Tomás Correia levantou pessoalmente condenação no Banco de Portugal

  • ECO
  • 19 Fevereiro 2020

Em causa estão coimas de 400 mil euros ao Montepio e de 150 mil euros para Tomás Correia e para José Almeida Serra, no âmbito do processo que investigou as irregularidades detetadas na CEMG, em 2015.

Tomás Correia deslocou-se pessoalmente esta segunda-feira ao Banco de Portugal (BdP) para levantar a decisão de condenação por violação das regras de controlo e branqueamento de capitais detetadas na Caixa Económica Montepio Geral (CEMG), em 2015, avança o Jornal Público (acesso condicionado).

Não é habitual que os gestores, alvo de acusações por parte do regulador, se apresentem pessoalmente para levantar decisões condenatórias, mas com este passo o antigo presidente da Caixa Económica Montepio Geral evita ser novamente notificado através de um edital publicado na comunicação social, como aconteceu anteriormente. Isto depois de o correio não ter conseguido entregar as notificações nas moradas que indicou.

O BdP lançou uma coima no valor de 400 mil euros ao Banco Montepio e coimas de 150 mil euros para Tomás Correia e para outro ex-administrador, José Almeida Serra. Esta condenação resulta das conclusões de que o Banco Montepio tinha fragilidades nos sistemas de prevenção de branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo, quando Tomás Correia estava na liderança, e foram detetadas em 2015. O Banco e os advogados dos antigos administradores já foram notificados. Entre as infrações detetadas, 12 foram imputadas a Tomás Correia, 12 a José Almeida Serra e 16 à CEMG.

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Hoje nas notícias: SNS, branqueamento e Tomás Correia

  • ECO
  • 19 Fevereiro 2020

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

A Justiça está em destaque esta quarta-feira nos principais jornais nacionais. As detenções por fraude no Sistema Nacional de Saúde voltaram a aumentar em 2019, enquanto os advogados comunicaram três suspeitas de branqueamento num só mês. A condenação do Banco de Portugal a Tomás Correia, a OPA ao Benfica e os pagamentos em atraso à GNR estão também nas notícias.

Tomás Correia levanta condenação no Banco de Portugal

Tomás Correia deslocou-se pessoalmente ao Banco de Portugal para levantar a decisão de condenação por violação das regras de controlo e branqueamento de capitais. Não é habitual que os gestores alvo de acusações por parte do regulador se apresentem pessoalmente para levantar decisões condenatórias, mas com este passo o antigo presidente da Caixa Económica Montepio Geral evita, assim, ser novamente notificado por um edital publicado na comunicação social, como aconteceu anteriormente. Leia a notícia completa no Público (acesso pago).

Parceiro de Vieira reforça no Benfica em plena OPA

O empresário José António dos Santos reforçou a posição acionista na SAD do Benfica, ultrapassando 13% do capital. O dono da empresa de agroalimentar Valouro comprou “largas centenas de milhares de euros” em ações e mantém a intenção de não vender a participação na Oferta Pública de Aquisição (OPA) em curso. O empresário é amigo há “mais de 50 anos” do presidente Luís Filipe Vieira, com quem tem também parcerias em duas empresas, a Sul Crescente e a Palpites e Teorias. Leia a notícia completa no Público (acesso condicionado).

Advogados comunicaram três suspeitas de branqueamento num só mês

O novo bastonário da Ordem dos Advogados tomou posse a 14 de janeiro e já recebeu, desde então, três comunicações relativas a operações suspeitas. Ao longo de todo o ano de 2019 foram apenas cinco. As comunicações feitas no âmbito da lei de combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento do terrorismo foram encaminhadas para a Procuradoria-Geral da República. Luís Meneses Leitão não encontra justificação para o aumento, dizendo apenas que “a lei está em vigor e é para cumprir”. Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago).

Detenções por fraude no SNS voltaram a aumentar em 2019

A Polícia Judiciária deteve, no ano passado, 11 pessoas e fez 49 buscas em processos de fraude contra o Sistema Nacional de Saúde. O número de detidos e de arguidos voltou a subir no ano passado, sendo que o maior caso aconteceu numa farmácia em Sintra. O esquema — levado a cabo por cinco pessoas entre os 49 e os 79 anos — envolvia descolar vinhetas médicas de receitas já aviadas para as reutilizar em medicamentos comparticipados a 100%. Segundo a estimativa da PJ, a burla terá lesado o Estado em um milhão de euros. Leia a notícia completa no Diário de Notícias (acesso pago).

GNR tem meio milhão por receber por serviço nos aeródromos

Cera de 80 militares da Guarda Nacional Republicana (GNR) acumulam uma dívida mais de meio milhão de euros relativos a serviços prestado fora do horário normal de trabalho, conhecidos como gratificado. Em causa estão serviços nos aeródromos onde passa rota aérea Bragança-Portimão, que não são pagos há um ano. “É todos os anos a mesma coisa. O serviço é feito mas quando toca a pagar todos empurram responsabilidade”, diz Rui Sousa, da Associação dos Profissionais da Guarda.

