Vitor Escária nomeado chefe de gabinete do primeiro-ministro

  • Lusa e ECO
  • 17 Agosto 2020

Vitor Escária iniciou funções esta segunda-feira, sucedendo a Francisco André, que irá transitar para a representação permanente de Portugal junto da OCDE.

O economista Vitor Escária foi nomeado esta segunda-feira chefe de gabinete do primeiro-ministro, António Costa, substituindo no cargo Francisco André, que vai assumir funções na representação permanente de Portugal junto da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

De acordo com fonte do gabinete do chefe do executivo, Vitor Escária iniciou funções, sucedendo a Francisco André, que irá transitar para a representação permanente de Portugal junto da OCDE, sediada em Paris.

Vitor Escária, de 48 anos, economista e professor do Departamento de Economia do ISEG — Lisbon School of Economics and Management, regressa ao gabinete de António Costa, de quem foi assessor económico durante o primeiro ano do executivo anterior. Apresentado demissão devido ao envolvimento no caso Galpgate, apesar de ter defendido que viajou para assistir aos jogos do Euro2016 a convite da Galp a título pessoal e não na qualidade de assessor para a área económica do chefe de Governo.

Mesmo tendo deixado de exercer oficialmente funções no gabinete de António Costa, manteve-se ligado ao Executivo já que passou a coordenar uma equipa do ISEG que prestava assessoria ao Governo, através de um contrato celebrado com a Agência de Desenvolvimento e Coesão, no processo de negociação do Quadro Financeiro Plurianual da União Europeia. Mesmo depois do fim desse contrato (em dezembro de 2018), o economista manteve-se ligado ao primeiro-ministro.

Há duas semanas, o Expresso noticiou que Vitor Escária tinha acompanhado António Costa a Budapeste e, dias depois, a Bruxelas, para a negociação do novo Fundo de Recuperação e do quadro financeiro plurianual até 2029. Este terá sido, segundo o semanário, o braço-direito do chefe de Governo e, agora, volta a oficializar-se o vínculo.

Licenciado em Economia, em 1994, pelo ISEG, Universidade Técnica de Lisboa, Vitor Escária fez o mestrado na mesma instituição, em 1997, e doutorou-se em 2004, pelo Department of Economics and Related Studies, University of York, do Reino Unido.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Bazuca de emergência do BCE já deu quase 9 mil milhões de euros a Portugal

Banco central liderado por Christine Lagarde já gastou 385 mil milhões de euros da bazuca de emergência. Entre junho e julho, foram usados 198,2 mil milhões para comprar dívida pública e privada.

A bazuca do Banco Central Europeu (BCE) para combater o impacto do vírus na economia do euro já ficou com quase 9 mil milhões de euros em dívida portuguesa. A estas compras realizadas entre março e julho acrescem 2,7 mil milhões em obrigações do Tesouro que o BCE comprou desde o arranque do ano.

A instituição liderada por Christine Lagarde lançou, em meados março, um programa de emergência pandémica (PEPP, na sigla em inglês) com 750 mil milhões de euros para comprar dívida pública e privada dos países da Zona Euro até ao fim do ano, tendo posteriormente reforçado o envelope para 1,35 biliões de euros. Foi no âmbito deste programa que o BCE adquiriu 8,805 mil milhões de euros em obrigações do Tesouro portuguesas, de acordo com a última atualização bimensal da execução do PEPP por país.

Neste período, o Tesouro — que tem vindo a reforçar o financiamento em mercado para responder às necessidades geradas pelo vírus — emitiu 14,524 mil milhões de euros em nova dívida de médio e longo prazo (dos quais 6.751 milhões através de leilões e os restantes 9 mil milhões através de vendas sindicadas). Devido às regras flexíveis deste programa (incluindo a retirada de limites da quantidade de dívida que o BCE pode comprar de cada país), o banco central pode ficar com a maioria da dívida portuguesa.

O grande bolo foi comprado através do PEPP, sendo que o BCE está a reforçar a exposição a Portugal. Após ter comprado 4,15 mil milhões de euros entre março e maio, adquiriu mais 4,655 mil milhões em junho e julho. Portugal foi dois países em que a dívida comprada aumentou, mas de forma global, a execução do programa diminuiu.

No total, o BCE já usou 384,817 mil milhões de euros da bazuca de emergência. Entre junho e julho, foram gastos 198,214 mil milhões. A Alemanha é o país com maior peso (93,016 mil milhões), seguido de Itália (73,432 mil milhões) e França (59,420 mil milhões). A Grécia — que continua a ser excluída dos restantes programas, mas foi incluída neste — ficou com 9,946 mil milhões de euros.

Além do PEPP, o BCE continuou com o programa de compra de dívida que já tinha em curso, a um ritmo mensal de 20 mil milhões de euros e até o reforçou com um envelope temporário de 120 mil milhões a ser usado também até ao final de 2020. Desde o início do ano, o saldo da dívida portuguesa pelo BCE aumentou em 2,662 mil milhões de euros. Só em julho, a autoridade monetária comprou 390 milhões de euros.

Entre os vários programas, o BCE tem engordado o balanço para valores nunca antes vistos. Os dados da situação financeira consolidada do Eurosistema relativos a 7 de agosto de 2020 indicam que a folha de balanço estava no máximo histórico de 6.385.307.000.000 milhões de euros.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Governo assegura que estão em curso diligências para pagamento aos media

  • Lusa
  • 17 Agosto 2020

Em causa está uma verba de 15 milhões para a compra antecipada de publicidade institucional, anunciada pelo Governo, em 17 de abril, para ajudar o setor dos media a mitigar o impacto da pandemia.

