Em PER, Orey quer manter salários da administração. Duarte d’Orey recebeu 322 mil euros em 2018

Empresa convocou acionistas no dia em que anunciou plano de recuperação. Além de aprovar contas e votar confiança nos gestores, acionistas vão decidir salários e compra de ações e obrigações próprias.

Após ter fechado 2018 com prejuízos de 10,77 milhões de euros, a Orey Antunes pediu abertura de um Processo Especial de Revitalização (PER). A decisão foi conhecida esta quinta-feira à noite, sendo que a empresa convocou também os acionistas para uma assembleia geral no dia 20 de dezembro em que quer aprovar contas, dar um voto de confiança à administração e, apesar da situação financeira, dar luz verde à manutenção dos salários dos gestores.

“A comissão de remunerações tem o entendimento de que uma declaração sobre política de remunerações, pela natureza do conjunto de princípios, deverá ser estável durante todo o período do mandato (2017-2020)“, pode ler-se na convocatória para a assembleia geral de acionistas, cuja quinto ponto é exatamente a “apreciação e sufrágio” da política de remunerações dos membros dos órgãos de administração e fiscalização.

A situação económica da empresa é vista como um “critério que tem de ser compreendido e interpretado com cuidado”, segundo a administração. “A dimensão da sociedade, e inevitável complexidade de gestão associada, é claramente um dos aspetos relevantes da situação económica entendida na sua forma mais lata. As implicações existem quer na necessidade de remunerar uma responsabilidade que é maior em sociedades maiores e com modelos de negócios complexos quer na capacidade de remunerar adequadamente a gestão“, explica.

Esta será a primeira assembleia de acionistas após o pedido de PER, que não abrange a Orey Gestão Imobiliária nem a Orey Financial. Este foi apresentado na sequência do processo de desalavancagem e de aumento de rentabilidade que tem sido implementado nos últimos quatro anos. Apesar dos esforços, mantém-se um desequilíbrio financeiro de 12 milhões de euros, o que representa um risco de liquidez.

627 mil euros para remunerar administradores

Ainda assim, a empresa lembra que a necessidade de ir ao encontro das práticas de mercados nos salários. “Só o respeito pelas práticas do mercado permite manter profissionais de um nível ajustado à complexidade das funções a desempenhar e responsabilidades a assumir e assim assegurar não só os interesses do próprio, mas essencialmente os da sociedade e a criação de valor para todos os acionistas”.

Apesar de não especificar os montantes, aponta para a manutenção da remuneração face ao que tem sido praticado. Em 2018, o grupo gastou 626.771 euros nos salários do conselho de administração, que era então composto por dez membros, segundo dados do Relatório e Contas de 2018. Este ano, esse número caiu para seis pessoas.

Só o presidente do conselho de administração e CEO, Duarte d’Orey, recebeu 322 mil euros. Destes, 182 mil euros dizem respeito à componente fixa, correspondente a 13 mil euros por mês (multiplicados por 14 meses). Acrescem ainda outros 140 mil euros respeitantes a despesas de representação e senhas de presença.

Acionistas dão ok a compra de obrigações e ações

A Orey pretende com o PER “estabelecer negociações com os seus credores de modo a concluir um acordo conducente à sua revitalização, através da implementação de medidas de regularização do passivo que assegurem a viabilidade da sociedade a longo prazo”. Nesta negociação pede aos credores detentores de créditos não subordinados e créditos subordinados perdão de parte das dívidas.

Há créditos que serão pagos, como os créditos tributários, créditos privilegiados e os garantidos, que equivalem, em conjunto, a mais de 75 milhões, tanto a pronto como em prestações, mas há depois outros com um valor global de cerca de 50 milhões que ou não serão pagos de todo ou com um perdão entre 90% a 95% do montante em dívida e a totalidade dos juros.

O total do passivo da empresa, a 31 de dezembro, era de 68,5 milhões de euros, sendo que os empréstimos obrigacionistas totalizavam quase 11 milhões de euros. Os acionistas vão também votar na assembleia geral um programa de compra de ativos próprios.

“Constitui interesse da sociedade e, bem assim, das sociedades suas dependentes, dispor (…) da possibilidade de efetuar operações sobre obrigações próprias, incluindo operações de aquisição e alienação de obrigações próprias ou de outros valores mobiliários ou títulos de dívida emitidos pela própria sociedade”, refere a proposta. O montante não é especificado, mas o preço das operações fica limitado a um desconto ou um prémio de 40%.

Já no caso da compra de ações próprias, a sociedade — que detinha no final do ano passado direta e indiretamente 145.385 ações próprias, correspondentes a 1,21% do capital social e direitos de voto — poderá, se o ponto for aprovado, reforçar a posição até aos 10%. As ações, que desvalorizaram 75% desde o início do ano, reagem esta sexta-feira em alta ao anúncio do PER e valorizam 3% na bolsa de Lisboa para 10,50 cêntimos.

