Em caso de stress, Estado pode ter de injetar mais dinheiro no Novo Banco

  • Rita Atalaia
  • 11 Outubro 2017

O Novo Banco vai ser vendido, mas, mesmo depois da alienação ao Lone Star, o Estado pode injetar mais dinheiro na instituição. No entanto, só num cenário extremo.

O Estado pode vir a injetar mais dinheiro no Novo Banco, mas apenas num cenário extremo. A Comissão Europeia deixou em aberto a possibilidade de Portugal colocar mais fundos no banco de transição mesmo depois da venda ao Lone Star como medida preventiva perante um contexto em que não existam quaisquer outras formas de garantir a solvabilidade da instituição liderada por António Ramalho.

“Na medida em que surjam necessidades de capital em circunstâncias adversas graves que não possam ser resolvidas pela Lone Star ou por outros operadores de mercado, Portugal disponibilizará capital adicional limitado”, refere a Comissão Europeia no comunicado em que deu a sua aprovação ao plano de reestruturação do banco.

“A decisão de conceder auxílios estatais é da competência exclusiva do Estado-Membro em causa“, salienta o mesmo documento que não especifica, no entanto, que condições adversas são essas. Um forte abrandamento da economia, por exemplo, pode levar a essa injeção extra de capital por parte do Estado português.

Bruxelas não revela qual o valor máximo que Portugal está autorizado a injetar no banco, nem se essa potencial injeção é feita de forma direta ou através do Fundo de Resolução, que ficará com 25% do Novo Banco. Recorde-se que o Governo aprovou recentemente um acordo-quadro que vem garantir que, se necessário, o Fundo de Resolução tem acesso a financiamento. Ainda assim, segundo o Negócios, será mesmo o Estado a fazê-lo diretamente, isto é, com dinheiro dos contribuintes.

Na prática, com este acordo, fica assegurado o acesso a liquidez por parte do fundo que se manterá acionista do Novo Banco, sendo esse dinheiro utilizado para suprir quaisquer eventuais necessidades de capital da instituição liderada por António Ramalho uma vez vendida ao Lone Star. Essa injeção acontecerá sempre que os rácios de capital baixem de um patamar predefinido, de 12,5%.

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Empresa portuguesa resolve problema de 45 anos à Mattel

Imagine que é daltónico. Agora tente jogar às cartas, nomeadamente ao UNO. Impossível? Agora já não. A Mattel debatia-se há 45 anos com este problemas. A portuguesa ColorADD resolveu.

Sair de casa com uma meia de cada cor. Ser incapaz de introduzir num documento as correções que o chefe pediu, porque não consegue distinguir as anotações feitas a vermelho e a verde. Ir ao hospital e não perceber o grau de prioridade que lhe foi dado no atendimento. Ser incapaz de jogar Uno. Este é o dia-a-dia de 350 milhões de pessoas em todo o mundo. Pessoas que sofrem de daltonismo.

Foi a pensar nelas que nasceu o ColorADD. Um sistema de identificação de cores inventado pelo português Miguel Neiva (que não é daltónico) e que permite através de símbolos — traços e triângulos — perceber as diferenças. A ideia, inédita a nível mundial, partiu de um exercício de escola. A cada cor primária (amarelo, vermelho e azul) atribuir um símbolo e depois combiná-los da mesma forma como se combinam as cores.

“Assim nasceu uma linguagem de 27 carateres que pode ser usada em qualquer parte do mundo“, explicou Miguel Neiva, numa apresentação de projetos de Inovação Social. E é exatamente isso que está a acontecer. A equipa está a trabalhar com o metro de Londres e de Madrid para usarem o código para identificar as diferentes linhas, que são distinguidas por cores, isto depois de uma experiência com o metro do Porto. Mas está também em conversas com a Liga de Clubes e com a UEFA na organização dos estádios, sendo que no capítulo do futebol a grande vitória para os daltónicos foi conseguir que a bola não fosse laranja.

O grande marco para a ColorADD foi conseguir resolver um problema com 45 anos à Mattel. A multinacional norte-americana fabricante de brinquedos veio encontrar em Portugal a solução para o seu jogo mais vendido em todo o mundo — o UNO.

O jogo UNO, nos Estados Unidos, já vem equipado com o código de identificação de cores da ColorADD. Na União Europeia só em Novembro.

