Estratégia para aplicação de fundos comunitários está a ser desperdiçada

  • ECO
  • 26 Novembro 2019

Nem as empresas, nem as autoridades de gestão valorização a Estratégia Nacional de Especialização Inteligente. O Governo quer mudar este paradigma no próximo quadro comunitário.

A Estratégia Nacional de Especialização Inteligente foi praticamente ignorada pelas empresas pelas autoridades de gestão do Portugal 2020. O alerta é feito num relatório independente, que será apresentado esta terça-feira e a que o Público (acesso condicionado) teve acesso, e o Executivo vai aproveitar as conclusões para lançar um alerta: no próximo quadro comunitário os fundos vão ter de ser aplicados de modo a promover o desenvolvimento da economia, apoiando a investigação e a inovação das empresas. Até porque, no Portugal 2030 haverá menos dinheiro e a sua aplicação terá de ser mais criteriosa.

De acordo com o relatório, na avaliação das candidaturas não foram tidos em conta os critérios de especialização inteligente, que deveriam alavancar o crescimento da economia com base em projeto de valor acrescentado. Foram encontradas “dificuldades operacionais das autoridades de gestão em transformar orientações estratégicas em orientações operacionais de suporte à análise de mérito”, pode ler-se no relatório citado pelo Público, e que, se houve resultados, estes foram alcançados “sem que a modalidade [de abertura de] avisos específicos tivesse sido fortemente utilizada”.

O estudo revela uma forte concentração dos apoios ao nível das áreas, apesar de a Estratégia Nacional de Especialização Inteligente sugerir um vasto leque de áreas onde se deve investir. A saúde (investigação científica), tecnologias de produção (de produto e de processo) e as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) concentram o maior número de apoios.

Para o futuro, o estudo da autoria da Quaternaire recomenda, por exemplo, que na Estratégia Regional de Especialização Inteligente do Centro, “os trabalhos de monitorização discutam se, para além da simples incidência espacial de projetos, eles configuram ou não estratégias de valorização de ativos específicos desses territórios com mais intensa incorporação de conhecimento”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Portugal pode ser terceiro maior produtor mundial de azeite nos próximos dez anos

  • Lusa
  • 26 Novembro 2019

O "crescimento esperado" do setor olivícola no país coloca Portugal bem posicionado para se tornar o terceiro maior produtor mundial de azeite e o sétimo com maior área de olival.

Portugal poderá tornar-se na próxima década “a maior referência na olivicultura moderna e eficiente”, o terceiro maior produtor de azeite e o sétimo país com maior área de olival do mundo, segundo um estudo divulgado esta terça-feira.

A expectativa, que tem em conta “o crescimento esperado” do setor olivícola em Portugal nos próximos 10 anos, é admitida no estudo Alentejo: A Liderar a Olivicultura Moderna Internacional, realizado por duas consultoras.

Portugal e, em particular, o Alentejo são o país e a região “com as melhores características para o desenvolvimento da olivicultura moderna no mundo”, refere o estudo, que é apresentado hoje em Beja, na 6.ª edição das Jornadas da Olivum – Associação de Olivicultores do Sul.

Segundo o estudo, atualmente, Portugal é o nono país com maior área de olival, o sétimo maior produtor de azeitona e o oitavo maior produtor de azeite do mundo. Atualmente, Portugal tem uma área total de olival de 361.483 hectares (ha), que registou um “ligeiro acréscimo nos últimos anos” e é quase “idêntica”, mas ainda assim “inferior”, à que havia em 2000 (367.351 ha).

No entanto, o olival é “diferente” e o tradicional ocupa 134 mil ha (37,2% do total), o moderno em copa 119 mil ha (33,2%) e o moderno em sebe 108 mil ha (29,6%). Em 1999, o olival moderno representava “apenas 2%” da área total de olival e, atualmente, representa 63%. Ou seja, nos últimos 20 anos, “o olival português passou por uma profunda transformação: de um olival tradicional e não competitivo passou-se para um olival moderno e eficiente”.

Em relação à produção de azeitona, em 2017, o ano de maior produção dos últimos 20 anos, produziram-se 858.413 toneladas, cerca de cinco vezes mais do que as 167.161 toneladas produzidas em 2000, o ano de menor produção. Em Portugal, 96,4% da azeitona produzida destina-se à produção de azeite e os restantes 3,6% a azeitona de mesa.

A produtividade média de azeitona em Portugal “quadruplicou em apenas 18 anos” e passou de cerca de 0,5 toneladas por ha de olival em 2000 para duas toneladas por ha em 2018. Já a produção de azeite subiu de cerca de 40 mil toneladas em 2000 para 134.684 toneladas em 2018.

Do total de azeite produzido em Portugal, 72% era virgem e virgem extra em 2005 e foi 95% em 2017, ano em que houve uma produção “residual” de azeite de menor qualidade.

Atualmente, Portugal tem 462 lagares de azeite, menos 526 do que em 1997, quando havia 988, e quase metade (217) está na região Centro, 118 no Norte, 118 no Alentejo, oito no Algarve e apenas um na área de Lisboa.

Apesar do número de lagares ter “diminuído drasticamente” para menos de metade em 20 anos, “assistimos a um aumento da quantidade e a uma melhoria na qualidade” do azeite produzido em Portugal.

