Desde que foram criadas, plataformas de crowdfunding nunca foram inspecionadas pela ASAE

  • Lusa
  • 7 Fevereiro 2019

Lei definiu que a entidade responsável pela fiscalização e aplicação de coimas e sanções é a ASAE, mas a falta de um conjunto de normas de funcionamento tem impedido as fiscalizações.

A Autoridade de Segurança Económica não fez qualquer inspeção às plataformas de crowdfunding desde que foram criadas, há quase quatro anos, porque a legislação não está ainda uniformizada com as medidas de combate ao branqueamento de capitais.

“Havendo necessidade de serem estabelecidas regras para esta atividade, não foram até à data desenvolvidas ações de inspeção”, disse a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) numa resposta escrita enviada à Lusa.

O regime de sanções a aplicar ao sistema de financiamento colaborativo só ficou definido em fevereiro de 2018, três anos e meio depois da lei que criou o chamado crowdfunding, através do qual os enfermeiros angariaram mais de 423.000 euros para a segunda greve às cirurgias programadas, que decorre até final do mês.

A lei, na altura, definiu que a entidade responsável pela fiscalização e aplicação de coimas e sanções é a ASAE, mas a falta de um conjunto de normas de funcionamento tem impedido as fiscalizações.

Entre a lei que regula o funcionamento das plataformas de crowdfunding e o regime de sanções, definido três anos e meio depois, foram elaboradas – em agosto de 2017 – medidas preventivas de combate ao branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo.

Estas medidas equipararam as entidades gestoras das plataformas de financiamento colaborativo a “entidades obrigadas”, submetendo-as a determinadas regras, entre elas a obrigatoriedade de assegurar o registo da identificação completa dos beneficiários e dos apoiantes e os limites dos apoios concedidos.

No entanto, tudo isto deve ser concretizado num regulamento a ser elaborado pela ASAE, que já esteve em consulta pública há seis meses mas ainda não foi publicado, o que tem impedido as ações de fiscalização.

Questionada pela Lusa, a ASAE diz que estas normas estiveram em consulta pública até final de julho do ano passado e que estão em “fase de conclusão”.

Sobre o porquê de tal documento ainda não ter sido publicado, a ASAE disse que irá “diligenciar para ser publicado com a brevidade possível”, alegando que os comentários recebidos na fase de consulta pública e a avaliação técnico-jurídica necessária atrasaram o processo.

“Tendo a ASAE recebido cerca de seis contributos para o Regulamento provenientes de várias entidades (em especial das organizações sem fins lucrativos, uma vez que o Regulamento colige a realidade das plataformas colaborativas e das organizações sem fins lucrativos), encontra-se atualmente em fase de análise das várias propostas e comentários, para ultimar o texto final”, refere a autoridade.

O financiamento colaborativo, ou crowdfunding, é o tipo de financiamento de entidades, nomeadamente pessoas coletivas (nas quais se incluem os sindicatos), das suas atividades e projetos, através do registo em plataformas eletrónicas acessíveis na Internet, com o objetivo de angariar investimento proveniente de investidores individuais.

Especialistas ouvidos pela Lusa aquando da primeira greve dos enfermeiros às cirurgias programadas — em novembro e dezembro — admitiram que o crowdfunding usado em greves pode ter um “efeito perverso” se os fundos tiverem origem em concorrentes das entidades empregadoras atingidas pelo protesto.

Defenderam que a forma de financiamento da greve dos enfermeiros pode mesmo colocar questões de concorrência desleal e ser um sintoma de que os tradicionais fundos de greves já não se adequam ao novo perfil de paralisações, em relação ao qual o atual ordenamento jurídico laboral ainda não consegue dar resposta.

António Monteiro Fernandes, professor do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, afirmou que “se terceiros (por exemplo, um partido político ou uma empresa concorrente) se aproveitam dessas greves, no sentido de promoverem a greve ou o seu prolongamento, como será o caso da participação no crowdfunding, isso implica a possibilidade de investigação da identidade dos contribuintes” participantes na recolha de fundos.

“Imagine-se que as empresas detentoras de hospitais e clínicas privados aderiam maciçamente ao crowdfunding. Haveria, sem dúvida, ilegalidade, mas não do lado da greve – do lado das empresas, pela prática de concorrência desleal”, exemplificou.

Já no início deste mês, aquando do início da segunda greve dos enfermeiros dos blocos operatórios, o primeiro-ministro admitiu que terá de haver uma clarificação sobre a forma de financiamento das greves, numa alusão ao recurso ao financiamento dos sindicatos através de crowdfunding, e disse que “não pode haver qualquer dúvida que manche a dignidade do movimento sindical”.

De acordo com a informação disponível na plataforma de financiamento colaborativo usada pelos enfermeiros para o crowdfunding da segunda greve, foram angariados mais de 423.000 euros. Na primeira greve, entre 22 de novembro de final de dezembro, tinham angariado mais de 360.000 euros.

