Deputado do PS responde à Padaria Portuguesa. Diz que empresa pode “aproveitar onda de falências”

  • ECO
  • 24 Março 2020

Carlos Pereira, do PS, defende que a Padaria Portuguesa "tem a robustez e a dimensão para aproveitar os apoios", bem como "contactos na banca para obter financiamentos de tesouraria".

O sócio-gerente da Padaria Portuguesa decidiu escrever uma carta aberta onde diz que a quebra de receitas das últimas semanas põe em causa o pagamento de salários já no próximo mês. O texto já motivou uma resposta do deputado socialista Carlos Pereira, que aponta que a empresa até pode “aproveitar a onda de falências de pequenas padarias e consolidar, daqui a um ano, a sua posição no mercado”.

O deputado socialista admite que Nuno Carvalho, o sócio-gerente, “pode ter razão de queixa”, num post publicado na sua página pessoal de Facebook. Mas aponta que a cadeia de restauração poderá estar em vantagem em relação a outros estabelecimentos mais pequenos, como é o caso da padaria Mariazinha, no Funchal, exemplifica.

“A Padaria Portuguesa tem a robustez e a dimensão para aproveitar os apoios, tem a liquidez para aguentar três meses de faturação a cair vertiginosamente, tem os contactos na banca para obter financiamentos de tesouraria robustos para aguentar meses, tem a capacidade negocial para negociar financiamentos baratos e tem a ajuda de especialistas, de vária ordem, para tirar todos os dividendos da crise e aproveitar todos os apoios”, argumenta o deputado socialista.

Na carta aberta, Nuno Carvalho diz que desde o dia 13 de março que o “negócio teve quebras de 50% e que, desde que foi decretado o estado de emergência, as quebras são superiores a 60%”. Refere ainda que o recuo das receitas das últimas semanas põe em causa o pagamento de salários a 1.200 pessoas já no próximo mês.

Em reação, o socialista Carlos Pereira atira que a cadeia alimentar “até tem a capacidade de aproveitar a onda de falências de pequenas padarias e consolidar, daqui a um ano, a sua posição no mercado”. “Quem sabe num financiamento colossal da banca, abrindo mais ’50 lojas’ que invadirão o mercado e exercerão novo domínio no setor, sem mariazinhas”, sugere, voltando ao exemplo da padaria funchalense.

“Já a Mariazinha não tem nada disto e é para a Mariazinha que não me calarei para que todos os apoios sejam desenhados e equacionados”, conclui o deputado.

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Prova dos 9: Banca pede spread de 3% no crédito a PME e financia-se a -0,75% como diz o sócio-gerente da Padaria Portuguesa?

Banco pediu spread de 3% para financiar a Padaria Portuguesa. O primeiro ministro diz que spreads vão variar entre 1% e 1,5%. O ECO confirmou os factos para perceber quem tem razão.

A Padaria Portuguesa está em dificuldades. Não será caso único, mas tornou-se público com a carta aberta escrita pelo sócio-gerente Nuno Carvalho ao ministro Pedro Siza Vieira. Esta empresa, tal como muitas outras que têm serviço ao público e se viram obrigadas a fechar devido ao surto de coronavírus, está a sofrer uma forte queda nas receitas.

A inesperada e abrupta quebra de faturação deixou a Padaria Portuguesa, pela primeira vez na história da empresa, sem receitas suficientes para cobrir custos operacionais e encargos financeiros. “Mantendo-se este cenário, já no próximo mês não teremos capacidade financeira para pagar salários aos mais de 1.200 colaboradores”, alerta Nuno Carvalho.

O gestor desta cadeia alimentar escreve ao ministro da Economia com o objetivo de mostrar que as medidas apresentadas pelo Governo para o setor da restauração “não resolvem os problemas urgentes que as empresas enfrentam”, criticando tanto o regime de lay-off como os termos da linha de crédito.

Nuno Carvalho diz que tentou aceder às linhas de crédito, abertas pelo Governo (num valor total de três mil milhões de euros), mas pediram-lhe um spread de 3%, uma taxa muito acima daquela à qual a banca se financia. A denúncia foi feita no mesmo dia em que o primeiro-ministro, António Costa, garantiu que os spreads iriam variar entre 1% e 1,5%.

Afinal qual é o spread? O ECO fez as contas.

A afirmação

“As linhas de crédito lançadas são um excelente instrumento para ajudar a tesouraria nesta fase. Mas tem sentido as condições de spread que os bancos estão a fazer?! Saberá o Governo que se estão a praticar spreads de 3% quando o BCE ficou taxas de juro de -0,75%?! É razoável os bancos aproveitarem esta crise para fazer negócio desta forma?!“.

