A empresa pode obrigá-lo a tirar férias durante a pandemia de coronavírus?

Com a atividade de muitas empresas afetada pelo coronavírus, há já vários empregadores a tentar "forçar" os trabalhadores a tirarem férias, neste período. Mas é legal? Os especialistas respondem.

Face à propagação do coronavírus em Portugal, há já várias empresas a tentarem “forçar” os trabalhadores a gozarem os dias de férias, durante este período de pandemia, têm denunciado os sindicatos. Do lado dos patrões, salienta-se que a situação atual implica “necessidades específicas”, exigindo-se que o regime seja ajustado. Mas pode ou não o empregador impor o gozo de férias sem o “sim” do trabalhador?

De acordo com o Código do Trabalho, o direito a férias “deve ser exercido de modo a proporcionar ao trabalhador a recuperação física e psíquica, condições de disponibilidade pessoal, integração na vida familiar e participação social e cultural”.

Por ano, os trabalhadores têm direito a 22 dias úteis de descanso, que devem ser marcados por acordo entre o empregador e o trabalhador. Mas há exceções à necessidade desse “aperto de mãos”. É que, na falta de acordo, uma empresa pequena, média ou grande pode marcar o período de férias, entre 1 de maior de 31 de outubro.

É isso que explica o guia laboral elaborado pela pela sociedade de advogados CCR Legal. “Como regra, a marcação unilateral de férias pelo empregador, só pode ser efetuada entre 1 de maio e 31 de outubro (a menos que o instrumento de regulamentação coletiva de trabalho ou o parecer dos representantes dos trabalhadores admita solução diferente)”, explica a sociedade.

No caso dos empregadores ligados a atividades turística, a regra é diferente: “A obrigação de marcação de férias
entre 1 de maio e 31 de outubro refere-se apenas a 25% do período de férias a que os trabalhadores têm
direito, pelo que neste setor é possível – sem risco – forçar o gozo de férias sem o acordo dos trabalhadores neste período e até 30 de abril”. A sociedade Antas da Cunha ECIJA & Associados acrescenta: “O empregador poderá proceder à marcação dos restantes 75% fora do período convencional de 01 de maio a 31 de outubro“.

Por outro lado, esta última sociedade salienta que, na Lei Laboral, já está inscrita a possibilidade do empregador encerrar a empresa ou o estabelecimento, total ou parcialmente, para férias dos trabalhadores, por um período de quinze dias consecutivos, de 1 de maio a 31 de outubro.

“Em todo o caso, quer o trabalhador tenha já férias marcadas, quer não tenha, é sempre recomendável o acordo. Por acordo, pode antecipar-se o gozo das férias, sugerindo-se que, a existir, se esgotem os dias de férias que transitam do ano transato e que têm de ser gozados até ao dia 30 de abril”, defende a mesma sociedade.

A propósito, numa circular enviada às empresas esta semana, a Associação Portuguesa dos Industriais de Calçados, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos (Apiccaps) recomendava exatamente isso: assinar acordos com os trabalhadores para o gozo de dez dias férias dos 22 disponíveis, durante este período de pandemia.

“Por sugestão da direção, as empresas que entendam mais aconselhável encerrar durante este período podem e devem fazer [um] acordo escrito com os trabalhadores para o gozo de dez dias úteis de férias por conta das férias a gozar este ano”, aconselhava a associação liderada por Luís Onofre, no documento a que o ECO teve acesso.

Na circular, a Apiccaps sublinhava ainda que tal opção permitiria aos trabalhadores “ficarem com os filhos” — numa altura em que todas as escolas estão encerradas –, bem como evitar a formação de cadeias de contágio nas instalações fabris.

De férias, os trabalhadores mantêm o direito ao seu salário por inteiro, a ser pago a 100% pelo empregador. Tal diverge das outras opções que têm sido colocadas em cima da mesa pelo Executivo, neste momento de pandemia. Por exemplo, o apoio dado aos pais que tenham de ficar em casa para acompanhar os filhos até aos 12 anos só garante dois terços da remuneração, a serem pagos em partes iguais pelo empregador e pela Segurança Social.

Ainda assim, os sindicatos têm defendido que é “ilegal” forçar ou trabalhadores a gozarem férias, até porque neste momento de pandemia não estão reunidas as condições para a tal recuperação física e psíquica inscrita na lei. “Sabemos que as empresas estão, em muitas situações, a não aceitar os direitos dos trabalhadores, a querer inclusive alterar esses direitos e reduzi-los, aproveitando-se desta situação que estamos a viver”, disse Isabel Camarinha, da CGTP, no final da reunião da Concertação Social, da segunda-feira.

Do lado dos patrões, a Confederação Empresarial de Portugal (CIP) já fez saber que o regime de marcação de férias precisa ser, de resto, ajustado às “necessidades específicas” pelas quais o país atravessa atualmente.