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PS e PSD aprovam reforço da paridade nos órgãos de poder

  • ECO
  • 7 Fevereiro 2019

Já foi aprovada na especialidade e tem luz verde garantida no Parlamento: PS e PSD chegaram a acordo para reforçar o critério da paridade em órgãos de poder. BE votou a favor.

O PS e o PSD já chegaram a um acordo para exigir mais equilíbrio na representação entre homens e mulheres nos órgãos de poder. Os dois partidos tencionam aprovar no Parlamento um texto de substituição à proposta do Governo, que levará a que um dos sexos tenha de figurar em pelo menos 40% dos lugares disponíveis.

A notícia foi avançada pelo Diário de Notícias (acesso pago). O “mínimo de 40%” avança para votação em plenário depois de ter sido aprovado em comissão pelo PS, PSD e BE. CDS e PCP votaram contra a medida.

Anteriormente, a paridade era de 33,3%, isto é, por cada dois homens tinha de haver uma mulher. Agora, passará a existir “a representação mínima de 40% de cada um dos sexos, arredondado, sempre que necessário, para a unidade mais próxima”, indica o texto de substituição já aprovado.

Além disso, e sem prejuízo do reforço do critério mínimo de paridade, caíram as normas mais polémicas. Foi o caso da obrigatoriedade da alternância entre homem e mulher nos dois primeiros lugares das listas.

O texto, segundo o Diário de Notícias, indica apenas que, para cumprimento dessa meta, “os dois primeiros lugares das listas apresentadas devem preferencialmente ser ocupados por candidatos de sexos diferentes, não obstante não poderem ser colocados mais de dois candidatos do mesmo sexo, consecutivamente, na ordenação dos restantes lugares da lista”, cita o mesmo jornal.

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Manuel Lemos: “Tem de haver correção dos valores pagos pelo Estado às Misericórdias”

  • ECO
  • 7 Fevereiro 2019

O presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) revela a falta de apoio do Estado e diz que este é um momento em que "tem que haver alguma reversão".

Se até aqui as misericórdias tinham sido pacientes, essa paciência está a chegar ao fim. Quem o diz é o presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) que sublinha ser a altura de o Estado passar a corrigir os valores pagos a estas instituições.

Manuel Lemos começa por recordar que, quando foi feito o pacto de cooperação para a solidariedade, “havia mais ou menos a ideia de que a comparticipação do Estado pagava à volta de 50% no caso das respostas sociais”, podendo chegar aos 65% no caso das deficiências. “Mas nestes anos, fruto da crise, o Estado não acompanhou como devia estas comparticipações e elas caíram de uma maneira brutal”, disse, em entrevista ao Público e à Renascença. “Julgo que nunca chegámos aos 50%”.

É na sequência dessa falta de apoio que diz haverem “misericórdias completamente na borda d’água”, principalmente “as mais pequeninas”. O presidente das misericórdias vai mais longe a afirma: “O Estado não nos está a ajudar a nós. Está a ajudar as pessoas”. Embora reconheça que “o Estado tem vivido estes anos com enorme dificuldade”, afirma que o Estado se tem aproveitado do facto de estas instituições terem “feito sempre mais com menos”.

Chegamos a um momento em que, de facto, para utilizar um termo que tem sido usado, tem que haver alguma reversão. Tem que haver aqui alguma correção nestes valores. Não quer dizer que tenhamos que subir em dois anos ou três para os 50% ou para os 47 ou 48, mas o Estado tem que fazer um esforço”, justificou. Manuel Lemos explicou ainda que as misericórdias não são todas como a Misericórdia de Lisboa, como as pessoas pensam, “que tem uns recursos muito próprios”.

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Dia de quedas na Europa. CTT pesam em Lisboa

Depois de tocar máximos, a bolsa nacional corrige. Segue a tendência negativa das restantes praças europeias, ainda que com uma queda ligeira.

Lisboa está em queda. A praça portuguesa segue a tendência negativa das restantes praças europeias, corrigindo de máximos de quatro meses, com os CTT a destacarem-se nas quedas. A queda de mais de 1% da empresa de correios está a ser parcialmente compensada pelos ganhos da Galp Energia.

O índice de referência da praça portuguesa, o PSI-20, regista uma descida de 0,22% para os 5.203 pontos, depois da subida na sessão anterior que o levou para máximos desde novembro. Na Europa, o cenário é idêntico, com o Stoxx 600 a perder 0,2%, num dia em que os investidores procuram perceber o que acontecerá com o Brexit.

Os CTT destacam-se nas quedas. A empresa liderada por Francisco Lacerda está a ceder 1,14% para 3,112 euros, a descida mais acentuada entre as cotadas do PSI-20. É uma queda que acontece depois de Pedro Marques ter vindo afirmar que o Estado deveria ter uma participação no capital da empresa de correios.

A Sone também recua, cedendo 0,43% para 91,75 cêntimos, assim como a Jerónimo Martins, que corrige das fortes subidas recentes ao recuar 0,38%. O mesmo acontece com o BCP que depois dos ganhos registados nas últimas sessões está a perder 0,12% para cotar nos 24,14 cêntimos.

