Auditoria da Deloitte revela perdas de 4 mil milhões no Novo Banco e Governo envia relatório para PGR

  • Lusa
  • 1 Setembro 2020

O relatório remetido foi remetido ao Parlamento, Banco Central Europeu, ao Banco de Portugal, ao Fundo de Resolução, à Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões e CMVM.

A auditoria externa ao BES e ao Novo Banco revelou esta terça-feira perdas líquidas de 4.042 milhões de euros no Novo Banco e, segundo o Governo, o “relatório descreve um conjunto de insuficiências e deficiências graves” até 2014.

“O relatório descreve um conjunto de insuficiências e deficiências graves de controlo interno no período de atividade até 2014 do Banco Espírito Santo no processo de concessão e acompanhamento do crédito, bem como relativamente ao investimento noutros ativos financeiros e imobiliários”, de acordo com o comunicado, divulgado esta madrugada, pelo Ministério das Finanças.

O relatório descreve um conjunto de insuficiências e deficiências graves de controlo interno no período de atividade até 2014 do Banco Espírito Santo no processo de concessão e acompanhamento do crédito, bem como relativamente ao investimento noutros ativos financeiros e imobiliários.

Comunicado das Finanças

Devido à grande abrangência temporal, “que incide sobre um período muito alargado da atividade do Banco Espírito Santo até 2014 relativamente ao qual estão em curso processos criminais, e à necessidade de salvaguarda dos interesses financeiros do Estado, o relatório será remetido pelo Governo à Procuradoria-Geral da República considerando as competências constitucionais e legais do Ministério Público”, indicou o Governo português.

O relatório, elaborado pela empresa de auditoria Deloitte e entregue esta segunda-feira ao Governo, analisou atos de gestão no Banco Espírito Santo e no Novo Banco, desde 01 de janeiro de 2000 até 31 de dezembro de 2018, e incidiu sobre “283 operações que integram o objeto da auditoria, abrangendo, portanto, quer o período de atividade do Banco Espírito Santo, quer o período de atividade do Novo Banco”.

Este conjunto de operações originou perdas de 4.042 milhões de euros para o Novo Banco entre 04 de agosto de 2014 (um dia após a resolução do BES) e 31 de dezembro de 2018.

“O relatório da auditoria especial evidencia que as perdas incorridas pelo Novo Banco decorreram fundamentalmente de exposições a ativos que tiveram origem no período de atividade do Banco Espírito Santo e que foram transferidos para o Novo Banco no âmbito da resolução”, acrescentou.

O relatório da auditoria especial evidencia que as perdas incorridas pelo Novo Banco decorreram fundamentalmente de exposições a ativos que tiveram origem no período de atividade do Banco Espírito Santo e que foram transferidos para o Novo Banco no âmbito da resolução.

Comunicado das Finanças

O Ministério das Finanças indicou ainda ter remetido o relatório à Assembleia da República, bem como ao Banco Central Europeu, ao Banco de Portugal, ao Fundo de Resolução, à Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões e à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.

“O relatório da auditoria especial é extenso e exigirá uma análise técnica cuidada, objetiva e responsável por parte de todos aqueles a quem foi enviado”, observou o Governo português, acrescentando ser “imprescindível que sejam desenvolvidas, por todos os intervenientes, todas as ações necessárias para assegurar a rápida e integral correção das questões identificadas no relatório da auditoria especial”.

Ainda na mesma nota, o Ministério das Finanças reiterou a “importância do integral cumprimento dos compromissos contratualmente assumidos, designadamente perante o Fundo de Resolução”.

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5 coisas que vão marcar o dia

No primeiro dia de setembro, serão conhecidos indicadores relativos à dívida pública, bem como sobre os setores da produção indústrial e do mercado automóvel.