Por outro lado, se os trabalhadores se opuserem ao gozo das férias, as empresas que recorram ao “novo lay-off não conseguirão renovar o apoio para lá de um mês. “O poio pode ser, excecionalmente, prorrogável mensalmente, até um máximo de 6 meses, apenas quando os trabalhadores da empresa tenham gozado o limite máximo de férias anuais”, lê-se na portaria publicada, este domingo.

O surto de coronavírus já provocou mais de sete mil vítimas mortais em todo o mundo e infetou mais de 175 mil pessoas. Em Portugal, há 448 casos confirmados. Por cá, o país está em estado de alerta, com escolas encerradas, acesso a lojas e restaurantes condicionados e com um forte incentivo ao isolamento social.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Covid-19: Postos de abastecimento sem restrições mas procura abrandou, diz Apetro

  • Lusa
  • 17 Março 2020

A Apetro garante que a maior parte dos 3.200 postos disponíveis em Portugal está a operar sem restrições de horário e não foram verificadas falhas de stock, mas sublinha que que a procura cedeu.

O secretário-geral da Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas (Apetro) garantiu esta terça-feira à Lusa que os postos de abastecimento estão a operar sem restrições ou falhas de produto, sublinhando que a procura cedeu perante o desenvolvimento do novo coronavírus.

Não temos dados quantificados […], mas há claramente uma redução. Basta olhar para as estradas e para as bombas. O teletrabalho também acarreta a redução do consumo”, afirmou António Comprido, em declarações à Lusa.

De acordo com este responsável, a maior parte dos 3.200 postos disponíveis em Portugal está a operar sem restrições de horário e não foram verificadas falhas de stock.

“Há algumas restrições ao nível das lojas [de conveniência] por uma questão de proteção das próprias pessoas. Alguns postos não têm as lojas abertas ao público. Já sobre os combustíveis não tenho notícia [de que haja alguma falha]. A disponibilidade do produto é normal. Não há restrições.”, acrescentou.

Sobre as botijas de gás, António Comprido referiu não se registar qualquer alteração ao consumo, embora seja espectável que cresça em função do maior número de horas que os consumidores vão ficar em casa.

O coronavírus responsável pela pandemia da Covid-19 infetou mais de 180 mil pessoas, das quais mais de 7.000 morreram. Das pessoas infetadas em todo o mundo, mais de 75 mil recuperaram da doença.

Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou hoje número de casos confirmados de infeção para 448, mais 117 do que na segunda-feira, dia em que se registou a primeira morte no país.

Dos casos confirmados, 242 estão a recuperar em casa e 206 estão internados, 17 dos quais em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI). O boletim divulgado pela DGS assinala 4.030 casos suspeitos até hoje, dos quais 323 aguardavam resultado laboratorial. Das pessoas infetadas em Portugal, três recuperaram.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Bolsa de Lisboa recupera. PSI-20 ganha 4,5%

A bolsa nacional fez um interregno face às perdas registadas nos últimos dias, com o índice de referência nacional a ganhar 4,49%, acompanhando a tendência europeia.

A bolsa de Lisboa encerrou esta terça-feira em terreno positivo, depois de vários dias a registar fortes perdas, com o PSI-20 a ganhar quase 4,5% e à boleia de vários estímulos económicos das autoridades com vista a travar efeitos da pandemia. A puxar pela praça lisboeta estiveram a Jerónimo Martins, a Galp, o BCP e a família EDP.

O índice de referência nacional, o PSI-20, valorizou 4,49% para 3.834,87 pontos, com 11 cotadas em terreno positivo e sete cotadas em terreno negativo. Lá fora, o cenário foi idêntico. O Stoxx 600, que reúne as 600 maiores empresas do Velho Continente, ganhou 2,2%. Na Europa, destaque ainda para a bolsa alemã, com o Dax a avançar 2%, já o francês CAC valorizou 2,6%, assim, como o britânico FTSE.

O desempenho registado pelo índice nacional aconteceu num contexto de ganhos no setor energético, com a Galp Energia a somar 6,85%, para 8,828 euros, apesar do Brent, referência para as importações nacionais de petróleo ter perdido 1,13% para 29,89 dólares. Os ganhos arrastam-se à família EDP. A empresa liderada por António Mexia ganhou 6,66% para 3,62 euros por título. Ao mesmo tempo, os títulos da subsidiaria EDP Renováveis valorizaram 2,94% para 10,16 euros por ação.

Bolsa de Lisboa recupera

A retalhista Jerónimo Martins ganhou 8,14% para 15,57 euros, enquanto o BCP valorizou uns ligeiros 0,0035% para 10,5 cêntimos.

Mas o grande destaque foi para os CTT, cujos títulos tiveram o maior avanço do PSI-20. As ações da empresa liderada por João Bento valorizaram 11,55% para 2,06 euros por ação, reagindo positivamente aos lucros de 29,2 milhões de euros em 2019.

A colocar um travão às perdas dos mercados registadas nas sessões anteriores estiveram os anúncios de vários estímulos financeiros. Como é o caso de França, cujo governo prometeu um pacote de ajuda económica de 45 mil milhões.