Na energia, a EDP cai 0,12%, enquanto a EDP Renováveis está inalterada. A Galp Energia, por seu lado, apresenta uma valorização que apesar de ligeira está a impedir uma descida mais acentuada da praça portuguesa.

(Notícia atualizada às 8h12 com mais informa)

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Hoje nas notícias: Enfermeiros, paridade e misericórdias

  • ECO
  • 7 Fevereiro 2019

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

A plataforma digital escolhida pelos enfermeiros para recolher fundos para as greves já recebeu 72 mil euros em comissões pagas por estes profissionais, revela o Correio da Manhã. No plano político, PS e PSD já têm um acordo para apertar os critérios da paridade nos órgãos de poder, avança o Diário de Notícias. Estas são as notícias que estão a marcar a atualidade portuguesa.

Enfermeiros pagam comissão de 72 mil euros

A plataforma de financiamento coletivo PPL já ganhou um total de 72 mil euros em comissões com as duas campanhas de angariação de fundos que foram lançadas pelos enfermeiros. Os enfermeiros têm recorrido ao crowdfunding para financiarem as duas greves cirúrgicas, a primeira entre 22 de novembro e 31 de dezembro, e a segunda, que começou a 31 de janeiro e deverá prolongar-se até 28 de fevereiro. No total, os enfermeiros já angariaram mais de 784 mil euros com a plataforma.

Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso pago).

Há acordo para haver mais mulheres nos órgãos de poder

O PS e o PSD chegaram a acordo para que haja um ainda maior equilíbrio na representação entre homens e mulheres nos órgãos de poder. Um dos sexos terá de figurar em pelo menos 40% dos lugares disponíveis, quando antes era um terço. “Entende-se como paridade, para efeitos de aplicação da presente lei, a representação mínima de 40% de cada um dos sexos, arredondado, sempre que necessário, para a unidade mais próxima”, indica o texto aprovado para substituir a proposta do Governo.

Leia a notícia completa no Diário de Notícias (acesso pago).

Dividendos da CGD têm de manter rácios de capital acima dos 14%

Os lucros de 500 milhões de euros alcançados pela Caixa Geral de Depósitos (CGD) em 2018 deverão traduzir-se em cerca de 200 milhões de euros em dividendos para o Estado. É o valor máximo que o banco público poderá pagar sem deteriorar de forma expressiva os rácios de capital, uma vez que a CGD terá de manter estes rácios acima dos 14%. E os dividendos que o banco tenciona pagar ainda têm de passar pelo crivo de Bruxelas.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago).

Fundo do UBS compra portuguesa Gascan por mais de 100 milhões

A Gascan, distribuidora portuguesa de gás propano, foi vendida pela Artá Capital a um fundo gerido pelo UBS por mais de 100 milhões de euros. A operação foi fechada esta semana. A Gascan conta com mais de 70 mil clientes e distribui cerca de 13 mil toneladas de gás por ano. Detida pelo grupo March, a Artá Capital tinha comprado a Gascan ao fundo Explorer em 2017, por 70 milhões de euros.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago).

“Tem de haver correção dos valores pagos às Misericórdias”, denuncia Manuel Lemos

Manuel Lemos, presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), diz conhecer casos em que o Estado só comparticipa em 30% as respostas sociais dadas pelas misericórdias portuguesas, quando devia pagar metade. Apontando para “problemas óbvios de sustentabilidade”, Manuel Lemos deu um exemplo: “Num grande centro urbano, como a Grande Lisboa e o Grande Porto, um idoso custa às misericórdias à volta de 1.300 euros. E o Estado paga 358 euros. Estamos francamente abaixo dos 30%”, denunciou.

Leia a entrevista completa na Rádio Renascença (acesso livre).

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A China não é um regime totalitário “tout court”, diz Ramalho Eanes

  • Lusa
  • 7 Fevereiro 2019

"A China não é como nós julgamos, um regime totalitário tout court", disse o ex-Presidente português. Referindo-se a Xi Jinping, atual Presidente chinês, considerou-o um "grande imperador".

O ex-Presidente português Ramalho Eanes revelou esta quinta-feira detalhes de uma conversa com Deng Xiaoping para defender que a China não é um “regime totalitário tout court” (simplesmente) e considerou que se deve ser exigente em matéria de direitos humanos.

Em entrevista à Lusa a propósito dos 40 anos das relações diplomáticas entre Portugal e a República Popular da China, estabelecidas a 8 de fevereiro de 1979, o antigo Presidente da República portuguesa contou que quando se encontrou com o líder chinês em maio de 1985, em Pequim, lhe falou na importância de a sociedade civil justificar que a população se pronunciasse em eleições.

“Ele sorriu como quem diz ‘eu estou a perceber’ e disse-me: ‘sabe que nas pequenas comunidades e em várias áreas da China há eleições, o partido apresenta o seu candidato, mas os cidadãos podem apresentar outros candidatos”, contou Ramalho Eanes, que era chefe de Estado quando os dois países estabeleceram relações diplomáticas.

