O roaming acabou. Prepare-se para pagar mais

Acabou o roaming: enquanto viajar na Europa, paga o mesmo que pagaria em Portugal por mensagens, chamadas e dados. Mas a medida que veio para baixar os preços lá fora pode custar mais cá dentro.

As taxas de roaming acabaram. A partir desta quinta-feira, os cidadãos europeus pagam pelas comunicações móveis o mesmo que pagariam no país de residência enquanto viajam na União Europeia. O regulamento é apelidado de Roam Like At Home e visa baixar os preços das telecomunicações no mercado de retalho. No entanto, em Portugal, pode acontecer exatamente o contrário.

Na opinião das operadoras, a medida é desequilibrada em relação aos vários Estados-membros. Alertam que Portugal recebe mais turistas do que o número de portugueses que viajam para o estrangeiro com frequência. Por isso, poderão ter de investir no reforço das redes, não estando afastada a hipótese de o custo ser passado para o consumidor final. Uma subida dos preços, a acontecer, não deverá ser surpresa.

Para antecipar a entrada em vigor da medida, o ECO abordou as operadoras, a Anacom e a Deco. Nos, Meo e Vodafone passaram a bola à associação que representa o setor, a Apritel. A Anacom explicou o que estava em causa, mas remeteu para as operadoras quando questionada sobre se a medida irá mesmo beneficiar os utilizadores. A Deco deixou o cenário em aberto, mas acredita não haver motivo para preocupação por parte dos consumidores.

“Quem vai pagar? O consumidor português”

A posição oficial da Apritel foi conhecida no último domingo. A associação que representa as empresas de telecomunicações em Portugal referiu que o fim do roaming “pressiona em baixa as receitas dos operadores móveis nacionais” pois, a nível de retalho, “implica uma descida” ou mesmo a “total eliminação das receitas provenientes de roaming no Espaço Económico Europeu, não obstante os custos acrescidos” que “recaem sobre os operadores nacionais”.

É a posição do setor como um todo. Mas não é preciso grande esforço para conhecer as opiniões concretas das várias operadoras. O tema foi debatido pela voz dos presidentes executivos das três principais prestadoras de serviços de telecomunicações no congresso da APDC no ano passado.

Miguel Almeida, da Nos, foi dos mais críticos: “Estamos num país em que as pessoas não viajam assim tanto. É uma medida que é um exemplo de tudo o que não deve ser feito. Não tem justificação económica.” Para o líder da Nos, “é uma medida que visa os burocratas de Bruxelas e eurodeputados que residem nos diversos países da União Europeia, mas que estão num país estrangeiro”. “Passam lá o ano todo e devem ser os únicos beneficiários desta medida”, acusou. Depois disso, lançou o alerta: “Se isso ditar a necessidade de reforços de capacidade, uma vez que eles não vão pagar, quem vai pagar? O consumidor português.”

O presidente da PT Portugal, Paulo Neves, dona da Meo através da Altice, deixou a mesma ideia nesse debate. “Vejo sempre com alguma preocupação algumas medidas administrativas ou regulatórias que façam perder valor ao setor e sem benefício concreto dos utilizadores finais que temos de servir. Este caso concreto não traz claramente benefícios aos clientes finais, nem aos operadores nem ao país”, sublinhou.

Opinião partilhada ainda por Mário Vaz, líder da Vodafone Portugal. O gestor descartou que a Vodafone fosse beneficiada pelo facto de ter operação a nível internacional, e vincou: “O consumidor vai perder porque vamos ter de desviar investimento para comportar utilizações que não nos dão receita e como não nos dão receita, vamos ter de ir buscá-la a outro sítio qualquer.”

Regulamento “beneficia países do norte da Europa”

O ECO questionou a Anacom acerca deste tema. Por email, o regulador das comunicações reconheceu que “os países cujos cidadãos viajam para o estrangeiro com mais frequência beneficiam mais das medidas nele previstas”, vincando que “significará uma redução dos preços que [os consumidores] vinham a pagar pela utilização de serviços de roaming até à data”. Isto a nível retalhista, ou seja, entre utilizadores e operadoras.

De uma perspetiva grossista, naquilo que as operadoras pagam umas às outras pelo uso das redes, o cenário não é muito diferente. O regulamento “também trará mais benefícios aos operadores dos países do norte da Europa do que aos do sul”, referiu a Anacom. Aqui, importa referir que esses preços também sofrerão um grande corte: “O regulamento grossista veio estabelecer reduções muito significativas dos preços grossistas máximos que os operadores podem cobrar entre si, sendo que esta redução tem um impacto mais significativo nos operadores que recebem mais utilizadores de roaming nas suas redes”, apontou. Como é o caso das operadoras portuguesas.

Contas feitas, e tendo em conta que Portugal é um forte destino turístico, “poderá haver um risco acrescido de que os preços em causa possam não permitir uma recuperação adequada dos custos, sobretudo se, com a introdução do Roam Like At Home, o tráfego de roaming de estrangeiros em Portugal aumentar de forma a que sejam necessários investimentos nas redes para suportar esse tráfego adicional”, alerta a Anacom. Sobre se o regulador poderia tomar medidas para impedir uma passagem dos custos para o consumidor, a Anacom recordou que “os preços de retalho não são regulados”.

Poderá haver um risco acrescido de que os preços [grossistas] em causa possam não permitir uma recuperação adequada dos custos.

