparados para modificar as nossas perspetivas com base no que formos descobrindo”, apontou. Pressões em baixa sob a inflação “poderão mostrar-se surpreendentemente persistentes” e as perspetivas sobre a economia estão sujeitas a uma “incerteza considerável”, referiu Yellen.

O comité acredita que o nível da inflação vá estabilizar nos 2% ao longo dos próximos anos. No entanto, Yellen deixou um alerta: existe uma “probabilidade considerável” de o cenário ser “notoriamente diferente”. “[Estabilizar a inflação nos 2%] poderá ser mais difícil do que o esperado”, sublinhou a líder da Reserva Federal.

E porquê esse cenário de incerteza? Yellen aponta quatro grandes fatores: o comércio online, o aumento da concorrência e da integração da China, o crescimento sustentado em cuidados de saúde e a continuidade da folga no mercado laboral — esta última variável significa que a economia poderá suportar uma nível de desemprego mais alto do que o antecipado até agora.

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Transportes, livros de atividades e a “guerra” de géneros nas redes

  • Rita Frade
  • 26 Setembro 2017

Homens e mulheres têm sido alvo de discussão durante a semana. Ora por causa dos transportes públicos, ora por causa dos livros de atividades. Será que os direitos do Homem estão em causa?

A semana tem sido marcada por várias polémicas que, embora relativamente diferentes, andam em torno da mesma questão: homens vs. mulheres ou rapazes vs. raparigas.

A primeira surge à volta de uma das propostas de Joana Amaral Dias. A candidata do partido Nós, Cidadãos! à Câmara de Lisboa defende a existência de um espaço exclusivo para mulheres nos transportes públicos, como forma de prevenir o assédio sexual. Ora, a partir do momento em que esta proposta se tornou pública, todo um “buzz” se gerou nas redes sociais: uns a favor, outros contra.

A segunda polémica está relacionada com os livros de atividades para meninos e para meninas que a Porto Editora tinha suspenso no mês passado (por terem cores e exercícios diferentes de acordo com o género) e que agora decidiu colocar novamente à venda.

De acordo com a editora comprovou-se “a não existência de qualquer discriminação”. E, obviamente, não foi preciso muito para que uma nova onda de indignação se gerasse:

No fundo o que está aqui em causa são dois dos direitos fundamentais do Homem: liberdade e igualdade. Liberdade de escolha e igualdade de género. Será que é mesmo preciso criar uma espécie de “apartheid” entre homens e mulheres? Será que estamos perante uma nova guerra de géneros?

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Sindicato dos tripulantes de cabine admite ações judiciais contra a Ryanair

  • Lusa
  • 26 Setembro 2017

Tripulantes queixam-se da "forma abusiva e intimidadora como a empresa trata os seus trabalhadores".

O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) afirmou, esta terça-feira, que serão tomadas ações judiciais contra a Ryanair, no âmbito dos conflitos laborais na companhia aérea de baixo custo.

Em resposta a questões da agência Lusa, a direção do SNPVAC informou estar a reunir informação sobre os contratos da Ryanair para “agir de forma esclarecedora aos tripulantes, que neste momento já estão sindicalizados” e para outros trabalhadores que entrem em contacto.

As ações junto dos quatro sindicalizados da Ryanair não podem ser divulgadas, por os trabalhadores terem pedido anonimato, uma vez que “existe um normativo que proíbe os trabalhadores de serem sindicalizados, caso o façam e sejam descobertos são imediatamente despedidos”.

“Existem ações que serão tomadas junto dos organismos judiciais portugueses, tendo em vista o estrito cumprimento da legislação portuguesa”, acrescentou a direção.

O sindicato referiu ainda que vários tripulantes têm entrado em contacto “após a revolta que está a existir no seio da Ryanair contra a falta de condições laborais” e a decisão do Tribunal Europeu, de 14 de setembro, de impedir a companhia de recorrer apenas a tribunais irlandeses para questões de qualquer país onde opera.

A SNPVAC informou que um tripulante português da Ryanair, baseado em Itália, fez uma denúncia formal sobre a “forma abusiva e intimidadora como a empresa trata os seus trabalhadores”.

“Desde ameaças de despedimento a quem se quer sindicalizar, tal como referido supra, aproveitamento de situações precárias para penalizar quem falta por doença, não cumprimento das obrigações legais em caso de acidente de trabalho, pressão constante para quem não atinge os objetivos de vendas a bordo, a obrigação de o tripulante pagar pelo seu fardamento, cartão de acesso ao aeroporto e até comida a bordo mesmo em casos de atrasos prolongados”, enumerou o sindicato.

O SNPVAC notou que a empresa perde anualmente profissionais para outras empresas, devido às condições laborais, “aliadas a um ambiente de trabalho de constante pressão e medo de represálias”.

“O problema da atual falta de tripulações deve-se também ao facto de a Ryanair sentir agora muita dificuldade de recrutar novos tripulantes, pois obriga-os a pagar cerca de 2.500 euros pela sua formação, sem garantia de acesso à profissão, o que também coloca um desgaste enorme a quem está a garantir a operação”, concluiu o sindicato.

Na segunda-feira, a Ryanair anunciou ter processado já 305 mil remarcações de voos ou reembolsos, até ao passado domingo, o que abrange 97% dos clientes afetados cancelamento de 2.100, dos seus 103 mil voos programados para setembro e outubro.

Em comunicado, a Ryanair especifica que os restantes 3% de clientes afetados, num total inferior a 10 mil clientes, ainda não terão entrado em contacto com a companhia.

As justificações da empresa para os cancelamentos relacionam-se com erros na marcação de férias de pilotos, que, por seu lado têm multiplicado queixas devido às condições de trabalho.

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