Gestora de oito centros comerciais em Portugal avança com despedimento coletivo

A Multi Corporation, detida pela Blackstone, vai avançar com um despedimento coletivo em vários países. Medida afeta "menos de 20 colaboradores" em Portugal, incluindo o diretor-geral.

A pandemia tem prejudicado muitas empresas e o setor dos centros comerciais não tem escapado ao impacto. A Multi Corporation, que gere 78 centros comerciais na Europa, dos quais oito em território nacional, vai avançar com um despedimento coletivo, afetando duas dezenas de pessoas em Portugal. A informação foi confirmada pela própria empresa ao ECO, que a justifica com os efeitos que a pandemia está e vai continuar a ter no setor.

Sem adiantar números concretos, a fonte oficial da Multi Corporation confirmou ao ECO que “está em curso um processo de consulta de despedimentos que afeta menos de 20 colaboradores em Portugal”. A empresa não respondeu a esta informação, mas o ECO apurou junto de fontes do mercado imobiliário que o diretor-geral da Multi em Portugal e Espanha, Francisco Cavaleiro de Ferreira, será um dos afetados.

A gestora afirma, contudo, que “Portugal não é o país afetado” por esta decisão, recusando adiantar o número de despedimentos que serão feitos nos restantes países, “visto que neste momento decorrem conversas com os colaboradores” e que este processo “deve ser feito com todo o cuidado”. A Multi acrescenta estar “totalmente empenhada” em apoiar os funcionários afetados da maneira “mais cuidadosa e transparente” possível.

A Multi justifica este despedimento coletivo com a pandemia, que tem tido um impacto no setor retalhista. “Devido à Covid-19 e aos ventos contrários a longo prazo que o setor do retalho enfrenta, estamos continuamente a avaliar a nossa estrutura e a maneira como trabalhamos, e isso pode ter consequências para alguns dos nossos funcionários”, referiu fonte oficial da empresa.

O ECO questionou a Associação Portuguesa de Centros Comerciais (APCC), da qual a gestora é associada, para tentar perceber melhor o contexto deste despedimento coletivo, mas a associação recusou fazer comentários.

Nesta altura de pandemia, os proprietários dos centros comerciais e os lojistas têm estado em “guerra” devido às rendas, até que o Parlamento aprovou a suspensão das rendas fixas pagas pelos lojistas, tendo estes de pagar apenas a renda variável (em função das vendas). Esta medida não foi bem aceite pelos centros comerciais, que avançaram mesmo com uma queixa contra o Estado junto da Comissão Europeia.

Nessa queixa, apresentada pela APCC, são referidas a “inconstitucionalidade” e a “ingerência nos contratos celebrados entre privados”, numa medida que “irá acarretar graves consequências para o setor, levando ao fecho de centros comerciais e ao consequente encerramento de lojas e perda de emprego“.

A Multi Corporation é uma empresa responsável pela gestão de centros comerciais e pertence desde 2013 à gigante norte-americana Blackstone. Gere (não sendo proprietária dos mesmos) atualmente 78 centros na carteira, espalhados pela Europa, dos quais oito são em Portugal: Almada Fórum, Armazéns do Chiado (Lisboa), B Planet (Barreiro), Braga Retail Center, Fórum Algarve, Fórum Coimbra, Fórum Madeira e Fórum Viseu.

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Do pão ao leite, até às comissões da banca. Veja os preços que vão mudar no seu dia a dia

Há produtos que devem ficar mais caros no próximo ano, como o pão e algumas marcas de tabaco. Mas entrará também em vigor um travão a comissões bancárias e a chamadas de valor acrescentado.

O novo ano vai trazer algumas mudanças que vão ter impacto no bolso dos portugueses. Por um lado, há alguns produtos que costumam estar na lista de compras que poderão ficar mais caros, como é o caso do pão e do tabaco. Por outro, medidas aprovadas este ano que vão diminuir os custos de certas atividades, como os museus para os jovens e algumas comissões bancárias.

A influenciar as flutuações nos preços estão fatores como mudanças nos impostos aprovadas no Orçamento do Estado, ou até a subida do salário mínimo. Há também medidas que foram aprovadas na Assembleia da República ao longo do ano a influenciar os preços, como é o caso do pacote legislativo que acabou com comissões bancárias no MB Way e travou outras comissões.

Pão poderá ficar mais caro em 2021

O pão poderá ficar mais caro no próximo ano. O preço deste produto é livre, permitindo a que as empresas possam tomar decisões diferentes, mas a perspetiva é de um agravamento no valor de venda tendo em conta o aumento do custo da matéria-prima e a subida do salário mínimo.

“Olhando para a situação económica e financeira do país, na medida que se fala no aumento do salário mínimo nacional para 2021 e no aumento gradual do preço das matérias-primas, podemos perspetivar que isso será refletido no preço do pão”, adiantou a Associação do Comércio e da Indústria de Panificação, Pastelaria e Similares, à Lusa.

Preço do leite não deve mexer

O preço do leite não deve mexer no início de 2021, prevê a Federação Nacional das Cooperativas de Produtores de Leite (Fenalac). Ainda assim, o aumento do salário mínimo e a subida que se tem verificado das cotações das matérias-primas para alimentação animal podem constituir-se como fatores de pressão para uma subida dos preços.

A repercussão destes fatores nos preços de comercialização “depende em grande medida do comportamento da Grande Distribuição, cujos operadores pautam a sua atuação pelo diferimento no tempo destas tendências”, ressalvou o secretário-geral da Fenalac, ao ECO.

Tabaco pode ficar mais caro

O Orçamento do Estado para 2021 introduziu uma nova forma de cálculo do montante mínimo do imposto sobre o tabaco, que passa a ter em conta todos os cigarros introduzidos no mercado no ano anterior, ao invés de apenas a marca mais vendida. Esta mudança poderá fazer subir o preço de algumas marcas de tabaco.

O impacto no preço do tabaco dependerá sempre do referencial aplicado a cada marca, mas é possível que puxe pelo preço final de algumas marcas de cigarros, de acordo com um especialista consultado pelo ECO, em outubro.

