Polónia pode compensar impacto de Portugal nas contas da Jerónimo Martins. Retalhista ainda admite dividendos

Biedronka ganhou quota de mercado e aumentou as vendas durante a pandemia. A resiliência da cadeia de supermercados deverá compensar parte do rombo nas receitas do português Pingo Doce.

O reforço das vendas na Polónia poderá compensar o rombo que a pandemia vai causar nas contas da Jerónimo Martins. Na assembleia-geral desta quinta-feira, a administração comunicou aos acionistas o aumento da quota de mercado da Biedronka e apontou que ainda há esperança para os dividendos.

“O que o presidente [Pedro Soares dos Santos] nos transmitiu foi que a operação na Polónia está a correr muito bem e vai ser um efeito positivo. Há um ganho de quota de mercado e a Biedronka vai fazer toda a diferença em 2020“, conta Carlos Rodrigues, presidente da Maxyield – clube dos pequenos acionistas, sobre a mensagem transmitida na assembleia geral de acionistas.

No primeiro trimestre do ano, os lucros da Jerónimo Martins caírem 43,8% para 35 milhões de euros devido ao efeito da pandemia em março. Apesar da quebra no resultado líquido, as vendas do grupo — para as quais a cadeia polaca Biedronka pesa 69,2% do total — subiram numa base comparável 9,5% para 4.715 milhões de euros. Questionada pelo ECO sobre a perspetiva para o total do ano, fonte oficial da Jerónimo Martins confirmou o reforço no negócio da Biedronka também no segundo trimestre.

Em abril, a Biedronka decidiu alargar o horário de funcionamento das lojas para facilitar o acesso aos consumidores. Em resultado, apresentou um desempenho bastante resiliente, com as vendas a crescerem 6,5% (em moeda local) e com um forte aumento da quota de mercado.

Fonte oficial da Jerónimo Martins

Vendas subiram no primeiro trimestre apesar da pandemia

Fonte: relatório trimestral da Jerónimo Martins

“Em abril, sob medidas estritas de circulação de pessoas e com limites relativamente ao número máximo de clientes por loja, a Biedronka decidiu alargar o horário de funcionamento das suas lojas para facilitar o acesso aos consumidores. Em resultado, apresentou um desempenho bastante resiliente, com as vendas a crescerem 6,5% (em moeda local) e com um forte aumento da quota de mercado“, explica a empresa, remetendo mais informação para a divulgação dos resultados semestrais a 29 de julho.

Na Polónia, as medidas de confinamento devido à pandemia de Covid-19 não foram tão restritivas como em Portugal. No retalho nacional, é expectável que o Recheio seja especialmente penalizado pelo encerramento de hotéis e restaurantes. O consenso entre os analistas que seguem a cotação da Jerónimo Martins aponta para um aumento de 3,4% das receitas para 19.267 milhões, mas uma quebra de 12,5% para 379 milhões.

Dividendos ainda em aberto

Os receios face ao impacto da pandemia levou a empresa a cortar o dividendo, mas os acionistas ainda poderão ter boas notícias este ano. Em maio, a administração da Jerónimo Martins decidiu rever em baixa a proposta de remuneração aos acionistas relativos aos lucros de 2019. Neste momento, a empresa tenciona pagar 130,1 milhões de euros, sendo que esta nova proposta representa uma redução de 86,7 milhões de euros face à anterior remuneração acionista prevista de 216,8 milhões de euros.

Esta distribuição corresponde a um dividendo bruto de 0,207 euros por ação. Logo na altura, o conselho de administração da retalhista dizia que não excluía a possibilidade de vir a propor, com base nas reservas livres da sociedade, a distribuição, até ao final do ano, do valor da diferença face ao inicialmente previsto.

A decisão está dependente da evolução da situação epidemiológica e respetivos impactos nas contas da empresa. Aos acionistas, voltou a reiterar essa possibilidade: “O presidente admite que este ano possa ainda pagar, em reservas livres, o diferencial entre o que pagam agora e o payout de 50%“, acrescentou Carlos Rodrigues, da Maxyield, sobre a reunião magna.

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Juro de 4% e amor à camisola pode dar milhões ao Benfica. Venda de dívida arranca hoje

SAD encarnada avança com empréstimo obrigacionista de 35 milhões de euros, com uma taxa de juro de 4%. Prazo para subscrever, pelo menos, 100 títulos começa esta segunda-feira e dura até 10 de julho.

Estádio da Luz - 18JUN20

O Benfica está de regresso ao mercado de dívida para o retalho. Apesar do risco associado à situação financeira por todo setor e dos elevados custos deste tipo de investimento, a expetativa é que a SAD do clube encarnado consiga arrecadar os 35 milhões de euros em obrigações a três anos. O investimento emocional deverá ser a chave para o sucesso da emissão.

A período de subscrição das obrigações Benfica SAD 2020-2023 arranca esta segunda-feira e dura até 10 de julho. Em plena crise provocada pela pandemia, o clube propõe-se a pagar, aos investidores de retalho, uma taxa de juro bruta de 4%. Na última emissão, realizada em maio do ano passado, a SAD encarnada pagou um juro de 3,75%.

Este incremento da taxa de juro face à ultima emissão é justificado pelo aumento do risco resultante da pandemia da Covid-19, que terá um impacto negativo nas contas da empresa, uma vez que haverá uma quebra nas receitas desportivas de venda de jogadores que é uma das principais fontes de rendimento do clube”, diz David Silva, analista da corretora Infinox.

No prospeto de 127 páginas da operação enviado pela SAD à Comissão do Mercado de Valores (CMVM), 15 destas estão relacionadas exatamente com os riscos que fazer este investimento acarreta. Há os tradicionais alertas sobre resultados desportivos e financeiros, mas, desta vez, há um grande alerta sobre os impactos da pandemia. Admite que podem ser significativamente adversos tendo em conta que deverá levar a que não haja, este ano, grandes negócios na época de transferências.