O general Eanes referiu que no Ocidente não se conhece esta situação e que Deng lhe explicou que “o Presidente [norte-americano Jimmy] Carter mandou para [a China] observadores e ninguém referiu isso”. Por isso, “a China não é como nós julgamos, um regime totalitário tout court”, concluiu Ramalho Eanes. Outro aspeto do universo chinês destacado pelo antigo chefe de Estado é que se trata de uma sociedade hierarquizada.

Se o chefe governa a nação em proveito de todos, do bem comum, com rigor e exigência ele deve manter-se, se ele não faz isso, ele deve ser substituído. Isto modifica um pouco a nossa perspetiva dos direitos humanos, a nossa perspetiva, que obviamente defendo, que é a perspetiva greco-cristã, a deles é confuciana”, disse.

Relativamente à existência de um regime de partido único na China, Eanes argumentou que o país tem 1.300 milhões de habitantes e que “tem ainda uma larga franja da população em situação débil”, apesar de centenas de milhões de pessoas terem saído da miséria. “Já viu o que era de repente criar um multipartidarismo na China, já viu o que é?” — argumentou.

“Em relação à China, devemos ter uma exigência que é fazer com que ela respeite todas as regras internacionais. Em relação aos direitos humanos, devemos ser exigentes, mas prudencialmente inteligentes no sentido aristotélico, não devemos querer que eles sejam iguais a nós”, defendeu.

“Queremos que eles, utilizando a sua personalidade histórica, a sua unidade e continuidade, consigam utilizar e descobrir caminhos que os levem à defesa dos direitos do Homem, mas temos que ter em atenção que isso não vai ser já, vai ser demorado, vai ser difícil, e que os direitos humanos serão sempre tratados não segundo o nosso modelo, mas segundo um paradigma que será naturalmente diferente”, perspetivou.

Quanto ao atual líder chinês, Xi Jinping, no poder desde 2013, Eanes considerou-o “um grande imperador”. “Em termos internos, o trabalho que ele está a fazer no interior da China é importante, significativo. O trabalho que ele está a fazer para a projeção da China é interessante, mas não deixa de ser preocupante, um trabalho externo que se estende a todo o mundo”, acrescentou.

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Chineses querem câmara de comércio para atrair investimento

  • Lusa
  • 7 Fevereiro 2019

"Há o interesse de muitas empresas estatais chinesas para esta câmara de comércio, principalmente as de infraestruturas e de construção", disse o líder da comunidade chinesa em Portugal.

O presidente da Liga dos Chineses em Portugal, Y Ping Chow, aposta na criação de uma Câmara de Comércio China-Portugal para atrair mais investimento chinês, sobretudo porque Portugal é uma boa porta para investimento em África.

Para Y Ping, há ainda muito caminho para percorrer, no que diz respeito à atração de investimento chinês em Portugal, apesar das apostas que grandes empresas chinesas têm feito em setores como a banca ou a energia.

Em entrevista à Lusa, o líder da comunidade chinesa em Portugal fala da criação de uma câmara de comércio como uma alavanca importante, sobretudo para atrair o investimento de pequenas e médias empresas chinesas (que serão sempre grandes empresas à dimensão europeia) que olham não apenas para o território português, mas também para a capacidade de influência que Portugal tem nos países africanos de língua portuguesa.

Y Ping Chow explica que é fácil estabelecer essa câmara de comércio em Portugal e que até já falou com o embaixador chinês em Lisboa, que se mostrou muito recetivo à ideia. A maior dificuldade poderá estar em encontrar interlocutores na China, para essa organização, já que implica a sensibilização de um conjunto de empresas que pode ter menos sensibilidade para a relevância desse investimento.

“Mas já falei também com o embaixador português em Pequim e fiquei com a ideia de que este projeto é viável e útil”, afirmou Y Ping. “Há o interesse de muitas empresas estatais chinesas para esta câmara de comércio, principalmente as de infraestruturas e de construção”, disse o líder da comunidade chinesa.

“Este interesse é um sinal da amizade entre Portugal e a China”, considera, dizendo que “os portugueses aceitam bem o investimento chinês e os chineses sentem-se bem em Portugal”.

Mas Y Ping Chow realça sobretudo o interesse na capacidade de influência das empresas portuguesas na Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP). “Portugal é uma porta da entrada para África. Portugal é importante, mas a CPLP é ainda mais importante”, confessa. Y Ping refere a recente visita do Presidente da China, Xi Jinping, a Lisboa, como um momento importante que ajudou a criar condições para esta nova etapa de relações.

“Com os muitos protocolos que foram assinados nessa visita, acredito que não faltarão empresas chinesas interessadas em apostar em Portugal e nos países de língua portuguesa”, disse o empresário chinês. Esta câmara de comércio pode ainda também levar as empresas portuguesas a procura a China como mercado de investimento, embora reconheça que esse cenário é sempre mais difícil.

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5 coisas que vão marcar o dia

No dia em que a Comissão Europeia divulga a sua Previsão Económica Intercalar de Inverno, Paulo Macedo vai ao Parlamento prestar esclarecimentos sobre a auditoria à CGD. Vítor Constâncio dá lição.

