China investiga ‘dumping’ em importações da UE, Japão, Coreia do Sul e Indonésia

  • Lusa
  • 23 Julho 2018

A investigação começará esta segunda-feira e terminará dentro de um ano. Em causa estão os produtos testados são utilizados como matéria-prima para o aço inoxidável laminado a frio ou produto final.

A China vai investigar as importações de produtos de aço inoxidável da União Europeia (UE), Japão, Coreia do Sul e Indonésia para determinar se estes estão a ser vendidos no país abaixo do preço de mercado, anunciou esta segunda-feira o Ministério do Comércio.

A decisão foi tomada depois da empresa Shanxi Taigang Stainless Steel – apoiada por outras quatro empresas do setor – ter solicitado às autoridades chinesas que iniciassem uma investigação sobre práticas de ‘dumping’ na venda de tarugos de aço inoxidável e placas de aço inoxidável laminado a quente importados desses países.

A investigação começará esta segunda-feira e terminará dentro de um ano, a 23 de julho de 2019, embora o ministério tenha indicado na sua página na Internet que o prazo pode ser prorrogado por mais um ano, até 23 de julho de 2020, caso se verifiquem “circunstâncias excecionais”.

As autoridades vão analisar se o ‘dumping’ ocorreu entre 1 de janeiro e 31 de dezembro de 2017 e, ao mesmo tempo, os danos que ocorreram na indústria entre 1 de janeiro de 2014 e 31 de março de 2018.

Os produtos testados são utilizados como matéria-prima para o aço inoxidável laminado a frio ou para a venda direta como um produto acabado para a construção de barcos, contentores, empresas ferroviárias e de energia e indústrias petroquímicas, entre outros.

Em 2017, a China importou 703 mil toneladas desses produtos de aço inoxidável, um aumento de 200% em relação ao ano anterior. A quase totalidade desses produtos, 98%, vieram da UE, Japão, Coreia do Sul e Indonésia.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Trump avisa o Irão para nunca ameaçar os EUA, ou sofrerá as consequências

  • ECO e Lusa
  • 23 Julho 2018

Washington quer que todos os países reduzam as suas importações de petróleo iraniano "perto de zero" até 4 de novembro, caso contrário enfrentarão sanções dos EUA.

O Presidente norte-americano avisou o seu homólogo iraniano para não ameaçar os Estados unidos. Caso contrário deverá enfrentar as consequências. A ameaça de Donald Trump surgiu horas depois de Hassan Rouhani ter dito que as políticas hostis dos EUA contra o Irão poderão levar à “mãe de todas as guerras”.

Numa mensagem no Twitter na noite de domingo, Trump dirigindo-se diretamente a Rouhani escreveu: “nunca, mas nunca ameace os EUA outra vez ou sofrerá as consequências”.

A escalada da retórica surge depois de a Administração Trump ter lançado uma ofensiva de discursos e comunicação com o objetivo de fomentar a instabilidade e ajudar a pressionar o Irão a pôr fim ao seu programa nuclear e apoio a grupos militantes, dizem fontes conhecedoras do processo.

E é nesta lógica que se insere o alerta do secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo: os Estados Unidos da América (EUA) “não têm medo” de impor sanções “ao mais alto nível” o regime de Teerão.

Num discurso na diáspora iraniana na Califórnia, no domingo à noite, Pompeo confirmou que Washington quer que todos os países reduzam as suas importações de petróleo iraniano “perto de zero” até 4 de novembro, caso contrário enfrentarão sanções dos EUA.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou a saída dos EUA do acordo internacional de 2015, que foi assinado com o objetivo de impedir que o Irão adquirisse armas nucleares, e o regresso das sanções norte-americanas.

Enquanto muitos dos aliados dos EUA tentam salvar o acordo nuclear iraniano, o chefe da diplomacia norte-americana reiterou o seu desejo de que “o regime [iraniano] mude significativamente o seu comportamento, tanto dentro do Irão como no cenário mundial”, recusando-se a distinguir entre radicais e moderados.

Mike Pompeo anunciou ainda o fortalecimento da campanha de propaganda norte-americana com o lançamento de um canal multimédia (televisão, rádio, redes digitais e sociais) 24 horas por dia em farsi, “para que os iranianos comuns, no Irão e em todo o mundo, saibam que a América está do seu lado”, bem como medidas “para ajudar os iranianos a contornar a censura na Internet”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Maria de Belém é plano B de Tomás Correia para a Associação Mutualista Montepio

Ex-ministra da Saúde é nome em cima da mesa caso o atual presidente não possa apresentar candidatura à Associação Mutualista Montepio, que vai passar para a supervisão do regulador dos seguros.

Maria de Belém foi candidata às presidenciais em 2016.Miguel A. Lopes/Lusa

Maria de Belém poderá vir a assumir protagonismo nas próximas eleições para a Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG). Há dentro da instituição quem admita que a ex-ministra da Saúde está bem posicionada para ser alternativa a Tomás Correia caso o atual presidente da instituição não possa ele próprio formalizar uma candidatura para liderar a maior mutualista do país por causa das novas regras do Código das Associações Mutualistas (CAM).

