Estes são os tarifários que a Anacom diz que estão ilegais

Conheça cinco ofertas de telecomunicações da Meo, Nos e Vodafone que poderão estar a violar as regras europeias e da neutralidade da internet, na visão da Anacom.

Alguns tarifários em Portugal podem estar ilegais, denunciou a Anacom.rawpixel/Pixabay

Existem tarifários no mercado que podem estar ilegais, denunciou a Anacom esta quarta-feira. O regulador considera que algumas ofertas da Meo, Nos e Vodafone podem violar as regras que determinaram o fim do roaming e a neutralidade da internet, preparando-se para dar um período de 40 dias úteis para que as operadoras ponham os serviços em conformidade com a legislação europeia.

O fim do roaming foi uma medida que entrou em vigor em meados do ano passado. Através do regulamento, apelidado Roam Like At Home, os consumidores europeus passaram a pagar no estrangeiro o mesmo que pagariam pelas comunicações caso estivessem no país de residência. Já a neutralidade da internet é um conceito que determina que as empresas prestadoras de serviços de internet não podem discriminar tráfego — tem de ser todo tratado de forma igual.

Num documento de 50 páginas, onde a Anacom justifica a decisão, surgem alguns exemplos de tarifários das três grandes operadoras portuguesas que, segundo o regulador, estão em inconformidade com as regras do fim do roaming e poderão violar também a neutralidade da internet em alguns casos. Estes são alguns dos tarifários dados pela Anacom como exemplo:

Oferta “Smart Net” da Meo

Segundo a Anacom, os pacotes “Smart Net” são disponibilizados pela Meo “desde meados de 2017”. Em causa está um catálogo de plafonds de tráfego específicos para determinados conjuntos de aplicações móveis, como aplicações de comunicação, redes sociais, apps de vídeo, de música ou de correio eletrónico e armazenamento na cloud. Nos pacotes entram aplicações como o Facebook, o YouTube, o Netflix e por aí em diante, consoante a categoria em que se inserem.

Estes pacotes específicos podem ser subscritos por clientes que, por exemplo, passam mais tempo nas redes sociais. Assim, o tráfego de aplicativos como o Facebook, Twitter ou Instagram deixam de contar para o plafond geral e passam a estar abrangidos por um novo plafond específico, com um limite de tráfego significativamente maior. Ora, um dos problemas para a Anacom, em termos de roaming, poderá ser uma alínea do contrato onde se lê que o tráfego incluído nestes pacotes “é válido para utilização em território nacional”, condição que poderá violar a regulamentação do fim do roaming.

Mas existe outro problema identificado pela Anacom. É que, por exemplo, caso um cliente ultrapasse o tráfego do plafond geral de dados e o acesso à internet seja barrado, poderá continuar a utilizar as aplicações que constam no pacote “Smart Net” que subscreveu. Esta prática poderá incorrer em violação das regras da neutralidade da internet, na visão do regulador.

A oferta “Smart Net” da Meo já tinha causado polémica… mas não em Portugal. Foi apontada num contexto político nos Estados Unidos como um exemplo do que poderia acontecer num “país sem neutralidade da internet como Portugal”. Isto aconteceu depois de ter sido anunciada a reversão dos princípios da neutralidade da rede no mercado norte-americano, sob a batuta do Presidente Donald Trump. A notícia foi dada pelo ECO na sua versão em inglês.

Oferta “Moche Legend” da Meo

Outro tarifário da Meo na mira da Anacom é o “Moche Legend”. A Moche é uma marca da operadora detida pela Altice que é voltada para os jovens, o que comprova uma das ideias do regulador, que indicou que as práticas ilegais são mais prevalecentes “nos tarifários designados ‘tribais’, especificamente desenhados para jovens com menos de 25 anos”.

O “Moche Legend” é uma oferta que se desdobra em três tarifários, que variam no preço e na quantidade de minutos e de dados disponíveis (500 MB, 1 GB e 5 GB por mês). Para cada um destes tarifários, são disponibilizadas “apps sem gastar net”, aponta a Anacom — que, por si só, não é totalmente verdade, uma vez que estes plafonds específicos têm uma “política de utilização responsável”.

Neste caso, quando o cliente esgota o plafond geral de dados, continua a poder aceder à internet, quer ao nível geral, quer ao nível das aplicações específicas, sendo cobrado um valor adicional consoante o uso. O problema, para a Anacom, estará, uma vez mais, na alínea pela qual a Meo só considere estas ofertas caso o cliente esteja “em território nacional”.

Anúncio da oferta “Moche Legend” que promete “apps sem gastar net”.Meo

Oferta “Yorn X” da Vodafone

Este é mais um serviço destinado “a um público jovem”, desta vez por parte da Vodafone. A oferta “Yorn X”, escreve o regulador, “disponibiliza desde há algum tempo diversas aplicações específicas com plafonds distintos dos plafonds gerais”.

São três tarifários que variam também na quantidade de tráfego que o utilizador pode fazer. No caso das ofertas de 1 GB e 5 GB, a Vodafone oferece um plafond especial de 5 GB de tráfego no YouTube e no serviço de vídeos em direto Twitch, por exemplo. Segundo a Anacom, “todos os tarifários da oferta” incluem ainda “apps sem gastar dados”.

Neste caso, a Vodafone é omissa “quanto à possibilidade de utilização ou não das aplicações referidas” fora do país, mas o regulador garante que é uma oferta só para o mercado nacional.

Aqui, o problema será também o da neutralidade da internet. Caso o limite de tráfego geral seja atingido, o acesso à internet é cortado, mas o consumidor continua a ser capaz de usar aplicações específicas até chegar ao limite do plafond especial. A prática poderá violar as regras, crê a Anacom. De recordar que, este mês, a Vodafone lançou um novo tarifário, o Vodafone You, que também poderá estar nestas condições.

Anúncio da oferta “Yorn X” que promete “apps sem gastar dados”.Vodafone

Oferta “WTF” da Nos

A Nos NOS 0,81% é outra das operadoras visadas pela Anacom no “sentido provável de decisão” anunciado esta quarta-feira, mais especificamente com a marca WTF, uma vez mais destinada ao público jovem. À semelhança dos exemplos anteriores, a operadora oferece três tarifários WTF com “apps com tráfego ilimitado”, uma prática conhecida por zero rating, mas que é permitida. Contudo, no caso do YouTube e Spotify, este plafond especial é de apenas 5 GB.

