Deco quer que Banco de Portugal tome posição e limite comissões MB Way

  • Lusa
  • 9 Julho 2019

Deco já recebeu 14 mil reclamações sobre as comissões do serviço MB Way e quer que o Banco de Portugal aplique aos serviço os mesmos limites de comissões cobradas aos comerciantes.

A Deco considera que o Banco de Portugal não pode ‘lavar as mãos’ e tem de ter uma posição firme sobre as comissões do serviço de pagamentos MB Way, defendendo os mesmos limites de comissões cobradas aos comerciantes.

“Voltamos a reivindicar, junto do Banco de Portugal, que emita uma recomendação através da qual o regulador assuma a sua inequívoca posição sobre o comissionamento bancário, em particular no que respeita às transferências realizadas por MB Way, dadas as suas especificidades e limitações (inclusive de valor)”, lê-se na posição divulgada esta segunda-feira pela associação de defesa do consumidor.

Para a Deco, tal como existem limites para as comissões cobradas pelos bancos aos comerciantes nos pagamentos com cartões (de 0,2% nos cartões de débito e 0,3% nos cartões de crédito), “os mesmos deveriam ser aplicados aos consumidores na ‘app’ (aplicação) MB Way”.

A Deco diz que dos 14 mil consumidores que já reclamaram das comissões do serviço MB Way, na ação que tem atualmente em curso, em alguns casos está em causa a ação do Banco de Portugal, que está a dar uma reposta estandardizada em que se desculpabiliza na falta da lei e no facto de haver no MB Way um serviço efetivamente prestado.

Segundo a Deco, não se pode “aceitar que o regulador afaste responsabilidades pelo facto de a lei não explicitar que determinada comissão é proibida ou elevada”, além de que considera que o supervisor e regulador bancário está a esquecer-se de princípios como proporcionalidade, transparência e lealdade na avaliação destas comissões.

“É verdade que não compete ao regulador bancário ‘fixar ou restringir o valor das comissões associadas aos produtos e serviços comercializados pelas instituições supervisionadas’, como refere na resposta aos consumidores. Porém, compete-lhe, enquanto supervisor comportamental, garantir um relacionamento transparente entre bancos e clientes”, afirma a Deco, considerando que o que se passa é um “lavar de mãos” da entidade liderada por Carlos Costa.

A associação considera que essa posição do banco central colide mesmo com os seus objetivos de promover os instrumentos de pagamento digitais, ajudando ao combate à fraude e ao branqueamento de capitais.

A Deco recorda que recentemente o Banco de Portugal interveio junto da Caixa Geral de Depósitos (CGD), o que levou o banco público a recuar na decisão de deixar de pagar juros de depósitos de poupança quando fossem inferiores a um euro, pelo que o mesmo deve fazer no caso das comissões do serviço de pagamentos MB Way.

A Deco diz que a cobrança de comissões no MB Way pelos bancos tem como objetivo “a promoção ou venda das contas pacote, através das quais os bancos esperam engrossar, ainda mais, as suas receitas por via das comissões”.

As comissões, refere, representam mais de metade do total das receitas das entidades bancárias.

O MB Way é uma aplicação para telemóveis que permite efetuar compras, pagamentos ou transferências de dinheiro sem ser necessária a utilização física de cartões de débito e de crédito.

Foi desenvolvida pela SIBS, empresa detida pelos bancos e gestora da rede multibanco, tendo atualmente mais de um milhão de utilizadores.

Depois de nos últimos anos este sistema ter sido gratuito (os clientes não pagam pelas transferências), este ano já BPI e BCP passaram a cobrar e em setembro será a vez do Santander Totta. Outros bancos poderão seguir-se.

Recentemente, vários banqueiros vieram também queixar-se da isenção de encargos para os clientes que usam o sistema multibanco. Em Portugal é proibido por lei cobrar por operações no multibanco.

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5 coisas que vão marcar o dia

No dia em que o ministro da Habitação vai ao Parlamento, também o ministro da Educação vai responder às perguntas dos deputados. Votações sobre Lei Laboral prosseguem.

Esta terça-feira, o ministro da Habitação e o da Educação vão ao Parlamento, enquanto os deputados prosseguem a votação da Lei Laboral. O INE divulga o Inquérito de Conjuntura ao Investimento e o Banco de Portugal publica as Estatísticas Monetárias e Financeiras.

Ministro da Habitação responde aos deputados

O ministro das Infraestruturas e da Habitação vai ser ouvido, esta terça-feira, na Comissão de Ambiente, Ordenamento do Território, Descentralização, Poder Local e Habitação. Pedro Nuno Santos vai responder às perguntas dos deputados sobre a aprovação por parte do Executivo de António Costa que permite ao Fundo de Reabilitação do Edificado (FNRE) adjudicar diretamente 1.400 milhões de euros do Fundo de Estabilização da Segurança Social. Isto sem que tal transferência esteja sujeita às regras do Código dos Contratos Públicos (CCP).

Como evoluiu a concessão de crédito em maio?

O Banco de Portugal (BdP) publica, esta terça-feira, as Estatísticas de Instituições Financeiras e Monetários. Em causa estão dados relativos a maio que indicam como evoluiu a concessão de crédito às famílias, tanto para habitação como para consumo, bem como dados sobre as aplicações em depósitos. Em abril este indicador sofreu uma quebra para o nível mais baixo dos últimos sete meses — 563,7 milhões de euros. O recuo no crédito automóvel explica o recuo.