As perguntas foram feitas por Nuno Carvalho, dirigindo-se ao ministro Siza Vieira, sobre as linhas de crédito anunciadas a semana passada pelo Executivo. Num total de 3,2 milhões de euros, 600 milhões de euros são direcionado para empresas da restauração e similares (dos quais 270 milhões são destinados a micro e pequenas empresas do mesmo setor).

As linhas de crédito lançadas são um excelente instrumento para ajudar a tesouraria nesta fase. Mas tem sentido as condições de spread que os bancos estão a fazer?! Saberá o Governo que se estão a praticar spreads de 3% quando o BCE ficou taxas de juro de -0,75%?! É razoável os bancos aproveitarem esta crise para fazer negócio desta forma?!

Nuno Carvalho

Sócio-gerente da Padaria Portuguesa

Além da afirmação do sócio-gerente da Padaria Portuguesa. Há outra afirmação relevante para o caso. O primeiro-ministro anunciou, também esta segunda-feira e em entrevista à TVI, que estes empréstimos às empresas terão um spread mínimo de 1% e máximo de 1,5%, consoante a maturidade que pode ir até quatro anos.

Os factos

As duas afirmações parecem contraditórias, mas não é assim tão simples. É que Nuno Carvalho não disse quando ou onde pediu a simulação, sendo que não é relevante qual o banco onde o fez já que os maiores bancos do país anunciaram que iriam alinhar na iniciativa que tem regras uniformizadas.

A primeira linha de crédito, disponibilizada através do sistema bancário com garantia do Estado, foi anunciada por António Costa no Parlamento, a 5 de março. Aos deputados, o primeiro-ministro disse que estava a ser preparada uma verba de 100 milhões de euros para apoiar as empresas afetadas pelo surto de coronavírus. Esse valor acabou por ser duplicado a 9 de março.

O valor dividia-se entre a Linha Covid-19 Fundo de Maneio (160 milhões de euros) e a Linha Covid-19 Plafond Tesouraria (40 milhões). O documento de divulgação Linha Capitalizar, consultado pelo ECO, mostra que os spreads vão desde 1,7% até 3,563%, dependendo do escalão da empresa (calculado tendo em conta a autonomia financeira e o rácio de dívida face ao EBITDA).

Spreads das primeiras linhas superam 3,5%

Fonte: Documento de divulgação Linha Capitalizar

Na semana passada, o ministro da Economia anunciou um novo conjunto de linhas de crédito com um valor muito superior: três mil milhões de euros. Neste caso, os únicos dados conhecidos sobre os spreads foram os avançados por António Costa até porque o processo “ainda está a ser fechado com os bancos”, como explicou esta segunda-feira o primeiro-ministro.

Entre um anúncio e o outro, efetivamente, houve novas medidas de emergência do Banco Central Europeu (BCE), incluindo empréstimos de baixo custo (com a tal taxa de -0,75% referida pelo gestor) para incentivar os bancos a passarem liquidez para a economia, bem como um alívio dos requisitos de supervisão para que os bancos possam tomar mais risco sem serem penalizados.

Prova dos 9

As afirmações de Nuno Carvalho e António Costa não são afinal incompatíveis e ambas são verdadeiras. O banco a que o sócio-gerente da Padaria Portuguesa pode ter pedido um spread de 3% por um empréstimo, mas as novas linhas que estão a ser trabalhadas terão condições mais vantajosas.

Estas ainda não estão disponíveis às empresas, pelo que, para já, as existentes (que poderão ser fundidas quando as novas linhas foram lançadas ao público) são muito mais pequenas em montante e menos atrativas em termos de taxa. A promessa de António Costa é que o spread máximo seja metade desse: para um máximo de 1,5%.

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Itália regista mais 734 mortes por coronavírus. Já são 6.820 vítimas mortais

Os números globais apontam para 6.820 vítimas mortais em Itália desde o início do surto. Números sobem depois de dois dias em queda e já são mais do dobro dos registados na China.

O número de mortos devido ao surto de Covid-19 em Itália aumentou em 734 para 6.820 vítimas mortais, revelaram esta terça-feira as autoridades de saúde. Os números de vítimas mortais voltam assim a aumentar, depois de dois dias consecutivos em queda.

Com este novo balanço em Itália, o país duplica o número de mortes registadas na China. Em território chinês (sem os territórios de Hong Kong e Macau) foram registadas 3.277 mortes, menos de metade das registadas até à data em Itália (6.820).

Já o número total de casos em Itália subiu para 69.176, em relação aos anteriores 63.297 um aumento de 8,2% e em linha com os registados na segunda-feira, informou a Agência de Proteção Civil, de acordo com a Reuters (acesso livre, conteúdo em inglês).