Com eleições agendadas para dezembro, a associação mutualista vive momentos de alguma expectativa quanto às implicações do novo código das mutualistas nas pretensões do atual presidente para tentar um quarto mandato à frente da instituição. Em outubro terão de ser formalizadas e entregues as listas para os vários órgãos da instituição. E até à realização das eleições a AMMG poderá passar para a supervisão da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundo de Pensões (ASF) — depois da entrada em vigor do novo código das mutualidades já promulgado pelo Presidente da República –, o que trará novidades importantes na corrida eleitoral da mutualista que conta com mais de 620 mil associados.

Isto porque do novo regime de supervisão financeira aplicado às grandes mutualistas resultará que os candidatos aos órgãos sociais das instituições terão de ser aprovados regulador liderado por José Almaça. Nos seus critérios de apreciação de idoneidade para o exercício de funções em empresa de seguros ou de resseguros, a ASF deve ter em consideração “a acusação, a pronúncia ou a condenação, em Portugal ou no estrangeiro, por crimes contra o património, crimes de falsificação e falsidade, crimes contra a realização da justiça, crimes cometidos no exercício de funções públicas, crimes fiscais, crimes especificamente relacionados com o exercício de uma atividade financeira e com utilização de meios de pagamento e, ainda, crimes previstos no Código das Sociedades Comerciais”, entre outros pontos.

Por causa disso, Tomás Correia poderá ter o seu caminho dificultado para se recandidatar a um novo mandato, quando sobre si correm inquéritos no Banco de Portugal e no Ministério Público. O supervisor bancário já acusou Tomás Correia de falta de incumprimento das regras prudenciais e de análise de crédito e constituição de provisão — uma decisão sobre esta ação poderá surgir bem antes das eleições de dezembro, havendo margem para recurso — e tem outro inquérito aberto por eventual falsificação de documentos. Já Ministério Público investiga Tomás Correia por suspeita de poder ter recebido comissões indevidas de um cliente quando era presidente da Caixa Económica Montepio Geral (CEMG).

Dentro deste quadro de incerteza surge o nome de Maria de Belém como eventual plano B, um cenário que é admitido no seio de quem apoia Tomás Correia, disse uma fonte do lado da oposição ao ECO. Outra fonte confirmou esta possibilidade e até comentou que a antiga ministra foi presença notada na última Assembleia Geral da instituição, da passada terça-feira, que serviu para os associados aprovarem por larga maioria das contas de 2017.

Questionada pelo ECO sobre se tinha sido convidada para integrar a lista de Tomás Correia, a antiga ministra da Saúde disse apenas: “Sou associada do Montepio há muitos anos e já fui convidada várias vezes. Não tenho de prestar declarações sobre isso. Estou focada é no trabalho sobre a Lei de Bases da Saúde“.

Atualmente, Maria de Belém lidera a Comissão de Revisão da Lei de Bases da Saúde, cujo projeto esteve em consulta pública até à passada quinta-feira. A versão final deverá ser entregue ao Governo em setembro.

"Sou associada do Montepio há muitos anos e já fui convidada várias vezes. Não tenho de prestar declarações sobre isso. Estou focada é no trabalho sobre a Lei de Bases da Saúde.”

Maria de Belém

Antiga ministra da Saúde

Por outro lado, o nome de Maria de Belém foi referenciado pelo próprio Tomás Correia, quando em abril passado juntou diretores regionais do banco para lançar a sua candidatura, noticiou o Público na altura (acesso pago). Mais tarde, o mesmo jornal veio a dar conta de que a candidatura do atual presidente poderia estar em risco por causa do novo código das mutualistas e que, nesse cenário, Luís Almeida (que fez parte da comissão executiva da CEMG liderada por Félix Morgado) poderia ser o nome de confiança para avançar com uma candidatura.

Importantes para perceber quais as implicações que as novas regras poderão ter na corrida à liderança da Associação Mutualista serão os timings que decorrem do processo de aplicação do novo regime de supervisão financeira às grandes mutualistas.

A partir da entrada em vigor do CAM, Governo e regulador terão até 120 dias (quatro meses) para definir as mutualistas que vão passar a estar sob supervisão da ASF – além da AMMG, o regulador vai também supervisionar financeiramente a Montepio Nacional da Farmácia (Monaf), disse o ministro Vieira da Silva. Mas esse período poderá ser encurtado, havendo a possibilidade de a AMMG passar para esfera de supervisão do regulador dos seguros antes das eleições, mudando as regras do jogo.

Para já, é conhecida publicamente a candidatura de Fernando Ribeiro Mendes, que é administrador (dissidente) do atual conselho de administração liderado por Tomás Correia. Ainda não há data formal para a apresentação da sua lista. E também ainda não se sabe se Ribeiro Mendes vai protagonizar a única lista alternativa à provável recandidatura de Tomás Correia, que ainda não anunciada.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

5 coisas que vão marcar o dia

Num dia marcado pela apresentação de resultados de várias empresas, é dia de discussão sobre a Operação Integrada de Entrecampos, que prevê a construção de casas com rendas acessíveis.

Num dia que fica marcado pela apresentação de resultados de vários empresas relativos ao segundo trimestre do ano — sendo a Nos a primeira do PSI-20 a prestar contas –, seguida da Google e da Ryanair no mercado internacional, é também altura de a Assembleia Municipal discutir a proposta sobre a Operação Integrada de Entrecampos, cujo objetivo passa por “criar casas de renda acessível para as classes médias, aumentar a oferta de escritórios e mais espaço público de qualidade e espaços verdes”, conforme disse Medina. Ainda no mesmo dia, a Semapa apresenta uma parceria internacional através da subsidiária Semapa Next.

