Neste rent-a-car só pode escolher um Model… da Tesla

Dezassete sócios e aficcionados da marca de Elon Musk juntaram-se para criar uma rent-a-car que permite alugar ao dia todos os modelos existentes da Tesla. E até a Tesla gosta do negócio.

O ecrã marca 60% de bateria. Coloca-se o destino, de Lisboa ao Porto. Mais uma paragem obrigatória em Fátima. Para recarregar.

João Marcos Marchante explica, um por um, os passos para fazer uma viagem sem sobressaltos. Quer dizer, mais ou menos: é que, na verdade, João só passa a palavras o que se pode ver no ecrã assente no tablier do Model X, um dos oito automóveis Tesla que a Watts on wheels tem para alugar. Este carro é “anti-erro”, garante.

João é um dos 17 sócios fundadores da empresa, criada por apaixonados e aficionados da Tesla, em particular, e da mobilidade elétrica, em geral. A ideia de começar uma rent-a-car dedicada a veículos elétricos surgiu no grupo de Facebook “Tesla Club de Portugal”. “É um grupo que junta os entusiastas todos de Portugal. Eu estava lá porque gosto dos carros, às vezes dizia coisas que já sabia quando aparecia alguém que sabia ainda menos do que eu. A ideia surgiu no meio de uma conversa a propósito do quinto modelo anunciado pela Tesla e que a marca vai lançar, um Roadster 2, um super carro: faz dos 0 aos 100 em 1,9 segundos, autonomia gigantesca e uma performance brutal comparada com outros ‘supercarros’ e que vai custar 250 mil euros, um preço baixo para um hiper carro. Um elétrico, ninja, espetacular, por 250 mil”, relembra João.

Comentário puxa comentário, a Tesla tinha pré-reservas anunciadas e houve uma pessoa no grupo que propôs, “meio a brincar, meio a sério”, a compra conjunta do carro, numa operação que poderia ser gerida através de um modelo de time sharing. “52 pessoas, 52 semanas num ano, uma para cada investidor. Havia o problema do titular do carro, e surgiu a ideia de criar uma rent-a-car para evitar semanas sem ocupação e fazer render o investimento. Só que uma rent-a-car, por lei, tem de ter pelo menos sete carros”, explica João Marcos Marchante. Foi daí que pareceu surgir a oportunidade de negócio.

No grupo, os mais entusiastas da ideia decidiram marcar encontro presencial. Local escolhido? Fátima. E não foi só por fé no negócio. “Fátima foi onde foi inaugurado o primeiro supercarregador da Tesla em Portugal, é literalmente um ponto de peregrinação na A1″. Esse foi apenas o primeiro encontro. Os sócios juntaram-se mais vezes, numa série de reuniões, e perceberam que o fornecedor poderia bem ser potencial cliente.

Vejamos: a Tesla, como política de manutenção e costumer service, dá um carro de cortesia quando o veículo do proprietário demora mais de quatro horas a ser devolvido. Problema: a Tesla tem carros de cortesia mas, muitas vezes, faltam. “E não há carros destes para alugar em Portugal”, assegura João. Oportunidade: um dono de um carro que anda “a eletrões” não ficará muito satisfeito se, ainda que temporariamente, lhe derem um carro a gasóleo em troca do seu veículo verde. “Juntou-se a fome à vontade de comer porque, por um lado, a Tesla não tinha carros suficientes e queria desfazer-se dessa frota, alugando mais carros. Se esta rent-a-car fosse só Tesla, serviríamos a Tesla para nós próprios. Abordou-se a Tesla de alguma forma: foi uma mistura da brincadeira do Roadster com a lei para abrir uma empresa com um mínimo de sete carros, mais o argumento de ajudar a própria Tesla a servir melhor os seus clientes”, detalha João. Negócio pensado, negócio feito.

Isto é uma experiência, é como ir jantar a um restaurante com duas estrelas Michelin. É uma experiência, sobre rodas.

João Marcos Marchante

Cofundador da Watts on wheels

“Isto é uma experiência, é como ir jantar a um restaurante com duas estrelas Michelin. É uma experiência, sobre rodas”, defende João Marcos Marchante. “Claro que serve para suprir necessidades de mobilidade de alguém mas isso é extremamente redutor”, sublinha.

Lançada no final do ano passado, a Watts on Wheels tem atualmente oito Tesla disponíveis para aluguer — Model S, Model X e Model 3 –, assegurando pelo menos um exemplar de cada modelo lançado pela marca de Elon Musk. Os preços por dia/carro começam nos 165 euros e incluem o seguro contra todos os riscos, uma franquia, caução, carregamentos ilimitados na rede Tesla e não tem limite de quilómetros. O valor por dia diminui mediante a duração do período de aluguer: quantos mais dias, menor o preço diário.

Presença em casamentos

“Este fez uma presença num casamento”, conta João, a propósito do Model X, o maior da Tesla e com espaço para sete pessoas. O carro é único na frota da Watts on wheels e um dos favoritos dos clientes. Estes variam muito em termos de perfil: vão desde mulheres que querem surpreender os seus maridos a um avô que, em vez de comprar um presente ao neto, alugou o seu Tesla favorito para o levar a dar um passeio.