Neste primeiro dia do mês de setembro, vão ser conhecidos vários dados importantes que permitirão perceber um pouco mais o impacto da pandemia na economia. Entre eles, encontram-se indicadores como a dívida pública, bem como dados sobre a produção industrial e as vendas de automóveis. Para além disso, o dia marca o final do prazo de concessão de empréstimos pelo Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana.

BdP divulga dívida pública

O Banco de Portugal vai divulgar dois indicadores nesta terça-feira. Um deles prende-se com a dívida pública, que aumentou 7,1 pontos percentuais do primeiro para o segundo trimestre deste ano, em grande medida por causa da crise pandémica, para 127,1% do PIB. Serão também conhecidos dados sobre a taxa de desemprego para a Zona Euro, relativos a julho deste ano.

Famílias recebem abono extra

As famílias do primeiro, segundo e terceiro escalões vão receber o pagamento extra de um abono de família, num montante correspondente ao valor base. A Segurança Social paga a prestação complementar neste um mês por ser a altura em que arranca o novo ano letivo, com as famílias com filhos menores a registarem maiores despesas. Serão abrangidas por esta medida 974 mil crianças e jovens, segundo o Ministério do Trabalho.

Como evoluíram as vendas de carros em agosto?

A Associação Automóvel de Portugal (ACAP) dá a conhecer, esta terça-feira, os dados relativos às vendas de automóveis durante o mês de agosto. O setor tem sido bastante afetado pela pandemia, sendo que em julho a queda no mercado automóvel foi de 16,9%, face ao mesmo período do ano passado.

Termina prazo dos empréstimos do IHRU aos arrendatários e senhorios

É o último dia do prazo de concessão de empréstimos pelo Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) aos arrendatários e senhorios com comprovada quebra de rendimentos, para pagamento de rendas. A medida arrancou a 15 de abril, sendo que em junho o IHRU alertou que iria ser menos tolerante nos pedidos de empréstimos, porque o número de pedidos recebido era bastante superior ao número de trabalhadores disponíveis para os analisar.

INE publica índices de Produção Industrial

O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga, esta terça-feira, os índices de Produção Industrial referentes a julho de 2020. Apesar de o setor ter começado a recuperar da pandemia no mês passado, com uma queda de 15%, que comparava com uma quebra de mais de 27% em maio, Portugal foi o país que registou o maior recuo homólogo na União Europeia.

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Barcelona dispensa advogados da Cuatrecasas. Para o clube em causa está um conflito de interesses já que firma representa Messi

Barcelona dispensa os serviços do escritório de advogados Cuatrecasas, após aconselhamento jurídico feito ao argentino Messi. Fonte da firma diz que assessoria ao clube foi apenas em questões fiscais.

O Barcelona decidiu suspender os serviços jurídicos que tinha com a sociedade de advogados Cuatrecasas. Em causa está o aconselhamento feito pela firma ao jogador Lionel Messi, sobre a possibilidade do avançado argentino deixar o clube.

Segundo o jornal espanhol Crónica Global, a Cuatrecasas terá aconselhado juridicamente o argentino a enviar uma carta registada com aviso de receção sobre a vontade colocar um ponto final na relação entre o clube espanhol e o avançado.

Fonte da Cuatrecasas assegurou à Advocatus que a assessoria ao FC Barcelona nos últimos anos foi circunscrita ao âmbito fiscal. “Além disso, o FC Barcelona sempre teve conhecimento e aceitou que a sociedade de advogados assessorasse jogadores e treinadores da equipa nas suas relações com o clube”, refere.

O contrato de Messi contemplava que o jogador teria até ao dia 10 de junho para comunicar a extinção do vínculo com o clube catalão. Desta forma, o presidente do FC Barcelona, Josep Bartomeu, admite a saída caso o argentino pague a cláusula de rescisão de 700 milhões de euros.

Para os advogados do avançado argentino, entre os quais da Cuatrecasas, uma vez que a competição foi afetada pela pandemia, a data não é válida e apelam ao espírito da cláusula e não à sua literalidade.