O Governo assegurou que estão em curso as diligências para a outorga dos contratos com os media no âmbito da compra de publicidade institucional antecipada, uma medida anunciada pelo executivo para mitigar o impacto da pandemia.

“Na presente data, já se encontram adjudicadas as propostas de um conjunto significativo de órgãos de comunicação social, estando em curso as diligências necessárias à outorga dos contratos, por forma a habilitar o respetivo pagamento”, avançou, em resposta à Lusa, o Ministério das Finanças.

Em causa está uma verba de 15 milhões de euros para a compra antecipada de publicidade institucional, anunciada pelo Governo, em 17 de abril, para ajudar o setor dos media a mitigar o impacto da pandemia de covid-19.

Em 14 de agosto, o Sindicato dos Jornalistas (SJ) lamentou que o Governo não tenha disponibilizado os 15 milhões de euros relativos à compra antecipada de publicidade institucional, vincando que o executivo está em dívida com as empresas que já prestaram o serviço.

“Na segunda-feira [hoje] completam-se quatro meses desde a conferência de imprensa em que o Governo anunciou um apoio de emergência para as empresas da comunicação social […]. A não ser que aconteça uma surpreendente transferência de última hora, vão completar-se 120 dias desde que a promessa foi feita, chegando-se, assim, a um ponto em que o adiantamento é já um atraso”, apontou, na altura, em comunicado, o SJ.

No entanto, tendo em conta que há publicidade que já foi emitida ou divulgada, o Estado está em dívida com as empresas, lembrou o sindicato, notando que o setor dos media foi o único que ainda não recebeu qualquer apoio extraordinário desde o início da pandemia.

O SJ reiterou que a verba, “apesar de escassa, é fundamental para a sobrevivência de muitas destas empresas”, vincando que esta é particularmente urgente “num momento em que fecham jornais e rádios” e outros falham pagamentos, “como é o caso do Global Media Group, que ainda não regularizou com os colaboradores as contas do mês de junho”.

A compra de publicidade institucional antecipada foi anunciada na Presidência do Conselho de Ministros pela ministra da Cultura, Graça Fonseca.

“O Estado decidiu alocar uma verba de 15 milhões de euros na aquisição antecipada de espaço para publicidade institucional, através de televisão e rádio, em programas generalistas e temáticos informativos, e através de publicações periódicas de informação geral”, afirmou, na altura, a governante.

Questionada sobre quando é que a medida começa a ter impacto nas empresas de media, a ministra disse, na altura, esperar que ainda “durante este mês [abril]”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Alteração ao complemento de estabilização não resolve todos os problemas, diz CGTP

  • Lusa
  • 17 Agosto 2020

A central sindical sublinha não entender o motivo para que um trabalhador não possa ser compensado pela perda de rendimentos sofrida por ter estado “10, 15 ou 20 dias em ‘lay-off'.

A CGTP considerou esta segunda-feira que a alteração do Governo ao complemento de estabilização “não resolve todos os problemas”, insistindo no fim de outras situações de exclusão para que o apoio financeiro chegue a todos os trabalhadores afetados pelo ‘lay-off’.

O Governo alterou as regras do complemento de estabilização, com um diploma publicado na sexta-feira, alargando o apoio aos trabalhadores que estiveram em ‘lay-off’ pelo menos 30 dias seguidos e não apenas pelo período correspondente a um mês civil, mas a intersindical considera, em comunicado, que essa alteração “não resolve todos os problemas”.

Todos os demais persistem, nomeadamente aqueles que resultam, sem fundamento legal, da interpretação arbitrária dos serviços competentes da Segurança Social”, afirma a CGTP, dando como exemplo o caso dos trabalhadores que estiveram de baixa por doença ou que faltaram ao trabalho por outro motivo em fevereiro, bem como os que mudaram de emprego entre fevereiro e o mês em que estiveram em ‘lay-off’.

Além destas situações, a central sindical sublinha não entender o motivo para que um trabalhador não possa ser compensado pela perda de rendimentos sofrida por ter estado “10, 15 ou 20 dias em ‘lay-off’ e tenha obrigatoriamente que ter estado pelo menos 30 dias”.

A CGTP critica ainda o facto de os trabalhadores que recebem o salário mínimo (635 euros) não terem direito ao complemento de estabilização, por esse ser o valor mínimo atribuído a quem esteve em ‘lay-off’, referindo que “a maioria dos trabalhadores recebem outras componentes retributivas” que foram afetadas.

Também se o trabalhador que esteve em ‘lay-off’ tiver tido “uma perda salarial superior a 351 euros não tem direito ao complemento de estabilização, da mesma forma que, se o trabalhador tiver estado em ‘lay-off’ durante mais de 30 dias não tem direito a uma prestação de valor superior”, acusa a intersindical.

Por sua vez, quem foi colocado em ‘lay-off’ em julho fica igualmente excluído do apoio, o que para a CGTP não tem “justificação atendível”, considerando tratar-se de “mais uma situação de tratamento diferenciado de trabalhadores na mesma situação”.