João Marcos Marchante, um dos 16 sócios da Watts on wheels.Hugo Amaral/ECO

O serviço está disponível em duas localizações no país — Lisboa e Porto — e, além do negócio B2C, a Watts on wheels começa agora a dar os primeiros passos em B2B. “Estamos a abordar empresas com posicionamento verde que queiram experimentar, apaparicar um cliente ou tenham, por exemplo, uma bolsa de rent-a-car dentro da empresa”, conta o cofundador. Tudo baseado na simplicidade do serviço.

“Dizemos muito que isto é para tratar como um telemóvel: o cliente chega a qualquer lado, o carro vai carregar como carrega o seu telefone. Como quando chegamos a um restaurante e estamos sem bateria e pedimos se se pode pôr a carregar um bocadinho. É só perguntar se tem uma ficha”, explica.

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Governo perdeu a paciência na TAP. “Deveriam demitir-se”

A TAP apresentou prejuízos de 120 milhões de euros no primeiro semestre, depois de prejuízos históricos em 2018. "Deveriam demitir-se", diz fonte do Governo ao ECO sobre a equipa executiva.

A TAP apresentou prejuízos históricos em 2018, mas a gestão executiva da companhia nomeada por David Neeleman prometeu outros voos em 2019. Só que, no final do primeiro semestre, os resultados foram ainda piores, atingindo os 120 milhões de euros. Foi a gota de água na relação, já deteriorada, entre o Governo e o acionista brasileiro David Neeleman que controla o consórcio privado Atlantic Gateway, com 45% da companhia. “Deveriam demitir-se”, diz ao ECO uma fonte do Governo, referindo-se a Antonoaldo Neves, o presidente executivo da TAP.

A companhia antecipou para sexta-feira à tarde a divulgação de resultados do primeiro semestre — depois de aprovados em conselho de administração — quando percebeu que o Expresso iria noticiar o descalabro das contas, o que veio a suceder este sábado. Assim, de surpresa, a TAP enviou um comunicado às redações com os números de janeiro a julho, que o ECO também noticiou no final da tarde de sexta-feira. “As perdas da companhia aérea portuguesa chegaram quase aos 120 milhões de euros: 110,7 milhões referentes ao primeiro trimestre e nove milhões relativos ao segundo trimestre. Os valores comparam com os 26,4 milhões de euros de prejuízos que a empresa registou no período homólogo”, escreveu o ECO.

Oficialmente, ninguém faz comentários, o tema é sensível porque há eleições a 6 de outubro e foi António Costa, há quatro anos, a decidir que o Estado deveria voltar a ter 50% da companhia, o que, à data, para ser efetivado, levou o Estado a assumir a responsabilidade final por toda a dívida da TAP, coisa de que já se tinha livrado. O Governo, queira ou não, sabe que passou a ser corresponsável pelos resultados da TAP, há comités dentro da companhia que são liderados por membros indicados pelo Estado, e os incentivos criados quando foi renegociada a posição do Estado também contribuíram para a “rédea solta” de David Neeleman na companhia.

Por isso, agora, não há só desconforto ou incómodo, o tema TAP passou a ser prioridade deste Governo no dia seguinte às eleições, se o PS ganhar as eleições, como antecipam as sondagens. O objetivo do Governo não é apenas mudar a equipa de gestão, liderada por Antonoaldo Neves. Já depois das eleições, é a demissão da equipa executiva que estará em cima da mesa, mas o Estado não tem poderes formais para o fazer, no quadro do acordo parassocial que assinou com o consórcio privado. O Estado tem seis elementos no conselho de administração, um deles Diogo Lacerda Machado, nomeia o presidente, Miguel Frasquilho, mas a equipa executiva é da responsabilidade exclusiva dos privados e, dentre eles, de David Neeleman.

O objetivo estrutural é mesmo mudar de acionista, forçando a saída de David Neeleman. Há uma semana, o ECO Insider — newsletter do ECO exclusiva para assinantes — revelou que o Governo já fez contactos com a companhia aérea alemã Lufthansa para substituir Neeleman, mas defende a manutenção do empresário português Humberto Pedrosa, o outro acionista privado da TAP. Este sábado, o Expresso confirma a informação e acrescenta outro candidato: a United.

Se os resultados de 2018 foram apresentados como uma “anormalidade” que seria ultrapassada em 2019, a TAP já sabe, e o Governo também, que os prejuízos vão repetir-se este ano. E acabaram-se as desculpas. No comunicado, a TAP esforça-se por mostrar que o segundo trimestre correu menos mal do que o primeiro e, segundo informações apuradas pelo ECO, o verão ultrapassou os números de 2018. Só que há um “pormaior”. Quando os resultados do primeiro trimestre se verificaram, a gestão executiva decidiu dar um “salto em frente” e apostou na estratégia de encher os aviões com preços de arromba, a baixo custo, para garantir receita. Logo, perante a oportunidade, já está vendida uma parte significativa da oferta para o segundo semestre e já não será possível mudar esses preços mesmo que o mercado apresente uma melhoria significativa. A narrativa da equipa executiva da TAP, agora, é outra: ee os resultados serão negativos, os resultados operacionais vão ser melhores do que em 2018.