Ora, “este tráfego gratuito” é para utilização apenas em território nacional, o que poderá colocar em causa as regras do Roam Like At Home. Mas também as regras da neutralidade da internet estarão em causa, na visão do regulador. E porquê? Porque, caso o limite de tráfego geral seja atingido pelo cliente, as aplicações de tráfego ilimitado poderão continuar a ser utilizadas.

Anúncio da oferta WTF que promete “5 GB de [tráfego no] YouTube e Spotify”.Nos

Oferta “Indie” da Nos

Nesta oferta da Nos, que inclui serviço fixo e móvel, dá-se a “disponibilização de um plafond de dados gerais, para além de um conjunto de aplicações/conteúdos sujeitos a um plafond de dados específico”, escreve a Anacom. Concretamente, indica a entidade liderada por João Cadete de Matos, a Nos oferece um plafond geral de 3 GB mensais e um plafond para certas aplicações de 20 GB.

É tráfego válido apenas em território nacional, o que por si só poderá constituir uma violação, na visão da Anacom. No entanto, esta oferta de telecomunicações não deverá violar as regras da neutralidade da internet, porque todo o acesso à internet é bloqueado quando o utilizador ultrapassa os 3 GB mensais — mesmo o tráfego do plafond específico de 20 GB para aplicações como o Facebook, Instagram, Messenger, WhatsApp, Skype, Snapchat, entre outras.

Anúncio da oferta “Indie” da Nos, com plafond específico para certas aplicações.Nos

Os argumentos (e os contra-argumentos)

Chegados aqui, importa perceber os argumentos de ambas as partes relativos aos tarifários em questão. Mas o dossiê ganha especial relevância na medida em que ambas as partes, Anacom e operadoras, garantem estar a defender os interesses dos consumidores. Especificamente, o regulador afirma que as leis que as ofertas estarão a violar levantam “riscos para a inovação no ecossistema da internet”. O argumento da entidade é que, ao privilegiarem certas aplicações, as operadoras estarão a desnivelar o jogo para outros serviços digitais menos conhecidos, uma vez que os consumidores irão preferir, face aos demais, os serviços em que existem estas vantagens.

Assim, a Anacom indica que “o objetivo desta medida é evitar a descriminação entre conteúdos e/ou aplicações que integram plafonds de dados gerais, e que estão sujeitos a bloqueios ou atrasos quando esses plafonds se esgotam, e os conteúdos e/ou aplicações que integram plafonds de dados específicos ou sem limites de tráfego, e que não estão sujeitos a qualquer bloqueio ou atraso quando se esgota o plafond geral de dados”. Por isso, o que a Anacom sugere às operadoras é que permitam que os plafonds específicos de dados possam ser usados num âmbito geral caso o limite de dados geral seja atingido. Ou seja, se o cliente esgotar os dados, pode continuar a ter acesso à rede através do plafond específico, independentemente dos serviços online que queria usar.

Mas, da mesma forma, as operadoras indicam que apenas têm estas ofertas porque há procura no mercado. Num comunicado conjunto, Meo, Nos e Vodafone apontam que as operadoras “entendem que esta decisão da Anacom prejudica gravemente os interesses dos consumidores, na medida em que vem banir um conjunto de ofertas que os clientes querem e procuram”. Além disso, as empresas garantem que estas ofertas de telecomunicações “foram, e são, decisivas para a massificação da Sociedade da Informação e para o desenvolvimento da economia digital em Portugal”. É por isso que sublinham: “Estas ofertas correspondem a uma resposta dos operadores às necessidades que os consumidores lhes têm apresentado.”

O projeto da Anacom vai agora ser submetido a consulta pública e as operadoras vão ser ouvidas pelo regulador. A avançar, as empresas terão 40 dias úteis para ajustar as ofertas e pô-las em compliance com as regras europeias. Como indicou o ECO esta quarta-feira, o presidente da Anacom, João Cadete de Matos, acredita que, “se tudo correr como planeado”, o dossiê dos tarifários ilegais possa estar fechado “em quatro ou cinco meses”, sem necessidade de aplicação de multas às operadoras.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Deco quer clientes do MEO Music a rescindir contrato sem penalização

  • Lusa
  • 1 Março 2018

A associação de consumidores alega que a Altice desrespeitou a lei ao não avisar atempadamente sobre a descontinuação do serviço MEO Music.

A Deco acusou esta quinta-feira a Altice de desrespeitar a lei ao não avisar atempadamente sobre a descontinuação do serviço MEO Music, esclarecendo que os lesados podem rescindir sem penalizações e que denunciou o caso ao regulador Anacom.

“A Altice está a desrespeitar lei. Os consumidores lesados devem pedir a rescisão do contrato”, afirma a associação Deco, de defesa dos direitos dos consumidores, numa nota publicada na revista Proteste e intitulada “Fim do MEO Music: clientes devem rescindir contrato sem penalização”.

Vários consumidores clientes da MEO contactaram nos últimos dias a associação dando conta de terem recebido uma comunicação da operadora a informar que o MEO Music ia ser substituído por outras ofertas de streaming.

“Primeiro, a empresa informou que o serviço seria descontinuado a 28 de fevereiro. Depois, alterou a data para 1 de março. Porém, sabemos que a 23 de fevereiro alguns utilizadores já não tinham acesso ao MEO Music”, afirma a associação.

A Deco diz ainda que, aos clientes que pedem para cancelar o contrato do tarifário por deixarem de ter o MEO Music, “a Altice está a responder” que, se estiverem no período de fidelização, “será emitida e cobrada a fatura por incumprimento contratual”.

A associação acrescenta que a Altice alega que “a descontinuação do serviço” foi “comunicada atempadamente” e que está a disponibilizar “um conjunto de ofertas de substituição” para que [os clientes] possam continuar a aceder a conteúdos de música.

Discordamos destes argumentos. O pré-aviso não foi respeitado. As ofertas de substituição são menos vantajosas do que o MEO Music. E, apesar disso, a empresa não permite rescindir o contrato sem custos, caso o cliente esteja no período de fidelização”, denuncia a Deco.

O caso já foi denunciado pela associação à Anacom, que pede a esta autoridade reguladora do setor das telecomunicações que obrigue a Altice a enviar uma nova comunicação aos clientes, informando-os da possibilidade de rescindirem os contratos sem encargos, caso discordem das alterações unilaterais que surgem com o fim do MEO Music.

Exigimos ainda que a empresa seja penalizada por não cumprir a Lei das Comunicações Eletrónicas”, acrescenta a Deco.