“A CGTP-IN continua a exigir ao Governo que proceda urgentemente à avaliação das restantes situações de exclusão, pondo termo às evidentes e injustificadas discriminações e injustiças que persistem para além da clarificação agora efetuada e que atribua o complemento de estabilização a todos os trabalhadores que sofreram efetivas perdas de rendimento devido ao regime de ‘lay-off’”, pode ler-se no comunicado.

O complemento aplica-se aos trabalhadores com um salário base superior a 635 euros e até 1.270 euros que tiveram perda de rendimento por terem estado em ‘lay-off’ pelo menos 30 dias consecutivos. O valor do apoio corresponde à diferença entre o salário base de cada trabalhador em fevereiro e o valor que recebeu durante 30 dias consecutivos em ‘lay-off’, com um mínimo de 100 euros e um máximo de 351 euros.

O complemento foi pago no final de julho e, segundo o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, chegou a cerca de 300 mil trabalhadores e teve um impacto financeiro de 48 milhões de euros. A Lusa questionou o ministério sobre quando será pago o apoio aos trabalhadores agora abrangidos pela alteração legislativa, mas não obteve resposta até ao momento.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Carlos César desafia BE e PCP a dizerem se querem acordo com PS ou se vão “assobiar para o ar”

O presidente do PS pressiona os bloquistas e comunistas a definirem uma posição sobre um possível acordo com o PS que garanta estabilidade ao longo da legislatura.

No debate do Estado da Nação, António Costa desafiou os antigos parceiros da “geringonça” para um acordo que dê um “quadro de estabilidade no horizonte da legislatura”. Um “pedido de casamento”, apelidou Rio, no mesmo debate. Posteriormente, Ana Catarina Mendes, líder parlamentar do PS, clarificou que este não tem necessariamente de ser um acordo escrito. Agora é a vez de Carlos César, presidente do PS, pressionar BE e PCP a tomarem uma decisão.

Numa publicação feita no domingo na sua página no Facebook, Carlos César desafia os partidos à esquerda do PS a “definirem-se de uma vez por todas e sem mais demoras e calculismos”. “É tempo de dizer ao BE, PCP e PEV, ou mesmo ao PAN, se são ou não capazes de reunir esses consensos num enunciado programático com o PS, suficiente mas claro, para a Legislatura…ou se preferem assobiar para o ar à espera dos percalços“, escreveu o presidente do PS, num texto acompanhado por uma montagem que junta a assinatura do acordo de incidência parlamentar da legislatura anterior (cujas assinaturas foram feitas em separado).

Para o ex-líder parlamentar do PS “o país precisa dessa tranquilidade e de uma governação estável e responsável, com o apoio ativo da esquerda portuguesa“. Carlos César argumenta que se isso já era verdade no início da legislatura — colocando o ónus da inexistência de um acordo na “recusa” do PCP –, agora ainda é mais por causa da crise pandémica que traz “outra consciência sobre a absoluta necessidade de uma confluência formal e segura, que assegure um Governo com uma orientação estável e um programa de recuperação com o fôlego e o sentido de médio prazo indispensáveis”.

Carlos César pressiona assim os antigos parceiros da geringonça a definirem uma posição, dando argumentos para que aceitem um acordo com o PS. O primeiro-ministro já tinha ensaiado um pedido de maior acordo à esquerda durante a discussão do Orçamento Suplementar, mas a proposta oficial chegou no Estado da Nação quando pediu uma “base de entendimento sólida e duradoura”. “É com os partidos que connosco viraram a página da austeridade que queremos prosseguir o caminho iniciado em 2015. E, para esse efeito, necessitamos de um quadro de estabilidade no horizonte da legislatura”, disse.

Mais tarde, Ana Catarina Mendes esclareceu que António Costa não estava necessariamente a propor um acordo escrito com o BE, PCP, PEV e PAN. “O que António Costa está a propor neste momento é que continuemos a trilhar este caminho em conjunto, à esquerda, que reforce o Estado Social, a manutenção do emprego, a capacidade das empresas e que reforce o crescimento da economia”, disse em entrevista ao podcast “Política com palavra”, referindo que está “absolutamente convencida de que o PCP, o PEV e o BE continuam a partilhar connosco a necessidade de reforçarmos o Estado social, reforçarmos o papel do Estado e reforçarmos a nossa economia”.

A pressão de Carlos César chega numa altura em que os partidos à esquerda, mais o PAN, negoceiam com o Governo o Orçamento do Estado para 2021. “A expectativa de estabilidade política é fundamental para vencermos os enormes desafios de recuperação económica e social que o presente e o futuro nos reservam“, diz ainda na mesma publicação, recordando que a 22 de julho disse que “se os partidos à esquerda estiverem interessados em garantir estabilidade para a legislatura devem dizê-lo depressa”.

O socialista refere ainda que “o PS tem sido claro na sua opção à esquerda” e que “o PSD está a ser claro quando se chega ao resto da direita”, numa alusão às palavras de Rui Rio sobre o Chega. Em entrevista à RTP, o presidente do PSD afirmou que “se o Chega evoluir — embora seja um partido marcadamente de direita e, se quiserem, para muitos casos de extrema-direita (…) — para uma posição mais moderada, penso que as coisas se podem entender”. “Se o Chega continuar numa linha de demagogia, de populismo, da forma como tem ido, está aqui um problema porque aí não é possível efetivamente um entendimento com o PSD”, concluiu.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Aplicações, máscaras e máquinas. As inovações e os riscos trazidos pela pandemia

  • Lusa
  • 17 Agosto 2020

Aplicações, máquinas e máscaras estão entre as inovações tecnológicas que surgiram por necessidade de combater a pandemia, mas registam-se também vários riscos.