Dos 64 países produtores de azeite, Portugal é o que “tem os melhores recursos para produzir de forma eficiente” devido a vários fatores, como o tamanho e as características inovadoras das explorações, disponibilidade de água, momento de maturação do fruto e o elevado nível tecnológico dos lagares que “são os mais modernos do mundo”. “Esta situação ocorre, sobretudo, na área de influência do projeto Alqueva”, no Alentejo, frisa o estudo.

No último triénio, o setor do azeite deu um “importante contributo para o saldo da balança comercial” portuguesa ao gerar “um volume de negócios superior a 620 milhões de euros”. Trata-se de “um valor 2,5 vezes superior” ao volume de negócios do triénio 2010, 2011 e 2012 e de “cerca de 9% do valor da produção agrícola nacional”.

As exportações portuguesas de azeite têm crescido “de forma muito marcada nos últimos anos” e atingiram quase 500 milhões de euros em 2017, “colocando Portugal como 5.º maior exportador mundial de azeite”.

Também é “um setor empregador, resiliente e que investe”, indica o estudo, referindo que os projetos já aprovados no setor olivícola no âmbito do Programa de Desenvolvimento Rural 2014-2020 representam um investimento total de quase 675 milhões de euros, repartidos por cerca de 4.000 projetos.

Portugal está bem posicionado para se tornar o terceiro maior produtor mundial de azeite e o sétimo com maior área de olival nos próximos dez anos.Pixabay

Alentejo lidera em olival e produção de azeitona e azeite em Portugal

O Alentejo tem a maior área de olival e é a região que mais azeitona e azeite produz em Portugal, graças ao regadio do Alqueva e à transformação de olivais tradicionais em modernos, aponta ainda o estudo estudo.

“O Alentejo liderou a atual transformação da olivicultura internacional”, refere o estudo, destacando o efeito do regadio da zona do Alqueva, onde, em agosto deste ano, existiam 55.185 hectares (ha) de olival, “mais de 90% moderno”, que são “o maior reflexo de inovação, disrupção e desenvolvimento tecnológico do planeta”.

Segundo o estudo, “foi necessária uma enorme evolução do ponto de vista de investigação, conhecimento e experiência para gerir” os olivais e lagares, “através de soluções completamente novas e que, em muitos casos pela primeira vez, foram desenvolvidos, desenhados, testados e utilizados” na zona do Alqueva.

O regadio do Alqueva permitiu reconverter o olival tradicional em moderno e, “do ponto de vista económico, assistimos a uma verdadeira revolução”, já que, “em poucos anos”, a cadeia de valor do azeite “mais do que triplicou” e “passou a valer cerca de 450 milhões de euros”, diz o estudo. “Esta maior geração de riqueza teve efeitos sociais muito positivos”, contribuindo para o “aumento do emprego”, a “dinamização de um território que estava ‘adormecido'” e “a fixação de pessoas”.

O Alentejo, frisa o estudo, “tem-se afirmado como a referência mundial no processo de modernização e de inovação da olivicultura, o que tem permitido colocar a região no centro das atenções do mundo agrícola”. A região “investiu em sistemas de produção modernos e eficientes” e apostou em lagares “com a tecnologia mais desenvolvida no mundo”, o que tem permitido “aumentar” a produtividade dos olivais e “melhorar a qualidade” dos azeites “significativamente”.

Nas últimas campanhas, “acentuou-se o peso do Alentejo como maior região produtora a nível nacional” e, nos últimos 18 anos, a área de olival na região aumentou quase 30 mil ha, passando de 158.559 ha em 2007 para 188.500 ha em 2018. Novas áreas de regadio, sobretudo do Alqueva, e a transformação de olivais tradicionais em modernos permitiram “afirmar o Alentejo como a região com maior produção de azeitona” em Portugal.

Em 2018, o Alentejo produziu 76% da azeitona produzida em Portugal, três vezes mais do que em 1999, quando produziu 25,3%. A transformação, com instalação de olivais de regadio modernos e eficientes, também permitiu aumentar “mais de seis vezes” a produtividade dos olivais na região nos últimos 18 anos.

No Alentejo, a média de produção dos olivais é de cerca de três toneladas de azeitona por ha, mas nos olivais modernos em plena produção conseguem-se médias de 10 a 12 toneladas por ha. Por isso, segundo o mesmo estudo, espera-se “um crescimento muito acentuado” da produção de azeitona no Alentejo quando os olivais modernos recentemente instalados atingirem a plena produção.

Nos últimos 14 anos, a produção de azeite na região, apesar da variação anual do rendimento das azeitonas em azeite, variou entre 8.534 toneladas em 2005, o ano de menor produção, e 97.004 toneladas em 2017, o ano de maior produção.

No Alentejo, a cadeia de valor do setor olivícola, que inclui as produções de azeitona e azeite, “mais do que triplicou no espaço de oito anos” e, atualmente, vale “cerca de 450 milhões de euros”.

O olival é a cultura que “tem atraído mais investimento externo, em particular” na zona do Alqueva, indica o estudo, lembrando quem “os espanhóis foram os principais impulsionadores da primeira fase de expansão dos olivais modernos na região”, mas, com a expansão do Alqueva, o investimento na cultura “passou a ser liderado” por portugueses.

A maior parte (84%) do olival existente na zona do Alqueva concentra-se nos concelhos de Beja (18.834 ha), Serpa (14.115 ha), Ferreira do Alentejo (7.042 ha), Vidigueira (3.891 ha) e Moura (2.530 ha).