O pai e agente do jogador, Jorge Messi, planeia viajar até Barcelona para reunir com o clube e negociar uma saída amigável que não contemple a clausula de rescisão. O presidente do FC Barcelona está disposta a ouvir Jorge Messi, mas avisa que se mantém irredutível quanto à saída a custo zero do clube.

Jorge Messi espera encontrar compreensão no presidente, ao explicar que o filho quer ir embora porque está cansado dos fracassos na Liga dos Campeões, depois da humilhante derrota por 2-8 em Lisboa frente ao FC Bayern, e que aos 33 anos – e desde os 14 de serviço ao clube – quer procurar um novo projeto.

(Notícia atualizada às 11h02 com declarações da Cuatrecasas)

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Tancos, Rui Pinto e Rangel. Casos mediáticos fazem rentrée no palco da Justiça

Com o fim das férias judiciais, os juízes voltam para resolver os casos mais mediáticos da Justiça portuguesa. Desde o Football Leak ao caso de Tancos, tribunais retomam julgamentos.

Com a pandemia Covid-19 e consequente Estado de Emergência a que Portugal esteve sujeito, vários foram os processos acumulados nas secretárias dos juízes. Ainda assim, isso não impediu que os magistrados tirassem as habituais férias, entre 16 de julho e 31 de agosto.

Após umas semanas a “meio gás” devido às férias judiciais, os tribunais regressam em força com vários processos mediáticos nas mãos dos juízes. Desde o caso Football Leaks, no qual Rui Pinto é arguido, passando pelo caso Tancos, Operação Lex ou caso EDP, a justiça portuguesa vai retornar ao banco dos tribunais os arguidos dos processos.

O primeiro a voltar a discussão é o do hacker Rui Pinto, a 4 de setembro, mas ainda neste mês são esperados desenvolvimentos na Operação Lex, que coloca Rui Rangel no banco de arguidos. Também Ricardo Salgado e Amílcar Morais Pires vão conhecer esta semana a sentença do recurso que interpuseram à coima aplicada pelo supervisor por violação de normas de prevenção de branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo.

Em novembro, Azeredo Lopes e os restantes arguidos do processo Tancos regressam ao Tribunal de Santarém para serem julgados. Já nos casos BES, EDP e Operação Marquês não é certo o seu regresso, mas a qualquer momento pode haver outro desenlace.

Rui Pinto em julgamento a 4 de setembro

O hacker Rui Pinto, recentemente libertado após ter estado mais de um ano em prisão preventiva e quatro meses em domiciliária, vai ser o primeiro protagonista na rentrée da Justiça portuguesa.

Com julgamento marcado para dia 4 de setembro, o criador do Football Leaks vai defender-se dos 90 crimes de que está acusado: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por tentativa de extorsão ao fundo de investimento Doyen.

A defesa de Rui Pinto considerou, na contestação apresentada junto do Tribunal Central Criminal de Lisboa, que é “inadmissível” que o hacker esteja a ser acusado por 90 crimes, ao invés de dez que foram identificados no mandato de detenção europeu e no seu posterior alargamento.

Entre as 45 testemunhas arroladas pelo arguido estão a antiga eurodeputada Ana Gomes, o diretor nacional da PJ Luís Neves, o antigo administrador de sistemas da Agência de Segurança Nacional (CIA) dos Estados Unidos Edward Snowden, o ex-ministro Miguel Poiares Maduro, o ex-presidente do Sporting Bruno de Carvalho, o treinador do Benfica Jorge Jesus, e Octávio Machado.

Atualmente Rui Pinto encontra-se em liberdade e está inserido no programa de proteção de testemunhas em local não revelado e sob proteção policial, por questões de segurança.