"O estado fundamental dos clubes não é bom e o rendimento de 4% revela também um aumento no nível de risco destas obrigações. A situação do FCP e do SCP também não está famosa, embora haja clubes estrangeiros em piores lençóis”

André Neto Pires

Analista da corretora XTB

“É conhecimento geral que a Covid-19 teve um impacto particular nas finanças dos clubes de futebol europeus, especialmente no que toca ao valor dos clubes e dos seus jogadores. Esta urgência da SAD benfiquista pode ser indicador da situação interna da empresa”, aponta André Neto Pires, analista da corretora XTB. “O estado fundamental dos clubes não é bom e o rendimento de 4% revela também um aumento no nível de risco destas obrigações. A situação do FCP e do SCP também não está famosa, embora haja clubes estrangeiros em piores lençóis”, refere, apontando para o exemplo do adiamento do reembolso de obrigações do Porto por um ano devido ao vírus.

Investimento emocional deverá ignorar efeito Covid

O próprio presidente da SAD benfiquista, Luís Filipe Vieira, já admitiu o buraco. No início do mês, o líder dos encarnados avançou que o clube já acumulava uma perda de 20 a 25 milhões de euros de forma direta, a que acrescem 200 milhões de euros em vendas de dois jogadores que não se concretizaram.

Mesmo perante os desafios financeiros criados pelo coronavírus, o CFO Domingos Soares de Oliveira garantiu que os lucros do clube não estão em risco. Mas os analistas destacam que, no caso específico das SAD, os resultados financeiros ficam em segundo plano.

Tratando-se de decisões mais emocionais que racionais, penso que o seu sucesso vai depender mais da força mediática do que da solvabilidade financeira“, admite Carlos Pinto, senior investment manager da Optimize. “Quando falamos em emissões das SAD, observamos que a generalidade das decisões são primordialmente emocionais, muitas vezes imbuídas em espírito de missão para ajudar a própria instituição que se é adepto”.

"Quando falamos em emissões das SAD, observamos que a generalidade das decisões são primordialmente emocionais, muitas vezes imbuídas em espírito de missão para ajudar a própria instituição que se é adepto.”

Carlos Pinto

Senior investment manager da Optimize

Paralelamente, a indústria é sui generis já que a maioria do capital é detida pelos próprios sócios, sendo estes que elegem os gestores das respetivas SAD. “Os interesses desportivos acabam por ter um peso demasiado elevado face ao peso financeiro condicionados pelo fervorismo dos seus adeptos. Com isto quero dizer que estamos perante uma indústria em que os seus gestores têm como principal prioridade gerar resultados desportivos, deixando muitas vezes, os financeiros para segundo plano”, afirma.

Juro é atrativo, mas comissões pesam

Os analistas são, assim, consensuais na expectativa que o clube consiga fechar com sucesso a operação, na qual pretende arrecadar uma receita global líquida de 33,8 milhões de euros. Até 8 de julho, a SAD benfiquista pode decidir aumentar o montante da oferta, consoante a sua necessidade de fundos e a dinâmica da procura. Os resultados serão apurados a 13 de julho.

“O Benfica conta com um exército de adeptos que poderão apreciar a emissão destas obrigações. Embora o momento pareça arriscado, julgo que a procura não sofrerá um impacto comprometedor. Inclusive, caso a operação corra bem, a SAD poderá desejar aumentar o número desses títulos“, espera Neto Pires.

Da mesma forma, Silva lembra que “é principalmente nestes períodos de pandemia ou de maior risco que se encontram boas oportunidades” de investimento. “Creio que esta emissão obrigacionista não fugirá àquilo que tem sido as últimas emissões (em que a procura é superior à oferta), e deveremos ter uma boa procura por estes títulos”.

"É principalmente nestes períodos de pandemia ou de maior risco que se encontram boas oportunidades de investimento, pelo que, creio que esta emissão obrigacionista não fugirá àquilo que tem sido as últimas emissões.”

David Silva

Analista da Infinox

Pinto — que também antevê uma revisão em alta do montante da oferta — concorda que o juro é atrativo, especialmente ponto em contexto. “Num ambiente de taxas de juro 0% ou até mesmo negativos, não é fácil encontrar alternativas que não representem riscos elevados”, diz. Tratando-se de investidores de retalho, recomenda que ativos high yield tenham uma peso “muito residual” numa carteira de investimento bem diversificada, ou seja inferior a 2% para mitigar o risco de crédito específico do emitente.

Alerta ainda que dada a baixa dimensão da emissão e o reduzido número de oferentes no mercado secundário, estas obrigações têm baixa liquidez, sendo que nesta conjuntura de incerteza, os investidores tendem a procurar ativos que consigam desfazer-se em qualquer altura para colmatar necessidades de curto prazo. “Além do mais, os custos bancários para custodiar e receber os cupões devem ser tidos em conta“, acrescenta sobre os custos cobrados pelos bancos, que podem ser consultados no simulador da CMVM.

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PS quer proibir apoios no futuro para empresas em offshores

O PS quer proibir as empresas com sede em paraísos fiscais de acederem a apoios futuros criados pelo Governo. Contudo, os detalhes da medida poderão ser um entrave no entendimento com PCP e BE.

À semelhança do que exigem BE e PCP, também o PS quer impedir as empresas com sede em offshores de beneficiarem de apoios públicos no futuro. Porém, dada a complexidade do assunto, não está garantido que as propostas em cima da mesa passem na votação na especialidade do Orçamento Suplementar uma vez que “dependerá muito do desenho da medida”, nota João Paulo Correia, em entrevista ao ECO publicada esta segunda-feira.

“No caso das propostas que foram apresentadas para proibir apoios públicos a empresas com sedes em offshores ou a empresas que são detidas por empresas que estão em paraísos fiscais — tudo o que tenha como beneficiário último uma empresa que tem sede em paraíso fiscal — essas propostas vão ao encontro daquilo que é o pensamento do PS sobre a matéria, mas [a sua aprovação] dependerá muito da forma como elas são apresentadas e formuladas“, explica o deputado socialista.