Miguel Neiva conta que, para já, o jogo identificado com o código de cores só está disponível nos Estados Unidos mas, na primeira semana de novembro, passará também a estar na União Europeia. Esta alteração permitiu que as vendas subissem 66%. “É a prova de que é possível pôr as empresas a ganhar dinheiro e fazer o bem às pessoas”, sublinhou o designer gráfico.

A ajuda que é dada já valeu à ColorADD o reconhecimento por parte da ZeroDiscrimination, das Nações Unidas, mas também um prémio do Banco Europeu de Investimento, que validou o modelo de negócio da empresa. Este modelo consiste na cobrança de uma taxa às empresas, que varia de acordo com a sua dimensão. Ou seja, a Mattel pagará um valor superior ao do Continente, por exemplo, que também usa este código universal e não discriminatório no semáforo nutricional dos produtos ou nas roupas da Zippy, ou o Hospital de São João do Porto que rotula os fármacos no bloco operatório para evitar a troca de seringas, ou ainda a Viarco que o usa para identificar os lápis de cor, uma opção que também ajudou a recuperar as vendas, diz Miguel Neiva. Exceção feita para o setor da educação que, no entender do promotor do projeto, deve ser gratuita.

Para este projeto, Miguel Neiva contou com um apoio muito importante do Portugal Inovação Social — cerca de 250 mil euros para apoiar a execução do “programa ColorADD nas Escolas” na região Norte e Alentejo — da Fundação Calouste Gulbenkian. O Portugal Inovação Social resulta da opção de Portugal destinar 150 milhões de euros do Fundo Social Europeu para a inovação social. Foi o primeiro Estado membro a fazê-lo. O dinheiro é atribuído aos projetos através de candidaturas, a quatro linhas de financiamento.

Através das Parcerias para o Impacto já foram aprovados 35 projetos, que terão um apoio de 7,5 milhões de euros do Programa Operacional Inclusão Social e Emprego (POISE) e três milhões de investidores sociais como a Gulbenkian, as câmaras municipais, etc.. O projeto de Miguel Neiva foi um dos vencedores, assim como um outro de inclusão social de reclusos, através da sua participação na criação de uma ópera e da gestão de um novo espaço dentro da prisão dedicado às artes performativas.

Estas parcerias destinam-se a promotores que queiram implementar um plano de desenvolvimento de um a três anos, para alcançarem maior escala e impacto. O instrumento financia os custos elegíveis num valor superior a 50.000 euros de subvenção não reembolsável do Portugal 2020 e até um máximo de 70% das suas necessidades de financiamento, sendo o restante financiamento suportado por investidores sociais.

Já no âmbito dos Títulos de Impacto Social, outra das linhas de financiamento possível também já foi aberto um aviso de candidaturas e aprovados três projetos que vão receber um apoio de 1,5 milhões de euros do POISE. De salientar que estes Títulos funcionam “numa lógica de Parceria Público Privada ao contrário”, explicou Filipe Almeida, presidente do Portugal Inovação Social, numa apresentação aos jornalistas, em antecipação da conferência europeia para promover a inovação social, que se realiza a 27 e 28 de novembro. “Nos Títulos de Impacto Social, o risco é transferido para os parceiros, já que são contratualizados resultados e só se estes forem alcançados, o projeto poderá ser financiado a 100%”, acrescentou o responsável.

O Portugal Inovação Social também já fez previamente um concurso para capacitação para o investimento que tinha por objetivo “ajudar a desenvolver as equipas de gestão que vão desenvolver estes projetos”, disse Filipe Almeida. Em causa estava uma dotação de três milhões de euros, um valor que se mostrou aquém do entusiasmo desenvolvido. Foram apresentadas 168 candidaturas, que correspondem a 7,85 milhões de euros de necessidades de financiamento. Estas candidaturas foram distribuídas da seguinte forma: Norte – 81 candidaturas (3,8 milhões de euros); Centro – 72 candidaturas (3,4 milhões) e Alentejo – 15 candidaturas (700 mil euros).

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Pharol deu luz à bolsa. PSI-20 sobe com BCP e EDP

As ações da Pharol dispararam mais de 7%, mas foram os ganhos do BCP e da EDP que ditaram o rumo da praça bolsista lisboeta. O PSI-20 avançou 0,5%.