No âmbito do Programa de Desenvolvimento Rural 2014-2020, até fevereiro de 2019, o investimento em olival representava 64,39% do investimento agrícola total realizado no Alentejo.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Finanças travam incorporação de 200 novos militares na GNR

  • ECO
  • 26 Novembro 2019

O Ministério da Administração Interna tem tudo a postos para cumprir a promessa de Eduardo Cabrita, mas as Finanças continuam sem dar luz verde à incorporação de 200 novos militares na GNR.

A incorporação de 200 militares na GNR prometida em maio pelo ministro da Administração Interna continua sem avançar por falta de luz verde do Ministério das Finanças. A informação foi avançada pelo Jornal de Notícias (acesso condicionado).

Sem identificar fontes, o jornal noticia que o ministério liderado por Eduardo Cabrita tem tudo a postos para abrir o novo concurso para a GNR. Mas a operação estará a ser travada pelas Finanças, tuteladas pelo ministro Mário Centeno.

Este reforço do efetivo da GNR tem sido uma das reivindicações desta classe profissional. Os holofotes voltaram a incidir sobre ela na passada quinta-feira, na segunda manifestação da GNR, em conjunto com a PSP, que concentrou militares e agentes em frente à escadaria da Assembleia da República. Faltam 5.000 elementos na GNR, de acordo com dados das associações socioprofissionais da GNR, citados pelo Jornal de Notícias.

Em Portalegre, a 19 de maio, Eduardo Cabrita prometeu que uma incorporação de “200 novos militares” iria acontecer ainda este ano. A promessa foi feita pelo ministro à margem da cerimónia de juramento de bandeira do 41.º Curso de Formação de Guardas da GNR, indica ainda o jornal.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Lisboa em queda. Energia e papeleiras pesam no PSI-20

O PSI-20 segue em "terreno" vermelho, com o setor da energia e da pasta do papel a pressionar. Os CTT destacam-se também nas perdas, ao recuar 1%.

A bolsa nacional arranca a sessão desta terça-feira em queda. A pesar no desempenho do índice de referência PSI-20 está o setor da energia e das papeleiras, bem como o “peso pesado” BCP. Lisboa destoa assim das restantes praças europeias, que começam o dia com ganhos ligeiros.

O PSI-20 cai 0,50% para os 5.155,35 pontos. Das 18 cotadas nacionais, a grande maioria abre a sessão a cair, e apenas três registam ganhos. São elas a Sonae Capital, a Pharol e a REN.

Já do lado das perdas, o destaque vai para o setor da energia. A EDP recua 0,66% para os 3,62 euros, enquanto a EDP Renováveis cai 0,60% para os 9,98 euros. Os títulos da Galp Energia também desvalorizam, 0,30% para os 14,98 euros.

As papeleiras destacam-se também no vermelho, com a Altri a cair 0,96% para os 5,69 euros. A Navigator regista também perdas, de 0,83% para os 3,57 euros, apesar de ter anunciado um dividendo extraordinário a ser distribuído aos acionistas. Em “terreno” vermelho, nota ainda para os CTT, que caem 1,01% para os 3,12 euros, e o BCP, que recua 0,10% para os 0,2018 euros.

Pela Europa o sentimento é ligeiramente mais positivo, apesar de muitas das praças se encontrarem próximo da linha de água. O Stoxx 600 arranca a sessão a cair 0,05%, enquanto o alemão DAX e o britânico FTSE 100 avançam 0,1%. Já o espanhol IBEX 35 recua 0,1%.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Hoje nas notícias: TAP, licenciaturas e fundos

  • ECO
  • 26 Novembro 2019

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

Esta terça-feira, o relatório do Conselho Nacional de Educação, que mostra que Portugal não irá atingir a meta de ter 40% da população diplomada até 2020, marca as capas dos jornais nacionais. As movimentações na TAP são também notícia, com o Negócios a avançar que David Neeleman estará a preparar-se para sair do capital da transportadora no início do próximo ano. Outro estudo, pedido pelo Governo, destaca-se também esta manhã, ao notar que a estratégia para os fundos europeus não está a ser aplicada. Veja estas e outras notícias que marcam a atualidade nacional.

Neeleman prepara saída do capital da TAP no início de 2020

A TAP deverá ser alvo de mudanças na estrutura acionista no primeiro trimestre de 2020, entre as quais poderá estar a saída de David Neeleman do capital da empresa. A notícia foi avançada pelo Jornal de Negócios. O ECO também já tinha avançado em setembro que o objetivo do Estado era afastar David Neeleman tendo em conta os maus resultados da companhia aérea, que apresentou prejuízos de 120 milhões de euros no primeiro semestre. O empresário David Neeleman é acionista da TAP através do consórcio Atlantic Gateway, que controla em parceria com Humberto Pedrosa. Juntos, detêm 45% da TAP. Mas a relação com o acionista Estado tem vindo a degradar-se a olhos vistos. Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago).

Portugal falha meta de ter 40% da população diplomada em 2020

Em Portugal, 33,5% da população entre os 30 e os 34 anos tem o ensino superior, um número que fica abaixo da meta europeia para o próximo ano, revela o relatório do Conselho Nacional de Educação (CNE). O objetivo era atingir os 40% da população. Esta meta foi, no entanto, atingida pelas mulheres, sendo que na faixa etária entre os 30 e 34 anos, 42,5% tinham um diploma, em 2018. Já entre os homens o número cai para quase metade, fixando-se nos 24,1%. Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso pago).

