Investimento de 320 milhões no lítio de Montalegre em risco

  • ECO e Lusa
  • 4 Setembro 2017

Litígio entre empresa australiana e empresa portuguesa ameaça um projeto milionário de exploração e processamento de lítio em Montalegre, Trás-os-Montes.

Um projeto de exploração de lítio em Montalegre está em risco de cair por terra, pondo em causa um investimento avaliado em 370 milhões de euros na região. A empresa australiana que tencionava explorar a mina de Cepeda e construir uma fábrica de processamento de compostos de lítio entrou um litígio com a concessionária.

A notícia foi avançada esta segunda-feira pelo Diário de Notícias. Segundo o jornal, a empresa australiana Novo Lítio, ex-Dakota Minerals, tinha previsto a criação de 200 postos de trabalho na região até 2019, algo que poderá agora estar em causa depois de um choque com a Luso Recursos, a empresa portuguesa que, sublinha o jornal, tem a concessão daquela zona.

As companhias começaram o projeto como parceiras, mas essa parceria conheceu um ponto final em julho. Os australianos da Novo Lítio terão, então, processado a Luso Recursos, acusando a companhia portuguesa de não ter feito os pedidos oficiais para a concessão de licenças junto do Governo, indica o DN. Alegadamente, o acordo previa o pagamento de 10.625 euros por casa licença atribuída, e já foram pagos 10.000 euros até ao momento.

"Acredito que se trata de um projeto de interesse nacional e as partes terão obviamente de se sentar à mesma mesa e de ser mediadas para que se chegue a um acordo e se evite atrasar no tempo uma coisa que é urgente implementar e desenvolver no território”

Orlando Alves, presidente da Câmara de Montalegre

O presidente da Câmara de Montalegre, Orlando Alves, disse esta segunda-feira estar preocupado e inquieto com o litígio entre as duas empresas. “Acredito que se trata de um projeto de interesse nacional e as partes terão obviamente de se sentar à mesma mesa e de ser mediadas para que se chegue a um acordo e se evite atrasar no tempo uma coisa que é urgente implementar e desenvolver no território”, afirmou o autarca. Para o presidente socialista, o projeto de exploração de lítio junto à aldeia de Carvalhais “será uma oportunidade única de combate ao despovoamento” deste município do distrito de Vila Real.

De acordo com o DN, na mina de Cepeda terão sido identificadas pelos australianos, no mês de fevereiro, 10,3 milhões de toneladas de lítio com um teor de 1% de óxido de lítio. Por outras palavras, a mina terá potencial para garantir uma década de vida útil à exploração. O lítio tem vindo a ganhar valor de mercado: é necessário para produzir as baterias usadas nos telemóveis e nos carros elétricos e é considerado, muitas vezes, o ouro do futuro.

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Confiança dos portugueses em níveis nunca alcançados

  • Lusa
  • 4 Setembro 2017

Terrorismo está no topo das preocupações: foi a que mais cresceu face ao período homólogo.

A confiança dos portugueses subiu no segundo trimestre deste ano para níveis nunca antes alcançados, tendo o terrorismo sido a preocupação que mais cresceu face ao período homólogo, de acordo com o relatório internacional da Nielsen.

Segundo o “Estudo Global de Confiança dos Consumidores”, o índice de confiança dos portugueses subiu 17 pontos face ao período homólogo, atingindo 82 pontos (100 é o grau de otimismo mais elevado), o valor mais alto desde sempre em Portugal, aproximando-se da média da Europa (85 pontos) e acima de países como França (75 pontos), Rússia (70 pontos), Itália (58) e Grécia (52).

“Uma das novidades é que a maioria dos portugueses (51%) já não considera que o país está em recessão económica, revelando-se até, nesta questão, um otimismo superior ao que se observa na média europeia (59% dos europeus acreditam que o seu país está em recessão)”, lê-se no estudo.

O otimismo dos portugueses estende-se às perspetivas profissionais e financeiras, com melhorias em relação ao ano anterior, o que faz com que os consumidores estejam mais disponíveis para o consumo.

Os consumidores portugueses também mudaram os seus hábitos de consumo, mas poupar continua a ser uma prioridade: “após o pagamento das despesas essenciais, 45% optam por utilizar o dinheiro excedente para fazer poupanças”.

Os portugueses preocupam-se sobretudo com o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, ao contrário dos restantes europeus, que estão essencialmente preocupados com o terrorismo e questões de saúde.

Mas, ainda assim, a preocupação com o terrorismo é a que tem mais destaque neste trimestre face ao homólogo, ocupando agora a quarta posição nas preocupações dos portugueses.

“Estes resultados fazem-nos acreditar que as melhorias da situação nacional após o período de crise e este sentimento de recuperação tornaram os portugueses mais otimistas, provavelmente por estarem a conseguir recuperar de uma situação muito negativa no passado”, considerou Ana Paula Barbosa, responsável da Nielsen Portugal, citada no comunicado.

Este inquérito ‘online’, a 30.000 inquiridos em 63 países, foi realizado em Portugal entre os dias 20 de maio a 10 de junho, com uma amostra de 499 inquiridos.

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Lisboa na mira da Uber para novo centro de operações

  • ECO
  • 4 Setembro 2017

Capital portuguesa é uma das cinco opções da Uber para receber o novo centro de operações internacional da empresa. Está em causa a criação de 250 postos de trabalho.

Lisboa é uma das cidades na mira da Uber para a instalação de um centro operacional e de suporte da conhecida empresa de transporte privado. A notícia foi avançada esta segunda-feira pelo Jornal de Negócios [acesso condicionado], que acrescenta que a capital portuguesa surge na lista das possibilidades da empresa, a par com Cracóvia (Polónia), Cairo (Egito), Limerick (Irlanda) e Paris (França).

