PS quer redução das taxas moderadoras em função da linha Saúde 24 e frequência das consultas

  • ECO
  • 24 Junho 2019

Os socialistas querem que a isenção ou redução das taxas moderadoras nos cuidados primários esteja ligada ao uso da linha Saúde 24 ou em função da frequência das consultas.

Os socialistas querem que o pagamento de taxas moderadoras nos cuidados primários de saúde seja definido em função de fatores como o “encaminhamento dos utentes através da Linha [Saúde] 24” ou a “frequência das consultas”. A notícia foi avançada pelo Público (acesso condicionado), que cita a deputada do PS Jamila Madeira, e surge depois de o partido ter votado contra o fim das taxas moderadoras nos centros de saúde.

Jamila Madeira disse ao jornal que “não se pode suprimir integralmente” o pagamento destas taxas nos cuidados primários, pois elas representam uma parte relevante das receitas para o financiamento do Sistema Nacional de Saúde (SNS).

O PS rejeita ainda que tenha protagonizado um “recuo” no Parlamento na discussão na especialidade, apesar de ter aprovado a proposta na generalidade: “Fomos absolutamente claros no debate”, disse a deputada.

Os socialistas pretendem, assim, reduzir o pagamento de taxas moderadoras, mas não de forma integral nos cuidados primários e não já a partir de 2020. A ideia é a redução ser faseada e em função de vários fatores. Além disso, para Jamila Madeira, devia ser a Direção-Geral da Saúde a regulamentar a diminuição destas taxas e não o Parlamento.

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Hoje nas notícias: IRS, imóveis dos partidos e cativações

  • ECO
  • 24 Junho 2019

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

Os partidos têm 50 milhões em imóveis, que na sua maioria está isenta de IMI. O dia fica ainda marcado pelas críticas de Rui Baleiras às cativações, pelas propostas do PS para as taxas moderadoras e pela greve dos oficiais de justiça. Destaque também para as propostas do grupo parlamentar de Carlos César que dão ao Fisco o poder de exigir IRS aos senhorios que tenham beneficiado da redução implicada contratos de arrendamento de longa duração, não tendo levado esses contratos até ao fim.

Rendas longas: Fisco pode exigir IRS de volta 20 anos depois

A Autoridade Tributária (AT) vai passar a poder exigir aos senhorios que, sem justa causa, não levem os contratos de arrendamento de longa duração até ao fim a devolução do imposto “poupado” à boleia da redução da taxa de IRS prevista para este tipo de contratos, nem que seja 20 anos depois. Esta medida é da autoria do PS e estipula a suspensão do prazo de caducidade durante o qual se pode liquidar um imposto detetado em falta, que é em regra de quatro anos. Ou seja, nem que seja 20 anos depois, o Fisco terá poder para exigir o IRS em falta. Em causa, está recorde-se, o regime que introduziu a redução da taxa aplicada para contratos de arrendamento de longa duração, que fixou, por exemplo, em 10% (em vez de 28%) a taxa aplicada aos contratos superiores a 20 anos. Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago).

“Cativações são um paradigma que está falido”

O coordenador da Unidade Técnica de Apoio Orçamental defende que as cativações são, “de certa forma, um exercício de ficção orçamental”. Rui Baleiras vai mais longe e defende que se trata um paradigma que “está falido”, “é mau” e ineficiente”. “É um paradigma em que vivemos há décadas, mas já demonstrou, à saciedade, que está falido. Quer dizer que é mau, é ineficiente e, em larga medida, explica porque temos sido sempre deficitários”, diz. Leia a notícia completa no Antena 1 (acesso livre).

PSD ultrapassa PCP. É o partido mais rico em imóveis

O PSD ultrapassou o PCP e é agora considerado o partido português mais rico em imóveis. Os ativos fixos tangíveis — sobretudo imóveis, mas também automóveis e outros bens — dos sociais-democratas aumentaram mais de quatro vezes entre 2017 e 2018, resultado de uma reavaliação do património pedida ao Fisco. Leia a notícia completa no Público (acesso condicionado).

Isenção de taxas moderadoras pode vir a depender de Linha 24

Os socialistas defendem que a introdução de novas isenções nas taxas moderadoras nos cuidados primários (consultas em centros de saúde e exames complementares de diagnósticos) fique dependente de fatores como o “encaminhamento dos utentes através da Linha 24” ou da frequência de consultas. De acordo com a deputada Jamila Madeira, o PS é a favor de uma diminuição progressiva das taxas moderadoras e não da sua eliminação imediata e integral, já que tais taxas representam uma fatia grande do atual financiamento do Sistema Nacional de Saúde. Leia a notícia completa no Público (acesso condicionado).

Greve dos oficias de justiça pode levar a adiamento de Alcochete e Marquês

A greve de cinco dias dos funcionários judiciais pode levar ao adiamento do início da fase de instrução do processo do ataque à Academia do Sporting em Alcochete e do depoimento do antigo secretário de Estado Fernando Serrasqueiro, no âmbito da Operação Marquês. Os oficiais de justiça protestam contra a divisão em 14 vezes do suplemento que até agora têm recebido 11 vezes por ano, o que implica uma redução do salários destes funcionários. “A insatisfação é tanta que há tribunais que vão fechar completamente”, garante o presidente do Sindicato dos Funcionários Judiciais, o que deixa antever o adiamento dos tais dois casos mediáticos. Leia a notícia completa no Diário de Notícias (acesso pago).

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PSD ultrapassa PCP. É o partido mais rico em imóveis

  • ECO
  • 24 Junho 2019

O património imobiliário do PSD aumentou mais de quatro vezes em apenas um ano, na sequência da reavaliação pedida ao Fisco. Ultrapassou o PCP e é agora o partido mais rico em imóveis.

O PSD ultrapassou o PCP e é agora considerado o partido português mais rico em imóveis. Os ativos fixos tangíveis — sobretudo imóveis, mas também automóveis e outros bens — dos sociais-democratas aumentaram mais de quatro vezes entre 2017 e 2018, resultado de uma reavaliação do património pedida ao Fisco, noticiou o Público (acesso condicionado).