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Porto de Lisboa a perder quota de mercado enfrenta nova greve

  • ECO e Lusa
  • 19 Fevereiro 2020

Porto de Lisboa tem vindo a perder competitividade. Ao longo da última década, passou de uma quota de mercado de 17% para 12%.

O Sindicato dos Estivadores decidiu manter a greve parcial com início esta quarta-feira no Porto de Lisboa, após uma reunião com responsáveis da empresa de trabalho portuário, que manifestaram a intenção de passar 34 trabalhadores efetivos a eventuais. O Porto de Lisboa tem vindo a perder competitividade, tendo, ao longo da última década, passado de uma quota de mercado de 17% para 12%, revela esta quarta-feira o Jornal de Negócios (acesso pago).

O porto tem sido confrontado com perda de carga em detrimento de outros portos, nomeadamente Leixões, mas também com uma forte instabilidade social e um aumento dos custos com a mão-de-obra. De acordo com um documento de avaliação da EY, a que o Jornal de Negócios teve acesso, o desempenho financeiro da A-ETPL, Associação de Empresas de Trabalho Portuário de Lisboa “reflete uma situação crítica, com margens operacionais negativas, devido a uma elevada estrutura de custos fixos face aos seu atual nível de atividade”, que em 2019 recuou 4,1%. O reflexo foi “consumo da caixa existente” e “financiamento da atividade através da dilação do prazo de pagamento a fornecedores” — que em 2019 era de 151 dias — “e de consecutivos atrasos no pagamento de remunerações aos seus colaboradores“. O ano passado a dívida aos trabalhadores ascendia a 254 mil euros.

Ora os sindicatos acusam a A-ETPL de não querer negociar e querer “continuar a apostar numa situação de pré-insolvência”, disse à Lusa António Mariano, presidente do SEAL, Sindicato dos Estivadores e Atividade Logística.

Para o dirigente do SEAL, o que está em causa no Porto de Lisboa é o “incumprimento dos acordos assinados, o não pagamento atempado dos salários, a apresentação de propostas inaceitáveis aos trabalhadores e os sucessivos desvios de cargas para outras portos nacionais”.

Não sei se o Governo português vai continuar a assistir, impávido e sereno, a estas manobras de desvio de cargas em território nacional, por razões que, provavelmente, visam apenas a destruição da organização do trabalho tal como existe e aumentar ainda mais os níveis de precariedade nos portos nacionais, como hoje nos foi proposto, com a passagem de 34 trabalhadores efetivos a contratos precários”, disse.

O presidente do SEAL admitiu ainda a possibilidade de o grupo turco Yilport, que anunciou a disponibilidade para investir 122 milhões de euros no Porto de Lisboa e que está a em negociações para prorrogação do prazo de concessão do terminal de Lisboa, estar a utilizar o conflito com os trabalhadores para exigir ao Governo taxas mais baratas, alegando que há muitas greves e poucas cargas no porto de Lisboa.

De 19 a 28 de fevereiro, os estivadores só trabalham para a Liscont, Sotagus e Multiterminal (do grupo Yilport) e a TMB (Terminal Multiusos do Beato) no segundo turno e de 29 de fevereiro a 9 de março não haverá qualquer prestação de trabalho para essas empresas.

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5 coisas que vão marcar o dia

Nova ronda negocial entre Governo e sindicatos , divulgação da síntese de conjuntura económica, ida do ministro das Infraestruturas ao Parlamento e regresso de Portugal aos mercados marcam o dia.

Uma nova ronda negocial entre o Governo e os sindicatos sobre aumentos salariais na Função Pública está em destaque no dia em que o ministro das Infraestruturas é ouvido no Parlamento sobre a ferrovia. Portugal regressa ainda aos mercados para emitir dívida de curto prazo, enquanto é conhecida a síntese de conjuntura económica relativa ao primeiro mês do ano.

Sindicatos e Governo discutem aumentos salariais

O Secretário de Estado da Administração Pública, José Couto, reúne-se com os Sindicatos da Administração Pública para discutir aumentos salariais para os funcionários públicos. Os encontros começam às 9h00 com a Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública (CGTP) a ser a primeira a ser recebida. Seguem-se a Frente Sindical e a FESAP – Federação dos Sindicatos da Administração Pública (UGT).

Portugal vai ao mercado para emitir dívida de curto prazo

O IGCP regressa aos mercados, esta quarta-feira, para realizar dois leilões de dívida de curto prazo. A agência pretende obter entre 1.000 milhões e 1.250 milhões de euros em Bilhetes do Tesouro a três e 11 meses.