Segundo o jornal, a empresa norte-americana está a avaliar a melhor opção para a instalação deste centro — e Lisboa estará “bem encaminhada para receber o investimento”. Em causa, 250 novos postos de trabalho associados a este investimento. A jogar a favor de Lisboa estará o rápido crescimento que a empresa registou neste mercado desde que iniciou operações em meados de 2014, operando também no Porto e Algarve com um total de cerca de 3.000 motoristas.

A atividade prestada por plataformas como a Uber e a Cabify tem vindo a ser contestada pelo setor do táxi, que se queixa de concorrência desleal. Além disso, as operações da empresa estarão ilegais à luz do Direito português, após alteração à lei dos transportes em táxi em novembro passado. No entanto, o Governo já apresentou uma proposta para regulamentar estas empresas, legalizando a atividade. O diploma, bem como outras propostas, está parado na especialidade há meses.

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Agência que gere a Inovação tem uma nova equipa

A Agência Nacional de Inovação (ANI) começa o mês de setembro com uma administração renovada. Depois da entrada em julho de Nuno Lúcio, para vogal, agora é a vez de Isabel Caetano se juntar à equipa.

O presidente da agência que pretende fazer a ligação entre o conhecimento científico e as necessidades das empresas continua a ser José Carlos Caldeira, mas há duas caras novas na administração: Nuno Lúcio, o vogal apontado pelo Ministério da Economia, em funções desde julho, e Isabel Caetano que vem da COTEC e é o nome escolhido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

De saída está agora o vogal Miguel Botelho Barbosa, que tinha sido o elemento escolhido pela Economia. Paulo Sá e Cunha já tinha deixado a agência em julho. Em ambos os casos os mandatos já tinham terminado.

O ECO tentou contactar os dois novos vogais. Nuno Lúcio optou por não fazer comentários sobre os objetivos da agência, remetendo quaisquer esclarecimentos sobre o posicionamento da ANI para o seu presidente. Isabel Caetano não esteve disponível.

Nuno Lúcio era administrador do Fundo de Apoio à Inovação, junto da Agência para a Energia (Adene), desde 2009, mas a sua carreira teve início na Direção Geral dos Assuntos Europeus, tendo posteriormente desempenhado funções na Direção Geral das Atividades Económicas, Direção Geral de Empresa e na Direção Geral das Relações Económicas e Internacionais do Ministério da Economia.

Já Isabel Caetano é diretora de projetos na COTEC Portugal, Associação Empresarial para a Inovação, mas também já trabalha com a agência enquanto diretora de Relações Internacionais, já que centrou a sua atividade profissional no âmbito do desenvolvimento e coordenação de relações estratégicas e internacionais, associadas à atividade de I&D, Transferência de Tecnologia e Empresas de base tecnológica. No seu currículo está ainda o cargo de National Contact Point para as PME, no âmbito do 6.º Programa-Quadro de Investigação da União Europeia.

Recorde-se que a Agência Nacional de Inovação é o instituto que resulta do “reposicionamento estratégico” da antiga Agência de Inovação, que foi extinta a 28 de dezembro de 2012, mas que acabou por ser resgatada pelo próprio Governo de Pedro Passos Coelho. “O Governo, através do Decreto‐Lei nº82/2014 de 20 de maio, veio revogar o antedito artº16 do Decreto‐Lei nº266/2012, optando assim por reverter a decisão de dissolução da AdI, decidindo reposiciona‐la estrategicamente, alterando a sua designação, e lançando a ANI — Agência Nacional de Inovação com a principal atribuição de promoção da valorização do conhecimento, nomeadamente, através de uma maior e melhor colaboração e articulação entre empresas e SCTN”, pode ler-se no plano de atividades da Agência de 2015.

Uma decisão que se pretendeu também com o facto de a Comissão Europeia ter exigido a Portugal, no âmbito da negociação do Acordo de Parceria (que antecedeu o novo quadro comunitário de apoio — o Portugal 2020), que identificasse uma organização que garantisse, na área da investigação e inovação, que Portugal iria aplicar os fundos estruturais de acordo com as prioridades definidas na Estratégia Nacional de Investigação e Inovação para uma Especialização Inteligente (ENEI). Foi à Agência Nacional de Inovação que coube presidir o conselho coordenador dessa estratégia.

A ANI também esteve nas notícias pelas piores razões. O ano passado a Polícia Judiciária fez buscas nas instalações de Lisboa e do Porto da Agência. Buscas essas que estavam relacionadas com um projeto de vinhos datado de 2006, que envolveu verbas comunitárias do Quadro Comunitário de Apoio (QCA).

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A linha da vida do BCP: dos 200 contos aos 20 cêntimos

O BCP estreou-se em bolsa há precisamente 30 anos a valer 200 contos. O ECO foi aos arquivos da Bolsa de Lisboa e mostra-lhe os altos e baixos que marcaram a história do maior banco privado português.

O ECO teve acesso ao primeiro relatório e contas do BCP após a estreia em bolsa, publicado no Boletim de Cotações da Bolsa de Valores de Lisboa no dia 3 de setembro de 1987.Euronext Lisbon

“Aviso: Faz-se público que foram admitidas à cotação no mercado oficial 550.000 acções no valor nominal de 10.000 escudos cada um do Banco Comercial Português, S.A., correspondentes ao actual capital social da empresa e representadas por títulos de 1, 10 e 100 acções. Bolsa de Valores de Lisboa, 2 de Setembro de 1987. O Presidente da Comissão Directiva, António Braz dos Santos“.

Começou assim a vida do BCP na bolsa portuguesa há precisamente 30 anos. É uma história de relativo sucesso no mercado de capitais, marcada por altos e baixos, conflitos e guerras entre acionistas e casos de polícia. Mas também de resiliência face às inúmeras diversidades e obstáculos que foi superando ao longo do tempo e que chega aos dias de hoje com dois grandes acionistas de referência em nova luta pelo controlo do maior banco privado português: os chineses da Fosun e os angolanos da Sonangol.