Das pessoas originalmente infetadas em todo o país, 8.326 já recuperaram, mais 894 do que no dia anterior. Há ainda 3.396 pessoas nos cuidados intensivos, contra as anteriores 3.204.

Itália já ultrapassou a China no número de mortes, e é o segundo país com mais casos identificados de infeção de Covid-19. A região da Lombardia continua a ser a mais afetada, tendo esta terça-feira reportado um total de 4.178 mortes desde que o surto foi detetado no país e 30.703 casos confirmados.

França já tem 1.100 vítimas mortais

Em França, o número de vítimas mortais pelo novo coronavírus atingiu os 1.100, mais 240 desde segunda-feira à noite, segundo os dados oficiais revelados pelo Le Monde (acesso livre, conteúdo em francês).

Há ainda 22.300 casos confirmados no país, sendo que 10.176 pessoas estão hospitalizadas. Destes 2.516 pessoas estão em estado grave nos cuidados intensivos, sendo que 34% destes doentes têm menos de 60 anos e 58% estão entre os 60 anos e os 80. Há ainda 3.281 pessoas totalmente recuperadas.

Mortes no Reino Unido sobem para 422

No Reino Unido, o número de vítimas mortais aumentou 422, mais 87 do que as registadas nas ultimas 24 horas, segundo aponta o Serviço Nacional de Saúde britânico.

Além disso, o número de casos confirmados do novo coronavírus também aumentou, passando dos 6.650 para os 8.077. O Reino Unido vai abrir um hospital temporário na próxima semana no centro de exposições de Excel, no centro de Londres, para tratar cerca de quatro mil pessoas. Além disso, o governo de Boris Johnson está a pedir cerca de 250 mil voluntários para ajudar o Serviço Nacional de saúde britânico, avança a CNBC (acesso livre, conteúdo em inglês).

OMS alerta que Estados Unidos podem tornar-se o epicentro da epidemia

A Organização Mundial de Saúde (OMS), alertou esta terça-feira que os Estados Unidos correm o risco de se tornarem o epicentro da pandemia do novo coronavírus, devido ao rápido aumento do número de infetados no país, particularmente na cidade de Nova Iorque, avança a Reuters (acesso livre conteúdo em inglês).

Segundo o último balanço do site World o Meter, 834 pessoas já morreram devido à infeção por Covid-19. Há ainda 49,955 pessoas infetadas, mais 6.221 do que no balanço anterior.

(Notícia atualizada às 19h14 com os números de França)

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Jogadores do Bayern Munique e Borussia Dortmund aceitam corte nos salários

  • Lusa
  • 24 Março 2020

Os jogadores dos dois clubes alemães já decidiram que vão aceitar reduzir o salário para ajudarem a combater a crise provocada pelo vírus.

Os jogadores do Bayern Munique, campeão alemão de futebol, e do Borussia Dortmund, aceitaram baixar os seus salários para ajudarem os clubes a fazer frente à crise nesta indústria, criada por causa da pandemia do Covid-19.

Em comunicado, o emblema de Dortmund avançou que os seus jogadores renunciaram “voluntariamente a uma parte dos seus salários, por solidariedade com os 850 empregados do clube e as suas famílias”.

Os treinadores e os dirigentes do clube, que segue no segundo lugar da Bundesliga (interrompida a 13 de março), a quatro pontos do líder Bayern Munique, também renunciaram a parte dos seus ordenados, permitindo ao Borussia Dortmund “poupar uma verba de dois dígitos em milhões de euros”.

Já o acordo no Bayern Munique foi anunciado através do jornal Bild, que avançou que foi combinado um corte de 20% nos salários dos jogadores e dos dirigentes. Os bávaros, sete vezes seguidas campeões na Alemanha, e que contam com um plantel recheado de estrelas, anunciaram despesas salariais de 336,2 milhões de euros na última época, face à faturação de 750,5 milhões de euros.

Depois de, na quinta-feira, os futebolistas do Borussia Monchengladbach terem anunciado um acordo com a direção para a redução dos ordenados, vários outros clubes já informaram que idêntica medida está a ser aceite pelos seus atletas, casos do Werder Bremen e do Schalke 04, enquanto noutros decorrem ainda as negociações.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 386 mil pessoas em todo o mundo, das quais cerca de 17.000 morreram. Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia. Vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.

Em Portugal, há 33 mortos e 2362 infetados confirmados. Portugal encontra-se em estado de emergência desde as 00h00 de quinta-feira e até às 23h59 de 2 de abril.

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VdA trabalha em casa. João Vieira de Almeida gere “impacto significativo” do vírus no escritório

Na VdA todos os colaboradores estão em teletrabalho, com exceção de uma pequena equipa e do managing partner, João Vieira de Almeida. O líder da VdA prevê um impacto significativo nas contas da firma.