Ministro da Educação vai ao Parlamento

Pouco mais de uma semana depois de ter terminado o prazo para os professores decidirem como preferem recuperar os dois anos, nove meses e 18 dias descongelados, o ministro da Educação vai ao Parlamento. Tiago Brandão Rodrigues vai responder às perguntas dos deputados sobre a política geral do seu ministério ao longo desta legislatura, que termina já em outubro. Isto num momento em que ainda não é conhecido o número de docentes que escolheram fasear os tais dois anos descongelados, em vez de os receberem por completo no momento da sua próxima progressão. Do lado dos professores, continua-se a insistir na recuperação não de dois anos, mas de nove anos, quatro meses e dois dias.

INE publica Inquérito de Conjuntura ao Investimento

O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga, esta terça-feira, o Inquérito de Conjuntura ao Investimento, relativo ao primeiros seis meses do ano. De acordo com os dados publicados em janeiro, o investimento empresarial em 2019 deveria subir 4,4% este ano, dinamizado pelas empresas de maior dimensão. “De acordo com os resultados apurados no Inquérito de Conjuntura ao Investimento de outubro de 2018 (com período de inquirição entre 1 de outubro de 2018 e 17 de janeiro de 2019), o investimento empresarial em termos nominais deverá apresentar um crescimento de 4,4% em 2019″, lia-se na nota divulgada no início do ano.

Prosseguem votações da revisão do Código do Trabalho

Os deputados continuam, esta terça-feira, as votações das propostas para a revisão do Código do Trabalho. Até ao momento, o Parlamento já aprovou a limitação da renovação dos contratos a prazo, o alargamento do período experimental para jovens à procura do primeiro emprego e para desempregados de longa duração e a aplicação de uma nova taxa de rotatividade sobre as empresas que recorram excessivamente aos contratos a termo. Está em cima da mesa esta terça-feira, entre outras matérias, o alargamento aos trabalhadores do privado da dispensa de três horas para levar os filhos à escola no primeiro dia do ano letivo, que foi aprovada pelo Executivo para a Função Pública. Depois de concluídas as votações indiciárias, as propostas terão ainda de passar pela Comissão do Trabalho antes de subir a plenário.

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Lágrimas em Londres nos primeiros despedimentos no Deutsche Bank. Estes são os maiores “layoffs” do século

  • ECO
  • 9 Julho 2019

Banco iniciou reestruturação em Londres, com as primeiras centenas de despedimentos de um plano que afetará 18.000 trabalhadores. Deutsche Bank não figura sequer nos maiores layoff do século.

O Deutsche Bank começou esta segunda-feira de manhã a cortar as primeiras centenas de postos de trabalho no seu banco de investimento em Londres, dando início ao agressivo plano de reestruturação que vai afetar 18.000 trabalhadores e custar cerca de 7,5 mil milhões de euros nos próximos três anos.

Funcionários do Deutsche Bank foram vistos a abandonar a sede do banco na City londrina com grandes envelopes contendo os detalhes dos seus despedimentos, testemunhou a agência Bloomberg. Muitos formaram fila dentro das instalações à espera de conhecer o seu destino junto dos recursos humanos. Alguns traders estavam visivelmente abalados, não contendo as lágrimas. Outros foram em direção ao bar Balls Brothers, que fica na vizinhança, talvez para afogar as mágoas num copo.

Os escritórios em Londres empregam cerca de 7.000 trabalhadores e era na capital financeira da Europa onde o Deutsche Bank tinha o seu braço de investimento. O banco de investimento é principal alvo do plano de reestruturação anunciado este domingo. Vai ser cortado ao meio: uma metade será liquidada, a outra vai ser integrada na unidade de retalho.

Antes de Londres amanhecer, já as equipas de mercados de ações do Deutsche Bank de Sidney (Austrália) a Bombaim (Índia) sabiam dos seus destinos. Mas na capital do Reino Unido tudo está a ser sentido de outra forma. Com o Brexit, muitos dos bancos internacionais estão a deslocar operações para outras cidades europeias, com Dublin e Frankfurt. E as perspetivas de voltar a ter um emprego em breve são menores para quem está agora a abandonar os escritórios do banco alemão.

“É um mau momento para quem está à procura de trabalho com a calmaria normal do verão e as más condições do mercado”, notou Joseph Leung, da empresa de recrutamento de executivos Aubreck Leung.

Christian Sewing, CEO do Deutsche Bank, com mais membros da administração durante a apresentação dos resultados anuais.Mario Andreya/Deutsche Bank

Os maiores despedimentos do século

Cerca de 18.000 trabalhadores do Deutsche Bank vão para a rua nos próximos três anos, num plano de reestruturação com o qual o CEO, Christian Sewing, pretende baixar os custos e voltar aos lucros. Apesar da dimensão do ajustamento, o Deutsche Bank não figura no top 10 dos maiores despedimentos de larga escala deste século, de acordo com os dados da consultora de recursos humanos Challenger, Gray & Christmas citados pela Money Wise.

Citirgoup lidera despedimentos

Fonte: Consultora Challenger, Gray & Christmas

O ranking é liderado por um outro banco. E só tem empresas americanas.

Em plena crise do subprime, o americano Citigroup anunciou em novembro de 2008 uma reestruturação que implicou a saída de 50.000 trabalhadores, cerca de 15% da sua força de trabalho. “Terapia de choque” foi como o CEO Vikram Pandit classificou aquele que ainda hoje é o maior ajustamento do século.