Agora, em privado, o bode expiatório da gestão liderada por Antonoaldo Neves e pelo goês com nacionalidade portuguesa Elton D’Souza, que até ao fim de julho esteve à frente da gestão de receitas da TAP, era o chief revenue officer, e passou a liderar a NetJets Europa, uma companhia especializada em aviação para executivos. Mas as desculpas da equipa executiva da TAP já não servem para o Governo, que perdeu a confiança com o episódio dos prémios atribuídos a alguns quadros em cima de prejuízos históricos.

Por lapso, foi referido erradamente que Elton D’Souza era brasileiro. Na verdade, o responsável é goês com nacionalidade portuguesa. Ao visado pedimos as nossas desculpas.

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CDS-PP considera papel de Presidente da República “irrelevante” caso haja maioria na esquerda

  • Lusa
  • 21 Setembro 2019

Assunção Cristas defendeu que o papel do Presidente da República torna-se irrelevante, porque não consegue um equilíbrio, caso o parlamento fique excessivamente virado à esquerda.

A presidente do CDS-PP defendeu este sábado que o papel do Presidente da República torna-se irrelevante, porque não consegue um equilíbrio, caso o parlamento fique excessivamente virado à esquerda e deu como exemplo o veto da procriação medicamente assistida.

“O Parlamento com dois terços pode superar esse veto do Presidente da República, portanto, na prática quem acha que não haverá um grande problema, porque há sempre um Presidente da República para equilibrar o sistema, o drama é que pode não haver equilíbrio para fazer, porque com um parlamento excessivamente virado à esquerda, de facto, o papel do Presidente torna-se irrelevante”, defendeu Assunção Cristas.

Questionada se não pode ser usada a magistratura de influência, Assunção Cristas admitiu que “há muitos mecanismos para utilizar, mas, na prática, num parlamento de dois terços supera qualquer veto presidencial, seja no domínio político, seja no domínio da inconstitucionalidade”.

A líder justificava aos jornalistas o porquê de ter chamado o Presidente da República à entrevista que deu ao jornal Expresso, no decorrer de uma visita à Barragem de Fagilde, em Mangualde, na sua passagem hoje pela região de Viseu.

Como exemplo do “drama que pode existir pela falta de equilíbrio”, Assunção Cristas deu o exemplo da procriação médica assistida que o Tribunal Constitucional vetou esta semana e que o chefe de Estado enviou novamente para a Assembleia da República.

“A forma que encontrei para sinalizar, mais uma vez, o momento crítico em que temos, se as pessoas do espaço político de centro e de direita desmobilizarem ou se acharem que mais vale uma maioria para o Partido Socialista, porque isso liberta dos partidos de esquerda mais radical, pode ser que, mesmo as pessoas não o querendo, pode ter como consequência dois terços dos votos à esquerda e isso é muito grave”, reforçou.

Questionada sobre o regresso de Manuel Monteiro ao CDS-PP e se as divergências do passado estavam sanadas, a líder contou que soube pelos jornais e limitou-se a dizer que “o mais importante, nesta fase, é que todos os votos no espaço político de centro e de direita sejam expressos (…) e todos os votos são necessários e todos os apoios muito bem-vindos”.

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Rui Rio promete menos impostos e aumento “moderado” da despesa pública

  • Lusa
  • 21 Setembro 2019

O presidente do PSD está este sábado em Paris e perante a comunidade portuguesa em França prometeu uma "revolução" na redução dos impostos, assim como um aumento "moderado" na despesa pública.

O presidente do PSD está este sábado em Paris e perante a comunidade portuguesa em França prometeu uma “revolução” na redução dos impostos, assim como um aumento “moderado” na despesa pública.

“Uma das coisas em que apostamos é em baixar a carga fiscal em Portugal. Não é que seja uma revolução de baixa de impostos que nos vai fazer ganhar as eleições. A revolução não é a quantidade ou o tanto de impostos que vamos baixar, a revolução é começar a baixar os impostos ao contrário do que acontece com o Partido Socialista que vai sempre subindo ao longo do tempo”, disse Rui Rio, presidente do PSD, num discurso à comunidade portuguesa em Paris.

O presidente do PSD está este sábado na região parisiense, tendo começado o dia numa visita à empresa Les Dauphins, que produz e equipa ambulâncias, e encontrado a comunidade portuguesa na Associação Franco-Portuguesa de Puteaux, onde discursou.

Rui Rio mencionou ainda como pretende levar a cabo esta descida de impostos. “Aquilo que vão ser as margens orçamentais dos próximos quatro anos, nós vamos usar uma parte disso para baixar os impostos. As pessoas não podem continuar a pagar impostos desta maneira, mas isso exige-nos também ter contenção dos gastos públicos e da despesa pública”, indicou o líder partidário.