Estratégia para aplicação de fundos comunitários está a ser desperdiçada

A Estratégia Nacional de Especialização Inteligente foi praticamente ignorada pelas empresas pelas autoridades de gestão do Portugal 2020. O alerta é feito num relatório independente, que será apresentado esta terça-feira, e o Executivo vai aproveitar as conclusões para lançar um alerta: no próximo quadro comunitário os fundos vão ter de ser aplicados de modo a promover o desenvolvimento da economia, apoiando a investigação e a inovação das empresas. Até porque, no Portugal 2030 haverá menos dinheiro e a sua aplicação terá de ser mais criteriosa. Leia a notícia completa no Público (acesso pago).

Centeno trava curso para formar 200 GNR prometidos em maio

O ministério das Finanças ainda não deu luz verde para avançar com o curso para formar 200 profissionais para a Guarda Nacional Republicana (GNR), o que tinha sido prometido em maio. O Ministério da Administração Interna já terá preparado tudo, faltando apenas a autorização do ministério liderado por Mário Centeno. A Associação dos Profissionais da Guarda diz que é necessário incorporar mil por ano. Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (acesso pago).

Preço das casas subiu mais 32% que os salários nos últimos cinco anos

Entre 2013 e 2018, o preço das casas em Portugal cresceu a um ritmo médio acumulado 32% superior ao rendimento de uma família média composta por dois adultos, com o salário médio, e com dois filhos. A conclusão é de um estudo realizado pelo economista Eric Dor da Escola de Negócios IÉSEG da Universidade Católica de Lille. Segundo esses cálculos, Portugal foi o segundo país europeu com a maior diferença na evolução entre os custos das casas e o rendimento das famílias, ficando apenas atrás da Irlanda. Leia a notícia completa no Dinheiro Vivo (acesso pago).

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Faturação leva Fisco a inspecionar 6.800 restaurantes. Foram detetadas 200 irregularidades

  • ECO
  • 26 Novembro 2019

A Autoridade Tributária e a ASAE fiscalizaram 6.800 restaurantes e levantaram 200 autos de notícia, a maioria por não emissão de faturas ou por terem programas informáticos não homologados.

O Fisco e a ASAE inspecionaram 6.800 restaurantes de norte a sul do país durante este mês de novembro, numa operação que levou à emissão de 200 autos de notícia. A maioria destas ações, que podem resultar em coimas, foi motivada pela não emissão de faturas nos termos legais ou pela não utilização dos programas informáticos exigidos.

Estiveram envolvidos nesta operação 470 inspetores, entre os quais 350 da Autoridade Tributária (AT) e 120 da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), de acordo com as informações avançadas pelo Correio da Manhã (ligação indisponível).

Os restaurantes nos quais foram detetadas irregularidades “serão objeto de um rigoroso acompanhamento do seu comportamento declarativo, estando prevista a realização de procedimentos inspetivos subsequentes, nos casos em que forem detetados elevados riscos de incumprimento”, disse fonte da AT ao mesmo jornal.

A maioria dos estabelecimentos inspecionados pelas autoridades localiza-se em zonas turísticas. A operação teve caráter preventivo e a restauração junta-se, desta forma, à lista de outras atividades que já foram fiscalizadas pelo Fisco ou pela ASAE, como as oficinas de automóveis e os cabeleireiros.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Neeleman prepara saída do capital da TAP no início de 2020

  • ECO
  • 26 Novembro 2019

O empresário David Neeleman estará a negociar com outras companhias aéreas a venda da sua posição no consórcio Atlantic Gateway, que controla 45% da TAP. Operação pode acontecer no primeiro trimestre.

A TAP deverá ser alvo de mudanças na estrutura acionista no primeiro trimestre de 2020, entre as quais a saída de David Neeleman do capital da empresa. A notícia foi avançada pelo Jornal de Negócios (acesso pago), que não indica como obteve a informação, mas o ECO também já tinha avançado em setembro que o objetivo do Estado era afastar David Neeleman tendo em conta os maus resultados da companhia aérea, que apresentou prejuízos de 111 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano.

O empresário David Neeleman é acionista da TAP através do consórcio Atlantic Gateway, que controla em parceria com Humberto Pedrosa. Juntos, controlam 45% da TAP. Mas a relação com o acionista Estado tem vindo a degradar-se a olhos vistos, somando-se à equação os sucessivos resultados negativos apresentados pela empresa.

Neste contexto, Neeleman tem desenvolvido contactos com outras companhias aéreas, explorando a hipótese de ser substituído na TAP. Entre elas, Lufthansa, British Airways, Air France e United. O Governo tem acompanhado estas conversações.

A informação não é uma surpresa, avaliando pela estratégia de Neeleman noutras companhias aéreas, como a WestJet no Canadá, a JetBlue nos EUA e a Azul no Brasil. A permanência de Neeleman na TAP sempre foi, por isso, vista como uma realidade a prazo.

O acordo feito com o Governo em 2016 pressupõe que a Atlantic Gateway não poderá vender a posição durante cinco anos. Mas a venda que estará a ser preparada por Neeleman não compromete esta obrigação, uma vez que, a acontecer, o empresário fará a venda da sua posição no próprio consórcio. Ou seja, a Atlantic Gateway manter-se-á como acionista.