A praça bolsista lisboeta encerrou a sessão em alta, reaproximando-se de máximos do início de novembro de 2015. O PSI-20 valorizou em torno de 0,5%, com a Pharol a ser estrela do índice que mais brilhou. Mas os méritos do avanço da bolsa nacional vão quase todos para o BCP e a EDP.

O PSI-20 terminou a sessão a valorizar 0,56%, para os 5.439,32 pontos, com dez das suas atuais 18 cotadas em alta e as restantes oito em queda. A Pharol foi ao guia dos ganhos na praça bolsista nacional, com as suas ações a dispararem 7,18%, para os 41,8 cêntimos, perante sinais positivos sobre a sua participada Oi. Esta terça-feira foi noticiado que a administração da telecom brasileira terá aprovado um novo plano de recuperação judicial que vai ser submetido à aprovação dos credores ainda este mês.

Contudo, os ganhos do índice bolsista nacional deveram-se, sobretudo, ao avanço dos títulos do BCP e da EDP. As ações do banco liderado por Nuno Amado valorizaram 2,07%, para os 24,65 cêntimos, quase conseguindo anular o tombo de 2,5% registado na sessão anterior, dia em que o setor financeiro foi condicionado pela expectativa relativamente à declaração de independência da Catalunha de Espanha.

A EDP também ajudou a puxar pelo desempenho do PSI-20, com as suas ações a somarem 1,74%, para os 3,09 euros, a corrigir pela segunda sessão consecutiva após uma longa série de sessões no vermelho. Os restantes títulos do setor energético também registaram ganhos. As ações da EDP Renováveis valorizaram 0,23%, para os 7,126 euros, enquanto as da Galp energia somaram 0,53%, para os 15,10 euros, em contraciclo com as cotações do petróleo que recuavam nos mercados internacionais.

Nota positiva também para a Mota-Engil e para os CTT. As ações da construtora valorizaram 2,6%, para os 3,32 euros, enquanto as dos Correios avançaram 0,26%, para os 5,01 euros.

Em contraciclo, destaque para a Jerónimo Martins que foi a cotada do PSI-20 que mais desvalorizou: 1,21%, para os 16,32 euros. Em queda, também terminaram as cotadas do universo Sonae. As ações da Holding Sonae perderem 0,1%, para os 1,025 euros, enquanto as da Sonae Capital recuaram 0,82%, para os 85 cêntimos.

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Justiça pede 58 milhões aos arguidos da Operação Marquês

Ministério Público actua em defesa do Estado no pedido de indemnização cível e pede quase 60 milhões. Só Sócrates e Santos Silva deverão pagar 19,5 milhões, de forma solidária.

No total, o Ministério Público (MP) considera que os 28 arguidos da Operação Marquês lesaram o Estado em 58 milhões de euros. Concretamente, o Ministério Público considera que José Sócrates e o amigo Carlos Santos Silva “devem ainda ser condenados a pagar solidariamente a quantia de 19,5 milhões de euros”. O Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) acusa os arguidos de causarem ao Estado, de forma ilícita, uma lesão, através da frustração da arrecadação devida em sede de IRS e IRC.

Já Ricardo Salgado e Henrique Granadeiro deverão ser condenados a pagar solidariamente mais de 4,7 milhões de euros. Granadeiro terá ainda de pagar 11,6 milhões, segundo a acusação.

Zeinal Bava deverá pagar, segundo o entendimento do MP, 16,7 milhões de euros.

A Helder Bataglia e Ricardo Salgado, é pedida a sua condenação ao pagamento de quase 1,5 milhões, e a Carlos Santos Silva que indemnize o Estado em mais de 1,5 milhões.

O MP pede ainda a condenação de Armando Vara ao pagamento de quase 1,5 milhões de euros e que seja declarado perdido a favor do Estado vários saldos de contas bancárias e imóveis. Contas essas em nome de Carlos Santos Silva, Gonçalo Trindade Ferreira, Armando Vara, Zeinal Bava e Henrique Granadeiro.

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Operação Marquês: Confiante quanto à acusação? “Sim, com certeza”, diz DCIAP

Rosário Teixeira, o responsável pela acusação na Operação Marquês, diz que o DCIAP está confiante quanto à solidez da acusação, "senão não teria sido deduzida".

Confiante quanto à solidez desta investigação? “Sim, com certeza, senão não teria sido deduzida”, afirma Rosário Teixeira, o responsável pela acusação, em declarações transmitidas pela SIC Notícias. José Sócrates, Ricardo Salgado e Zeinal Bava terão agora que enfrentar o julgamento.