Como está o clima económico em Portugal?

O Instituto Nacional de Estatística divulga a Síntese Económica de Conjuntura relativa a janeiro. Será assim possível saber qual está a ser o comportamento da atividade económica em Portugal, bem como está a evoluir o indicador de clima económico. Os últimos dados relativos a dezembro, mostram que o indicador de atividade económica, disponível até novembro, diminuiu e o indicador de clima económico, disponível até dezembro, estabilizou.

Ministro das infraestruturas vai ao Parlamento sobre a ferrovia

Pedro Nuno Santo, ministro das Infraestruturas e da Habitação, vai ao Parlamento para uma audição na Comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação. Um dos temas fortes da audição será o Programa Ferrovia 2020, cuja discussão foi requerida pelo Bloco de Esquerda e CDS-PP.

Diretor da Polícia Judiciária ouvido no Caso Tancos

Luís Vieira, diretor nacional da Polícia Judiciária Militar (PJM), é chamado a testemunhar no âmbito do processo sobre o roubo das armas de Tancos do qual é acusado a par de outros 22 acusados, incluindo o ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes, o ex-porta-voz da PJM Vasco Brazão e o ex-fuzileiro João Paulino. Todos respondem por um conjunto de crimes que vão desde terrorismo, associação criminosa, denegação de justiça e prevaricação até falsificação de documentos, tráfico de influência, abuso de poder, recetação e detenção de arma proibida.

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Paulo Fernandes quer TVI de novo na liderança. Aposta no online e em novos mercados

A Cofina já desenhou a estratégia para a "nova" Cofina, após a compra da Media Capital. A empresa quer conquistar mais mercado, liderar nos vários segmentos e apostar na internacionalização.

A Cofina admite que a compra da Media Capital é um “esforço de investimento expressivo” e que acarreta vários riscos. Mas a estratégia de Paulo Fernandes para a fusão entre os dois grupos de comunicação já foi definida: conquistar mais mercado, liderar nos vários segmentos e apostar em novos mercados estrangeiros.

O plano está explicitado no prospeto do aumento de capital, divulgado esta terça-feira pela Cofina, através da CMVM. Nele, surge indicado que a compra da dona da TVI vai permitir à Cofina “tornar-se um grupo integrado e mais competitivo de media em Portugal, com posição de revelo nos principais segmentos de mercado”, da televisão à publicação de jornais e revistas, e da rádio ao digital, passando pela produção audiovisual.

Posto isto, na área televisiva, em que a Cofina passará a controlar os canais TVI e CMTV, entre outros, a empresa define um ambicioso conjunto de objetivos. E um deles é que a estação de Queluz de Baixo volte a ser líder de audiências, depois de ter perdido o primeiro lugar do pódio para a concorrente SIC em 2019: “Nos canais abertos, [a Cofina quer] recuperar a primeira posição que já foi ocupada pela TVI, assume, ao mesmo tempo que, nos canais pagos, a intenção é “manter” a liderança da CMTV.

A Cofina pretende ainda “aproveitar as sinergias operacionais decorrentes de uma operação com maior escala no setor televisivo”, bem como “otimizar e desenvolver a produção de conteúdos”.

Quanto às áreas de rádio e imprensa escrita, “a Cofina propõe-se manter as atuais posições de liderança da rádio Comercial e do Correio da Manhã, respetivamente, e reforçar a eficiência operacional do grupo já consolidado. E assume que “ambiciona reforçar” a oferta no digital, “apostando na inovação e alavancando as plataformas já existentes” da Cofina e da Media Capital.

Do ponto de vista do negócio, a empresa assume perante os investidores que pretende aumentar a “dimensão” do grupo, fazendo crescer o EBITDA, a métrica que diz respeito aos lucros antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, reforçando também a respetiva “solidez financeira”. Este plano, explica, tem três eixos: apostar noutros segmentos de media, fomentar a consolidação dos dois grupos e avaliar a “internacionalização para mercados naturais”.

Em linhas gerais, esta é a ambição que leva a dona da CMTV a pagar 205 milhões de euros pela dona da TVI, dando origem ao maior grupo de comunicação social do país, numa operação que já mereceu “luz verde” por parte dos reguladores. A expectativa da Cofina é que “a aquisição permita gerar um grupo mais preparado para enfrentar os desafios que se colocam atualmente à indústria dos media, em especial à imprensa tradicional”, lê-se no prospeto.

Em suma, “o plano estratégico da Cofina, após a aquisição do grupo Media Capital, foca-se na inovação e lançamento de novos produtos e captação de maior audiência”, assim como na “melhoria” da “eficiência operacional dos vários negócios” que passarão a estar agrupados debaixo da chancela de um mesmo grupo.