O social-democrata prometeu também um aumento da despesa pública. “Temos também uma previsão do aumento da despesa pública, mas um aumento muito mais moderado do que tem sido ao longo dos anos desde o 25 de abril”, referiu Rui Rio.

A visita do presidente do PSD vai continuar durante a tarde com um almoço com os autarcas num restaurante localizado junto aos Invalides, em Paris, e ainda uma visita à Câmara de Comércio e Indústria Franco-Portuguesa de Paris.

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OPA da Cofina à Media Capital: Sindicato dos Jornalistas quer mais esclarecimentos sobre negócio

  • Lusa
  • 21 Setembro 2019

SJ lembra que “lamentavelmente, este tipo de fusões tem-se traduzido em cortes de pessoal e emagrecimento de redações". Considera fulcral reunir-se com as administrações dos dois grupos.

O Sindicato dos Jornalistas (SJ) disse este sábado que vai voltar a pedir esclarecimentos sobre o impacto editorial e laboral da compra da Media Capital pelo grupo Cofina. A Cofina SGPS anunciou que chegou a acordo com a espanhola Prisa para comprar a totalidade das ações que detém na Media Capital, valorizando a empresa dona da TVI em 255 milhões de euros.

O SJ que, há um mês, manifestou preocupação com o negócio Cofina/Prisa, tendo questionado as administrações de ambas as empresas, vai voltar assim a pedir esclarecimentos sobre o impacto editorial e laboral da compra do Grupo Media Capital pelo grupo Cofina.

“Quando, há um mês, o SJ pediu reuniões com as administrações da Cofina e do Grupo Media Capital, ambas se escudaram no facto de ainda não haver negócio e, portanto, não haver razões para receber o SJ. Como agora já há, o SJ vai voltar a escrever-lhes”, refere.

O SJ considera que a excessiva concentração dos media tem repercussões ao nível da pluralidade e qualidade da informação e, nesse sentido, que a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) tem de se pronunciar rapidamente sobre o negócio em curso.

"Lamentavelmente, este tipo de fusões tem-se traduzido em cortes de pessoal e emagrecimento de redações, pelo que considera fulcral reunir-se com as administrações dos dois grupos no sentido de antecipar o impacto laboral de uma eventual fusão e de proteger os direitos dos jornalistas.”

Sindicato dos Jornalistas

A Cofina é dona dos órgãos de informação Jornal de Negócios, Correio da Manhã, Record, CMTV, Sábado, entre outros. Já a Media Capital detém a TVI e a Rádio Comercial. “Recorde-se que a Prisa, que controla a Media Capital, não obteve luz verde da Autoridade da Concorrência para vender a empresa à Altice em 2017“, sinaliza ainda o sindicato.

O SJ assinala que, por norma, e “lamentavelmente, este tipo de fusões tem-se traduzido em cortes de pessoal e emagrecimento de redações, pelo que considera fulcral reunir-se com as administrações dos dois grupos no sentido de antecipar o impacto laboral de uma eventual fusão e de proteger os direitos dos jornalistas”.

“Essa proteção de direitos é a maior preocupação do SJ, que tem estado em contacto com os seus associados em ambos os grupos, manifestando-lhes que está à sua disposição para o que entenderem ser necessário”, refere.

Paulo Fernandes garante que não haverá despedimentos

Numa carta enviada aos trabalhadores, a que a agência Lusa teve acesso, o presidente do Conselho de Administração da Cofina SGPS, Paulo Fernandes, garantiu que o acordo com a espanhola Prisa pretende manter “linhas editoriais” e “todos os profissionais” dispostos a colaborar no novo projeto.

“Após um intenso período negocial, foi concluído um importante passo no sentido de assegurar o desenvolvimento e o crescimento da empresa e a sua sustentabilidade futura”, refere o responsável, especificando que os ativos detidos pela Cofina terão uma ampla complementaridade com os ativos detidos pela Media Capital, partilhando valores como a independência, a total autonomia das linhas editoriais dos diversos meios, e a sustentabilidade financeira.

Esta aquisição garante a existência de um grupo de media independente e capaz de reforçar o papel que os media têm enquanto pilar essencial à vida de uma sociedade democrática”, lê-se ainda no documento.

"O novo Grupo Cofina constituir-se-á como uma plataforma capaz de assegurar aos portugueses uma oferta diversificada de conteúdos de informação e entretenimento, através da imprensa escrita, televisão e rádio, seja offline ou online.”

Paulo Fernandes

Presidente do Conselho de Administração da Cofina SGPS

No que diz respeito à atividade de produção, segundo Paulo Fernandes, “o caminho passará por intensificar a criação de conteúdos de perfil exportador, tendo em vista a transposição para a legislação nacional da designada diretiva Netflix”.

“O novo Grupo Cofina constituir-se-á como uma plataforma capaz de assegurar aos portugueses uma oferta diversificada de conteúdos de informação e entretenimento, através da imprensa escrita, televisão e rádio, seja offline ou online”, reforça.

Caso a aquisição venha a ser aprovada pelos reguladores, o seu financiamento estará assegurado através de crédito bancário já aprovado e da realização de um aumento de capital, como foi hoje comunicado ao mercado.