Atualmente, as empresas que atuem em território nacional — mas que sejam controladas direta ou indiretamente através de empresas que têm sede em paraísos fiscais — têm acesso aos apoios públicos criados na sequência da pandemia, como o lay-off simplificado, as linhas de crédito ou o diferimento de impostos. Segundo o Público, ao contrário de países como a Dinamarca, França, Bélgica, Itália, Áustria e Polónia, Portugal optou por não colocar restrições a essas empresas. O Governo defendeu que essa medida colocaria constrangimentos a empresas que exercem “a sua atividade económica em Portugal e empregam trabalhadores no território nacional”.

No Parlamento, João Paulo Correia deu o mesmo argumento quando o tema foi discutido: “Eu defendi essa posição porque as propostas em causa eram todas elas para o imediato e não eram muito completas”, justifica, avisando os partidos à esquerda que “não pode haver retroativos”. “Se fosse para o imediato, havia despedimentos diretos no dia a seguir à conta deste corte“, argumenta, referindo que interromper o lay-off para “esse tipo de empresas, de um dia para o outro, só iria sacrificar os trabalhadores”.

Detalhes da medida podem colocar em causa aprovação

Apesar da abertura do PS para viabilizar propostas à esquerda que apliquem esta proibição, o diabo estará nos detalhes jurídicos que uma medida deste tipo obriga. “É uma norma que tem de ser bem rendilhada“, alerta João Paulo Correia. Questionado sobre o porquê do próprio grupo parlamentar do PS não apresentar esta proposta no Orçamento Suplementar, o deputado socialista responde que “essa proposta não estava no PEES e, portanto, seria incoerente estar a apresentar essa proposta quando a única que se apresenta [apoio extraordinário aos trabalhadores informais e independentes], com conteúdo político, é do PEES”.

Vamos aos pormenores. O primeiro requisito do PS é que a proibição não seja retroativa, ou seja, que as empresas com sede em offshores possam a continuar beneficiar dos apoios que já têm até ao fim e que o seu acesso seja proibido apenas nos apoios futuros. “Quando estas medidas de emergência para as empresas foram adotadas não houve tempo para estar aqui a estabelecer critérios tão diferenciadores”, assinala, explicando que na altura não se sabia a evolução da pandemia. Agora que “se sabe que estas medidas vão perdurar muitos meses”, o PS já vê “lógica” nesta norma.

O segundo requisito passa pelo “perímetro” desta medida, isto é, que empresas vai abranger. “Não só o que se entende por paraíso fiscal como a tipologia das empresas para não se crie nenhuma situação de injustiça, deixando-se de fora empresas que por engenharia financeira e societária escapem da aplicação desta norma”, explica João Paulo Correia, referindo que o “radar desta norma” tem de abranger todas as empresas que direta ou indiretamente tenham sede num paraíso fiscal.

Assim sendo, que empresas, em concreto, é que poderão vir a ser proibidas? O deputado socialista recusa-se a dar exemplos, até porque “o pensamento que o PS tem sobre a matéria não tem fotografia, não é focado em nenhuma empresa nem é contra nenhuma empresa“. “[O PS] é contra a situação de haver empresas que captam apoios públicos em Portugal, que são financiadas pelo Orçamento do Estado, ou indiretamente através da despesa fiscal, pelos benefícios fiscais, e depois em vez de pagarem aqui o imposto sobre os seus lucros vão pagar a outro país”, justifica.

Apesar de todos estes requisitos, questionado sobre se está a negociar a medida com o PCP e o BE, João Paulo Correia afirma que “não”. “O diálogo existe com os parceiros sobre essa e sobre todas propostas e vai existir até às vésperas da votação e durante a votação na especialidade”, esclarece, repetindo que não é garantido que o PS vote a favor, mas que essa hipótese também não está excluída.

Parlamento poderá receber informação sobre operação da TAP antes da sua concretização

Outra das propostas que o PS está a ponderar apoiar é a do PSD, sobre a TAP, onde se prevê que o Governo tenha de enviar ao Parlamento, previamente à operação, informação que fundamente a injeção de capital na transportadora aérea, “assegurando igualmente, que a transportadora aérea assuma uma visão integrada do território nacional, incluindo as regiões autónomas e as comunidades de língua portuguesa”. Para João Paulo Correia esta é uma proposta pela qual tem “simpatia pessoal”.

“É uma proposta que de uma forma assim limpa como [o PSD] apresentou, que é o Governo informar primeiramente a Assembleia, pessoalmente a mim não me repudia”, diz, ressalvando novamente que o grupo parlamentar do PS não tem definido ainda o sentido de voto na especialidade. Apesar de recordar que o Parlamento tem outros mecanismos para fiscalizar a injeção na TAP, o deputado socialista considera que esta obrigação “responde melhor ao debate público” e considera que “favorece muito até a posição do Governo que certamente tem todo o interesse em fornecer toda a informação”.

Contudo, alerta que terá de ser o Executivo a determinar o momento em que a informação pode ser fornecida uma vez que “em determinados processos, antecipar a informação por completo pode prejudicar a operação em si”. “Partindo do princípio que não há nenhuma informação que possa ser fornecida publicamente que prejudique a concretização do processo, parece-me que a proposta é uma proposta que a mim pessoalmente me agrada”, remata.

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PS admite aprovar propostas sobre creches e subsídio de desemprego

João Paulo Correia admite que o PS pode viabilizar as propostas que reduzem a mensalidade das creches em função da quebra do rendimento e que diminuem o prazo de garantia do subsídio de desemprego.

O grupo parlamentar do PS ainda não tem o sentido de voto fechado, mas o vice-presidente da bancada, João Paulo Correia, adiante que há abertura para aprovar as propostas que reduzem a mensalidade das creches consoante a quebra dos rendimentos dos pais e que diminuem o prazo de garantia do subsídio de desemprego. Em causa estão as propostas de alteração ao Orçamento Suplementar entregues pelos partidos e que serão votadas no início desta semana.