A General Motors não fica muito atrás do Citigroup. No início de 2009, e prestes a entrar na bancarrota e a pedir ajuda pública, a fabricante de automóveis anunciou o fecho de cinco fábricas e o despedimento de 47 mil trabalhadores. Mais recentemente, no ano passado, a Verizon revelou um plano para cortar 44 mil postos de trabalho, com o objetivo de poupar dez mil milhões de dólares para poder investir na rede 5G. A telecom ocupa o terceiro lugar da lista.

O top 10 inclui mais um fabricante de automóveis (Ford), três retalhistas (Kmart, Circuit City e Toys R Us), a fabricante de aviões Boeing, outro banco (Bank of America) e uma tecnológica (HP Services).

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Mulheres até aos 30 anos ganham cada vez menos que os homens

A desigualdade salarial entre homens e mulheres em Portugal diminuiu apenas 14,6 euros em Portugal, em oito anos. Mas é cada vez maior para as mulheres até aos 30 anos e para as que têm mais de 60.

Há cada vez mais mulheres e com mais qualificações no mercado de trabalho, mas para aquelas que têm até 30 anos de idade a desigualdade salarial face ao que ganham os homens é cada vez maior, o que também acontece nas mulheres acima dos 60. Quanto mais a idade passa, maior a diferença… sempre a favor dos homens.

Desde o final de 2009, pouco antes de a crise se começar a fazer sentir com maior intensidade em Portugal, que os salários dos trabalhadores por conta de outrem em Portugal continental têm vindo a aumentar — com exceção dos anos de 2013 e 2014. E se olharmos para média do país, é possível verificar que a desigualdade salarial entre homens e mulheres também diminuiu, mas apenas 14,6 euros nos últimos oito anos.

No final de 2017, de acordo com os dados mais recentes dos Quadros de Pessoal do Ministério do Trabalho, um homem que trabalhasse por contra de outrem ganhava em média 1.236,9 euros, mais 225,9 euros que uma mulher na mesma situação. Em 2009, os homens ganhavam mais 240,5 euros que as mulheres.

No entanto, esta média esconde divergências cada vez maiores em alguns escalões etários, mesmo com o aumento do número de mulheres no mercado de trabalho — segundo o Banco de Portugal a taxa de participação das mulheres, especialmente as que têm habilitações acima do ensino superior, está cada vez mais próxima da dos homens. As mulheres que estão a entrar para o mercado de trabalho ou a estabelecer-se, desde as que têm menos de 18 anos até às que têm 30 estão cada vez mais longe de receberem o mesmo que os homens, ainda que os salários aumentem para todos.

A maior diferença é mesmo para as mulheres que começam a trabalhar antes dos 18 anos. Entre 2009 e 2017, a diferença entre o que os homens ganhavam a mais que as mulheres com menos de 18 anos passou de 40 euros para 157,3 euros.

Remuneração media mensal ganha dos homens e das mulheres em 2017

Fonte: Quadros de Pessoal do Ministério do Trabalho.

Nestas faixas etárias onde os salários são mais baixos, a desigualdade também se agravou para quem tem entre 18 e 24 anos — os homens ganhavam mais 53,2 euros em 2009 e passaram a ganhar mais 68,8 euros em 2017 — e para quem tem entre 25 e 29 anos — os homens ganhavam mais 65,8 euros por mês, e passaram a ganhar mais 100,4 euros por mês.

Mas não são apenas as mulheres em início de carreira que estão a ganhar cada vez menos que os homens. As mulheres mais perto da idade da reforma também se veem na mesma situação. Acima dos 60 anos de idade, a desigualdade salarial entre homens e mulheres volta a agravar-se.

Os homens entre os 60 e os 64 anos de idade já ganhavam mais 434,2 euros que as mulheres em 2009 e esse valor aumentou para 437,7 euros em 2017. Se entre estes a divergência, que já era grande, aumenta apenas ligeiramente, o mesmo não se pode dizer dos trabalhadores com 65 anos ou mais. Neste grupo, os homens ganhavam mais 418,8 euros em 2009 e até 2017 essa diferença aumentou em 110,8 euros, ficando muito perto dos 530 euros.

Só as mulheres entre os 30 e os 60 vêm salários aproximar-se, mas pouco

A divergência salarial entre homens e mulheres reduziu-se em média, mesmo com o aprofundamento das desigualdades que se verificam nos dois grupos etários explicados acima, porque se verificou uma aproximação entre o que ganham homens e mulheres entre os 30 e os 60 anos.

Grande parte desta ajuda para equilibrar a evolução da diferença para a média de Portugal continental deve-se aos trabalhadores por contra de outrem, com idades entre os 30 e os 34 anos. Estas pessoas que começaram as suas carreiras mais ou menos na altura que a crise começou em Portugal viram os seus salários afetados de forma pronunciada, especialmente os homens, cujos salários só cresceram 5,4 euros nestes oito anos. Já os salários das mulheres aumentaram 68,7 euros, mas sem chegar aos mil euros mensais e ainda longe dos recebidos pelos homens.

Evolução da diferença salarial entre homens e mulheres por escalão etário

Fonte: Quadros de Pessoal do Ministério do Trabalho.