Investidores aplaudem PER

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Banco de Portugal aumenta imposição de reservas de capital do BCP para 1,00%

  • Lusa
  • 29 Novembro 2019

O Banco de Portugal (BdP) aumentou a imposição da reserva de fundos próprios do BCP de 0,75% para 1,00%, "na sequência do aumento da sua importância sistémica para o sistema financeiro português".

O Banco de Portugal (BdP) aumentou a imposição da reserva de fundos próprios do BCP de 0,75% para 1,00%, “na sequência do aumento da sua importância sistémica para o sistema financeiro português”, foi hoje divulgado.

Segundo um comunicado do banco central, foi revisto “o requisito de O-SII [outras instituições de importância sistémica] exigido ao Banco Comercial Português [BCP] S.A., de 0,75% para 1,00%, na sequência do aumento da sua importância sistémica para o sistema financeiro português“.

“Perante esta alteração, o Banco de Portugal concedeu ao Banco Comercial Português S.A. um ano adicional para cumprir com o acréscimo de 25 pontos base, ou seja, a reserva de O-SII deverá estar constituída na íntegra a partir de 01 de janeiro de 2022”, esclarece a instituição liderada por Carlos Costa.

O Banco de Portugal afirma, no entanto, que “para os restantes grupos bancários, mantém-se o período de implementação gradual definido em 2017 e a reserva deverá ser cumprida nos seguintes termos: 75% em 01 de janeiro de 2020 e 100% em 01 de janeiro de 2021”.

Relativamente a 2018, a lista de grupos bancários identificados como “outras instituições de importância sistémica” não sofreu alterações, tendo apenas a identificação do Novo Banco sido alterada por LSF Nani Investments, a designação da empresa detida pelo fundo Lone Star que detém 75% do Novo Banco.

Tirando o BCP, as restantes instituições não sofreram alterações na imposição de reservas de fundos próprios.

Assim, em 2020 a Caixa Geral de Depósitos (CGD) deverá ter reservas de 0,75%, o BCP de 0,563%, o Santander Totta, o Novo Banco (identificado como LSF Nani Investments) e o BPI de 0,375%, e o Banco Montepio de 0,188%.

Para 2021, os requisitos são de 1,00% para a CGD, 0,75% para o BCP, 0,50% para o Santander Totta, o Novo Banco e o BPI, e 0,25% para o Banco Montepio.

Em 2022, os requisitos são de 1,00% para a CGD e o BCP, e mantêm-se nos 0,50% para Santander Totta, Novo Banco e BPI, e nos 0,25% para o Banco Montepio.

A reserva “deverá ser constituída por fundos próprios principais de nível 1 [‘Common Equity Tier 1’] em base consolidada”, segundo o BdP, que adianta também que os requisitos são revistos anualmente “ou caso ocorra um processo de restruturação significativo, nomeadamente uma fusão ou uma aquisição”.

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CGD “surpreendida” com PER da Orey. Arrisca perder cinco milhões

Orey Antunes, com dívidas de 63,4 milhões, avisa que credores arriscam perdas significativas se o PER não for aprovado. No caso da Caixa, há um financiamento de cinco milhões em risco.

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) arrisca perder quase cinco milhões de euros com a Sociedade Comercial Orey Antunes, que avançou com um pedido de processo especial de revitalização (PER) envolvendo um perdão de dívida de 50 milhões de euros. O banco público diz ao ECO que ficou “surpreendido com a entrada do PER” por parte da Orey Antunes, sem fazer mais comentários. Na lista de credores contam-se mais de duas centenas entidades, entre os quais outros bancos nacionais: BCP, Novo Banco e Santander Totta.

Este pedido de abertura de PER visa evitar a falência da Orey Antunes, pretendendo-se antes a recuperação da empresa “através da implementação de medidas de regularização do passivo que assegurem a viabilidade da sociedade a longo prazo”, segundo anunciou ao mercado.

São quase 260 os credores a quem a Orey Antunes deve mais de 60 milhões de euros e que fazem parte do processo que deu entrada esta sexta-feira no Tribunal Judicial de Comarca de Lisboa Juízo de Comércio de Lisboa. Entre eles estão o Fisco e Segurança Social, empresas de auditoria e consultoria (PwC, Auren Auditores), empresas de serviços (EDP, Vodafone, Reuters, 2045 Empresa de Segurança, entre outros), sociedades de advogados (Linklaters, Morais Leitão), fundos de pensões e vários bancos. Ainda não se conhece o montante que cada um destes credores reclama.