Nos presta contas referentes ao segundo trimestre

A empresa liderada por Miguel Almeida vai apresentar os resultados financeiros relativos ao período entre abril e junho. Recorde-se que, no mesmo semestre do ano passado, a operadora de telecomunicações registou uma subida do resultado líquido de 52,5% para 40,4 milhões de euros. Na mesma altura, em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Nos referiu que o lucro consolidado tinha crescido 13,9 milhões de euros, “refletindo o contributo positivo das empresas participadas”.

Apreciação e votação da construção nos terrenos da Feira Popular

Esta segunda-feira, nas instalações da Assembleia Municipal, uma reunião da 1ª Comissão Permanente para apreciação e votação do parecer sobre a proposta para a “alienação em hasta pública de dois lotes e duas parcelas de terreno para construção integrantes da Operação Integrada de Entrecampos”, lê-se no site da Assembleia Municipal. A Operação Integrada de Entrecampos vai ter um investimento previsto que ronda os 800 milhões de euros e permitir a criação de 15 mil empregos, anunciou Fernando Medina.

Google apresenta resultados do segundo trimestre

A empresa de Silicon Valley publica os resultados referentes ao segundo trimestre do ano, dias depois de ter sido condenada pela União Europeia ao pagamento de uma multa recorde de 4,34 mil milhões de euros por práticas de concorrência desleal no sistema operativo Android, anunciou a Comissária Europeia para a Concorrência, esta quarta-feira. A empresa tem 90 dias para alterar as suas práticas de atuação, correndo o risco de mais sanções mas já adiantou que vai recorrer da decisão.

Semapa apresenta parceria internacional

A Semapa vai apresentar esta segunda-feira uma parceria internacional na área do Venture Capital, que estabeleceu através da sua subsidiária Semapa Next. Importa referir o positivo desempenho que a papeleira registou no primeiro trimestre do ano — um aumento de 90,3% face ao ano anterior, para 27,2 milhões de euros.

Ryanair apresenta resultados

Numa altura marcada por greves na sede irlandesa, a companhia aérea britânica divulga esta segunda-feira os resultados referentes ao segundo trimestre do ano. Recorde-se que, no mesmo período do ano passado, os lucros da Ryanair aumentaram 55% para 397 milhões de euros, um resultado que, de acordo com uma nota informativa publicada pela mesmo, foi impulsionado por uma “Páscoa forte”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Nos lucra mais. Investimento acelera com o 5G

Os resultados líquidos aumentaram quase 10% nos primeiros seis meses do ano. Ascenderam a 80 milhões de euros, enquanto o investimento chegou perto dos 100 milhões à boleia do 5G.

A Nos conquistou mais clientes. As receitas cresceram, fazendo aumentar também os resultados líquidos. O crescimento dos lucros acelerou na segunda metade do semestre, levando-os para quase 80 milhões de euros nos primeiros seis meses do ano. Neste período, a fatura com o investimento foi de quase 100 milhões.

Com a base de clientes a crescer, a operadora liderada por Miguel Almeida revela que o número serviços prestados voltou a aumentar. Cresceu “2,6% face ao período homólogo de 2017, contando com 9,499 milhões no final dos primeiros seis meses de 2018. Este aumento reflete o crescimento de 3,9% no móvel, para 4.728 milhões, 3,8% na banda larga fixa, 0,8% na voz fixa e 1,5% nos serviços fixos de televisão”.

As “receitas de exploração apresentaram um crescimento de 0,5% para 389,3 milhões de euros, com as receitas de telecomunicações a crescerem 1,8%, motivadas pelo crescimento de 2,6% do número de serviços”. Isto só no segundo trimestre, sendo que no acumulado da primeira metade do ano as receitas aumentaram em 0,6% para 772 milhões de euros. O EBITDA cifrou-se em 305 milhões, um aumento de 2,6%.

"Na rede móvel o esforço de investimento foi canalizado sobretudo para o reforço da sua infraestrutura preparando-a para o desígnio do 5G.”

Nos

Perante estes números, o resultado líquido consolidado atingiu 45,1 milhões de euros no segundo trimestre, representando uma evolução de 14,3% face ao período homólogo de 2017. No acumulado do ano, o crescimento foi, no entanto, menor: 9,2% para 78,9 milhões de euros, de acordo com o comunicado enviado à CMVM.

Mais investimento. Vem aí o 5G

“Este trimestre [o segundo trimestre do ano] fica marcado pelo reforço significativo de investimento em redes e tecnologia, de modo a preparar a empresa para os desafios futuros, quer do ponto de vista tecnológico quer de serviço”, refere a empresa liderada por Miguel Almeida.

“Na rede móvel o esforço de investimento foi canalizado sobretudo para o reforço da sua infraestrutura preparando-a para o desígnio do 5G”, refere a empresa, salientando que “na rede fixa, a Nos foi a primeira operadora a disponibilizar uma rede integralmente Gigabit”.

O investimento tecnológico aumentou para 51,7 milhões de euros, sendo o investimento total de 91,7 milhões de euros (um aumento de 7,3%), superior aos resultados líquidos obtidos no semestre. “No final do período em análise, a dívida financeira líquida situou-se nos 1.150 milhões de euros, mais 3,2% que no ano passado”, nota a empresa. É duas vezes o EBITDA, “um rácio bastante conservador face às congéneres do setor”, remata.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Marques Mendes: “Pinho tem algo a esconder? Com certeza. O silêncio diz tudo”

Marques Mendes arrasa a audição de Manuel Pinho, ex-ministro da Economia de José Sócrates. Diz que foi "dos momentos mais deprimentes e degradantes dos últimos tempos" no Parlamento.