A TAP encerrou os nove primeiros meses do ano com prejuízos, que ascenderam a 111 milhões, com a companhia aérea liderada por Antonoaldo Neves a justificar esse desempenho com “variações cambiais”. O resultado alcançado pela TAP nos nove primeiros meses do ano representa um desagravamento face aos 120 milhões de prejuízos acumulados até junho.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Plácido Pires vai ser presidente executivo da CGD em Angola

A CGD Angola vai ter um novo presidente executivo. Plácido Pires, um histórico da Parpública e que estava na Caixa em Espanha, vai ser nomeado na assembleia geral de sexta-feira em Luanda.

A mudança dos órgãos sociais da Caixa Geral de Depósitos em Angola vai ser votada esta semana na assembleia geral de acionistas e uma das novidades é a nomeação de Plácido Pires como presidente executivo, apurou o ECO junto de uma fonte conhecedora do processo. O Banco Caixa Geral Angola, controlado em 51% pela CGD e que tem a Sonangol como o segundo acionista mais relevante com 24%, chega a um acordo depois de meses de impasse na escolha de um nome consensual para a liderança da operação angolana.

Um histórico presidente da Parpública, uma empresa controlada pelas Finanças que tem participações acionistas do Estado em diversas empresas, Plácido Pires foi escolhido em 2012 para administrador da CGD em Espanha, à data presidido por Rudolfo Lavrador.

Agora, Plácido Pires vai ser o presidente executivo da CGD em Angola, banco que, acordo com informações que constam do próprio site, “está presente, para além de Luanda, em mais dez províncias e é uma instituição essencialmente direcionada para o segmento das grandes e médias empresas e mercado affluent“. A CGD em Luanda, recorde-se, tem como presidente da assembleia geral o advogado e comentador da SIC Luís Marques Mendes.

João Manuel Plácido Pires (1950), é licenciado em Finanças pelo Instituto Superior de Economia de Lisboa (ISE), em 1973, e mestre em Gestão (MBA) pela HEC (Lausanne), em 1981.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

5 coisas que vão marcar o dia

Governo divulga dados da execução orçamental. O INE mostra quantos portugueses vivem em risco de pobreza. E António Costa visita o Parlamento Europeu, em Estrasburgo.

A Direção-geral do Orçamento divulga a síntese de execução orçamental relativa ao mês de outubro. O Instituto Nacional de Estatística (INE) mostra quantos vivem em risco de pobreza em Portugal. O Eurostat divulga os preços da energia na Zona Euro. Ainda em termos europeus, o primeiro-ministro, António Costa, visita o Parlamento Europeu, em Estrasburgo.

Como vai o orçamento?

O Governo divulga a síntese de execução orçamental até ao mês de outubro. Nos primeiros nove meses do ano, o Orçamento do Estado registou um excedente de 2.542 milhões de euros, o que se traduziu numa melhoria de 1.231 milhões face ao mesmo período do ano anterior.

Primeiro-ministro em Estrasburgo

António Costa desloca-se a Estrasburgo, para uma visita ao Parlamento Europeu. O primeiro-ministro tem encontro marcado com o presidente do Parlamento Europeu, David Maria Sassoli (10h45), e depois com os eurodeputados portugueses Margarida Marques e José Manuel Fernandes.

Quantos vivem no limiar da pobreza?

O INE revela o relatório sobre o Rendimento e Condições de Vida em 2019. As estatísticas incluirão dados sobre a percentagem de população em risco de pobreza e sobre a desigualdade em Portugal, permitindo ainda acompanhar a evolução face aos últimos anos. Também serão divulgadas informações desagregadas por região.

Eurostat divulga e explica preços da energia

Quanto é que paga em média um europeu pela luz em casa? E quanto paga um português? O gabinete de estatísticas de Bruxelas divulga os dados sobre os preços da energia e também vai explicar como são calculados.

OMT publica relatório sobre proteção social

Na semana mundial da proteção social, a Organização Mundial do Trabalho divulga um relatório com novas estimativas sobre os montantes necessários para se alcançar a proteção social básica, desde apoios financeiros às crianças, benefícios à natalidade até apoios a pessoas com deficiência ou incapacidade e pensões a idosos, nos 134 países desenvolvidos em todo o mundo.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Dinheiro verde já atraiu 30 biliões. Mas é preciso cuidado com o greenwashing

A Europa está entre as regiões que lidera no investimento socialmente responsável. Gestoras de ativos já estão apostar neste segmento (e a conseguir retornos), mas ainda há passos a dar.

O investimento socialmente responsável abrange já 30 biliões de dólares em todo o mundo, com a Europa a liderar o caminho. Grandes investidores concordaram que esta é uma tendência que estão a seguir — e há quem a veja como incontornavelmente dominante no futuro –, mas a atual falta de regulação especifica obriga a medidas para fugir ao falso verde, o greenwashing.

É um dos temas do momento e juntou na mesma sala algumas das maiores gestoras de ativos a operarem em Portugal, incluindo BlackRock, Allianz Global Investors, Santander Asset Management, Degroof Petercam Asset Management ou DWS Iberia. Ninguém está a passar ao lado desta tendência.

Os negócios em 2020 vão ser diferentes e o tempo para redefinir os negócios está a acabar“, afirmou Joss Tantram, diretor do Redefining Value do World Business Council for Sustainable Development, na Fórum de Investimento Sustentável e Responsável (ISR) organizado esta segunda-feira pelo Santander. “Fazer negócios como até aqui é economicamente arriscado, ambientalmente estúpido e socialmente inaceitável“.