Paulo Fernandes vai ficar à frente daquela que será a maior empresa de comunicação social do país, resultante da fusão da Cofina com a Media Capital.MIGUEL A. LOPES/LUSA

Esta segunda-feira, foi tornado público que a CMVM aprovou o aumento de capital que vai permitir à Cofina adquirir a Media Capital. A operação envolve uma injeção de 85 milhões de euros na empresa, que já está garantida em, pelo menos, 70% e arranca há no próximo dia 20 de fevereiro.

Foi também divulgado um esquema da estrutura acionista da “nova” Cofina pós-aumento de capital, de acordo com os compromissos de participação que já foram assumidos por vários investidores. A maior “fatia”, de 20,13%, será detida pelo atual presidente executivo, Paulo Fernandes, enquanto o empresário Mário Ferreira deverá ficar com 15,25%. Mediante a informação atual, figurarão como os dois maiores acionistas da empresa.

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Empresas prometem gastos mais “verdes”. Aviação pode pagar fatura

Consciencialização da pegada carbónica está a pesar nas decisões de despesa. Maioria dos gestores antecipa uma redução dos gastos, sendo que aqueles que fizerem tenderão a ser mais "verdes".

As empresas querem gastar menos… e de forma cada vez mais verde. É esta a conclusão do inquérito realizado pelo Credit Suisse junto de 90 gestores, no qual metade apontaram para a pegada de carbono como uma dos principais preocupações que irão influenciar as despesas das suas empresas. Companhias aéreas podem sofrer.

“As preocupações ambientais estão a tomar um papel central com mais de 50% dos inquiridos a sugerirem que a consciencialização da pegada carbónica está a influenciar as decisões de despesa enquanto a proporção que está a planear alterar no mix energético para renováveis subiu para 74% (contra 53% há nove meses)”, refere o relatório do Credit Suisse.

Os setores na linha da frente do risco associado a estas preocupações dos gestores estão as companhias aéreas, com 63% dos empresários inquiridos a afirmarem que tencionam mudar o montante gasto e a forma como viajam.

Os gastos planeados pelas empresas deverão encolher — apenas cerca de 26% dos gestores planeia aumentar despesas. EUA e Alemanha, duas das maiores economias do mundo, destacam-se na previsão de crescimento dos gastos. “Isto é consistente com o recente impulso ascendente que está a sustentar os indicadores no primeiro trimestre”, diz o Credit Suisse.

Enquanto o coronavírus poderá, em última análise, provar ser um risco material para a economia global, afetando as empresas, o “Brexit ainda se mantém como a primeira preocupação de 40%”, revela o relatório do banco suíço.

Banca financia, mas bolsa já não assusta

Além das mudanças nos hábitos de consumo das empresas, que deixam antever despesas cada vez mais “verdes”, há também uma alteração na forma como os empresários olham para as fontes de financiamento na expansão dos seus negócios.

"Com o BCE como feliz comprador de crédito, a quantidade de empresas que dizem que o acesso aos mercados de capitais é desafiante caiu (16% contra 24%). No entanto, para aqueles que usam financiamento bancário, o dobro reporta condições mais restritivas.”

Credit Suisse

Apesar de a banca se manter como o player com maior peso, os gestores apontam para maiores condicionantes no financiamento bancário e mais facilidades no financiamento em mercado devido às políticas expansionistas do Banco Central Europeu (BCE) como os programas de compra de ativos.

“Com o BCE como feliz comprador de crédito, a quantidade de empresas que dizem que o acesso aos mercados de capitais é desafiante caiu (16% contra 24%). No entanto, para aqueles que usam financiamento bancário, o dobro reporta condições mais restritivas”, aponta o relatório do Credit Suisse.

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Galp Energia admite vender ativos para limitar aumento da dívida com a aposta nas renováveis

Petrolífera vai reforçar o investimento nas renováveis nos próximos meses, mas garante não querer deixar o peso da dívida na atividade aumentar. Por isso, está a considerar fazer rotação de ativos.

A Galp Energia está a considerar vender ativos para limitar o endividamento da empresa. A petrolífera liderada por Carlos Gomes da Silva vai investir mais nos próximos anos, para reposicionar-se com foco nas energias renováveis, enquanto quer fazer crescer a remuneração dos acionistas. Neste cenário, o gestor garante que prefere alienações a aumentar o peso da dívida.

Vamos fazer rotação de ativos, se for necessário para manter a dívida abaixo de duas vezes o EBITDA [lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações]”, garantiu o CEO Carlos Gomes da Silva, num encontro em Londres com analistas. No mesmo evento, o CFO Filipe Crisóstomo Silva acrescentou que “a rotação de ativos é muito provável”.

O rácio que mede o peso da dívida na atividade da petrolífera ainda está longe da linha traçada pelo gestor. Com uma dívida líquida a 31 de dezembro de 2019 em 1.435 milhões de euros (menos 302 milhões no ano anterior), o rácio da dívida da Galp Energia face ao EBITDA situou-se em 0,7 vezes no final do ano passado.