Anacom

Fonte oficial

Deco: “Uma grande vitória dos consumidores”

Visão diferente tem a Deco, a associação de defesa do consumidor. Em entrevista ao ECO, o jurista Luís Pisco caracterizou esta lei como “uma grande vitória dos consumidores” pois vai criar “um mercado único também nas comunicações”. Para a Deco, o argumento de que os países do sul da Europa recebem mais turistas e terão de aumentar o investimento nas redes é “falaciosa”. “Portugal tem dito aos sete ventos que tem uma das melhores redes de comunicações da Europa. Como tal, duvido que seja preciso reforçar essa mesma rede”, indicou Luís Pisco.

O jurista apontou para o segmento grossista das telecomunicações e deu um exemplo: “Neste momento, o valor por cada GB de utilização de internet ou de dados era de cerca de 50 euros, coisa que vai passar a 7,70 euros por GB. Há aqui um mercado muito valioso em termos económicos entre operadores em que irão perder os lucros que tinham.” E acrescentou: “Havia aqui um enriquecimento que era legal mas, em termos morais, talvez fosse um pouco ilegítimo, uma vez que era conseguido à custa de preços quase proibitivos por comunicações cujo pacote e perfil, muitas vezes, também não era vantajoso para os consumidores.”

Sobre se o fim do roaming poderá resultar num aumento efetivo dos preços, o responsável da Deco considerou que os consumidores devem ficar tranquilos porque, para já, “todos os portugueses” que se desloquem dentro da União Europeia irão beneficiar desta medida. “Só pelo facto de se acabar com o roaming não vai haver um boom de turistas que vão passar a usar as comunicações de uma forma desmedida. É uma figura quase exagerada”, argumentou Luís Pisco. No entanto, reconhece que “tudo pode acontecer” num mercado “livre e de livre indicação de preços”.

Só pelo facto de se acabar com o roaming não vai haver um boom de turistas que vão passar a usar as comunicações de uma forma desmedida. É uma figura quase exagerada.

Luís Pisco

Jurista da Deco

Fim do roaming, mas com limites

Chegados aqui, importa sublinhar que o fim das taxas de roaming têm também alguns limites de forma a impedir utilizações abusivas. Desde logo, o consumidor não poderá contratar um serviço no estrangeiro para usar de forma permanente no país de origem. O país de residência é determinado, em traços gerais, como aquele em que o consumidor passa mais tempo.

Se for de viagem durante vários meses, a operadora poderá cobrar uma taxa de utilização. Caso tenha um pacote de dados móveis ilimitado, o serviço poderá ter limites enquanto estiver no estrangeiro. A operadora é obrigada a prestar informações acerca desse mesmo limite. Já a partir desta segunda-feira, Meo, Nos e Vodafone começaram a informar os clientes do fim do roaming e das condições ligadas à nova regulamentação.

Quanto aos preços pagos entre as operadoras europeias pelo uso das redes, serão limitados a 0,032 euros por cada minuto de chamada e 0,01 euros por mensagem escrita. No que diz respeito a dados móveis, a redução será gradual. A taxa baixa dos 50 euros para 7,70 euros por GB esta quinta-feira, reduzindo para seis euros no início de 2018, 4,5 euros em 2019, 3,5 euros em 2020, três euros em 2021 e, por fim, 2,5 euros por cada GB consumido em 2022.

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Nos já tem mais clientes em pacotes do que a Meo

A operadora liderada por Miguel Almeida superou pela primeira vez o número total de subscritores de pacotes de serviços de comunicações da Meo.

A Nos chegou à liderança do mercado de telecomunicações em Portugal em prestação de serviços de telecomunicações em pacote. A operadora liderada por Miguel Almeida superou o número de clientes da Meo, detida pela Altice, considerando apenas as ofertas em pacote, de acordo com os dados da Anacom.

“No trimestre em análise [entre janeiro e março de 2017], o Grupo Nos registou pela primeira vez a quota subscritores mais elevada (39,4%), seguindo-se a Meo (39,2%), e a Vodafone (16,4%), e o Grupo Apax (5%)”, refere o regulador do setor das telecomunicações. A Nos lidera nas modalidades 3P e 4P (telefone, televisão e internet), enquanto a Meo liderava nas modalidades 2P (televisão e internet ou telefone e internet) e 5P (que conta também com a banda larga móvel).

No trimestre anterior a Nos tinha uma quota de 39,3%, tendo aumentado. Já a Meo, continua a perder mercado no que toca a ofertas convergentes: baixou de 39,7% no quarto trimestre do ano passado, sendo que há um ano tinha mais de 40%. A culpa é, em parte, da Vodafone, que continua a ganhar expressão no setor.

“A Vodafone continuou a ser o prestador que mais aumentou a sua quota de subscritores de pacote de serviços (+0,4 pontos percentuais no primeiro trimestre de 2017 e +1,8 pontos percentuais nos últimos 12 meses) e o que registou a maior aquisição líquida de subscritores durante o primeiro trimestre de 2017 (+21 mil)”, acrescenta a Anacom.

Apesar de bater a Meo no que toca a clientes, a Nos continua atrás nas receitas. “Em termos de receitas, no primeiro trimestre 2017, a Meo era o principal prestador de serviços em pacote, com uma quota de cerca de 41,8%, seguindo-se o Grupo NOS (39,9%), a Vodafone (14,2%) e o Grupo Apax (4%)”, remata. Isto é explicado, em parte, pela maior fatia de mercado em 5P que é, também, a mais rentável para as operadoras.