O responsável do conselho considera que as principais mudanças, que geram oportunidades de investimento, centram-se em cidades e mobilidade mais limpos e conectados; energia com emissões zero de carbono; comida mais saudável; menores desperdícios através da economia circular e foco na qualidade de vida. “Temos de redefinir o capitalismo para não se focar só em lucros”, defendeu Tantram.

ISR cresce em todas as geografias

Fonte: Global Sustainable Investment Review 2018

Os grandes investidores parecem concordar e alocam já 30 biliões de dólares a critérios ambientais, sociais e de governo de sociedades (ESG, na sigla em inglês), a nível global. O montante representa uma subida de 25% nos últimos dois anos, segundo dados divulgados no fórum.

“Mais de 50% dos 30 biliões estão na Europa. A Europa está definitivamente na liderança e os EUA atrás. Culturalmente, é muito importante. Os EUA estão num momento de ‘porquê?’ e a Europa está num momento de ‘porque não?'”, explicou André Themudo, responsável de wealth para Portugal e Espanha da BlackRock.

À espera de regulação, gestoras criam os seus próprios critérios

“Há várias razões que explicam o crescimento. A sociedade está a obrigar os acionistas a viver e investir de forma mais sustentável. Os media colocam pressão e dão a sensação que estamos a ser observados. E a regulação, que está a tomar grandes passos neste sentido”, refere.

A Comissão Europeia publicou, no início do ano, as primeiras regras para a incorporação de critérios de investimento com preferências ambientais, sociais e de governance. A regulação é, para já, ainda uma sugestão, mas poderá vir a tornar-se obrigatória. Em Portugal, o regulador dos mercados também elegeu a promoção da integração de princípios de sustentabilidade no mercado de capitais português como um dos objetivos para este ano e lançou uma consulta pública sobre o tema.

No entanto, a realidade é que ainda não há critérios uniformizados. Assim, têm sido as gestoras a criarem os seus próprios parâmetros e a aplicá-los. “Como forma de avaliar dívida verde, tomamos vários passos, a começar pela estruturação das obrigações”, apontou Hervé Dejonghe, gestor de ativos da Allianz Global Investors.

"Para os investidores, é uma fonte valor em todas as fases do processo de investimento. Dá mais conhecimento dos fundamentos, o que permite identificar riscos e oportunidades em todos os setores.”

David García Rubio

Diretor de ISR na Santander Asset Management

Dejonghe refere que o mais importante é o reporte, mas também o uso das receitas, a gestão ou os processos internos. “Têm de ser projetos credíveis e não ações de marketing ou greenwashing“, afirmou o gestor da Allianz GI, admitindo que já rejeitou investir em ativos por considerar que estavam a usar indevidamente o selo verde, mas que não o eram.

Também a Santander Asset Management está a trabalhar internamente, como explicou o diretor de ISR, David García Rubio. Numa altura em que esta estratégia transitou da exclusão (retirar dos portefólios determinadores setores) para o engagement (acompanhamento da evolução das empresas nos vários critérios), o responsável do banco considera que ter uma equipa interna permite fazer uma avaliação mais completa.

“Para os investidores, é uma fonte valor em todas as fases do processo de investimento. Dá mais conhecimento dos fundamentos, o que permite identificar riscos e oportunidades em todos os setores“, referiu García Rubio, acrescentando que para as empresas dá acesso a um maior grupo de investidores.

ESG já dá retorno maior que investimento tradicional

Exemplo de um ativo que está entre as preferências do Santander é a dinamarquesa Orsted, que tem reforçado a aposta em energias renováveis, especialmente eólica. Também a Corticeira Amorim, que usa desperdícios de cortiça para criar a sua própria energia, foi apontada como preferida pela gestora de ativos.

Amparo Ruiz Campo, country head de Espanha e América Latina da Degroof Petercam Asset Management, fez o mesmo para dívida pública. “Decidimos desenvolver um número de fatores e mantê-los. Queremos investir em países que investem nas pessoas, na educação e no futuro”, referiu. O primeiro filtro é a exclusão de países que não garantem liberdade ou democracia, levando a colocar de lado gigantes como China ou Rússia. A duração e moeda dos ativos são igualmente considerados.

Mas porquê também trabalho? Em primeiro lugar, a expectativa é que os retornos a médio e longo prazo sejam melhores. Entre 2012 e 2018, investimento tradicional e com foco em ESG renderam igualmente 15,8%. Já no resto do mundo, o investimento tradicional gerou um retorno de 10,5%, contra 11,1% de investimentos ESG.

Retornos mais robustos e menor volatilidade

Fonte: Global Sustainable Investment Review 2018

Depois pelo impacto que tem. A estimativa da BlackRock é que a alocação de 2 mil milhões de dólares em investimentos com critérios de sustentabilidade gera uma poupança de água 51.400 piscinas olímpicas, a criação de energia limpa para mais de 9,2 milhões de casas ou uma poupança de emissões de CO2 na ordem das 34,7 milhões de toneladas. E, por último, porque concordam que este é o futuro.