“Excluindo a percentagem do capital em free-float [capital disperso], o aumento de capital está garantido em mais de 50% pelos atuais acionistas de referência, sendo, no entanto, possível que entrem novos investidores com posições qualificadas”, explica o líder da Cofina.

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Baixos salários afastam militares das Forças Armadas, diz Gomes Cravinho

  • ECO
  • 21 Setembro 2019

Numa altura em que Portugal tem menos cerca de quatro mil militares do que precisava, o ministro da Defesa Nacional aponta para os baixos salários como um desincentivo.

Os baixos salários são um dos fatores para que os militares abandonem as Forças Armadas, segundo o ministro da Defesa Nacional. Em entrevista à TSF (acesso livre), João Gomes Cravinho explicou que faltam quatro mil profissionais para fazer face às necessidades do país.

“Os salários não são altos, o estado não tem salários altos; ao longo dos anos, é algo que se tem vindo a sentir muito em todas as áreas do Estado. Mas o problema central não está na carreira daqueles que entram para os quadros permanentes, mas sim na retenção dos contratados. São recrutados por um período de seis anos e saem ao fim de dois ou três”, afirmou o ministro sobre as razões para muitas pessoas interromperem o contrato.

Apesar de faltarem menos cerca de quatro mil militares às Forças Armadas portuguesas, o ministro rejeita que haja a hipótese de um regresso ao serviço militar obrigatório (SMO) e diz que não vê essa necessidade atualmente.

“A questão do SMO em que jovens que, quer queiram quer não, são obrigados a passar um certo período de tempo a desempenhar nas Forças Armadas para as quais não se sentem particularmente vocacionados, essa ideia pertence a um outro tempo, não corresponde ao tipo de exército e forças armadas profissionais que nós precisamos hoje em dia“, sublinhou.

No entanto, o ministro reconhece que é necessário um grande esforço devido à falta de recursos, nomeadamente no que diz respeito à componente terrestre. Nesse sentido, o Governo está a estudar a possibilidade de criação de “um quadro permanente de efetivos no Exército e na Força Aérea, tal como existe na Marinha”.

Questionado sobre o contributo para a NATO, João Gomes Cravinho acrescentou que espera que Portugal cumpra os 2% de Orçamento do Estado para a Defesa no prazo de cinco anos, tal como ficou estipulado com a Aliança Atlântica, em declarações ao programa O Estado do Sítio, da TSF.

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Vistos gold: Investimento sobe 80,6% em agosto para 82,5 milhões de euros

  • Lusa
  • 21 Setembro 2019

Nos primeiros oito meses do ano, o investimento captado totalizou 553 milhões de euros, ligeiramente abaixo dos 555 milhões de euros registados um ano antes.

O investimento captado através dos vistos ‘gold’ subiu 80,6% em agosto, face a igual período de 2018, para 82,5 milhões de euros, segundo contas feitas pela Lusa com base nos dados estatísticos do SEF. Em agosto, o investimento total proveniente de Autorizações de Residência para Atividade de Investimento (ARI) atingiu 82.536.421,03 euros, uma subida de 80,6% face ao registado em igual mês do ano passado (45,6 milhões de euros).

Relativamente a julho (98,2 milhões de euros), o investimento captado por via deste instrumento recuou 16%. Do total do investimento captado em agosto, 76 milhões de euros correspondem à atribuição de vistos ‘gold’ por via do requisito de aquisição de bens imóveis, enquanto os restantes 6,4 milhões de euros resultam da concessão de ARI mediante o critério de transferência de capitais.

No mês passado foram atribuídos 147 vistos, dos quais 140 resultantes da compra de bens imóveis, seis por via da transferência de capitais e um pela criação de, pelo menos, 10 postos de trabalho. Do total de vistos concedidos com a compra de imóveis, 40 corresponderam à aquisição tendo em vista a reabilitação urbana.

Nos primeiros oito meses do ano, o investimento captado totalizou 553 milhões de euros, ligeiramente abaixo dos 555 milhões de euros registados um ano antes.

Em quase sete anos – o programa ARI foi lançado em outubro de 2012 –, o investimento acumulado até agosto totalizou 4.802.871.680,23 euros, com a aquisição de imóveis a somar 4.337.808.884,78 euros. Os vistos “dourados” atribuídos por via da transferência de capital ascendem a 458.567.392,61 euros.

Desde a criação deste instrumento, que visa a captação de investimento, foram atribuídos 7.885 ARI: dois em 2012, 494 em 2013, 1.526 em 2014, 766 em 2015, 1.414 em 2016, 1.351 em 2017, 1.409 em 2018 e 923 em 2019.

Até agosto último, em termos acumulados, foram atribuídos 7.431 vistos ‘gold’ por via da compra de imóveis, dos quais 397 tendo em vista a reabilitação urbana. Por requisito da transferência de capital, os vistos concedidos totalizam 437 e foram atribuídos 17 por via da criação de, pelo menos, 10 postos de trabalho.