Manuel Pinho foi ao Parlamento, mas não falou do que todos queriam que falasse. Falou sobre a energia, e os custos desta, mas recusou-se a fazer quaisquer comentários relativamente à sua ligação ao Grupo Espírito Santo, nomeadamente se enquanto membro do Governo foi pago pelo GES. Marques Mendes diz que Pinho “merecia uma lição” por um silêncio que, nota, “diz tudo”.

A audição do antigo ministro da Economia foi o “momento parlamentar dos momentos mais deprimentes e degradantes dos últimos tempos”, disse Luís Marques Mendes, no habitual comentário semanal na SIC. A culpa foi de quem? A “culpa é dos deputados” que aceitaram que Pinho fosse ao Parlamento “falar sem falar da questão nuclear. Os deputados aceitaram. Não deviam ter feito o acordo”.

"Na substância, [Pinho] não quis das explicações. Tem algo a esconder? Com certeza. O silêncio diz tudo.”

Marques Mendes

Pinho foi e foi perguntado pela ligação ao GES, mas não respondeu. “Foi sobranceiro. Quem o ouviu durante aquelas quatro horas parece que alguém lhe deve alguma coisa. Faltou-lhe cultura democrática”, disse Marques Mendes, salientando que “na substância, [Pinho] não quis das explicações”. “Tem algo a esconder? Com certeza. O silêncio diz tudo”, atira o comentador.

“Mesmo depois de deixar de ser ministro tem responsabilidades. Tem de explicar” se recebeu ou não verbas do BES. “Pinho pode ter responsabilidades judiciais, mas a responsabilidade política é outra coisa. Pode não falar ao judicial, mas como político tem o dever de clarificar”, destaca. E voltou a assumir que Pinho recebeu mesmo verbas do grupo que detinha o BES. “Aplica-se aqui o quem cala consente”, atirou.

Reiterando a ideia de que a audição parlamentar de Pinho foi “das coisas mais degradantes que aconteceu no Parlamento”, Marques Mendes afirmou que devia haver quem desse ao ex-ministro uma lição. Tenho pena que não haja um Senador no Parlamento que lhe desse uma lição”, rematou o comentador.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Líder do CDS-PP diz que atuação do governo é um “logro permanente”

  • Lusa
  • 22 Julho 2018

Líder do CDS afirmou que o Governo "não fala verdade às pessoas" e que o tempo de "enganar toda a gente está a esgotar".

A líder do CDS-PP, Assunção Cristas, afirmou no Funchal que a atuação do governo é um “logro permanente” e que “nenhum setor da governação está bem”, vincando que o “tempo de enganar toda a gente está a esgotar”.

“Quando olhamos setor a setor da governação, o que nós percebemos é que tem havido aqui um engano sistemático, um logro permanente, para não ir para outra terminologia menos simpática”, disse, sublinhando que “a verdade é que nós não estamos bem”.

Assunção Cristas falava no encerramento do XVII congresso do CDS-PP/Madeira, que elegeu como novo líder Rui Barreto, primeiro subscritor da única moção de estratégia global, aprovada por 86% dos congressistas.

"Quando olhamos setor a setor da governação, o que nós percebemos é que tem havido aqui um engano sistemático, um logro permanente, para não ir para outra terminologia menos simpática.”

Assunção Cristas

Líder do CDS-PP

“Não estamos bem no Orçamento de Estado, não estamos bem na dívida que continua a não baixar, não estamos bem nas dívidas que acumulam em vários setores, com a saúde a ser o prior dos exemplos, não estamos bem naquilo que é o serviço público em áreas tão distintas quanto os transportes públicos, a saúde, a educação, a segurança”, afirmou a líder centrista, destacando o caso do furto de material militar em Tancos em 2017.

“Como é possível que quase um ano e meio depois, nós continuemos envolvidos num enorme pântano?”, questionou, referindo-se às notícias que indicam que o material não terá sido recuperado na totalidade.

Assunção Cristas afirmou que o tempo do governo “enganar toda a gente” está a esgotar, sobretudo devido às suas “profundas contradições”, onde se destacam os dados que apontam 2017 como o “ano de maior carga fiscal de sempre”.

“Temos um governo que não fala verdade às pessoas”, disse, realçando, no entanto, que o país está “um bocadinho melhor” no crescimento económico, mas já “infelizmente a desacelerar”.

"Temos um governo que não fala verdade às pessoas.”

Assunção Cristas

Líder do CDS-PP

A líder do CDS-PP defendeu que é necessário estimular a atividade empresarial privada para garantir o crescimento sustentável da economia e, por outro lado, salientou que é imperativo do partido “aumentar fortemente” o número de deputados na Assembleia da República.

Precisamos de força não só para desmascarar, mas para arredar aquilo que tem sido o governo nacional“, realçou.

O novo presidente do CDS-PP/Madeira disse, por seu lado, que o objetivo da atual liderança é afirmar o partido como a “terceira via para a governação da Madeira”, considerando que, neste momento, a região autónoma vive “prisioneira de um governo [do PSD] que governa mal” e que “não responde aos problemas”.