Em 2017, o PSD declarou apenas 5,9 milhões de euros em ativos fixos tangíveis, rubrica que subiu para 26,3 milhões com a reavaliação em 2018, que é mais de metade do valor patrimonial declarado por todos os partidos representados na Assembleia da República. A reavaliação colocou o partido presidido por Rui Rio no top dos partidos com maior valor patrimonial, superando o PCP, historicamente o partido com mais imóveis, que registou ativos fixos tangíveis de 14,7 milhões no ano passado.

De acordo com o Público, o PSD foi o único partido até ao momento a pedir uma reavaliação do valor do seu património imobiliário, pelo que os valores registados pelos restantes partidos deverá pecar por defeito. Desde logo, o PS registou um património de 6,7 milhões de euros, o BE tem um único imóvel avaliado em 1,5 milhões e o CDS tem um património avaliado em 425 mil euros.

Os sociais-democratas justificaram o pedido de reavaliação dos imóveis com a “situação financeira do partido”, tendo em conta que, como disse ao jornal o secretário-geral do PSD, José Silvano, a “avaliação patrimonial estava muito baixa”. No entanto, o Público lembra que a Entidade das Contas e Financiamentos dos Partidos (ECFP) pediu esclarecimentos ao PSD sobre as contas relativas a 2015. O PSD garante agora que está a atualizar as isenções, para que “não fique qualquer IMI por pagar”, mas recusou revelar os valores que estima ter de pagar.

Em causa está o facto de os imóveis dos partidos estarem isentos do pagamento de Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), mas só se estiverem afetos à atividade partidária. No total, os partidos representados no Parlamento têm cerca de 50 milhões de euros em património imobiliário.

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“Cativações são um paradigma falido e ineficiente”, diz Rui Baleiras

  • ECO
  • 24 Junho 2019

Para o coordenador da UTAO, o problema base é a inexistência de gestão das finanças públicas. Defende que se deve evoluir para "um modelo de gestão descentralizada".

O coordenador da Unidade Técnica de Apoio Orçamental defende que as cativações são, “de certa forma, um exercício de ficção orçamental”. Rui Baleiras vai mais longe e defende que se trata um paradigma que “está falido”, “é mau” e ineficiente”.

“É um paradigma em que vivemos há décadas, mas já demonstrou, à saciedade, que está falido. Quer dizer que é mau, é ineficiente e, em larga medida, explica porque temos sido sempre deficitários”, diz Rui Baleiras em entrevista ao Jornal de Negócios (acesso pago) e à Antena 1.

Para o coordenador da UTAO, o problema base é a inexistência de gestão das finanças públicas e lembra que “as cativações não são a única forma de racionar a tesouraria”. “O que temos é um controlo da tesouraria da Administração Central. Raciona-se a tesouraria. Porque a contabilidade é de caixa. As cativações são um instrumento de racionamento da tesouraria mas há outros. A dotação provisional que está no Ministério das Finanças também”, acrescenta.

Rui Baleiras defende que o caminho para o qual se deve evoluir é para “um modelo de gestão descentralizada e responsabilizada com os ministros setoriais, de médio prazo, com contabilidade orçamental, financeira e analítica”. Uma opinião partilhada, garante, por todos os deputados que aprovaram a tal lei de enquadramento orçamental.

E porque não se avança? “Porque não existe uma consciência suficientemente generalizada nos políticos” e porque “não dá soundbytes, não dá dividendos políticos no final do ano”. “É uma reforma de Estado, é uma reforma para décadas e é por isso que, tal como noutras áreas estruturantes em que os benefícios vêm às pinguinhas durante décadas, os incentivos do mercado políticos não favorecem que os políticos se empenhem nelas. Depois não são recompensados no dia das eleições”, sublinha na Conversa Capital.

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Negócios de milhões agitam pequenos bancos em Portugal

Banca estabilizada? Há uma nova vaga de fusões e aquisições no mercado nacional. Desta vez são os bancos pequenos a atraírem grandes investidores nacionais e internacionais.

Nova vaga de fusões e aquisições na banca portuguesa tem outros protagonistas. Desta vez são os bancos pequenos na mira dos grandes investidores.Imagem de Lídia Leão

Governo e Banco de Portugal não se fartam de evidenciar a estabilização da banca portuguesa nos últimos anos, depois de a crise ter provocado problemas de capital nas maiores instituições financeiras nacionais. Mas nos últimos meses surgiu uma nova vaga de fusões e aquisições no sistema, com novos protagonistas. Desta vez são bancos de reduzida expressão no mercado que estão a atrair gigantes nacionais e internacionais à procura de oportunidades num país que ainda carrega o fardo da crise mas cuja economia potencia negócios de milhões.

CTT apostam no crédito ao consumo com 321 Crédito

Em plena transformação, os CTT apostam forte no negócio financeiro e para alavancar o seu Banco CTT (liderado por Luís Pereira Coutinho) acabaram de comprar a 321 Crédito por 100 milhões de euros.

A 321 Crédito é uma instituição financeira vocacionada para o crédito ao consumo, um mercado em elevada expansão em Portugal, depois de anos de crise ter restringido a vontade consumista dos portugueses. Fechou o ano passado com um lucro de oito milhões de euros e “aumentos muitos significativos de atividade e de carteira sob gestão”, segundo o relatório e contas de 2018. O produto bancário cresceu 30% para 21,4 milhões de euros.

Sendo mais difícil crescer de forma orgânica, o grupo expande o negócio através de aquisições. Para Pereira Coutinho, a 321 Crédito “representa mais um passo na afirmação do Banco CTT, que conta com quase meio milhão de clientes”. “Uma vez concretizada, esta aquisição reforçará a oferta de produtos e os rácios do Banco CTT e é um passo lógico e importante na nossa estratégia“, referiu Pereira Coutinho, aquando da aprovação do negócio pelas autoridades.

A aquisição da 321 Crédito deverá permitir aos CTT diversificar o portefólio de produtos do Banco CTT, “com um negócio rentável de crédito ao consumo, e otimizar o Balanço do Banco CTT, melhorando o seu rácio de transformação de 20% para mais de 60%”.

Australianos à espera do Banco de Portugal para comprar Primus

Uma combinação irresistível entre bom ambiente económico em Portugal e robustez do banco levou o australiano Pepper Group a avançar para a compra do português Banco Primus, uma instituição financeira especializada no crédito ao consumo, por 65 milhões de euros“, assim escrevia o ECO no dia 7 de agosto de 2017.