O MEO Music, serviço de streaming (transmissão contínua) de música português, foi lançado no final de 2010 pela Portugal Telecom, permitindo aos clientes da MEO o acesso a músicas.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Vêm aí mais dois pólos da Altice Labs em Portugal continental

A dona da Meo está para fechar duas novas localizações onde vai instalar ramos da Altice Labs. São em Portugal continental e juntam-se aos já confirmados, em Viseu, Madeira e Algarve.

A Altice Portugal está prestes a fechar duas novas localizações para instalar pólos tecnológicos da Altice Labs, a unidade de investigação e desenvolvimento do grupo que tem sede em Aveiro. Depois de Viseu, Madeira e Algarve, a empresa tem já na calha duas ramificações do centro que, por agora, apenas se sabe que serão em Portugal continental.

A informação foi avançada pelo presidente executivo da empresa, Alexandre Fonseca, à margem do segundo aniversário do pólo tecnológico de Aveiro. “Há dois [novos pólos] na calha: um bastante avançado e um a começar, em Portugal continental”, disse.

Segundo o líder da Altice Portugal, estas novas unidades que estarão a ser negociadas com autarquias representam “áreas concretas” em que a empresa tem de atuar. Mas salientou: “A nossa preocupação não é a quantidade.”

“Altice e Governo nunca estiveram de costas voltadas”

O evento que a dona da Meo organizou esta sexta-feira em Aveiro contou com a presença de Pedro Siza Vieira, ministro Adjunto do primeiro-ministro. A mensagem que ficou associada ao evento foi de união entre a empresa e o executivo, depois de o verniz ter estalado quando António Costa, primeiro-ministro, ter tecido duras críticas à empresa em pleno Parlamento, quando Cláudia Goya ainda era CEO.

Na altura, António Costa disse temer que o ativo PT Portugal se tornasse num “novo caso Cimpor”: “Partilho consigo os receios sobre a evolução da PT. Porque receio bastante que a forma irresponsável como foi feita aquela privatização, possamos vir a ter um novo caso Cimpor e um novo desmembramento que ponha em causa não só os postos de trabalho como o futuro da empresa.”

Esta sexta-feira, o presidente executivo da Altice afastou a ideia de que haja um conflito entre a empresa e o Governo: “A Altice e o Governo nunca estiveram de costas voltadas. A Altice tem um projeto industrial, o Governo tem um projeto político para Portugal e de desenvolvimento, e são dois caminhos que nunca se cruzam e que não misturamos.”

Alexandre Fonseca acrescentou também: “Não somos políticos, não fazemos política, temos um projeto industrial. É isso que vamos continuar a fazer e o Governo é um parceiro como sempre foi, nos bons e nos maus momentos. É um parceiro de desenvolvimento do país.”

Não somos políticos, não fazemos política, temos um projeto industrial.

Alexandre Fonseca

Presidente executivo da Altice Portugal

Questionado pelo ECO sobre qual a mensagem transmitida por Pedro Siza Vieira nos bastidores do evento na Altice Labs, o líder da companhia reiterou: “A mensagem do senhor ministro foi claramente aquela que aqui vimos, que é a de estar exatamente no mesmo comprimento de onda, estar alinhado com a Altice e com a Altice Labs naquilo que é o programa que foi apresentado há uma semana pelo senhor primeiro-ministro para Portugal – o programa Go Portugal – que coloca a inovação como um fator de desenvolvimento económico do país.”

Desta forma, concluiu: “É uma mensagem de continuarmos a trabalhar, nós, Altice Portugal, e o Governo de Portugal, lado a lado, para promovermos o desenvolvimento económico através da inovação.”

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Altice Labs é parceira do ECO no desenvolvimento de tecnologia para o jornalismo digital

  • ECO
  • 23 Fevereiro 2018

Pólo tecnológico de Aveiro, detido pelo grupo Altice, é parceiro do ECO no desenvolvimento de novas soluções tecnológicas aplicadas ao jornalismo digital.

António Costa, publisher do ECO, e Alexandre Fonseca, presidente da Altice Portugal.Paula Nunes/ECO

O ECO e a Altice Labs assinaram uma parceria estratégica para implementar novas soluções tecnológicas aplicadas ao jornalismo digital. O pólo tecnológico de Aveiro irá disponibilizar o seu know-how técnico de desenvolvimento informático e digital, o que permitirá o lançamento de novos formatos, funcionalidades e serviços ao ECO que, com edições em português e inglês, já se estabeleceu como um jornal de referência no país.

Em relação à parceria, Alexandre Fonseca, presidente executivo da Altice Portugal, refere: “O protocolo que assinamos com o ECO tem como principal objetivo pôr ao serviço dos media aquilo que é um conjunto de tecnologias que temos vindo a trabalhar e que podem apoiar o desenvolvimento, a modernização e a digitalização dos meios de comunicação social.”

E acrescenta: “Obviamente que o ECO representa, claramente, um novo paradigma neste contexto dos media, porque é um meio que surgiu já com o conceito digital embebido. É um meio que, de facto, tem percebido e tem abraçado este novo paradigma da digitalização dos media. Penso que o ECO teve a capacidade de perceber que, de braço dado com um operador como nós, com efetivamente com um ativo como a Altice Labs, também pode ajudar a desenvolver o seu negócio.”

Por sua vez, Alcino Lavrador, responsável da Altice Labs a nível internacional, indica: “É um passo diferente e numa área também nova. A digitalização abrange toda a sociedade e todos os negócios e indústrias. No entanto, a Altice é também um grupo de media e portanto, achamos que a Altice Labs também deve ter uma presença na tecnologia que suporta os media digitais. Temos o know-how e é uma oportunidade única de podermos aplicar algumas ideias que temos neste meio digital.”

Já António Costa, publisher do ECO, aponta: “O nosso objetivo, como qualquer jornal, é informar, acrescentar valor, ajudar à decisão. Tínhamos a noção clara de que a tecnologia era essencial para que o ECO fosse um sucesso e seja cada vez mais um sucesso. Não chega fazer boas notícias: é preciso chegar aos leitores. A ideia foi essa: desafiámos a Altice Labs a ajudar-nos a desenvolver novas tecnologias. Vai ajudar-nos a fazer melhor jornalismo.”

Através desta parceria, a Altice Labs, centro tecnológico de inovação do grupo Altice, passará a desenvolver tecnologia aplicada aos media, numa lógica de digitalização de um setor que tem vindo a enfrentar uma significativa transformação.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Alexandre Fonseca: “Continuaremos sempre ao lado do Governo”

Foi há dois anos que o pólo tecnológico de Aveiro, antiga PT Inovação, mudou de nome para Altice Labs. Os responsáveis da dona da Meo fazem o balanço dos últimos dois anos de atividade.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

O que é hoje a Altice Labs, a “joia da coroa” do grupo?