“Com a aplicação do método de preço médio ponderado podem ocorrer aumentos no preço final do tabaco na venda ao público”, estimou Amílcar Nunes, associate partner da EY e especialista em impostos especiais de consumo da consultora.

Mais borlas nas entradas nos museus

Foi aprovada no Orçamento do Estado “a gratuitidade no acesso aos museus e monumentos nacionais para todos os jovens até aos 18 anos e aos estudantes do ensino superior”. Era uma proposta do PEV que alargava a isenção que o Governo queria criar no OE 2021, que referia apenas a gratuitidade para “estudantes do ensino profissional e superior nas áreas histórico-artísticas e de turismo, património e gestão cultural”.

Comissões limitadas. MB Way à borla (mas com peso e medida)

Vai entrar em vigor em 2021 um pacote legislativo que coloca um travão nas comissões que os bancos podem cobrar no MB Way e que acaba com um conjunto de comissões associadas ao crédito, nomeadamente no processamento de prestações nos novos empréstimos.

Os bancos ficam obrigados a isentar as transferências MB Way em que o limite por operação vai até aos 30 euros, num limite mensal de 150 euros, e até 25 transferências por mês. Nas transferências acima deste patamar passa a ser aplicada uma taxa igual ao do regulamento de transferências da Comissão Europeia, na percentagem de 0,2% para cartões de débito e 0,3% para os cartões de crédito.

As contas de serviços mínimos bancários, mais conhecidas como contas low cost, vão passar a oferecer, pelo mesmo valor, transferências realizadas através do MB Way, a partir de 1 de janeiro de 2021.

Foi também aprovado o fim de algumas comissões tipicamente associadas ao crédito, como as comissões nos distrates associadas à extinção ou rescisão de contratos e nas renegociações do crédito. As declarações de dívida para fins sociais — como por exemplo para apresentação em escolas ou creches — também passam a ser gratuitas até a um limite de seis por ano.

Chamadas de valor acrescentado no apoio ao cliente acabam em 2021

O apoio ao cliente das empresas não vai poder ser feito exclusivamente com chamadas de valor acrescentado, devendo ser disponibilizadas alternativas que não onerem os consumidores. A medida, que foi aprovada no Orçamento do Estado, terá de ser implementada durante o primeiro trimestre de 2021.

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Leilão do 5G começa hoje. 5 perguntas e respostas sobre a quinta geração

A primeira ronda de licitações do leilão do 5G é esta terça-feira e abrange os chamados "novos entrantes". Fique a par do que se passa em cinco perguntas e respostas sobre a quinta geração.

O desenvolvimento do 5G em Portugal ganhou um novo fôlego depois de superada a suspensão decretada pela pandemia e a aprovação do regulamento do leilão de frequências. Os tempos são agora de atribuição efetiva das faixas de frequências, o que acontecerá na forma de leilão eletrónico.

A primeira fase de licitações arranca esta terça-feira. É uma fase dedicada aos “novos entrantes” e abrange as faixas de frequências a estes reservadas. O ECO preparou, por isso, um conjunto de perguntas e respostas sobre o início do leilão.

Quem vai ao leilão?

Esta informação é confidencial e não se sabe ao certo quais são as empresas que vão licitar. No entanto, Altice Portugal (Meo), Nos e Vodafone Portugal já confirmaram publicamente que se habilitaram a participar no leilão.

A DenseAir, uma empresa que já tem licenças de 5G e que pretende operar no mercado grossista, também confirmou publicamente que se habilitou a licitar no leilão.

No plano dos “novos entrantes” — isto é, empresas que não estão presentes no mercado e terão condições mais favoráveis neste leilão –, sabe-se apenas que a Másmóvil, dona da Nowo, já tinha mostrado interesse em participar no processo.

Que frequências vão a concurso?

Nesta primeira fase de licitações, os chamados “novos entrantes” podem concorrer a direitos de utilização de frequências nas faixas dos 900 MHz e dos 1.800 MHz, embora não fiquem impedidos de concorrer também pelo espetro remanescente. São, sobretudo, frequências para serviços de quarta geração.

Quais os preços de reserva?

O preço de reserva na faixa dos 900 MHz é de seis milhões de euros por lote. Já o preço de reserva na faixa dos 1.800 MHz é de quatro milhões de euros por lote.

Quando se sabem os resultados?

Não é claro o momento em que se conhecerão os vencedores. Mas o regulamento prevê que a Anacom divulgue no seu site informação sobre “o preço dos lotes na última ronda do dia”, o que pode acontecer no próprio dia ou na manhã do dia seguinte.

Também está previsto que, “no prazo de 60 minutos após o termo da fase de licitação para novos entrantes, o Conselho de Administração da Anacom” notifique cada licitante do “número de lotes ganho em cada categoria” e do “preço final de cada lote”.

Quando vou ter 5G?

O leilão do 5G deverá ser interrompido no período do Natal e espera-se que a fase de licitações mais relevante decorra em janeiro.

Recentemente, o presidente da Anacom, João Cadete de Matos, disse ainda ver condições para terminar o leilão nesse mês e concluir a atribuição das frequências durante o primeiro trimestre.

Ou seja, se tudo correr como planeado, o mais provável é que os primeiros tarifários de quinta geração cheguem ao mercado algures no mês de março.

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5 coisas que vão marcar o dia

Centeno vai ao Parlamento. INE divulga preços das casas. No arranque do leilão do 5G, deputados ouvem operadores. EUA atualizam evolução da maior economia do mundo.

Mário Centeno é ouvido no Parlamento por causa do Novo Banco. O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga o índice de preços na habitação no terceiro trimestre. No dia em que arranca a primeira fase de licitações do 5G, o Parlamento avança com audições à Altice e Vodafone. O Banco de Portugal atualiza os dados das balanças corrente e de capital. Os EUA divulgam uma bateria de indicadores económicos, com destaque para a evolução da economia no terceiro trimestre.

Centeno no Parlamento

O governador do Banco de Portugal é ouvido no Parlamento no âmbito de dois requerimentos relacionados com os bónus de dois milhões no Novo Banco (PAN) e da auditoria ao banco (CDS). Além disso, Mário Centeno irá dar esclarecimentos sobre o plano de atividades.