"Ficamos surpreendidos com a entrada do PER.”

Caixa Geral de Depósitos

Fonte oficial

No caso da CGD, é diferente. No requerimento para abertura de processo especial de revitalização, é revelado que o banco público deu um financiamento de 4,9 milhões de euros à sociedade com a garantia de ações do fundo OCP SICAR, através do qual a Orey Antunes controla os principais ativos que detém, nomeadamente os negócios de transporte e logística em Portugal e Espanha (empresa Horizon View) e Angola e Moçambique (empresa Lynx BV). A OCP SICAR controla ainda as chamadas “empresas técnicas” ASN e OIR.

O problema para a Caixa é que estas empresas pouco (caso da Horizon View) ou nada valeriam (Lynx Bv, ASN e OIR) se executasse o penhor ou se a Orey Antunes fosse liquidada em vez de se tentar um processo de recuperação.

Na melhor das avaliações, segundo a Orey Antunes, o banco apenas obteria 755 mil euros com a venda da Horizon View tendo em conta os preços do mercado, o equivalente a apenas 15% do que emprestou à sociedade. Já os ativos da Lynx, ASN e OIR nada renderiam.

Para os restantes credores, o cenário de liquidação seria ainda mais complicado. A Orey Antunes tem uma dívida de 63,4 milhões de euros, incluindo o financiamento garantido da CGD. Em caso de a empresa entrar em insolvência os credores perderiam a totalidade dos créditos.

Por isso, a Orey Antunes alerta para a necessidade de aprovação do PER. “A principal finalidade das medidas previstas neste plano de recuperação é a superação da situação económica da sociedade. (…) A redução do passivo permitir-lhe-á prosseguir com a sua atividade de uma forma sustentável e, consequentemente, mais benéfica para os seus credores e stakeholders“, assinala a Orey Antunes.

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BCP e Navigator caem 2% e arrastam Lisboa para o vermelho

A praça lisboeta seguiu o sentimento das pares europeias num dia marcado por um novo crescendo dos receios dos investidores face à guerra comercial. Queda de 2% do BCP e da Navigator pressionam.

A bolsa nacional encerrou a última sessão do mês com o pé esquerdo. O PSI-20 somou a segunda sessão de perdas, encerrando em mínimos de um mês. O índice lisboeta acompanhou o rumo dos pares europeus, não resistindo à pressão das perdas do BCP e dos títulos do setor do papel. BCP e Navigator recuaram 2%.

O PSI-20 desvalorizou esta sexta-feira 0,46%, para os 5.127,43 pontos, com nove títulos em queda, sete em alta, e dois inalterados: a EDP e a Ibersol. O vermelho também pintou a generalidade dos índices europeus, perante o ressurgimento dos receios dos investidores face à guerra comercial, após a repreensão feita pela China a Donald Trump relativamente à ratificação de um projeto de lei que apoia os manifestantes de Hong Kong. O Stoxx 600 recuou 0,35%.

Por cá, foram sobretudo os títulos do BCP e das papeleiras que mais penalizaram o índice bolsista lisboeta. As ações do BCP recuaram 1,9%, para os 19,60 cêntimos, dando continuidade à queda de 2,54% registada na sessão anterior. Essas quedas acontecem numa altura em que há a perspetiva de que o banco liderado por Miguel Maya possa não receber dividendos relativos a 2019 da subsidiária polaca: o Bank Millennium.

Ações do BCP caem 4,5% em dois dias

Entre as papeleiras, destaque para a Navigator que comandou as perdas do índice PSI-20. A Navigator recuou 1,91%, para os 3,49 euros, num dia em que há nota de que a JB Capital desceu o preço-alvo das suas ações, dos 4,4 para os 4,3 euros, apesar de manter a recomendação de “comprar”. A Altri também sobressaiu entre as maiores quedas, com os seus títulos a perderem 1,22%, para os 5,65 euros.

Já a Jerónimo Martins desvalorizou 0,89%, para os 14,495 euros, com a retalhista a ser negativamente influenciada pela decisão dos analistas da UBS de reduzirem o preço-alvo para final de 2020, dos 16 para os 15,5 euros.

A impedir perdas mais acentuadas estiveram as ações da EDP renováveis e da Nos. Somaram 0,3% e 0,24%, respetivamente, para os 9,95 e 4,924 euros.

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Próximo quadro financeiro plurianual tem “alguns escolhos” no seu caminho

  • Lusa
  • 29 Novembro 2019

O ministro do Planeamento considera que a discussão do próximo quadro financeiro regista “alguns escolhos”, mas garante que o Conselho Europeu vai tentar obter um acordo sobre esta temática.