Operação Lex: acusação para breve

Também de volta ao palco da Justiça está a Operação Lex. A acusação do processo, que coloca do lado dos arguidos o ex-juiz Rui Rangel, a sua mulher Fátima Galante, o antigo presidente do Tribunal da Relação de Lisboa Orlando Nascimento, e o presidente do Benfica Luís Filipe Vieira, deverá sair ainda no mês de setembro.

O envolvimento de Rui Rangel neste processo levou à sua suspensão provisória de funções no Tribunal da Relação de Lisboa, em 2018, e posteriormente à sua demissão, em 2019. Também Fátima Galante foi sancionada pelo Conselho Superior de Magistratura (CSM) com aposentação compulsiva.

Rui Rangel, arguido na Operação Lex

Rangel ainda recorreu ao Supremo Tribunal de Justiça da decisão do CSM por violação dos deveres e integridade, retidão e probidade, mas viu o seu recurso ser julgado improcedente.

O processo Operação Lex tem 14 arguidos e investiga suspeitas de corrupção/recebimento indevido de vantagem, branqueamento de capitais, tráfico de influências e fraude fiscal.

Salgado e Morais Pires conhecem sentença

Ainda no decorrer desta semana, Ricardo Salgado e Amílcar Morais Pires, ex-presidente e ex-administrador do BES, devem conhecer a sentença do recurso que interpuseram à coima aplicada pelo supervisor por violação de normas de prevenção de branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo.

A sentença do processo em que os arguidos contestaram as coimas de 350.000 e 150.000 euros será lida no Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão, em Santarém. A defesa de Ricardo Salgado acusou o BdP de ter sido “desleal e desonesto” na forma “como construiu o processo”, tendo a mandatária de Morais Pires pedido ao Tribunal para “fazer justiça”.

Na decisão do BdP, de maio de 2017, Ricardo Salgado, Amílcar Morais Pires, António Souto e o BES foram condenados pela não aplicação de medidas de prevenção de branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo nas sucursais e filiais do banco em Angola, Cabo Verde, Miami e Macau, decisão de que apenas os dois primeiros recorreram.

Julgamento do caso Tancos arranca em novembro

O início do julgamento dos 23 arguidos do processo sobre o furto das armas de Tancos está marcado para 2 de novembro. O antigo ministro da Defesa Azeredo Lopes, o ex-diretor da Polícia Judiciária Militar Luís Vieira, vários elementos da PJ, membros da GNR e o alegado grupo responsável pelo furto de Tancos voltam a falar em tribunal e vão responder perante a Justiça no Tribunal Judicial da Comarca de Santarém.

Azeredo Lopes, que se demitiu do cargo político no seguimento do processo, está acusado dos crimes de denegação de Justiça e prevaricação, favorecimento pessoal praticado por funcionário, abuso de poder e denegação de Justiça. Nove dos arguidos são acusados de planear e executar o furto do material militar dos paióis nacionais e os restantes 14, entre os quais Azeredo Lopes, e os dois elementos da PJM, da encenação que esteve na base da recuperação do equipamento.

O caso do furto das armas foi divulgado pelo Exército em 29 de junho de 2017 com a indicação de que ocorrera no dia anterior, tendo a alegada recuperação do material de guerra furtado ocorrido na região da Chamusca, Santarém, em outubro de 2017, numa operação que envolveu a PJM, em colaboração com elementos da GNR de Loulé.

Caso EDP: Interrogatório a Manuel Pinho é incerto

Outro dos casos mediáticos que tem “estrelado” a Justiça portuguesa nos últimos meses é o da EDP. Em julho, o juiz Carlos Alexandre apresentou o despacho de acusação e validou as medidas de coação propostas pelo MP a António Mexia, CEO da EDP, a João Manso Neto, CEO da EDP Renováveis, e a João Conceição, administrador da REN.

O despacho ditou que Mexia e Manso Neto ficassem suspensos das funções que exercem atualmente por oito meses. Entre as medidas de coação está ainda a proibição de contactar, por qualquer meio, com arguidos, e o pagamento de cauções. Enquanto para o presidente da EDP e da EDP Renováveis o valor da caução é de um milhão de euros, para João Conceição o valor é de 500 mil euros.