Preços das casas mantêm resistência?

Os preços das habitações têm-se mostrado resilientes, apesar do impacto da pandemia na economia. Com o Banco de Portugal a alertar para o risco de baixa dos preços das casas, o INE fornece um quadro completo sobre o mercado residencial no terceiro trimestre, com a divulgação do índice de preços e o número de transações. O gabinete de estatísticas divulga ainda as taxas de Juro implícitas no crédito à habitação.

Operadoras no Parlamento por causa do 5G

No dia em que arranca a primeira fase de licitações do 5G, dedicada aos “novos entrantes” e que abrange as faixas de frequências a estes reservadas, o Parlamento avança com audições às operadoras de telecomunicações. Alexandre Fonseca (Altice) ouvido pelos deputados às 10h45. Seguem-se APDC (11h30) e Vodafone, através de Mário Vaz (13h00).

BdP divulga balança de pagamentos

Até setembro de 2020, o saldo conjunto das balanças corrente e de capital fixou-se em -709 milhões de euros, quando em igual período do ano passado Portugal registava um excedente de 1.289 milhões. O Banco de Portugal atualiza os dados em relação a outubro.

Como vai a maior economia do mundo?

Os EUA divulgam uma bateria de indicadores económicos, com destaque para a evolução da economia no terceiro trimestre. A segunda estimativa divulgada pelo Bureau of Economic Analysis no mês passado apontou para uma taxa de crescimento anual de 33,1% entre julho e setembro, após um afundanço no trimestre anterior devido ao impacto da pandemia.

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Nova estirpe da Covid-19 já “infetou” sete países em todo o mundo

A nova estirpe da Sars-Cov-2, detetada no Reino Unido, fez soar os alarmes, levando vários governos a suspender as ligações com o país britânico. Conheça os países onde já está a circular.

Os alarmes soaram este fim de semana, depois de Boris Johnson ter anunciado que o Reino Unido identificou uma nova variante da Sars-Cov-2, que provoca a doença Covid-19, até 70% mais contagiosa do que a mais comum na Europa. Apesar de ainda não existir muita informação sobre as suas implicações, vários países europeus estão a suspender as ligações com Inglaterra para evitar que a nova estirpe se espalhe nos seus países. Do Reino Unido à Dinamarca, passando por Itália ou África do Sul há sete países e um território onde já anda a circular esta nova variante.

O primeiro-ministro britânico reuniu-se este sábado com os vários ministros para discutir um plano de ação urgente a implementar, após ter sido confirmado que uma nova variante do Sars-CoV-2 pode espalhar-se mais rapidamente e ser responsável por um aumento dos casos. Esta nova estirpe foi identificada em Londres e no sudeste de Inglaterra e apesar de ainda não existir uma ligação direta entre esta nova variante e o aumento de casos nessas regiões, o governo britânico decidiu apertar “o cerco”, impondo um novo confinamento para o período do Natal, com mais de 16 milhões de ingleses a serem obrigados a ficar em casa.

O secretário de Estado da Saúde do Reino Unido, Matt Hancock, alertou que a nova variante do coronavírus está “fora de controlo” e chegou a admitir que algumas regiões de Inglaterra poderão ficar sob elevadas restrições até à vacinação. Horas mais tarde, o ministro da Saúde da África do Sul também viria a confirmar o surgimento da nova estirpe no país. “A variante ‘501.V2’ do vírus Sars-CoV-2 foi identificada por investigadores sul-africanos e comunicada à Organização Mundial da Saúde” revelou Zweli Mkhize, citado em comunicado pela Lusa.

Segundo o governante sul-africano, a equipa de investigação científica sul-africana, liderada pelo Professor Tulio de Oliveira, do Centro de Inovação e Pesquisa da Universidade do KwaZulu-Natal (KRISP, na sigla em inglês), sequenciou centenas de amostras de todo o país desde o início da pandemia em março, notando que “uma determinada variante dominou os resultados dos últimos dois meses”, explicou Mkhize, salientando que notaram também uma mudança no panorama epidemiológico, “principalmente com pacientes mais jovens, que desenvolvem formas graves da doença”.

Neste contexto, ambos os países comunicaram esta informação à Organização Mundial de Saúde (OMS), que já veio alertar os países europeus a “reforçarem os controlos”. Até agora, a instituição liderada por Tedros Adhanom Ghebreyesus reportou um número reduzido de casos provocado por esta estirpe fora do território britânico: nove na Dinamarca, assim como um caso na Holanda e na Austrália, disse Maria VanKerkhove, a técnica da OMS, em entrevista à BBC (acesso livre, conteúdo em inglês).

Também Itália detetou no domingo o primeiro caso de infeção pela nova estirpe do coronavírus numa pessoa que regressou recentemente do Reino Unido, estando ainda a aguardar resultados laboratoriais de cinco outras pessoas, de acordo com o La Reppublica (acesso livre, conteúdo em italiano). As autoridades de saúde italianas estão, deste modo, a sequenciar o vírus para descobrir se existe assim mais casos sobre a chamada variante inglesa.

Bélgica e Gibraltar (território britânico situado no extremo sul de Espanha) são os mais recentes locais onde a variante do novo coronavírus foi identificada. “Esta variante não se limita ao Reino Unido, já foi detetada em outros lugares do mundo, entre os quais nos Países Baixos e na Bélgica”, declarou o porta-voz da equipa técnica belga responsável pelo combate à pandemia, citado pela Lusa. O virologista Yves Van Laethem confirmou a existência de “quatro casos conhecidos na Bélgica” e referiu que a deteção “foi feita há um mês”, acrescentando que “é possível que existam mais casos a circular” no país.