“O grupo parlamentar ainda não tem nenhuma decisão completamente fechada sobre as propostas de alteração, mas essa proposta em concreto, a redução do prazo de garantia, é uma medida que não está desajustada do Programa de Estabilidade Económica e Social (PEES)“, afirma o deputado socialista numa entrevista ao ECO publicada esta segunda-feira, referindo-se a uma proposta do PSD. Os social-democratas querem reduzir para metade o prazo de garantia necessário para se ter acesso ao subsídio de desemprego.

Atualmente, o prazo de garantia é de 360 dias de trabalho remunerado (com descontos para a Segurança Social) nos últimos 24 meses. O PSD quer que o prazo passe a ser de 180 dias “para as situações em que o desemprego ou cessação de atividade ocorreu durante o período de Estado de Emergência ou Estado de Calamidade Pública”. Esta medida irá alargar o número de desempregados que podem aceder ao subsídio de desemprego — ou seja, terá impacto orçamental, subindo a despesa — numa altura em que mais de 100 mil pessoas ficaram nessa situação. O Governo já reduziu o prazo de garantia, mas do subsídio social de desemprego.

A mesma abertura do PS é demonstrada para a redução da mensalidade das creches face à quebra de rendimentos dos pais, o que é proposto pelo Bloco de Esquerda. “É uma matéria a que somos sensíveis”, afirma João Paulo Correia, chamando a atenção para as várias situações em que as famílias portuguesas se encontram, como as que já deixaram de pagar a mensalidade das creches. Também por isso abre a porta à criação de um plano de pagamentos em relação às mensalidades atrasadas, relembrando que a Segurança Social não deixou de pagar às IPSS “mesmo quando algumas foram para lay-off“.

“Sabemos que a cobertura da rede pública das creches não é ainda aquela que o país ambiciona e há muitas pessoas que vão ter dificuldades em reingressar os filhos nas creches”, prevê o deputado socialista, explicando que “esta crise obriga-nos a adotar medidas muito micro, mas são estas medidas todas somadas que permitem de facto responder a um público muito elevado que precisa de ajuda“.

A proposta dos bloquistas prevê que a redução da mensalidade ocorra para os agregados cujo rendimento tenha sido reduzido em pelo menos 20% desde o início da pandemia, ressalvando-se que a medida não prejudica regimes mais favoráveis que possam ter sido acordados entretanto entre as creches e os pais. A proposta assegura ainda que nenhuma criança perde vaga na creche por causa da falta de pagamento.

Recorde-se que a secretária de Estado da Ação Social, Rita Cunha Mendes, já tinha admitido esta possibilidade, afirmando no Parlamento que está a ser “concertado com os parceiros do setor social, permitir a redução das mensalidades pagas pelas famílias, nomeadamente na resposta creche, mas também noutras respostas sociais”.

Imigrantes e jovens são os que mais sofrem com a crise

Em entrevista ao ECO, o deputado socialista fez uma análise daquilo que considera ser o impacto da pandemia na sociedade portuguesa. Para João Paulo Correia existem “públicos comuns entre as duas crises”, mas também “públicos novos”, a começar pela classe média: “Parte caiu na crise anterior, reergueu-se e parte — não os mesmos necessariamente — está a cair agora também”.

Na crise anterior, de origem financeira e que provocou uma crise das dívidas soberanas, os “alvos diretos” foram os funcionários públicos, os pensionistas e a classe média através dos despedimentos no setor privado, afetando em particular os jovens que estavam à procura do primeiro emprego ou tinham vínculos precários.

Já esta crise pandémica “não atingiu a função pública nem pensionistas, pois não perderam um euro de rendimento”, mas sim a economia informal. Esta “perdeu de forma imediata e brutal ao ter encerrado” por causa do vírus, diz, referindo que os mais afetados são os trabalhadores precários — “novamente os jovens” — e os imigrantes, nomeadamente aqueles que João Paulo Correia apelida de “Uber sacrificados”, uma empresa que diz ser “o protótipo da precariedade”.

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Tancos: Advogados fazem queixa de Carlos Alexandre. Conselho Superior da Magistratura vai avaliar

Os advogados dos arguidos de Tancos contestam ter conhecido o despacho da decisão instrutória depois da comunicação social. Carlos Alexandre decidiu pela ida a julgamento dos 23 arguidos.

Dezasseis advogados dos arguidos do caso do roubo das armas de Tancos queixaram-se ao juiz de instrução criminal, Carlos Alexandre, por terem ficado a saber da decisão de pronúncia através da comunicação social, avança o Expresso. E não por notificação feita pelo magistrado. A questão vai ser analisada pelo Conselho Superior da Magistratura (CSM), segundo apurou o ECO, junto de um dos signatários do protesto.

Os advogados referem que em maio, na última sessão do debate instrutório, o juiz comunicou aos sujeitos processuais que a decisão instrutória seria proferida no dia 26 de junho, às 15.00 e que seria de imediato enviada às defesas todas.

O juiz Carlos Alexandre decidiu esta sexta-feira levar a julgamento os 23 arguidos no caso Tancos. Entre eles, está o ex-ministro da Defesa, Azeredo Lopes e militares da GNR.

O magistrado encarregue de conduzir a fase de instrução do processo concluiu que Azeredo Lopes conhecia todo o plano da Polícia Judiciária Militar, bem como da sua investigação paralela à Polícia Judiciária civil para resolver o furto a Tancos e nunca revelou essa informação à Procuradoria-Geral da República (PGR).

O ex-ministro da defesa está acusado de quatro crimes: denegação de justiça e prevaricação, favorecimento pessoal por funcionário, em coautoria, e um crime de abuso de poderes e um de denegação da justiça.

Entre os acusados estão ainda o ex-diretor nacional da Polícia Judiciária Militar (PJM) Luís Vieira, o ex-porta-voz daquela polícia Vasco Brazão, três militares da GNR e o ex-fuzileiro João Paulino, acusados de um conjunto de crimes que vão desde terrorismo, associação criminosa, denegação de justiça e prevaricação, falsificação de documentos, tráfico de influência, abuso de poder, recetação e detenção de arma proibida.

Nove dos arguidos são acusados de planear e executar o furto do material militar dos paióis nacionais de Tancos e os restantes 14, entre eles Azeredo Lopes e os dois elementos da PJM, da encenação que esteve na base da recuperação do armamento.