A pandemia Covid-19 têm afetado a forma de viver e de trabalhar dos portugueses. Muitas empresas adotaram o mecanismo do teletrabalho de forma a evitar a propagação do vírus. E os advogados não estão imunes às mudanças. Na Vieira de Almeida (VdA) todos os colaboradores encontram-se a trabalhar remotamente.

Entrevistado para a rubrica diária do ECO, Gestores em teletrabalho, João Vieira de Almeida, managing partner da sociedade de advogados VdA, ao contrário dos seus colaboradores não se encontra em teletrabalho. “Todos os colaboradores estão em casa, com exceção de uma pequena equipa que assegura o apoio local indispensável à continuidade das operações. Decidi liderar essa equipa, pelo que estou a trabalhar no escritório“, refere o managing partner.

Ainda assim, João Vieira de Almeida garante que o funcionamento remoto está a funcionar “muito bem” e que os resultados “excedem as melhores expectativas”. “A rotina é a mesma, a solidão física é nova, a realidade é virtual mas a determinação é real e não esmorece”, nota.

Um coisa é certa para o advogado, o Covid-19 terá um “impacto significativo” nas contas do escritório. “Ainda difícil de estimar e muito dependente do período de duração da situação de quase-paragem da economia”, acrescenta o advogado.

Numa época em que as dúvidas são muitas por parte dos clientes, as sociedades de advogados não têm mãos a medir. Entre as áreas mais questionadas pelos clientes está a laboral, contratual e de saúde e farmacêuticas. O managing partner da VdA assegura que a sociedade disponibiliza aos clientes informação “muito abrangente e completa” sobre os problemas que surgem da crise do Covid-19.

“Além disso, estamos a organizar webinars sobre assuntos específicos de interesse para determinados setores e indústrias, e a colaborar muito de perto com os decisores das empresas na elaboração das estratégias que estão a desenvolver para enfrentar esta ameaça”, explicou João Vieira de Almeida.

A VdA – fundada por Vasco Vieira de Almeida – é uma das três maiores sociedades de advogados. Tem 440 pessoas a trabalharem, com mais de 300 advogados e com representação em 13 jurisdições.

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Centeno saúda resposta forte da UE e garante que “mais vem a caminho”

  • Lusa
  • 24 Março 2020

Presidente do Eurogrupo considera que a União Europeia está a dar uma boa resposta ao surto do novo coronavírus e garantiu que "mais vem a caminho" para evitar a crise económica.

O presidente do Eurogrupo defendeu que a Europa está a dar uma resposta sem precedentes para evitar que crise económica provocada pelo surto de covid-19 se transforme numa crise financeira, e garantiu que “mais vem a caminho”.

Numa mensagem-vídeo divulgada antes de uma nova reunião de ministros das Finanças da zona euro para discutir, por teleconferência, medidas suplementares de resposta aos impactos da pandemia, Mário Centeno defendeu que as instituições europeias estão a “agir rapidamente” para responder à “profunda disrupção económica” causada pelo novo coronavírus, e asseverou que não ficarão por aqui, apontando que o Eurogrupo discutirá hoje medidas suplementares para aumentar o “poder de fogo” da zona euro.

“Em apenas uma semana, as nossas medidas orçamentais para apoiar as economias da zona euro praticamente duplicaram em dimensão”, sublinhou, acrescentando que tais medidas acrescem a “todos os estabilizadores automáticos, que são muito poderosos” nos modelos económicos e sociais europeus.

Lembrando a suspensão das regras orçamentais inscritas no Pacto de Estabilidade e Crescimento, proposta pela Comissão Europeia e acordada pelos ministros das Finanças dos 27 (Conselho Ecofin), bem como a “ação excecional” do Banco Central Europeu (BCE), com o lançamento de um programa de compra de ativos no montante de 750 mil milhões de euros, o ministro das Finanças português apontou que “tudo isto não tem precedentes, e mais vem a caminho”.

Instituições como o Mecanismo Europeu de Estabilidade, Comissão Europeia e também o Banco Europeu de Investimento estão a explorar formas de aumentar o nosso poder de fogo de resposta a crises. Todos estes esforços institucionais são complementares e coordenados. O nosso objetivo é adicionar novas linhas de defesa ao euro, para evitar que esta crise económica se transforme numa crise financeira”, declarou.

Centeno apontou que “é isto que estará hoje sobre a mesa do Eurogrupo” e disse ser seu objetivo reportar “soluções” aos líderes europeus na cimeira (por videoconferência) agendada para a próxima quinta-feira, sem descartar nenhumas opções.

Um dos assuntos que deverá hoje ser abordado pelos ministros das Finanças da área do euro é a questão a mutualização da dívida, sendo cada vez mais as vozes a defender a emissão de obrigações pan-europeias, ou ‘coronabonds’, para amortecer o brutal impacto socioeconómico do novo coronavírus.