Na segunda-feira, o Eurogrupo reuniu-se também, tendo decidido avançar com medidas de estímulo na Zona Euro correspondentes a 1% do PIB da região. Mas disse que pode ir mais longe.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Governo espanhol mobiliza 200 mil milhões para combater pandemia

  • Lusa
  • 17 Março 2020

Primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, anunciou a mobilização de 200 mil milhões de euros, quase 20% do PIB, para combater os efeitos económicos no país da pandemia.

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, anunciou esta terça-feira a mobilização de 200 mil milhões de euros, quase 20% do PIB, para combater os efeitos económicos no país da pandemia de Covid-19 causada pelo novo coronavírus.

Durante a conferência de imprensa em que apresentou o pacote de medidas de luta contra o novo coronavírus aprovadas em Conselho de Ministros, o chefe do executivo sublinhou que daquele montante, “a maior mobilização de recursos económicos da história recente de Espanha”, 117 mil milhões serão “inteiramente públicos” e os restantes privados.

O Estado espanhol vai assim disponibilizar às empresas garantias (avales) no valor de 100 mil milhões de euros, o que permitirá a mobilização de um total entre 150 mil e 200 mil milhões de euros, se se acrescentar a parte do setor privado, disse o chefe do Governo.

Pedro Sánchez acrescentou que o Estado vai fornecer toda a liquidez necessária ao tecido empresarial para resolver os problemas económicos decorrentes da queda da atividade e, assim, evitar problemas de solvência.

Madrid vai também dedicar 30 milhões de euros para que laboratórios espanhóis investiguem uma vacina contra o coronavírus responsável pela pandemia de Covid-19, considerando Pedro Sánchez que o reforço da investigação nesta área é “algo fundamental”.

O Governo espanhol decidiu ainda alterar a regulamentação do investimento estrangeiro para evitar que empresas de países fora da União Europeia (UE) assumam o controlo de entidades espanholas em setores considerados estratégicos, aproveitando a sua queda na bolsa.

O objetivo é evitar que empresas espanholas de setores estratégicos acabem nas mãos de outras empresas “aproveitando a queda estrutural do valor de suas ações na bolsa nesta situação de crise económica e extrema volatilidade nos mercados financeiros em que vivemos”, disse Sánchez.

O chefe do Governo admitiu que não há um “manual infalível” e “há margem para erros” na luta contra o coronavírus, embora tenha sublinhado que agora é tempo de se unirem esforços e que haverá depois um tempo para avaliar a gestão desta crise.

“Não há certezas absolutas” perante esta emergência, disse o primeiro-ministro espanhol, acrescentando que é “humano” sentir preocupação e confusão numa situação sem precedentes como esta.

Mas trata-se de uma crise “temporária” que “vamos superar”, disse Sánchez antes de apelar a todos para ajudarem a superar este momento de dificuldades.

“A nossa esperança é que o ‘estado de emergência’ dure o menos tempo possível, porque isso significará o regresso à normalidade rapidamente, assim como às nossas tarefas diárias”, destacou o chefe do governo.

O Governo também aprovou a aceleração dos chamados em Espanha ‘Processos de Regulação Temporário do Emprego’ (despedimento coletivo) devido à crise provocada pelo coronavírus e que todos os trabalhadores afetados terão o direito a receber o subsídio de desemprego, não sendo o tempo passado no desemprego contabilizado como tempo perdido.

“Apelo aos empregadores: não demitam trabalhadores, é uma crise temporária”, pediu Sánchez, que agradeceu a ajuda e a colaboração dos empregadores e dos sindicatos, bem como da oposição e dos presidentes regionais na tomada de decisões sobre estas medidas.

Por outro lado, as famílias mais afetadas pela crise poderão tirar partido de uma moratória que as liberta do pagamento das hipotecas durante um período de tempo, informou Sánchez, sem, no entanto, ter dado detalhes sobre quem poderá tirar proveito dela ou por quanto tempo.

Ninguém vai perder a sua casa nesta crise e ninguém será despejado da sua habitação, assegurou o chefe do executivo espanhol.

O Governo espanhol aprovou no último sábado o ‘estado de emergência’ com medidas “drásticas” para combater o novo coronavírus que incluem a proibição a todos os cidadãos de andar na rua, a não ser para irem trabalhar, comprar comida ou à farmácia.

Todas as forças policiais do país, incluindo as que são da responsabilidade das autoridades regionais, passam a estar debaixo das ordens do ministro do Interior (Administração Interna).

A Espanha é um dos países mais atingidos com a pandemia Covid-19, tendo registado até hoje 11.178 casos positivos desde o início do surto, dos quais 491 pessoas morreram e 1.098 foram curadas.

O coronavírus responsável pelo Covid-19 já infetou mais de 180 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 7.000 morreram.

O surto começou na China, em dezembro, e espalhou-se por mais de 145 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Medidas de combate ao coronavírus: afinal, quem paga?

  • ECO
  • 17 Março 2020

Como é que as empresas e os trabalhadores podem adaptar-se à nova realidade imposta pelo Covid-19? Gonçalo Delicado, advogado da Abreu Advogados, responde no 3.º episódio do PodcastLab.