Rui Barreto, que sucede a Lopes da Fonseca, vincou também que o partido vai “avançar sozinho” para as eleições regionais de 2019, uma vez que não se deve ir a governo “nem a qualquer preço nem a qualquer custo”.

“Que Deus nos livre de pensar em cenários pós-eleitorais nesta altura. Que não gastemos nem um minuto a pensar neste tipo de análise”, advertiu, assegurando que não aceita coligações pré-eleitorais.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

SEF alerta para aumento de indocumentados e “fortes indícios” de tráfico de menores

  • Lusa
  • 22 Julho 2018

Há mais cidadãos estrangeiros que chegam indocumentados aos aeroportos portugueses, muitos deles com crianças menores. Autoridades alertam para “fortes indícios” de casos de tráfico.

O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) destacou o aumento do número de cidadãos estrangeiros que chegam indocumentados aos aeroportos portugueses, muitos deles com crianças menores, e alertou para “fortes indícios” de casos de tráfico.

O jornal Público noticia que o SEF mantém no aeroporto de Lisboa menores, filhos de requerentes de asilo, colocando Portugal a violar as regras internacionais sobre os direitos das crianças definidas pela ONU. De acordo com o jornal, a ONU já alertou a Provedoria de Justiça, a quem cabe monitorizar, para a presença destas crianças detidas pelo SEF, mas a provedora afirma que lhe deram as competências, mas não os meios.

O Conselho Português para os Refugiados (CPR) revela, pelo seu lado, que nos últimos dois anos o período de espera destas crianças nos Centros de Instalação Temporária (CIT) tem aumentado de alguns dias para algumas semanas.

Numa nota, o SEF esclarece que o que tem mudado desde 2016 foi o “paradigma, com mais pessoas a chegar indocumentadas e com fortes indícios de tráfico de menores“.

O SEF destacou que “nos últimos anos, temos assistido a um afluxo de adultos acompanhados por menores que pedem asilo em Portugal, sem apresentarem documentos de identidade e/ou documentos que comprovem o vínculo familiar ou a autorização dos progenitores para viajarem com a criança”, que normalmente “também está indocumentada ou apresenta documentos falsificados”.

"Nos últimos anos, temos assistido a um afluxo de adultos acompanhados por menores que pedem asilo em Portugal, sem apresentarem documentos de identidade e/ou documentos que comprovem o vínculo familiar ou a autorização dos progenitores para viajarem com a criança.”

Serviços de Estrangeiros e Fronteiras

O SEF explica que, nestes casos, “são realizadas diligências para se verificar a identidade das crianças e é dado um prazo aos adultos para apresentarem a documentação, o que, a não acontecer, pode indiciar tráfico de menores, havendo necessidade de se aguardar junto do Tribunal de Família e Menores a medida de promoção e proteção, bem como a designação de representante legal”.

Os menores não acompanhados com 16 ou menos anos são encaminhados para o Centro de Acolhimento da Criança Refugiada após a apresentação do pedido de asilo, explicou.

No caso de menores não acompanhados indocumentados que declarem ter mais de 16 anos, “podem permanecer algum tempo no CIT para se averiguar a identidade/idade e obter do Tribunal de Família e Menores indicação do Centro de Acolhimento apropriado”. “Muitas vezes vem-se a verificar posteriormente serem maiores de idade. Nestes casos, a permanência no CIT não ultrapassa os sete dias“, destacou o SEF.

O Público, que visitou o CIT do Aeroporto de Lisboa, encontrou uma criança de três anos que estava, há um mês e meio, a pernoitar num colchão no chão junto à cama da mãe, numa camarata que pode chegar a ter 16 pessoas.

Neste caso concreto, o SEF esclarece que “dois adultos viajaram com uma criança, estando todos indocumentados, não tendo os adultos apresentado comprovativos da identidade verdadeira, nem da menor, bem como da relação de parentesco invocada”. “O pedido de asilo não foi admitido por falta de fundamentação legal. Apresentaram recurso judicial, que tem efeito suspensivo automático e, por esse motivo, ficam retidos no CIT”, salientou.

O SEF realçou que foi adjudicada este mês a empreitada para a construção de novas instalações do Centro de Acolhimento Temporário (CATA) do SEF em Almoçageme, Sintra, que terá capacidade para acolher até 50 pessoas, com duas alas distintas em função do género, e uma ala para famílias.

Atualmente, existe um Centro de Instalação Temporária (CIT) no Porto, a Unidade Habitacional de Santo António (UHSA) e três Espaços Equiparados a CIT (EECIT), sitos em Lisboa, Porto e Faro.

O EECIT de Lisboa tem capacidade para 58 pessoas, a quem é distribuído um kit de higiene, cinco refeições ao dia “respeitando as regras alimentares impostas pelas convicções filosóficas ou religiosas do cidadão” e um espaço com materiais didáticos para crianças, “permanecem sempre junto dos respetivos familiares”.

“Os passageiros têm acesso ao pátio de recreio, da respetiva área de alojamento, dentro do horário de abertura”, acrescentou.

No ano passado, 64% dos pedidos de asilo foram rejeitados em Portugal. Dos 1.750 candidatos, apenas 119 conseguiram o estatuto e 136 a proteção subsidiária.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comer pratos ou vestir cascas de banana: estas startups estão a reinventar a alimentação

  • ECO
  • 22 Julho 2018

O objetivo é comum: reduzir a pegada ecológica. Os meios são diferentes: desde loiça biodegradável e comestível, passando por fibras têxteis feitas com restos alimentares, até à farinha de grilo.