O ministro do Planeamento afirmou esta sexta-feira, em Lisboa, que a discussão do próximo quadro financeiro regista “alguns escolhos” no seu caminho, acrescentando que este é um “período único” para a Europa discutir as suas políticas e formas de financiamento.

A discussão sobre o quadro financeiro plurianual [QFP] neste momento, infelizmente, encontra-se, diria, para ser diplomático, com alguns escolhos no seu caminho”, assegurou Nelson de Souza, na sessão de abertura de um almoço de empresários, organizado pela Câmara de Comércio e Indústria Luso-Espanhola.

De acordo com o governante, o próximo conselho europeu, que se realiza entre 12 e 13 de dezembro, vai tentar obter um acordo sobre esta temática “que marcará o futuro da Europa nos próximos sete anos”.

Para Nelson de Souza, os próprios Estados-membros deveriam seguir “esta boa prática” de ter um orçamento plurianual, que “é suficientemente longo” para permitir a programação das finanças, prioridades e políticas.

No entanto, acrescentou, esta é também a altura da Europa “saber como financiar as suas políticas” e como “seguir o seu rumo”, daí a importância deste tempo de reflexão que requer “grande responsabilidade dos dirigentes políticos e de todos os Estados-membros”.

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PM de Malta vai demitir-se por alegadas ligações a morte de jornalista

  • Lusa
  • 29 Novembro 2019

O primeiro-ministro maltês anunciou ao Presidente a intenção de se demitir no âmbito da investigação ao assassínio da jornalista Daphne Caruana Galizia, conhecida por expor casos de corrupção.

O primeiro-ministro de Malta anunciou esta sexta-feira ao Presidente a sua intenção de se demitir no âmbito da investigação sobre o assassínio da jornalista Daphne Caruana Galizia, conhecida por expor casos de corrupção da elite política e empresarial.

A intenção foi anunciada por Joseph Muscat ao Presidente George Vela depois de dois dos seus ministros e de o seu chefe de gabinete terem sido mencionados na investigação e terem renunciado aos cargos.

De acordo com a comunicação social local, o primeiro-ministro tem já presença marcada na televisão, onde deverá fazer um anúncio público ao país ainda hoje.

Na quinta-feira à noite, Joseph Muscat esteve reunido durante sete horas com os seus ministros, tendo afirmado, no final do encontro, que se manteria no poder até que a investigação fosse concluída.

Daphne Caruana Galizia, de 53 anos, foi morta em 16 de outubro de 2017 com uma bomba colocada no seu automóvel em Bidnija, onde vivia.

A jornalista investigava, na altura, vários políticos malteses, incluindo o primeiro-ministro e a mulher, no âmbito dos Papéis do Panamá, que mostraram como centenas de políticos, empresários e celebridades utilizaram paraísos fiscais para evasão fiscal, lavagem de dinheiro e transações ilegais.

Na semana passada, as autoridades maltesas detiveram o empresário Yorgen Fenech, considerado pela família da jornalista e por alguns meios de comunicação social do país como o ou um dos mandatários do crime.

Yorgen Fenech é diretor e proprietário da Electrogas, que ganhou em 2013 um concurso de vários milhões de euros aberto pelo Estado de Malta para a construção de uma central elétrica de gás.

O empresário foi detido a bordo do seu iate, dias depois de ter sido detido um alegado intermediário do crime, Melvin Theuma, a quem foi oferecida imunidade em troca de informação.

Ouvido pela polícia, o empresário Yorgen Fenech envolveu no caso o chefe de gabinete e amigo íntimo do primeiro-ministro Keith Schembri, entretanto detido e interrogado e libertado na noite de quinta-feira.

As alegadas ligações financeiras do dono da Electrogas aos ministros do Turismo, Konrad Mizzi, e da Economia, Chris Cardona, levou à também demissão do cargo dos dois membros do Governo maltês.

A pressão contra o Governo tem aumentado nas ruas da capital de Malta, La Valleta, com protestos contínuos em frente ao parlamento para exigir a saída de Muscat e a verdade sobre um crime que chocou a sociedade.

Os filhos de Caruana Galizia, Andrew, Matthew e Paul, sempre acusaram o Governo de toldar as investigações e incentivaram protestos para que fosse feita justiça ao caso da sua mãe.

A comunicação social local continua a divulgar novas informações sobre o crime, como a de que Fenech terá pago 150.000 euros a três homens para matar a jornalista.

Os acusados de colocar uma bomba no carro, Vicent Muscat e os irmãos Alfred e George Degiorgio, estão já a ser julgados.

Yorgen Fenech é um dos mais importantes empresários de Malta e é dono de uma empresa secreta situada no Dubai e chamada “17 Black” e dono da Electrogas, também mencionada na investigação Papéis do Panamá como veículo para depósito de fundos de empresas secretas naquele país.