Também esta segunda-feira, o ministro da Saúde francês admitiu que a nova estirpe detetada no Reino Unido pode já estar a circular em França. “É bem possível que esta mutação já circule em França”, sinalizou Olivier Véran, em entrevista rádio Europe 1 (acesso livre, conteúdo em francês), sublinhando que a variante ainda não foi identificada em solo francês. Além disso, o governante referiu ainda que segundo os especialistas britânicos os “sintomas e o número de casos graves da doença” são os mesmos que ocorrem na estirpe mais comum. Tal como mencionou o coordenador do plano de vacinação contra a Covid-19 em Portugal, o ministro francês garantiu que “à primeira vista, não há razão para acreditar que as vacinas serão menos eficazes” no combate a esta variante.

Tal como em França, em Portugal não foi identificado, para já, nenhum caso desta nova estirpe. “O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) tem vindo a desenvolver, desde o passado mês de abril, um estudo de âmbito nacional sobre a variabilidade genética do Sars-CoV-2 em Portugal, através da análise do genoma deste novo coronavírus. De acordo com os resultados obtidos até ao momento, ainda não foi identificada em Portugal a nova variante genética detetada a circular numa região do Reino Unido”, avançou à Lusa fonte do gabinete de imprensa do INSA.

Entretanto, a ministra da Saúde veio esclarecer que esta “será uma variante que não tem mais risco de complicações hospitalares do que as anteriores” e mantém o “risco de letalidade”. No entanto, terá uma “capacidade de se introduzir no organismo e de se multiplicar mais acentuada”, acarretando um “risco de transmissão” maior, apontou Marta Temido.

Na sequência desta nova estirpe do vírus que circula em Inglaterra são vários os países que suspenderam os voos de e para o Reino Unido. É o caso de Alemanha, Bélgica, Croácia, Dinamarca, França, Finlândia, Noruega, Itália, entre outros. Portugal, numa ação conjunta com Espanha, apenas permite a entrada a cidadãos nacionais ou legalmente residentes em Portugal provenientes do Reino Unido, sendo que estes devem apresentar um teste de rastreio negativo ao SARS-Cov-2 ou fazê-lo no aeroporto à chegada.

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“A esperança do turismo era o Reino Unido. É um desastre”, dizem as agências de viagens

À espera do Natal e passagem de ano para dar um impulso ao negócio, hotéis e agências de viagens levam novo embate. Madeira e Algarve serão as regiões mais afetadas pela onda de cancelamentos.

Num ano em que o turismo ficou praticamente paralisado pela pandemia, o Natal e fim de ano traziam algum alento de recuperação antes do fecho das contas. Alento esse que foi atirado por terra quando, este fim de semana. Portugal decidiu vedar a entrada de passageiros vindos do Reino Unido para travar a disseminação da nova estirpe do coronavírus. O Algarve e a Madeira são as regiões mais afetadas.

O setor do turismo está a atravessar o pior momento da sua história. A grande esperança era o mercado britânico e isto é um desastre“, diz Duarte Correia, vice-presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT) ao ECO sobre a decisão do Governo português de fechar fronteiras a passageiros vindos do Reino Unido (deixando apenas de fora nacionais ou residentes) que entrou em vigor esta segunda-feira. As restrições devem-se ao alerta feito pelas autoridades britânicas à Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a descoberta da nova variante do SARS-CoV-2, que é mais facilmente transmissível.

"O setor do turismo está a atravessar o pior momento da sua história. A grande esperança era o mercado britânico e isto é um desastre. Esta questão do Reino Unido tem impacto especialmente nos destinos de resort, como é o caso da Madeira e do Algarve.”

Duarte Correia

Vice-presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT)

“Esta questão do Reino Unido tem impacto especialmente nos destinos de resort, como é o caso da Madeira e do Algarve”, afirma o madeirense, que é acionista e administrador da plataforma W2M em Portugal, após ter sido CEO da Tui no país. “Na Madeira, havia uma grande expectativa quanto ao mercado britânico por causa da easyJet, da Tui e da Jet2 para o Natal e passagem de ano. Agora vêm dizer-nos que essas expectativas caíram por terra”.

As três companhias estão entre as que cancelaram voos ao longo desta segunda-feira. Só para a ilha da Madeira, foram cancelados cinco dos sete voos previstos para o dia todo vindos do Reino Unido. O governo regional esperava a chegada de 21.300 visitantes provenientes do Reino Unido para o arquipélago, segundo dados do secretário regional do turismo, à Lusa. Eduardo Jesus alerta que “naturalmente, o impacto será muito grande no Natal e no Fim de Ano”.

"Naturalmente, o impacto será muito grande no Natal e no Fim de Ano. Excluir todos os estrangeiros oriundos do Reino Unido fará uma grande diferença no que diz respeito à operação turística da Madeira.

Eduardo Jesus

Secretário Regional do Turismo

“O mesmo acontece com o Algarve”, considera Duarte Correia. O representante das agências de viagens lembra que, mesmo não sendo um destino tradicionalmente de inverno, o Algarve estava a trabalhar em campanhas turísticas para se afirmar como enquanto local para férias todo o ano. “Estava como destino de inverno e o mercado britânico vai desaparecer no Algarve. O mercado morre até que se saiba a abrangência desta nova estirpe“.

Os passageiros vindos do Reino Unido representam cerca de 50% das chegadas ao aeroporto de Faro e de 35% ao do Funchal. Além destas restrições, no caso de Portugal continental, os operadores turísticos já enfrentavam o desafio adicional de o Governo ter anunciado, na semana passada, que haverá afinal recolher obrigatório na passagem de ano, cancelando qualquer possibilidade de festejos e levando a restauração a encerrar às 22h30.

“Este é um ano em que tudo acontece e em que o fim de ano já estava muito condicionado quer pelas regras que se observa um pouco por toda a Europa, que são os nossos principais mercados emissores [de turistas para o Algarve], mas também no mercado nacional. E esta é mais uma adversidade, que obviamente também tem efeitos na região, que é a principal porta de entrada de britânicos no território nacional“, disse o presidente da Região de Turismo do Algarve, João Fernandes, à Lusa.

"Esta é mais uma adversidade, que obviamente também tem efeitos na região, que é a principal porta de entrada de britânicos no território nacional.”