Acredito que um dia, num futuro não muito longínquo, todos os projetos financiados pela banca vão passar pelo crivo do investimento socialmente responsável“, sublinhou João Pedro Matos Fernandes, ministro do Ambiente e Ação Climática, no encerramento da sessão. “O risco ambiental é mesmo um risco financeiro. Esta é a primeira vez que o investimento socialmente responsável está na agenda governativa, mas garanto-vos que ser novo não quer dizer ser passageiro”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Maioria negativa à vista no Parlamento. Quanto pode poupar na fatura da luz se o IVA baixar para 6%?

Vários partidos defendem uma redução do IVA da luz para 6%, e poderão conseguir formar uma coligação negativa para o aprovar. O ECO foi fazer as contas para ver quanto se poderia poupar com a descida.

A descida do IVA aplicado sobre a eletricidade pode vir a ser uma realidade, se os partidos se unirem para uma maioria negativa. Se tal acontecer, que impacto teria na fatura da luz ao final do mês? Pelas contas do ECO, as poupanças podem ir desde pouco mais de um euro, para particulares, a mais de cem euros para empresas.

É apenas em meados de dezembro que vai ser apresentada a proposta de Orçamento do Estado para 2020, mas o Bloco e o PCP decidiram insistir na redução do IVA, que se não ficar assente nas negociações deverá surgir como proposta na discussão na especialidade.

Uma proposta neste sentido poderá ter o apoio do PSD, que apesar de não se comprometer para já tem esta medida como uma das principais bandeiras eleitorais. Perante este cenário, o primeiro-ministro não se mostrou preocupado, dizendo que “é muito cedo” para discutir o assunto. Enquanto admitiu que é uma vontade comum diminuir a fatura da luz, Costa reiterou que é preciso “escolher prioridades”.

Mas, se efetivamente se formar uma coligação negativa, o IVA da eletricidade, sobre todos os componentes, pode baixar de 23% para 6%, ou para a taxa intermédia de 13%, e a fatura da luz vai encolher. O ECO pegou em alguns exemplos, de particulares e de empresas, para ver quanto poderá ser a poupança.

O impacto da redução do IVA na fatura final da luz pode ser expressivo. Nota: A estes valores acresce ainda a contribuição audiovisual.

No caso de João, poderá guardar cerca de quatro euros todos os meses. Tomando como exemplo a fatura referente ao mês de outubro, os custos com a eletricidade eram de 24,86 euros, aos quais acrescem as taxas fixas da Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) e do Imposto Especial de Consumo (IEC). O IVA totaliza os 5,75 euros, elevando o montante final para 30,76 euros (excluindo a contribuição audiovisual).

Se o IVA fosse de 6%, o João passava a pagar 1,50 euros deste imposto, o que fazia o total da eletricidade recuar para 26,51 euros. Desta forma, poupava 4,25 euros num mês. Já se fosse aplicada a taxa intermédia, de 13%, pagava 3,25 euros de IVA, o que se traduzia numa poupança de 2,50 euros.

O João paga 5,75 euros de IVA.

E na casa de Constança, onde a despesa com a luz é mais expressiva? Os gastos com a eletricidade são de 53,54 euros, valor ao qual se juntam as taxas. O IVA sobre isto custa-lhe 12,39 euros, o que, no final do mês, totaliza os 66,25 euros (sem contribuição audiovisual). Se o IVA se ficasse pelos 6%, Constança pagava 3,23 euros por este imposto, poupando 9,16 euros. Já se aplicasse a taxa intermédia, de 13%, pagava de IVA, ao fim do mês, sete euros, o que se traduz numa poupança de 5,39 euros.

Recorde-se que houve já uma redução da taxa de IVA, em julho deste ano, mas aplicada apenas ao termo fixo da energia que respeita à potência contratada para as potências mais baixas. Na eletricidade refere-se aqueles de potência até 3,45 kVA. Para estes consumidores, uma descida no IVA também afeta.

É o que aconteceria com Pedro, que tem de pagar 17,13 euros referentes à eletricidade, mais taxas. Das componentes que ainda têm o IVA a 23% paga 2,96 euros, enquanto apenas 26 cêntimos do IVA a 6%, referente à tarifa de acesso às redes. Se passasse a ser 6% sobre tudo, pagava 0,77 euros das componentes atualmente com taxa de 23%, o que levava a uma poupança de 2,19 euros. Já com a taxa intermédia de 13%, o IVA era de 1,67 euros, o que dava para poupar 1,29 euros.

Já no caso de uma empresa, a poupança pode superar os 100 euros, no período de dois meses. Na empresa analisada, de setembro a novembro os custos da eletricidade foram de 629,74 euros, aos quais se adicionam as taxas DGEG e IEC. O IVA sobre estes elementos fixou-se nos 145,84 euros, com o valor total a ficar-se nos 779,92 euros (sem a contribuição audiovisual).

Uma descida do IVA para 6% fazia esta rubrica cair para os 38 euros, o que levava o total para 672,08 euros. A poupança era de 107,84 euros. E se a redução fosse para os 13%? O IVA ficava a 82,43 euros, o que permitiria amealhar 63,41 euros.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Costa quer valorizar salários dos jovens qualificados. Licenciados já ganham mais 50%

Costa garante que uma das prioridades desta legislatura é valorizar os jovens qualificados. Atualmente, ter uma licenciatura traz um salto remuneratório, mas a idade tende a roubar parte desse prémio

Depois de ter definido uma subida de 35 euros do salário mínimo para 2020, o Executivo de António Costa considera ser agora prioritário fechar um acordo entre sindicatos e associações patronais sobre a globalidade dos rendimentos, no quadro do qual deve ser reforçado o “prémio remuneratório” para os jovens qualificados. Ainda que a diferença salarial entre trabalhadores com curso superior e trabalhadores com ensino secundário tenha diminuído nos últimos anos, os dados e os especialistas indicam que esse fosso ainda é considerável e frisam que esses primeiros têm, além disso, mais oportunidades de emprego.