Aviso no Boletim de Cotações da Bolsa de Valores de Lisboa

Boletim de Cotações da Bolsa de Valores de Lisboa do dia 3 de setembro de 1987. Admissão do BCP foi aprovada no dia anterior.Euronext Lisbon

Estávamos no início de setembro de 1987. Fundado dois anos antes por pouco mais de duas centenas de acionistas em nome individual, entre os quais Américo Amorim, Ferreira da Silva, Jorge Jardim Gonçalves, Pedro Teixeira Duarte e Ângelo Ludgero Marques, aos quais se associaram muitas empresas como a Vista Alegre, Têxtil Manuel Gonçalves, Salvador Caetano e Revigrés, entre outras, o Banco Comercial Português S.A. chegou ao mercado de capitais em plena época de euforia bolsista. Nesse ano, mais de 90 empresas e bancos tinham sido admitidos na bolsa de valores portuguesa.

A 4 de setembro chegaram à praça 110 mil ações do BCP da classe “Portador” e outras 440 mil ações do BCP “Nominativas e Portador Registado”, num total de 550 mil títulos com o valor nominal de dez contos cada (50 euros, sem contar com o efeito da inflação). Mas a primeira sessão de sempre do BCP não registou sequer qualquer movimento: zero ações trocadas porque nenhum dos acionistas quis vender ações naquele dia apesar de ordens acima dos 100 contos, segundo o Boletim de Cotações da Bolsa de Valores de Lisboa relativo aquela sessão e que foi cedido pela Euronext Lisbon ao ECO.

Assim, foi apenas na sessão do dia 9 de setembro que os primeiros papéis começaram a andar de mão em mão. Não foram muitos na verdade: 350 títulos. A que preço? As ações ao portador (cujo detentor não se conhecia) fecharam a sessão nos 200 contos. Sim, 200 contos que convertidos em euros (sem contabilizar a inflação) dão 1.000 euros. As ações “Nominativas e Portador Registado” custavam 160 contos. Eram os títulos mais caros da bolsa nacional, o que condicionava a sua liquidez. O BPI, por exemplo, tinha um preço de 25 contos (Portador) e 15 contos (Nominativas e Portador Registado).

Boletim de cotações no dia 9 de setembro: última ação negociada do BCP valia 200 contos

Boletim de Cotações da Bolsa de Valores de Lisboa do dia 9 de setembro de 1987.Euronext Lisbon

O entusiasmo inicial depressa foi contaminado pela conjuntura internacional. E os primeiros meses de vida na bolsa viriam a revelar-se premonitórios quanto ao resto da história do BCP na bolsa: aumento de capital atrás de aumento de capital, perdas para os acionistas, mas ao mesmo tempo demonstração de resistência mesmo em situações de grave crise. Até hoje.

No final de setembro de 1987, as ações ao portador chegaram a valer cerca de 280 contos (cerca de 1.400 euros), tocando o valor mais elevado de sempre, num período bastante positivo nas bolsas mundiais. Entrou outubro e os mercados colapsaram com um crash na bolsa de Nova Iorque. Numa só sessão, a 19 de outubro, o índice americano Dow Jones afundou 20%. O BCP foi arrastado.

No primeiro relatório e contas apresentado pós-entrada em bolsa, Jardim Gonçalves resumia o ano desta forma: “Não é possível fazer uma referência ao ano económico de 1987 sem nos determos naqueles que terão sido os factos mais marcantes no mundo dos negócios. Refiro-me, bem entendido, à queda do dólar norte-americano e à crise que afetou o mercado de capitais nas praças financeiras mais significativas dos países de economia de mercado. (…) Ao terminar o ano de 1987, as principais bolsas mundiais não se recuperaram ainda da queda sofrida em Outubro…”

Jardim Gonçalves durante uma conferência de imprensa em junho de 1999, na sede do BCP, a propósito da Operação Publica de Troca que lançou sobre as ações da Mundial Confiança.

Para os acionistas do BCP, outubro, novembro e dezembro de 1987 trouxeram uma desvalorização das ações de 70%. No final do ano, um título do BCP ao portador “já só” valia 86 contos — longe dos 280 contos do final de setembro.

Mensagem de Jorge Jardim Gonçalves no relatório e contas de 2017

Mensagem do presidente executivo do BCP no relatório e contas de 1987 apresentado na Bolsa de Valores de Lisboa.Euronext Lisbon

Apesar do mau desempenho bolsista, como reconhecia o presidente executivo, 1987 dificilmente poderia ter corrido melhor para o BCP em termos operacionais. Foi um ano de forte expansão do negócio e de dimensão do banco, seja em termos de recursos obtidos, créditos concedidos, número de trabalhadores até número de… computadores.

Fechou o ano com lucros de 1,7 milhões de contos face aos 80 mil contos registados em 1986, segundo a demonstração de resultados apresentada na Bolsa de Valores de Lisboa e cedida pela Euronext ao ECO. Os recursos de clientes multiplicaram-se por cinco para 105 milhões de contos e funcionários já eram quase 500, o dobro do ano anterior.

Primeira demonstração de resultados do BCP na bolsa

Síntese de indicadores económicos, financeiros e operacionais do BCP em 1987.Euronext Lisbon

No mesmo relatório, Jardim Gonçalves salientou a consolidação do banco nesse ano. “O Banco Comercial Português veio, nesse aspeto, a consolidar uma posição de grande destaque cotando-se, pelo volume de consultas, pelo número e montante das operações realizadas e pela qualidade dos seus interlocutores internacionais, como um dos principais operadores e, como tal, tornando-se um observador privilegiado das tendências de negócio”.