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Crescimento do consumo das famílias quase duplica e salva PIB

As despesas com bens duradouros cresceram 4,75 vezes mais do que no trimestre anterior. Famílias foram determinantes no desempenho da procura interna que mais que compensou a frente externa.

As decisões de compras das famílias no terceiro trimestre do ano foram determinantes para o desempenho da economia nesse trimestre. Nos inquéritos de conjuntura, os consumidores já tinham sinalizado a vontade de fazer compras importantes, contrariando a tendência que se desenhava até ao início do verão, mas os números que o Instituto Nacional de Estatística (INE) publicou esta sexta-feira dão uma ideia mais clara da relevância do consumo entre julho e setembro.

Entre o segundo e o terceiro trimestre, o consumo das famílias subiu 1,1%, o que compara com uma taxa de variação em cadeia de 0,6% registada no trimestre anterior. Este salto nas compras foi evidente tanto no consumo de bens duradouros como no consumo de bens não duradouros.

Economia abrandou no terceiro trimestre

Fonte: INE. Valores em percentagem

No primeiro caso, dos bens duradouros, a taxa de variação em cadeia — que mede a evolução entre um trimestre e outro — evoluiu de 0,4% no segundo trimestre do ano para 1,9% no terceiro. Também nos bens não duradouros e serviços verificou-se um impulso nas compras entre os dois períodos em análise, com as taxas de crescimento em cadeia a passar de 0,6% para 1,1%.

O inquérito de conjuntura que o INE faz para medir a confiança dos consumidores, referente a setembro, já antecipava que as famílias estavam a fazer compras importantes ao mesmo tempo que perspetivavam fazê-las também nos meses seguintes. “As apreciações relativas à realização de compras importantes aumentaram nos últimos quatro meses, de forma mais significativa em agosto”, revelava o INE.

Esta tendência acabou por ser visível também ao nível da evolução das taxas de variação homóloga nos dois tipos de bens. As despesas de consumo das famílias residentes em bens duradouros cresceram 0,8% no terceiro trimestre quando comparado com o mesmo período do ano anterior, o que compara com uma taxa de variação homóloga de -1,2% no trimestre anterior. No caso dos bens não duradouros e serviços o salto da taxa de variação homóloga foi bem mais modesto, de 2,4% para 2,5%.

Ao mesmo tempo que o consumo das famílias ganhou força — também a sua variação homóloga acelerou de 2,1% para 2,4% –, o investimento abranda. A taxa de variação em cadeia foi de 1%, o que compara com um crescimento de 1,2% no segundo trimestre. Descontando o efeito das existências — que medem o investimento parado em armazém — a variação em cadeia da Formação Bruta em Capital Fixo (FBCF) apresentou um recuo de 1,4%, acentuando a queda em relação à evolução do período anterior quando caiu 0,1%.

A comparação com o que se passou no mesmo trimestre de há um ano aponta também para uma evolução desfavorável. O investimento cresceu 8,8%, o que compara com 10,5% no segundo trimestre. A FBCF passou de uma taxa de variação homóloga de 8,2% para 5,8%.

O INE explica que “a FBCF em Equipamento de Transporte destacou-se ao apresentar uma diminuição de 8% em termos homólogos, após ter aumentado 6,9% no trimestre anterior, refletindo em parte o efeito base do acentuado crescimento verificado no 3º trimestre de 2018”.

A evolução do consumo privado conjugada com a do investimento resultou num forte contributo da procura interna para a evolução da economia. O PIB cresceu 0,3% no terceiro trimestre em relação aos três meses imediatamente anteriores, metade do que tinha subido no trimestre anterior.

A procura interna deu um contributo de 0,9 pontos percentuais para este crescimento do PIB de 0,3%. Este contributo foi reforçado precisamente em 0,3 pontos percentuais face ao verificado no trimestre anterior. Ou seja, se não fosse esta procura interna, assente no impulso do consumo das famílias, o crescimento em cadeia teria sido nulo.

Isto porque a procura externa líquida deu um contributo negativo de 0,6 pontos percentuais depois de ter sido nulo no segundo trimestre.

Também a variação homóloga revelou um peso da procura interna em detrimento da procura externa líquida. Para o crescimento do PIB de 1,9% contribuíram 3,2 pontos percentuais da procura interna (o mesmo que no trimestre anterior) e menos 1,3 pontos percentuais da procura externa líquida.

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Suspeito de esfaquear pessoas na London Bridge abatido pela polícia

Suspeito do ataque foi baleado pela polícia e morreu no local. As autoridades estão a investigar o caso, que está a ser tratado como "incidente terrorista". Ainda não há números oficiais de feridos.