Quase dois anos depois do anúncio da operação, o negócio com os australianos continua em “banho-maria”, à espera da autorização do Banco de Portugal para se finalizar a compra do banco aos franceses do Crédit Foncier. Ainda não se iniciou sequer o período de oposição de 60 dias úteis durante o qual o supervisor poderá travar ao negócio, com as duas partes ainda em contacto e a trocarem informações e documentação sobre o negócio. “Tendo em conta a presente data, é expectável que tal ocorra até 31 de julho próximo”, disse ao ECO Hugo Carvalho Silva, CEO do Banco Primus.

O Pepper Group, agora detido pelo fundo KKR, é um grupo financeiro australiano que atua no setor do crédito ao consumo. O grupo está atualmente cotado na bolsa do país, com um valor de mercado de cerca de 450 milhões de euros. Na Europa, já está presente em Reino Unido, Irlanda e Espanha.

Já o Banco Primus dedica-se à concessão de crédito ao consumo, sobretudo automóvel, e ao mercado hipotecário em Portugal e Espanha, tendo alcançado receitas de 24,4 milhões de euros em 2018, com um lucro de 10 milhões. Mas os australianos querem colocar o banco receber depósitos, como disse ao ECO o presidente do Pepper Group, Mike Culhane há dois anos. Hugo Carvalho Silva adianta que o banco detém uma licença full scope, e não precisa de autorização do supervisor bancário para aceitar dinheiro dos depositantes.

Em cima da mesa está ainda a possibilidade de o Banco Primus mudar de nome para… Pepper Bank.

Árabes adquirem banco à Fundação Oriente…

Detido a 90% pela Fundação Oriente, o Banco Português de Gestão (BPG) terá sido vendido aos novos donos do Efisa, a Bahrain IIBG Holdings, revelaram ao ECO Insider fontes de mercado. Há algum tempo que a Fundação Oriente tinha mostrado disponibilidade para vender o banco liderado por Carlos Monjardino e este desfecho não é uma surpresa. Fonte oficial da fundação disse ao ECO que “não há qualquer venda confirmada”.

O BPG encerrou 2018 com prejuízos de 14 milhões de euros, provocados pela queda da margem financeira (-15%) e por um aumento dos custos operacionais (+21%). Também as imparidades do crédito pressionaram: registaram um aumento líquido de 4,7 milhões de euros, “decorrente de um esforço dirigido a uma redução do peso líquido dos NPL (non performing loan) na carteira de crédito”.

No decurso do ano passado e da “limpeza” do balanço, o banco realizou dois aumentos de capital por imposição do Banco de Portugal: o primeiro no dia 14 de setembro no valor de sete milhões de euros; o segundo ocorreu já no dia 28 de dezembro, elevando o capital da instituição em mais 8,5 milhões para os 69,15 milhões de euros, segundo o relatório e contas.

Carlos Monjardino explica as medidas tomadas visaram “robustecer o negócio, quer o capital e, globalmente, a solidez financeira da instituição”, salientando (além dos aumentos de capital no valor global de 15,5 milhões) “o incremento de imparidades, a redução dos ativos não produtivos, a revisão da estratégia, o fortalecimento do sistema de controlo interno, a reestruturação organizacional, o considerável investimento em tecnologia e o reforço do quadro de pessoal”

O ECO Insider acrescenta que a limpeza do balanço era a condição essencial da venda, e que permitirá possivelmente, a seguir, uma fusão com o Efisa, um dos despojos do BPN que estava nas mãos da Parvalorem e que foi vendido ao Bahrain IIB Holdings recentemente, por 27 milhões de euros.

… depois da compra do Efisa por 27 milhões

Antes do BPG, os investidores árabes tinham adquirido o banco Efisa que estava na esfera do Estado, através da holding Parparticipadas, por 27 milhões de euros. O Efisa era o banco de investimento do BPN, que foi nacionalizado em 2008.

O negócio ainda se encontra à espera de “luz verde” do Banco Central Europeu. Pouco se conhece publicamente do Bahrain IIBG Holdings. Anteriormente, aquela sociedade constituída no Reino do Bahrain tinha comprado o Banco Internacional de Cabo Verde ao Novo Banco.

Há uma década que o Efisa estava à venda. O montante do negócio fica acima do preço base fixado o ano passado, à volta dos 22 milhões de euros, mas fica aquém dos valores pedidos na anterior tentativa de alienação, em 2015, que acabou por ser cancelada. Este concurso teve como vencedor a Pivot, constituída por um grupo de investidores onde se incluía a Aethel, de Ricardo Santos Silva e Aba Schubert, ou ex-ministro Miguel Relvas, e que oferecia 38,3 milhões de euros. Mas a transação nunca conheceu luz verde da parte do supervisor bancário europeu.

Ainda não são conhecidos os resultados do ano passado. Em 2017, apurou um prejuízo de seis milhões de euros, contando com um capital próprio de 37,2 milhões de euros no final de dezembro daquele ano.

Chineses entram no BNI Europa

O angolano Banco de Negócios Internacional (BNI) prepara-se para vender a maioria da sua participação no português BNI Europa até junho, sendo que o comprador chinês, o KWG, terá de colocar 15 milhões de euros no banco nacional.

A instituição realizou a 17 de junho uma assembleia geral para aprovar um aumento de capital no valor de 15 milhões de euros e ainda supressão dos direitos de preferência dos acionistas. Isto quer dizer que será o novo acionista a injetar dinheiro no banco após a autorização do regulador, notou o BNI Europa ao Expresso.

No relatório e contas de 2018, o BNI Europa revela que “o processo de autorização para a aquisição de participação qualificada do capital social do Banco BNI encontra-se em fase final de apreciação por parte do Banco de Portugal e Banco Central Europeu, prevendo-se a sua conclusão até ao final de junho de 2019”.

2018 também ficou marcado por uma limpeza do balanço do banco liderado por Pedro Pinto Coelho. O BNI Europa registou prejuízos de 6,5 milhões de euros, perante o reforço de imparidades para crédito, que ascenderam a 10,6 milhões de euros.

Na certificação de contas, a PwC frisou que a capitalização do banco no exercício de 2019 “apresenta-se como fundamental para a prossecução do seu plano de negócios apresentado pelo conselho de administração, o qual levou em consideração a entrada do novo acionista”.