Esta quinta-feira vai ficar marcada pela divulgação da Previsão Económica Intercalar de Inverno da Comissão Europeia e pela audição de Paulo Macedo na Assembleia da República. A ACAP apresenta o balanço do ano de 2018 e Vítor Constâncio dá uma lição sobre os 20 anos do euro. Já Theresa May vai a Bruxelas.

Como evoluirá a economia da Zona Euro? E a lusa?

A Comissão Europeia publica, esta quinta-feira, a Previsão Económica Intercalar de Inverno. No seu relatório mais recente (as previsões económicas de outono), Bruxelas tinha estimado que a Zona Euro veria o seu crescimento económico fixar-se nos 2,1%, em 2018. Em 2019, a Comissão Europeia antecipara um crescimento de 1,9% e, em 2020, de 1,7%. A mesma tendência era esperada ao nível da União Europeia. Por sua vez, Portugal deveria fechar o último ano a crescer 2,2%, abrandando para 1,8% em 2019. Esta quinta-feira, após a publicação das previsões de Inverno, o comissário Pierre Moscovici (responsável pelos Assuntos Económicos e Financeiros, Fiscalidade e União Aduaneira) presta esclarecimentos aos jornalistas, pelas 10h00 de Lisboa.

Paulo Macedo vai ser ouvido no Parlamento

O presidente da Comissão Executiva da Caixa Geral de Depósitos vai, esta quinta-feira, ao Parlamento. Paulo Macedo vai ser questionado pelos deputados da Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa sobre o relatório final da auditoria à EY aos atos de gestão do banco público, que foi entregue na Assembleia da República sexta-feira. O documento de 263 páginas omite, contudo, todos os detalhes sobre os grandes devedores. Na versão preliminar dessa auditoria, a CGD reconhecia perdas de quase 1.200 milhões de euros em 46 financiamentos, nas quais não foram cumpridas as normas de concessão de crédito.

ACAP faz balanço anual do mercado automóvel

A Associação Automóvel de Portugal (ACAP) apresenta, esta quinta-feira, o balanço anual do setor. Em termos de produção, no ano passado foram fabricados 294.470 carros (ligeiros e pesados), tendo mais de metade desses veículos sido equipados com motores a gasolina. Do lado do consumo, as vendas voltaram a aumentar pelo sexto ano consecutivo. Foram vendidos 273.213 novos veículos em Portugal no conjunto do ano passado, o que representa um aumento de 2,6%. A ACAP divulga este balanço uma semana depois de o ministro Matos Fernandes ter defendido que “quem comprar um carro diesel muito provavelmente daqui a quatro ou cinco anos não vai ter grande valor de troca”, o que fez tremer o setor.

Vítor Constâncio dá lição sobre “Os 20 anos do euro”

O ex-vice-presidente do Banco Central Europeu Vítor Constâncio dá, esta quinta-feira, uma lição sobre “Os 20 anos do euro”. Isto no âmbito da sessão solene anual do ISEG, na qual participam também o Presidente da República e o primeiro-ministro. Recorde-se que o euro foi lançado em janeiro de 1999. Nos três anos seguintes, esta moeda tornou-se uma divisa invisível, isto é, era apenas usada para fins contabilísticos. Só em 2002 começou a circulação das notas e moedas de euros.

Juncker recebe Theresa May

Depois do Parlamento britânico ter aprovado uma proposta que prevê a substituição do backstop na fronteira das Irlandas por “disposições alternativas”, Theresa May encontra-se com o presidente da Comissão Europeia, esta quinta-feira. Juncker deverá discutir com a primeira-ministra britânica os novos termos da saída do Reino Unido da União Europeia, depois do anterior acordo ter sido chumbado pelos deputados britânicos. Da parte da tarde, May reúne-se com Doanld Tusk, o presidente do Conselho Europeu. Esta negociação acontece numa espécie de contra relógio, já que o divórcio é concretizado a 29 de março.

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Fundo Cerberus comprou carteira de imóveis no valor de 600 milhões ao Santander Totta

Foi o fundo Cerberus que comprou ao Santander Totta a carteira de imóveis no valor de 600 milhões de euros que pertenciam ao Popular Portugal. Venda gerou 50 milhões para os lucros em 2018.

Apresentação de resultados do Santander Totta - 04FEV19
Pedro Castro e Almeida, CEO do Santander Totta, apresentou resultados de 500 milhões de euros em 2018.Hugo Amaral/ECO

O fundo norte-americano Cerberus foi o comprador da carteira de imóveis no valor de 600 milhões de euros que o Santander Totta colocou à venda no final do ano passado, apurou o ECO junto de fonte do mercado.

A transação do designado “Projeto Tagus” ficou concluída apenas em dezembro e ajudou o banco liderado por Pedro Castro e Almeida a registar lucros de 500 milhões em 2018. Na corrida por esta carteira de ativos tóxicos que pertenciam ao Popular Portugal estavam ainda a Apollo, a Bain Capital (que tem comprado crédito malparado à Caixa Geral de Depósitos) e a Arrow Global.