“Uma Palavra do Presidente” assinada por Jardim Gonçalves nas contas de 1987

Uma Palavra do Presidente com a assinatura de Jorge Jardim Gonçalves.Euronext Lisbon

A linha da vida

No final de 1987, o BCP apresentou-se com uma capitalização bolsista de 220 milhões de euros. Só em 1993 superou a fasquia importante dos 1.000 milhões de euros, num período em que o crescimento do banco se fez sobretudo por via orgânica. Aquisições de bancos só no ano a seguir: comprou o Banco Português Atlântico em 1994.

Mais compras surgiram nos anos a seguir, financiadas por sucessivos aumentos de capital que alimentavam o apetite aglutinador do BCP no setor financeiro nacional, e num momento particularmente positivo na economia, em convergência com a União Europeia. Depois do Atlântico em 1994 seguiram-se o Banco Mello e o Banco Pinto & SottoMayor, concretizadas em 2000. Foi precisamente no final desse ano que o BCP atingiu o maior valor de mercado na sua história, acima dos 11.600 milhões de euros.

Valor de mercado do BCP entre 1987 e 2007

Fonte: Bloomberg

O ano de 2002 acabou por marcar um profundo revés (mais um) no valor do banco na bolsa. Passou de um market cap de 10.000 milhões para metade em apenas 12 meses, já a economia dava sinais de forte desaceleração face às taxas apresentadas na década anterior. Nesse ano a economia cresceu menos de 1%. E em 2003 contraiu mesmo.

O BCP foi recuperando valor nos anos seguintes, à boleia também da internacionalização do negócio — sobretudo Polónia e Grécia e junto das comunidades luso-descendentes, incluindo Angola e Moçambique.

Em 2006, voltou a superar a fasquia dos 10.000 milhões — a fasquia a que Paulo Teixeira Pinto chamava de “linha da vida do BCP” — e deu um sinal de força quando anunciou uma oferta para adquirir a totalidade (oferecia sete euros por ação) do Banco BPI. O processo de OPA encerrou sem sucesso em maio de 2007, ano em que o BCP valorizou ainda mais apesar do público conflito entre os acionistas e administração de Paulo Teixeira Pinto. Em 2008, novo tombo.

Paulo Teixeira Pinto, presidente do Conselho de Administração do BCP, antes da conferência de imprensa sobre a OPA anunciada sobre o BPI, em marco de 2006, no Palácio da Bolsa no Porto.

Guerra pelo poder

Em 1984, numa reunião no Hotel Infante de Sagres, no Porto, que serviu de rampa de lançamento do BCP, ficaram algumas das ideias-chaves acerca do que deveria ser o modelo de governo do banco: “O novo banco não poderia ser uma espécie de self-service dos acionistas, cabendo integralmente aos administradores a responsabilidade e autonomia de gestão, assim como a possibilidade de se prever, nos estatutos, a possibilidade de a Assembleia Geral poder nomear alguns membros para colaborar com o Conselho de Administração, em assuntos relevantes para a sustentabilidade do banco”. (1)

Em 1987, os órgãos sociais estavam assim distribuídos: Jorge Jardim Gonçalves liderava o conselho de administração, onde estavam ainda Eduardo Consiglieri Pedroso, Eurico Ferreira Nunes, Francisco Ferreira da Silva e Luís Mota Freitas; a mesa da Assembleia Geral tinha António Teixeira de Melo como presidente por impedimento de Luís Valente de Oliveira; e Ricardo Bayao Horta era o presidente do Conselho Fiscal do BCP.

Órgãos sociais do BCP em 1987

Apresentação dos órgãos sociais do BCP no relatório e contas de 1987.Euronext Lisbon

Mais de duas décadas depois, em 2007, estes ideais anunciados naquele hotel do Porto foram desvirtuados pela luta de poder entre os acionistas e órgãos sociais do BCP. Foi o período mais quente da vida do banco.

De um lado Jardim Gonçalves, histórico ex-presidente do BCP, e acionistas de referência como a construtora Teixeira Duarte. Do outro Paulo Teixeira Pinto, que havia substituído Jardim Gonçalves dois anos antes, e o grupo dos sete, como ficaria conhecido o grupo composto pelos acionistas Manuel Fino, Vasco Pessanha, Diogo Vaz Guedes, Bernardo Moniz da Maia, Filipe de Botton, João Pereira Coutinho e Joe Berardo.

Foram lançadas propostas para reforçar os poderes do conselho de supervisão liderado por Jardim Gonçalves, incluindo a nomeação do presidente do conselho executivo e reforço da dos mecanismos de blindagem do estatutos do BCP e que os aliados de Teixeira Pinto rejeitaram. Em resposta, os apoiantes de Teixeira Pinto propuseram alterações no governo societário e nos estatutos do banco. Neste impasse, os ataques públicos entre Jardim Gonçalves e Teixeira Pinto subiram de tom. Propôs-se a destituição de administradores.

Mas a assembleia geral de 27 de agosto, que definiria o futuro banco, deixou tudo na mesma. “Foram retiradas, pelos respetivos proponentes, as propostas relativas aos pontos 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7 da ordem de trabalhos, não tendo sido apresentada qualquer proposta relativa ao ponto 8, pelo que não ocorreu qualquer deliberação sobre os pontos da ordem de trabalhos“, comunicou o BCP ao mercado. Paz no banco? Nem por isso.

Novo afundanço na bolsa e a Sonangol

Ainda que a batalha dos acionistas não tenha beliscado o valor do banco, que fechou 2007 com uma capitalização bolsista de 10.545 milhões de euros, o ano seguinte veio a provocar uma destruição tremenda para os acionistas. Terminou o ano a valer apenas 3.826 milhões de euros, refletindo uma queda de 60% face a 2007.

Foi um ano de terror nas bolsas, fortemente impactada pela crise do subprime que culminou com a falência do Lehman Brothers no dia 15 de setembro de 2008.