João Fernandes

Presidente da Região de Turismo do Algarve

Ainda não é possível estimar as perdas que as novas restrições têm para o setor, mas Duarte Correia adianta que as reservas estavam a aumentar face ao mês passado. Apontando para a plataforma W2M que gere (que agrega dados a nível nacional) explica que a faturação total de novembro para a hotelaria se situava à volta dos 7 mil euros, o que compara com 150 mil euros por dia no mesmo mês do ano passado.

“Em dezembro já estava a aumentar por causa da vacina. Notámos um grande crescimento, mas agora pode acabar tudo”, diz. O vice-presidente APAVT considera que — além das consequências financeiras — há também um efeito negativo sobre a incerteza que traz. “Há muita imprevisibilidade e, por isso, é extremamente difícil tomar qualquer decisão quanto à abertura de hotéis ou agências de viagens. Toda a atividade turística está a trabalhar à semana ou até ao dia”, acrescenta.

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Concorrência aplica multas recorde de 730 milhões em apenas dois anos

A Autoridade da Concorrência faz história ao aplicar a maior multa de sempre em Portugal: 304 milhões. Em apenas dois anos, a mão pesada de Margarida Matos Rosa já custou 733 milhões às empresas.

A notícia caiu como uma bomba nas sedes das empresas que gerem os supermercados Modelo Continente, Pingo Doce, Auchan, Intermarché, Lidl e E.Leclerc. A Autoridade da Concorrência (AdC) aplicou a maior multa de sempre em Portugal por concertação de preços a seis cadeias de supermercados e a duas fornecedoras de bebidas, a Sociedade Central de Cervejas e a Prime Drinks.

Foi esta segunda-feira que a AdC anunciou que “impôs coimas no valor total de cerca de 304 milhões de euros a seis cadeias de supermercados, a dois fornecedores de bebidas e a dois responsáveis individuais, por concertarem, de forma indireta, os preços de venda, uma prática prejudicial aos consumidores”.

Na prática, o que fizeram de mal? A AdC acusa estas empresas de uma prática que, na terminologia do direito da concorrência, é designada de “hub-and-spoke”, ou seja, as cadeias de supermercados terão recorrido a um fornecedor comum para assegurar o alinhamento dos preços de venda ao público em todas as superfícies, restringindo a concorrência pelo preço entre supermercados e privando os consumidores de preços diferenciados. Além disso, os supermercados “monitorizavam as lojas que se afastavam da prática, pressionando para que todos praticassem o mesmo preço”.

Existem mais processos semelhantes a correr no setor. Há cerca de um mês a AdC anunciou que acusou o Modelo Continente, o Pingo Doce, a Auchan e o fornecedor de bebidas alcoólicas Active Brands, que detém as marcas Licor Beirão e Porto Velhotes, de concertarem os preços praticados ao consumidor nos supermercados. Correm ainda processos relativos à Sumol+Compal e Sogrape e à Bimbo Donuts, também envolvendo os supermercados.

Esta coima recorde de 304 milhões de euros junta-se a mais três que já tinham sido aplicadas ao longo deste ano:

Com estas coimas, 2020 foi um ano recorde de multas por parte da AdC que, no total, ascenderam a 393,4 milhões de euros (ver gráfico em baixo).

Fonte: Autoridade da Concorrência

Em 2019, a mão pesada de Margarida Matos Rosa já tinha levado a Concorrência a aplicar coimas avultadas no valor de 340 milhões de euros, num ano em que foram sobretudo os setores da banca e dos seguros a estar na mira da AdC. Ou seja, em apenas dois anos, a Concorrência aplicou multas no valor de 733 milhões de euros.

Na banca, 14 bancos foram alvo de uma multa de 225 milhões de euros por terem, alegadamente, partilhado informação comercial sensível entre si, restringindo a concorrência no mercado de crédito, “prejudicando famílias e empresas”. Já o cartel dos seguros levou a AdC à aplicação de coimas de 55 milhões de euros a empresas como a Lusitânia, Zurich, Fidelidade e Multicare.

Matos Rosa e as “coimas dissuasoras”

Desde que tomou posse como presidente, em novembro de 2016, Margarida Matos Rosa já aplicou coimas no valor de 784 milhões de euros, um nível sem paralelo na história da AdC que foi criada em 2003. Nos sete anos anteriores, de 2010 a 2016, o somatório de todas as coimas da AdC não chega aos 50 milhões de euros.

A presidente da Autoridade da Concorrência, Margarida Matos Rosa.ANTÓNIO COTRIM/LUSA

E para onde vai todo este dinheiro? 60% do dinheiro das multas e das coimas aplicadas pela AdC vão para o Estado, para os cofres do IGCP, e o remanescente 40% fica nos cofres da própria AdC.

Para o aumento exponencial das coimas da AdC terá contribuído a nova Lei da Concorrência de 2012, uma imposição da troika, que veio dar maior independência ao supervisor e maior capacidade de prioritizar as investigações. Até então, a AdC — que atualmente conta com uma equipa de 91 pessoas, — era obrigada, por exemplo, a abrir um processo por cada denúncia que recebia o que consumia recursos e dificultava o trabalho.

Além da mudança da lei, o crescimento exponencial das multas e condenações tem muito a ver com a figura de Margarida Matos Rosa que logo em 2016 disse ao que vinha. Definiu como prioridade para o mandato — que termina no próximo ano — “a dinamização da política de concorrência junto das empresas e administração pública”. Matos Rosa afirmou que queria uma AdC “independente e transparente, consistente nos seus processos, eficaz e dissuasora. Para este último objetivo concorre, sem dúvida, o reforço da capacidade de investigação”. E assim tem sido, pelo menos a julgar pelo valor das coimas.

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Iniciativa Liberal quer divulgação de estudo da Mckinsey que suportou apoio à TAP

  • ECO
  • 22 Dezembro 2020

O deputado João Cotrim Figueiredo pede ao ministro Siza Vieira a divulgação pública do estudo da Mckinsey que justificou apoio à TAP para comparar com outro estudo do Governo que sugere o contrário.