Amorim vende Banco Carregosa

A Amorim Projetos detém cerca de 8% do Banco Carregosa, liderado por Maria Cândida da Rocha Silva. Mas os herdeiros de Américo Amorim pretendem vender a posição, uma vez que consideram não ser uma participação estratégica, e até já terão abordado os outros acionistas nesse sentido, de acordo com o Jornal Económico.

Fonte do banco adiantou na altura que a decisão de alienação surgiu “após o falecimento do senhor Américo Amorim”, que ditou uma distanciamento dos seus herdeiros “da gestão do Banco Carregosa”.

Entre os outros principais acionistas, com mais de 5% da instituição com sede no Porto, estão a própria presidente Maria Cândida da Rocha e Silva, Jorge Freitas Gonçalves (vice-presidente) e António Pinto Marante (administrador), isto além da Amorim Projetos.

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Recibos verdes que falharam entrega de declaração trimestral escapam a coimas que podiam chegar a 250 euros

Os trabalhadores independentes que falharem a entrega da declaração trimestral não vão ser alvo de coimas, pelo menos, por agora. Isto devido à novidade do regime, explicou ao ECO Cláudia Joaquim.

Afinal, os trabalhadores independentes que falharam ou vierem a falhar a entrega da declaração trimestral de rendimentos não vão ser alvo de coimas. Pelo menos, por agora. Em entrevista ao ECO, a secretária de Estado da Segurança Social, Cláudia Joaquim, explicou que, face à novidade do regime, está a ser estudada a substituição dessa penalização, que poderia chegar aos 250 euros, por uma admoestação, isto é, um mero aviso.

Cláudia Joaquim, Secretária de Estado da Segurança Social, em entrevista ao ECO - 19JUN19
Cláudia Joaquim indicou ao ECO que Governo está a estudar a aplicação da figura da admoestação, nas falhas de obrigação declarativa dos recibos verdes.Hugo Amaral/ECO

No início deste ano, o regime dos trabalhadores independentes mudou. Uma das principais alterações foi, precisamente, a substituição da declaração anual de rendimentos por quatro declarações trimestrais, a serem entregues até ao fim de janeiro, abril, julho e outubro de cada ano. Isto de modo a aproximar o rendimento relevante sobre o qual incide a contribuição para a Segurança Social do rendimento efetivo desses trabalhadores, uma vez que o modelo anterior era “insensível” às variações do rendimento durante o ano.

Os dois primeiros períodos de entrega deste ano já acontecerem, com 408 mil trabalhadores independentes a apresentar a declaração, em janeiro, e 358 mil, em abril. Caso se verifique o incumprimento desta obrigação declarativa, a lei prevê que a Segurança Social emita um documento oficioso de cobrança no valor da contribuição mínima (20 euros) e aplique uma coima, que varia entre 50 euros e 250 euros, de acordo com o Código dos Regimes Contributivos, tendo sido registados problemas na aplicação dessa última disposição.

No início de maio, o ECO deu conta que serviços da Segurança Social estavam com dúvidas sobre a aplicação dessas coimas, dizendo não saber que valor aplicar, quando aplicar, nem como poderia ser feito o pagamento dessa penalização.

Um mês depois, e em entrevista ao ECO, a secretária de Estado da Segurança Social explicou: “O que nós temos aqui no novo regime dos trabalhadores independentes é, de facto, uma mudança muito grande. E portanto, o que está a ser trabalhado neste momento é que, para esta primeira fase, possa haver a figura da admoestação”. Por outras palavras, quem falhou a entrega da declaração trimestral deverá escapar à coima.

Face à novidade do regime e perante o facto de que a contribuição em causa acabará por ser apurada corretamente, já que no ano seguinte é feito um cruzamento com os dados das Finanças, o Executivo está assim a estudar um modo de aplicar apenas um “primeiro aviso” aos trabalhadores independentes que não tenham cumprido a obrigação declarativa em questão.

http://videos.sapo.pt/4lCJlflG7y2oWnkw85tP

“É essa a mensagem que temos tentado transmitir, porque uma não declaração trimestral determina o pagamento do valor mínimo, mas no ano seguinte, quando for feito o cruzamento entre os valores que forem declarados nas quatro declarações trimestrais do ano anterior e o volume de negócios que foi declarado em sede de IRS, haverá um apuramento dessa contribuição a pagar”, salientou Cláudia Joaquim.

Temos plena consciência que é um regime novo. Pela primeira vez existe declaração trimestral e, portanto, é importante também a admoestação para ser um aviso, um primeiro aviso. Depois, a legislação será cumprida integralmente e terá de o ser através da contraordenação por ausência da declaração trimestral”, acrescentou a mesma governante.

Questionada sobre o prazo em que estará em vigor esta figura da admoestação, a secretária de Estado garantiu que a avaliação ainda está a ser feita, mas sublinhou que essa figura baseia-se essencialmente na novidade do regime. Ou seja, os trabalhadores independentes só deverão ficar isentos destas coimas, neste primeiro ano do novo regime.

De notar que os beneficiários em causa ainda não foram avisados da admoestação. “Esse aviso ainda não saiu e nós estamos a trabalhar nele para que possa sair rapidamente”, rematou Cláudia Joaquim.

Por outro lado, a secretária de Estado da Segurança Social fez um “balanço positivo” dos primeiros seis meses deste regime, referindo que o objetivo destas novas regras foi o de “colmatar aquelas que eram os principais motivos de queixas”.

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Governo estima atribuir seis mil pensões provisórias de invalidez e sobrevivência

A secretária de Estado da Segurança Social avança ao ECO que deverão ser atribuídas cinco a seis mil pensões provisórias de invalidez e sobrevivência, face às alterações legislativas recentes.

Deverão ser atribuídas cinco a seis mil pensões provisórias de invalidez e sobrevivência, à boleia das alterações trazidas pelo diploma publicado há pouco mais de uma semana em Diário da República. Este número foi adiantado ao ECO pela secretária de Estado da Segurança Social, Cláudia Joaquim, que explica que as mudanças legislativas em causa tiveram como objetivo tornar todo este processo mais célere.

Cláudia Joaquim, Secretária de Estado da Segurança Social, em entrevista ao ECO - 19JUN19
Cláudia Joaquim adiantou ao ECO que estão em condições de ser atribuídas entre cinco e seis mil pensões provisórias de invalidez e sobrevivência.Hugo Amaral/ECO

De acordo com o decreto-lei nº 79/2019, passa a ser possível atribuir pensões provisórias de invalidez e sobrevivência não apenas aos beneficiários em situação de carência económica ou que, no caso das primeiras, tenham esgotado o período máximo do subsídio de doença, mas a todos os requerentes que cumpram os requisitos de acesso.