E foi precisamente nesse ano que se deu a entrada da petrolífera estatal angolana Sonangol, robustecida pelo elevado preço do petróleo, no BCP. “Em maio e setembro de 2008, o banco celebrou acordos de parcerias estratégicas com a Sonangol e o BPA. O conjunto de instrumentos (…) prevê, designadamente, uma participação indicativa de referência pela Sonangol no capital social do BCP e a apresentação aos acionistas do BCP de proposta de designação de um membro da Sonangol para integrar os corpos sociais do BCP”, lê-se na história do banco publicada no seu site.

Da nacionalização à China

À crise do subprime nos EUA sobrepôs outra: as crises das dívidas soberanas na Zona Euro, que atingiram sobretudo a Grécia (2010) e Portugal (2011), dois dos principais mercados do BCP e onde o banco havia investido bastante em dívida pública, o que deixava a instituição exposta a um elevado risco.

Voltaram a suceder-se os aumentos de capital. Mas, ao invés de financiar o crescimento do banco como na década de 90, estes já só serviram para garantir sua sobrevivência. De resto, o BCP até teve de se socorrer da ajuda do Estado que lhe empresta 3.000 milhões de euros para evitar um outro destino mais fatal, numa altura em que o Banco Central Europeu (BCE) e o Banco de Portugal apertavam as regras para garantir que a desconfiança do mercado não se alastrava ao sistema financeiro.

O Estado entrou no banco já no final de 2012, com Nuno Amado já na liderança. Ainda antes de ser aprovado o plano de reestruturação, que previa uma redução da dimensão do banco no mercado nacional e internacional em julho de 2013, o BCP vendeu a operação na Grécia, onde detinha o Millenium Bank. Vendeu depois o negócio na Roménia, mantendo o Bank Millenium na Polónia, além das operações estratégicas em Angola e Moçambique.

Ao mesmo tempo, na bolsa, a cotação seguia cada vez mais deprimida. Fechou 2011 a valer menos de 1.000 milhões de euros. Recuperaria nos anos seguintes mas voltaria à casa dos 1.000 milhões em 2016, com o crédito em incumprimento a passar uma fatura pesada no bolso dos acionistas do banco. Por esta altura, o título negociava na casa de um a dois cêntimos.

O final de 2016 marcou um novo capítulo na história do banco. Sem capital, os acionistas foram “obrigados” a abrir a porta à entrada aos chineses da Fosun, de onde vinham os únicos grupos com capacidade financeira. A entrada deu-se em fevereiro de 2017, com o aumento de capital de 1.300 milhões de euros, e que conferiu aos chineses o estatuto de maior acionista do banco. Já detêm um quarto do capital do banco e uma intenção de resposta dos angolanos da Sonangol na disputa pelo título de grande acionista do banco.

O último dinossauro, mas pequeno

Três décadas depois, o BCP resiste na bolsa e o facto não passou despercebido à Euronext, que realiza esta segunda-feira uma cerimónia para celebrar a efeméride. A iniciativa acontece num momento em que o BCP regressa às primeiras páginas dos jornais, já que anunciou na sexta-feira um processo para tentar travar a garantia de 3,9 mil milhões de euros que foi concedida pelo Fundo de Resolução na venda do Novo Banco aos americanos do Lone Star.

Nuno Amado, atual presidente do BCP.Paula Nunes / ECO

O banco fechou o mês de agosto a valer pouco mais de 3.300 milhões de euros na bolsa e é o dinossauro que resta da banca portuguesa no PSI-20, depois de os últimos anos terem levado BES, Banif, BPI e, ao que tudo indica, o Montepio, acentuando o declínio da importância do setor financeiro na representatividade do mercado.

Quem manda no PSI-20?

Fonte: Bloomberg

Longe, bastante longe da capitalização bolsista dos 10.000 milhões de euros de 2000 e 2001 ou 2006 e 2007, a tal linha de vida do banco, o BCP surge assim no quinto lugar de maior cotada em market cap da bolsa nacional, atrás da EDP, Galp, Jerónimo Martins e EDP Renováveis.

Na verdade, depois de se ter estreado nos 200 contos, ou 1.000 euros, a ação chega ao 30.º aniversário em bolsa em baixo de forma e a tentar máximos do ano nos… 26 cêntimos.

Desempenho do BCP desde o início do ano

Fonte: Bloomberg

Em termos de operação, o banco que obteve um lucro de 80 mil contos e que dizia que tinha 200 computadores em 1986 é atualmente o maior banco privado português — ainda que rivalize com o espanhol Santander Totta pelo título de segundo maior banco privado a operar em Portugal. A liderança está entregue ao banco público, a Caixa Geral de Depósitos.

(1) Dicionário de História Empresarial Portuguesa, Séculos XIX e XX, Volume I Instituições Bancárias, da autoria de Miguel Figueira de Faria e José Amado Mendes

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5 coisas que tem de saber antes de abrirem os mercados

Esta segunda-feira é feriado nos EUA e os mercados lá vão estar fechados. Em Espanha sabe-se a taxa de desemprego. Na Alemanha, Merkel estará em reuniões sobre emissões poluentes.

Os mercados norte-americanos estão fechados, mas as negociações do NAFTA com o México e o Canadá seguem para a segunda ronda. Do outro lado do mundo, os países em desenvolvimento reúnem na China para discutir, entre outros assuntos, as sanções dos Estados Unidos à Rússia.

Como evolui o desemprego em Espanha?

Esta segunda-feira vai ser revelada a taxa de desemprego espanhola em agosto. O país — o principal parceiro comercial de Portugal — mantém um elevado número de desempregados, mesmo com crescimentos económicos superiores a 3%. Ainda assim, em julho a taxa de desemprego baixou para níveis de há oito anos. O número de desempregados inscritos nos serviços públicos espanhóis de emprego registou uma diminuição de 26.887 pessoas em julho em relação ao mês anterior, alcançando um total de 3.335.924.