Segundo o advogado de Azeredo Lopes, o processo de Tancos é um caso político e a acusação resultou de uma “invenção” e da “manipulação dos factos”, tendo o ex-ministro reiterado que apenas foi informado de “aspetos do conteúdo” do memorando sobre a recuperação das armas de Tancos, e que o seu chefe de gabinete nunca detetou relevância criminal no documento.

O arguido João Paulino, que segundo o MP é um dos mentores do assalto a Tancos, assumiu perante o juiz ter participado no furto do armamento e afirmou que dois militares da GNR lhe disseram que o ex-ministro da Defesa estava implicado na encenação da recuperação do armamento.

O caso do furto do armamento foi divulgado pelo Exército em 29 de junho de 2017 com a indicação de que ocorrera no dia anterior, tendo a alegada recuperação do material de guerra furtado ocorrido na região da Chamusca, Santarém, em outubro de 2017, numa operação que envolveu a PJM, em colaboração com elementos da GNR de Loulé.

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Marquês: Rui Patrício está “sereníssimo” quanto à decisão de Ivo Rosa

O advogado Rui Patrício fez as alegações do cliente Rui Horta e Costa - que não requereu a instrução - e de Helder Bataglia.

O argumento chave da defesa de Helder Bataglia na Operação Marquês é de que o empresário luso-angolano não pode ser julgado em Portugal por crimes que não foram cometidos em território nacional, mas em Angola, e que as autoridades judiciais arquivaram. O advogado Rui Patrício, nas alegações finais da Operação Marquês, disse estar “sereníssimo” em relação à decisão do juiz de instrução, e que o procurador Rosário Teixeira “arrumou” a questão da corrupção nas suas conclusões, fazendo cair os cinco crimes de branqueamento.

“Não lhe é imputada qualquer participação no pacto corruptivo”, que suporta a acusação da Operação Marquês, disse.

Além de negar os factos de que o empresário está acusado, o advogado contestou a acusação elencando três questões de direito, nomeadamente a incompetência territorial da lei portuguesa para julgar os crimes de branqueamento, falsificação e abuso de confiança e já sanados pela justiça angolana e aplicação da lei da amnistia de Angola de 2015.

O empresário luso-angolano Hélder Bataglia está acusado pelo Ministério Público de um crime de abuso de confiança, cinco de branqueamento, dois crimes de falsificação de documento e dois de fraude fiscal qualificada ). Esta sexta-feira, o advogado Rui Patrício, sócio da Morais Leitão, apresentou as alegações dessa defesa no Campus de Justiça.

Na segunda-feira, a advogada de Carlos Santos Silva, Paula Lourenço, acusou o Ministério Público de ter utilizado a delação premiada em relação ao arguido Helder Bataglia, cujas declarações em Portugal (diferentes das que tinha prestado em Angola) foram cruciais para a “construção de uma narrativa acusatória”.

“O MP e Helder Bataglia chegaram a um acordo para estabelecer qual era a verdade. Bataglia fez um acordo de delação premiada e isso é prova proibida e o Ministério Público fez de conta que outras declarações anteriores não existiam”, afirmou.

Antes das alegações sobre Helder Bataglia, o advogado Rui Patrício contestou os factos imputados ao arguido Rui Horta e Costa, ex-administrador do empreendimento turístico Vale de Lobo, que está acusado de corrupção ativa de titular de cargo político, branqueamento de capitais e fraude fiscal qualificada.

“o pai deste processo é o Monte Branco e o prelúdio é o Face Oculta”, precisando: “Onde há Vara há José Sócrates, onde há José Sócrates há Vara”. As palavras são do advogado de Helder Bataglia, Rui Patrício, nas alegações do debate instrutório de sexta-feira.

Segundo o sócio da Morais Leitão, a acusação do Ministério Público sobre Vale de Lobos é “muito forçada”, tendo criticado o facto de o Ministério Público tentar enquadrar quantias de dinheiro não justificadas no crime de corrupção, uma vez que em Portugal não existe a figura do crime de enriquecimento ilícito.

“Não inventem corrupções sobre uma transferência não justificada. Horta e Costa não cometeu nenhum dos quatro crimes e eu vou pedir a não pronuncia. Nem sequer pedi a abertura instrução porque eram questões muito simples”, afirmou.

Segundo a defesa do empresário Carlos Santos Silva, amigo do antigo primeiro-ministro José Sócrates e um dos proprietários da empresa ESCOM (grupo GES), o Ministério Público criou duas narrativas sobre 15 milhões de euros que estavam em contas suíças.

Carlos Santos Silva está acusado de vários crimes de corrupção ativa e passiva, branqueamento de capitais, falsificação de documentos e fraude fiscal qualificada.

O inquérito Operação Marquês culminou na acusação a 28 arguidos – 19 pessoas e nove empresas – e investigou a alegada prática de quase duas centenas de crimes de natureza económico-financeira.

José Sócrates está acusado de três crimes de corrupção passiva de titular de cargo político, 16 de branqueamento de capitais, nove de falsificação de documentos e três de fraude fiscal qualificada.

Entre os 28 arguidos estão Carlos Santos Silva, Henrique Granadeiro, Zeinal Bava, Armando Vara, Bárbara Vara, Joaquim Barroca, Helder Bataglia, Rui Mão de Ferro e Gonçalo Ferreira, empresas do Grupo Lena (Lena SGPS, LEC SGPS e LEC SA) e a sociedade Vale do Lobo Resort Turísticos de Luxo.

O debate instrutório prossegue na próxima quarta-feira, com as alegações da defesa de José Sócrates.

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Acordo na TAP entre Estado e privados está iminente, revela Marques Mendes

  • ECO
  • 28 Junho 2020

Marques Mendes revelou que o Governo e os acionistas privados da TAP estão próximos de um acordo que evitará a nacionalização da companhia aérea.