O DCIAP está confiante na acusação que faz a 28 arguidos no âmbito da Operação Marquês. Quando questionado acerca do possível impacto das críticas dos advogados, o Rosário Teixeira acrescenta “isso está resolvido processualmente, não é uma questão”. Quanto aos prazos, comenta apenas: “acabou quando acabou”, negando qualquer constrangimento ao tentar cumprir os prazos definidos pela PGR.

Momentos antes, também o diretor do DCIAP, Amadeu Guerra, afirmou que “cumprimos a nossa função” e que dentro do DCIAP “Todos estamos de consciência tranquila, claro”, recusando-se a prestar mais declarações.

No âmbito deste processo, José Sócrates é alvo de 31 acusações, enquanto o ex-banqueiro Ricardo Salgado foi alvo de 21 acusações, e o antigo presidente da PT, Zeinal Bava tem cinco acusações. Para além destes, o processo tem mais 25 acusados entre personalidades e empresas.

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BE: Descongelamento de carreiras no OE2018 está “bem encaminhado”

  • Lusa
  • 11 Outubro 2017

O descongelamento das carreiras, o agravamento do IRC e o aumento das pensões são assuntos ainda em aberto. BE recusa-se a comentar declarações do PSD sobre crescimento económico.

O BE considerou esta quarta-feira que está bem encaminhado o ‘dossier’ do descongelamento de carreiras da função pública no Orçamento do Estado para 2018 e recusou entrar em “querelas” com o PSD sobre o crescimento da economia.

O descongelamento das carreiras na função pública “está bem encaminhado, mas não fechado”, afirmou o líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, no final de uma reunião, no parlamento, com o ministro das Finanças, Mário Centeno, e o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Pedro Nuno Santos, sobre o Orçamento do Estado para 2018.

Os bloquistas esperam que este dossier seja fechado até sexta-feira, data da entrega do orçamento na Assembleia da República, mas admitem que a discussão continue no debate na especialidade, que se prolonga até novembro. A “tentar fechar” antes de sexta está também a questão das pensões, ou seja, que “exista um aumento extraordinário de pensões para todos e não apenas para os mais idosos”.

“Bater-nos-emos para que seja possível”, acrescentou Pedro Filipe Soares. O mesmo acontece com o adicional de IRC a aplicar às empresas, que “não está fechado” se se conseguirá aplicar ou não no próximo orçamento.

Minutos depois de a delegação do PSD ter dito, após a reunião com o Governo, que estava previsto um desaceleramento da economia em 2018, Pedro Filipe Soares não quis “entrar em querelas” com os sociais-democratas e acusou a deputada e ex-ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque, representante do PSD na reunião com o executivo, de não ter “moralidade alguma” para falar em crescimento económico por ter sido “responsável por uma das maiores recessões no país na última década”.

Pedro Filipe Soares recordou ainda que os bloquistas já fecharam o “dossier” fiscal, ou do IRS. “Atingimos a meta do desagravamento de 400 milhões de euros no IRS das famílias”, a “introdução de dois novos escalões” e um “aumento do mínimo de existência”, acrescentou.

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Sócrates arrecadou 24 milhões até 2009. Conta na Suíça chegou aos 34 milhões em 2015

A acusação da Operação Marquês elenca as penas acessórias. Sócrates sujeita-se a não poder exercer mais cargos públicos durante cinco anos. Ministério Público considera que o socialista é "indigno"

Uma acusação de quatro mil páginas, assinada por sete magistrados do Ministério Público (liderados por Rosário Teixeira) e que aparece, inesperadamente, a dias da entrega do Orçamento do Estado, antecipando-se ao prazo de final de novembro imposto pela Procuradora-Geral da República, Joana Marques Vidal. A acusação do chamado processo da Operação Marquês foi esta quarta-feira conhecida. No total, foram acusados 28 arguidos. José Sócrates está acusado de 31 crimes.

Na acusação redigida pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), liderado por Amadeu Guerra, o enredo tem uma personagem principal: José Sócrates ocupa mais de 50% do extenso texto de uma acusação que demorou três anos a ser concluída. O ex-primeiro ministro foi detido no final de novembro de 2014 e esteve um ano em prisão preventiva. Agora, Rosário Teixeira considera-o culpado de 31 crimes, três por corrupção passiva de titular de cargo público.