Mercados nos EUA estão fechados

Do outro lado do Atlântico, as celebrações do Dia do Trabalhador nos Estados Unidos e no Canadá vão fechar os mercados norte-americanos. Na última semana, Wall Street acumulou ganhos em praticamente todos os dias, mesmo perante a incerteza geopolítica vinda da Coreia do Norte. Acresce que este fim de semana voltou a haver movimentações de Kim Jong-un: o líder coreano realizou um teste nuclear.

BRICS reúnem-se para falar das sanções dos EUA à Rússia

As economias em desenvolvimento reúnem-se esta segunda-feira na China. O presidente chinês, Xi Jinping, recebe os líderes do Brasil, Rússia, Índia e África do Sul. Além destes países, foram convidadas outras nações como é o caso do México. A cimeira de três dias vai ter como temas o comércio, o investimento, a segurança e as sanções dos Estados Unidos à Rússia. Michel Temer, presidente do Brasil, vai fazer uma visita de Estado à China.

Merkel empenhada no combate à poluição dos carros

A chanceler alemã está em plena campanha. Depois do debate deste domingo com o seu principal oponente, Martin Schulz, Angela Merkel vai encontrar-se esta segunda-feira com os líderes das várias cidades alemãs para discutir de que forma podem combater a poluição provocada pelo combustível dos veículos, evitando que haja a proibição de os carros andarem nos centros das cidades.

Negociações do NAFTA seguem para a segunda ronda

Apesar de Donald Trump já ter dito que acha improvável a existência de um acordo, os negociadores dos vários países envolvidos no NAFTA encontram-se esta segunda-feira para discutir o tratado comercial. O Tratado de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA) junta os EUA ao México e ao Canadá. Os países querem resolver a situação antes do início do próximo ano, mas até os economistas têm dúvidas: Paul Krugman, Nobel da Economia, diz que Trump vai ter dificuldades na renegociação por causa do Congresso e das empresas norte-americanas.

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PCP quer adicional à derrama para as empresas no Orçamento

A recuperação das condições de vida dos portugueses é "limitada", mas Jerónimo de Sousa destaca avanços importantes em várias áreas. No discurso final da Festa do Avante, o líder do PCP pediu mais.

Jerónimo de Sousa reivindicou para o PCP um papel “decisivo” no plano nacional para a melhoria das condições de vida dos portugueses. Ainda assim, admitiu que a capacidade de melhoria é “limitada”. Quanto ao OE2018, entre outras propostas, o PCP quer aumentar a tributação das empresas com lucros superiores a 35 milhões de euros para compensar o PERES e a reavaliação de ativos.

“Sabemos que estamos aquém do necessário para melhorar as condições de vida dos trabalhadores e do povo. Não é ainda o que é justo e se impõe, mas são avanços que estão para lá do programa do PS e do Governo. A luta continua e vai seguir o seu caminho”, afirmou Jerónimo de Sousa no discurso final da Festa do Avante.

Um dos temas mais discutidos nas últimas semanas é a alteração a aplicar ao IRS. O líder comunista pediu “mais escalões do IRS, redução das taxas e o reforço dos montantes do mínimo de existência”medidas que já foram noticiadas, ainda que não se saiba o esquema exato em que os escalões do IRS vão ficar.

Por outro lado, o líder do PCP quer que, ao mesmo tempo que se reduz os impostos de quem tem menos rendimentos, se aumente a tributação dos “elevados rendimentos com a obrigatoriedade de englobamento dos lucros dos dividendos do grande capital”. Jerónimo de Sousa também se focou numa outra proposta que já tinha feito a António Costa no Parlamento: “A introdução do adicional à derrama para empresas com lucros superiores a 35 milhões de euros”, afirmou.

Esta sugestão tinha sido feita em maio deste ano, num debate quinzenal. Na altura, o primeiro-ministro disse que o Governo aceitava discutir esse aumento da tributação, algo que poderá estar a acontecer nas negociações do Orçamento do Estado para 2018.

Na altura, o secretário-geral do PCP tinha proposto “um aumento da derrama estadual sobre as empresas com mais de 35 milhões de euros de lucros”. Isto para corrigir aquilo que considera ser “a injustiça resultante do benefício fiscal usufruído por estas grandes empresas no âmbito da reavaliação de ativos e PERES [Plano Especial de Redução do Endividamento ao Estado]”.

No discurso no Avante, além da política fiscal, o líder do PCP fez questão de enumerar as conquistas da atual solução governativa: a gratuitidade dos manuais escolares a todos os alunos do primeiro ciclo, os museus gratuitos e, por exemplo, o aumento extraordinário das pensões. Neste último ponto, Jerónimo de Sousa reivindicou como vitória do seu partido um aumento “três vezes mais do que o que estava previsto”.

Para o futuro, algumas reivindicações antigas do PCP: a dissolução da NATO, os 600 euros de salário mínimo já em janeiro do próximo ano e uma nova subida das pensões em 2018 que supere o valor da inflação, fixando-se nos 10 euros, apontou o deputado comunista.

Jerónimo de Sousa deixa recados ao PS

Os recados ao PS, cujo Governo minoritário apoiam parlamentarmente desde as últimas eleições legislativas, continuam. “Também o PS pode continuar a falar da possibilidade da compatibilidade do desenvolvimento do País, com tais imposições e constrangimentos [europeus], mas contrariamente ao que afirmam não há compatibilização possível entre uma política socialmente justa e de real desenvolvimento do País e as imposições e os constrangimentos a que a União Europeia nos sujeita”, alertou.

Para Jerónimo de Sousa, “o país necessita de andar para a frente e não para trás, como pretendem o PSD e o CDS com a sua política de terra queimada, e de adesão e cega obediência às imposições, chantagens e constrangimentos que a partir de Bruxelas são impostos a Portugal”.