A Iniciativa Liberal exige que o ministro Siza Vieira divulgue um estudo da McKinsey, contendo a avaliação dos “setores críticos para o crescimento da economia portuguesa em função do impacto que a pandemia está a ter” e respetivas conclusões. O objetivo dos liberais é avaliar as conclusões da Mckinsey que ajudaram a suportar os apoios públicos à TAP e compará-las com o outro estudo, do próprio Governo, que não definia os transportes como um setor prioritário a apoiar pelo Estado.

Num requerimento parlamentar apresentado pelo deputado único, João Cotrim Figueiredo, a Iniciativa Liberal considera que existe uma contradição entre um estudo conhecido, o do Gabinete de Estudos do Ministério da Economia, e outro que não é público, o da consultora internacional. “No passado dia 11 de dezembro de 2020, o ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, declarou em intervenção na Assembleia da República, que o Gabinete de Estratégia e Estudos do Ministério da Economia, conjuntamente com a consultora McKinsey, fez “uma avaliação de quais os setores críticos para o crescimento da economia portuguesa em função do impacto que a pandemia está a ter, quais os setores e empresas em que devemos concentrar a nossa atenção porque, a desaparecerem, o prejuízo para a economia portuguesa seria muito elevado“. Esta avaliação, que não é pública, terá concluído que “o setor do transporte aéreo é dos mais críticos para o futuro da economia portuguesa”, com isto pretendendo justificar a inevitabilidade dos vultuosos apoios financeiros concedidos e a conceder à TAP”.

Por outro lado, uma análise do Gabinete de Estudos do próprio Ministério da Economia sugere outras conclusões: “Este estudo apresenta, nas suas conclusões, uma análise relativa aos setores aos quais devem ser dirigidas as políticas públicas, onde o setor dos transportes aéreos surge nas últimas posições. Significa isto que existe um estudo efetuado e publicado pelo Gabinete de Estratégia e Estudos do Ministério da Economia que não só não apoia as conclusões da análise que o ministro afirmou ter sido feita pelo Gabinete de Estratégia e Estudos do Ministério da Economia, conjuntamente com a McKinsey, como efetivamente as contraria no que diz respeito à razoabilidade da injeção de dinheiro dos contribuintes na TAP”, escrevem os liberais neste requerimento.

Assim, Cotrim Figueiredo considera que há uma contradição que só pode ser analisada se o Governo divulgar o estudo da McKinsey, que continua em segredo. Esta “avaliação de quais os setores críticos para o crescimento da economia portuguesa” referida pelo Ministro é fundamental para a compreensão do foco dos auxílios estatais à economia portuguesa, e para a fiscalização política destes mesmos auxílios, pelo que o documento conjunto com a McKinsey deve ser tornado público e enviado à Assembleia da República logo que possível”.

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Companhias podem abandonar seguros de colheitas

O Governo suspendeu a compensação às seguradoras por excesso de sinistralidade agrícola. Para as companhias subir os prémios pode não ser suficiente. Desistir dos seguros de colheitas é hipótese.

Os seguros agrícolas de colheitas para 2021 podem estar em risco de não se concretizarem caso o Governo não suspenda a portaria uma portaria conjunta dos ministérios da Agricultura e das Finanças, publicada em 5 de março, que diz expressamente “o mecanismo de compensação de sinistralidade cessa a 31 de dezembro de 2020, com exceção dos pagamentos da compensação de sinistralidade devida das campanhas não encerradas e até ao seu encerramento”.

Os seguradores querem a suspensão desta cláusula e, através da APS – Associação Portuguesa de Seguros, estão a pressionar o Governo no sentido de reverter a decisão. Fonte desta associação confirma: “Temos efetuado diligências junto das autoridades no sentido de ser revogada a decisão da suspensão deste mecanismo”. Por autoridade direta entende-se o Ministério da Agricultura que comentou a ECOseguros, através de fonte oficial, que “a portaria está em revisão, estando a questão do mecanismo de compensação também em análise”.

Em causa está uma compensação do Governo às seguradoras que pode atingir os “13 milhões de euros por ano”, segundo profissionais ligados ao mercado segurador. Esta compensação é, na prática, um contrato de resseguro que em vez de ser feito pelo mercado privado, é realizado pelo Estado. É uma compensação pública ao excesso de sinistralidade e é extremamente benéfico para os seguradores, dizem operadores do mercado.

O mercado total dos seguros agrícolas significou 27,1 milhões de euros de prémios emitidos em 2019, repartido por apenas 3 companhias: Tranquilidade/Generali com 47,5% de quota de mercado, CA Seguros detém 28,4% e a Fidelidade, que foi líder até há 2 anos, detém 24,1% do mercado. Esta companhia, foi compensada pelo excesso de sinistralidade em 94 mil euros em 2019, estimando-se para este ano a compensação atinja 1,8 milhões, afirmou fonte interna. A Tranquilidade/Generali Portugal considera que “este não é o momento para abordar este tema”. Poderá falar, mas não agora, diz fonte da empresa. Uma quarta companhia, a Sompo, entrou recentemente no mercado, enquanto a Lusitânia aderiu ao setor mas apenas com um seguro paramétrico para a cultura da batata, sem o formato de seguro de colheitas.

Como funcionam os apoios de Estado e o que está em causa

O Estado apoia os seguros agrícolas de duas formas. A primeira diretamente aos agricultores através de uma bonificação dos prémios que variam entre 57% e 60%. Na prática, os agricultores contratam com seguradoras pela totalidade do prémio, mas apenas pagam a estas 40 ou 43%, as companhias coletam o resto junto do IFAP – Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas, organismo co-tutelado pelo Ministério da Agricultura (MA).

O segundo apoio é dirigido às seguradoras para responder ao excesso de sinistralidade. O MA reconhece que “o eventual fim deste mecanismo de compensação de sinistralidade poderá eventualmente conduzir a um ajustamento nas tarifas cobradas, mas está em curso um processo de revisão dos apoios concedidos à celebração de seguro de colheitas que aumentará o nível de apoio para 70%”.

O mecanismo de compensação de sinistralidade funciona como um resseguro, seguindo um modelo designado stop loss usado na indústria resseguradora. As companhias candidatam-se voluntariamente junto do IFAP a esta compensação, pagando um valor de 8% sobre prémios emitidos e são compensadas se a taxa de sinistralidade atinge 85% do valor total desses prémios.