Agora, volvidos três anos, o DCIAP acusa o ex-líder socialista de ter recebido o montante total de 34 milhões de euros – entre os anos de 2006 e 2015 – “o qual não foi alvo de manifesto fiscal em Portugal, sendo que em cada um desses anos obteve a disponibilidade dos montantes constantes do quadro que segue”.

Mais: o Ministério Público considera que, já que “os factos imputados ao arguido foram praticados enquanto este exercia o cargo de primeiro-ministro de Portugal, e contra os deveres impostos pelo mesmo”, o MP considera que esta é “uma violação grave e reiterada dos deveres inerentes ao cargo para o qual foi nomeado e que sobre si impendiam, revelando ainda indignidade no exercício de cargos públicos”. Por isso, Rosário Teixeira requer que o arguido José Sócrates seja condenado na pena acessória de proibição do exercício de todo e qualquer cargo público, por período não inferior a cinco anos.

"Os factos imputados ao arguido foram praticados enquanto este exercia o cargo de primeiro-ministro de Portugal, e contra os deveres impostos pelo mesmo.”

Ministério Público

O Ministério Público assume que Sócrates, “com o recebimento de quantias pecuniárias, favoreceu os interesses de Ricardo Salgado e do GES, de Joaquim Barroca e do Grupo Lena, bem como de negócios relacionados com o empreendimento Vale do Lobo, com grave prejuízo para os interesses do Estado e da livre concorrência. O comportamento revelado no exercício das suas funções, fortemente ligadas à prossecução do interesse público, e mesmo após ter cessado as mesmas, é suscetível de revelar desconfiança sobre a forma como poderá exercer futuramente eventuais funções de caráter público”.

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Produção automóvel sobe quase 22% em setembro

  • Lusa
  • 11 Outubro 2017

Quase 96% dos veículos produzidos em Portugal foram consumidos pelo mercado externo. Em termos acumulados, a produção registou uma evolução de 7,2% em relação a igual período do ano passado.

A produção automóvel registou um crescimento de 21,7% em setembro, na comparação com o mesmo período do ano passado, atingindo os 15.015 veículos produzidos, divulgou, esta quarta-feira, a Associação do Comércio Automóvel de Portugal (ACAP).

Em comunicado, a ACAP destacou o forte crescimento de 71% a nível da produção de veículos pesados, embora este segmento mantenha um peso reduzido no total da produção nacional: 638 veículos produzidos.

Os dados hoje revelados indicam também a produção de 10.488 ligeiros de passageiros em setembro, uma subida de 25,8%, e 3.889 comerciais ligeiros, mais 7,3%.

Em termos acumulados, de janeiro a setembro, foram produzidos 117.329 veículos automóveis, ou seja, uma evolução de 7,2%, em relação a igual período de 2016.

Segundo a ACAP, estes dados confirmam a “importância que as exportações representam para o sector automóvel já que 95,9% dos veículos fabricados em Portugal tiveram como destino o mercado externo, o que, sublinhe-se, contribui de forma significativa para a balança comercial portuguesa”.

A Europa continua a ser o principal mercado para exportações (84,5%), com Alemanha a liderar (19,1%), seguindo-se Espanha (14,6%), Reino Unido (12,1%) e França (10,5%).

O mercado asiático, liderado pela China (10,4%), mantém o segundo lugar nas exportações de automóveis fabricados em Portugal, concluiu a ACAP.

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Inquérito à CGD: alterações ao relatório até dia 20. Votação final em Assembleia no dia 27

  • Lusa
  • 11 Outubro 2017

Luís Testa apresentará o relatório da segunda comissão de inquérito à CGD na próxima terça-feira e será debatido entre os vários partidos até dia 20. O documento final segue para a Assembleia a 22.

As propostas de alteração ao relatório da segunda comissão de inquérito à Caixa Geral de Depósitos (CGD) têm de ser entregues até dia 20 de outubro, sendo o texto votado na comissão no dia 27, foi decidido esta quarta-feira.

De acordo com indicação dada à agência Lusa por fonte da comissão, a apresentação do relatório elaborado pelo socialista Luís Testa, será feita em 17 de outubro, próxima terça-feira, havendo depois um espaço de alguns dias para os vários partidos apresentaram propostas de alteração.

Posteriormente, em 27 de outubro, uma sexta-feira, dar-se-á a votação final do texto em sede de comissão, seguindo posteriormente o mesmo para discussão e debate no plenário da Assembleia da República.