Apesar da aproximação na desigualdade salário entre géneros nas pessoas com entre 30 e 60 anos, as diferenças entre os salários mensais ainda são substanciais e aumentam à medida que a idade vai aumentando, indo dos 116,2 euros de forma gradual até aos 366,3 euros.

Os valores apresentados nos Quadros de Pessoal do Ministério do Trabalho dizem respeito à remuneração média mensal ganha, que é o valor bruto pago em dinheiro e/ou géneros pago ao trabalhador com caráter regular. Isto inclui os subsídios de férias, feriados, horas extraordinárias e outras ausências pagas.

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Banco do grupo Santander corta 15% dos trabalhadores em Portugal

O banco do grupo Santander especializado no crédito ao consumo rescindiu com cerca de 30 pessoas no âmbito de um plano de reorganização. Dispensou o equivalente a 15% da sua força de trabalho.

O banco do grupo Santander especializado no crédito ao consumo rescindiu com cerca de 30 trabalhadores, no âmbito de um plano de reorganização interna que implicou a redução de 15% da sua força de trabalho. Apesar do ajustamento, a instituição diz que mantém compromisso no mercado português.

O Banco Santander Consumer Portugal, dependente do grupo Santander em Espanha, confirmou ao ECO que “tem vindo a adotar um conjunto de medidas que se inserem numa estratégia de responsabilidade, de sustentabilidade e de eficiência operacional”, isto “após ter identificado a necessidade de adequar a sua organização às evoluções do mercado e às exigências dos consumidores”. E foi neste cenário que “encetou um processo de reorganização” que levou à saída de “cerca de três dezenas de trabalhadores” nos últimos meses, através de rescisões por mútuo acordo, adiantou a instituição.

O Banco Santander Consumer Portugal é uma unidade especializada detida pelo grupo Santander a operar no financiamento ao setor automóvel, na área dos bens de consumo, cartões de crédito, co-branded e empréstimos pessoais. A instituição terminou 2018 com 206 trabalhadores, ou seja, este processo de ajustamento permitiu reduzir em 15% o número de postos de trabalho.

Apesar dos cortes, o banco diz que se mantém “plenamente comprometido com os seus objetivos de crescimento sustentável da sua atividade e no reforço da sua presença no mercado português”.

Esta reestruturação acontece depois de um ano em que viu os lucros recuar em 11% para 24,4 milhões de euros. Apesar do aumento de 7% no crédito crédito concedido para cerca de 1.400 milhões, o Banco Santander Consumer Portugal perdeu quota de mercado.

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UE prepara candidatura europeia à sucessão de Lagarde no FMI

  • Vasco Gandra, em Bruxelas
  • 8 Julho 2019

Desde a sua criação em 1944, e segundo um acordo informal com os Estados Unidos, o FMI foi liderado por europeus, enquanto o Banco Mundial foi presidido por norte-americanos.

Os ministros das Finanças europeus convergem na ideia de que a União Europeia deve apresentar um candidato europeu para suceder a Christine Lagarde à frente do FMI em defesa do multilateralismo.

O Eurogrupo abordou o assunto na reunião desta segunda-feira. O processo de substituição ainda não está aberto até porque Lagarde ainda não apresentou a sua demissão de diretora-geral do FMI, apenas a suspensão do cargo.

“Isto é um processo que não está aberto. Falámos como um ponto de informação. E foi abordado precisamente para apoiar a ideia de uma convergência em torno de um candidato europeu”, afirmou o presidente do Eurogrupo no final do encontro.

“Isto é muito importante, dadas as tensões geopolíticas e comerciais que observamos hoje. A Europa permanece firme no apoio ao multilateralismo. Isto é bastante importante sobre a forma como vemos o mundo”, explicou Mário Centeno.

A ainda diretora-geral do FMI Christine Lagarde foi escolhida na semana passada pelos líderes dos 28 para substituir Mario Draghi que termina o mandato na presidência do BCE a 31 de outubro. Com a saída da francesa, o FMI precisa de encontrar um substituto nos próximos meses.

Desde a sua criação em 1944, e segundo um acordo informal com os Estados Unidos, o FMI foi liderado por europeus – vários franceses ocuparam o posto –, enquanto o Banco Mundial foi presidido por norte-americanos. Mas esta é uma prática que tem sido contestada por países emergentes.

Serão os 28 que terão que determinar a candidatura europeia – perfil e nome, para o cargo. Cabe à atual presidência semestral do Conselho, a cargo da Finlândia, coordenar o processo, mas isso não impede que as discussões decorram noutros fóruns como o Eurogrupo que permita ir abrindo caminho para apresentar um candidato de um país da União.

O titular das Finanças francês foi o mais assertivo esta segunda-feira no apoio a um candidato europeu. Perante os jornalistas ainda antes da reunião, Bruno Le Maire defendeu a escolha de “um candidato único da União Europeia” para evitar um processo com “rivalidades inúteis” e pediu que a decisão seja rápida. Le Maire disse que França “apoiará o candidato que tenha a experiência e a solidez necessárias”, mas evitou para já pronunciar-se sobre nomes.

Também a ministra espanhola NadiaCalviño sublinhou que a prioridade deve ser a de manter um europeu à frente do FMI. Questionada pelos jornalistas escusou-se a dizer se é candidata considerando prematuro falar do assunto, porque o processo ainda não começou. Já o ministro holandês Wopka Hoekstra afirmou que a Europa pode ter “excelentes candidatos” e escolhas.