Por nacionalidades, a China lidera a atribuição de vistos (4.369), seguida do Brasil (817), Turquia (363), África do Sul (311) e Rússia (279). Desde o início do programa foram atribuídas 13.364 autorizações de residência a familiares reagrupados, das quais 1.549 este ano.

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OPA da Cofina à Media Capital. Estes são os grandes números da operação

Com o apoio do empresário Mário Ferreira e o banco Abanca, a dona do Correio da Manhã está próxima de fechar a compra da dona da TVI. A operação foi lançada este sábado no mercado.

O negócio de compra da Media Capital pela Cofina está mais próximo de ficar fechado. O grupo que detém o Correio da Manhã lançou este sábado o anúncio preliminar da oferta pública de aquisição (OPA) sobre a totalidade das ações da dona da TVI, em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Para a operação — que conta com o empresário Mário Ferreira e o banco Abanca como novos parceiros — se concretize, há cinco condições principais que têm de estar cumpridas. Estes são os grandes números do negócio:

2,1322

A dona do Correio da Manhã propõem-se pagar 2,3336 euros por cada ação da dona da TVI que não é controlada pela Prisa e 2,1322 euros pelas mais de 80 milhões de ações que estão nas mãos do grupo espanhol.

255 milhões

Assim, a oferta global ascende a 180 milhões de euros. A Cofina vai ainda assumir a dívida da dona da TVI de 75 milhões de euros. Incluindo este montante de dívida (enterprise value), a operação de compra da Media Capital envolve cerca de 255 milhões de euros, como o ECO tinha avançado em primeira mão.

2,48

A 17 de setembro, a CMVM suspendeu a negociação das ações da Cofina e da Media Capital, à espera de novidades sobre as “conversações intensas” que anteciparam o anúncio da OPA. Antes desta suspensão, cada ação do grupo que detém a TVI valia 2,48 euros na bolsa de Lisboa.

170,6 milhões

Agora, a Prisa aceitou vender “a totalidade da participação que tem na sua filial Vertix” que, por sua vez, detém 94,69% da Media Capital. Nesta OPA, a avaliação da empresa em 255 milhões de euros “pressupõe um preço de 170.635.808,30 euros pela participação indireta da Prisa na Media Capital”.

76,4 milhões

Segundo as contas da Prisa, este montante traduz-se numa “perda contabilística estimada nas contas consolidadas da Prisa de 76,4 milhões de euros e nas contas individuais da Prisa de aproximadamente 77,4 milhões de euros”, refere o mesmo comunicado ao mercado.

50%

O sucesso do negócio aguarda por luz verdade da autoridade da Concorrência e da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) mas também dos acionistas da Prisa. Mas depende também de um aumento de capital bem-sucedido na Cofina: o financiamento está assegurado através de crédito bancário já aprovado e da realização de um aumento de capital.

Excluindo a percentagem do capital em free-float, o aumento de capital está garantido em mais de 50% pelos atuais acionistas de referência, sendo, no entanto, possível que entrem novos investidores com posições qualificadas, como admitiu a Cofina.

270 milhões

A Cofina faturou 89,9 milhões de euros em 2018, dos quais mais de 12 milhões na CMTV e 76 milhões no segmento de imprensa, enquanto a Media Capital registou uma faturação de 181 milhões de euros, dos quais 151 milhões de euros da TVI. Face aos resultados de 2018, o novo grupo conjunto terá uma faturação acumulada superior a 270 milhões de euros.

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“Vamos todos ter de investir mais para estar protegidos” contra ataques como o da Arábia Saudita

Drones usados no ataque ao maior produtor de petróleo do mundo revelam vulnerabilidade da economia, segundo Gomes da Silva. Gestor acredita que todos os setores terão de reforçar a cibersegurança.

Os ataques com drones a duas refinarias petrolíferas na Arábia Saudita mostram a vulnerabilidade da economia a riscos cibernéticos, segundo o CEO da Galp Energia. Ao ECO, Carlos Gomes da Silva diz que será necessário maior investimento não só por parte das petrolíferas, mas em todas as indústrias para aumentar a cibersegurança.

“Só revela uma coisa: os temas da cibersegurança são temas que hoje estão para além das fronteiras e afetam a economia de uma perspetiva global. É um alerta do ponto de vista económico, de impacto ao nível da economia, devemos estar mais sensíveis, mais atentos“, afirmou Gomes da Silva, sobre os ataques que aconteceram no fim de semana passado, em declarações ao ECO, à margem dos IRGAwards.

O grupo rebelde do Iémen Huthis usou drones para atacar a petrolífera estatal saudita Saudi Aramco, levando a uma quebra de metade da capacidade do maior produtor de petróleo do mundo. Os ataques provocaram uma forte valorização do preço do Brent para mais de 70 dólares. Depois da escalada, com a garantia de reestabelecimento da produção até ao final do mês a cotação do barril recuou até aos 64,50 dólares.

Carlos Gomes da Silva rejeita que a subida dos preços seja um prémio de risco adicional específico da indústria petrolífera e acredita que toda a economia terá de comportar os custos associados à cibersegurança.