Aplicações, máquinas e máscaras estão entre as inovações tecnológicas que surgiram por necessidade de combater a pandemia de coronavírus, que abriu um desenvolvimento sem precedentes de plataformas tecnológicas para teletrabalho e educação, com inovação e riscos equivalentes.

Com a adoção em larga escala por empresas e organismos estatais de plataformas tecnológicas para o teletrabalho, aulas e outros serviços, a Interpol registou um aumento considerado alarmante durante os primeiros quatro meses do ano. Os criminosos aproveitaram as falhas de segurança para roubar dados, dinheiro ou criando perturbações, como atestam os números registados entre janeiro e abril, em que foram denunciados àquela força mais de 48 mil episódios de instalação e vírus informáticos.

No meio dos países que adotaram aplicações de rastreio de contactos, a Coreia do Sul foi um dos primeiros a aplicá-las mas também um dos primeiros a ver as suas vulnerabilidades. A postura “agressiva” do país na saúde pública digital aliada à pressa de adotar uma aplicação de rastreio deixou para trás “uma verificação de segurança da aplicação, que atrasaria a sua adoção”, admitiu um responsável do Ministério do Interior sul-coreano em declarações ao jornal New York Times.

Embora não tenha havido queixas, a primeira versão da aplicação, cujas falhas de segurança foram entretanto corrigidas em julho, deixava caminho aberto para piratas informáticos poderem recolher nomes e localização em tempo real, bem como falsificar informação sobre se tinham respeitado ou violado a quarentena a que estivessem obrigados.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) tem reiteradamente afirmado que as aplicações de rastreio de contactos podem ajudar, mas apenas de forma complementar a políticas de saúde pública mais vastas, como a testagem e deteção rápidas, quarentena de doentes e pessoas que com eles estiveram em contacto e medidas de distanciamento físico e higiene disseminadas por toda a sociedade.

Outra recomendação recorrente da agência das Nações Unidas é a transparência por parte dos decisores, única maneira de ganhar a confiança dos cidadãos, quer para a adesão a sistemas de rastreio de contactos, quer para o resto das medidas de saúde pública. No caso da aplicação portuguesa Stayaway Covid, desenvolvida pelo Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência INESC TEC, um parecer da Comissão Nacional de Proteção de Dados alertou para riscos da aplicação, baseada no sistema de notificação de exposição criado pelas multinacionais Apple e Google.

Uma “parte crucial” dos dados não seria controlada pelos autores da aplicação em Portugal ou pelos responsáveis pelo tratamento e proteção de dados, salientou a comissão, acrescentando que o sistema de notificação GAEN pode ser modificado pelas empresas unilateralmente, com efeitos desconhecidos sobre os direitos dos utilizadores.

Os utilizadores da aplicação portuguesa serão notificados quando tiverem estado em contacto com alguém infetado com coronavírus, a uma proximidade inferior a dois metros e durante mais de 15 minutos, nas 48 horas anteriores. Esta segunda-feira, o Governo anunciou que a aplicação está em fase piloto tendo-se iniciado os testes de segurança que deverão estar terminados dentro de duas semanas. Para ativar aplicação no telemóvel, é preciso introduzir um código que é dado por um profissional de saúde habilitado para isso pela Direção-Geral da Saúde.

Depois de revista, a aplicação acabou por ficar regulada num decreto-lei do Governo de 23 de julho, em que ficou estabelecida a obrigatoriedade de esta respeitar a legislação sobre proteção de dados e cibersegurança. Tem características semelhantes à aplicação usada na Alemanha, descarregada por mais de 16 milhões de pessoas, quase 20%, enquanto a Irlanda é o país europeu com a maior percentagem de utilizadores, cerca de 37%.

Apesar de centrais no esforço de combater a pandemia, as aplicações de rastreio não são a única tecnologia nascida de necessidades criadas pelo coronavírus: uma empresa de Coimbra a criar em maio passado uma aplicação para telemóveis que permite aos inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras fazer controlos de fronteira sem precisarem de contacto físico, lendo e validando dados dos documentos de identificação sem lhes tocar.

No auge da pandemia, com unidades de cuidados intensivos e hospitais sobrecarregados, o Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Matosinhos (CEiiA) pôs mãos à obra e desenvolveu em 45 dias o primeiro ventilador respiratório produzido em Portugal, que em julho recebeu autorização para utilização hospitalar.

O projeto do ventilador Atena foi um dos exemplos de colaboração entre investigadores e empresas em Portugal, tal como a máscara, MoxAd-Tech, a primeira máscara têxtil e reutilizável com capacidade para inativar o novo coronavírus. O que a distingue é ter um revestimento que neutraliza o vírus quando entra em contacto com o tecido, um efeito que se mantém mesmo após dezenas de lavagens, como atestou o Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes.

No Campus de tecnologia e Investigação de Oliveira do Hospital, surgiu no fim do mês passado uma tecnologia pioneira que usa comprimentos de onda mais potentes do que a radiação solar e que consegue eliminar 100% das partículas do novo coronavírus no ar em cinco minutos. Os investigadores consideram que a tecnologia, que só precisa de energia elétrica, pode ser útil na proteção de profissionais de saúde ou tripulantes de transportes terrestres ou aéreos.