A justificação deve-se, assim, ao reforço no investimento, que totalizou 856 milhões em 2019. Entre 2020 e 2022, esse montante vai crescer para uma média entre mil milhões e 1,2 mil milhões de euros por ano, sendo que mais de 40% serão dedicados a capturar oportunidades relacionadas com a transição energética e outros 10% a 15% serão alocados a projetos de geração elétrica de base renovável e novos negócios.

Com os lucros a caírem (em 2019 tombaram para 389 milhões), os compromissos da Galp Energia de reforçar o investimento (para financiar o reposicionamento focado em energias renováveis) e aumentar a remuneração acionista (em 10% ao ano até 2022) poderão tornar-se mais difíceis de concretizar. Mas o recurso ao endividamento será limitado, ficando em aberto a rotação de ativos.

“Temos considerado, no nosso cenário base, desconsolidação, que iria implicar não só vender partes de ativos, mas também fazer rotação de ativos”, diz Carlos Gomes da Silva, sem especificar quais os ativos que poderão ser colocados no mercado. O ECO sabe que, apesar de não estar nenhum negócio ainda a ser trabalhado, a acontecer poderá tratar-se de uma venda de ativos não estratégicos como a rede de distribuição de gás natural.

O gestor acrescentou que a Galp quer deixar todas as opções em aberto, incluindo fazer aquisições estratégicas ou encontrar novos parceiros de negócio. Após ter comprado empresa de energia solar fotovoltaica em Espanha, a petrolífera anunciou que está à procura de mais negócios que possam alinhar com a nova estratégia, bem como de parceiros para reforçar no segmento das renováveis.

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IRS, TSU e ADSE “roubam” 15% do aumento prometido à Função Pública. Veja as simulações

Do aumento de sete euros prometido pelo Governo para os trabalhadores do Estado que ganham menos, apenas 5,99 euros chegarão efetivamente às suas carteiras.

Depois de, no final de 2019, ter dito que tinha ido “até onde podia ir” com os aumentos salariais de 0,3%, o Ministério de Alexandra Leitão convocou os sindicatos da Função Pública para uma nova ronda negocial e propôs um reforço remuneratório extra para os salários mais baixos. Dos sete euros prometidos, 14,5% (cerca de um euro) não chegarão, contudo, à carteira dos trabalhadores do Estado, sendo absorvidos pelas contribuições para a ADSE e pelos descontos para a Segurança Social ou para a Caixa Geral de Aposentações (CGA).

Foi em dezembro do ano passado que o Executivo de António Costa anunciou subidas salariais de 0,3% para todos os funcionários públicos, isto é, em linha com a inflação registada até novembro de 2019.

Tal proposta foi considerada pelos sindicatos como “vexatória”, “inaceitável” e até “ofensiva”, mas do lado do Governo a interpretação era outra. “Não vejo isso [o aumento de 0,3%] como uma notícia tão má assim, muito menos uma abertura de guerra com os sindicatos”, reagiu a ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública, em entrevista ao ECO.

Guerra ou não, as estruturas sindicais decidiram avançar com greves e manifestações; E nem a nova ronda negocial convocada pelo Governo impediu a realização desses protestos.

A nova reunião com o Ministério de Alexandra Leitão acabou, assim, por acontecer dez dias depois dos funcionários públicos terem ido para a rua contestar a proposta de atualização salarial.

No arranque dessa nova ronda, o secretário de Estado da Administração Pública, José Couto, colocou em cima da mesa um reforço extra dos ordenados, tendo proposto aumentar em sete euros os salários correspondentes aos dois escalões mais baixos da Tabela Remuneratória Única (TRU).

Em causa está o “salário mínimo” da Função Pública, que deverá, deste modo, passar de 635,07 euros para 642,07 euros e a remuneração no escalão imediatamente acima desta, que passará de 683,13 euros para 690,13 euros.

O Governo mostrou, além disso, disponibilidade para dar aumentos ainda mais expressivos a esses escalões, mas até agora não anunciou que verba tem para pôr em prática tal vontade. O mistério deverá, contudo, ser desfeito na reunião desta quarta-feira.

Para já, certo é que a remuneração mais baixa do Estado irá crescer, pelo menos, sete euros, com efeitos retroativos a janeiro. O aumento que será sentido efetivamente pelos trabalhadores será, no entanto, inferior a esse valor. É que cerca de um euro (14,5%) dessa atualização ficará retida, todos os meses, em descontos para a ADSE e Segurança Social ou CGA (os trabalhadores neste escalão de rendimentos não são alvo de retenção na fonte de IRS).