Pratos da Soditud são biodegradáveis e podem comer-se.D.R.

Há uma startup portuguesa que quer pô-lo a comer tudo, mas mesmo tudo, inclusive o prato. A ideia é substituir a loiça de plástico e a de papel por loiça biodegradável e comestível. A Soditud quer incentivar os portugueses a mudar hábitos, nomeadamente a tomar consciência da pegada ecológica e do uso excessivo de plásticos.

“O nosso prato é 100% farelo de trigo. É composto pela parte do trigo que só se aproveitaria para a ração animal. Assim, a pessoa pode optar por comer o prato ou, se preferir, dá-lo ao seu cão, por exemplo”, explica Pedro Cadete, responsável pela empresa, ao ECO. Outra hipótese é colocar a loiça num compostor, juntamente com os restos de comida.

Os pratos feitos de farelo de trigo, um subproduto do processamento de grãos de trigo, são fabricados tendo em vista o desperdício mínimo e têm uma pegada ecológica praticamente negativa. “Nós utilizamos muito menos água para produzir a nossa loiça do que a indústria do plástico e mesmo do bioplástico”, diz. Além disso, por ser compostável, também não tem custos associados à lavagem, seja de água ou de eletricidade. Como é usado uma única vez, “continua a ser um produto descartável, mas consciente”.

Uma das vantagens, comparativamente à loiça descartável de plástico ou papel, é que esta não se dobra e é resistente a altas temperaturas sendo, por isso, possível colocar um prato no forno ou no micro-ondas.

A ideia surgiu na Polónia, através da Biotrem, e foi recentemente trazida para Portugal pela Soditud. Estes pratos já podem ser encontrados nos restaurantes Vegana Burgers, em Lisboa, onde primeiro se come o hambúrguer e depois… o prato.

E lá fora? Insetos comestíveis…

Grilos, para ser mais específico. Há quem veja neste tipo de inseto uma forma para responder aos desafios da produção sustentável, rica em proteínas, gorduras saudáveis e micronutrientes. Na Bitty Foods, os grilos são torrados e, seguidamente, transformados numa farinha fina que serve de base às bolachas e snacks vendidos pela startup de São Francisco. Nenhum dos produtos contém glúten, grãos ou açúcar processado.

A ideia concretizou-se pelas mãos de Megan Miller, a fundadora da empresa, que, depois de uma viagem à Ásia, quis experimentar algumas receitas culinárias que tinha aprendido. “Algumas das nossas primeiras experiências, como transformar bichos da farinha num concentrado vitamínico, não tiveram sucesso. Mas eventualmente chegámos aos grilos, percebemos o seu potencial, e começámos a criar produtos com base neles”, disse Leslie Ziegler, cofundadora da Bitty Foods, ao Independent.

Comparativamente à produção de gado bovino, os insetos têm níveis de sustentabilidade 20 vezes superiores. Além disso, são uma excelente fonte de proteína que gasta muito menos água e apresenta grau zero no que diz respeito a emissões de carbono. “Os insetos comestíveis são a chave para a segurança alimentar global futura“, diz o relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) de 2012, sobre as perspetivas futuras para a segurança alimentar. “Se os insetos comestíveis se tornarem parte da dieta global, podemos reduzir os gases do efeito de estufa em 18% e o custo médio dos alimentos em 33%”, pode ler-se.

Atualmente, 80% das culturas do mundo consomem insetos, nomeadamente na Ásia, África, América Central e do Sul. Falta convencer os Estados Unidos da América e a Europa a incluir os insetos nas suas dietas alimentares.

Cascas de banana transformadas em fibras têxteis

O desperdício alimentar pode estar prestes a dominar a indústria da moda, pelo menos é o que a Circular Systems quer. A startup é pioneira nas novas tecnologias ao serviço da conversão de resíduos alimentares, como cascas de banana, folhas de abacaxi ou resíduos da cana-de-açúcar, numa fibra natural que pode ser tecida em roupas.

De acordo com a Fast Company, todos os anos são comidos cerca de 100 biliões destas frutas em todo o mundo. Tal consumo cria aproximadamente 270 milhões de toneladas de resíduos (entre cascas e talos) que, na maioria das vezes, são queimados ou acabam simplesmente por apodrecer. Se, por um lado, a queima polui o ar, por outro, a decomposição liberta metano para a atmosfera e contribui para o aquecimento global. Para o CEO da Circular Systems, Isaac Nichelson, a solução está no aproveitamento desses resíduos para uma indústria da moda mais sustentável.

A startup quer colocar o setor num novo caminho, rumo à produção e distribuição mais sustentáveis. Este ano, a Circular Systems recebeu 350.000 dólares, fruto do Prémio Global Change, da Fundação H&M. O objetivo é aumentar as operações e fazer novas parcerias com marcas globais que queiram integrar as fibras sustentáveis nas suas produções.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Há 90 leis “coxas” à espera de regulamentação

  • ECO
  • 22 Julho 2018

Baldios, paridade nas empresas cotadas, prospeção de petróleo são exemplo de leis que têm falta de normas e regras, lacunas que já deveriam ter sido colmatadas pelos respetivos ministérios.