Impensável há algumas semanas, a eventual emissão comum de dívida europeia, que foi liminarmente rejeitada mesmo no auge da crise das dívidas soberanas na zona euro, em 2012 – então a solução era apresentada como eurobonds –, é hoje a resposta que muitos economistas e líderes políticos advogam para evitar uma nova crise de grandes dimensões no espaço da moeda única, agora com a novidade de ser equacionada até por países como a Alemanha, o grande opositor à ideia há oito anos.

Hoje mesmo, também o primeiro-ministro, António Costa, defendeu durante um debate na Assembleia da República que seria um sinal político “fortíssimo” a emissão de ‘eurobonds’, considerando urgente a disponibilização imediata de “dinheiro novo” da União Europeia para financiar a resposta dos Estados-membros à pandemia de covid-19.

A reunião de hoje do Eurogrupo tem início às 17:30 de Lisboa.

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Covid-19: Supervisor britânico pede sentido de justiça para com segurados

  • ECO Seguros
  • 24 Março 2020

A FCA endereçou orientações às seguradoras no Reino Unido, apelando ao sentido de equidade, clareza de informação e respeito pelas expectativas dos clientes nos diversos ramos de seguros.

Entre outras orientações, a Financial Conduct Authority (FCA) recomenda às seguradoras, incluindo Aviva, RSA, Direct Line e outras para que implementem medidas com o fim de manter o respetivo pessoal seguro e garantir a continuidade do serviço.

A entidade de supervisão de seguros do Reino Unido apela às seguradoras em geral para tratarem os clientes de forma justa à medida que as pessoas mudam comportamentos e sentem maior incerteza no contexto da pandemia (Covid-19).

Num comunicado emitido antes do regime de recolhimento imposto pelo governo, mas que configura um exercício de pedagogia junto das entidades que supervisiona, a FCA sublinha que a capacidade de reclamações dos clientes não deve ser afetada por mudanças como ter que trabalhar em casa e que as companhias devem ser claras sobre exclusões de apólices para apólices novas e existentes.

Citado no documento, Christopher Woolard, presidente executivo interino da FCA desde janeiro deste ano, afirma: “O comportamento do cliente está a mudar. Esperamos que as seguradoras reconheçam que a situação constitui uma ameaça para os clientes e os tratem com equidade, reconhecendo o estado em que se encontram. Nós não desejaríamos ver a um cliente reclamar afetado por circunstâncias sobre as quais tem pouco controle”.

Para os seguros de viagem, as companhias devem informar os clientes sobre as exclusões de apólices de coronavírus em viagens reservadas antes da situação atual ser perspetivada, sustenta a FCA. Se uma reclamação surgir após a data de renovação do seguro anual de viagem, as companhias devem tratar os clientes de forma justa, tal como se o cliente tivesse a expectativa razoável de que a cobertura continuaria.

As seguradoras de automóveis e habitação não devem rejeitar reclamações se um cliente tiver mudado a forma como utiliza o seu veículo ou se tiver equipamento relacionado com o trabalho em casa. Os hospitais privados requisitados para apoiar o sistema de saúde (NHS) podem ter de adiar tratamentos não urgentes ao abrigo do seguro de saúde. Nestes casos os segurados devem ser informados atempadamente e de forma compassiva.

Se as empresas estão a suspender ou limitar produção e serviços para reduzir riscos, não devem tratar os clientes de forma injusta ao ponto de não renovarem uma apólice existente, recomenda a FCA. Os clientes que renovam uma apólice devem ter a cobertura explicada e não devem ser vendidos produtos alternativos que não atendam às suas necessidades.

“Esperamos que todas as empresas de seguros sejam claras e não enganadoras sempre que comunicarem e sejam justas e profissionais na forma como lidam com os seus clientes. Qualquer cliente preocupado com o seu seguro deve considerar contactar o prestador com quaisquer questões que precise de esclarecer”, acrescentou.

Entretanto, quando estavam contabilizados mais de 300 doentes falecidos com a Covid-19, os britânicos vão passar a viver sob regime de quarentena, por um período inicial de três semanas, de acordo com medidas anunciadas pelo governo liderado por Boris Johnson e entram em vigor nesta terça-feira (24).

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Novos estímulos puxam pelas bolsas europeias. PSI-20 dispara 8%

Índices europeus recuperaram parte das fortes perdas das últimas sessões, à boleia de sucessivos pacotes de estímulos dos dois lados do Atlântico. Disparo de 13% da Galp comanda recuperação em Lisboa.