O deputado relator da segunda comissão de inquérito sobre a CGD declarou já esta quarta-feira que o ex-presidente do banco, António Domingues, viveu um “processo de convencimento” sobre a isenção de apresentar declarações ao Tribunal Constitucional.

A renúncia de Domingues, defendeu o deputado relator, Luís Testa (PS), deveu-se a um “processo de convencimento de que ele e um conjunto de administradores estavam exonerados da prestação declarativa, nomeadamente ao Tribunal Constitucional, não o estando de facto”.

Luís Testa falou em conferência de imprensa no parlamento sobre a versão preliminar do seu relatório da segunda comissão de inquérito à CGD, tendo sublinhado que a renúncia de António Domingues não se ficou a dever ao projeto definido, com o Governo, para a CGD.

“A renúncia do doutor António Domingues não se deu por qualquer razão que tivesse existido entre o Governo e a administração da CGD quanto ao projeto da CGD. Todos os objetivos aí foram plenamente alcançados”, sublinhou Luís Testa.

Em causa esteve, portanto, o “entendimento” que Domingues fazia do alcance da alteração do Estatuto do Gestor Público e de uma eventual exoneração de apresentação de rendimentos, património e cargos sociais, cenário determinado na lei 4/83 de 02 de abril.

As conclusões do relatório preliminar foram avançadas na manhã de terça-feira pelo ECO e a agência Lusa teve também acesso ao documento, que resume os trabalhos da comissão parlamentar de inquérito que tem por objeto apurar a atuação do Governo na nomeação, gestão e demissão da anterior administração do banco público.

Um dos pontos centrais desta comissão de inquérito, pedida potestativamente (de forma obrigatória) por PSD e CDS-PP, passava por apurar se era “verdade ou não que o ministro [das Finanças] negociou a dispensa da apresentação da declaração de rendimentos [de António Domingues]”, o que foi sempre negado pelo Governo e é corroborado na versão preliminar do relatório.

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Marcelo sobre a Operação Marquês: “Tudo o que seja a Justiça a acelerar é bom”

  • ECO
  • 11 Outubro 2017

O Presidente da República comentou as acusações da "Operação Marquês" conhecidas esta quarta-feira. Marcelo sublinha o peso da rapidez na resolução de processos judiciais como sendo algo "bom".

“Aquilo que penso sobre a Justiça disse-o no 5 de outubro. Tudo o que seja a Justiça a acelerar, e de alguma maneira converter em prazos mais curtos aquilo que temos a noção que é muito longo, é bom“. Foi desta forma que Marcelo Rebelo de Sousa se pronunciou sobre as acusações da “Operação Marquês” conhecidas esta quarta-feira.

Relativamente ao envolvimento do ex-primeiro-ministro José Sócrates no processo, o Presidente da República recusou-se a tecer quaisquer comentários.

O Ministério Público deu a conhecer as acusações do processo “Operação Marquês”, no qual José Sócrates é acusado de 31 crimes, das quais três correspondem a crimes de corrupção passiva, 16 de branqueamento de capitais, nove por falsificação de documento e três por fraude fiscal qualificada. Entre os restantes 27 arguidos estão nomes como Ricardo Salgado, ex-presidente do BES, e Zeinal Bava, ex-CEO da PT.

O processo estende-se desde novembro de 2014, data em que Sócrates foi detido no aeroporto de Lisboa. Desde então que a Procuradoria -Geral da República tem vindo a identificar os restantes arguidos no caso, que durante quase três anos passou por vários avanços e recuos.

 

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Advogado de Vara: “Há aqui uma efabulação”

O advogado do ex-ministro diz que a ligação entre Vara e José Sócrates "não tem qualquer apoio em nenhum facto", pelo que considera "uma efabulação". Armando Vara reagiu "com tranquilidade".

“Há aqui uma efabulação” diz o advogado de Armando Vara, que está sobretudo preocupado com os “prazos totalmente inaceitáveis” previstos em lei para exercer o direito de defesa, tendo em conta a dimensão “sem paralelo” do processo. Afirma ainda o ex-ministro reagiu “com calma, tranquilidade” à acusação no âmbito da Operação Marquês, que “não é nenhuma surpresa como é óbvio”.