Várias pessoas ficaram feridas e um homem foi abatido a tiro na sequência do incidente desta sexta-feira na Ponte de Londres (London Bridge). A polícia britânica está a investigar o caso. No mesmo dia, mais ao fim da tarde, também na Holanda houve um incidente com arma branca.

As autoridades estão a tratar o ataque como um “incidente terrorista” e o suspeito, que foi baleado pelas autoridades, acabou por morrer no local. Ainda não há números oficiais relativos à existência de vítimas mortais e de feridos, mas de acordo com a BBC (acesso livre, conteúdo em inglês), haverá, pelo menos, dois mortos. As autoridades confirmaram ainda uma detenção.

A polícia adiantou ainda que o suspeito terá tentado esfaquear várias pessoas com recurso a uma arma branca e estaria a usar um engenho explosivo, mas que era falso.

 

O jornalista da BBC John McManus estava no local e disse ter assistido a uma discussão entre várias pessoas na ponte. “De início pensei que era uma alteração”, mas de seguida ouviram-se disparos, afirmou.

Ainda de acordo com a imprensa britânica, a unidade de contraterrorismo está no local, bem como vários meios de emergência e policiais. A polícia estava a afastar os transeuntes do local do incidente, na parte norte da ponte, que une o distrito financeiro com a margem sul do rio Tamisa. A polícia da cidade de Londres exortou a população a manter-se afastada do local.

As reações ao ataque já se fazem sentir. O primeiro-ministro britânico elogiou a coragem prestada pelos serviços de emergência e deixou uma mensagem de apoio às vítimas, bem como, aos seus familiares. “Quero agradecer aos serviços de emergência a sua imensa coragem na resposta a este alegado ataque terrorista. Neste incidente terrível todos os meus pensamentos estão com as vítimas e com os seus familiares”, escreveu o primeiro-ministro britânico no Twitter.

Também a ministra do Interior britânica, Priti Patel, mostrou-semuito preocupada” com o incidente. Ao mesmo tempo, o líder do partido trabalhista, Jeremy Corbyn diz-se “chocado” com o ataque e aproveitou, tal com Boris Johnson, para agradecer à polícia e aos serviços de emergência.

Em 2017 a Ponte de Londres foi palco de um ataque quando duas pessoas foram mortas num atentado reivindicado por apoiantes do grupo jihadista Estado Islâmico, e que prosseguiu em Borough Market, nos arredores, com mais vítimas.

Na Holanda aconteceu uma situação semelhante. A polícia holandesa referiu esta noite que diversas pessoas foram feridas em Haia num aparente ataque com arma branca na principal rua comercial da cidade. Numa mensagem na rede social Twitter, a polícia holandesa referiu que o incidente ocorreu na principal rua comercial da cidade, não avançando mais detalhes.

(Notícia atualizada às 20h31 com notícia do incidente na Holanda)

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Adesão de mais de 90% na greve do pessoal não docente, segundo sindicato

  • Lusa
  • 29 Novembro 2019

A FNSTFPS, filiada na CGTP, convocou para esta sexta-feira uma greve nacional, contestando, entre outras coisas, a falta de pessoal não docente que se verifica há vários anos.

A Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (FNSTFPS) anunciou esta sexta-feira no Porto que a adesão à greve do pessoal não docente “ultrapassou os 90%” e que “há centenas e centenas de escolas encerradas” no país.

Em declarações à porta da Escola Básica e Secundária do Cerco do Porto, a coordenadora da FNSTFPS, Ana Avoila, repetiu as críticas ao Governo ao mesmo tempo que salientou a adesão dos trabalhadores à paralisação decretada. “É um balanço muito, muito positivo, que corresponde aos objetivos que a greve tem, designadamente [de combate] à falta de pessoal, aos salários baixos e à falta de condições de trabalho, tudo isso, e a que o Governo, tal como na legislatura passada, não respondeu, traçando uma política de continuação de destruição de direitos dos trabalhadores”, disse.

Acusando o executivo liderado por António Costa de não ter “uma única medida que melhore o que tinha na legislatura passada” e considerando que “pelo contrário, é só para piorar”, Ana Avoila passou depois aos números da “resposta dada pelos trabalhadores descontentes”.

Esta não é a primeira greve, é uma das maiores greves, que tem mais de 90% de adesão. Há centenas e centenas de escolas encerradas por todo o país e o Governo tem de tirar daqui ilações, ou se não, é um Governo que está de má-fé e que pretende continuar a governar à direita como fez nos últimos anos para os trabalhadores da administração pública”, frisou a coordenadora sindical.