O ECO tentou contactar o Santander Totta, mas não obteve resposta até à publicação deste artigo.

Durante a apresentação de resultados, o administrador financeiro Manuel Preto explicou que se tratou de um conjunto de ativos imobiliários que passaram para Santander Totta com a integração do Popular Portugal no final de 2017. “Tentamos muito rapidamente alienar estes ativos porque achamos que gestão do banco deve estar concentrada naquilo que é concessão de novo crédito à economia e não estar a gerir carteiras que já estão adequadamente provisionadas e que de pouco adicional trazem aos resultados do banco“, disse.

"A gestão do banco deve estar concentrada naquilo que é concessão de novo crédito à economia e não estar a gerir carteiras que já estão adequadamente provisionadas e que de pouco adicional trazem aos resultados do banco.”

Manuel Preto

Administrador financeiro do Santander Totta

Manuel Preto adiantou depois que a alienação daquela carteira de imóveis deu um contributo positivo de cerca de 50 milhões de euros para os resultados do ano passado, através da libertação de provisões feitas para estes ativos.

O Santander Totta registou uma subida de 14,6% dos lucros para 500 milhões de euros em 2018. Fechou o ano com um rácio de malparado de 4% e que evidencia a qualidade dos ativos do banco.

Por causa disto, revelou ainda Manuel Preto, não é expectável que o banco venha a colocar carteiras significativas de crédito malparado no mercado nos próximos tempos. “O rácio já é razoavelmente baixo. Começa também a ser difícil encontrar carteiras que sejam atrativas para os investidores, que exigem algum tipo de granularidade neste tipo de carteiras”, sublinhou o administrador.

Quanto ao Cerberus, este fundo norte-americano esteve na corrida pela maior carteira de malparado alguma vez vendida em Portugal, o “Projeto Nata”, composto por crédito em incumprimento no valor de 2,15 mil milhões de euros que o Novo Banco vendeu em dezembro ao fundo KKR.

Foi também o Cerberus que comprou o banco BES Vénétie ao Novo Banco no final do ano passado por cerca de 50 milhões de euros, tendo perdido a corrida pela banco espanhol da Caixa Geral de Depósitos para o Abanca.

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Há um mês na SIC, Cristina Ferreira lidera as manhãs. RTP foi a mais castigada

A 7 de janeiro estreava o "Programa da Cristina", a aposta da SIC para destronar a TVI. E conseguiu. Mas não foi a TVI que perdeu audiências. Na verdade, foi a RTP.

Cristina Ferreira pôs a SIC na liderança das manhãs em dias úteis. A TVI continuou a liderar a TV em sinal aberto no allday, mostram os dados da GfK/CAEM, a que o ECO teve acesso.Paula Nunes / ECO

O grupo Impresa está a colher os frutos da nova estratégia na programação. Um mês depois da estreia, já é claro que o Programa da Cristina é líder de audiências das manhãs, algo que não acontecia desde fevereiro de 2008. Mas os dados mostram que Cristina Ferreira não “roubou” público ao antigo parceiro, Manuel Luís Goucha: o share da TVI nas manhãs também subiu em cadeia, depois de, na reta final de dezembro, a estação ter apostado no formato Monte do Manel e, já em janeiro, ter estreado no Você na TV! um novo cenário e uma nova apresentadora, Maria Cerqueira Gomes.

Dados recolhidos pela GfK/CAEM, consultados pelo ECO, mostram que, no horário daytime (das 10h12 às 12h59), entre 7 de janeiro e 5 de fevereiro, a SIC liderou com um share médio de 33,5%, contra 19,1% da TVI. Além disso, o canal da Impresa alcançou um share de 19,2% na média total dos dias úteis no mês de janeiro. Já o share da TVI foi de 18,8%, inferior ao da SIC em 0,4 pontos percentuais. Ou seja, a SIC tornou-se líder nas manhãs, tendo passado de um share de 17,6% em dezembro para 19,2% no primeiro mês de 2019, altura em que a Impresa implementou a nova grelha.

No entanto, os dados também mostram que Cristina Ferreira não arrebatou audiência ao canal concorrente. Isto porque, em janeiro, o share da TVI em dias úteis também aumentou face a dezembro, ainda que de forma marginal, em 0,1 pontos percentuais (com a ressalva de que, na segunda metade de dezembro, a TVI emitiu o Monte do Manel e, no início de janeiro, estreou o novo cenário e a nova apresentadora do Você na TV!). Uma análise mais aprofundada às tabelas de audiências permite concluir que o prejuízo maior em matéria de audiências foi registado pelo grupo RTP, que fechou o primeiro mês do ano a perder quota em sinal aberto.

Ora veja-se. Em dias úteis, durante o mês de dezembro, o share da RTP 1 era de 13,7%, mas caiu para 12,8% no final de janeiro. Já o acumulado dos outros canais em sinal aberto — RTP 2, RTP 3 e RTP Memória — recuou de 11,3% em dezembro para 9,8% em janeiro. Foi este o “efeito Cristina” na TV em sinal aberto no país. Até porque, alargando o espetro à oferta de canais por subscrição, até estes cresceram em share, na ordem dos 0,8 pontos percentuais.