Nem sempre o pólo tecnológico de Aveiro foi da Altice. Com décadas de história, a ex-PT Inovação evoluiu até se tornar no que é hoje: um exportador de tecnologia, com ramos espalhados pelo mundo.

Alexandre Fonseca, presidente executivo da Altice Portugal.Paula Nunes / ECO

Assim como evolui a tecnologia, evoluiu o pólo tecnológico de Aveiro ao longo de várias décadas. Aquele que foi outrora o centro de competências em telecomunicações, mais tarde PT Inovação, é hoje Altice Labs. O “quartel-general” de inovação da dona da Meo, considerado a “joia da coroa” da multinacional fundada por Patrick Drahi e Armando Pereira, que comprou a PT Portugal em 2015 aos brasileiros da Oi. É lá que, todos os dias, cerca de 700 engenheiros “altamente qualificados” trabalham para inventar, investigar e produzir tecnologias do futuro.

“Temos sido, há mais de 65 anos, um acelerador fundamental para a entrega de serviços digitais de comunicação avançados”, lê-se na página da Altice Labs na internet. Mas a Altice Labs nem sempre se chamou assim. Aliás, é recente a passagem deste centro português para a chancela do grupo Altice. Esta sexta-feira, 23 de fevereiro, a empresa assinala os dois anos dessa nova marca, que serviu para dar continuidade à PT Inovação, criada em 1999 com base no tal centro de competências que já existia.

A Altice Labs tem já outros pólos em países como França, Israel e República Dominicana, num total de cerca de 1.000 engenheiros, alguns deles portugueses. Alcino Lavrador é, atualmente, o líder deste centro, depois de uma longa carreira ao serviço da PT Inovação. O que significou o carimbo da Altice ATCB 0,00% no pólo tecnológico de Aveiro? “Para a Altice Labs e para a PT Inovação, foi uma grande oportunidade. Tem-nos dado um suporte imenso, este grupo. Em janeiro do ano passado tínhamos 17 projetos e, em janeiro deste ano, tínhamos 39″, explica o responsável da Altice, em conversa com o ECO.

Para Alcino Lavrador, esse crescimento só pode dizer uma coisa: “Têm-nos aberto efetivamente as portas. Temos tido um apoio incondicional, quer dos acionistas, quer da Altice Portugal, em desenvolver e continuar a criar valor e diferenciação no grupo”. Apesar de tudo, o líder da Altice Labs a nível internacional reconhece que também houve mudanças: “As formas de trabalhar, obviamente, são diferentes. Os modelos de gestão são diferentes do que eram no grupo PT antes e agora no grupo Altice”. De qualquer forma, para o projeto, “foi efetivamente um saldo positivo”, resume.

Se a ti te gusta, a mi me encanta

O entusiasmo de Alcino Lavrador espelha-se na própria administração da Altice, que decidiu manter o centro em Aveiro com base em três grandes premissas: o facto de já estar estruturado, ter recursos humanos muito qualificados e conseguir garantir essas competências “a um total cost desse mesmo recurso mais reduzido”. Quem o assume é Alexandre Fonseca, presidente da Altice Portugal, em conversa com o ECO, alertando para que isso “não se confunda” com “utilizar a lógica do baixo salário”.

“A nível nacional, a Altice Labs representa aquilo que é hoje um dos principais centros de inovação e desenvolvimento tecnológico do país. A Altice Labs já se firmou como uma marca”, garante o líder da Altice Portugal. Sublinha ainda que a unidade “continua a ser, efetivamente, uma joia da coroa, referida pelo próprio acionista, na perspetiva de que, em projetos estruturantes de infraestruturação noutras geografias, a Altice Labs continua a ser um fornecedor preferencial”.

No ano passado, o grupo anunciou que, depois da expansão para o estrangeiro, o projeto vai expandir-se a três novas geografias em Portugal. Viseu, Algarve e Madeira foram as regiões escolhidas e vão receber pólos tecnológicos que serão os ramos de uma árvore com raízes em Aveiro. É uma ideia que parece estar a agradar aos autarcas de outras regiões. Ao ECO, Alexandre Fonseca garante que “outras tantas” estão a “manifestar interesse” em ter um pólo da Altice Labs. “Há outras, sim, que ainda não posso revelar. Além das três que já estão anunciadas, há mais outras tantas que estão a manifestar esse interesse e com quem estamos a conversas”, diz.

Questionado sobre se o legado de décadas e mais décadas daquele pólo representa uma responsabilidade acrescida, Alexandre Fonseca pinta-se de orgulho. “Sem dúvida nenhuma, mas é uma responsabilidade que, primeiro, assumimos com muito orgulho. Temos um orgulho imenso na herança e na história que está subjacente a esta mudança de marca”, frisa. É por isso que, diz a Altice, decidiu dar continuidade ao centro, numa lógica não só de “fazer inovação por fazer inovação” mas, sobretudo, “fazer inovação que faça a diferença — que, de facto, seja relevante”, refere o também ex-administrador tecnológico da PT Portugal, hoje presidente da Altice no país.

A Altice Labs representa aquilo que é hoje um dos principais centros de inovação e desenvolvimento tecnológico do país. A Altice Labs já se firmou como uma marca.

Alexandre Fonseca

Presidente executivo da Altice Portugal

5G, “uma das prioridades”

Falar de inovação parece inócuo, por isso vamos a detalhes. O que se faz na Altice Labs? Nem tudo é público, mas sabe-se, por exemplo, que uma das tecnologias que merece mais atenção no centro em Aveiro é o 5G, a quinta geração de rede móvel. É a conectividade do futuro que vai permitir ter tudo ligado à internet — não só os computadores, tablets e telemóveis como as televisões, os carros autónomos, os frigoríficos inteligentes e todas as demais coisas que o homem quer ligar à rede nos próximos tempos. É também, antes de mais, uma das prioridades do mercado único digital para Bruxelas.

Sobre isso, Alcino Lavrador explica que “o 5G não é só mais largura de banda ou mais rapidez” no acesso à internet: “É também uma nova arquitetura de redes” que vai representar um novo desafio para operadoras como a Meo, a Nos e a Vodafone em Portugal. “Estamos muito envolvidos nesta área do 5G. Na primeira call que houve na União Europeia, no final de 2014 para o [programa] Horizonte 2020, conseguimos ver aprovados cinco projetos e eram todos relacionados com o 5G”, recorda Alcino Lavrador. Nas últimas edições do Web Summit, a Altice testou novas tecnologias de rede móvel que abrem caminho para essa nova geração — o 4,5G e o 4G+ (LTE Advanced). Foram desenvolvidas, pois claro, no Altice Labs.