Manuel Pinho, arguido no caso EDPHugo Amaral/ECO

Mas a dúvida recai sobre Manuel Pinho, ex-ministro da Economia e da Inovação. Arguido também no processo, não se sabe se este irá ou não ser interrogado. Até que haja uma decisão do Tribunal Constitucional, o MP não pode ouvir o depoimento de Manuel Pinho.

O processo das rendas excessivas da EDP está há cerca de oito anos em investigação no DCIAP e tem sete arguidos: António Mexia, João Manso Neto, o ex-ministro Manuel Pinho, o administrador da REN e antigo consultor de Pinho, João Conceição, Pedro Furtado, responsável de regulação na empresa gestora das redes energéticas, a própria EDP, e Artur Trindade.

Caso BES e Operação Marquês sem data de regresso

O caso BES e Operação Marquês, os dois megaprocessos da história de Justiça portuguesa, estão sem data de regresso aos tribunais.

Apesar de em março ter começado o debate instrutório da Operação Marquês, que investiga factos que tiveram lugar entre 2006 e 2015 e coloca entre os 28 arguidos o ex-primeiro-ministro socialista, José Sócrates, a decisão final ainda não tem data.

Segundo a acusação deste processo ficou indiciado que os arguidos que exerciam funções públicas ou equiparadas, tendo em vista a obtenção de vantagens, agiram em violação dos deveres funcionais. Branqueamento de capitais e corrupção são alguns dos 188 crimes em causa.

Agora cabe ao juiz Ivo Rosa decidir o futuro deste processo que se tem arrastado há vários anos na Justiça. No final do debate instrutório, em julho, o magistrado justificou a sua impossibilidade de proferir uma decisão instrutória em dez dias, segundo estipula a lei, ou num prazo razoável, pelo que não irá marcar para já uma data para a leitura da decisão de quem vai ou não a julgamento.

José Sócrates e Ricardo Salgado, arguidos no processo Operação Marquês e caso BES, respetivamente.

Já no caso BES, que em julho o despacho de acusação viu a luz do dia, também não existe data marcada para a eventual fase de instrução. Com 25 arguidos, 18 pessoas singulares e sete empresas, no processo estão em causa 348 crimes. Entre eles de burla qualificada, branqueamento de capitais, associação criminosa, falsificação de documentos, fraude no comércio internacional e desvio de fundos e corrupção ativa e passiva.

Com início em 2014, o processo do Universo Espírito Santo conta com o ex-presidente do BES, Ricardo Salgado, como arguido, sendo acusado de 65 crimes. Foram várias as razões para imputar a Salgado a responsabilidade ao nível de uma rede organizada de crimes económicos que acabou a resultar na queda e colapso do GES, no verão de 2014.

Entre os arguidos estão ainda José Manuel Espírito Santo, Manuel Fernando Espírito Santo, Alexander Cadosch, líder da Eurofin, Jean-Luc Schneider, ex-administrador da Espírito Santo Financiére, Amílcar Morais Pires, administrador financeiro do BES, e Isabel Almeida, administradora do BES.

O inquérito deste processo visava o apuramento de um conjunto de alegadas perdas sofridas por clientes das unidades bancárias Espírito Santo.

(Notícia atualizada às 10h47)

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Pandemia não faz sombra à SunEnergy. Volume de negócios sobe 10% no primeiro semestre

Empresa portuguesa de energias renováveis está crescer com a instalação de painéis de energia solar em várias empresas e em projetos no setor público, entre os quais se destaca o Hospital de Aveiro.

O mundo está a enfrentar uma crise sem precedentes, mas o setor da energia solar está entre os menos penalizados. Foi essa a razão para a empresa portuguesa de energias renováveis SunEnergy ter conseguido aumentar em 10% o volume de negócios, face ao período homólogo, e alcançado a fasquia dos 2 milhões de euros.