Temos hoje em dia a geração mais bem preparada de sempre, mas infelizmente ainda não temos a remuneração mais justa de sempre. Aliás, desde a crise económica que o prémio salarial das qualificações, isto é, o acréscimo remuneratório de quem tem um maior nível de qualificação, tem vindo a diminuir, sobretudo para os mais jovens”, disse o chefe do Executivo, durante o primeiro debate quinzenal desta legislatura.

Esta quarta-feira, o Governo junta patrões e sindicatos, em sede de Concertação Social, para discutir o Pacto para a Competitividade e Crescimento no âmbito do qual o primeiro-ministro quer valorizar a remuneração dos jovens qualificados.

Para António Costa, neste acordo sobre a globalidade dos rendimentos que será debatido na Concertação Social, é importante não só “fixar um referencial para a contratação coletiva”, mas também definir “qual deve ser o prémio de qualificação aplicável não só a quem tem uma licenciatura, mas também a quem frequentou um curso técnico superior profissional ou possui uma certificação profissional“.

Segundo os dados disponível nos Quadros de Pessoal de 2017, o ganho médio de um trabalhador que apenas concluiu o ensino secundário é de 1.077,23 euros. Esse valor compara com o ganho médio de 1.821,83 euros registado no caso dos trabalhadores com licenciatura terminada. Ou seja, os segundos ganham mais 69% que os primeiros.

Com um mestrado, a história é diferente: o ganho médio está fixado nos 1.777,52 euros, mais do que os que têm somente o ensino secundário, mas inferior aos que têm licenciatura. E com um doutoramento, o rendimento dispara para 2.546,07 euros.

Ainda assim, João Cerejeira, professor de Economia e Gestão, nota que essa diferença salarial entre os trabalhadores com ensino superior e os trabalhadores com curso superior tem vindo a diminuir face a dois fatores principais: a atualização do salário mínimo nacional (que empurrou de forma ascendente as remunerações mais baixas e fez encolher o fosso com as remunerações superiores); a subida do número de licenciados e, consequentemente, o reforço dos recursos humanos disponíveis com formação superior para a mesma oferta de emprego, o que fez descer o valor desses trabalhadores.

De acordo com a série cronológica publicada este ano pelo Gabinete de Estratégia e Planeamento do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, a diferença entre o ganho médio de um trabalhador com o ensino secundário e de um trabalhador com o ensino superior recuou de 843,7 euros, em 2007, para 744,8, em 2017.

Trabalhadores com licenciatura têm vindo a perder vantagem salarial

Fonte: GEP MTSSS

Esse último valor é mesmo o mais baixo dos últimos dez anos. Em 2008, o fosso ainda chegou a aumentar — com o ganho médio dos trabalhadores com o ensino superior a subir 38,7 euros –, mas a partir deste ano tem estado a preso numa trajetória decrescente.

Apesar desta tendência, os Quadros de Pessoal deixam claro que, em 19 dos 20 setores de atividades analisados, ter uma licenciatura é sinónimo de um salto no ganho médio, não só quando comparado com os trabalhadores com o ensino secundário, mas também com aqueles que têm apenas um curso técnico.

De notar, contudo, que estes dados dizem respeito à totalidade de cada um desses grupos por nível de habilitação, isto é, são considerados os ganhos não só de jovens, como de trabalhadores com uma experiência mais robusta.

E ainda que não estejam disponíveis dados no Quadros de Pessoal sobre o ganho médio por nível de habilitação desagregados por escalão etário ou escalão de antiguidade na empresa, o relatório nota que os trabalhadores com menos de um ano nas empresas ganham, em média, 907 euros, o que compara com o ganho médio de 1.564,96 euros resultante de uma carreira de 20 anos ou mais.

Tal deixa perceber que esse fosso entre os trabalhadores com ensino secundário e os trabalhadores com ensino superior poderá ser, no caso particular dos jovens, inferior ao apontado pela média.

Esta hipótese sai reforçada quando se compara o ganho médio por grupo etário, que varia entre os 788,29 euros relativos aos trabalhadores com 18 a 24 anos e os 1.346,83 euros relativos aos trabalhadores com 65 anos ou mais.

O relatório “Education at a Glance” da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) consolida essa desvantagem dos jovens, referindo que, em Portugal, os licenciados com 45 a 54 anos ganham quase o dobro (95%) dos restantes trabalhadores da mesma faixa etária, enquanto que a vantagem salarial é inferior (50%) entre os mais jovens (25 a 34 anos).

Ainda assim, tantos os jovens licenciados como os licenciados com uma carreira mais longo conseguem, em Portugal, maior vantagem salarial do que a média contabilizada na globalidade dos países da OCDE (70% no caso dos trabalhadores mais velhos e 35% no caso dos jovens).

Na maioria dos países da OCDE, a vantagem salarial dos trabalhadores com ensino superior não mudou consideravelmente entre 2007 e 2017. Em pelo menos 20 países, o fosso mudou menos de 10 pontos percentuais e, em muitos casos, menos de cinco pontos percentuais”, remata a OCDE.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.