Em declarações à porta de uma escola onde, às 12h40, a única indicação de paralisação estava num comunicado, assinado pelo diretor do estabelecimento, dando conta que as “aulas estavam suspensas neste dia”, Ana Avoila voltou aos números para acentuar a exigência. “Queremos 6.000 funcionários no mínimo, porque não queremos uma sociedade de regressão, queremos uma sociedade de evolução e a escola pública que vai educar os nossos filhos, os nossos netos tem de ter condições mínimas e seis mil é para ter as condições mínimas”, enfatizou.

“O Governo nem 6.000 quer contratar. O Governo o que pretende é mão-de-obra mais barata e a polivalência entre profissões, sendo que muitas delas já nem existem”, prosseguiu.

Afirmando que os números da paralisação de hoje representam “um cartão amarelo ao Governo” prometeu prosseguir a luta e deixou a “certeza” de que “o Governo, com o programa que aprovou, vai ter conflitualidade laboral se não o alterar”. “Tem de haver vontade pública e o que este Governo tem feito à administração pública não é diferente do que fez o anterior, designadamente nos salários, condições de trabalho e falta de pessoal”.

A FNSTFPS, filiada na CGTP, convocou para hoje uma greve nacional dos trabalhadores não docentes dos agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas da rede pública, contestando a falta de pessoal não docente que se verifica há vários anos, entre outras reivindicações.

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Em dia de Black Friday, tensões comerciais penalizam Wall Street

Tensões comerciais pairam, face às preocupações dos investidores com a repreensão da China a Donald Trump relacionada com a ratificação de projeto de lei que apoia manifestantes de Hong Kong.

As bolsas dos Estados Unidos estão em queda naquela que é a última sessão da semana, numa altura em que aumentam as preocupações relativamente às negociações comerciais entre as duas maiores economias do mundo. Em dia de Black Friday, as principais cotadas não estão com grandes valorizações.

O índice de referência S&P 500 está a desvalorizar 0,18% para 3.148,03 pontos, enquanto o tecnológico Nasdaq recua 0,24% para 8.684 pontos. Pelo mesmo caminho segue o industrial Dow Jones ao perder 0,28% para 28.084 pontos.

As tensões comerciais voltaram a pairar sobre Wall Street, depois de terem aumentado as preocupações dos investidores com a repreensão feita pela China a Donald Trump relativamente à ratificação de um projeto de lei que apoia os manifestantes de Hong Kong.

De acordo com a Reuters (conteúdo em inglês), o “mal-estar” instalou-se depois de a China ter dito que tomaria “firmes medidas” caso os Estados Unidos continuassem a interferir nos assuntos de Hong Kong.

“É definitivamente uma preocupação que a assinatura do projeto de lei de Hong Kong seja vista como um impedimento para um acordo”, diz Rick Meckler, sócio da Cherry Lane Investments, citado pela Reuters.

E em dia de Black Friday, o desempenho de várias cotadas afetas a este dia está a ser misto. A Amazon está a somar 0,09% para 1.820 dólares, enquanto o Alibaba está a perder 1,13% para 198,62 dólares.

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Daimler quer eliminar pelo menos 10 mil empregos

  • Lusa
  • 29 Novembro 2019

O corte de postos de trabalho previsto até 2022 tem tem como objetivo financiar a transição para os veículos elétricos, uma mudança que tem pressionado o setor automóvel alemão.

A Daimler, fabricante dos Mercedes-Benz, anunciou esta sexta-feira que vai eliminar pelo menos 10.000 empregos em todo o mundo até 2022 para financiar a transição para os veículos elétricos, uma mudança que tem pressionado o setor automóvel alemão.

O número de postos de trabalho a suprimir “será de cinco dígitos” e envolverá cargos administrativos, afirmou o diretor de pessoal da empresa, Wilfried Porth, numa conferência de imprensa telefónica, três dias após a Audi ter anunciado a eliminação de 9.500 empregos.

Recentemente, a Daimler já tinha anunciado que quer poupar 1,4 mil milhões de euros em encargos com pessoal, face aos “investimentos elevados exigidos pela transição para a mobilidade neutra em termos de emissões de CO2” (dióxido de carbono).

Parte das saídas será feita com a não substituição de trabalhadores que terminem contratos temporários ou que se reformem, mas haverá também reformas antecipadas e o grupo indicou que vai ainda propor saídas voluntárias.

A Daimler tem atualmente cerca de 304.000 funcionários em todo o mundo.

“Os detalhes sobre a aplicação deste plano” serão “indicados nas próximas semanas”, acrescentou a Daimler em comunicado.

Como todo o setor automóvel europeu, a Daimler está empenhada em reduzir o nível de emissões de CO2 nos carros vendidos e respeitar as estritas normas em vigor a partir do próximo ano na União Europeia (UE), sob a ameaça de pesadas sanções.