Resultado: o “salário mínimo” público subirá, em termos líquidos, para 548,97; Ou seja, está em causa uma subida líquida de 5,99 euros, consideravelmente abaixo do aumento líquido de 76,95 euros (90 euros brutos) exigido pela Frente Comum, do reforço líquido de 15,75 euros (2,9%) defendido pela Federação dos Sindicatos da Administração Pública (FESAP) e até da subida líquida de 10,86 euros (2%) pedida pelo Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE).

Por outro lado e de acordo com as simulações feitas pelo ECO, noutros casos, a variação entre 2019 e 2020 dos salários do Estado reflete, em termos líquidos, de forma positiva as alterações feitas nas tabelas de IRS, o que resulta num reforço remuneratório mesmo superior ao anunciado pelo Governo.

Este ano, as taxas de retenção na fonte foram atualizadas em linha com a inflação de 2019, e para refletir a descida no IRS, tendo baixado entre 0,1 e 0,2 pontos percentuais. Tal significa que, todos os meses, os trabalhadores têm, este ano, à sua disposição mais rendimento, já que menos fica retido.

No caso dos funcionários públicos, tais mudanças refletem-se em reforços remuneratórios, em termos líquidos, de poucos cêntimos acima dos 0,3% anunciados pelo Executivo.

Exemplo disso é a evolução esperada dos rendimentos dos trabalhadores das Administrações Públicas casados (dois titulares) com um filho e que estejam atualmente no 13.º escalão da Tabela Remuneratória Única (TRU), isto é, que recebam mensalmente 1.098,50 euros brutos.

Em 2019, desse montante, o trabalhador via descontado 288,91 euros (120,84 euros para a CGA; 38,45 euros para a ADSE; e 129,62 euros para o IRS com uma taxa de retenção de 11,8%).

Este ano, essa taxa de retenção na fonte caiu para 11,7%, para casados (dois titulares) com um dependente, baixando este desconto dos tais 129,62 euros para 128,91 euros.

Ainda assim, com a anunciada subida salarial de 0,3%, estes trabalhadores verão as contribuições para a ADSE e para a CGA aumentarem de forma ligeira: de 120,84 euros para 121,20 euros e de 38,45 euros para 38,56 euros. Tudo somado, enquanto o aumento bruto esperado é de 3,3 euros, o aumento líquido será de 3,53 euros.

Por outro lado, para os escalões mais altos da TRU, o alívio das taxas de retenção não será suficiente para garantir um reforço remuneratório acima do prometido pelo Governo, uma vez que, nesses casos, o peso das contribuições para a ADSE e para a CGA ou Segurança Social é superior ao dessa atualização salarial, resultando num aumento líquido inferior ao bruto.

Por exemplo, um trabalhador que ocupe atualmente o 70.º lugar da TRU recebe hoje 3.364,14 euros e desconta, todos os meses, 370,06 euros para a CGA, 117,74 euros para a ADSE e 975,60 euros para o IRS. Com o aumento de 0,3% e com as novas tabelas de retenção, esses descontos passarão para 371,17 euros, 118,10 euros e 975,15 euros, respetivamente.

Contas feitas, este trabalhar vai passar a receber, em termos brutos, mais 10,09 euros. Face às contribuições para a CGA e para a ADSE, esse valor encolherá para cerca de nove euros, em termos líquidos, sendo uma fatia de 10% do aumento prometido pelo Executivo absorvida pelo próprio Estado.

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Auditores e supervisores obrigam Novo Banco a reforçar imparidades

O Novo Banco tem registado imparidades a mais? Auditoria da EY e inspeção do supervisor revelaram necessidade de o banco fazer mais provisões para se proteger de eventuais perdas no futuro.

O Novo Banco teve de reforçar ligeiramente as imparidades em 2019, isto depois de uma análise da auditora EY (revisor das contas do banco) e de uma inspeção dos supervisores terem chegado à mesma conclusão de que a instituição liderada por António Ramalho teria de deixar de lado mais dinheiro para fazer face a eventuais perdas com ativos, apurou o ECO.

Um banco tem necessidade de registar imparidades quando verifica que o valor real de um ativo (por exemplo, um crédito a uma empresa) é menor do que o valor que está registado nas contas. Quando isto acontece, tem de colocar dinheiro de lado para fazer face a uma eventual perda no futuro, registando a imparidade que pode ser revertida ou não no futuro, dependendo da evolução do valor do ativo.

No caso do Novo Banco, a política de “imparização” tem levantado sido colocada em causa depois dos sucessivos pedidos significativos ao Fundo de Resolução por via do mecanismo de capital contingente que foi criado em outubro de 2017, aquando da venda de 75% do capital do banco ao fundo de private equity americano Lone Star.

Até hoje, o Novo Banco já pediu 2.000 milhões de euros: 782 milhões em 2018 e 1.149 milhões em 2019. Este ano, o pedido ao Fundo de Resolução — financiado pelos bancos do sistema e por empréstimos do Tesouro público — deverá ascender a 1.000 milhões de euros, de acordo com o Jornal de Negócios. Ou seja, em três anos esgotará mais de 75% do “plafond“.