Na atual conjuntura de pandemia do coronavírus, reina a incerteza, tanto por parte das empresas como dos trabalhadores. Face às medidas extraordinárias de combate ao covid-19 divulgadas pelo Governo, o que prevê a lei? O que é que as empresas podem fazer? Que direitos dos trabalhadores podem ser postos em causa?

Gonçalo Delicado, advogado da Abreu Advogados e especialista em Direito do Trabalho, conversou com Mariana de Araújo Barbosa, diretora da revista Pessoas, para esclarecer algumas destas questões.

powered by Advanced iFrame free. Get the Pro version on CodeCanyon.

Descubra alguns dos pontos mais relevantes deste Episódio #3 do PodcastLab:

Sobre a recomendação da Direção Geral da Saúde (DGS) para os trabalhadores se manterem em casa

“Esse é um conselho simpático, mas difícil de os trabalhadores acatarem, porque é uma questão de saber quem é que vai pagar a remuneração do trabalhador. A situação não está totalmente excluída da lei, porque esta permite a falta dos trabalhadores motivada pela impossibilidade de prestar a sua atividade devido a facto que não lhe é imputável – e se este estiver com sintomas de coronavírus, o facto não lhe é imputável. Estas situações dão lugar ao pagamento da retribuição por parte do empregador. Mas aqui a questão é: como é que eu demonstro que estou com sintomas? Não tenho nenhum documento que me justifique o motivo pelo qual eu vou faltar.”

“(…) Parece-me difícil eu ter de impor um encargo ao trabalhador por uma mera recomendação.”

Sobre o pacote de medidas extraordinárias apresentado pelo Governo, que manifesta uma vontade de partilhar custos

“Não acho necessariamente mau. O que Estado entendeu é que, não tendo ninguém contribuído para esta situação, todos vamos ter de ser parte da solução, e vai custar a todos. (…) Vamos partilhar o risco: a empresa paga 33%, a Segurança Social paga os outros 33% e o trabalhador deixa de receber 33%. Os tais 66%.

Na questão dos trabalhadores independentes, aquilo que as medidas extraordinárias preveem é o pagamento de um terço da retribuição, ou seja, como não há empregador para partilhar o outro terço, a Segurança Social só paga um terço.”

Sobre o pedido aos restaurantes de reduzirem a sua ocupação a 1/3

“No caso das discotecas e similares, é um encerramento por completo, por isso os trabalhadores vão para casa. Quem paga? A medida é o encerramento, não se diz quem paga, e assim sendo, é a empresa, porque não há nada na lei que diga que o encerramento de um estabelecimento por determinação do Governo dá origem a um pagamento partilhado ou subsídio.”

“No caso dos restaurantes, se vou reduzir em 1/3 a minha lotação, é normal que faça ajustes ao meu quadro de pessoal. Quem paga? Pelos vistos, segundo o que está na lei, é o próprio restaurante. (…) A verdade é que nas medidas, esta questão (de quem paga) não está prevista.”

Sobre se os trabalhadores se podem recusar a trabalhar em determinadas situações

“Podem. Exemplos: a questão dos trabalhadores de transportes internacionais que têm ordens para fazer um transporte para o Norte de Itália; ou imagine um trabalhador de um restaurante que não está a cumprir as medidas que foram recomendadas pela DGS para proteção dos trabalhadores. Apesar de a ordem ser legítima, o próprio trabalhador pode-se recusar [a cumpri-la] e esta recusa é legítima, porque a ordem afeta a sua saúde e a dos seus familiares.

Sobre como as empresas se podem preparar para o teletrabalho forçado.

“Estas situações criam novas oportunidades. Pessoas que achavam nunca poder trabalhar em teletrabalho, vão perceber que podem e que até é melhor; e as empresas que achavam que a sua atividade não dava para ser em teletrabalho, agora, confrontadas com a situação e não tendo outra opção, possivelmente vão recorrer ao teletrabalho e vão ver que resulta.”

Sobre se as empresas podem obrigar os trabalhadores a tirarem férias.

“As férias é um direito do trabalhador ao descanso. Gerir a situação do coronavírus com a imposição de férias, não me parece que seja uma medida adequada, nem que esteja em conformidade com o código [de trabalho], porque nesse período em que a empresa está a obrigar o trabalhador a estar em casa, porque não pode circular livremente, ele não está verdadeiramente de férias”.

O PodcastLab é uma série de podcasts que pretende debater tendências e projetar cenários nas áreas da economia, tecnologia e sustentabilidade. O PodcastLab está disponível no Spotify e Apple Podcasts.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

CovidApp já tem 8.000 utilizadores. Regista sintomas do vírus e dá alertas

Plataforma serve para os utilizadores registarem eventuais sintomas. Alerta será dado, tanto aos users como às autoridades de saúde, através de análise dos dados com inteligência artificial.

Na sexta-feira, em conversa com o amigo e médico João Coimbra, o engenheiro Nelson Novais partilhava medos e desafios em tempos de coronavírus. “Há alguma coisa em termos de software que possamos fazer para ajudar?”, perguntou então o cofundador da startup Mosano, com sede em Matosinhos.