Quanto a isso, as receitas conseguidas com o fornecimento de serviços em pacote cresceu 6% em termos homólogos, para 440 milhões de euros no total do trimestre. Cada subscritor valeu uma receita mensal de, em média, 41,57 euros, uma queda de 1,6% em relação aos três primeiros meses do ano passado. A mesma receita média mensal foi de 52,85 por agregado familiar com ofertas em pacote, sublinha a Anacom.

A Anacom refere, por fim, que o número de subscritores destas ofertas convergentes atingiu 3,55 milhões. São só mais 35.000 subscritores do que no trimestre anterior, um crescimento de 1% que “foi o mais baixo” desde 2011, altura em que a Anacom começou a publicar este tipo de informação. Além do mais, “os pacotes 5P”, os mais populares, “cresceram significativamente abaixo da média nos últimos anos”, desde 2014.

Meo presta esclarecimentos

Face a estas informações, a Meo emitiu um comunicado ao final desta terça-feira, onde garante que, no que toca ao mercado global de telecomunicações, “continua a ser líder absoluta”. “O relatório da Anacom que serve de base à interpretação que durante o dia de hoje os jornalistas fizeram refere-se exclusivamente aos serviços disponibilizados por ‘pacote’, não abrangendo a totalidade dos serviços prestados por cada operador”, justificou a empresa.

A Meo “é, pois, líder nos pacotes de maior valor e mais serviços incluídos (5P), por larga margem. A liderança de mercado é resultado de todos os serviços e não apenas daqueles resultantes da subscrição de ‘pacotes'”, acrescentou a operadora.

(Notícia atualizada às 22h13 com comunicado e esclarecimentos da Meo)

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May pede, Vodafone dá: novas regras para o discurso de ódio online

A primeira-ministra lançou o repto e a empresa britânica seguiu-o: a partir desta terça-feira, os anúncios publicitários da Vodafone deixarão de aparecer em sites identificados como nocivos.

“Enough is enough” – foi esta a expressão da primeira-ministra, após o atentado de sábado em Londres, num discurso em que criticou as empresas tecnológicas, pedindo mais controlo no mundo online. Esta terça-feira a Vodafone respondeu a Theresa May com o anúncio de novas regras globais com o objetivo de limitar o discurso de ódio e as notícias falsas. A medida mais direta é que a sua publicidade não apareça em canais digitais dominados pelo ódio.

O discurso de ódio e as notícias falsas ameaçam os princípios de respeito e confiança que mantêm as comunidades unidas.

Vittorio Colao

CEO da Vodafone

As novas regras que entram em vigor esta terça-feira terão como alvo as páginas online identificadas como bastante permeáveis a ter um conteúdo nocivo. A ideia principal é retirar a publicidade “automática” da Vodafone desses locais, retirando-lhes o possível lucro que viriam a ter. Indiretamente, esta será uma forma de cortar o financiamento a este tipo de organizações. A abordagem da Vodafone terá como base um sistema de controlo já utilizado pela Google e pelo Facebook também.

“O discurso de ódio e as notícias falsas ameaçam os princípios de respeito e confiança que mantêm as comunidades unidas”, afirmou o presidente executivo da empresa britânica. Vittorio Colao garantiu que vai assumir “um forte compromisso com a diversidade e a inclusão”, defendendo que a marca da Vodafone não pode estar “associada a este tipo de conteúdo abusivos”. Colao referiu que vai dar “muito valor” à integridade das instituições democráticas, que são os “alvos” das chamadas fake news.

Este avanço da Vodafone vai ao encontro daquilo que Theresa May pediu, nomeadamente ao nível de acordos internacionais para regular o ciberespaço. “Não podemos dar o espaço de que esta ideologia precisa para crescer. Para isso, temos de atingir acordos internacionais para evitar a proliferação desta ideologia através das redes sociais”, afirmou a primeira-ministra britânica no domingo que vai a eleições esta quinta-feira.

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Anacom não vai regular fibra da Meo. Vodafone fala em “Portexit”

A Anacom reponderou, mas manteve a decisão de não regular o acesso à fibra ótica da Meo em zonas não concorrenciais. Decisão vai contra a recomendação de Bruxelas.

A Anacom manteve a sua decisão inicial de não impor à MEO a abertura da sua rede de fibra ótica a outros operadores em zonas consideradas não concorrenciais (remotas e rurais), discordando da recomendação da Comissão Europeia nesse sentido.

“Feita uma reponderação, a Anacom mantém o entendimento de não acolher a Recomendação da Comissão Europeia”, lê-se num documento publicado no ‘site’ da Autoridade Nacional de Comunicações, no qual avança que a decisão final foi aprovada em 23 de março.

Em comunicado, o presidente da PT (dona da MEO), Paulo Neves, já afirmou que “é com satisfação” que toma “conhecimento da decisão da Anacom de não regulação do mercado de fibra ótica”, sublinhando que “Portugal é um caso de sucesso no que respeita às redes de nova geração e esta decisão, tomada em prol do investimento em infraestruturas, dos consumidores e do país, vem permitir que cada vez mais portugueses tenham acesso aos melhores serviços de fibra a nível europeu”.

A operadora afirma ainda que complementarmente já disponibilizou uma oferta grossista comercial de fibra disponível para todos os operadores do mercado, acrescentando que espera que “os outros façam o mesmo”.