O líder comunista deixou bem claro que não se espere do PCP que, “face aos muitos problemas estruturais que o País tem, alinhe ao lado daqueles que gostariam de voltar à política da ‘troika'”. “Aos que gostariam de estar hoje a impor um novo corte de 600 milhões de euros nas pensões, a congelar salários, a roubar direitos aos trabalhadores e ao povo português”, concretizou.

O líder do PCP criticou ainda “a convergência que se mantém entre PS, PSD e CDS em matéria de legislação laboral e em opções do domínio económico e financeiro e soberania”, que “mostram a realidade contraditória” em que se movem e em que a luta se desenvolve.

Para o líder comunista, “não há compatibilidade possível entre as necessidades do país e os interesses dos grupos monopolistas que dominam a economia nacional”, avisando que “ignorar esta realidade, fingir que é possível uma política duradoura de recuperação de direitos e rendimentos sem resolver estes problemas estruturais e constrangimentos, sem confrontar os interesses do grande capital, é puro engano”.

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CDS vai propor redução de IRC de 21% para 19%

  • Lusa
  • 3 Setembro 2017

Depois de no sábado a CIP ter avançado que iria propor ao Governo uma redução do IRC de 21% para 19%, o CDS anuncia que irá propor essa alteração no Parlamento na discussão do OE2018.

A presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, afirmou este domingo, em Ponte de Lima, que o partido apresentará uma proposta para a “diminuição progressiva do IRC” de 21% para 19%, como forma de atrair investimento e criar emprego.

“Aquilo em que continuaremos a trabalhar é para baixar progressivamente o IRC [Imposto sobre o Rendimento Coletivo] e, já neste Orçamento do Estado, à semelhança do que temos feito, o CDS, através do seu grupo parlamentar, apresentará a proposta para diminuir a taxa de 21% para 19%“, afirmou, durante o comício de apresentação dos candidatos ao concelho de Ponte de Lima (distrito de Viana do Castelo) nas autárquicas de 1 de outubro.

Dessa medida, disse, “depende a criação de investimento, emprego, boas condições de trabalho que geram riqueza e que geram o desenvolvimento do país”. Apontando a Câmara de Ponte de Lima (CDS) como “inspiradora de uma boa gestão autárquica”, a presidente do partido declarou que o Governo “precisa de dar o exemplo e dizer a todos que, em Portugal, vale a pena trabalhar, vale a pena os portugueses arriscarem o seu dinheiro em projetos empresariais, vale a pena os que estão fora olharem para o nosso país e também aqui querem investir”.

Assunção Cristas acusou o PS de ter “quebrado” um acordo “do passado recente” que previa a redução progressiva do IRC. “Recordo-me de que, no passado, foi feito um acordo, um consenso com o PS para se diminuir progressivamente o IRC, porque era preciso para atrair investimento, criar emprego e para criar riqueza no nosso país; porque sem riqueza criada de forma sustentável é difícil socorrer todas as situações e distribuir essa mesma riqueza. Pois os socialistas, com António Costa, na primeira oportunidade quebraram este acordo”, afirmou.

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Costa: Universidade de Verão do PSD “parecia escola de maledicência”

António Costa criticou o discurso deste domingo de Passos Coelho. "O PSD nada aprendeu e só quer repetir aquilo em que já falhou", disse o primeiro-ministro em Coimbra.

António Costa atacou este domingo o PSD por continuar a insistir numa fórmula que, segundo o primeiro-ministro, “já falhou”. Num discurso em Coimbra, em declarações transmitidas pela SIC Notícias, Costa criticou ainda a Universidade de Verão do PSD comparando-a a uma “escola de maledicência”.

O PSD nada aprendeu e só quer repetir aquilo em que já falhou. Não podemos repetir aquilo que já falhou. Ainda hoje a ouvir o líder da oposição a falar no encerramento daquela Universidade de Verão que mais parecia uma escola de maledicência que ocupou a semana, a verdade é que nos verificámos que a receita é sempre a mesma”, afirmou o primeiro-ministro.

Para António Costa, o objetivo dos social-democratas é “evitar os aumentos salariais e diabolizá-los como se fosse um Estado salarial”. O líder do Governo argumenta que o PSD não percebeu que “foi graças” à reposição dos salários, as pensões e as prestações sociais que se devolveu “confiança à sociedade portuguesa e que é com base nessa confiança que os investidores estão hoje a investir”. Costa vai mais longe: “Tivemos o maior investimento privado dos últimos 18 anos em Portugal”.

O primeiro-ministro respondeu também às críticas feitas à política fiscal deste Governo. “O que verdadeiramente o [Passos Coelho] preocupa é o 1% que tem os rendimentos mais elevados. Ainda bem que estamos cá nós com os 99% que não têm os rendimentos mais elevados”, ripostou. Costa afirmou que o PSD queria “aumentar os impostos sobre o trabalho”.

“Há sobretudo algo que temos de garantir: que não voltamos para trás e que conseguimos consolidar e dar força a esta mudança”, afirmou António Costa, assinalando que é preciso apostar no Orçamento do Estado para 2018 e no Portugal 2020. O Executivo quer “valorizar os recursos do país com base no conhecimento e com base na inovação”.

“Temos hoje melhor consolidação orçamental e mais crescimento tendo feito a inversão das políticas da direita e virando a página da austeridade”, argumentou. Para o líder do PS “o que os números mostram é que a realidade desmente os preconceitos ideológicos de quem olhou com desconfiança para esta solução política”.

(Atualizado às 18h19)

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Passos Coelho ‘de Verão’ em 5 pontos

Foram mais de 40 minutos a falar para os jovens da Universidade de Verão. Entre os escalões do IRS, a Autoeuropa ou a defesa de Cavaco, Passos Coelho assinalou o que separa o PSD do atual Governo.