Por sua vez, Alexandre Fonseca abre um leque mais amplo. Quando o ECO lhe pergunta qual a tecnologia da Altice Labs que mais o entusiasma, o gestor português aponta para o smart living. “Não é, necessariamente, aquilo que algumas pessoas confundem com smart cities ou smart home. Tem a ver com o impacto que a tecnologia pode ter na vida das pessoas. Isso significa que pode ser algo tão concreto como a automatização da casa e tudo o que tem a ver com dispositivos que podem automatizar a gestão de uma casa, mas também tem que ver com a gestão dos espaços onde nós, enquanto cidadãos, também circulamos”, explica.

Mas o tempo também deu à Altice Labs um novo espaço onde os engenheiros da empresa e a comunidade podem experimentar novos conceitos e ideias. Chama-se Future Labs e foi apresentado não há muitos anos. De lá, ainda não saiu nenhuma tecnologia disruptiva para o grupo, mas o objetivo não é esse: “O objetivo do Future Labs não é desenvolver projetos disruptivos de grande impacto para a Altice. O Future Labs tem dois objetivos: um deles é os colaboradores poderem usar a criatividade que têm para desenvolverem ideias próprias, para experimentar. É um laboratório de prototipagem rápida. Por outro lado, é também chamar o público, escolas, universidades, para darmos a possibilidade de essas pessoas poderem experimentar algumas ideias”, conta Alcino Lavrador.

Isso não quer dizer que não tenha trabalho para mostrar. O líder do pólo tecnológico da Altice destaca dois: “Temos um caso, que até já mostrámos, que é um espelho interativo em que podemos estar a olhar para o espelho, mas podemos estar a ouvir notícias, a pesquisar informação, sem lhe tocar. É por gestos ou por voz. E foi desenvolvido ali.” Outro é “um drone com uma câmara” para “identificar espaços vagos” em parques de estacionamento. Permite, entre outras coisas, “indicar quais são esses espaços vagos, contabilizá-los e indicar até a direção para chegar lá”, refere.

Venda de ativos é uma incógnita

No final do ano passado, a Altice enfrentou um período tumultuoso. Vários anos de aquisições transformaram o grupo de Patrick Drahi numa multinacional com uma dívida próxima dos 50 mil milhões de euros. A multinacional garante ter liquidez para suportar esse passivo, mas isso não travou o receio dos investidores: durante um mês, a pressão vendedora fez as ações da companhia desvalorizarem significativamente, ao ponto de a Altice acabar por se ver obrigada a anunciar um plano de venda de ativos.

Um desses ativos é o negócio da empresa na República Dominicana, onde também há um pólo da Altice Labs. Se a venda for fechada, o que acontecerá a essa unidade? Nenhum dos dois gestores quis responder diretamente à questão. Alexandre Fonseca, presidente da Altice Portugal, indica: “A República Dominicana é uma das geografias onde temos estado a trabalhar ativamente, muitas vezes com recursos locais, outras vezes com recursos portugueses. Também temos muitos portugueses a trabalhar lá. A questão do negócio da República Dominicana é um negócio do grupo, não é um negócio em que a Altice Portugal se possa pronunciar. Esse é um tema para o grupo Altice”, refere o engenheiro.

Sobre o assunto, Alcino Lavrador, líder da Altice Labs, acrescenta: “Quando olhamos para aquilo que é a República Dominicana hoje, que pode estar fora no grupo no próximo ano ou, enfim, em qualquer outra altura, olhamos como olhamos para os outros clientes anteriores também do grupo PT. Continuamos a ser os fornecedores de todas as operações que faziam parte da PT. Por exemplo, na Vivo, que hoje é a Telefónica no Brasil, a PT vendeu a operação em 2011 e, sete anos depois, ainda somos um dos principais fornecedores daquela operação”, garante.

Quando olhamos para aquilo que é a República Dominicana hoje, que pode estar fora no grupo no próximo ano (…), olhamos como olhamos para os outros clientes (…) do grupo PT. Continuamos a ser os fornecedores de todas as operações (…).

Alcino Lavrador

Líder da Altice Labs

Outro tópico de relevo no que toca à Altice Labs foi a passagem dos direitos de propriedade intelectual da Altice Labs para a Altice, noticiada pelo ECO em primeira mão no passado mês de novembro. Todos estes anos de desenvolvimento e investigação tecnológica levaram a ex-PT Inovação a acumular direitos de propriedade por alguns produtos que inventou. E, pela primeira vez desde então, o líder da Altice Labs garante que não houve transmissão da propriedade, mas sim uma “centralização” desses direitos.

“Os direitos de propriedade intelectual não passaram para a Altice. Há é uma centralização dos direitos de propriedade, das marcas, etc. Não houve passagem de propriedade intelectual para a casa mãe”, frisa Alcino Lavrador. E acrescenta: “É uma questão de termos num local central tudo o que são marcas, tudo o que é propriedade intelectual mapeada. A propriedade continua a ser de quem a gerou, de quem a produziu, e toda a propriedade intelectual que foi produzida e que faz parte do espólio da Altice Labs e da PT Inovação antigamente continua aqui”.

De resto, não há dúvidas de que a Altice Labs é hoje tida como exemplo de inovação tecnológica, com espólio, com história. O espaço em Aveiro acolhe esta sexta-feira a cerimónia de aniversário, com a presença de muitos nomes de peso ligados ao grupo Altice e ao centro de Aveiro que está a construir futuro. Mas mais importante do que isso, só mesmo o capital humano que ali se encontra, a maioria com ADN português. E isso, diz Alexandre Fonseca, é “uma evidência de que temos competência, temos as ferramentas e que os portugueses, nessa perspetiva, têm o capital intelectual e a atratividade” para construir esse futuro. Um futuro inovador. Assente na tecnologia.

Cotação das ações da Altice na bolsa de Amesterdão

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Concorrência: Compra da Media Capital pela Altice pode ter impactos “potencialmente negativos”

Está confirmado. A aquisição da Media Capital pela dona da Meo vai mesmo para investigação aprofundada por parte da Autoridade da Concorrência (AdC). Poderá ter impactos "potencialmente negativos".