Este é o culminar de um longo processo que remonta ao verão do ano passado. Em agosto, a Anacom, liderada por Fátima Barros, tinha contestado a investigação aprofundada iniciada por Bruxelas, que foi divulgada em 27 de julho e levantava dúvidas sobre a compatibilidade do projeto de decisão do regulador com o direito comunitário, além de afirmar que “a proposta da Anacom, a ser implementada”, pode “impedir uma concorrência sustentável nos mercados de banda larga”.

O processo arrastou-se e, no início de dezembro, Bruxelas recomendou à Anacom que impusesse à MEO a abertura da sua rede, recomendação essa que o regulador decidiu contrariar com esta decisão de 23 de março e que teve em conta “as particularidades do mercado da banda larga nacional relativamente aos restantes mercados europeus”.

Em resposta, a Anacom disse na altura que esta imposição “não é uma medida nem proporcional nem justificada” e lembrou que, “ao contrário da maior parte dos outros países, em Portugal verifica-se que a Rede de Nova Geração com maior cobertura não é a do antigo operador histórico (a MEO), mas sim a do operador de cabo [NOS]”.

Fátima Barros também sempre disse que gostaria que todos os operadores “abrissem as suas redes”, lembrando a oferta comercial (‘wholesale’) que a MEO já disponibiliza.

A Anacom sempre afirmou que a sua decisão era “aquela que melhor defende os interesses do país e dos cidadãos”, promovendo a cobertura do território com RNG e combatendo a exclusão digital e afirmou que Portugal é “um caso singular e de sucesso a nível europeu no que respeita ao desenvolvimento de RNG”.

Contactado pelo ECO, Mário Vaz, presidente executivo da empresa, disse apenas que “nesta matéria já nada nos surpreende”. E acrescentou: “A Anacom vem formalizar um Portexit. Portexit, porque uma parte significativa de Portugal, ao contrário do que defende a UE, está privada do acesso a mais e melhores serviços. Portexit que terá, inevitavelmente, uma fatura para o País”, indicou.

Concluiu, sublinhando: “Lamentamos esta decisão do regulador e teremos em consideração, tal como sempre temos feito, todos os meios ao nosso dispor para defender os consumidores portugueses.”

Em dezembro a Vodafone tinha lamentado a recusa da Anacom em impor à MEO a abertura da sua rede de fibra ótica, considerando que “a desresponsabilização do regulador tem um custo para Portugal”. “A posição hoje divulgada está totalmente desalinhada com a visão da Comissão Europeia (que por duas vezes expressou a sua opinião sobre este tema), dos pares da Anacom (BEREC) e dos operadores alternativos”, considerou o presidente executivo da Vodafone, Mário Vaz, na altura.

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Este verão, vá estagiar na Vodafone. Eles pagam (mas não dizem quanto)

A Vodafone abriu as candidaturas para estágios remunerados entre julho e agosto. Programa é dirigido aos estudantes. Mas, para já, a empresa não quer revelar quanto vai pagar.

Nas férias, muitos abandonam as suas casas e vão para a praia ou para o campo. Outros viajam. Mas a vida não é fácil e, muitas vezes, estudantes e recém-licenciados passam por dificuldades para arranjar um primeiro emprego por… falta de experiência. Pois bem: este verão, o programa de estágios remunerados da Vodafone Portugal está de regresso para permitir “a jovens estudantes terem um primeiro contacto com o mundo empresarial”.

O programa de estágios “Vodafone Discover Summer Internship” abre todos os anos desde 2011 e já acolheu uma centena de estagiários. Para a edição deste ano, as candidaturas estão a decorrer desde esta terça-feira até 21 de maio. Os estágios terão a duração de dois meses, entre julho e agosto. Em comunicado, a Vodafone garante que distribui os estagiários “por áreas de negócio” tendo em conta o “perfil académico” e as “preferências” dos estudantes.

Os departamentos mais procurados nos anos anteriores foram os da engenharia, economia, gestão, marketing e comunicação, mas o programa abrange “todas as áreas”. Os estagiários são ainda “acompanhados por um tutor que os ajuda na execução de tarefas diárias e nos desafios que lhe são propostos”. “A Vodafone procura jovens com potencial, motivados e dinâmicos, que ambicionem complementar a experiência académica com a profissional e começar, desde cedo, a traçar o seu percurso”, informa a empresa.

O programa destina-se a estudantes de licenciatura e mestrado. A local do estágio é na sede da empresa, no Parque das Nações. Saber escrever e falar em inglês é uma capacidade recomendada. E as candidaturas? Podem ser feitas aqui.

A Vodafone procura jovens com potencial, motivados e dinâmicos, que ambicionem complementar a experiência académica com a profissional.

Vodafone Portugal

Comunicado

Quanto pagam? Não se sabe

O ECO contactou a Vodafone Portugal, no sentido de apurar o número de vagas disponíveis este ano e o valor da remuneração do estágio. Fonte oficial da empresa informou que, “neste momento, o número de vagas ainda não está fechado”. No entanto, acrescentou que o programa “tem integrado perto de 30 estagiários” nos “últimos anos”. “O número de vagas para este verão deverá estar em linha com o dos anos anteriores”, referiu.

A Vodafone optou ainda por “não revelar” quanto vai pagar aos estagiários, alegando que “a motivação para a candidatura” deve ser a oportunidade profissional e não o valor da remuneração. Além da bolsa de estágio que introduzimos este ano, existem outros benefícios que são apresentados aos candidatos durante a fase de seleção”, explicou a mesma fonte.

"A motivação para a candidatura deve ser a oportunidade de se acumular uma experiência profissional e não a remuneração.”