“A Europa tem tido sempre o lugar de diretor-geral do Fundo Monetário Internacional. No período em que vivemos de tensões comerciais e de algum retrocesso do multilateralismo, sendo o FMI uma das principais instituições multilaterais à escala global e sendo a Europa defensora do multilateralismo, é importante que a Europa continue a defender esse multilateralismo e que se una em torno de alguém que represente esse multilateralismo e que possa manter esse papel do FMI”, disse por seu turno o secretário de Estado das Finanças Mourinho Félix em nome do Governo.

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Propostas “em fascículos” do PSD parecem “inconsistentes” ao Governo

  • Lusa
  • 8 Julho 2019

Para Ricardo Mourinho Félix, secretário de Estado das Finanças, o cenário apresentado por Rui Rio, presidente do PSD, "dificilmente é compatível com um conjunto de dinâmicas".

O secretário de Estado das Finanças disse esta segunda-feira, em Bruxelas, que as propostas orçamentais já apresentadas pelo PSD lhe parecem “inconsistentes”, mas afirmou ser necessário aguardar pela apresentação dos próximos “fascículos” para analisar “a obra completa”.

À saída de uma reunião de ministros das Finanças da zona euro, Ricardo Mourinho Félix, quando questionado sobre as propostas orçamentais apresentadas na semana passada pelo líder do principal partido da oposição, Rui Rio, começou por comentar que “os planos têm saído em fascículos”, tendo primeiro sido “apresentado o cenário macroeconómico e orçamental” e, “mais recentemente, a componente relativa à parte fiscal”.

“Eu acho que é importante que sejam apresentados, é bom que sejam apresentados. Acho que é um avanço naquilo que é a discussão democrática em Portugal, em particular em períodos pré-eleitorais, que os partidos apresentem as suas propostas, as quantifiquem, para que elas possam ser comparadas e discutidas numa base quantificada”, observou.

O secretário de Estado Adjunto e das Finanças – que representa Portugal nas reuniões do Eurogrupo desde que o ministro Mário Centeno foi eleito presidente do fórum – ressalvou todavia que é necessário “aguardar para ter a obra completa e poder depois fazer uma análise, porque só tendo todos os blocos é que é possível fazer essa análise”.

Ainda assim, e quando questionado sobre se as propostas avançadas por Rio lhe parecem credíveis, afirmou que, “não conhecendo as hipóteses subjacentes, é difícil perceber se é um cenário credível ou não”, mas acrescentou que, para já, a obra incompleta lhe parece “inconsistente”.

“Na parte orçamental, confesso que aquilo que é apresentado me parece um pouco, diria, inconsistente, no sentido em que baixar impostos, aumentar investimento, reduzir o défice e a dívida ao mesmo tempo é algo que não é totalmente consistente, a menos que exista, e no cenário isso aparece, uma redução muito significativa do consumo intermédio”, disse.

Ricardo Mourinho Félix observou então que “aquele cenário dificilmente é compatível com um conjunto de dinâmicas”, tais como “a evolução normal das promoções” e “daquilo que é o funcionamento, por exemplo, da lei de bases da segurança social a nível das prestações sociais”. “Mas, como digo, sem ter mais informação sobre as medidas detalhadas e em concreto, é difícil tecer mais considerações”, concluiu.

Na passada semana, o presidente do PSD, Rui Rio, comprometeu-se a reduzir a carga fiscal na próxima legislatura caso vença as eleições, sendo o aumento do investimento público outra das apostas para dar aos portugueses “melhor emprego e melhores salários”.

Em conferência de imprensa na sede do PSD, em Lisboa, na terça-feira, Rio apresentou as linhas gerais do quadro macroeconómico para 2019-2023, que serve de base ao programa eleitoral do partido para as eleições legislativas de outubro, tendo na sexta-feira, no Porto, detalhado algumas medidas, tais como a redução das taxas do IRS nos escalões intermédios, para aliviar a carga fiscal da classe média, e baixar em quatro pontos percentuais o IRC.

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Fisco deve dar incentivos à descarbonização da economia, diz secretário de Estado dos Assuntos Fiscais

  • Lusa
  • 8 Julho 2019

Para o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, “a reorientação de fluxos de capitais para investimentos sustentáveis é decisiva para o crescimento sustentável”.

O secretário de Estado dos Assuntos Fiscais defendeu esta segunda-feira que o sistema fiscal deve dar incentivos ao desenvolvimento de projetos que contribuam para o objetivo definido pelo Governo de fazer a descarbonização da economia até 2050.

O Estado terá sempre um papel essencial na definição e adaptação no sistema regulatório, fiscal e de incentivos para que correspondam a sinais claros que facilitarem os investimentos necessários em projetos e atividades sustentáveis”, disse Mendonça Mendes no encerramento da conferência “O Papel do financiamento sustentável”, que decorreu hoje na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

O governante enfatizou os mesmos números que o ministro do Ambiente e Transição Energética já tinha deixado esta segunda-feira na mesma conferência, de que, além do investimento que a economia gera, será necessário um adicional de entre 2,1 e 2,5 mil milhões de euros para Portugal atingir a descarbonização da economia até 2050.

Para isso, disse, na carta de compromisso para o financiamento sustentável, assinada na conferência, o Ministério das Finanças assumiu quatro compromissos, desde logo de “desenvolver política fiscal que seja favorável à sustentabilidade”.