No setor automóvel alemão, vários construtores e fabricantes de equipamentos anunciaram nos últimos meses a eliminação de perto de 30.000 empregos devido a uma degradação da conjuntura e à redução da popularidade do ‘diesel’ em benefício dos motores elétricos.

A Audi, que pertence ao grupo Volkswagen, quer eliminar 9.500 postos de trabalho na Alemanha até 2025, a Volkswagen quer suprimir 5.000, a Continental 5.500 e a sua rival Bosch mais de 2.000, enquanto a norte-americana Ford prevê 5.000 reduções de empregos em fábricas alemãs.

Este setor representa na Alemanha um quinto da indústria, perto de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) e mais de 800.000 empregos diretos.

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Primeiro-ministro pede mobilização para duplicar acesso às verbas europeias da ciência e investigação

  • Lusa
  • 29 Novembro 2019

António Costa considera fundamental que Portugal duplique as verbas destinadas à ciência e investigação, salientando a importância da "diversificação das fontes de financiamento".

O primeiro-ministro considerou esta sexta-feira decisivo que Portugal duplique o acesso às verbas centralizadas do programa “Horizonte Europa” para a ciência e investigação e fez um veemente apelo às empresas para que apostem nos quadros qualificados.

Estas posições foram assumidas por António Costa em São Bento, em Lisboa, no final da cerimónia de assinatura do “Contrato de Legislatura” entre o Estado e as instituições de Ensino Superior – um compromisso que prevê um aumento no financiamento de 55 milhões de euros já em 2020, acomodando aspetos como a redução do valor das propinas suportado pelas famílias e um crescimento anual na dotação orçamental de 2% ao ano até 2023.

“Sei que este acordo não foi fácil de negociar em primeiro lugar pelo lado do Governo, mas também por parte das instituições de Ensino Superior”, declarou o líder do executivo, numa sessão em que o Governo se fez representar pelos ministros da Ciência e Ensino Superior, Manuel Heitor, do Planeamento, Nelson de Souza, de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, e de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, bem como por vários secretários de Estado.

Na sua intervenção, o primeiro-ministro assumiu que o “Contrato da Legislatura” agora assinado não é o fim de um caminho e, nesse sentido, lançou um desafio ao conjunto das entidades científicas de Ensino Superior e empresas em relação à mobilização de fundos europeus de gestão centralizada.

Estamos perante oito anos consecutivos de previsibilidade de recursos para as instituições de Ensino Superior“, referiu, numa alusão ao acordo agora assinado e antes de salientar a importância da “diversificação das fontes de financiamento“.

“Para além dos fundos de gestão nacional que estão no Portugal 2020 e que estarão no Portugal 2030, convém não esquecer que um dos maiores fundos disponíveis na União Europeia é de gestão centralizada: O Horizonte Europa. O esforço que temos de fazer é ir aos concursos centralizados e também sermos capazes de os mobilizar”, defendeu.

De acordo com o primeiro-ministro, Portugal já foi capaz de duplicar a participação e capacidade de mobilização desses recursos, mas tem agora de se propor para atingir outra meta.

No Horizonte Europa temos de voltar a duplicar a nossa capacidade de mobilização desses recursos, apesar de sabermos que as regras estão desenhadas de forma que não favorecem Portugal, reforçando antes o financiamento de instituições de países mais desenvolvidos. Mas temos de fazer das nossas fraquezas forças e temos de ser capazes de competir com essas instituições“, sustentou perante uma plateia de reitores de universidades e institutos politécnicos.

Neste contexto, António Costa alertou para a crescente dificuldade de Portugal ser financiado com base largamente maioritária em fundos de coesão da União Europeia e lançou um desafio às confederações patronais para entrarem “num esforço coletivo de competitividade”.

“É fundamental que este Contrato de Legislatura seja cumprido e que o acordo em negociação na concertação social seja alcançado, porque essa é a garantia que podemos ter que os recursos humanos que vamos formar terão a oportunidade de ter um emprego qualificado no tecido empresarial. Isso só acontecerá se as empresas efetivamente corresponderem também ao esforço que estamos a fazer, remunerando melhor os recursos humanos mais qualificados que vão contratar”, vincou o líder do executivo no seu discurso.

No “Contrato de Legislatura” agora assinado, a meta do Governo para os jovens adultos, entre os 30 e os 34 anos, é que a percentagem de diplomados pelo ensino superior, atualmente nos 34%, atinja em 2023 os 40% e os 50% em 2030.

Atualmente, nesta faixa etária existem 1.500 alunos inscritos no ensino à distância, mas o objetivo do Governo é que sejam 10 mil em 2023 e 15 mil em 2030. Quanto a diplomados neste tipo de ensino espera três mil até ao final da legislatura e 50 mil até 2030.

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