Cerca de 90 leis que entraram em vigor entre 2003 e 2017 estão por regulamentar, o que que dizer que não estão a ser aplicadas no seu todo ou pelo menos em parte, de acordo com o jornal Público.

Entre as leis que têm falta de normas e regras e cujas lacunas já deveriam ter sido definidas pelos respetivos ministérios está, por exemplo, a nova lei do Sistema Nacional de Defesa da Floresta contra Incêndios, a dos baldios. Mas há mais exemplos, segundo a contabilização do Público. Mais alguns casos: a lei da paridade nas empresas cotadas, da prospeção de petróleo, de combate ao branqueamento de capitais, a lei orgânica dos serviços secretos, a lei de bases dos cuidados paliativos

Esta contabilização tem em conta os relatórios de acompanhamento compilados pelos serviços da Assembleia da República, acompanhamento que foi descontinuado em dezembro passado.

Segundo aquele jornal, em concreto são 89 as leis “coxas”: 57 não estão regulamentadas e outras 32 estão regulamentadas mas apenas parcialmente.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Moedas: “Na Europa ninguém sabe o que são o BE e o PCP”

  • ECO
  • 22 Julho 2018

Comissário europeu para a Ciência e Inovação destaca trabalho do PS na credibilização do país na Europa, mas critica o "discurso visceral contra as empresas" dos seus parceiros na geringonça.

O comissário europeu para a Ciência, Investigação e Inovação, Carlos Moedas, elogia o desempenho do Partido Socialista no Governo, “que tem continuado a credibilizar o país” na Europa, mas critica duramente os dois parceiros da esquerda, Bloco de Esquerda e Partido Comunista, que “visceralmente, não gostam de empresas privadas”.

“A geringonça tem duas partes: tem uma parte de um partido social-democrata em termos europeus, que é o Partido Socialista, que tem uma visão muito equilibrada do mundo e tem tido um olhar em relação às empresas. Depois tem dois partidos – o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista – que, visceralmente, não gostam de empresas privadas e isso é grave”, considera Carlos Moedas em entrevista ao Diário de Notícias (acesso livre).

“Em Portugal, às vezes, não temos essa noção e damos alguma desculpa a algum discurso totalmente antiempresarial. Acho que as pessoas têm, de uma vez por todas, de levantar a voz contra esse tipo de discurso. As empresas privadas são importantes, são as empresas privadas que dão emprego. Podemos falar da ideologia do PCP e do BE, mas acho que o pior é esse discurso visceral contra as empresas”, diz ainda.

"Acho que as pessoas têm, de uma vez por todas, de levantar a voz contra esse tipo de discurso. As empresas privadas são importantes, são as empresas privadas que dão emprego. Podemos falar da ideologia do PCP e do BE, mas acho que o pior é esse discurso visceral contra as empresas.”

Carlos Moedas

Comissário europeu para a Ciência, Investigação e Inovação

Carlos Moedas considera que a imagem de Portugal lá fora é boa. “Vejo um Partido Socialista que tem vindo a cumprir tudo o que se comprometeu com a Europa, que tem continuado a credibilizar o país. Essa é a imagem que se tem de fora”, afirma.

“Mas de fora os meus colegas não estão a ver o Bloco e o PCP. Eles tornam-se, internacionalmente, invisíveis. Ninguém está a ver os detalhes. Quando estamos na Europa ninguém sabe o que são o BE e o PCP, mas aqui tem esse efeito de serem partidos contra as empresas“, explica o comissário europeu.

Na mesma entrevista, Carlos Moedas fala da negociação do orçamento comunitário para o período 2021-2027 e dos cortes que deverão afetar os fundos destinados Portugal. “Pode ter havido um mau começo, mas ao que se chegou na proposta é bastante equilibrado. Ou seja, Portugal conseguiu ter cortes na parte estrutural e agrícola inferiores à média e há países que têm cortes muito superiores”, destaca o responsável.

“Acho é que até se fechar isto tudo com os países Portugal ainda corre riscos e pode haver algum problema. (…) Penso que se conseguíssemos manter o que já temos seria uma grande vitória”, diz.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Portugal tem um manifesto pela igualdade de género

Michael Page Portugal e pelo Lisbon MBA criaram "Meritocracia, Igualdade e Diversidade para o Desenvolvimento e Competitividade", manifesto que quer promover a meritocracia e igualdade nas empresas.

Segundo o Global Gender Gap Report do World Economic Forum, em 2016 os homens receberam, em média, mais 8.504 euros no seu rendimento anual do que as mulheres.Pixabay

A Michael Page e o The Lisbon MBA decidiram criar um manifesto de meritocracia e de estímulo à igualdade de género e de oportunidades, que tem como objetivo marcar uma posição na economia e, “contribuir para construir um modelo social e económico mais justo para Portugal”, explicam as duas entidades em comunicado. O “Meritocracia, Igualdade e Diversidade para o Desenvolvimento e Competitividade” pretende incentivar empresas a pôr em marcha boas práticas que tenham em consideração as assimetrias existentes entre homens e mulheres no mercado de trabalho. O documento foi assinado pelas duas entidades no final de junho.

“Com este manifesto queremos contribuir para a discussão de um tema muito relevante para a sociedade, o acesso igualitário e universal às oportunidades de trabalho e liderança organizacional. (…) O pressuposto não é o de que a mulher é, per si, melhor que o homem. A questão que defendemos é que as oportunidades devem sempre ser iguais para ambos e isso infelizmente não se verifica. A trajetória é contrária ao que se deseja, ou seja, à paridade”, detalha Anabela Possidónio, diretora executiva do The Lisbon MBA.