A Autoridade da Concorrência (AdC) confirmou esta quinta-feira que vai levar o dossiê da compra da Media Capital MCP 0,00% pela Altice ATC 0,00% para investigação aprofundada, ganhando assim mais tempo para analisar a operação. A informação já tinha sido avançada pela própria Altice num comunicado enviado a 22 de janeiro, mas só agora é que o regulador confirma a informação: “A AdC decidiu hoje abrir uma investigação aprofundada à aquisição do grupo Media Capital pela Altice”, lê-se no site da entidade.

“A transação envolve a integração entre, por um lado, um dos principais operadores no setor das telecomunicações e na oferta de televisão por subscrição e pacotes de serviços multiple play e, por outro, o líder na oferta de conteúdos audiovisuais e de canais de televisão em Portugal”, refere a AdC. E, como o Jornal de Negócios já tinha revelado, o regulador considera que, “à luz dos elementos recolhidos até ao momento, existem fortes indícios de que a aquisição do grupo Media Capital pela Altice poderá resultar em entraves significativos à concorrência efetiva em diversos mercados”.

A transação poderá ainda resultar em impactos, potencialmente negativos, no desenvolvimento de novos conteúdos e modelos de negócio que envolvam, designadamente, a transmissão e o acesso a conteúdos audiovisuais através da internet”, sublinha a entidade liderada por Margarida Matos Rosa. Nos últimos meses, o regulador procedeu à “audiência de interessados”, onde foram ouvidos a Nos, a Vodafone, a Impresa, a ARTelecom, a Nowo e a Cofina, empresas dos setores de telecomunicações e de media.

Existem fortes indícios de que a aquisição do grupo Media Capital pela Altice poderá resultar em entraves significativos à concorrência efetiva em diversos mercados.

Autoridade da Concorrência

Em comunicado

Regulador abre a porta às garantias

É no final da nota que a AdC dá conta de que poderá obrigar a Altice a “assumir compromissos com vista a assegurar a manutenção da concorrência efetiva no mercado”. “A AdC pode considerar os compromissos adequados e suficientes, mas recusa-os sempre que considere que a sua apresentação tem caráter meramente dilatório ou que são insuficientes ou inadequados para obstar aos entraves à concorrência identificados, ou ainda de exequibilidade incerta”, frisa.

Será no final desta investigação aprofundada, que acarreta um prolongamento do prazo de decisão, que a AdC irá decidir entre duas opções:

  • “Não se opor à concretização do negócio, se vier a concluir que a operação de concentração, tal como notificada ou na sequência de alterações introduzidas pela Altice, não é suscetível de criar entraves significativos à concorrência nos mercados de conteúdos audiovisuais e canais de televisão, bem como de telecomunicações e de televisão por subscrição“;
  • Proibir o negócio em causa, se vier a concluir que a operação de concentração é suscetível de criar entraves significativos à concorrência nos referidos mercados, com claros prejuízos para os consumidores finais e para o desenvolvimento de novos conteúdos e modelos de negócio inovadores”, conclui a AdC.

A Altice é a dona da operadora Meo em Portugal, a maior em termos de quota de mercado no setor das telecomunicações. A Media Capital é a dona de vários órgãos de comunicação social, onde se destaca a TVI, que é também a maior estação televisiva em termos de quota de mercado.

(Notícia atualizada pela última vez às 17h07, com mais informações)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Altice anuncia fim do Meo Music. Promete aos clientes “benefícios exclusivos” a partir do mês que vem

O serviço de streaming Meo Music vai ser descontinuado no final deste mês, anunciou a Altice. A empresa promete novos "benefícios" e justifica a decisão com um "movimento de revisão estratégica".

O Meo Music deixa de dar música aos clientes no final deste mês.Pixabay

A Altice vai pôr um ponto final no serviço Meo Music, uma plataforma de streaming de música que era considerada por muitos utilizadores como o “Spotify português”. Numa nota enviada aos clientes esta segunda-feira, a operadora indica que vai descontinuar o Meo Music e substituí-lo “por novos benefícios” para que os clientes possam “aceder a conteúdos de música e muito mais”. Desta feita, o serviço deixará de funcionar a 28 de fevereiro.

Apesar de anunciar “benefícios exclusivos” para quem subscreve o Meo Music e vê agora o serviço acabar, a Altice Portugal não revela em concreto, para já, o que estará a preparar. A mensagem que enviou aos clientes indica apenas que as novas vantagens serão divulgadas “a partir de 26 de fevereiro”, apenas dois dias antes do fim anunciado do Meo Music. Há ainda uma ligação para uma página no site da Meo, onde a Altice refere: “Para si que é utilizador Meo Music ou tem o serviço incluído no seu pacote ou tarifário, oferecemos-lhe um conjunto de serviços para que continue a aceder a conteúdos de música.”

"A partir de 28 de fevereiro de 2018, o serviço de streaming Meo Music será descontinuado, deixando de estar disponível para utilização. Para si que é utilizador Meo Music ou tem o serviço incluído no seu pacote ou tarifário, oferecemos-lhe um conjunto de serviços para que continue a aceder a conteúdos de música.”

Altice Portugal

Mensagem enviada aos clientes da Meo

O Meo Music é uma aplicação por subscrição que permite escutar milhões de músicas. Em Portugal, concorre diretamente com outros serviços de gabarito internacional, como o Spotify, o Apple Music ou o Tidal. A plataforma de ADN nacional ficou ainda conhecida por possibilitar dez downloads de música mensais e conseguir manter na plataforma os álbuns de artistas como Taylor Swift, mesmo durante o período em que a cantora norte-americana cortou relações com as demais plataformas.

Mas para alguns clientes da Meo, a principal vantagem do Meo Music é mesmo o facto de ser um serviço gratuito incluído em alguns tarifários e pacotes da operadora. O ECO contactou a Altice para apurar os motivos que levaram a esta decisão. A empresa justifica-se com um “movimento de revisão estratégica da sua atuação na música”.

A nota enviada pela Altice aos clientes da Meo, dando conta do fim do serviço Meo Music.

“Num movimento de revisão estratégica da sua atuação na música e consciente da relevância e do valor emocional inerentes à música, a Altice Portugal avançou com uma forte aposta em várias áreas com o objetivo principal de reforçar o foco na experiência proporcionada pela música”, disse a Altice Portugal, numa resposta enviada ao ECO.

A empresa acrescenta ainda: “A Altice Portugal tem procurado surpreender os amantes da música com experiências marcantes e únicas no país. Fruto deste maior foco na vertente da música, ao vivo, no âmbito do qual terá em breve novidades, a Altice Portugal descontinua o serviço Meo Music a partir de 28 de fevereiro e disponibiliza uma ampla oferta de substituição para os seus clientes, em complemento a todas as atividades em que marca já presença nesta área.”