O Programa da Cristina estreou-se a 7 de janeiro na programação da SIC, com uma audiência histórica de 40,1% de share no primeiro dia, que cresceu para 40,9% no dia seguinte devido ao fator “novidade”. Já nessa altura, a tendência de estabilização das audiências com o tempo era evidenciada pelos dados da GfK/CAEM, com uma ligeira recuperação da TVI nessa primeira semana, em que estreou a nova aposta da SIC. Dados adicionais obtidos pelo ECO mostram que, nas restantes semanas após a estreia e até ao fim do mês, o share médio do programa foi de 33,3%.

Em traços gerais, é este o raio-X de um programa que deu novo fôlego à Impresa e que teve entre os convidados nomes como o do presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, ou da líder do CDS-PP, Assunção Cristas (e que protagonizou, logo na estreia, o momento insólito do telefonema do Presidente da República). Todos estes momentos alcançaram com eficácia o perfil demográfico característico deste tipo de programas. O telespetador médio é mulher, adulta, com idade entre os 65 e 74 anos, de classe média-baixa e oriunda do norte do país, como noticiou o ECO em meados do mês passado.

Desde a estreia de Cristina Ferreira, a Impresa também fez outras mexidas na grelha: Conceição Lino regressou ao pequeno ecrã com o conteúdo informativo A Rede, que o grupo controlado pela família Balsemão garante ter sido o “conteúdo informativo mais visto em janeiro”, e foi efetivada a mudança de instalações da redação, que passou de Carnaxide para o novo edifício em Paço de Arcos. Além disso, a SIC Notícias também foi alvo de uma modernização da identidade visual.

Todas estas novidades estão a fazer subir o valor do grupo em bolsa. Entre todas as ações da bolsa de Lisboa, as da Impresa são as que registam o melhor desempenho, com uma valorização acumulada superior a 50% desde o começo de 2019. Os títulos estão a cotar em 21 cêntimos, dando à dona da SIC uma capitalização bolsista na ordem dos 35,45 milhões de euros. Para comparação, a concorrente Media Capital, que tem a maior quota de mercado, tem um valor de mercado de cerca de 224,81 milhões de euros.

(Artigo atualizado para clarificar que, durante parte do mês de dezembro, a TVI emitiu o programa Monte do Manel e não o Você na TV!)

Evolução das ações da Impresa na bolsa de Lisboa

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Vendas de carros a gasolina em Portugal superam as do diesel pela primeira vez em 15 anos

Não é inédito, mas é preciso recuar muito para encontrar um mês em que as vendas de automóveis a gasolina tenham superado as do diesel. Foi isso que aconteceu no arranque deste ano.

As vendas de automóveis aceleraram no arranque do ano. Assistiu-se a um crescimento expressivo, de quase 10%, sendo que o motor desse aumento foi a gasolina. Pela primeira vez em 15 anos, saíram dos stands nacionais mais veículos a gasolina do que a gasóleo, evolução que segue a tendência que se começa a verificar um pouco por todos os países europeus. E a comercialização de modelos que recorrem a energias alternativas, tais como os elétricos, disparou.

Foram vendidos 15.753 automóveis no primeiro mês deste ano. Enquanto 6.860 destes veículos matriculados em janeiro estavam equipados com motores a gasóleo, um total de 7.339 recorriam a motores a gasolina, de acordo com dados da MotorData, confirmados pela Associação Comércio Automóvel de Portugal (ACAP) ao ECO. A última vez que tal tinha acontecido foi em março de 2004, ano do Europeu de Futebol em Portugal.

Os automóveis que utilizam apenas motor a combustão a gasolina representaram 46,6% das vendas no mercado nacional, contra os 43,5% dos modelos a gasóleo, sendo que o peso da gasolina sobe quando considerados os veículos híbridos, ou seja, que têm acoplado um motor elétrico. E chega mesmo aos 52,1% do total quando a estes se juntam os modelos elétricos mas que contam com motor a combustão para extensão da autonomia.

Venderam-se mais 479 carros a gasolina que a diesel em janeiro

Fonte: MotorData

Os dados do arranque deste ano mostram um acelerar da tendência registada já em 2018. Dos mais de 200 mil veículos novos comercializados em Portugal, o ano passado, os carros a gasóleo mantiveram-se como os mais vendidos, mas o seu peso no mix de vendas caiu a pique. Foram vendidos um total de 121.591 carros a gasóleo, uma quebra 10,4% que levou a quota dos diesel a encolher de 61%, em 2017, para 53,25%, em 2018. A gasolina ganhou quota, mas o destaque foi para os veículos que recorrem a energias alternativas.

Diesel em fim de vida

Portugal começa, agora, a embarcar na mudança de paradigma a que se assiste no resto dos países europeus, em que os consumidores estão a afastar-se do diesel. Foi desde o escândalo de manipulação de emissões de gases poluentes por parte da Volkswagen, em setembro de 2015, que os motores a gasóleo começaram a ser colocados de parte em detrimento de veículos a gasolina, híbridos e elétricos.