Comprometeu-se ainda, acrescentou, a promover a transição das empresas e das instituições da economia social para o paradigma da sustentabilidade, usando o quadro financeiro europeu 2021-2027, promover a criação de produtos financeiros usando oportunidades do programa InvestEU e continuar a participar nos trabalhos sobre financiamento sustentável.

Segundo o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, “a reorientação de fluxos de capitais para investimentos sustentáveis é decisiva para o crescimento sustentável”.

O responsável falou ainda da importância do que está a ser feito a nível da União Europeia para promover o financiamento em investimentos alinhados com a sustentabilidade e bem-estar ambiental e social, considerando que Portugal tem de aproveitar esta oportunidade para aumentar a sua competitividade.

O Governo aprovou em junho o Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050 (RNC2050), que define estratégias para atingir a neutralidade carbónica até 2050 e, para isso, foram identificados os setores com potencial de redução – energia e indústria, mobilidade e transportes, agricultura, florestas e outros usos de solo, e resíduos e águas residuais – e as metas que cada um deve alcançar.

Segundo disse esta segunda-feira o ministro do Ambiente e Transição Energética, Matos Fernandes, o investimento que é necessário fazer até 2050 para atingir a neutralidade carbónica ascende a um bilião de euros, sendo que “cerca de 930 mil milhões de euros são realizados no resultado da dinâmica normal de modernização da economia”, cerca de “27 a 29 mil milhões de euros de investimento por ano”.

Contudo, afirmou, “isto só leva a uma redução de 60% das emissões [com efeito estufa] em 2050 [face a 2005] e o objetivo é de 85%” de redução. Por isso, considerou que será necessário investir adicionalmente cerca de 86 mil milhões de euros para a totalidade do período, entre 2,1 a 2,5 mil milhões de euros por ano, defendendo políticas fiscais e regulatórias que facilitem e promovam esse investimento.

“Se é preciso urgência no investimento em projetos e iniciativas de empresas que promovam a descarbonização, o Estado deve ter um papel ativo na modelação do sistema regulatório, fiscal e de incentivos que proporcione sinais claros, facilitando a transição para um modelo económico pautado por projetos e atividades sustentáveis”, afirmou.

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Incêndios: Afinal Mação vai poder concorrer a apoios europeus

  • Lusa e ECO
  • 8 Julho 2019

Apoios europeus suspensos com decisão judicial que dá razão a Mação. Vai ser lançado um concurso do Fundo de Solidariedade da União Europeia e o município que fora excluído vai poder candidatar-se.

O Tribunal de Leiria deu razão ao município de Mação numa ação contra o Estado devido à exclusão do concelho do Fundo de Solidariedade europeu, na sequência dos incêndios de 2017, anulando o aviso de lançamento dos apoios.

A decisão, anunciada esta segunda-feira pela câmara, suspende a eficácia do aviso de lançamento do concurso do Fundo de Solidariedade da União Europeia (FSUE), bem como a atribuição de apoios na ordem dos 50,6 milhões de euros a 28 municípios e a várias entidades governamentais.

“Anula-se o aviso […] por vícios decorrentes da falta de fundamentação e da violação do princípio da igualdade”, lê-se na sentença do Tribunal de Leiria, a que a Lusa teve hoje acesso.

A autarquia, no distrito de Santarém, interpôs em outubro de 2018, no Tribunal Administrativo e Fiscal de Leiria, uma providência cautelar e uma ação principal (que ficaram apensos), para que lhe fosse reconhecido que preenchia as condições para receber os apoios, tal como outros concelhos das regiões Centro e Norte.

O concurso visava apoiar, com verbas do FSUE, a reconstrução de infraestruturas municipais afetadas pelos incêndios rurais ocorridos entre 17 de junho e 17 de outubro de 2017.

O município, que iria ter direito a ajudas para 60% dos prejuízos, com recurso ao Fundo de Emergência Municipal, “foi excluído pelo Governo do acesso ao FSUE, que deveria financiar a 100% os prejuízos avaliados em cerca de três milhões de euros em Mação”, lembrou o presidente da autarquia, Vasco Estrela (PSD).

“O Governo, ao fazer o que fez, atuou de forma ilegal, discricionária, desigual, diferenciadora, violadora dos princípios básicos e constitucionalmente protegidos como a igualdade, a proporcionalidade, a boa-fé e a proteção da confiança”, afirmou, em declarações à Lusa.

O Governo, ao fazer o que fez, atuou de forma ilegal, discricionária, desigual, diferenciadora, violadora dos princípios básicos e constitucionalmente protegidos como a igualdade, a proporcionalidade, a boa-fé e a proteção da confiança.

Vasco Estrela

Presidente da Câmara de Mação

Segundo o autarca, “esta decisão é geradora de um sentimento de congratulação e de alegria para o município de Mação perante uma situação de injustiça e discriminação, como se veio a comprovar”.

A decisão do Tribunal, notou, suspende a atribuição dos apoios a 28 municípios e a várias entidades governamentais, como a GNR, o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, e Fundo Florestal Permanente, entre outros, mas “obriga à publicação de um novo aviso que pode agora incluir Mação e beneficiar também outros municípios da região, que ficaram também excluídos”, dando como exemplo as autarquias de Abrantes, Sardoal e Ferreira do Zêzere.

Mação foi o município com mais área ardida no ano de 2017, quando os incêndios devastaram cerca de 70% do território.