A dimensão dos pedidos (que tem acompanhado a magnitude dos prejuízos) tem levantado dúvidas e suspeitas, nomeadamente em relação uma eventual estratégia do banco de estar a registar imparidades a mais para aproveitar ao máximo o dinheiro disponibilizado pelo Fundo de Resolução, e especialmente numa altura em que as boas condições económicas do país tem levado os outros bancos a diminuir as provisões. Será que o banco está a reconhecer mais perdas do que aquelas que devia?

Tanto a auditoria da EY como a inspeção dos supervisores da banca mostraram que o Novo Banco não está registar imparidades em excesso. Pelo contrário: há imparidades a menos. Ao que o ECO apurou, a necessidade de provisão extra em 2019 situa-se na ordem dos 50 milhões de euros.

Não é um valor relevante para o Novo Banco. Por ano, a instituição regista imparidades entre 300 milhões e 400 milhões de euros. Mas, ao todo, o dinheiro que o banco tem de lado para enfrentar potenciais perdas com ativos ascende a cerca de 3.000 milhões de euros.

Contactado pelo ECO, o banco não comenta o reforço de imparidades a que foi obrigado.

Ao contrário da venda de carteiras de malparado e das reestruturações dos créditos que estão no perímetro do mecanismo de capital contingente, que têm de ser autorizadas pelo Fundo de Resolução, o nível de imparidades sobre os ativos não tem de passar no crivo da autoridade de resolução nacional.

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Auditoria ao Novo Banco custa três milhões. É o triplo do que custou a da Caixa

A Deloitte tem algumas dezenas de técnicos a trabalhar na auditoria especial ao Novo Banco. Encargos são de três milhões de euros. É um valor três vezes superior ao que a Caixa pagou à EY.

Sede do Novo Banco, em Lisboa.Hugo Amaral/ECO

A auditoria especial da Deloitte ao Novo Banco vai custar cerca de três milhões de euros ao banco, sabe o ECO. É um valor três vezes superior ao encargo que a Caixa Geral de Depósitos (CGD) teve de assumir com a auditoria da EY, feita em 2017 aos atos de gestão no banco público e que tinha sido pedida pelo ministro das Finanças, Mário Centeno, por causa da recapitalização do banco público.

Uma equipa da Deloitte está há várias semanas “instalada” no Novo Banco a passar a pente fino os atos de gestão na instituição financeira nos últimos 18 anos. São mais de quatro dezenas de técnicos da auditora que estão a analisar operações de crédito, incluindo concessão, garantias, reestruturações ou perdões de dívida, decisões de investimento ou desinvestimento realizadas em Portugal e no estrangeiro e ainda decisões de compra e venda de ativos, como determina a lei 15/2019, a chamada lei dos grandes devedores, que desencadeou todo o processo de auditoria especial.

De acordo com o Expresso, são 100 créditos tóxicos que estão na mira: 50 créditos maus que estão no perímetro do mecanismo de capital contingente que obriga o Fundo de Resolução a injetar dinheiro no Novo Banco sempre que acionado; e outros 50 créditos com grande peso na instituição e que tinham sido identificados pelo Fundo de Resolução como devedores relevantes.

Mas há outro aspeto relevante: os auditores terão de fazer esta análise à luz do normativo interno na altura da decisão. Ao que apurou o ECO, estão em causa mais de 3.000 regras internas que foram mudando ao longo do tempo no banco e que a Deloitte terá de ter em conta para aferir a qualidade de uma decisão a determinado momento.

A auditoria, que estará concluída em maio, vai compreender os atos de gestão não só no período do BES, que foi alvo de uma medida de resolução em agosto de 2014, mas também do Novo Banco, até 2018. Incluirá as gestões desde Ricardo Salgado até António Ramalho.

Este escrutínio aos atos de gestão no banco surge na sequência da lei dos grandes devedores que obriga à realização de uma auditoria especial sempre há uma operação de capitalização de uma instituição de crédito com recurso a fundos públicos.

Neste caso, o Novo Banco pediu no ano passado 1.149 milhões de euros ao Fundo de Resolução (que por sua vez teve de pedir um empréstimo ao Tesouro no valor de 850 milhões) através do mecanismo de capital contingente, uma espécie de “garantia pública” criada em outubro de 2017, aquando da venda da instituição ao Lone Star. Ou seja, de acordo com a lei, se o Tesouro voltar a emprestar ao Fundo de Resolução para injetar no banco, terá de haver nova auditoria. O Orçamento do Estado prevê 600 milhões.

Por causa de incompatibilidades de outras grandes auditoras, a escolha do Banco de Portugal (aprovada pelo Ministério das Finanças) para realizar a auditoria ao Novo Banco acabou por recair sobre a Deloitte, o que acabou por reduzir o poder negocial na contratação de uma empresa de auditoria para realizar o trabalho.