O Governo e os acionistas privados da TAP, David Neeleman e Humberto Pedrosa, estão próximos de um acordo que evitará a nacionalização da companhia aérea, revelou Luis Marques Mendes no seu comentário semanal na SIC. O advogado acrescentou que as negociações estão a decorrer, mesmo durante este domingo, “e o acordo está iminente”.

Marques Mendes revelou que, na sexta-feira, o Governo teve um encontro ao mais alto nível, com o primeiro-ministro António Costa, Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas, e João Leão, ministro das Finanças, e ficou claro que seria seguido um de dois caminhos: Acordo ou a nacionalização. Mas, acrescentou Marques Mendes, neste fim-de-semana, houve desenvolvimentos que permitem antecipar um acordo.

O processo de recapitalização da TAP, recorde-se, está num impasse, e a TAP é mesmo a última, ou das últimas, na Europa a receber apoios públicos. Em resposta à providência cautelar interposta pela Associação Comercial do Porto (ACP), o Supremo Tribunal Administrativo (STA) decidiu que o Governo poderia avançar com a injeção de fundos públicos, até 1.200 milhões de euros, mas não há ainda um acordo entre o Estado e os acionistas privados. Tudo por causa das prestações acessórias dos donos da Atlantic Gateway, David Neeleman e Humberto Pedrosa, no valor de 217 milhões de euros, e que podem ser recuperados em caso de nacionalização.

O Governo, particularmente o ministro Pedro Nuno Santos, quer garantir que estes prestações passam a ser capital da TAP e não poderão ser devolvidas, mas até ao momento David Neeleman tem recusado esta possibilidade.

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Marsh cria corretora dedicada a desportos e eventos no Reino Unido

  • ECO Seguros
  • 28 Junho 2020

A companhia global de consultoria de risco está a lançar um novo grupo no mercado do Reino Unido e Irlanda dedicado ao mundo do desporto, entretenimento e comunicação social.

A Marsh vai tirar partido de mais de 60 especialistas em todo o negócio e lançar uma corretora dirigido a desporto, entretenimento e comunicação social. Será liderado pelo especialista em eventos globais Richard Tolley, que está no grupo Marsh desde 1995, e a nova empresa estará focada em ajudar os clientes a minimizar os riscos que enfrentam num cenário pós pandemia (covid-19).

A saúde e o bem-estar do pessoal e o regresso ao local de trabalho são apenas algumas das questões relacionadas com a COVID-19 e um dos muitos riscos cada vez mais complexos que as organizações desportivas, de entretenimento e meios de comunicação social enfrentam atualmente”, afirmou Tolley, citado em comunicado.

Entretanto, Edel Ryan, que anteriormente chefiava a área de media entretenimento na JLT Specialty (empresa adquirida pela Marsh em 2019) ficará responsável pelo desenvolvimento estratégico de negócios da nova empresa, enquanto Steve McGuinness, anteriormente diretor executivo da Bluefin Sport (parceira da Marsh UK Sports & Events), passará a chefiar a área de desporto para o mercado do Reino Unido e Irlanda.

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Generali investe 300 milhões para assumir controlo da Cattolica

  • ECO Seguros
  • 28 Junho 2020

A Cattolica fez um aumento de capital com subscrição reservada à Assicurazioni Generali no quadro de acordo que supõe alteração dos seus estatutos, para dar à Generali posição maioritária e controlo.

A seguradora italiana Cattolica estava obrigada, pelo supervisor italiano, a realizar um reforço de capital por 500 milhões de euros. Atenta à oportunidade de consolidar mais 3,5 milhões de clientes, a Generali acudiu, subscrevendo 300 milhões de euros em novas ações, acedendo assim a uma posição que corresponde a 24,4% do capital social e ao estatuto de maior acionista da Cattolica.

Os restantes 200 milhões que a Cattolica precisa de arranjar para completar a exigência de capitalização imposta pelo supervisor (IVASS – Istituto per la vigilanza sulle assicurazioni) serão levantados numa segunda emissão com direito de opção e aberta a todos os acionistas, incluindo a própria Generali.

A entrada da líder italiana do setor no capital da Cattolica resulta de um acordo estratégico que estabelece um compromisso de longo de prazo, por parte da Generali, no pressuposto de que a Cattolica (até agora uma entidade de natureza cooperativa) se transforme (até abril de 2021) numa sociedade por quotas (joint-stock company) e de responsabilidade partilhada e com novo modelo de governance.

A condição de transformação estatutária é vinculativa para a efetivação do negócio
no sentido de proteger os interesses da Generali, salienta a companhia italiana em comunicado.

A parceria estratégica com a Cattolica representa atualmente uma oportunidade única em Itália para o crescimento rentável na gestão de ativos e serviços inovadores para os clientes P&C, pilares da nossa estratégia Life-time Partner 2021. Isto permite-nos alargar os nossos serviços de saúde e telemáticos aos mais de 3,5 milhões de clientes Cattolica”, declarou Marco Sesana, Country Manager e CEO da Generali Italia e Global Business Lines.

Segundo acordado, a parceria estratégica assenta em três pilares: o primeiro sustenta-se em acordos na vertente comercial em quatro áreas de negócio (gestão de ativos; internet das coisas; saúde e resseguro); em segundo lugar, a administração da Cattolica deverá aprovar numa AG extraordinária a realizar até final de julho, as operações de aumento de capital (a parte reservada à General e a segunda tranche de 200 milhões) e simultaneamente comprometer-se a proceder às adaptações dos seus textos legais (acordo parassocial e pacto social). O terceiro pilar sustenta a garantia de que a Generali se constitui acionista maioritário e pode participar no subsequente reforço de capital adicional, com direito de opção pro rata (numa base proporcional), na emissão de até um máximo de 200 milhões de euros de novas ações.

O acordo entre as partes estabelece ainda que a Generali deverá nomear três membros para o conselho de administração da Cattolica, com direito de veto em assembleias-gerais de acionistas e em decisões do conselho de administração (da nova participada) que eventualmente possam colidir com os seus interesses.