“Não é um tema de uma indústria. É da economia global. Essa é precisamente a questão que deve ser tida em consideração. Devemos olhar para isto como um farol para o que a economia toda está exposta“, disse.

“Naturalmente que os mercados ajustam-se, ajustaram-se imediatamente e tiveram capacidade de responder. O prémio de risco é um prémio de risco que tem a ver com uma nova realidade e que é transversal. Vamos todos ter de investir mais em todas as indústrias e em todas as áreas do conhecimento para que estejamos todos mais protegidos em relação a riscos como a cibersegurança“, acrescentou o CEO da Galp.

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As cinco condições para o sucesso da OPA da Cofina à TVI

Há cinco condições que devem ser satisfeitas para que a compra da Media Capital pela Cofina possa avançar. Em causa está uma operação avaliada em 255 milhões de euros.

Para que a compra da TVI por parte da Cofina tenha sucesso é necessário que estejam reunidas algumas condições nomeadamente que a Autoridade da Concorrência não se oponha ao negócio, mas também que a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) dê luz verde à operação tal como os acionistas da Prisa. Mas há mais.

De acordo com o comunicado que a Cofina enviou ao mercado na manhã de sábado, há cinco condições que devem ser satisfeitas para que o negócio possa avançar. Em causa está uma operação, avaliada no total de 255 milhões de euros, envolve uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) de cerca de 180 milhões de euros e a dívida da própria Media Capital, de cerca de 75 milhões de euros.

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Dos clássicos aos desportivos, de 1911 a 2010. Maior coleção de carros portuguesa vai hoje a leilão

Entre os mais de 130 automóveis da coleção de Ricardo Sáragga, o mais valioso é o Bentley de 1931 e o mais barato é o português Sado 550. Há 790 mil euros a separá-los.

São mais de 130 automóveis, dos clássicos aos desportivos, com datas que vão desde 1911 a 2010. Assim é a maior coleção de carros portuguesa, avaliada em dezenas de milhões de euros, que vai este sábado a leilão na Comporta. Com um valor de 800 mil euros, a estrela é o Bentley de 1931.

A coleção, que se encontra em Alcácer do Sal, reúne muitos dos veículos adquiridos em mais de 30 anos por Ricardo Sáragga, que pretende desfazer-se destes automóveis para poder concentrar-se num lote mais reduzido. “Tenho prazer em utilizar os meus carros, pelo que quero concentrar-me num grupo mais pequeno”, disse, em julho, o colecionador, acrescentando que a decisão, contudo, “não foi fácil”.

De Ferraris a Mercedes, passando pelos Porsches ou pelos Bentleys, os preços dos automóveis começam nos dez mil euros e conseguem chegar aos 800 mil euros. O carro mais caro a ir a leilão é o Bentley 8-Litre Tourer, modelo dos quais foram produzidas apenas 100 unidades.

Em 1930, quando foi apresentado, em Londres, este automóvel impressionou os jornalistas especializados da época, com o The Sphere a descrever o novo 8-Litre como um “dos melhores exemplos de sempre da qualidade da engenharia automóvel britânica”.

Um dos veículos mais baratos do leilão é um produto nacional: o Sado 550. Este automóvel, de 1983, é um dos cerca de 500 que foram produzidos em Setúbal. Uma espécie de “microcarro”, que “era perfeito para as ruas estreitas de Portugal”, lê-se no catálogo que agrega os carros leiloados. O valor fixa-se nos dez mil euros.

A par do português — precisamente com o mesmo valor — está o Mini 1000 de 1973 e o Fiat Panda Cross 4×4 de 2007.

O português Sado 550 de 1983.

O leilão conta, ainda, com o primeiro Mercedes produzido com suspensão independente nas quatro rodas — o Mercedes-Benz 170 Cabriolet C, de 1934 –, o Alpine-Renault inspirado nos ralis e alguns exemplares únicos, quer pela sua cor, quer por alguns detalhes que possuem.

Veja aqui alguns dos automóveis que vão este sábado a leilão:

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Ministro do Ambiente diz que centrais a carvão podem encerrar a meio da década

  • Lusa
  • 21 Setembro 2019

O ministro disse que espera chegar a 2025 com uma central encerrada (Pego) e a outra (Sines) ou encerrada também ou prestes a encerrar, antes das metas previstas pelo próprio Governo.

A central termoelétrica de Sines pode encerrar a meio da próxima década, bastante antes da data limite inicialmente avançada pelo Governo, admite o ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes.

O Governo, no âmbito dos objetivos de atingir a neutralidade carbónica em 2050, decidiu encerrar até 2030 as duas centrais termoelétricas, Pego e Sines. Mas em maio passado o ministro João Pedro Matos Fernandes avançou que o Governo quer encerrar a central de produção de eletricidade a carvão do Pego em 2022, não se comprometendo com uma data para Sines.

Agora, numa entrevista à Agência Lusa a propósito da cimeira sobre o clima que se realiza na segunda-feira em Nova Iorque, o ministro disse que espera chegar a 2025 com uma central encerrada (Pego) e a outra (Sines) ou encerrada também ou prestes a encerrar.