Outra colaboração entre académicos, militares e académicos portugueses resultou num protótipo de câmara de descontaminação a seco para permitir a reutilização de máscaras respiratórias usadas pelos profissionais de saúde, usando um descontaminante gasoso baseado em nanopartículas que destrói o vírus sem danificar o material das máscaras.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Malheiro teme “lobbies” no hidrogénio e desafia Galamba a demonstrar que não está a fazer um “frete” a alguém

O vice-presidente do PSD e o secretário de Estado da Energia entraram em discussão no Twitter sobre o Plano Nacional do Hidrogénio divulgado na semana passada.

A divisão entre o PS e o PSD no tema do hidrogénio continua a causar polémica. Desta vez, no Twitter, foi Salvador Malheiro a atacar o Plano Nacional do Hidrogénio que foi publicado em Diário da República na semana passada. O vice-presidente do PSD diz temer “lobbies” do setor, mas não ficou sem resposta: o secretário de Estado da Energia, João Galamba, ripostou, escrevendo que Malheiro opina sem ler o documento.

“Já está em DR [Diário da República] o Plano Nacional para o H2 [Hidrogénio]. Todos somos a favor do H2. Mas estipular metas sem começar p/ redes de distribuição, p/ tecnologia, p/ descentralização e não acautelando que tal plano não terá custos p/ os contribuintes a favor de lobbies… merece a nossa reprovação“, começou por criticar Salvador Malheiro numa publicação no Twitter esta segunda-feira.

Desde logo, o presidente da câmara de Ovar e vice-presidente do PSD diz ser a favor do hidrogénio. Contudo, os elogios acabam aí: para Malheiro o documento merece a “reprovação” dos social-democratas por não estar bem delineado nas suas prioridades. Além disso, o braço direito de Rui Rio, que tem formação em engenharia e um doutoramento em energia e combustão, considera que o Governo não acautela que não haverá custos para os contribuintes — o que é uma promessa do Executivo –, temendo favores a “lobbies”.

Em reação, também no Twitter, o secretário de Estado da Energia acusou Malheiro de não ler o documento: “Só posso concluir que não leu a estratégia, nem percebeu que o dl [decreto-lei] do sistema de gás já foi promulgado. Seja na estratégia, seja no diploma do sistema nacional de gás, as questões que levanta estão clara e cabalmente respondidas. Parece que passou a haver um desporto nacional chamado opinar sem ler“, escreveu João Galamba, acrescentando posteriormente que “um dos pilares da estratégia [é] não haver qualquer custo para consumidores de energia”.

A discussão continuou com Malheiro a argumentar que as redes não estão preparadas, que a tecnologia prevista não é a mais eficientes, que não se privilegia “a produção descentralizada e junto dos consumidores” e que não se garante que os “consumidores/contribuintes nada pagarão no futuro”. “Está-se a fazer um frete a alguém? Demonstre que não“, desafiou a Galamba.

A resposta não tardou: “Sobre ‘fazer um frete a alguém’, e apesar da insinuação gratuita, a EN-H2 [Estratégia Nacional do Hidrogénio] está totalmente alinhada com estratégia, objetivos e mecanismos de financiamento europeus. Se tem alguma dúvida, é perguntar; se só tem insinuações e quer inverter o ónus da prova, lamento mas não tenho muito para lhe dizer”, ripostou.

Sobre as redes, Galamba respondeu que Portugal tem “das redes de gás (sobretudo distribuição) mais bem preparadas de toda a Europa” para receber hidrogénio, referindo que é essa a conclusão de um estudo da FCHJU (Fuel Cells and Hydrogen Joint Undertaking), uma iniciativa público-privada que envolve a Comissão Europeia e institutos de investigação. O secretário de Energia usa o estudo também para referir que o hidrogénio pode ser convertido a um “custo relativamente reduzido”, assegurando que esta conclusão foi confirmada pela REN.

Sobre a produção descentralizada, o ex-deputado garante que esta está “claramente prevista na estratégia e até é dito que, seja na indústria, seja nos transportes, a produção descentralizada (em regime de autoconsumo) é a prioridade“.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Jerónimo Martins e Galp pressionam bolsa de Lisboa

Praça nacional acompanhou o sentimento negativo que dominou outras duas praças da periferia: Espanha e Itália. Jerónimo Martins, Galp e mais oito cotadas portuguesas penalizaram Lisboa.

Jerónimo Martins e Galp foram as grandes cotadas nacionais que mais perderam na primeira sessão da semana, penalizando a bolsa portuguesa. Lisboa acompanhou o sentimento negativo que dominou outras duas praças da periferia: Espanha e Itália.

O PSI-20, o principal índice português, caiu 0,14% para 4.435,15 pontos, depois de duas sessões em alta. Do lado negativo, foram dez as cotadas que pressionaram a praça portuguesa, evidenciando-se a Jerónimo Martins e Galp: a retalhista caiu 1,12% para 13,98 euros e a petrolífera cedeu 0,84% para 9,46 euros.