Grupo inspirado na doutrina social da Igreja com 7 mil milhões de prémios anuais

A Cattolica, é hoje um um dos maiores grupos seguradores com quase 7 mil milhões de prémios emitidos em 2019, tem sede em Verona, onde nasceu em 1896 fundada por agricultores que buscavam proteção para incêndios e geada. Desde sempre cooperativa, embora tenha conseguido obter cotação na Bolsa de Milão em 2000, a sua inspiração é estatutariamente católica, perseguindo a “doutrina social da Igreja”, inspirada na encícilica Rerum Novarum, do papa Leão XIII publicada em 1891.

Daí ter uma forte presença de mercado no mundo religioso, associativo e cooperativo, bem como na agro-indústria, pequenas e médias empresas e em seguros profissionais.

A empresa mãe Cattolica Assicurazioni, controla cerca de 12 companhias de seguros, de resseguros e de bankinsurance e nove companhias imobiliárias, agrícolas e de serviços. Tem mais de 1700 colaboradores e distribui produtos através 1300 agências, 1800 mediadores e mais de 6 mil balcões bancários.

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Ageas Portugal, Médis e Ageas Seguros ganham prémios

  • ECO Seguros
  • 28 Junho 2020

O grupo Ageas Portugal conquistou dois prémios Fundacom, enquanto as marcas Médis e a Ageas Seguros foram distinguidas com prémios Superbrands.

O Ageas Portugal venceu os prémios Fundacom nas categorias de Responsabilidade Social Interna e Envolvimento dos Gestores na comunicação organizacional. Num total de 300 candidatos, o Grupo Ageas Portugal venceu em duas das 23 categorias dos prémios Ibero-americanos, anunciou a companhia.

Na primeira, o projeto vencedor foi o programa Ageas Saudável, que promove a saúde e o bem-estar dos Colaboradores, e que já tinha sido distinguido com um prémio pela Associação Portuguesa de Comunicação de Empresa – APCE. Já na segunda categoria o prémio foi para o carpooling karaoke da Comissão Executiva do Grupo Ageas Portugal, que consistiu num vídeo informal e divertido apresentado na reunião anual de Colaboradores e não deixou ninguém indiferente.

O Grupo Ageas Portugal era a única companhia seguradora nomeada aos Prémios internacionais Fundacom, que reconhecem a excelência e as boas práticas de relações públicas e comunicação organizacional, premiando os melhores projetos de comunicação produzidos e divulgados nas línguas castelhana ou portuguesa.

Citada no comunicado, Inês Simões, Diretora de Comunicação Corporativa e Marca do Grupo Ageas Portugal afirma: «É um orgulho ver as nossas marcas, e os nossos projetos, serem reconhecidos a nível nacional e internacional. Todas estas distinções são o reconhecimento do trabalho das equipas em completo alinhamento com os nossos valores, que é sobretudo o de proporcionar uma experiência emocional e relevante na vida das pessoas, sendo um parceiro de referência nos seguros e o melhor local de trabalho para pessoas empreendedoras”.

Médis e Ageas Seguros eleitas marcas de excelência

Também as marcas comerciais do Grupo Ageas Portugal foram distinguidas pela Superbrands, salienta a companhia. “Pela primeira vez a Ageas Seguros foi eleita marca de Excelência após os excelentes resultados de notoriedade da marca com apenas 4 anos de existência. Já a Médis, seguradora de saúde do Grupo Ageas Portugal, foi reconhecida, pela mesma entidade, pelo quarto ano consecutivo como Marca de Excelência”.

A distinção, promovida pela Superbrands – em resultado de um estudo independente e certificado que premeia e promove as marcas que se distinguem por um estatuto de excelência – “comprova a aposta da marca na criação de uma relação próxima com o Cliente e na adaptação das suas propostas a cada pessoa e adequada a cada fase de vida”, nota a instituição.

 

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Corrida às bicicletas acaba com “cheques” para as elétricas

Nas últimas semanas dispararam os pedidos. Tinham sido disponibilizados 1.000 "cheques" para as "duas rodas", mas já há 1.060 pedidos só para bicicletas elétricas.

Durante o confinamento, muitos portugueses procuraram formas de se exercitarem ao ar livre. Uns a andar, outros a correr, e muitos em duas rodas. Aumentaram as compras de bicicletas, tanto convencionais como as da moda, as elétricas. Com a ajuda da bateria para pedalar, veio também a ajuda do Estado para a comprar. Mas, agora, acabaram-se os “cheques”.

Tanto na Europa, como por cá, as bicicletas ganharam protagonismo nos últimos meses, com cada vez mais cidadãos a recorrerem a este meio de transporte, seja para lazer, seja para a deslocação para o trabalho. Se até ao arranque do confinamento a adesão ao Incentivo pela Introdução no Consumo de Veículos de Baixas Emissões era modesta, nas últimas semanas dispararam os pedidos para a compra dos modelos elétricos.

Dados do Fundo Ambiental, responsável pela gestão destes apoios do Governo, mostram um crescendo de candidaturas ao “cheque” para a compra de bicicletas elétricas, de tal forma que já superam o total de incentivos disponibilizados. Tinham sido disponibilizados 1.000 “cheques” para as “duas rodas”, mas já há 1.060 pedidos só para bicicletas elétricas.

Num curto espaço de tempo, “esgotaram” os apoios, embora ainda não tenham sido entregues os “cheques” todos. Das 1.060 candidaturas, o Fundo Ambiental liquidou apenas 590, tendo sido excluídos 48 pedidos para um apoio que ascende a 50% do valor de aquisição, estando, no entanto, limitado a um máximo de 350 euros no caso dos particulares. Cada particular pode pedir apenas um apoio, já as empresas estão limitadas a quatro.

Os pedidos de apoios para a compra de bicicletas elétricas são os mais requisitados na categoria das “duas rodas”. Estes 1.000 “cheques” deveriam ser distribuídos entre estas bicicletas, mas também as bicicletas de carga, os motociclos e os ciclomotores elétricos, mas a adesão a estas categorias é muito reduzida. Foram pedidos apenas 29 apoios para motas elétricas, contando-se 14 no caso das bicicletas de carga e 8 nos ciclomotores.