Hoje foi dia de recuperação nas bolsas europeias após as fortes quedas acumuladas nas últimas sessões, com Lisboa a não ser exceção. O PSI-20 ganhou 8%, na melhor sessão da última década, com a Galp Energia nos comandos das subidas. As suas ações dispararam 13%. Investidores reagiram positivamente a novos anúncios de estímulos económicos dos dois lados do Atlântico.

O PSI-20 valorizou 7,82%, para os 3.881,64 pontos, a maior subida desde maio de 2010, com todos os 18 títulos que o compõem no verde, 11 deles com ganhos acima de 5%. Na Europa, o Stoxx 600, índice que agrega as 600 maiores capitalizações bolsistas europeias, acelerou 7,5%.

A recuperação das ações europeias segue a linha que também se observa em Wall Street, com os investidores a depositarem esperança nos estímulos fiscais de 2,5 biliões de dólares nos EUA numa tentativa de salvar as negociações no Senado após o plano inicial não ter sido aprovado esta segunda-feira. Também a Reserva Federal retirou os limites para comprar dívida pública e privada do país.

Galp na dianteira dos ganhos em Lisboa

Do lado de cá do Atlântico, na segunda-feira, a Alemanha também anunciou um grande pacote de ajuda financeira, que prevê financiar parcialmente com a emissão de dívida.

Face a esses estímulos, esta terça-feira a bolsa nacional acabou por fazer uma pausa às recentes derrocadas, com os títulos do setor da energia, do retalho e as papeleiras entre as maiores subidas.

A Galp Energia viu as suas ações dispararem 13,18%, para os 9,394 euros. Também na energia, a EDP ganhou 9,95%, para os 3,448, e a EDP Renováveis avançou 7,54% para os 9,56 euros.

Já as ações da Jerónimo Martins somaram 10,25% para os 16,185 euros, enquanto as da Sonae avançaram 7,80% para os 0,5945 euros.

Por sua vez, as papeleiras Altri e Navigator dispararam 11,55% e 9,72%, respetivamente, para os 3,458 euros e 2,110 euros.

(Notícia atualizada às 17h19)

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Covid-19: ASAE identifica distribuidor de Lisboa por especulação de preços

  • Lusa
  • 24 Março 2020

ASAE diz que o denunciado "procedeu à venda de álcool gel, a preços díspares entre si, sem qualquer justificação, uma vez que a venda, durante o mês de março, oscilou entre os 25 e os 150 euros”.

A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica anunciou esta terça-feira que identificou um importador e distribuidor de álcool gel de Lisboa por especulação de preços, que chegaram a atingir os 490%, e enviou o processo para o Ministério Público.

Segundo um comunicado da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), a operação decorreu na segunda-feira através de uma ação inspetiva, por denúncia, a uma sociedade comercial de importação e distribuição na zona metropolitana de Lisboa, que associava a venda dos produtos à própria pandemia do novo coronavírus.

“Em resultado da operação e com base na documentação analisada preliminarmente, a ASAE concluiu que o denunciado procedeu à venda de álcool gel, a preços díspares entre si, sem qualquer justificação, uma vez que a venda, durante o mês de março, oscilou entre os 25 e os 150 euros”, refere aquela polícia.

Segundo a ASAE, “o operador económico não seguia qualquer critério na definição do preço final ao cliente e foi aumentando, de forma generalizada, os valores de venda à medida que os dias passavam, em função da procura generalizada”.

Nesse alegado esquema, entre o final de fevereiro e março deste ano, “os preços tiveram variações absolutas, entre o preço de compra e o preço de venda, entre 48% e 490%”.

Em face dos fortes indícios da prática do crime de especulação, a ASAE vai comunicar, nos termos legais, os resultados desta operação ao Ministério Público.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 386 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram cerca de 17.000.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

O continente europeu é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, com 6.077 mortos em 63.927 casos. Segundo as autoridades italianas, 7.024 dos infetados já estão curados.

Em Portugal, há 33 mortes, mais sete do que na véspera, e 2.362 infeções confirmadas, segundo o balanço feito esta terça-feira pela Direção-Geral da Saúde, que regista mais 302 casos do que na segunda-feira. Dos infetados, 203 estão internados, 48 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 22 doentes que já recuperaram.

Portugal encontra-se em estado de emergência desde as 00h00 de quinta-feira e até às 23h59 de 02 de abril. Além disso, o Governo declarou dia 17 o estado de calamidade pública para o concelho de Ovar.

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Índia obriga a confinamento. Um terço da população mundial instada a ficar em casa

  • Lusa
  • 24 Março 2020

O governo indiano ordenou o confinamento dos 1,3 mil milhões de habitantes. Sobe assim para 2,6 mil milhões o número de pessoas em confinamento em todo o mundo, isto é, um terço da população mundial.