Vodafone Portugal

Fonte da empresa

Sobre esse ponto, a empresa concluiu, dizendo que “acima de tudo”, valoriza “jovens motivados e dinâmicos que querem acrescentar uma experiência profissional ao seu percurso académico e começar, desde cedo, a ganhar skills [competências] no mundo empresarial”.

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Fusão da Vodafone avaliada em 21 mil milhões de euros

A empresa britânica torna-se assim a segunda maior empresa de telecomunicações do mundo. A fusão indiana fará com que a nova empresa seja a maior de um país com mais de mil milhões de pessoas.

A empresa sediada no Reino Unido fundiu-se com a indiana Idea Cellular, tornando-se assim a maior empresa de serviços para telemóveis da Índia, um mercado de mais de mil milhões de pessoas. A holding que resulta dessa união vai ser controlada pela Vodafone (45,1%) e está avaliada em 23,2 mil milhões de dólares (21,4 mil milhões de euros). Os indianos vão manter 30,9% da empresa, segundo a Bloomberg, e o resto será colocado em bolsa.

Esta operação significará que a nova empresa terá 395 milhões de clientes, superando o atual líder do mercado indiano, a Bharti Airtel. Segundo a agência de notícias, a fusão significa que a nova holding será a segunda maior empresa mundial do ramo. Inicialmente, a Vodafone e a Idea Cellullar vão ser donos de metade da empresa, mas depois os britânicos vão vender 4,9% ao bilionário Kumar Mangalam Birla, o dono da Idea. Depois parte da participação da empresa indiana será dispersa em bolsa.

A avaliação de ambas empresas combinadas resulta nos 21,4 mil milhões de euros: a Vodafone India está avaliada em 11,5 mil milhões de euros enquanto a Idea Cellular está avaliada em cerca de 10 mil milhões de euros. O presidente executivo do grupo da Vodafone, Vittorio Colao, disse esperar maior retorno para os acionistas dado que o aumento da escala da nova entidade. Além disso, alguns custos vão deixar de existir, o que dará maior vantagem competitiva à nova empresa num mercado em crescimento.

As ações da operadora de telecomunicações estão a valorizar ligeiramente 0,05% para os 211,50 pences de libra. Já as ações da Idea Cellular estão neste momento a cair 8,51% para os 98,90 rupias.

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Comprou na Google? Pague com a Vodafone

Se comprou uma aplicação na Play Store e é cliente da Vodafone, já a pode pagar com o saldo do telemóvel... e com desconto. A operadora fechou esta quinta-feira uma parceria com a Google.

A partir desta quinta-feira, os clientes da Vodafone vão poder fazer compras na loja virtual da Google, a Play Store, e pagar com o saldo ou ver o valor incluído na fatura do tarifário móvel.

As empresas estabeleceram uma parceria no início deste ano, indicou a operadora portuguesa em comunicado. Segundo a Vodafone Portugal, o serviço “dispensa, assim, a obrigação de o pagamento ser feito com um cartão de crédito”, tornando o processo mais simples, explica.

Além disso, a empresa está a oferecer “um desconto de 10% em todas as compras efetuadas até 31 de janeiro” no loja do Google Play, se forem pagas desta nova forma — a empresa garante a devolução do valor “no mês de fevereiro”.

A Play Store é a loja predefinida do sistema operativo Android, concorrendo diretamente com a App Store, da Apple. Esta parceria alarga, assim, “o leque de serviços disponíveis aos clientes com dispositivos Android”, garante a Vodafone, que “representam hoje mais de 80% da base total de utilizadores de smartphones”.

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Anacom não vai regular acesso à fibra da Meo

O regulador manteve a posição de não regular o acesso à rede de fibra ótica a Meo, considerando ser o que "melhor defende os interesses do país". Mas submeteu resposta à CE a consulta pública.

A Anacom decidiu, está decidido. O regulador das telecomunicações não vai impor regulação no acesso à rede de fibra ótica da Meo, considerando ser a decisão que “melhor defende os interesses do país e dos cidadãos”.

Num comunicado enviado às redações, a entidade avança ainda que submeteu a consulta pública “esta proposta de resposta à recomendação da Comissão Europeia [CE]”. É mais um capítulo no braço de ferro que põe frente a frente a Meo, a Nos e a Vodafone, que reclamam dos preços praticados pela PT no acesso à sua rede de fibra.

“A maior parte dos acessos dos operadores alternativos é baseada em infraestruturas próprias, cujo investimento foi possível essencialmente devido às obrigações” que a Anacom impôs à Meo. Nomeadamente, “a de impor o acesso dos outros operadores à sua rede de condutas e postes, reduzindo os custos de construção de redes de alta velocidade em valores que podem atingir 80%”, defende a entidade liderada por Fátima Barros.

É também, para a Anacom, “o meio mais adequado para reforçar a concorrência no mercado português e para promover o desenvolvimento das redes de nova geração em Portugal”, sublinha no comunicado.

Recorde-se que a fibra ótica é já a segunda forma preferida dos portugueses no acesso à internet em banda larga fixa, só superada pela rede de cabo. Entre julho e setembro, o número de acessos por fibra cresceu 7%.

As operadoras têm feito investimentos em redes próprias de fibra. Mas enquanto, por um lado, a Meo acusa a concorrência de não ter qualquer oferta, a Vodafone já explicou que a sua rede coincide com a da PT, pelo que “não faz sentido” tê-la.