“As nossas vidas mudaram muito com a pandemia da Covid-19, mas o setor da energia solar parece estar a resistir melhor do que a generalidade dos outros setores à crise económica provocada pela crise sanitária. De facto, temos vindo a constatar que os portugueses apostam, cada vez mais, em soluções que contribuem para reduzir a sua pegada ecológica, mas que, simultaneamente, permitem uma poupança económica significativa”, afirma Raul Santos, CEO da SunEnergy, ao ECO.

A pandemia de Covid-19 não impediu a empresa de crescer. “Tivemos um interregno na procura, sobretudo na fase inicial da pandemia, mas depois as coisas foram melhorando e acabámos muito bem o semestre. Esperamos um resto de ano muito positivo“, explica.

Durante o primeiro semestre deste ano, a empresa sediada em Coimbra instalou 6,300 painéis solares o que corresponde a 4.000 kW de potência instalada. Os cálculos da SunEnergy indicam que estes projetos vão permitir uma poupança acumulada superior a 650 mil euros por ano aos clientes e evitar a emissão de mais de 2.600 toneladas de CO2 por ano.

Com os olhos postos no crescimento, a empresa portuguesa de energias renováveis está a instalar painéis de energia solar em várias empresas, como por exemplo a Rodhi, a Solzaima e a Exporlux. O CEO adianta que têm “alguns projetos no setor público, mais concretamente no setor hospitalar que serão divulgados em breve”, refere Raul Santos. O CEO da SunEnergy revela que um desses projetos é no Hospital de Aveiro onde vão instalar 720 painéis fotovoltaicos uma poupança superior a 20 mil euros por ano.

Neste contexto, a empresa está igualmente a recrutar novos profissionais para reforçar a estrutura de colaboradores, sobretudo nas áreas de engenharia e técnicos de instalação. “Nós estamos neste momento a recrutar três engenheiros, alguns técnicos operacionais, cinco técnicos instaladores para reforçar as nossas equipas técnicas ao nível da engenharia e das equipas de instalação sobretudo para Coimbra que é onde temos a nossa sede. Esta é uma forma de fazer face à procura e aos projetos que temos em carteira”, conta Raul Santos.

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Milhares de famílias recebem abono extra este mês para ajudar no regresso às aula

Quase um milhão de crianças e jovens vão receber, este mês, um abono de família. Medida foi lançada no Programa de Estabilização Económica e Social.

A Segurança Social vai pagar, este mês, uma prestação complementar do abono de famílias às crianças e jovens até aos 16 anos, que se enquadrem no primeiro, segundo e terceiro escalões de rendimentos. De acordo com o Ministério do Trabalho, o apoio deverá abranger 974 mil beneficiários.

De acordo com as regras fixadas no decreto-lei 37 de 2020, este abono extra não exige qualquer requerimento, cabendo à Segurança Social apurar que famílias têm direito.

Conforme sublinhou António Costa, o pagamento é feito em setembro por ser um mês marcado pelo arranque do novo ano letivo e tradicionalmente por maiores despesas para as famílias com filhos menores.

Esta medida foi lançada no âmbito do Programa de Estabilização Económica e Social (PEES) e deverá custar aos cofres do Estado cerca de 32 milhões de euros.

O apoio será pago não só aos trabalhadores do privado, mas também aos funcionários públicos, segundo garantiu a ministra da Administração Pública.

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Gastos das famílias caem a pique, mas atingem recorde com a comida

Num trimestre em que quase tudo na economia registou quedas históricas, o consumo de bens alimentares foi a única componente do consumo privado que aguentou. Nos setores, o resistente é a construção.

No início da pandemia, em março, foram várias as notícias de açambarcamento nos supermercados, apesar dos apelos das autoridades, com as lojas online também a esgotarem o stock de vários produtos. Os números divulgados esta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) confirmam que este comportamento continuou em abril e revelam que o consumo de bens alimentares foi a única componente da procura interna a crescer no segundo trimestre, atingindo um máximo histórico.