Na auditoria da CGD, os trabalhos ficaram a cargo da EY, que analisou 200 devedores e outras operações de investimento desde 2000 até 2015. Custou um milhão de euros e, também naquele caso, a fatura foi enviada para o banco.

O ECO contactou o Novo Banco e a Deloitte. O banco não comenta, enquanto a auditora não respondeu até à publicação do artigo.

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Tribunal de Contas “chumba” modelo de financiamento do Ensino Superior

Tribunal de Contas fez uma auditoria ao modelo de financiamento do Ensino Superior e não gostou do que viu. Pede maior controlo sobre os 1,1 mil milhões que foram transferidos do Orçamento do Estado.

O juiz Vítor Caldeira é o presidente do Tribunal de Contas.Paula Nunes / ECO

O Tribunal de Contas fez uma auditoria ao modelo de financiamento do Ensino Superior, no período de 2016 a 2019, através da análise dos Contratos de Legislatura, o instrumento que o Governo usa para fazer chegar dinheiro público às escolas.

O objetivo era perceber se o financiamento que o Orçamento do Estado canaliza para as universidades e politécnicos “é transparente e promove a eficiência das instituições”, e se o Estado faz um acompanhamento adequado.

A entidade presidida pelo juiz Vítor Caldeira apenas analisou o financiamento que vem do Orçamento — 1,1 mil milhões de euros em 2009, que corresponde a 53% do total — e não outras fontes de financiamento como as receitas próprias, os fundos europeus, a ação social ou ainda as transferências de outras entidades.

E a que conclusões chega o Tribunal de Contas?

  1. Primeiro diz que esse financiamento não decorreu de acordo com o previsto na Lei de Bases de Financiamento do Ensino Superior porque “ignorou a fórmula aí fixada, bem como critérios de qualidade e desempenho nela enunciados”. O Governo argumenta que os critérios da Lei de Bases — que data de 2003 — estão desadequados e, como tal, o Tribunal recomenda então ao ministro Manuel Heitor que cumpra a lei ou altere a Lei de Bases.
  2. Diz o TdC que o Estado não tem em conta critérios objetivos de qualidade e de excelência na hora de passar o cheque às universidades e politécnicos, quando podia optar por um financiamento diferenciador que promovesse o mérito.
  3. A equipa de Vítor Caldeira critica ainda a não afetação do dinheiro por atividades, o que cria uma dificuldade na hora de avaliar os resultados.
  4. O Tribunal defende ainda que existe uma dependência entre os “Contratos, vigência do Governo e diplomas orçamentais”, pelo que a estabilidade e a previsibilidade, “que são relevantes para uma gestão autónoma e estratégica das instituições”, não estão garantidas no longo prazo, além da legislatura.
  5. Por fim, escreve o TdC que há falta de acompanhamento e, como tal, não se consegue perceber o resultado dos Contratos em termos de “articulação entre o ensino e a investigação, redução do abandono escolar” ou ainda da “consolidação do emprego científico”.

As recomendações dos juízes ao Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior vão, claro, no sentido de colmatar estas cinco falhas. Além da sugestão para mudar ou cumprir a Lei de Bases, o TdC pede mudanças no novo Contrato já assinado com as escolas, no sentido de “promover transparência”, melhorar a articulação com as medidas de política pública e, ainda, “publicitar os resultados das ações de acompanhamento e controlo do financiamento público”.

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PS propõe Clemente Lima e Vitalino Canas para o TC

  • Lusa
  • 18 Fevereiro 2020

Os dois nomes propostos pelo PS são candidatos às duas vagas deixadas em aberto por Cláudio Monteiro e Clara Sottomayor.

O PS vai propor o juiz António Clemente Lima e o antigo secretário de Estado Vitalino Canas para preencher as duas vagas em aberto no Tribunal Constitucional, disse à Lusa fonte oficial da bancada socialista.

Estes dois nomes são candidatos às duas vagas deixadas em aberto por Cláudio Monteiro e Clara Sottomayor e, no próximo dia 28 fevereiro, após audição em comissão parlamentar, terão de ser eleitos por dois terços dos deputados.

Sendo uma eleição por dois terços dos deputados, exige-se pelo menos uma posição favorável das bancadas do PS e do PSD.

Mestre e doutorado em Direito, Vitalino Canas desempenhou as funções de secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros nos dois governos de António Guterres (1995/2002) e foi porta-voz do PS nos primeiros cinco anos de liderança socialista de José Sócrates (2004/2009).

António Clemente Lima é licenciado pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e é juiz conselheiro no Supremo Tribunal de Justiça. Antes foi juiz desembargador nos tribunais da Relação de Évora, Lisboa e Porto.

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