Tal medida tem como objetivo, por um lado, responder aos atrasos que estas prestações têm registado (que tem levado os partidos políticos e a Provedora de Justiça a criticar duramente o Executivo de António Costa) e, por outro, agilizar todo o processo.

“Enquanto na pensão de velhice, a atribuição de pensões provisórias não tinha condicionantes, a não ser o requerente reunir todas as condições de acesso — e, aquando da atribuição da pensão definitiva, se houver alguns ajustamentos no valor da pensão, eles serem feitos e pagos com retroativos –, no caso da sobrevivência e da invalidez, a legislação previa algumas restrições e condicionantes”, explicou Cláudia Joaquim, em entrevista ao ECO.

Segundo a secretária de Estado da Segurança Social, pretendia-se criar assim um enquadramento legal que permitisse aos serviços “sinalizar os requerimentos de pensões que estão para decisão e que reúnem as condições de acesso” e que, portanto, podem “ser tratados de forma mais célere, num primeiro momento, e depois verificados”, aquando da atribuição da pensão definitiva.

“O levantamento que está a ser feito pelos serviços já permite sinalizar um conjunto de requerimentos, que são, pela verificação que o sistema pode fazer em termos de informação, situações [que são] passíveis de serem atribuídas” pensões provisórias de invalidez e sobrevivência, sublinhou a governante, indicando que estão nessa situação cinco a seis mil pedidos, “podendo até ser mais”.

http://videos.sapo.pt/mTV8zseRzInKrz7RFkja

Cláudia Joaquim fez questão ainda de sublinhar que a atribuição de pensões provisórias de invalidez e sobrevivência é um processo complexo, já que as condições de acesso continuam a ser mais apertadas do que no caso das pensões de velhice. No caso dessas últimas prestações, é preciso apenas verificar a idade do requerente e a sua carreira contributiva. Já no caso das pensões provisórias de invalidez, por exemplo, é preciso que seja reunida uma junta médica que “considere que a pessoa não está apta para o trabalho”, o que pode ser mais demorado.

Recorde-se que, em maio, o ministro do Trabalho já tinha adiantado, numa audição no Parlamento, que nesse mês iam ser atribuídas cerca de sete mil pensões a título provisório, tendo indicado, nessa altura, a vontade de alargar essas prestações provisórias às situações de sobrevivência e invalidez, o que acabou por acontecer em junho.

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5 coisas que vão marcar o dia

Altri centra atenções no PSI-20, num dia em que há dados estatísticos tanto da economia portuguesa como da alemã. O Governo vai apresentar o balanço do Simplex+2018 e o novo iSimplex2019.

Na bolsa de Lisboa, o destaque vai ser a Altri, cujas ações negoceiam em ex-dividendo. No dia em que o Governo vai apresentar o balanço do Simplex+2018 e o novo iSimplex2019, o INE publica dados das contas nacionais por setor institucional. Lá fora, o foco vai estar na economia alemã.

Ações da Altri em ex-dividendo

A Altri vai pagar aos acionistas um dividendo de 0,72 euros por ação na próxima quarta-feira. O valor total representa 10% dos lucros de 2018, que atingiram os 195 milhões de euros, e compara com 0,30 euros entregues aos acionistas referentes ao exercício de 2017. A partir desta segunda-feira, as ações da empresa do setor do papel e pasta de papel negoceiam sem direito ao dividendo. Também a F. Ramada vai pagar dividendos de 0,60 euros na quarta-feira e entra esta segunda-feira em ex-dividendo.

Apresentação do novo iSimplex2019

O Governo vai apresentar esta segunda-feira, em São João da Madeira, o relatório Simplex+2018 que faz o balanço do programa ao longo do ano passado. No mesmo evento, que se realiza a partir das 15h, será também apresentado o programa iSimplex2019, com a presença da ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, Mariana Vieira da Silva, e do primeiro-ministro, António Costa.

Contas nacionais por setor em foco

O Instituto Nacional de Estatísticas (INE) publica esta segunda-feira as contas nacionais trimestrais por setor institucional que permitem analisar com maior detalhe a economia portuguesa. O produto interno bruto cresceu 0,5% nos primeiros três meses do ano face ao final de 2018, o que levou a uma subida do PIB de 1,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. Além das contas nacionais, são ainda conhecidos a síntese económica de conjuntura e as previsões agrícolas, ambas relativas a maio.

Greve de trabalhadores da Randstad II

Os trabalhadores da empresa de recrutamento Randstad II iniciam esta segunda-feira uma greve, que vai arrancar com a concentração dos funcionários junto à sede na Avenida da República, em Lisboa. A paragem tem como objetivo reivindicar um aumento salarial digno e impedir a deslocalização de local de trabalho de cerca de 50 trabalhadores.

Economia alemã em destaque

A nível internacional, o foco vai estar em vários dados da economia alemã, incluindo a confiança dos empresários que serão divulgados pelo instituto Ifo. Após tanto o índice PMI de serviços como de indústria terem subido em junho face ao mês anterior e terem superado as expetativas, estes novos dados ganham especial relevo. Sabine Lautenschläger, membro do Banco Central Europeu (BCE) irá também discursar em Frankfurt.

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Indústria têxtil em Londres para entrar nas cadeias de valor internacionais

  • Bernardo da Mata, em Londres
  • 24 Junho 2019

Uma comitiva de empresários e gestores portugueses, liderada por César Araújo, participou no encontro anual em Londres de uma associação internacional de vestuário para fins laborais. Com distinções.

Historicamente, um dos setores mais relevantes da indústria portuguesa é o dos têxteis e, particularmente, o do vestuário e confeção, num contexto de concorrência externa crescente. É neste quadro que o ECO acompanhou em exclusivo a visita e a participação de uma comitiva da Associação Nacional das Indústrias do Vestuário e Confeção (ANIVEC), composta por vários empresários e delegados da indústria, na Cimeira da Professional Clothing Industry Association Worldwide (PCIAW), que terminou no final da semana passada em Londres. Um ponto de encontro que, para o presidente da Anivec. César Araújo, é crítico “para os empresários portugueses do ramo poderem diversificar mercados, vender produtos e evidenciar as suas marcas no plano internacional”.