A decisão do Tribunal anula o concurso e “condena os demandados Ministério do Planeamento e das Infraestruturas e Agência para o Desenvolvimento e Coesão, I.P. a adotar as condutas necessárias para a reabertura do concurso ao FSUE, mediante republicação do aviso anulado, com observância do dever de fundamentação e das exigências decorrentes do princípio da igualdade”.

A decisão, assim, não garante que aquele município venha a ser elegível no novo concurso.

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Rio compromete-se a manter 35 horas de trabalho semanais na Função Pública

O presidente do PSD revela que o partido debateu a questão da passagem para as 40 horas de trabalho semanais e decidiu que vai manter as 35 horas na Função Pública.

O PSD quer manter as 35 horas de trabalho semanais na Função Pública. Quando questionado se iria voltar ao regime das 40 horas, Rio admitiu que já estava a espera da pergunta. “Confesso que quando debatemos o programa perdemos umas horas com essa questão”, revela.

“A conclusão política a que se chegou é que íamos fazer um esforço para pôr cá fora uma solução que não precisa à cabeça de passar das 35 para as 40 horas“, diz o presidente do PSD, em entrevista à TVI. A contratação de mais funcionários públicos é algo que não está previsto no programa eleitoral dos sociais-democratas, que preferem apostar numa racionalização dos serviços.

“O primeiro-ministro diz, vamos acreditar, que meteu mais não sei quantos milhares de funcionários públicos”, relembra Rio. Se mesmo com estas contratações “os serviços estão piores, é porque o problema não é só mais funcionários e mais dinheiro”, aponta o líder do PSD.

O responsável revelou ainda que o partido pretende fazer “auditorias de gestão” nas áreas onde “há grandes volumes de despesa”, numa tentativa de “otimização de todos os serviços públicos”. “Não é uma caça às bruxas”, garante Rui Rio. O líder do PSD dá como exemplo o “nível de desorganização incrível” no setor da saúde, que implica um “desperdício também incrível”.

Rio voltou a explicar que o seu programa passa por uma redução da carga fiscal — que “não pode continuar a subir em Portugal” — que, admite, será “mais significativa” para as empresas, já que são estas que “geram riqueza”. “Temos de ter uma política pública que fomente a competitividade, daí pormos as empresas um bocadinho mais a frente”, explica.

Esta opção é o que “distingue” PS e PSD, defende. “O PS distribuiu o que tinha, nós queremos pensar no futuro”, aponta Rui Rio, lembrando que em causa está uma descida de impostos de 3,7 mil milhões de euros. O líder quer apostar num modelo económico assente nas exportações e no investimento, e não no imobiliário como no passado. “Os vistos gold são uma espécie de exportação de casas, sendo que a riqueza fica cá”, reitera.

Para Rui Rio, as “variáveis de ajustamento” são a carga fiscal e o investimento público. O presidente do PSD considera que o seu programa “é o que Portugal precisa”, porque não é possível “continuar a aumentar a despesa da mesma forma”. “Podem duvidar que eu ou o PSD possamos ser capazes de o fazer, mas não há outro caminho”, garante.

Rio criticou o facto de António Costa agora também admitir uma descida da carga fiscal, quando no passado disse que isso não era possível, e simultaneamente reiterar que pretende manter o acordo à esquerda. “Como vai repetir a solução à esquerda e descer impostos?”, questiona.

As medidas de redução da carga fiscal anunciadas pelos sociais-democratas totalizam os 3,7 mil milhões de euros. Já para o reforço do investimento público o partido quer alocar 3,6 mil milhões de euros, sendo que os restantes sete mil milhões de euros, aproximadamente, têm como destino o reforço da despesa corrente.

Estes valores baseiam-se numa “folga” de 15 mil milhões, indica Rio. “Quando uma economia cresce geram-se folgas”, explica. “Se fizermos contas ao que vai ser o crescimento económico temos uma folga à volta de 15 mil milhões de euros”, continua. “Esta é uma folga que terá um Governo PS ou PSD”, ressalva.

Estas contas estão, no entanto, expostas a algumas incertezas na economia mundial, como o Brexit e as tensões comerciais. “A economia externa não controlo”, aponta Rio, que admite que se a economia crescer menos por fatores de ordem externa, a redução de impostos e o investimento público não serão tão significativos.

Tarefa de líder da oposição neste momento é “particularmente difícil”

No que toca a questões internas do partido, Rio não teceu comentários específicos sobre os casos mais recentes. Questionado sobre se Álvaro Amaro, eurodeputado eleito pelo PSD, que é arguido no âmbito da Operação Rota Final, deveria ter renunciado ao cargo, Rio diz que não fala de casos concretos, mas que aplica a todos, “seja do PSD, seja do PS, seja um cidadão qualquer”, a presunção da inocência.

“Enquanto não houver pelo menos uma condenação de primeira instância temos de respeitar o princípio da presunção da inocência”, defende o presidente do PSD. Criticando a forma como se fazem “julgamentos na praça pública”, Rio defende que “dar cabo do nome das pessoas desta forma completamente gratuita como assistimos em Portugal não é digno da democracia nem de um Estado de direito”.

Quando a pergunta é sobre Manuel Castro Almeida, que se demitiu do cargo de vice-presidente do PSD no final de junho, Rio também não faz comentários. Mesmo assim, diz que está tranquilo com o trajeto ao leme do partido “dentro que é possível”, sublinhando que a tarefa de líder da oposição no PSD, “neste momento histórico que o partido atravessa é particularmente difícil”.