Como o setor é particularmente vulnerável a mau tempo, nomeadamente a tempestades de granizo e geada, o Governo terá entendido que, compensadas pelo Estado por danos acima de 85% das suas receitas, os riscos corridos pelas seguradoras eram diminutos o que representava um negócio muito lucrativo para a indústria seguradora.

Assim, no preâmbulo da Portaria n.º 61/2020, de 5 de março, o Governo afirmou que “havendo atualmente a possibilidade de acesso ao mercado ressegurador pelas empresas de seguros, relativamente às apólices contratadas no âmbito do seguro de colheitas, é aconselhável que seja dispensada a intervenção do Estado no atual mecanismo de compensação por excesso de sinistralidade, que se justificava à data em que foi implementado o sistema, razão pela qual se procede a ajustamentos das regras de funcionamento deste mecanismo e se prevê a sua supressão a partir de 31 de dezembro de 2020”.

No entanto, a possibilidade de recorrer a resseguradoras do mercado internacional em regime stop loss não é linear. Fonte da Fidelidade refere que “não foi possível motivar resseguradoras porque a sinistralidade da carteira é constantemente elevada”, acrescentando que “há muita anti seleção e o preço dos riscos não está suficientemente disperso e mitigado”, concluindo que “alguma obrigatoriedade poderia fazer sentido”.

Outro operador refere que contratos de resseguro tão bons como o atualmente concedido pelo Estado não existem nos mercados: “Uma resseguradora faz stop loss a partir de 150 ou 170%, nunca a partir de 85%”, comenta.

Opinião diferente tem o Ministério da Agricultura, a crença é de que “existem efetivamente sistemas de resseguro no mercado a que algumas seguradoras já recorrem e a que as restantes também podem recorrer”.

Assim, sem uma garantia de resseguro público, às companhias só resta assumir mais risco, tentar um sempre pior contrato de resseguro que o atualmente proporcionado pelo Estado, aumentar os prémios de seguro junto dos agricultores ou parar no todo ou em parte de fazer contratos de seguros agrícolas de colheitas. Ou ainda encontrar um equilíbrio entre todas estas medidas.

Outro profissional do setor refere que “uma outra solução seria promover uma efetiva concorrência no setor, facilitando o acesso aos dados meteorológicos, simplificando o clausulado uniforme, bem como o processo de compensação”. Desta forma outros operadores poderiam entrar, puxando pelos preços ou outras soluções de distribuição.

No curto prazo, se nada se fizer até 31 de dezembro, serão os agricultores os prejudicados. Daí o ministério da Agricultura estar a dar como certo que, sem o mecanismo de compensação de excesso de sinistralidade, os prémios dos seguros vão aumentar. Aumentando a bonificação de 57% para 70% atenua o impacto junto dos agricultores.

Em conclusão, o ministério da Agricultura confirmou a ECOseguros que “a portaria encontra-se em revisão, estando a questão do mecanismo de compensação também em análise”. Suspendendo o fim do mecanismo mantém-se o negócio de costume e não se dá motivo a protestos.

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“Não estraguem” no Natal progressos no combate à Covid, pede Marcelo. Vacinas? Haverá “para todos”

Presidente da República e candidato à revalidação do mandato diz que se forem precisas mais medidas, terão de se tomar. E alerta que ninguém estará cabalmente vacinado antes do final de janeiro.

O Governo aliviou as restrições no Natal, apertando as do Ano Novo. O alívio surge numa altura em que os números da pandemia continuam elevados, sendo que o cenário no resto da Europa exige cautela. Marcelo Rebelo de Sousa descarta um apertar das regras em vésperas do jantar de 24 de dezembro, mas apela aos portugueses que adotem medidas preventivas, para evitarem novos contágios.

“Não me parece provável [que sejam adotadas medidas mais restritivas para o Natal], mas a realidade é mutante”. Mas não “me parece que haja um conjunto de fatores que obriguem a mudar o que foi decidido” para esta quadra, diz o Presidente da República em entrevista à TVI como candidato presidencial.

Questionado sobre quantas pessoas deveriam estar à mesa de Natal, tendo em conta que Portugal não institui nenhuma regra nesse sentido, Marcelo evitou dar uma resposta. No entanto, deu o seu exemplo pessoal, apontando para um total de cinco pessoas.

“No dia 24 de dezembro janto com parte da família, são cinco”, disse. Depois, “no dia 26, são 7. Não é em minha casa, estou com dúvidas sobre como vão arrumar a mesa”, atirou. “Tento dar o exemplo…”.

“Queria apelar aos portugueses que não estraguem o que se está a fazer e os números que temos tido [que têm vindo a baixar em termos de novas infeções, embora a mortalidade continue elevada]. Não estraguem!”, disse o Presidente da República.

Haverá vacinas contra a Covid-19 “para todos”

Marcelo diz que tem falado com o primeiro-ministro sobre as medidas que têm sido adotadas para travar a pandemia, afirmando que “tudo o que for necessário fazer perante uma terceira vaga, sabendo o custo que tem para a economia, e é dramático, terá de se fazer”, atira.

Essas medidas terão de ser adotadas até que a vacinação alcance um nível que permita a imunidade de grupo. E isso é algo que vai demorar ainda alguns meses.

Reconhecendo que os “portugueses foram enganados [na vacina da gripe]”, Marcelo diz que desta vez empenhou-se “em falar com os produtores das vacinas, das duas que vão chegar primeiro, para saber não apenas o número de vacinas” que será destinado a Portugal. Marcelo diz que tem a “convicção que há, um número de vacinas necessário para todos”.

Salientando que não se pode “elevar expectativas” relativamente à vacinação, o candidato a um novo mandato em Belém diz que “ninguém está cabalmente vacinado antes do final de janeiro”. Espero que [a conclusão da vacinação do primeiro grupo] não escorregue além de março, abril, para que o segundo grupo não se atrase”.

“O meu grupo é o segundo grupo. Espero pelo primeiro, os 900 mil, para depois ser vacinado”, porque “sempre entendi que os órgãos de soberania não devem passar à frente“, atira Marcelo.