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, ordenou esta terça-feira o confinamento total da Índia, que tem 1,3 mil milhões de habitantes, durante três semanas, para tentar conter a pandemia do Covid-19. Com esta decisão do governo indiano, sobe para 2,6 mil milhões o número de pessoas em confinamento em todo o mundo, segundo números da agência France-Presse.

Para travar a propagação do vírus, a Índia decretou esta terça-feira a proibição total de sair de casa aos seus 1,3 mil milhões de habitantes, medida que entra em vigor à meia-noite local. “A partir da meia-noite de hoje, todo o país vai entrar em confinamento. Para salvar a Índia, para salvar cada cidadão”, disse o chefe do Governo indiano numa declaração à nação transmitida pela televisão.

Esta decisão fez subir o total de pessoas restringidas a casa no mundo para 2,6 mil milhões, a um terço da população mundial, avaliada pela ONU em 7,8 mil milhões de pessoas.

Pelo menos 42 países e territórios ordenaram o confinamento, entre os quais vários países europeus, aos quais se juntou segunda-feira o Reino Unido, mas também na Colômbia, Argentina, Califórnia (Estados Unidos), Nepal, Iraque ou Madagáscar. A Índia e a Nova Zelândia foram os que mais recentemente adotaram a medida, aos quais se vai juntar, a partir de quinta-feira, a África do Sul.

Na maioria dos casos, as populações só estão autorizadas a sair de casa para trabalhar, comprar alimentos ou medicamentos, procurar ajuda ou médica ou prestar assistência a terceiros.

Pelo menos 15 países, que representam no conjunto 189 milhões de pessoas, decretaram recolher obrigatório, proibindo qualquer deslocação entre o final da tarde e o amanhecer.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 386 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram cerca de 17.000.

Os países mais afetados a seguir à Itália e à China são a Espanha, com 2.696 mortos em 39.673 infeções, o Irão, com 1.934 mortes num total de 24.811 casos, a França, com 860 mortes (19.856 casos), e os Estados Unidos, com 499 mortes (41.511 casos).

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

(Notícia atualizada às 17h56 com mais informações)

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Limite para pagamentos com cartões contactless sobe para 50 euros

Em vez dos habituais 20 euros, portugueses vão poder pagar até 50 euros através de cartões de pagamento com tecnologia contactless, isto é, por aproximação.

O limite para os pagamentos possíveis com cartões bancários com tecnologia contactless vai subir para 50 euros, a partir desta quarta-feira. Medida visa ajudar a travar riscos de transmissão pelo novo coronavírus.

“A partir de amanhã [quarta-feira], os consumidores passam a poder utilizar a tecnologia contactless para efetuar pagamentos presenciais até 50 euros, acima dos atuais 20 euros. Será apenas necessário aproximar o cartão do terminal de pagamento e não será exigido o PIN“, dá conta o Banco de Portugal em comunicado.

“Dada a evolução da pandemia do novo coronavírus, e num momento em que se incentivam os pagamentos ‘sem contacto’, o sistema bancário nacional, em articulação com o Banco de Portugal e a SIBS, decidiu aumentar o montante máximo para fazer pagamentos com a tecnologia contactless sem necessidade de introduzir o PIN”, diz a entidade liderada por Carlos Costa para justificar o incremento do limite dos pagamentos possível com estes cartões.

Os cartões que dispõem de tecnologia contactless, permitem a realização de pagamentos sem a necessidade de saírem da mão do respetivo titular e sem inserção do código pessoal no terminal. Até agora, este sistema permitia apenas pagamentos num valor máximo de 20 euros. A partir desta quarta-feira, o código pessoal deixa de ser necessário em compras contactless com cartão para valores até 50 euros.

O Banco de Portugal explica que os bancos irão proceder a esta alteração “de forma progressiva”, remetendo qualquer questão adicional sobre esta alteração para o banco de cada cliente.

Já os pagamentos “sem contacto” com telemóvel (incluindo os pagamentos com QR Code ou Near Field Communication) continuarão a ser efetuados da mesma forma. “Estes pagamentos já são efetuados sem contacto com o terminal, independentemente do montante”, esclarece o supervisor da banca.

(Notícia atualizada pela última vez às 17h13)

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Altice Portugal melhora contas. Receitas aumentam para 2.110 milhões em 2019

O EBITDA da Altice Portugal estabilizou, mas receitas aumentaram 1,7% em 2019, para 2.110 milhões de euros. Aumento da base de clientes puxou pelas contas da dona da Meo.

A Altice Portugal viu o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) recuar 1% em 2019, para 832 milhões de euros, uma “estabilização” face à queda de mais de 11% que tinha sido registada em 2018. A contribuir para o desempenho esteve um aumento de 1,7% nas receitas, correspondente a 36 milhões de euros, para 2.110 milhões de euros no total do ano passado.