“É lamentável que uma vez mais a Anacom tome uma não decisão”, considera Mário Vaz, CEO da Vodafone Portugal, em declarações ao ECO. Para o responsável, o lançamento de uma nova consulta pública não é mais do que “adiar sine die este tema”. “A posição hoje divulgada está totalmente desalinhada com a visão da Comissão Europeia (que por duas vezes expressou a sua opinião sobre este tema), dos pares da Anacom (BEREC) e dos operadores alternativos. A desresponsabilização do Regulador tem um custo para Portugal”, avalia o Mário Vaz, considerando que não é possível para Portugal “ter um país a duas velocidades, sobretudo quando tanto se fala na importância da revolução digital para combater assimetrias regionais e promover o desenvolvimento nacional”.

O CEO da Vodafone Portugal considera que “a fatura já está a ser paga pelas populações, penalizadas pela falta de concorrência, traduzida na menor inovação, num pior serviço e ofertas mais caras. A longo prazo os prejuízos para a economia nacional serão irreversíveis”, considerando que o modelo de co-investimento nas infraestruturas de redes de nova geração “é o que melhor defende os interesses de Portugal e esta é uma oportunidade única de o Regulador promover as condições para o reforço deste modelo”. “Os operadores devem concorrer entre si pela inovação e pela qualidade do serviço e não pelo monopólio geográfico nas zonas não competitivas que, pelas condições geográficas e económicas que apresentam, não permitem o investimento individual por parte dos operadores alternativos”, conclui.

(Notícia atualizada às 20:45 com declarações de Mário Vaz, CEO da Vodafone Portugal)

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Portugal: A fibra ótica superou o ADSL

A maioria dos acessos fixos à internet em Portugal faz-se através da rede de cabo, mas é a fibra ótica a tecnologia que mais cresce. Já superou o ADSL e é, agora, o segundo acesso mais escolhido.

A fibra ótica é já a segunda principal forma de acesso fixo à internet em Portugal. A tecnologia tem vindo a ganhar terreno e ultrapassou, pela primeira vez, o acesso por ADSL, segundo os dados dos serviços de acesso à internet revelados esta quarta-feira pela Anacom. Há 1,01 milhões de acessos no país, número que representa 30,5% do total, e que contrasta com os 29% da terceira forma de acesso mais popular.

Segundo o regulador das telecomunicações, o número de acessos através de fibra ótica cresceu 7% entre julho e setembro e “é a tecnologia que mais contribui para o aumento do número de acessos” fixos. Em termos homólogos, a variação é de 31,1%, valor que reflete o investimento que tem sido feito pelas operadoras na expansão das respetivas redes. A fibra caminha, assim, para se tornar na forma de acesso mais comum nos lares dos portugueses, já muito perto da rede de cabo que detém uma fatia de 33,1% do total de acessos fixos em banda larga, ou 1,1 milhões de acessos.

E por falar em acessos, há 3,3 milhões em banda larga fixa no país. Ou seja, “as redes de nova geração que permitem” este tipo de acesso à internet são usadas por 67,3% das famílias em Portugal, indica a Anacom. Neste campo, o troféu da quota de mercado vai para a Meo, que detinha no final do terceiro trimestre uma fatia de 41,8%. Mas a operadora detida pela Altice está a perder terreno (menos 3,2% em termos homólogos) para a Nos NOS 0,00% e para a Vodafone, que detêm, respetivamente, quotas de 37,2% (mais 1,2%) e 16,7% (mais 2,7%).

Transversal a todas as operadoras é a popularidade das ofertas convergentes. Pelas estimativas da Anacom, quase 99% dos acessos fixos de internet estavam integrados num pacote de serviços. Em causa, um mercado que, juntando os acessos fixos únicos e os acessos incluídos em pacotes, totalizaram quase 1,3 mil milhões de euros, mais 12,1% do que no mesmo trimestre do ano passado.

Mais de 30% dos acessos fixos à internet são através de fibra ótica.Groman123/Flickr

Móvel é um mercado em crescimento

No campeonato da banda larga móvel, o número de utilizadores também cresceu no terceiro trimestre. Mais propriamente 12,2% em termos homólogos e 8,2% em cadeia. São já 6,14 milhões de utilizadores, com a Meo a liderar em termos de quota de mercado: 41,3% dos clientes ativos. É, ainda assim, uma quebra de 1,7% face ao período homólogo.

No campo móvel, o melhor desempenho foi o da Nos, que ganhou 3,3% de quota de mercado no trimestre, situando-se nos 30,8%. Já a quota Vodafone, caiu: menos 1,8%, situando-se nos 27,4%. É, contudo, um mercado de menor valor do que o dos acessos fixos. Os serviços e pacotes de serviços com banda larga móvel totalizaram, no trimestre, 258,4 milhões de euros. Mas foi um bom trimestre para as operadoras: o mercado cresceu 12,8% face ao terceiro trimestre de 2015 — em linha com os acessos fixos.

Editado por Mariana de Araújo Barbosa ([email protected])

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Tem TV por subscrição? Então é mais um além dos 159 mil novos clientes deste ano

  • Ana Luísa Alves
  • 19 Dezembro 2016

A ANACOM divulgou hoje o relatório estatístico sobre o serviço de televisão por subscrição relativo ao terceiro trimestre. A conclusão é de que, no espaço de um ano, aumentou em 159 mil clientes.