Questionado sobre se vai admitir críticos na lista, o líder do PSD garante que sim. “No dia em que houve eleição direta tiveram x% contra mim x% a meu favor, para mim no dia seguinte partimos do ponto zero”, reitera. “O que não me é indiferente é não haver lealdade”, admite.

Rui Rio não se compromete relativamente a agarrar-se ao lugar na liderança. Ficar no PSD se obtiver o mesmo resultado que nas eleições europeias “vai depender de muitos fatores”. “O apego pessoal que tenho ao lugar, não é nenhum”, revela. “Deriva da obrigação, do serviço público e do respeito” para com o partido, aponta. “Na altura se verá”, diz.

(Notícia atualizada às 21h55)

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Um terço das denúncias ao Fisco relacionada com não emissão de faturas e arrendamento

  • Lusa
  • 8 Julho 2019

De acordo com a Autoridade Tributária, cerca de um terço das queixas recebidas estavam relacionada com a não emissão de faturas ou omissão de rendimentos e com o arrendamento.

Das 1.601 denúncias e participações à Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) em 2018, cerca de um terço (34%) referiram-se a situações relacionadas com a não emissão de faturas ou omissão de rendimentos e com o arrendamento.

De acordo com o Relatório de Atividades Desenvolvidas de “Combate à Fraude e Evasão Fiscais e Aduaneiras” de 2018, que foi enviado ao parlamento, “durante o ano de 2018 foram analisadas pela Inspeção Tributária e Aduaneira (ITA) 1.601 denúncias e participações” relativamente a eventuais infrações tributárias.

Deste total, 1.102 denúncias e participações foram provenientes de outras entidades públicas, como a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), a Inspeção-Geral de Finanças (IGF), a Unidade de Informação Financeira da Polícia Judiciária (UIF), a Procuradoria-Geral da República – Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) e outras.

As remanescentes 499 denúncias e participações tiveram origem em entidades externas, incluindo particulares.

O número de denúncias e participações registado em 2018 corresponde a uma descida de 39% face ao total de denúncias e participações verificado no ano anterior. Em 2017 tinham sido recebidas e analisadas pela área antifraude da AT 2.618 denúncias e participações relativamente a eventuais infrações tributárias.

Segundo o documento, entre os factos objeto das denúncias analisadas em 2018, destacam-se situações relacionadas com o arrendamento (9%) e com a não emissão de faturas ou omissão de rendimentos (25%), que no conjunto corresponderam a 34% do total de denúncias.

O relatório salienta que “a análise de denúncias ou participações relativamente a eventuais infrações tributárias revela-se uma fonte importante de informação para o apuramento da situação tributária dos sujeitos passivos e um importante auscultador das tendências de fraude”.

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Funcionários públicos têm de renunciar a regime especiais para fugir a corte de 14,7% na pensão

  • Lusa
  • 8 Julho 2019

Em causa está o alargamento do novo regime de flexibilização da idade de acesso à reforma aos beneficiários. Alívio do corte das pensões deverá chegar à CGA em outubro.

Os funcionários públicos com regimes especiais de reforma, como militares, polícias ou magistrados, só poderão beneficiar do fim do corte do fator de sustentabilidade, que entrará em vigor em outubro, se renunciarem às regras do seu estatuto de aposentação.

A medida consta de uma versão da proposta de lei do Governo, aprovada em Conselho de Ministros em 27 de junho, a que a Lusa teve acesso, que tem como objetivo aplicar aos funcionários públicos, a partir de 01 de outubro, o novo regime de flexibilização da idade de reforma, já em vigor na Segurança Social.

Entre as alterações está o fim do fator de sustentabilidade, que corta quase 15% do valor da pensão, para os funcionários públicos que aos 60 anos de idade tenham 40 anos ou mais de carreira e peçam a reforma.

Segundo a proposta do Governo, que poderá ainda sofrer alterações no âmbito da discussão com os sindicatos, o funcionário abrangido por regime especial de aposentação só poderá beneficiar das novas regras se “renunciar expressa e definitivamente ao regime especial, para todos os efeitos, antes de a pensão ser atribuída”.

Entre os regimes especiais de aposentação estão os militares, as forças de segurança, os bombeiros, titulares de cargos políticos, os juízes, os magistrados e os diplomatas, que têm regras mais favoráveis de aposentação face à generalidade da função pública.

O documento estabelece ainda que os beneficiários que não tenham completado pelo menos 40 anos de carreira aos 60 de idade mantêm a possibilidade de acederem à reforma antecipada através do atual regime, ou seja, podem reformar-se a partir dos 55 anos de idade, com 30 de serviço, mas com cortes de 0,5% por cada mês face à idade legal (66 anos e cinco meses) e com o fator de sustentabilidade.

Tendo em conta que os dois regimes irão funcionar em simultâneo, é aplicado o “princípio do tratamento mais favorável”, o que significa que será atribuído “obrigatoriamente” ao pensionista da Caixa Geral de Aposentações a pensão de valor mais elevado.

Está ainda prevista a “idade pessoal” de reforma com regras idênticas à do regime da Segurança Social, permitindo que cada trabalhador possa adequar a sua idade de reforma ao tempo de serviço.

A “idade pessoal” de acesso à aposentação resulta da redução, face à idade legal de reforma, de quatro meses por cada ano de serviço a mais do que os 40, sendo que esta diminuição tem o limite de 60 anos de idade.

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