Este número de pedidos de apoio para as bicicletas elétricas compara ainda com um outro, o atribuído às bicicletas convencionais, ou seja, aquelas em que não há bateria para ajudar nas subidas, apenas a força das pernas. Estas têm uma categoria só para si, tendo sido disponibilizados 500 destes “cheques”.

Enquanto as elétricas registam uma procura bem acima da oferta, no caso das bicicletas convencionais registam-se apenas 194 pedidos, tendo sido aprovados 128. No caso destas bicicletas o incentivo é, contudo, bem menos atrativo já que corresponde a apenas 10% do valor de aquisição, até um máximo de 100 euros. Ou seja, é preciso que a bicicleta custa 1.000 euros para se obter o apoio máximo.

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Boomerang e trabalho remoto: as armas da Farfetch para a “atração contínua”

Em 2014 eram 190. Agora, mais de 2.200, só em Portugal. O unicórnio com ADN nacional escalou negócio e equipa. A acompanhar esta revolução, a VP de People, Ana Sousa.

Ana Sousa é diretora de recursos humanos da Farfetch.

Foi um “zero” que a entusiasmou. Em 2014, Ana Sousa foi contactada por uma equipa de executive search que estava a desenvolver um processo para um responsável de recursos humanos na Farfetch, em Portugal. “A possibilidade de construir uma equipa quase do zero era um desafio único e um marco de viragem na minha vida profissional”, conta à Pessoas.

Na altura, Ana foi liderar a equipa de recursos humanos na Farfetch, o unicórnio com ADN português fundado por José Neves. Seis anos depois, a empresa – que na altura contava com uma equipa de 190 pessoas – multiplicou-se muitas vezes, para mais de 4.500 elementos. “Hoje somos mais de 2.200 em Portugal e mais de 90 pessoas na People Team. Foram anos consecutivos de crescimento rápido e exponencial, o que quer dizer que estamos constantemente a adaptar-nos a novas realidades, guiados por um elemento constante: as pessoas”, assegura a VP de People da tecnológica.

O gosto pelas pessoas nasceu cedo, quando Ana Sousa percebeu que aquilo que a motivava era “perceber dinâmicas relacionais e investigar razões que levam os seres humanos a reagirem e a comportarem-se de determinada forma”. “Quando me candidatei à universidade, a minha motivação natural era seguir Medicina. Não tendo sido admitida, entrei em Psicologia com o objetivo de fazer apenas o primeiro ano. Acabei por ficar e por gostar”, explica a VP de People da Farfetch, licenciada em Psicologia do Desenvolvimento pela Universidade de Évora.

Depois da licenciatura, Ana fez um mestrado em gestão com especialização na área de recursos humanos, além de outras formações em escolas como a Porto Business, Stanford e Harvard. Antes da Farfetch, a portuguesa passou pela Alert e pela Blip: na tecnológica de moda de luxo, a especialista tem acumulado desafios na atração e na retenção de talento, que Ana prefere tratar como de “atração contínua”. “Não se trata só de identificar e recrutar. Temos de investir nas pessoas, dar-lhes as oportunidades de desenvolvimento que elas ambicionam, dar uma resposta capaz àquilo que são as expectativas legítimas de cada um. Para isto acontecer, é muito importante o ambiente que promovemos na Farfetch, uma proximidade autêntica que nos permite conhecer cada pessoa e antecipar os passos necessários para que sintam sempre que o trabalho que estão a desempenhar tem significado e importância para elas e para a empresa”, esclarece.

Talvez por isso, a VP de People da Farfetch sublinhe olhar para os fluxos de entrada e de saída de pessoas nas empresas com “muita naturalidade”. “Fazem parte de um ciclo que é normal e não devemos estar melindrados (…) Costumo dizer que as pessoas devem sair pelas razões certas. Ficamos orgulhosos e felizes quando isso acontece, mas trabalhamos todos os dias para que as razões erradas sejam minimizadas”, assinala.

Ana assume também que a empresa está em constante construção daquilo que os atuais e os potenciais membros da equipa valorizam. “Há claramente uma mudança de paradigma. As pessoas passaram de uma mentalidade em que procuravam a estabilidade, segurança, o emprego para a vida, para agora estarmos perante candidatos que precisam de sentir que a empresa não está apenas preocupada em ser lucrativa, que tem um sentido ético, um propósito com o qual os candidatos se identificam”, sublinha.

No entanto, é sobretudo focada numa happy people revolution, numa revolução de pessoas felizes, que a responsável de recursos humanos trabalha diariamente. “Esta é a realidade que não muda na Farfetch”, assegura.

Para isso, contribui uma oferta “alargada” de benefícios, que inclui iniciativas de saúde, bem-estar e flexibilidade, programas de inclusão consciente e uma estratégia de desenvolvimento. “Diria que ao nível da proposta de valor para as pessoas, as nossas iniciativas de well being e flexibilidade destacam-se no mercado”, assinala.

Um dos programas que Ana considera diferenciador dentro do mercado chama-se Boomerang e dá acesso a uma licença sabática, de até 8 semanas, paga pela empresa. “Podem beneficiar deste programa todos os colaboradores que estejam na Farfetch há pelo menos cinco anos – renovando essa possibilidade a cada cinco anos. Através deste programa, promovemos o reconhecimento daqueles que têm um comprometimento com a empresa há mais tempo, dando exatamente o mesmo: tempo e espaço para que possam realizar os seus propósitos, que podem passar por voluntariado, viagens, estudar, ou outras iniciativas que valorizem”, justifica.

Em preparação, adianta, está um programa-piloto que que dará a possibilidade aos colaboradores da Farfetch de trabalharem remotamente durante períodos mais alargados. “Podem surgir questões familiares que levam a pessoa a ter que mudar de país durante um determinado período balizado no tempo, por exemplo, e esse, só por si, não deve ser o motivo para se quebrar a ligação com o colaborador. Por outro lado, estamos a contribuir para o bem-estar e segurança psicológica dessa pessoa, que, ao manter a sua estabilidade familiar e emocional, terá todas as condições para continuar produtiva”, assinala ainda.

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