Ao todo, a despesa em bens alimentares situou-se nos 6.255 milhões de euros entre abril e junho, quase mais 280 milhões de euros (+4,7%, a maior subida de sempre) do que no mesmo trimestre do ano passado. Este é o valor mais elevado desde, pelo menos, 1995, quando arranca a série do INE. Já no primeiro trimestre o consumo de bens alimentares tinha crescido de forma expressiva, então ao maior ritmo desde 1999.

O aumento desta componente permitiu amparar, ainda que muito parcialmente, a queda abrupta do consumo de outros bens, como os duradouros, e de serviços, que levou o consumo privado a contrair 15% no segundo trimestre. O consumo de bens duradouros contraiu 27,6%, “refletindo principalmente uma quebra abrupta das aquisições de veículos automóveis”, segundo o INE. Os números das vendas de automóveis em abril, maio e junho já deixavam antecipar este cenário.

Não existe uma desagregação maior dos dados para perceber onde é que os cidadãos deixaram de consumir, mas presume-se que os serviços com atendimento ao público, como os restaurantes, foram dos mais afetados, levando os consumidores a fazerem mais refeições em casa (e a comprar mais bens alimentares).

Apesar do consumo de bens alimentares ter resistido, isso não impediu uma quebra histórica da procura interna — que conjuga o consumo privado, o investimento e o consumo público –, levando esta componente a dar um contributo negativo de 11,9 pontos percentuais para o PIB, que caiu 16,3%.

Os restantes 4,4 pontos percentuais devem-se à procura externa líquida (exportações descontadas das importações), que caiu menos uma vez que esta crise afetou tanto as vendas como as compras ao exterior, ainda que de forma mais expressiva as exportações por causa da interrupção quase total do turismo.

Construção foi a única a aguentar. Investimento no setor em máximos de 2011

Além dos bens alimentares, houve algo mais que tenha sobrevivido à crise pandémica? Sim, a construção, pelo menos para já. Tanto o VAB (valor acrescentado bruto de um setor) como o investimento do setor da construção resistiram, continuando a expansão que se registava na economia portuguesa até ao primeiro trimestre de 2019, um percurso que foi interrompido de forma violenta pela Covid-19 nos restantes setores de atividade.

Enquanto o investimento total (privado e público) na economia portuguesa caiu 10,8% no segundo trimestre, o investimento na construção — que é a maior componente do investimento — cresceu 7,5%, em termos homólogos, permitindo amparar a quebra das restantes componente. O investimento em construção situou-se nos 4.744 milhões de euros, subindo mais de 300 milhões face ao segundo trimestre de 2019 e alcançando o valor mais elevado desde 2011.

Este desempenho é particularmente notável dado que contrasta “com o verificado em vários países da União Europeia, onde o setor da construção terá também sido muito afetado pelo impacto negativo da pandemia Covid-19″, nota o INE.

Ao contrário do que aconteceu na anterior crise em que a construção foi dizimada, este setor, que não parou por causa do vírus, foi ajudado nesta fase inicial da pandemia pelos concursos das obras públicas e pelas vendas de cimento. Isso também é visível no VAB da construção que aumentou 5,1% no segundo trimestre, dando um contributo positivo de 0,2 pontos percentuais para o VAB total. Todos os restantes setores, exceto o da agricultura (+1,7%) que é o que pesa menos, registaram fortes quedas, principalmente o comércio, alojamento e restauração e as outras atividades de serviços.

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Avante vai ter mais espaço e menos pessoas. Quanto rende a festa ao PCP?

A Festa do Avante já representou mais de 90% do total de angariação de fundos do partido. Mas o valor não é linear.