O ponto de encontro dos profissionais mais reconhecidos do globo no setor do vestuário e conffeções foi o mítico Montcalm Hotel no coração de Marble Arch, a cinco minutos de uma das mais frenéticas e luxuosas montras do mundo, Oxford Street. A cimeira fora inaugurada no dia 18 com o discurso de César Araújo, que acumula a presidência da ANIVEC com a de diretor da PCIAW.

Na sua primeira intervenção, César Araújo destacou a importância da PCIAW como organização internacional de cooperação no setor têxtil no segmento de roupa para fins laborais, funcionando como um elo entre o comprador e a cadeia de produção. Para o empresário – é fundador da têxtil Calvelex -, nem tudo é sobre lucro e negócio. Como assinalou no seu discurso, o consumidor está cada vez mais exigente em matérias de sustentabilidade e de responsabilidade social. Destacou mesmo que “com os novos desafios da indústria, vêm também oportunidades como economia circular, desenvolvimento material e novos modelos de negócio”.

Os diferentes painéis e oradores que se seguiram cobriram de forma abrangente as oportunidades e desafios que o setor enfrenta. Entre eles, destacaram-se a intervenção de Adam Mansell, CEO da UKFT (Associação Britânica de Moda e de Têxteis), que abordou os impactos do Brexit na indústria, sublinhando, no entanto, que a saída da União Europeia potenciará mais investimento interno. Isto perante uma plateia de delegações empresariais dos mais diferentes cantos do globo, destacando-se Estados Unidos da América, Reino Unido, Canadá, Índia, Israel, Rússia, França, Alemanha, entre outros.

Quais são as principais vantagens competitivas de Portugal no setor do vestuário e confeção a nível internacional? Convicto, César Araújo afirmou que “Portugal fez um trabalho brilhante nestes últimos anos, construindo uma indústria de referência a nível mundial. As nossas indústrias (têxteis e de vestuário) são do melhor que há no mundo, mas, mesmo assim, nós temos de dar um passo maior que é conquistar a cadeia de valor. E é isso que estamos precisamente neste momento a fazer”.

Portugal já não é um mercado dos baixos salários quando se compara com outros países, isso mesmo confidenciou ao ECO um membro da delegação indiana, que preferiu não se identificar. Já teve uma operação em Portugal, mas abandonou-a por causa dos custos de mão-de-obra e alegadas dificuldades em modernizar a produção. Perante este quadro, como se vende a um investidor estrangeiro a indústria têxtil nacional? O empresário português responde que “qualquer cliente nosso sabe que Portugal é um porto bom e seguro, isto é, tem estabilidade de entrega do produto. São também indústrias e trabalhadores de alta qualidade e, por isso mesmo, fiáveis no produto que desenvolvem, trazendo por consequência um valor enorme ao cliente. Mas Portugal tem de passar à fase seguinte que é estar presente nos grandes fóruns internacionais do setor e ter uma voz, para que possam passar essa mensagem de que o nosso país pode ir para outras áreas de negócios, como é o caso da roupa de trabalho”.

No segundo dia do encontro, a 19 de junho, a comitiva da ANIVEC foi recebida pelo embaixador de Portugal em Londres, Manuel Lobo Antunes, e pelo conselheiro económico e comercial da AICEP no Reino Unido, Rui Boavista Marques, na emblemática embaixada situada em Belgravia. A receção foi à porta fechada, para apresentaram os seus negócios e perspetivas naquele país. A comitiva seguiu, depois, para o Hotel Montcalm, onde decorreu a gala de atribuição de prémios do setor.

Qualquer cliente nosso sabe que Portugal é um porto bom e seguro, isto é, tem estabilidade de entrega do produto. São também indústrias e trabalhadores de alta qualidade e, por isso mesmo, fiáveis no produto que desenvolvem, trazendo por consequência um valor enorme ao cliente. Mas Portugal tem de passar à fase seguinte que é estar presente nos grandes fóruns internacionais do setor e ter uma voz, para que possam passar essa mensagem de que o nosso país pode ir para outras áreas de negócios, como é o caso da roupa de trabalho.

César Araújo, presidente da Anivec

Na receção que antecedeu a gala, o ECO questionou empresários e membros de outras entidades presentes nesta iniciativa diplomática e de negócios. Alexandre Freitas, consultor do Centro de Inteligência Têxtil (CENIT), destacou que o setor tem vindo a crescer ininterruptamente desde há uma década, estando bem classificado a nível europeu. “Portugal, sendo um país pequeno, é um país que recebe bem o mercado têxtil e de vestuário e confeções, permitindo rápidas entregas de produtos”, combatendo também o estigma de que o setor seja atávico e pouco competitivo. Para Alexandre Freitas, tal ideia não podia ser menos verdadeira: “Em Espanha, sim, regista-se uma diminuição do volume exportações do nosso setor, estando Portugal, entretanto, a aumentar significativamente para Itália”. Este consultor do CENIT falou ainda das preocupações crescentes com tópicos como a economia circular e, ainda, a transformação digital, notando, contudo, que ainda não existe uma estratégia necessariamente definida com essa finalidade.

Ainda assim, há empresas a dar passos relevantes, particularmente na transformação digital. Matilde Vasconcelos, fundadora e CEO da Trot & Trotinete, empresa sediada em Leça do Balio e focada no design e comercialização de uniformes profissionais e escolares com 25 anos de experiência, salientou a importância e o impacto no negócio da criação de uma plataforma online que permite não só a encomenda como a gestão do stock e ainda facilita, por exemplo, no caso dos uniformes escolares, que os pais possam proceder à compra direta dos mesmos sem quaisquer complicações nem intermediários. O segmento dos uniformes e roupa para fins laborais , em termos combinado na Europa, é de 80 mil milhões de euros, sendo que só no mercado americano a compra e venda de uniformes para fins laborais representa 250 mil milhões de dólares.

À noite, na gala de atribuição de prémios, que contou com a apresentação de Anton du Beke, conhecido apresentador britânico, houve uma estrela portuguesa. A empresa Axfilia, representada por Maria José Machado, recebeu a distinção de Melhor Empresa mais recente na Indústria deste ano.