As subscrições da televisão por cabo estão na moda. No espaço de um ano, o serviço de distribuição de canais de televisão por subscrição passou a chegar a 159 mil novos clientes. No final do terceiro trimestre, o serviço de distribuição tinha mais de 3,6 milhões de assinantes.

Em comunicado, a empresa referiu que as ofertas em fibra ótica foram as que mais contribuíram para o crescimento verificado, depois de registarem um aumento de 220 mil subscritores no terceiro trimestre. Por prestador de serviços, a NOS detinha 43,5% dos assinantes, à qual se segue a MEO com uma quota de 39,4%, a Vodafone, com 12,2%, e a Cabovisão com 4,7%.

“No final de setembro, cerca de 16,2% dos lares com serviço de televisão paga tinham acesso a canais premium (um aumento de 0,7% face ao ano passado), enquanto 78,7% dispunham de mais de 80 canais (um aumento de 6,7 pontos percentuais em termos homólogos)”, lê-se no comunicado da empresa.

Ainda no terceiro trimestre, 89,3% dos assinantes do serviço de distribuição de sinais de televisão por subscrição dispunham deste serviço integrado em pacote, o que totaliza 3,25 milhões de utilizadores.

Quanto a receitas, o serviço de distribuição de TV por subscrição totalizaram 1.342 milhões de euros no terceiro trimestre, o que representa um aumento de 8,6% face ao mesmo período do ano passado.

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Vodafone: Exclusividade no futebol foi uma ilusão

Mário Vaz, líder da Vodafone, disse ao ECO que a "ilusão da exclusividade" na compra de direitos do futebol terá implicações no preço para o cliente. Compra da TVI não faz parte dos planos.

“A ilusão de exclusividade teve um preço.” A frase é de Mário Vaz, presidente executivo da Vodafone: em entrevista ao ECO, o líder da operadora reconhece que as compras milionárias de direitos desportivos, que culminaram com um acordo de partilha de conteúdos assinado com a Meo, a Nos e a Nowo, foi um “movimento” que aumentou a “estrutura de custos” de todo o mercado. Incluindo a da Vodafone, que apresentou resultados esta terça-feira.

No primeiro semestre fiscal, a operadora portuguesa registou 457,6 milhões de euros em receitas de serviço. Aumento no número de clientes fixos ajudou as contas da empresa. Quanto às receitas totais, que tanto englobam o fornecimento de serviços fixos e móveis como a venda de equipamentos de telecomunicações, atingiram 494,5 milhões de euros no mesmo semestre fiscal. Trata-se de um crescimento homólogo ligeiramente mais fraco, de apenas 0,6%.

Por e-mail, Mário Vaz indica que os impactos financeiros dos acordos são “inevitáveis”, embora, no caso da Vodafone, o protocolo assinado este verão tenha tido um impacto “ainda marginal” nas contas do terceiro trimestre do ano. O peso maior irá refletir-se “em resultados futuros” e de forma transversal a “todos os operadores subscritores”, reconhece o presidente executivo.

As principais operadoras anteciparam a atualização anual dos preços de janeiro de 2017 para os meses de agosto (Vodafone), novembro (Meo) e dezembro (Nos) deste ano. Até agora, só a Meo tinha reconhecido que o aumento do preço dos serviços irá dever-se a custos com a aquisição de conteúdos desportivos. No caso da Vodafone, a operadora justifica um aumento de 7,43% no pacote triple play com um “reforço da oferta”, mais propriamente, um novo router de acesso à internet.

Mas agora, ao ECO, ainda que recusando “comentar a estratégia” dos concorrentes, Mário Vaz admite que o “aumento de custos” tem “necessárias implicações do ponto de vista de preço para o cliente”. No entanto, o importante para a operadora é o equilíbrio entre a imputação desse custo ao cliente “no preço final” e o impacto que isso tem “no nível de adesão dos clientes a esses conteúdos”. Sobre isso, o presidente executivo recorda que “cada operador fará as suas leituras dessa equação”.

A ilusão da exclusividade teve um preço e este movimento representou um incremento na estrutura de custos do mercado como um todo e, naturalmente, para a Vodafone também.

Mário Vaz

Presidente executivo da Vodafone Portugal

Compra da TVI não está nos planos

Tem sido uma tendência lá fora. Operadoras de telecomunicações estão a adquirir empresas de conteúdos. O caso mais flagrante — e recente — é o da norte-americana AT&T, que comprou a Time Warner por mais de 80 mil milhões de dólares. Há quem acredite que, em Portugal, uma fusão pode estar também prestes a acontecer e o certo é que já há um negócio à venda: trata-se da Media Capital, dona da estação televisiva TVI, da rádio Comercial e da produtora Plural.

O grupo é detido pela Prisa e a Altice, dona da Meo, estará interessada. Mas a Vodafone não. Mário Vaz recorda que a operadora “sempre defendeu a universalidade dos conteúdos em detrimento da exclusividade”. Bastou o acordo de partilha e a entrada no capital da Sport TV que, justificou a empresa na apresentação de resultados, serviu para dar “uma maior solidez e sustentabilidade à empresa”. Face a isto, é perentório: “Não consta dos nossos atuais planos avançar para a aquisição de quaisquer outros ativos relacionados com conteúdos”, diz. E acrescenta: “A estratégia da Vodafone passa por estar na fase de distribuição.”

Ainda há interesse na rede de fibra da PT

Mário Vaz tem criticado o preço pedido pela PT para que concorrentes acedam à rede de fibra ótica da operadora. Este ano, no habitual debate do “Estado da Nação das Comunicações”, integrado no congresso anual da APDC, apontou baterias à concorrente, dizendo que os preços exigidos são “um pedido de comparticipação e financiamento integral” dessa mesma rede.