A travar maiores perdas estiveram seis cotadas. Por exemplo, no setor do papel, a Navigator e a Altri fecharam em alta de 2,64% e 0,27%, respetivamente. Mas o melhor desempenho pertenceu à Mota-Engil, com os papéis da construtora nacional a somarem 4,49%. Na passada sexta-feira o Jornal Económico revelou que a Mota-Engil lidera a corrida a um projeto de 440 milhões de euros no Gana.

A bolsa de Lisboa acompanhou as perdas registadas noutras duas bolsas da periferia: o espanhol IBEX-35 perdeu 0,92% e o italiano FTSE-MIB caiu 0,26%. Por outro lado, o Stoxx 600, índice que agrega as maiores companhias do Velho Continente, encerrou em alta de 0,40% para 369,53 pontos e o alemão DAX-30 valorizou 0,28%.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

No coração das Caraíbas há uma ilha à venda por 63 milhões de euros

Com cerca de 16 hectares, no sul do Belize, a ilha "Long Caye" está à venda por 63 milhões de euros. Mas há mais opções para quem procura sossego e privacidade.

Em tempos de pandemia, comprar um destino privado pode ser uma boa opção, mas claro, acessível a poucos bolsos. Uma hipótese para quem tem vários milhões disponíveis para investir é uma ilha privada no sul do Belize, com 16 hectares, e ainda com seis pequenas cabanas com vista para o mar das Caraíbas. Este sinónimo de privacidade e paraíso está à venda por 75 milhões de dólares (63 milhões de euros).

Chama-se “Long Caye” e é uma das ilhas mais conhecidas da zona de Placencia, diz a imobiliária Engel&Volkers, responsável pela comercialização. Oferece “total privacidade com um pano de fundo natural único”, dado estar localizada na zona do segundo maior recife de coral do mundo, e tem ainda o seu próprio abastecimento de água e eletricidade, bem como uma marina e praias com areia branca e águas cristalinas.

Na ilha há ainda seis pequenas cabanas que podem ser ocupadas como o futuro dono bem quiser — para uso próprio ou para turismo. “Graças à localização de primeira qualidade e ligações ao continente, a ilha também serve como estância turística”, diz a Engel&Volkers.

Ilha privada “Long Caye”, Belize, Caraíbas.Engel&Volkers

Este é um exemplo no meio de alguns que vão aparecendo e, recentemente, a Engel&Volkers vendeu uma outra ilha, desta vez na Irlanda. Em parceria com a Colliers Internacional, a imobiliária encontrou um novo dono para a ilha “Horse Island”, que tem uma casa principal, quatro residências e duas casas de campo, para além de uma pista de aterragem privada de helicóptero e um porto para embarcações. Desta vez, o negócio foi fechado por 5,5 milhões de euros.

Reduzindo um pouco a dimensão do investimento, mas mantendo a privacidade, está também à venda um resort em África do Sul, na aldeia de Rooi-Els. Por 3,33 milhões de euros, é possível comprar uma vivenda exclusiva com 684 metros quadrados, com quatro quartos, quatro casas de banho, quatro garagens, uma piscina e um extenso terraço.

Outra opção é um resort na ilha de Favignana, ao largo da costa ocidental da Sicília, que está a ser vendido por 3,8 milhões de euros. O Nido del Pellegino Resort é um antigo complexo militar e tem cerca de sete hectares, compostos por dez apartamentos e duas suítes com vista para o mar.

“Estes tipos especiais de propriedades oferecem aos proprietários um local de refúgio junto à água onde podem sentir a proximidade com a natureza, ao mesmo tempo que desfrutam do conforto de luxo, da máxima privacidade e flexibilidade absoluta“, diz Ron Krueger, managing director da EngelVolkers Kinsale/Cork, citado em comunicado.

Por sua vez, Gernot Rella, responsável comercial da Residential International, explica que “clientes com património elevado estão entre os compradores deste tipo de propriedades imobiliárias exclusivas”, dado que “procuram imóveis como segundas casas, onde possam trazer as famílias e amigos de férias”. Contudo, são também ativos apetecíveis para empresários.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Oi só deverá concluir a venda de sua rede de telefonia móvel em 2021

  • Lusa
  • 17 Agosto 2020

A operadora brasileira avaliou a sua rede móvel num mínimo de 15 biliões de reais (cerca de 2,3 mil milhões de euros) e informou que iria vendê-la pela maior oferta.

O presidente da empresa de telecomunicações brasileira Oi, Rodrigo Abreu, disse que a empresa só deverá concluir a venda de suas operações de telefonia móvel no final de 2021, segundo a imprensa local.

“Esperamos que essa operação seja encerrada apenas no final de 2021”, disse Abreu ao jornal O Estado de S. Paulo.

Na entrevista publicada esta segunda-feira, o presidente da Oi também afirmou não ter preferência por nenhuma das ofertas recebidas pela área de telefonia móvel da Oi, incluindo o consórcio formado pelas operadoras Telefónica, TIM e América Móvil.

A Oi está imersa num processo de reestruturação após pedir recuperação judicial em 2016. A empresa colocou à venda alguns de seus negócios, incluindo a sua rede de telefonia móvel, com quase 34 milhões de clientes.

A operadora brasileira avaliou a sua rede móvel num mínimo de 15 biliões de reais (cerca de 2,3 mil milhões de euros) e informou que iria vendê-la pelo maior oferta.

Entre os interessados estão, de um lado, a empresa Highline Brasil, controlada pela American Digital Colony, e de outro, um consórcio formado pelas subsidiária brasileira da empresa espanhola Telefónica, a Telecom Itália (TIM) e a mexicana América Móvil, que controla a operadora Claro no Brasil.