Sobre o Professional Clothing Awards, César Araújo sintetiza: “Este evento faz três anos. Foi uma iniciativa nossa, da ANIVEC e da Calvelex. Eu sou diretor da PCIAW e tenho um cuidado especial em passar a mensagem aos nossos parceiros que Portugal é um país onde podem comprar com qualidade e com prazo de entrega e com preços competitivos. O facto de ser português e de ser industrial pelo setor também ajuda Portugal a estar sempre na primeira linha quando o tópico é produção”.

E o Brexit é uma preocupação para a indústria têxtil portuguesa? “Sim, o Brexit é uma chatice, perdoe-me a expressão. Não sabemos de que modo se vai proceder e em que termos vai acontecer. Isto cria uma instabilidade enorme nas empresas, porque ninguém consegue determinar quais serão as consequências. A que se soma, por exemplo, o problema cambial, criando instabilidade adicional, porque é um fator que pode pesar nas contas das empresas e que nada tem a ver com a atividade ou gestão desse empresário. Por isso, nós só podemos acompanhar os desenvolvimentos do Brexit com atenção e a calma necessária, por muito difícil que isso seja”, rematou.

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Tecnologia do Porto rende milhões de euros à Euronext

A dona da bolsa de Lisboa aposta na monitorização tecnológica das suas bolsas e na venda de serviços a terceiros. O "coração" da inovação tecnológica situa-se no Porto há dois anos.

Os mercados financeiros estão cada vez mais tecnológicos e, no caso das bolsas europeias geridas pela Euronext, o Porto é o centro do desenvolvimento e inovação. É a partir do Centro Tecnológico em Portugal que o grupo gere operações IT, engenharia, desenvolvimento de software ou cibersegurança. Nas contas do grupo, as soluções tecnológicas representam 6%.

“É o ‘coração tecnológico’ do grupo Euronext”, diz ao ECO fonte oficial da gestora, cujo lucro atingiu 216 milhões de euros em 2018. As comissões de transações (34%), licenças (19%) e admissões à negociação (17%) são os segmentos que mais contribuem para os resultados, mas a tecnologia tem vindo a ganhar peso.

Do total de receitas conseguidas no ano passado, 615 milhões de euros, 6% (ou 118,3 milhões) dizem respeito a soluções de mercado, incluindo comissões de licenças de software, serviços de tecnologia de informação oferecidos a operadores de mercado externos e outros serviços de conexão e dados.

Tecnologia ganha peso para a dona da bolsa de Lisboa

Fonte: Euronext

Enquanto as licenças de software são atribuídas de forma descentralizada a partir de todas as localizações do grupo, os restantes segmentos das soluções de mercado têm como base principal o Porto. O investimento do grupo europeu na cidade “resultou da total transferência das competências existentes no Centro Tecnológico de Belfast” em 2017.

“Nessa altura, foi recrutada toda uma equipa de raiz”, conta fonte oficial da Euronext. Inicialmente, o objetivo era admitir 80 pessoas (maioritariamente de engenharia informática), criando uma equipa semelhante à existente em Belfast. “Mas rapidamente o board da Euronext reconheceu a excelência dos colaboradores e foram alargadas as competências inicialmente estabelecidas“.

Atualmente, e depois de 2018 ter sido o primeiro ano completo de atividade, o centro conta com cerca de 160 profissionais. Em dois anos, o número de colaboradores e áreas de atuação duplicou. “É esta a equipa que garante a abertura dos mercados da bolsa de valores em Portugal, mas também na Bélgica, Holanda, Irlanda e Paris”, sublinha.

A partir do Centro Tecnológico em Portugal são geridas todas as operações IT ao longo de 24 horas por dia nos sete dias da semana, bem como todos os computadores, servidores e redes no grupo. Testes de cibersegurança, gestão de dados do mercado, resolução de problemas diários ou a relação entre as áreas de desenvolvimento e operações são algumas das funções da equipa.

"Rapidamente o board da Euronext reconheceu a excelência dos colaboradores e foram alargadas as competências inicialmente estabelecidas.”

Fonte oficial da Euronext

Além do funcionamento quotidiano das operações, o centro é ainda responsável pelo desenvolvimento de software, incluindo trabalho de customização tecnológica para outras bolsas no norte da Europa e Médio Oriente, bem como bancos no Reino Unido.

Em entrevista à revista EXAME de maio, o diretor do centro, Manuel Bento, anunciou que o grupo está a preparar a venda de serviços a quatro novas bolsas do Médio Oriente. Questionada pelo ECO sobre o assunto, a Euronext explicou que o processo ainda não está fechado e afirmou que não divulga quais os países onde são utilizadas estas soluções.

Apesar do crescimento do centro, os últimos dois anos foram de desafios. Primeiro com o recrutamento de uma equipa de raiz, depois com a formação da mesma e aplicação do IT geral para a área específica dos mercados de capitais e, por último, com a consolidação da equipa. “Todas estas fases foram acompanhadas pelo crescimento de responsabilidades, o que, para a equipa, é desafiante e, acima de tudo, estimulante”, acrescentou o grupo.

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BIS teme “poder de mercado” e “anti-concorrência” das big tech no setor financeiro

A entidade que supervisiona os bancos centrais diz que a entrada de gigantes como Alibaba, Amazon, Facebook e Google, nos serviços financeiros pode implicar riscos anti-concorrenciais.

A entrada das big tech no universo dos serviços financeiros já é uma realidade e promete ser revolucionária. Uma revolução que, tal como uma moeda, tem duas faces. Se, por um lado, a entrada de gigantes tecnológicas como o Alibaba, a Amazon, o Facebook ou o Google vai tornar mais eficiente e aumentar o acesso a esses serviços financeiros, por outro acarreta riscos, alerta o Banco for Internacional Settlements (BIS), revelando especial preocupação face a uma eventual redução da concorrência. Apela assim a uma atuação concertada por parte das autoridades das diferentes geografias.

Os alertas surgem num capítulo especial do relatório anual do BIS dedicado às “big tech” e à finança, divulgado neste domingo. “A entrada das grandes tecnológicas nas finanças introduz elementos adicionais na equação de risco-benefício”, começa por dizer a entidade que supervisiona os bancos centrais.

“Alguns são temas antigos de estabilidade financeira e proteção dos consumidores, mas um novo elemento é o acesso das big techs a dados das suas plataformas existentes. Isso pode ser um rastilho para uma mudança rápida no sistema financeiro através da emergência de players dominantes que podem, em última análise, reduzir a competição”, avisa o BIS.