Aquilo que se seguiu nasceu da sugestão do médico e da resiliência da equipa da empresa. Entre sexta e segunda e, aproveitando uma ferramenta que já usavam, os 16 membros da equipa da Mosano trabalharam — quase sem dormir — para criar a CovidApp, uma plataforma que serve para monitorizar os utilizadores desde casa — evitando as idas desnecessárias ao hospital — e que notifica, tanto os utilizadores como as autoridades de saúde em caso de os sintomas indicarem a presença da doença. Tudo graças aos relatórios de cada utilizador (são recomendados três por dia) e à tecnologia de inteligência artificial que os analisa de acordo com um algoritmo já existente na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP). “Os utilizadores que tiverem sintomas são reencaminhados para o hospital”, explica Nelson Novais, em conversa com o ECO.

A plataforma — cuja app ainda está em desenvolvimento — faz assim o registo diário dos sintomas, envia notificações para relembrar para a necessidade de registo, com recurso à inteligência artificial os casos são categorizados e, essa informação será, quando a app tiver o aval da DGS ou do SNS, enviada para essas entidades de saúde pública que tomarão as medidas necessárias para encaminhar os casos.

“Neste momento, é só disso que se trata: temos um problema com os dados e com o RGPD”, alerta Nelson. “Queremos esperar pelo apoio e cunho do Serviço Nacional de Saúde para termos a quem enviar estes dados. Porque, sem um destinatário, mesmo que tenhamos milhares de dados, não servem de nada“, explica.

Neste momento e, com menos de 24 horas de funcionamento, a plataforma conta já com mais de 8.000 utilizadores e com cerca de uma dezena de médicos, que validaram todo o conteúdo. “Tivemos cerca de 20 mil acessos e chegámos hoje aos 8.000 utilizadores, tendo 30 a 40% dos quais registado os seus sintomas”, acrescenta Nelson.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Facebook tem 100 milhões de dólares para ajudar pequenas empresas

A rede social anunciou esta terça-feira que tem cerca de 90 milhões de euros para 30.000 pequenas empresas em mais de 30 países. O objetivo é reforçar a resiliência destes negócios em tempo de crise.

O Facebook quer ajudar os pequenos negócios a ultrapassar a crise que poderá chegar com o aumento da propagação do novo coronavírus. Esta terça-feira, a chefe de operações do Facebook, Sheryl Sandberg, anunciou na sua página oficial que a empresa vai disponibilizar 100 milhões de dólares — o equivalente a cerca de 90 milhões de euros — para ajudar 30.000 pequenos negócios em mais de 30 países. O Facebook ainda não especificou que tipo de empresas serão elegíveis para estes subsídios, mas as candidaturas abrem na próxima semana.

O objetivo é dar apoio financeiro às empresas, ajudando os gestores e os trabalhadores a adaptarem-se as novos modelos de trabalho, a cobrir os custos de rendas e outros custos operacionais que possam surgir em tempo de crise. Para isso, o Facebook prevê apostar em formações online e programas de e-learning, conduzidos pelos próprios profissionais do Facebook.

O Facebook criou também o Business Resource Hub (Centro de Recursos para Pequenas Empresas), onde agrega informação e dicas para as empresas ultrapassarem os desafios que surgem com o surto do Covid-19.

“Nas últimas semanas, vimos exemplos inspirados de entreajuda, por parte de indivíduos e grupos. Um pouco por todo o mundo, as pessoas estão a intervir devido ao enorme desafio que temos pela frente. Também queremos fazer a nossa parte. Os pequenos negócios são o pulso das nossas comunidades, e muitos dos que gerem esses negócios estão a ser fortemente afetados pela crise –– especialmente num momento em que cada vez mais pessoas têm de ficar em casa. À medida que a crise aumenta, maiores são os riscos para os pequenos negócios e para as vidas dos seus gestores e trabalhadores”, lê-se na publicação de Sheryl Sandberg.

[frames-chart src=”https://s.frames.news/cards/coronavirus-em-portugal/?locale=pt-PT&static” width=”300px” id=”1182″ slug=”coronavirus-em-portugal” thumbnail-url=”https://s.frames.news/cards/coronavirus-em-portugal/thumbnail?version=1584452425213&locale=pt-PT&publisher=eco.pt” mce-placeholder=”1″]

Também na passada sexta-feira, o presidente do Facebook, Mark Zuckerberg anunciou na página oficial o lançamento de uma angariação de fundos de 10 milhões de dólares para a Fundação das Nações Unidas (United Nations Foundation) e de outros 10 milhões de dólares para a CDCFoundation. No início do mês, Mark Zuckerberg deu à Organização Mundial de Saúde (OMS) a possibilidade de fazer publicidade no Faceboook sem qualquer custo.

“Muitas pessoas disseram-nos que querem ajudar a combater o coronavírus, mas não sabem como, por isso, trabalhámos com a Fundação das Nações Unidas e a Organização Mundial de Saúde para criar um fundo de resposta solidária Covid-19, onde qualquer pessoa pode fazer uma doação”, escreveu Mark Zuckerberg.