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Líder da Altice sai em defesa da TDT e lembra que “há espaço para mais dois canais”

Alexandre Fonseca, presidente executivo da Altice Portugal, defendeu que a TDT está a funcionar bem, mas deixou um recado ao Governo: "Há espaço para mais dois canais" naquele serviço gerido pela Meo.

Alexandre Fonseca, presidente executivo da Altice Portugal.Paula Nunes / ECO

O presidente executivo da Altice Portugal defendeu que a Meo “tem cumprido inequivocamente” os níveis de serviço no que diz respeito à TDT e recordou que “há espaço para mais dois canais”, lembrando que cabe ao Governo escolher que empresas e em que condições os poderão explorar. Em declarações transmitidas pela RTP3, Alexandre Fonseca, que falava nas galerias do Parlamento, expressou “estranheza” por a Anacom, depois de ter apresentado um estudo a apontar para um “cumprimento de 100%” no serviço em 2017, emitir um comunicado “meses depois” a “dizer que a qualidade não é a expectável”.

Em causa está um estudo do regulador a 17 de janeiro deste ano: além de apontar para alegados conflitos de interesse da Meo, refere que o serviço de Televisão Digital Terrestre (TDT) tem ficado aquém do que eram as expectativas iniciais, como noticiou o ECO na altura. É a Meo, detida pela Altice Portugal, que gere o serviço de TDT no país. No entanto, a empresa veio logo mostrar incompreensão sobre as conclusões desse relatório e escuda-se num outro estudo da Anacom, mas mais antigo. A 9 de janeiro de 2017, a mesma Anacom referia que o sinal da TDT apresentou valores de disponibilidade de serviço próximos dos 100% no ano anterior.

“O serviço de TDT tem cumprido inequivocamente todos os níveis de serviço”, disse Alexandre Fonseca esta terça-feira. O gestor criticou o relatório da Anacom deste ano e chegou a levantar dúvidas sobre esse documento, referindo que o outro estudo do regulador, publicado “meses antes”, baseia-se em “sondas” da Anacom que os operadores “nem sequer sabem onde estão”.

O presidente da dona da Meo lembrou ainda que, não há muito tempo, o serviço de TDT passou a incluir dois novos canais, a RTP3 e a RTP Memória, havendo “espaço para mais dois canais”. Foi um recado ao Governo, que terá de definir que empresas privadas os poderão explorar e em que moldes. Alexandre Fonseca falou aos jornalistas após uma reunião com o vice-presidente da Assembleia da República (AR), Jorge Lacão.

“Estamos a ir muito mais além”

Além da TDT, a reparação das redes afetadas pelos incêndios e o sistema de comunicações de emergência do Estado (SIRESP) foram temas em cima da mesa. O presidente executivo da Altice Portugal disse que foi ao Parlamento “entregar factos” para, entre outras coisas, “evidenciar que nos últimos anos, na rede SIRESP, os seis indicadores que atestam a qualidade de serviço têm sido inequivocamente cumpridos” pela Meo, que gere essa rede.

A rede SIRESP foi criticada após os incêndios deste verão, com várias denúncias deque terão sido registadas falhas que terão dificultado o combate às chamas e o apoio às populações. Morreram mais de uma centena de pessoas nos fogos no ano passado, com as chamas a resultarem também em avultados prejuízos e numa destruição sem precedentes na região. Ora, da parte da Meo, a empresa esteve a trabalhar na reposição das redes.

Contudo, o presidenbte executivo da Altice Portugal garantiu que a companhia tem ido “muito mais além do que seria simplesmente a reposição das redes ardidas”. Lembrando uma promessa de que, até “meados de janeiro”, as redes da Meo teriam de estar totalmente repostas. E garante que cumpriu: “Em meados do mês de janeiro, a rede já estava 100% reposta”, disse.

A empresa está ainda a substituir, em alguns locais, os cabos de cobre ardidos por ligações de fibra ótica, mais rápidas do que a tecnologia usada anteriormente. “Mais de 99% das ligações a clientes finais estão repostas. Sabemos que estamos a falar de zonas com elevada desertificação [e de] um conjunto de casas que, apesar de vários contactos feitos, estão vazias e ninguém está lá [para a reposição das redes]”, assumiu o gestor.

Por fim, o líder da Altice Portugal disse que a Meo fez, por iniciativa própria, algum do trabalho que deveria ter sido a concorrente Nos a fazer, por lhe estar concessionado o serviço universal de rede fixa. “Existe um serviço universal de rede fica que está concessionado a outro operador que esse sim tem a obrigação de fazer essa reposição. Não temos a obrigação, no entanto fizémo-lo. Vamos muito mais além”, disse.

(Notícia atualizada às 13h10 com mais informação)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Altice vai ligar maciço central da Serra da Estrela com fibra ótica da Meo

A Altice Portugal vai investir "vários milhões de euros" para ligar com fibra ótica da Meo seis concelhos do maciço central da Serra da Estrela. Projeto promete atrair investimento privado.

O concelho de Gouveia será um dos que vai passar a ter fibra ótica da Meo, após um investimento da Altice.Wikimedia Commons

Seis concelhos do maciço central da Serra da Estrela vão ser ligados com fibra ótica pela Altice Portugal. A dona da Meo deu conta do projeto num comunicado esta terça-feira, embora não tenha revelado o montante do investimento, referindo apenas tratarem-se de “vários milhões de euros”.

A fibra ótica é uma tecnologia que permite comunicações praticamente instantâneas, de baixa latência, normalmente a um débito de 100 Mbps (megabits por segundo). Estas ligações costumam ser chamadas de “autoestradas da informação” pelo presidente executivo da empresa, Alexandre Fonseca, por permitirem transmitir elevadas quantidades de dados a uma velocidade superior. A Meo tem vindo a substituir os cabos de cobre que arderam nos incêndios por redes de nova geração.

Os concelhos que vão passar a ter fibra são Seia, Covilhã, Manteigas, Gouveia, Fundão e Oliveira do Hospital, num total de “perto de meia centena de freguesias”. Para a Altice Portugal, este projeto potencia a “criação de valor nestes territórios e na região como um todo”, sendo ainda, diz, uma iniciativa de “interesse público”.