Aquela entidade lembra que “o papel dos gigantes tecnológicos na finança levanta questões que vão para além dos riscos financeiros tradicionais”, como é o caso da estabilidade financeira e a proteção do consumidor. Entre os motivos de especial preocupação relacionam-se com “o potencial de [as big techs] se tornarem dominantes em resultado das vantagens proporcionadas pelas malhas das suas redes, levantando questões de competição e de privacidade de dados“.

São duas as principais fontes de riscos que o BIS destaca. Uma delas está associada ao poder dos gigantes tecnológicos no mercado de serviços financeiros. “O papel das big techs traz ganhos de eficiência e barreiras menores à disponibilização de serviços financeiros, mas os mesmos recursos que trazem benefícios também têm o potencial de gerar novos riscos e custos associados com o poder de mercado”. Ou seja, uma vez instalado o ecossistema, o potencial para a entrada de concorrentes é muito mais limitado, com as plataformas já instaladas a aumentarem-lhes as barreiras.

Outro novo risco identificado pelo BIS incide sobre o “uso anticoncorrencial de dados”. “Dada a sua escala e tecnologia, os gigantes tecnológicos têm a capacidade de coletar enormes quantidades de dados a um custo próximo de zero. Isso dá origem a ‘monopólios digitais'”, salienta aquela entidade.

“Uma vez que a sua posição dominante esteja estabelecida, as grandes tecnológicas podem envolver-se na discriminação de preços e extrair rendimento. Eles podem usar os seus dados não apenas para avaliar a qualidade de crédito de um mutuário, mas também para identificar a taxa mais alta que o mutuário estaria disposto a pagar por um empréstimo ou o prémio mais alto que um cliente pagaria por um seguro”, explica o relatório.

Tendo em conta esse quadro de riscos adicionais resultantes do novo paradigma dos serviços financeiros enriquecido por esses novos operadores, o BIS defende que “os reguladores precisam de assegurar condições equitativas, tomando em consideração a base de clientes e os modelos de negócio particulares das gigantes tecnológicas”.

“O grande objetivo deve ser responder à entrada das gigantes tecnológicas nos serviços financeiros de forma a beneficiar dos ganhos enquanto se limitam os riscos“, contextualiza Hyun Song Shin, conselheiro económico e responsável pelo research do BIS. E deixa um desafio. “A política pública precisa de se basear numa abordagem mais abrangente que se baseie em regulamentação financeira, política de concorrência e regulamentação de privacidade de dados“.

O relatório apela ainda para que “à medida que a entrada das big tech para os serviços financeiros acelere, expandindo-se para além dos limites regulatórios e fronteiras geográficas, as autoridades precisarão de mecanismos institucionais que as ajudem a trabalhar e aprender juntas”, acrescentando que a “coordenação entre as autoridades — nacionais e internacionais — é crucial para aprimorar as suas ferramentas regulatórios“.

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Estados Unidos exortam “todos os países a convencerem Irão a aliviar tensão”

  • Lusa
  • 23 Junho 2019

“O regime iraniano é uma ameaça à liberdade de navegação” na região, observou Brian Hook, enviado norte-americano para o Irão.

Os Estados Unidos exortaram este domingo “todos os países a convencerem o Irão a aliviar a tensão” no Golfo Pérsico.

O enviado americano para o Irão, Brian Hook, assegurou, em conferência de imprensa no Kuwait, que os Estados Unidos “não têm nenhum interesse num confronto militar com o Irão”.

O mesmo responsável adiantou que Washington “reforçou” o seu dispositivo na região “por razões puramente defensivas”.

Em finais de maio, a Administração do Presidente Donald Trump anunciou o destacamento de 1.500 soldados para o Golfo Pérsico, depois de enviar um navio de guerra e uma bateria de mísseis Patriot.

“O regime iraniano é uma ameaça à liberdade de navegação” na região, observou Brian Hook.

“Neste momento, não há um canal de comunicação indireto com Teerão”, informou o enviado, após reunir-se com o chefe da diplomacia do Kuwait.

Desejamos que o Irão se comporte mais como um país normal e menos como uma causa revolucionária”, comentou, frisando que “um Irão pacífico” é condição para “um Médio Oriente pacífico”.

A tensão entre Estados Unidos e Irão está a escalar, com registo de vários incidentes aéreos e marítimos nos últimos tempos.

Este domingo, o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Muhammad Javad Zarif, fez referência a outro drone “espião” americano, abatido em finais de maio, portanto antes do incidente de quinta-feira, quando Teerão derrubou um aparelho não tripulado que alegadamente violou o espaço aéreo nacional.

Washington contraria esta indicação, garantindo que o drone estava em espaço aéreo internacional.

Posteriormente, em resposta, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump anunciou um ataque contra três locais no Irão, que abortou, à última hora, alegando querer evitar um elevado número de mortos.

“Não quero matar 150 iranianos. Não quero matar 150 pessoas de sítio nenhum, a não ser que seja absolutamente necessário”, disse aos jornalistas.

Porém, Trump clarificou que ainda pondera uma ação militar contra o Irão. “[O uso da força] está sempre em cima da mesa, até resolvermos isto”, avisou, citado pela agência americana AP.

Este domingo, o Presidente iraniano, Hassan Rouhani, acusou os Estados Unidos de estarem a alimentar as tensões na região, através de uma “jogada invasora”. Citado pela agência oficial iraniana IRNA, Hassan Rouhani responsabilizou a “presença militar intervencionista” dos Estados Unidos pelos problemas do Médio Oriente.

“Esperamos que a comunidade internacional adote uma reação apropriada a esta jogada invasora”, frisou, durante um encontro com a presidente da União Interparlamentar, Gabriela Cuevas, em Teerão.

O clima de tensão entre o Irão e os Estados Unidos dura há bastante tempo, mas a crispação tem aumentado desde que Donald Trump retirou os Estados Unidos, há um ano, do acordo nuclear internacional assinado, em 2015, entre os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança – Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China (mais a Alemanha) – e o Irão, restaurando sanções devastadoras para a economia iraniana.

Na sexta-feira, os Estados Unidos pediram a realização de uma reunião à porta fechada do Conselho de Segurança das Nações Unidas, para falar sobre os últimos desenvolvimentos relacionados com o Irão, o que deverá acontecer na segunda-feira.

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