A Direção-Geral da Saúde revelou esta terça-feira que há 117 novos casos de infeção pelo novo coronavírus em Portugal. São 448 o número de casos já confirmados no país.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Moody’s baixa rating da Lufthansa e easyJet devido ao vírus

Agência de notação de risco baixou os ratings da Lufthansa e easyJet e colocou ainda a British Airways e IAG sob revisão negativa por causa do impacto do coronavírus no setor da aviação.

A Moody’s baixou o rating das companhias aéreas easyJet e Lufthansa e colocou a British Airways e IAG sob revisão em baixa devido ao impacto do surto do coronavírus no setor da aviação.

“A propagação rápida do surto do coronavírus, a deterioração das perspetivas do crescimento mundial, a quebra dos preços do petróleo e as quedas nos preços dos ativos estão a criar um choque de crédito severo e extensivo em muitos setores, regiões e mercados”, explica a agência de rating norte-americana em comunicado.

Os efeitos combinados destes desenvolvimentos não têm precedentes. O setor do transporte aéreo de passageiros tem sido um dos setores mais afetados de forma significativa pelo choque tendo em conta a sua exposição às restrições nas viagens e à sensibilidade da procura e do sentimento dos consumidores”, acrescentou a Moody’s.

Nesse sentido, a Moody’s baixou o rating da easyJet em um nível, de “Baa1” para “Baa2”, tendo colocado a companhia low cost sob revisão em baixa.

No caso da alemã Lufthansa, o rating caiu para “Ba1” e também está sob revisão em baixa da parte da Moody’s.

Quando à British Airways e à IAG, não houve revisão do rating, mas a Moody’s anunciou que também iniciou uma avaliação que poderá culminar num downgrade.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Fitch antecipa maior vaga de cortes de rating desde a crise de 2009

A agência de notação diz que vai avaliar de que forma as medidas temporárias introduzidas para combater o impacto do coronavírus terão implicações nas finanças públicas que perdurem pelo médio prazo.

A agência de notação financeira Fitch antecipa para 2020 a maior onda de descidas de ratings soberanos desde a crise financeira, devido aos efeitos da combinação entre o impacto económico do coronavírus e as respostas políticas a essa realidade. O alerta surge numa nota de research, divulgada esta terça-feira, em que a agência de notação financeira norte-americana também revela que os seus procedimentos de análise de ratings vão focarão nos efeitos das medidas fiscais temporárias.

“O impacto económico do coronavírus, combinado com as respostas políticas associadas, provavelmente irá resultar num número superior à média de ações de rating soberano em 2020, e enviesamento descendente mais pronunciado nas mudanças de rating soberana do que em qualquer ano após o crise financeira global em 2009“, começa por dizer a Fitch Ratings.

Face a este cenário, a agência de notação financeira diz que os registos históricos orçamentais dos países serão uma componente da avaliação do impacto sobre o rating das medidas orçamentais suplementares. “A intenção será avaliar de que forma as medidas orçamentais temporárias — e em muitos casos urgentes — introduzidas para combater o impacto do coronavírus terão implicações nas finanças públicas que perdurem a médio prazo“, explica.

A dívida pública portuguesa é avaliada atualmente pela Fitch no nível BBB”, ou seja, segundo nível de grau de investimento, tendo o outlook “positivo”. Apesar de alertar para o elevado peso da dívida, a agência tem elogiado a resiliência da economia portuguesa, bem como o equilíbrio das contas públicas. Portugal preparava-se para conseguir o primeiro excedente orçamental em democracia este ano, mas o primeiro-ministro António Costa já disse que o surto de coronavírus irá vai dar uma forte “pancada” na economia nacional e os esforços para travar este impacto deverá eliminar as possibilidades de excedente.

A Fitch reconhece que, devido ao quadro imposto pela pandemia, os responsáveis pela política económica global enfrentam “uma combinação de desafios sem precedentes, incluindo uma crise de saúde, uma disrupção económica, flutuação severa dos mercados financeiros, mudanças no sentimento dos investidores, volatilidade cambial e um choque do preço das matérias-primas”. E antecipa que uma das principais consequências económicas para regiões e países afetados pelo coronavírus é a “interrupção repentina” das atividades.

A Fitch considera ainda que as “políticas macroeconómicas tradicionais terão efeitos limitados” nos cortes motivados por preocupações com a saúde, mas que podem ter um papel de “atenuar o consequente impacto nos fluxos de rendimento das famílias e das empresas, evitando um declínio económico mais acentuado e prolongado”. A Fitch diz ainda esperar que, com o tempo, as respostas à política fiscal correspondam às que já estão em andamento do ponto de vista monetário, pelo menos em termos do número de países envolvidos.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Montijo: Seixal e Governo continuam a divergir e acordam nova reunião técnica

  • Lusa
  • 17 Março 2020

Câmara do Seixal e o Governo mantêm discordância quanto à localização do futuro aeroporto de Lisboa. Reunião técnica avaliará estudos divergentes sobre impactos da construção da estrutura no Montijo.