Lembrando que Portugal já se comprometeu com o “abandono do carvão” em 2030, data com a qual está “confortável”, João Pedro Matos Fernandes acrescentou que esse compromisso pode ser “antecipado em alguns anos”.

O sucesso que tivemos com o recente leilão do solar [energia solar, em julho] diz-nos que se o compromisso que Portugal tem é de 2030 provavelmente vamos chegar a 2025, eu direi, certamente com uma das duas centrais encerrada e a outra se não estiver encerrada estará perto de encerrar”, afirmou.

O ministro explicou que para encerrar as duas centrais a carvão é preciso haver a garantia de que o país tem capacidade de produção a partir de fontes renováveis, compensando essa falta sem importar energia.

“Hoje não conseguimos isso, mas com os 1,4 gigawatts do leilão que já aconteceu, com uma igual dimensão do leilão do próximo ano e do ano a seguir”, há todas as condições para concretizar os projetos de produção de energia solar, disse Matos Fernandes.

“Não sei se é público, mas findo o leilão havia três semanas para se depositar as cauções e todas as 16 empresas depositaram as cauções e se comprometeram com um prazo de três anos para terem os projetos concretizados. A correr assim bem, sim, nós vamos poder antecipar num bom par de anos a data de 2030, com um ganho significativo no que às emissões diz respeito”, frisou o ministro.

Prestes a partir para Nova Iorque, onde vai participar na cimeira sobre o clima convocada pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, João Pedro Matos Fernandes leva na bagagem o Roteiro para a Neutralidade Carbónica (anunciado no final do ano passado em Lisboa) e o facto de Portugal ter sido o primeiro país do mundo a apresentar essas metas concretas para fazer face às alterações climáticas.

Na entrevista à Lusa, o ministro reconhece que são grandes as responsabilidades e ambições de Portugal, mas assinala por outro lado que para que em 2050 o país não produza mais gases com efeito de estufa do que os que pode “eliminar” são precisos 85 mil milhões de euros.

Em democracia a transição tem de ser feita de forma justa e com aceitação popular”, sustenta, comentando depois que os que defendem já para 2030 a neutralidade carbónica têm uma “visão desviada” de quem acha que para se ser neutro é só fechar “meia dúzia de chaminés”.

A verdade é que, diz, para se ser neutro em carbono é preciso substituir os quase cinco milhões de veículos que existem em Portugal, quadruplicar a capacidade de produção de eletricidade a partir de fontes renováveis, tornar milhões de edifícios neutros do ponto de vista carbónico. Em 10 anos é impossível, garante.

Mas garante também que o caminho está a ser feito, que no ano passado e neste ano a quota de carros a diesel se reduziu e que em 2030 ainda serão menos, mesmo que nesse ano, dos carros que circularem nas estradas, dois terços ainda sejam movidos a combustíveis fósseis.

Se por um lado as metas não são mutáveis há por outro lado flexibilidade “no caminho para o cumprimento”, diz o ministro, acrescentando que vai haver também certamente “boas notícias”, da indústria, da tecnologia, de novas formas de ser mais eficiente, sustentável e hipocarbónico.

Otimista, João Pedro Matos Fernandes fala na entrevista do “financiamento sustentável”, onde Portugal também lidera, e lembra que recentemente foi assinado um protocolo com todas as instituições financeiras, no sentido de valorizarem os empréstimos que tenham preocupações com o risco ambiental. Aliás, recorda, no novo ciclo de financiamento comunitário 25% das verbas do Fundo de Coesão e do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional serão associadas à ação climática.

E na próxima semana, lembra também Matos Fernandes, Portugal vai antecipar em um ano a entrega da estratégia de longo prazo para a ação climática, prevista no Acordo de Paris.

É esta noção clara de responsabilidade (de liderança no processo de luta contra as alterações climáticas), resume, que Portugal leva à cimeira de Nova Iorque

No entanto, avisa: “Pensam mesmo mal os que acham que se Portugal vai à frente deve relaxar um bocadinho para, sendo uma economia de dimensão intermédia à escala mundial, tentar colocar-se também numa posição intermédia na sua ambição”.

Ao contrário, garante o ministro, Portugal deve manter-se como país dos mais ambiciosos nesta luta. Muito além do bom nome há ganhos para a economia e para o bem-estar dos cidadãos por o país estar “na linha da frente” dessa transição.

“Esses 85 mil milhões de euros a mais representam também um aumento do PIB entre os 0,8 e 01% da criação de riqueza em cada ano. Porque cada vez mais falar de ambiente, nos dias que correm, é falar de investimento, mormente investimentos na produção e armazenamento de energia a partir de fontes renováveis, é falar em novas formas de produzir, em novas formas de consumir, é falar numa melhor gestão de recursos”, observa.

E é precisa uma nova forma de pensar e de agir, são precisas mudanças de comportamento. Diz o ministro que se de facto foi a espécie humana quem provocou as alterações climáticas tem de ser ela a resolvê-las. Não se pode é apostar nas mesmas formas e processos que levaram à degradação para agora tirar o planeta da crise climática.

E no final, defende: “Não vamos demasiado tarde”.

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