Em comunicado, a empresa liderada por Alexandre Fonseca destaca a “tendência de melhoria significativa face ao alcançado no final de 2018”. “O crescimento das receitas em todos os segmentos, aliado ao continuado controlo ao nível da margem bruta e a cada vez maior eficiência e disciplina de gestão dos restantes custos operacionais, foram as alavancas que permitiram atingir esta boa performance“, refere a mesma nota.

No segmento de consumo, onde se insere a operadora Meo, as receitas registaram um crescimento anual de 0,9% em 2019, para 1.191 milhões de euros, o que compara com a queda de 3,8% observada em 2018. A empresa explica que o “crescimento sustentado” na base de clientes, de 13 mil novos clientes em 2019, foi “um dos fatores críticos” para a melhoria. “Outro fator importante é o número de clientes em fibra ótica, cerca de 60% no final de 2019”, um aumento de nove pontos percentuais face ao ano anterior.

Quanto ao segmento de serviços empresariais, que combina o B2B [business-to-business], o segmento grossista e as restantes unidades de negócio da companhia, as receitas cresceram 2,8% em termos anuais, o que compara com a queda de 2,3% registada em 2018, mas a empresa não revela o valor das receitas em termos absolutos. Ainda assim, o crescimento é justificado com o desempenho favorável da Altice Labs nos mercados nacional e internacional.

Meo não desiste. Quer ser líder na TV

A 12 de março, a Anacom publicou dados estatísticos sobre os serviços de TV por subscrição. O regulador revelou que, no final de 2019, a Nos detinha a maior quota de assinantes (40,1%), seguindo a Meo (39,6%) e a Vodafone (16,3%), salientando que estas duas últimas operadoras foram as que mais assinantes captaram face a 2018.

Um dos objetivos da liderança de Alexandre Fonseca tem sido o de alcançar o primeiro lugar na TV paga, como o próprio disse ao ECO em dezembro: “2020 vai ser o ano da liderança total na Altice Portugal. A Meo será líder em todos os segmentos, destronando o incumbente de TV e consolidando a sua posição como primeira escolha e marca de confiança dos portugueses”, afirmou na altura.

E a empresa não desmobiliza nesta meta. No comunicado com os resultados de 2019, a empresa garante que “continua a dar passos sólidos no sentido da liderança na TV”. Destaca, por isso, as 56 mil adições líquidas no total do ano, “uma redução de dois pontos percentuais para 0,5 pontos percentuais da diferença de quota de mercado face ao operador ainda líder, em apenas um ano”, referindo-se à concorrente Nos.

Ao nível operacional, a Altice Portugal refere ainda que “a meta das 5,3 milhões de casas passadas está cada vez mais perto”. “Durante 2019, foram passadas mais 425 mil novas casas, elevando o número total para 4,9 milhões de casas passadas”, refere.

Este aumento nas casas passadas reflete-se também no aumento do Capex (investimento) da Altice Portugal. A rubrica “atingiu os 436 milhões de euros, representando um aumento de 12 milhões de euros” face a 2018. A contribuir para este aumento esteve ainda a “aposta na expansão da rede móvel 4G, transformação da rede de transporte” e “investimento na plataforma de televisão”.

Operadora está “preparada para disponibilizar 5G”

Depois de um ano marcado pela venda de uma posição minoritária de 49,99% da sua rede de fibra ótica à Morgan Stanley Infrastructure, segue-se um ano de 2020 que se adivinha conturbado também para a Altice Portugal por causa da pandemia do coronavírus.

Assim, no momento atual, a empresa vê como prioritário “garantir a segurança” dos colaboradores e o “funcionamento pleno dos serviços de comunicações”. Isto numa altura em que o Governo já deu margem às operadoras para bloquearem serviços como a Netflix e videojogos em caso de necessidade, devido ao aumento do tráfego nas redes com milhões de portugueses em regime de teletrabalho.

O coronavírus já levou à suspensão de todo o processo do 5G, a quinta geração de rede móvel, que se esperava que chegasse a Portugal até final deste ano. O leilão estava marcado para abril, mas foi suspenso pela Anacom por tempo indeterminado, por sugestão das três principais operadoras de telecomunicações, incluindo a Meo. Ora, mesmo neste contexto, a Altice Portugal diz-se “preparada para brevemente disponibilizar tecnologia 5G” a “todos os portugueses” e empresas.

“Mesmo com a suspensão do processo de consulta pública sobre o projeto de regulamento do leilão 5G, acreditamos que esta nova tecnologia, em devido tempo, será um verdadeiro game changer, trazendo consigo um desafio dirigido às empresas: a transição digital”, conclui a Altice Portugal.

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