Ao ECO, mantém essa posição: “Temos visões muito diferentes sobre o que quer dizer o termo oferta. Se a mesma fosse boa, seguramente já teria clientes”, critica. “Nós estamos claramente interessados e disponíveis, mas não parece ser essa a preocupação de quem fez a oferta”, garante. A Vodafone tem vindo a investir numa rede própria de fibra ótica e, no congresso da APDC, Paulo Neves desafiou o líder da Vodafone a fazer uma contraproposta: “Aceitamos reciprocidade”, assumiu. Nessa altura, Mário Vaz contra-argumentou que “a Vodafone está onde a PT está”, pelo que fazer essa oferta “não faz sentido”, disse.

Esta quinta-feira, a empresa anunciou ter ultrapassado o marco dos 37 mil quilómetros de fibra espalhados pelo país. “Servimos mais de 2,5 milhões de lares e empresas, quando há pouco mais de três anos chegávamos a pouco menos de meio milhão”, recorda ao ECO. Sobre investimentos futuros, Mário Vaz prefere não se adiantar: “À data de hoje não temos planos adicionais que possamos tornar públicos.”

"[Nós e a PT] temos visões muito diferentes sobre o que quer dizer o termo oferta. Se a mesma fosse boa, seguramente já teria clientes.”

Mário Vaz

Presidente executivo da Vodafone Portugal

Regulação: “Estamos num momento de impasse”

Mário Vaz deixa, por fim, críticas à “atual indefinição regulatória”: “Estamos a aguardar a evolução da posição da Comissão [Europeia] e do BEREC sobre a decisão da Anacom de regular sem regular”, algo que “torna inviável o desenho de planos de investimento e coloca claramente em risco a continuidade um modelo de co-investimento nas infraestruturas de redes de nova geração, que melhor defenderia os interesses do país”, defende.

Há ainda uma “ameaça de aumento de custos” nas taxas municipais e “barreiras à entrada de novos operadores” devido à “ausência de clarificação sobre a titularidade de condutas e respetivos custos”, diz. Ou seja, o setor vive, para Mário Vaz, um “momento de impasse com crescentes dificuldades que tornam inviável o desenho e comprometimento com o acionista sobre novos planos de investimento” na área das redes de nova geração.

“Lamentamos que a situação atual esteja a limitar o potencial de chegarmos com redes de nova geração mais rapidamente a todas as zonas do país, mesmo as mais remotas, promovendo a coesão territorial e contribuindo assim para o aumento da competitividade numa nova economia digital em que as infraestruturas de comunicação serão determinantes para o sucesso do nosso país”, conclui.

"Estamos num momento de impasse com crescentes dificuldades que tornam inviável o desenho e comprometimento com o acionista sobre novos planos de investimento nesta área.”

Mário Vaz

Presidente executivo da Vodafone Portugal

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Vodafone com receitas de 457,6 milhões de euros entre abril e setembro

No primeiro semestre fiscal, a operadora portuguesa registou 457,6 milhões de euros em receitas de serviço. Aumento no número de clientes fixos ajudou as contas da empresa.

A Vodafone Portugal registou receitas de serviço na ordem dos 236,9 milhões de euros entre julho e setembro, mais 2,2% do que no mesmo período do ano passado. A operadora apresentou também receitas operacionais de 457,6 milhões de euros entre abril e setembro, mais 1,2% do que no período homólogo.

Quanto às receitas totais, que tanto englobam o fornecimento de serviços fixos e móveis como a venda de equipamentos de telecomunicações, atingiram 494,5 milhões de euros no mesmo semestre fiscal. Trata-se de um crescimento homólogo ligeiramente mais fraco, de apenas 0,6%.

Os resultados operacionais do segundo trimestre [fiscal] vêm comprovar a eficácia da nossa estratégia.

Mário Vaz

Presidente executivo da Vodafone

A favorecer as contas da Vodafone esteve um aumento de 23,1% no número de clientes fixos no terceiro trimestre do ano, que são já 546,5 mil no total. A empresa justifica isto com o lançamento de um novo equipamento que permite aceder à internet a velocidades mais rápidas — e que terá estado também na base do aumento do preço do pacote triple play da Vodafone em agosto deste ano.

Em comunicado, a empresa assume que “o último trimestre” ficou “marcado pelos acordos celebrados pela Vodafone com os demais operadores para partilha de conteúdos desportivos” e “sempre defendeu [a] universalidade de acesso a conteúdos relevantes”. Garante ainda que a entrada no capital da Sport TV dará “uma maior solidez e sustentabilidade à empresa nacional”.

"O desporto nacional e os consumidores portugueses são os principais beneficiários deste acordo [de partilha de conteúdos desportivos].”

Vodafone Portugal

A Vodafone tem ainda investido na extensão da cobertura de fibra ótica no país. E, sobre este assunto, destaca a “conquista de um novo marco”, que é o dos 37 mil quilómetros de rede de fibra ótica, uma cobertura que, frisa a empresa, “abrange mais de 2,5 milhões de casas e empresas”.

Ainda em relação aos clientes, a Vodafone terá registado “um acréscimo [homólogo] de 124%” no número de clientes de rede móvel 4G no terceiro trimestre do ano, bem como um aumento de 63,2% na “penetração de smartphones no total da base de clientes”.

Atualizado às 11h00.

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