O pressuposto não é o de que a mulher é, per si, melhor que o homem. A questão que defendemos é que as oportunidades devem sempre ser iguais para ambos e isso infelizmente não se verifica.

Anabela Possidónio

Diretora executiva do The Lisbon MBA

Em Portugal, de acordo com o Global Gender Gap Report 2016 do World Economic Forum, as mulheres recebem um salário anual de 20.431 euros e, os homens, em média 28.935 euros, ou seja, estes últimos ganham, em média, 8.504 euros mais do que os trabalhadores do sexo feminino.

Mas o manifesto não se trata só de organizar e fazer assinar um documento que previna descriminação por género: o que este manifesto quer é também tornar visível uma realidade. “Um outro tema a que pretendemos dar visibilidade é à flexibilidade, por forma a promover uma verdadeira conciliação entre a vida profissional, pessoal e familiar”, esclarece Anabela Possidónio.

Além do The Lisbon MBA, também a Michael Page Portugal faz parte da redação do manifesto. Joana Barros, senior marketing executive da empresa, acredita que pode dar ao mercado ferramentas que já usa internamente, nestes campos. “A Michael Page é uma empresa meritocrática, que promove a diversidade, inclusão e flexibilidade, quer internamente, quer nos processos de recrutamento junto dos clientes. Assim, este manifesto foi, para mim, o passo lógico a tomar: criar um documento oficial com estes valores e promovê-lo junto do mercado”, diz, em entrevista ao ECO.

Joana Barros assume que o documento é realista em matéria de ambição mas pode levar as pessoas a falarem mais abertamente sobre o tema. “Estamos conscientes de que não será este documento que irá mudar a realidade. E não temos pretensões nesse sentido. Mas, com a sua criação, queremos promover um debate efetivo e duradouro sobre a temática; alertar consciências enquanto empresa de recrutamento e instituição de ensino junto dos principais atores do mercado: estudantes, profissionais e empresas”, afirma.

Nos planos dos dois parceiros fundadores está alargar a rede de signatários a “diversas entidades” que fazer parte da rede de contactos. “O compromisso escrito, em formato de promessa, sem iniciativas no terreno seria desprovido de efeitos práticos. No caso do The Lisbon MBA não se trata apenas de seguir boas práticas, mas sobretudo de exercer um papel educativo junto da comunidade de alunos e alumni. (…) A génese do manifesto não é uma problemática relacionada com o género, mas, sim, uma questão de inexistência de uma política meritocrática nas empresas. No caso do The Lisbon MBA não creio que esta seja a questão mais premente. Para nós o grande desafio passa por atrair mais mulheres para os nossos programas, garantindo que se preparam para aceder a cargos de topo na gestão”, explica ainda Anabela.

O manifesto inclui ainda um programa de eventos e workshops sobre políticas meritocráticas e a igualdade de acesso às oportunidades dentro dos nossos programas (Executive MBA e International Full Time MBA), cujo calendário será anunciado em breve.

De acordo com os dois promotores, o manifesto defende a existência de três princípios-base:

  • Meritocracia
  • Igualdade
  • Flexibilidade

Assinando o manifesto, as entidades comprometem-se a:

  • Não discriminar com base em critérios de nacionalidade, sexo, orientação sexual, identidade de género, idade, etnia, deficiência, ideologia ou religião;
  • Adotar processos de recrutamento, seleção e promoção nas carreiras transparentes;
  • Respeitar cada ser humano como único e desenvolver um ambiente em que as opções e a identidade de cada pessoa sejam respeitadas, reconhecidas e valorizadas;
  • Criar um ambiente inclusivo e livre de preconceitos;
  • Encorajar e apoiar as pessoas a recorrer ao seu talento individual. Uma equipa diversificada e coesa fornece diversas perspetivas e pontos de vista para a organização, gerando criatividade, resolução de problemas e sustentabilidade;
  • Promover o equilíbrio entre mulheres e homens em todos os níveis hierárquicos;
  • Promover a motivação, a coesão e o crescimento, através do desenvolvimento de programas de diversidade e inclusão no local de trabalho;
  • Apoiar as pessoas através do desenvolvimento de planos de carreira transparentes, baseados em objetivos e resultados concretos e mensuráveis. Tal traduzir-se-á num aumento da motivação e participação, com base no reconhecimento dos resultados individuais e consequente produtividade e competitividade;
  • Trabalhar no sentido de permitir às pessoas iguais oportunidades de desenvolver as funções que melhor se adequam às suas competências e ambições, bem como formar e sensibilizar futuras lideranças para a importância do mérito, da igualdade, da inclusão, da não discriminação;
  • Desenvolver relações de confiança e fomentar a autonomia;
  • Promover uma cultura de combate às desigualdades sociais e económicas de forma transversal a todas as gerações.

Atualmente, o Dia Europeu da Igualdade Salarial é assinalado a 2 de novembro, data em que simbolicamente as mulheres deixariam de receber ordenados num ano, quando comparados os valores que auferem com os dos homens. A data definida pela União Europeia reflete o valor que os homens ganham, em média 13% superior ao das mulheres.

Notícia atualizada a 24 de julho com assinatura do manifesto.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.