Abreu disse que está em curso “uma negociação dos termos de compra e venda, bem como das obrigações que a transação implica”.

“Nossa visão é neutra. Não há preferência pela oferta A ou B, mas sim pela que traz mais valor para a empresa e apresenta condições de viabilizar as obrigações assumidas”, acrescentou o executivo.

Sobre as hipotéticas restrições que as autoridades brasileiras poderiam impor em função de uma concentração de mercado, no caso de acordo com o consórcio composto por Telefónica, TIM e Claro, Abreu afirmou que ambas as ofertas são viáveis. “É uma questão de negociar os termos”, acrescentou.

Rodrigo Abreu afirmou que a venda para a Telefónica Brasil – que opera no Brasil através da marca Vivo -, TIM e a Claro envolve um “complexo processo de separação para dividir o ativo entre mais de uma operadora”, enquanto a opção da Highline Brasil obrigaria a Oi a “assumir obrigações transitórias, como gerenciar clientes”.

“Em ambos os casos, entendemos que a venda não teria resolução imediata, justamente por envolver discussões sobre aspetos competitivos e regulatórios”, explicou.

A Oi também colocou à venda a sua rede de fibra ótica por um preço mínimo de 20 mil milhões de reais (cerca de 3,1 mil milhões de euros) e pelo qual, segundo o gestor, já recebeu “mais de 10 ofertas”.

Abreu também disse estar confiante de que a nova versão do plano de reestruturação da Oi será aprovada na próxima assembleia geral de credores, marcada para 08 de setembro.

Atualmente, a Oi é a quarta maior operadora de telecomunicações móveis do Brasil, com uma participação de mercado de cerca de 16%, atrás da Vivo, que lidera com 33%, da Claro (controlada pela mexicana América Móvil) e da TIM, que têm cerca de 24% do mercado brasileiro cada uma.

A empresa portuguesa Pharol tem uma participação acionista na Oi. Até 31 de dezembro de 2019, a Pharol detinha ações equivalentes a 5,5% do capital social total da operadora brasileira.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Maioria dos empresários diz que aumentar salário mínimo “seria ridículo”. Mas a Bosch é a favor

Barbot, Carlos Santos Shoes, Crafil e Quinta do Crasto consideram que "é difícil, neste altura, pensar em aumentos do salário mínimo". Para a Bosch o aumento é "ajustado e necessário".

Numa altura em que o país, e o mundo, estão a enfrentar uma crise sem precedentes, o aumento do salário mínimo nacional volta a estar em discussão, tendo em conta que o BE, PCP e PAN querem ver este assunto discutido nas negociações deste mês. A grande maioria dos empresários não concorda com esta medida, pois consideram que é altura de “salvar postos de trabalho” e que um aumento seria completamente “desajustado”.

As empresas ouvidas pelo ECO dão nota negativa a esta proposta avançada pelo Expresso, medida que até o Presidente da República disse preferir “esperar para ver” o resultado das negociações. O ECO foi questionar a Barbot, Carlos Santos Shoes, Crafil, Quinta do Crasto e a Bosch sobre a possibilidade de se voltar a subir a remuneração mínima e apenas a multinacional alemã considera a proposta ajustada. Todas as outras são contra.

É completamente desajustado fazer aumentos do salário mínimo nesta altura do campeonato. As empresas estão a sobreviver para conseguirem manter os postos de trabalho, pagar as despesas e os salários”, sublinha Ana Santos, diretora de marketing/sales manager da Carlos Santos Shoes, que emprega 86 colaboradores. “Aumentar o salário é completamente incoerente e não há margem. Noutra altura sim, mas agora é impensável”, assegura.

Também Carlos Barbot, presidente executivo da empresa de tintas com o mesmo nome, defende que “aumentar o salário mínimo não faz muito sentido nesta altura e não vai ajudar nada as empresas”. “É difícil, neste altura, pensarmos em aumentos do salário mínimo quando temos tantos problemas de lay-off“, recorda.

É completamente desajustado fazer aumentos do salário mínimo nesta altura do campeonato. As empresas estão a sobreviver para conseguirem manter os postos de trabalho, pagar as despesas e os salários. Aumentar o salário é completamente incoerente e não há margem.

Ana Santos

Diretora de marketing na Carlos Santos Shoes

O Governo arrancou esta legislatura com os olhos postos numa meta: atingir o salário mínimo de 750 euros até 2023, mas a pandemia do novo coranavírus pode ter trocado as voltas a este plano. A meta indicativa seria chegar aos 670 euros em 2021. Mas o primeiro-ministro defende que o valor anual deve ser fixado tendo em conta a “dinâmica do emprego e do crescimento económico”. Tudo aponta para que a recessão este ano chegue quase aos 10%, como antecipa a Comissão Europeia e, por isso, as pretensões da esquerda podem estar comprometidas. No entanto, não é inédito que o aumento do salário mínimo aconteça em anos de queda do PIB.