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Pandemia já custou 450 milhões em apoios extraordinários ao setor social, diz Mendes Godinho

  • Lusa
  • 21 Dezembro 2020

A ministra adiantou também que já foram colocados 11.270 trabalhadores nas instituições sociais ao abrigo da medida de apoio à colocação de recursos humanos.

O Estado já pagou 450 milhões de euros (ME) em apoios extraordinários às instituições sociais desde o início da pandemia, onde também já foram colocados 11.270 trabalhadores ao abrigo da medida de apoio à colocação de recursos humanos.

Os números foram esta segunda-feira adiantados pela ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, que esteve no parlamento a ser ouvida, por vias digitais, a pedido do CDS-PP, pela comissão eventual para o acompanhamento da aplicação das medidas de resposta à pandemia.

A ministra anunciou o prolongamento até ao final do 1.º semestre de 2021 dos apoios às comparticipações do Estado a respostas sociais, mesmo que estejam encerradas – um apoio que devia terminar no final deste ano – e o prolongamento também até ao final do 1.º semestre do próximo ano da Medida de Apoio ao Reforço de Emergência de Equipamentos Sociais e de Saúde (MAREESS), através do qual já foram colocados mais de 11 mil trabalhadores nas instituições sociais.

Já a linha de financiamento de apoio à tesouraria destas instituições, no valor de 750 ME, foi prolongada até ao final do 1.º trimestre de 2021. “Se houver algumas dúvidas sobre a abrangência também estou disponível para ver como é que podemos garantir que chega a quem precisa nesta fase, a nossa preocupação foi, numa fase inicial, garantir que chegava a quem estava a precisar mais”, disse a ministra sobre esta linha de crédito.

Ana Mendes Godinho anunciou ainda como “grande objetivo” para 2021 rever o Pacto de Cooperação com o setor social, contando fazer uma “revisão estrutural” que permita responder à “necessidade emergente” de mais respostas e equipamentos sociais.

Sobre a situação nos lares, a ministra referiu que os programas de testagem massiva a trabalhadores já abrangeram 170 mil pessoas. Disse também que a Segurança Social (SS), as autoridades de saúde e a Proteção Civil já fizeram 3.500 ações conjuntas de acompanhamento da aplicação de medidas preventivas nos lares e que as Forças Armadas, em conjunto com a SS, já realizaram 1.820 ações de formação em lares.

No que diz respeito a apoio alimentar, a ministra adiantou que estão a ser reforçadas as cantinas sociais do país, “onde neste momento são mais necessárias, nomeadamente a região do Algarve”.

Ana Mendes Godinho referiu ainda o objetivo de entre 2020 e 2021 ter cerca de 1.100 pessoas em situação de sem-abrigo abrangidas pelos programas Housing First e de apartamentos partilhados, referindo que 585 pessoas já foram abrangidas em 2020. Há ainda o objetivo de que cada pessoa sem-abrigo tenha atribuído um técnico de referência que a acompanhe e que encontre “respostas personalizadas” para o seu caso.

A linha telefónica para sinalização de crianças em risco criada no período da pandemia já atendeu 1.103 casos, identificando situações para acompanhamento. A linha telefónica de emergência social, direcionada para atender situações em que as pessoas necessitam de respostas rápidas, já tinha atendido até novembro 9.000 chamadas.

Ana Mendes Godinho deixou ainda um balanço sobre a implementação do estatuto do cuidador informal, referindo que a comissão de acompanhamento dos 30 projetos-piloto em curso no país já entregou um primeiro relatório e que há, até ao momento, cerca de 1.000 pedidos de reconhecimento do estatuto deferidos em todo o país, dos quais 360 nos concelhos abrangidos pelos projetos-piloto, onde se prevê que o reconhecimento do estatuto seja acompanhado de um pagamento de um subsídio aos cuidadores.

Até ao início de novembro tinham sido apresentados cerca de 2.700 pedidos de reconhecimento do estatuto e deferidos cerca de 600. A caracterização de que a tutela dispõe revela que a média de idades das pessoas que já pediram o estatuto é de 53 anos. 40% das pessoas pedem o estatuto por cuidarem de um ascendente – pai ou mãe – e 29% de descendentes.

“58% das pessoas acompanhadas tem mais de 65 anos, 30% estão entre os 18 e os 65 e 12% têm até 18 anos”, adiantou ainda a ministra. A SS já fez quase 12 mil atendimentos só no âmbito da prestação de informação sobre o estatuto do cuidador informal, acrescentou ainda Ana Mendes Godinho.

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“Não é desejável nem previsível nenhuma crise” política em 2021, diz Marcelo Rebelo de Sousa

Marcelo Rebelo de Sousa diz que não lhe passa pela cabeça que sejam convocadas eleições legislativas no próximo ano. 

Marcelo Rebelo de Sousa diz que não lhe passa pela cabeça que sejam convocadas eleições legislativas no próximo ano. O atual Presidente da República e também candidato a um novo mandato em Belém defende que “não é desejável nem previsível” nenhuma crise política em 2021, em entrevista à TVI.

O Orçamento do Estado passou no Parlamento, argumentou Marcelo, portanto nesse campo era preciso um veto por parte do Presidente para haver crise. Questionado sobre se tal está no horizonte, o candidato à presidência apontou que “bom senso dita que a orientação tendencial não é para criar crise política”.

Sublinha ainda que vão ter lugar também no próximo ano eleições autárquicas, sendo que existirá ainda um “debate interno dos partidos”, pelo termo de muitas lideranças. Tendo em conta este panorama, o candidato à uma reeleição defende que “não é desejável nem previsível nenhuma crise [política] em 2021”.

Apesar disso, Marcelo admitiu que num eventual segundo mandato será mais difícil evitar uma crise política, algo que era um dos seus objetivos do primeiro mandato. “Agora vamos ter pandemia e crise económica e social”, nota, apontando que “tudo está ligado”. Quanto maior for a pandemia e a crise, maior é o stress no sistema político, remata.

(Notícia atualizada às 21h40)

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