A Câmara do Seixal e o Governo mantiveram esta terça-feira a discordância quanto à localização do futuro aeroporto de Lisboa, seguindo-se agora uma reunião técnica que avaliará estudos divergentes sobre os impactos da construção da estrutura no Montijo.

O presidente da Câmara do Seixal, Joaquim Santos (CDU), foi um dos autarcas que se opuseram à localização do aeroporto complementar de Lisboa na Base Aérea n.º 6, no Montijo, no distrito de Setúbal, o que colocou o projeto em risco porque, segundo a lei, a inexistência do parecer favorável de todos os concelhos afetados “constitui fundamento para indeferimento”.

No final de uma reunião com o primeiro-ministro, António Costa, o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, e o ministro das Infraestruturas, Pedro Santos, realizada hoje, em Lisboa, Joaquim Santos insistiu que a melhor localização para o aeroporto é em Alcochete e salientou que trouxe para o encontro estudos que demonstram os impactos que a localização no Montijo terá para o seu concelho.

“O que o senhor primeiro-ministro transmitiu é que a ANA – Aeroportos é que decide onde é que quer localizar esse Humberto Delgado mais um. E decidiu que seria na península do Montijo e não seria em Alcochete. E, por isso, o primeiro-ministro diz que não tem capacidade para poder alterar essa decisão. Lamentamos que assim seja. Lamentamos que o Governo não tenha a capacidade de decidir onde é que a melhor opção”, disse o autarca, defendendo uma renegociação do contrato com a empresa gestora dos aeroportos.

Joaquim Santos acrescentou que levou para aquela reunião “alguns elementos técnicos” que contradizem os estudos na posse do Governo e, por isso, considerou “que é uma matéria que não está encerrada”.

“Apesar de o senhor primeiro-ministro dizer que, para ele, está encerrado, para nós entendemos que não está”, afirmou, considerando não poder “aceitar que uma multinacional decida aquilo que vai ser” o “futuro coletivo” da zona e que “é preciso pôr o interesse nacional e das populações em primeiro lugar”.

Sobre a renegociação do contrato com a ANA – Aeroportos, o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, considerou que “já foi dito o que havia a dizer”.

“O contrato vem de trás, os privilégios são atribuídos a quem passou a ser dono da ANA, através da privatização. São, de facto, muito discutíveis. Não estamos em tempo de os discutir”, considerou.

João Matos Fernandes salientou que a localização em Alcochete também tem impactos muito negativos e que “o estudo de impacto ambiental e a declaração de impacte ambiental (DIA), no fundo, concluem que não há quaisquer impactos ambientais nem de ruído no município do Seixal” e que, por isso, no encontro não foram discutidas eventuais compensações para esta autarquia.

No entanto, admite que “o presidente da Câmara do Seixal tem opinião diversa e tem até um estudo feito também que dá dados diferentes”.

“Aquilo que nós vamos fazer agora é mesmo um encontro de técnicos com o objetivo de saber se existe ou não existe impacto do ruído na população do Seixal”, disse, sublinhando que, devido à situação de pandemia, não sabe quando será possível realizar esta reunião.

Matos Fernandes sublinhou, contudo, que, apesar de considerar que a situação deste concelho é diferente dos que terão impactos diretos com a construção do aeroporto no Montijo, o Seixal será também beneficiado pelo plano de desenvolvimento regional que será desenhado para todo o Arco Ribeirinho Sul, incluído no próximo ciclo de financiamento comunitário.

No entanto, a concessão do aeroporto em Alcochete obrigaria “à criação de uma nova frente urbana distante da Área Metropolitana, deixando seguramente para trás os territórios expectantes que hoje existem em municípios como o Barreiro e o Seixal”, alertou.

Na segunda-feira, o Governo recebeu o presidente da Câmara da Moita, Rui Garcia (CDU), tendo sido anunciada a avaliação da necessidade de alargar a reabilitação de edifícios na Baixa da Banheira, para minimizar o ruído causado pelo novo aeroporto.

No entanto, o autarca da Moita mantém-se contra a infraestrutura no Montijo.

Segundo a DIA, cinco municípios comunistas do distrito de Setúbal emitiram um parecer negativo à construção do aeroporto no Montijo (Moita, Seixal, Sesimbra, Setúbal e Palmela) e quatro autarquias de gestão socialista (Montijo, Alcochete, Barreiro e Almada, no mesmo distrito) deram um parecer positivo.

Em 8 de janeiro de 2019, a ANA e o Estado assinaram o acordo para a expansão da capacidade aeroportuária de Lisboa, com um investimento de 1,15 mil milhões de euros até 2028 para aumentar o atual aeroporto de Lisboa e transformar a base aérea do Montijo num novo aeroporto.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Banco de Portugal aumenta exigências de capital ao Montepio

  • Lusa
  • 17 Março 2020

O regulador aumentou os requisitos de capital ao Banco Montepio para 3,25% em 2020, depois de 3,00% em 2019, informa comunicado enviado à CMVM pelo banco liderado por Pedro Leitão.