O ministro da Economia também veio acalmar os ânimos nesta discussão ao considerar que “não é uma questão que se coloque agora”. Em entrevista à Rádio Observador (acesso pago), Siza Vieira disse que “o tema não foi sequer objeto de discussão entre o Governo, o PCP, o Bloco de Esquerda, o PEV, o PAN”. O número dois do Governo recordou a posição do António Costa de avaliar, ano a ano, a trajetória, defendendo que é isso que é necessário fazer. “É isso que temos de avaliar. É uma decisão que não tem que ser tomada agora”, em declarações que ajudam de alguma forma a tranquilizar as preocupações dos empresários.

Vítor Alves, presidente da empresa têxtil Crafil, que emprega 16 colaboradores em Portugal, conta que, neste momento, o que estão “a fazer é tentar salvar postos de trabalho”. “Nesta fase, 90% dos nossos trabalhadores entendem isso e vão compreender o nosso ponto de vista. A preocupação deles é não serem despedidos”. Por isso, “nesta altura, é prematuro falar em aumentos salariais”, defende. “É preciso é ajudar as empresas a manter os postos de trabalho“, apela.

A importância da valorização dos salários não é negada pelos empresário. Mas, “não é positivo, nem oportuno, ouvir os nossos representantes, em tempos de crise, falarem em aumentar o salário mínimo”, sublinha o administrador da Quinta do Crasto. “Existem muitas empresas que não sabem como vão dar a volta à situação e é ridículo uma questão destas neste momento. Algumas empresas estão desequilibras, esse tipo de decisões vai antecipar o fim de algumas empresas”, prevê Justino Soares, cuja empresa emprega atualmente 81 pessoas.

O custo de vida não vai baixar devido à pandemia e as pessoas vão ter mais dificuldades em sobreviver, por isso mesmo o salário mínimo deve aumentar para que as pessoas terem uma vida digna.

Carlos Ribas

Representante da Bosch Portugal

João Vieira Lopes, administrador de várias empresas no mercado da distribuição alimentar e presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), também está contra este aumento. “Esses objetivos tinham um conjunto de pressupostos de evolução económica que, neste momento, se alteraram”, ou seja, o comportamento da economia, das exportações e do emprego, refere ao ECO.

Contrariamente à grande maioria dos entrevistados pelo ECO, o representante da Bosch Portugal, Carlos Ribas, concorda com o BE e PCP e diz que o salário mínimo deve ser “ajustado”. “As pessoas têm de viver com dignidade e o salário mínimo dever ser aumentado. O custo de vida não vai baixar devido à pandemia e as pessoas vão ter mais dificuldades em sobreviver, por isso mesmo o salário mínimo deve aumentar para que as pessoas terem uma vida digna”, explica ao ECO, o represente da Bosch em Portugal, uma multinacional alemã, país onde o aumento do salário mínimo para 2021 já está acertado.

Se vamos aplicar outra vez a mesma receita que foi aplicada no tempo da troika com redução de retribuições e de direitos dos trabalhadores, o que vamos fazer é afundar ainda mais a economia e os trabalhadores ficarão em situações de exploração e de pobreza, que são completamente inaceitáveis”, defendeu a secretária-geral da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP), em declarações ao ECO, na altura do dia do trabalhador. O salário mínimo esteve congelado durante quatro anos, voltando apenas a ser aumentado em 2015.

Com a crise pandémica “a ganhar ainda mais força existe a necessidade do aumento generalizado dos salários, do aumento do salário mínimo nacional — e mantemos a consideração de que o objetivo deverá ser os 850 euros no mais curto prazo –, de acabar com a imensa precariedade“, conclui Isabel Camarinha.

Para o secretário-geral da União Geral de Trabalhadores (UGT), “nada está fora da mesa”. “É entendimento da UGT que o salário mínimo, no seu aumento ou evolução, deve ser intocável. A UGT insiste que o salário mínimo deverá ser aumentado, em 2021”, destacava Carlos Silva na mesma data. “Vamos exigir o aumento do salário mínimo nacional em função da realidade do país. Vamos ter de ser muito pragmáticos, conscienciosos e ter a noção de que a evolução deste ano em que em vez de ser 50 ou 60 euros, como gostaríamos, porventura terá que ser mais baixa, mas isso vamos aguardar”, reconhecia, contudo, Carlos Silva.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

EUA apertam restrições a fornecimentos à Huawei

O Departamento do Comércio dos EUA apertou as restrições nos fornecimentos de tecnologia à Huawei, em mais uma escalada nas tensões comerciais sino-americanas.

O Departamento do Comércio dos EUA anunciou novas e apertadas restrições ao fornecimento de componentes tecnológicos à gigante chinesa Huawei. Mediante esta medida, a empresa fica impedida de adquirir processadores fabricados noutros países mas que usem tecnologia norte-americana.

As autoridades norte-americanas foram ainda mais longe e somaram 38 subsidiárias da Huawei em 21 países à chamada “lista de entidades”. Esta lista negra de facto inclui companhias para as quais as empresas dos EUA ficam impedidas de exportar tecnologia sem uma licença do Departamento do Comércio.

Entre as 38 empresas da Huawei não surge nenhuma subsidiária portuguesa. Contudo, inclui diversas unidades da Huawei na Europa, incluindo na Holanda, em França e na Alemanha, entre muitas outras jurisdições.

“A Huawei e as suas afiliadas têm alargado os esforços para obter semicondutores avançados desenvolvidos ou produzidos a partir de software ou tecnologia dos EUA de forma a ir ao encontro dos objetivos do Partido Comunista Chinês”, justificou o secretário do Comércio, Wilbur Ross.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.