Tiago Rodrigues Bastos, advogado de Vara ouvido pela CMTV, assume não ter “uma perceção completa” da acusação, que tem acompanhado através da comunicação social e das notas da PGR. Ainda não tem o processo em mãos, apesar do cliente que representa “já ter sido notificado”. O que pode dizer para já é que “naturalmente há aqui uma efabulação relativamente a um relacionamento ou um conluio entre o Dr. Armando Vara e o Engenheiro Sócrates, que não tem qualquer apoio em nenhum facto que eu esteja recordado que tenha sido referido ao Dr. Armando Vara”.

Naturalmente há aqui uma efabulação relativamente a um relacionamento ou um conluio entre o Dr. Armando Vara e o Engenheiro Sócrates, que não tem qualquer apoio em nenhum facto que eu esteja recordado que tenha sido referido ao Doutor Armando Vara

Tiago Rodrigues Bastos

Advogado de Armando Vara

Da perspetiva do advogado, “o mais importante de tudo é saber quais são os direitos que a defesa vai ter e de que prazos vai dispor para exercer o seu direito de defesa”. Para Tiago Rodrigues Bastos a questão que se impõe é “Se os prazos de três dias, cinco dias, vinte dias são razoáveis para que vocês conhecessem o processo para qualquer ser normal conhecer o processo”. O próprio responde: “Penso que qualquer ser razoável, para não dizer mais, aceitará que estes prazos são totalmente inaceitáveis”. “É preciso saber se vão ser garantidos à defesa os mesmos direitos que foram assegurados à acusação que teve o tempo que quis para exercer a sua atividade”, defende.

"Penso que qualquer ser razoável, para não dizer mais, aceitará que estes prazos são totalmente inaceitáveis””

Tiago Rodrigues Bastos

Advogado de Armando Vara

Depois de falar com o ministro, o advogado afirma que este reagiu “com calma, tranquilidade” pois a acusação “não é nenhuma surpresa como é óbvio”. Quanto à possibilidade de reincidência, tendo em conta a condenação a cinco anos de prisão no caso Face Oculta, Tiago Rodrigues Basto acredita que “não será esse o caso” pois “os factos não têm paralelo uns com os outros. O tipo de crimes que lhe estão a ser imputados não têm nada a ver uns com os outros”.

Armando Vara, ex-ministro socialista e ex-administrador da CGD enfrenta cinco acusações diferentes que se dividem pela prática de crimes de corrupção passiva de Titular de Cargo Político, branqueamento de capitais e fraude fiscal qualificada.

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Oi dá pulo de quase 10% com novo plano de reestruturação

A administração da Oi já terá aprovado o novo plano de recuperação da empresa. As ações da operadora estão a subir quase 10%. Valorização chega aos 14% esta semana.

As ações da operadora brasileira Oi estão a avançar a bom ritmo, reagindo positivamente à notícia de que a administração da empresa terá aprovado o novo plano de recuperação judicial que vai ser submetido à aprovação dos credores ainda este mês.

Como avançou a Bloomberg esta terça-feira, entre outras operações, a administração pretende levar a cabo um aumento de capital superior a dois mil milhões de euros e converter obrigações em ações, num projeto que poderá pôr até 40% da empresa nas mãos dos credores.

Face a estas informações, a empresa, cujos títulos já valorizavam há três sessões consecutivas, estão esta quarta-feira a valorizar 9,63%, para 4,10 reais, um máximo desde meados de março deste ano. Desde o início da semana, a empresa já subiu 14,21%.

Cotação das ações da Oi, em reais

A beneficiar desta subida está também a portuguesa Pharol PHR 0,00% , que é, atualmente, a principal acionista da Oi, com uma “fatia” de cerca de 27%. A antiga holding da Portugal Telecom, cotada na bolsa de Lisboa, avançava 4,87% na reta final da sessão, de 39 para 40,9 cêntimos, com uma liquidez acima da média (cerca de nove milhões de títulos transacionados).

A Oi é a maior operadora do Brasil, mas vive sérias dificuldades financeiras. Tem uma dívida avultada a inúmeros credores e encontra-se ao abrigo de um programa de recuperação judicial que evita a sua falência. O plano de recuperação que terá sido aprovado agora ainda não foi apresentado oficialmente, na medida em que ainda terá de passar o crivo da Justiça brasileira.

Além do mais, terá também de ser submetido à aprovação dos credores, na reunião que está agendada para o próximo dia 23 de outubro.

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