O Avante tem dominado a agenda do dia, numa altura em que ainda se ultimam os moldes e limitações que vai ter. Mais restrita e com medidas de segurança reforçadas, a festa organizada pelo PCP vai ter apenas um sexto dos participantes que costuma ter, o que poderá influenciar os fundos angariados com o evento pelo partido. Não é, no entanto, fácil de avaliar qual o impacto já que o peso do evento nas contas do partido também não é linear. Em 2017, o Entidade das Contas e Financiamentos Políticos (ECFP) apontava para receitas avultadas, mas o partido já falou em prejuízos em 2019.

O PCP tem conseguido manter um saldo positivo nas contas dos últimos anos. Para isso, tem contado com cerca de dois milhões de euros na rubrica de angariação de fundos, sendo que, em 2019, totalizou 2.909.240,13 euros. Deste valor, não é claro quanto diz respeito ao Avante. Em maio, a SIC Notícias (acesso livre) adiantou que o evento teria rendido mais de 2 milhões de euros ao PCP, mas o partido contrariou.

Numa publicação na página de Facebook da Festa, o partido escreveu que “em 2019, a Festa do “Avante!” teve um saldo negativo de 564 mil euros”, apesar de sublinhar que resultado “incorpora o investimento no terreno para melhoria do acolhimento ao visitante”. O partido defendeu ainda que “a importância da Festa do «Avante!» vai muito para lá de qualquer questão financeira”.

O partido não explicou, no entanto, qual o montante do investimento ou quais as receitas conseguidas com a festa. Num parecer referente às contas de 2017, a ECFP apontava que a principal “iniciativa de angariação de fundos” do PCP, a Festa do Avante, representa “cerca de 91,2% da totalidade desta rubrica”. Ou seja, um valor próximo de dois milhões de euros, em receitas.

A entidade nota ainda que “foram identificadas várias situações de deficiências no suporte documental no que respeita ao detalhe dos rendimentos obtidos”. Os problemas identificados prendem-se com as duas principais receitas deste evento de angariação de fundos: os bilhetes para a entrada (mais de 900 mil euros) e a restauração (mais de 1,2 milhões de euros).

“O partido não dispõe de uma relação com o montante total de Entradas Permanentes (EPs) [bilhetes], os respetivos valores de venda e a reconciliação com os rendimentos refletidos na contabilidade”, diz a entidade no relatório. Além disso, “não estavam anexados os respetivos talões de venda dos caixas [da restauração], pelo que não foi possível confirmar a efetividade e a razoabilidade destas vendas”, acrescenta.

Desta forma, é difícil perceber o impacto total da Festa do Avante, um evento que acarreta tanto receitas como custos, para as contas do partido, sendo que, nos últimos anos, o Avante terá mesmo registado prejuízos. Este ano, são várias as mudanças e medidas que o partido já definiu para realizar a festa, que incluem uma lotação reduzida, lugares sentados para os concertos e limpeza e desinfeção dos espaços.

O número de participantes (e consequentemente bilhetes vendidos e pessoas para gastarem dinheiro com restauração) vai cair para pouco mais de 16.500, segundo as exigências da Direção-Geral de Saúde. Este é apenas um sexto do total de 100 mil visitantes que costumam visitar o recinto. A quebra, tal como maiores custos com medidas de segurança, deverão influenciar as receitas que o partido obtém com o evento.

Questionado pelo ECO sobre o assunto, o PCP não respondeu até à publicação deste artigo, mas o secretário-geral Jerónimo de Sousa já se referiu à questão, num comício, que teve lugar há duas semanas em Vila Real de Santo António.

Não se faz a Festa para garantir o privilégio ou ganhos financeiros, como caluniosamente se insinua. A Festa, no contexto político excecional que vivemos, tem uma importância e valor acrescido na afirmação da nossa vida democrática e o seu êxito será um contributo para a luta do nosso povo, para combater o medo e a resignação”, disse o líder comunista citado pela Rádio Renascença.

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