O Banco de Portugal aumentou os requisitos de capital ao Banco Montepio para 3,25% em 2020, depois de 3,00% em 2019, de acordo com um comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) pelo banco da Mutualista Montepio.

O atual requisito específico de fundos próprios (Pilar 2) aplicável ao Banco Montepio é de 3,25%”, pode ler-se no comunicado enviado à CMVM pelo banco liderado por Pedro Leitão.

O comunicado detalha que o banco detido pela Associação Mutualista Montepio Geral recebeu “a decisão do Banco de Portugal, enquanto autoridade responsável pela supervisão de base consolidada ao Banco Montepio, relativa ao processo de análise e avaliação designado de ‘Supervisory Review and Evaluation Process” (SREP)”.

Em 14 de março de 2019, a instituição financeira comunicou à CMVM que os requisitos de Pilar 2 eram de 3,00%.

Os requisitos mínimos de capital incluem as componentes de requisitos mínimos (Pilar 1), de requisitos específicos (Pilar 2) e de requisitos combinados de reservas.

O requisito total solicitado atualmente ao Banco Montepio é de 13,938%, dos quais 8% correspondem ao Pilar 1, 3,25% ao Pilar 2 e 2,688% às reservas.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Imobiliário vai demorar um ano a recuperar do coronavírus. Crise vai levar a uma queda nos preços

Os investidores imobiliários olham para o coronavírus com um "otimismo cauteloso" e acreditam que a crise que está a ser sentida vai levar a uma aceleração da descida de preços.

O surto de coronavírus está a afetar o setor imobiliário, mas os investidores, sobretudo internacionais, olham para esta pandemia com um “otimismo cauteloso”. É certo que já não se realizam visitas a imóveis e adiam-se assinaturas de contratos de promessa compra e venda, mas o mercado acredita que, dentro de um ano, ou menos, o setor vai recuperar. Para os portugueses que procuram casa podem vir aí boas notícias: uma descida dos preços da habitação.

Nas imobiliárias já se começam a sentir as consequências diretas do coronavírus. “Alguns clientes europeus, por dificuldade em viajar, pediram para adiar as assinaturas dos contratos de promessa compra e venda”, relata o CEO da Vanguard Properties, José Cardoso Botelho, durante uma conferência online sobre os impactos do coronavírus no setor. Ricardo Sousa, CEO da Century21 (C21), fala na “suspensão de visitas programadas”.

“Temos estado em contacto permanente com investidores e, pese embora estes momentos de dificuldade, a verdade é que, do lado dos investidores internacionais, há uma visão de um certo otimismo cauteloso“, diz Hugo Santos Ferreira, vice-presidente da Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários (APPII), também participante na conferência.

O representante dos investidores imobiliários adianta ainda que “há uma apreensão a curto prazo, principalmente no próximo mês, que terá um impacto negativo para o setor”. Contudo, admite que “em 12 meses, se tudo correr bem, até ao final do ano, conseguiremos ter o setor recuperado”.

Ainda assim, dado que a curto prazo o impacto será “muitíssimo negativo” para as empresas imobiliárias, Hugo Santos Ferreira apela ao Governo para a adoção de medidas para colmatar esses efeitos. “A suspensão imediata na moratória de todos impostos e a suspensão na contagem do prazo da compra para revenda”, disse. “Pode e vai haver um estrangulamento de tesouraria nas nossas empresas que é necessário mitigar”.

Crise do coronavírus vai fazer baixar os preços do imobiliário?

Durante a conferência online, organizada pela Vida Imobiliária, quem estava a assistir tinha a oportunidade de colocar questões que seriam respondidas pelos especialistas presentes. Uma delas foi se a crise que o coronavírus está a provocar vai fazer baixar os preços do imobiliário. E as respostas foram todas no mesmo sentido.

Admito que haja um decréscimo dos preços. As crises são sempre boas para haver novas oportunidades. E quem tiver cash é quem vai ganhar com esta crise. Porque vai poder continuar mais depressa a retoma da sua atividade e, por outro lado, ajudar quem tenha dificuldades e aproveitar a descida de preços”, defendeu José Araújo, diretor da Direção de Crédito Especializado e Imobiliário do BCP.

Pedro Vicente, administrador da Habitat Invest, diz-se preocupado com “os efeitos da queda do turismo”, que serão “nocivos”. “Estamos convencidos que esta crise poderá conduzir a uma suavização mais acelerada dos preços, que já vinha a ser sentida. Há uma perda de interesse de alguns clientes, que mantêm esse interesse, mas querem ver a crise ultrapassada. Mas sim, o turismo vai contribuir para esse abrandamento”, sublinhou.

Por sua vez, o CEO da Century 21 defende que “é precipitado tomar alguma visão de meio ou longo prazo sem conhecer a realidade e a duração do período de contenção”. “O mais realista e prudente é esperar uma moderação de preços”, rematou Ricardo Sousa.

(Notícia atualizada às 17h08 com mais informação)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.