Segundo a Altice, o projeto é “uma mais-valia na captação de investimento privado” para a região. Muitas empresas precisam da capacidade de comunicar instantaneamente e escolhem desenvolver operações a partir de locais onde existam ligações fiáveis de redes de nova geração. Assim, a Altice Portugal garante que mantém o “foco” em “investir em fibra ótica de última geração, assim como na modernização da rede móvel e na expansão do 4G”.

Num comunicado da Altice, Luís Tadeu Marques, presidente da Câmara Municipal de Gouveia, refere que este investimento “é fundamental para que territórios do denominado interior possam, finalmente, começar a ter algum tratamento de igualdade em relação, neste caso concreto, à qualidade e rapidez das comunicações”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Altice vai abrir contact center na Covilhã. Cria 200 postos de trabalho

  • Lusa
  • 25 Janeiro 2018

A Altice já tem um data center na zona, tendo criado 1.500 postos nos últimos dois anos e meio. Agora quer acrescentar mais 200.

A Altice/Randstad vai inaugurar em fevereiro, na Covilhã um novo centro de apoio telefónico que criará cerca de 200 postos de trabalho na região, 150 dos quais ainda durante o ano de 2018, disse esta quinta-feira a Altice Portugal em comunicado.

“O contact center está instalado no Parkurbis (Parque de Ciência e Tecnologia da Covilhã), trata-se de um equipamento novo e moderno, com open space para 128 postos de atendimento, ladeados por salas de formação, reunião e de convívio para os colaboradores”, aponta a nota de imprensa enviada à agência Lusa.

Contactado pela agência Lusa, o presidente da Câmara Municipal da Covilhã, Vítor Pereira, salientou a importância deste investimento e frisou que surge “na senda do trabalho que a autarquia tem feito no sentido de fixar novas empresas no concelho e proporcionar condições às que já estão instaladas para que possam aumentar os postos de trabalho e contribuir para o grande desígnio da fixação de pessoas”.

O autarca sublinhou ainda o “esforço e empenho” deste município do distrito de Castelo Branco para que fossem criadas “todas as condições técnicas e logísticas necessárias para a concretização do projeto” e especificou que o investimento municipal foi de cerca de 100 mil euros, o que, lembra, se traduzirá num retorno muito maior para o concelho.

"Estima-se que, entre ordenados base e prémios de produção, a média salarial ronde os 750 euros, pelo que, por cada 100 postos de trabalho, teremos cerca de 75 mil euros/mês injetados na economia local.”

Vítor Pereira

Presidente da Câmara Municipal da Covilhã

“Estima-se que, entre ordenados base e prémios de produção, a média salarial ronde os 750 euros, pelo que, por cada 100 postos de trabalho, teremos cerca de 75 mil euros/mês injetados na economia local, ou seja, quando chegarmos aos 200 trabalhadores, serão 150 mil euros, o que não é de todo displicente”, referiu.

Vítor Pereira destacou ainda que esta aposta vem contribuir para afirmar o “cluster tecnológico” da Covilhã, onde a Altice já tem um “Data Center”, e mostrou-se confiante de que em breve possam surgir novos investimentos, quer nessa infraestrutura, quer relativo a outras empresas.

Na informação da Altice é também referido que “este é o 13.º centro de contacto que a parceria Altice/Randstad abre em Portugal” e que os 200 novos postos de trabalho se juntam aos mais de 1.500 criados nos últimos dois anos e meio.

A localização destes centros de contacto são uma opção estratégica da Altice, sendo instalados em zonas de baixa densidade populacional para procurar dar resposta à preocupação da desertificação.

Alexandre Figueiredo

CEO da Altice

Citado na nota de imprensa, o presidente executivo da Randstad em Portugal, José Miguel Leonardo, destaca o “orgulho no trabalho de parceria desenvolvido com a Altice, um trabalho desenhado a três anos e que muitos frutos tem dado essencialmente ao país”. “Este é mais um resultado do empenho e dedicação da Randstad em projeto que conotamos de excelência”, acrescenta.

O presidente executivo da Altice Portugal, Alexandre Fonseca esclarece que a “localização destes centros de contacto são uma opção estratégica da Altice, sendo instalados em zonas de baixa densidade populacional para procurar dar resposta à preocupação da desertificação” e sublinha que a ambição da empresa passa por criar quatro mil postos de trabalho em “call centers”.

Este responsável congratula-se pelos excelentes resultados que esta área de projeto Altice/Randstad tem produzido em Portugal: “Esta é mais uma prova clara da Altice de investir no nosso país, criando emprego, construindo e modernizando infraestruturas e garantido suporte para o funcionamento pleno da tecnologia e inovação em qualquer parte do território, nunca esquecendo a vertente da responsabilidade social e aposta na cultura”.

Segundo o referido comunicado, há, neste momento, mais de 1.500 pessoas em funções nos centros de atendimento da Altice, na maioria mulheres, sendo que 78% são provenientes de situações de desemprego e 30% são licenciados”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Meo responde à Deco. Diz que registou “apenas 6.464” queixas em “mais de 43.000”

A Deco concluiu que o setor das telecomunicações foi o alvo de mais reclamações em 2017. Meo responde à Associação e diz que tem "o seu foco no cliente".

A Meo respondeu à Deco. Em números revelados esta semana, a associação de defesa do consumidor aponta o setor das telecomunicações como o mais visado no que toca a reclamações de clientes. Ora, numa nota enviada à comunicação social, a operadora da Altice garante que “durante o período em análise, registou apenas 6.464 [queixas], do universo de mais de 43.000 queixas apontadas pela Deco”. Segundo os dados da Deco, o setor foi alvo de 42.339 reclamações no ano passado.

A empresa garante que tem “o seu foco no cliente e na sua satisfação”, citando dados que apontam para um grau de satisfação de 84,02% dos consumidores em relação ao serviço móvel da empresa. “O Meo rege-se por práticas de satisfação do cliente no âmbito de valores sólidos de qualidade de serviço, que têm permitido à empresa garantir um número muito residual de situações de conflito”, aponta a operadora.

Como o ECO noticiou esta terça-feira, em termos globais, o setor das telecomunicações “continua a ser o maior alvo de queixas” no gabinete de apoio ao consumidor da Deco. O setor foi alvo de 42.339 reclamações, seguido de longe pela compra e venda, energia e água e, depois, serviços financeiros, segundo números revelados pela própria associação.

“A postura das empresas de telecomunicações continua a ser uma postura lesiva dos interesses dos consumidores, nomeadamente através das suas práticas comerciais desleais, e sobretudo que também violam a lei”, sublinhou a diretora-geral da Deco, Ana Tapadinhas.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.