Enquanto em Portugal o diesel se manteve como “rei” nas vendas, no resto da Europa rapidamente se assistiu a uma inversão. De acordo com os dados mais recentes da Associação Europeia dos Fabricantes de Automóveis, no terceiro trimestre de 2018, quase 58% de todos os automóveis novos de passageiros vendidos na União Europeia eram movidos a gasolina. Apenas cerca de um terço dos veículos comercializados era a diesel, num contexto em que muitos responsáveis apontam para o descontinuar destes motores. E as cidades começam a proibi-los devido à poluição.

Com o exemplo europeu em mente, Matos Fernandes veio alertar os consumidores nacionais para o risco que os portugueses correm ao continuarem a comprar automóveis a diesel. “Quem comprar carro a diesel, daqui a quatro ou cinco anos vai ter, provavelmente, menos valor na troca”, afirmou o ministro do Ambiente e da Transição Energética em entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, gerando reações musculadas por parte dos players do mercado. E voltou a repetir o aviso na SIC Notícias, sublinhando, no entanto, que o Governo não irá proibir o diesel, cabendo às cidades essa decisão. João Galamba, o seu secretário de Estado, repetiu-o ao Público.

Futuro é elétrico (mesmo que não a 100%)

A mudança do gasóleo para a gasolina cá dentro, mas principalmente lá fora, está a ter um forte impacto sobre a produção de carros no mercado nacional. Tendo em conta que alarga maioria dos veículos que saíram das fábricas portuguesas (97%) teve como destino o mercado externo, nomeadamente a Europa, de acordo com dados da ACAP, cedidos ao Dinheiro Vivo, pela primeira vez desde 1995 saíram das linhas de montagem nacionais em 2018 mais carros a gasolina que a diesel.

Foram produzidos um total de 148.293 automóveis com motor a gasolina, o equivalente a 50,4% da produção em Portugal, sendo os restantes a diesel. E a mudança na produção é mais expressiva quando se olha apenas para os veículos que saíram da Autoeuropa. Dos 234.151 automóveis ligeiros montados no ano passado em Palmela, 63,3% (148.095) tinham um motor a gasolina, a percentagem mais elevada desde 1995 — desde 2009 que saem de Palmela mais carros a gasolina que a gasóleo.

A produção de veículos elétricos em Portugal foi residual, contando-se apenas 104 veículos, isto quando a procura está a acelerar de forma expressiva. Aliás, Matos Fernandes aponta os elétricos como o futuro, dizendo que Portugal “não pode ficar fora dessa transformação”.

Só em 2018, as vendas de ligeiros de passageiros 100% elétricos totalizaram 4.073 unidades, o que representou um crescimento de 148,4% face ao ano anterior — o parque de automóveis totalmente movidos a eletricidade aumentou, assim, para 7.771, isto sem incluir os dados da Tesla. E no arranque deste ano mantém-se a tendência, tendo sido matriculados mais 653 elétricos “puros”, de acordo com os dados da MotorData. A estes juntam-se 275 elétricos que recorrem a motores a combustão para aumentar a autonomia e mais 512 híbridos, sejam a gasolina ou a gasóleo.

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Trump anuncia Malpass como o seu candidato ao Banco Mundial

  • Lusa
  • 6 Fevereiro 2019

O Presidente norte-americano indicou para a presidência do Banco Mundial o subsecretário do Tesouro, que é um crítico da instituição financeira.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou esta quarta-feira que David Malpass, atual subsecretário do Tesouro, é o seu candidato para presidir ao Banco Mundial, uma decisão controversa pelas críticas que o escolhido fez sobre a instituição internacional.

“David Malpass é a pessoas certa para ocupar esta posição incrivelmente importante”, disse Donald Trump, acrescentado que a pessoa escolhida tem muita experiência e que “não existe melhor opção”.

A nomeação de David Malpass deve ser aprovada pelo Conselho Executivo da instituição financeira internacional, que já indicou que receberá candidaturas a partir de quinta-feira e até 14 de março e que o processo de seleção será “baseado no mérito e será transparente”.

David Malpass afirmou que estava “honrado” pela designação e que se compromete com uma agenda de “reformas construtivas” no Banco Mundial, sublinhando a sua vontade de contribuir para os esforços para integrar mais as mulheres na economia.

“Estou muito otimista de que podemos criar um crescimento no exterior que nos ajude a combater a pobreza extrema e a aumentar as oportunidades económicas para os países em desenvolvimento”, disse.

A posição é atualmente ocupada de forma interina pela búlgara Kristalina Georgieva, conselheira delegada da instituição, após a saída surpreendente do norte-americano Jim Yong Kim, três anos antes do final do seu segundo mandato.

Até ao momento não são conhecidos mais candidatos ao cargo, cujo escolhido deverá ser anunciado durante o mês de abril.

A tradição estabelece que os Estados Unidos nomeiam o presidente do Banco Mundial, enquanto a Europa escolhe o líder do Fundo Monetário Internacional (FMI).

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