O presidente do Partido Social Democrata (PSD), Pedro Passos Coelho, durante a sua intervenção na sessão de encerramento da 15.ª Universidade de Verão do PSD. Castelo de Vide, 2 de setembro de 2017. NUNO VEIGA/LUSANUNO VEIGA/LUSA

No discurso de encerramento da Universidade de Verão do PSD, Passos Coelho fez questão de garantir que o país que o PSD quer é diferente do país que o PS quer. Num longo discurso, o líder do maior partido da oposição deixou as autárquicas de lado e atacou a política fiscal da geringonça, o caso da Autoeuropa, as críticas a Cavaco e o pedido de consenso sobre obras públicas.

O Orçamento, os impostos indiretos e o IRS

A política fiscal ocupou uma parte considerável do discurso de Passos Coelho. Numa altura em que se discutem as alterações aos escalões do IRS, o líder do PSD já tinha pedido estabilidade fiscal, sugerindo ao Governo que fizesse o alívio alterando as taxas e não o número de escalões. Mas a crítica ao PS este domingo continuou, desvalorizando o alívio fiscal de 200 milhões de euros: “O nosso [alívio fiscal] era péssimo e este, que vai pela metade, é ótimo? Não haverá ninguém que se escandalize com esta falta de pudor?”

A falta de pudor levou o líder social-democrata a também deixar críticas à opção do Governo de tributar mais os impostos indiretos, aliviando os impostos diretos. . Para Pedro Passos Coelho essa opção cria mais injustiça social: “A austeridade teve de continuar por outros caminhos”, disse, referindo que as mudanças nos impostos indiretos “não se sentem tanto”. “É mais justo? Não, é mais injusto. Nos impostos diretos paga quem tem na proporção da sua capacidade. Pagam mais os que têm mais, pagam menos os que têm menos. Nos impostos indiretos pagam todos da mesma maneira“, argumentou o social-democrata.

Passos Coelho acusa o atual Governo de não seguir este “princípio de justiça social”. “[Este Executivo] preferiu transferir carga [fiscal] direta para carga indireta para que as pessoas ficassem com a ilusão de que estavam a pagar menos para o Estado e a beneficiar mais do que o Estado lhes dava”, criticou. Passos foi mais longe: “É habilidoso? É. É justo? Não é. Porque é que o Governo escondeu? Porque não podia assumir a consequência da injustiça que estava a fazer”.

O Governo PS vs o Governo PSD

Passos Coelho garantiu que as prioridades do PSD são de “médio e longo prazo”, pelo que deixa “a espuma dos dias para a geringonça”. “Vivemos bem na oposição. Não temos nenhum problema com isso. E bem no Governo. Não nos sentimos esmagados com a responsabilidade”, disse, num discurso recheado de críticas ao atual Executivo socialista.

Uma dessas críticas passa pelo aproveitar do atual momento político e económico. “O atual Governo tem condições muito particulares que deviam propiciar uma ação reformista a pensar no futuro“, argumentou, referindo que seria essa a sua política caso governasse. Em causa está o acesso aos mercados da dívida, o preço do petróleo, a cooperação do Presidente da República, uma “enorme tolerância em parceiros da sociedade civil” e até uma estabilidade interna. Passos chegou mesmo a dizer que “a geringonça funciona”.

Na demarcação das diferenças com António Costa, Pedro Passos Coelho seguiu a linha de Paulo Rangel para criticar o Executivo por ter dado prioridade “à recuperação salarial em detrimento da necessidade de manter o mínimo de qualidade dos serviços públicos”. O líder do PSD diz que os socialistas gastaram menos em várias áreas do que o Governo anterior.

O líder do PSD avisou que o BCE não irá ajudar Portugal indefinidamente e que tem de ser o próprio país a mudar a sua realidade. “O PSD quer para Portugal um país que possa viver com menos solavancos. Passamos por solavancos externos muito difíceis nos últimos 40 anos: tivemos de recorrer três vezes a ajuda externa. Não há nenhum país na Europa que o tenha feito, somos o único”, disse.

Para que isso não volte a acontecer, o ex-primeiro-ministro diz que é preciso baixar o nível de endividamento, ser disciplinado, conseguir gerar dinâmica económica que atraía investidores. “Sem os investidores não temos os meios que são necessários nem para pagar o que devemos nem para investir no futuro. É uma observação estrutural que não muda de um momento para o outro”, argumentou.

A defesa de Cavaco e Rangel

O líder do PSD aproveitou a oportunidade para defender o discurso que o ex-Presidente da República fez também nesta edição da Universidade de Verão. Cavaco Silva tinha não só atacado a geringonça e os seus parceiros, mas também Marcelo Rebelo de Sousa e os jornalistas. “O dr. Cavaco Silva não tem direito a exprimir a sua opinião?”, questionou Passos Coelho, classificando de “intolerantes e incompreensíveis nos tempos em que vivemos” as reações ao discurso de Cavaco.

O ex-primeiro-ministro fez questão de sublinhar que Cavaco Silva esteve dez anos na Presidência e outros dez anos enquanto primeiro-ministro. Por isso, voltou a questionar a plateia: “Como é que é possível que alguém possa indignar-se por um ex-Presidente da República (…) quando este resolveu, dentro do seu exercício cívico, analisar a situação portuguesa e europeia e a sua visão crítica da política?”

“Não podem tomar o que disse pelo valor do que disse e contraditá-lo se acharem que o que disse não merece a sua concordância?”, desafiou Passos Coelho, referindo-se à opinião de António Costa que disse que Cavaco tinha “saudades do palco”. O líder do PSD rejeita a lógica de que “Cavaco Silva tem de ser logo o ressabiado, aquele que precisa de palco” apenas porque expressou a sua opinião, criticou quem “desqualifica” a pessoa em vez de trocar argumentos.

O líder da oposição saiu ainda em defesa de Paulo Rangel, que também discursou na Universidade de Verão do PSD. “É muito mais fácil chamar mentiroso a alguém, do que desmontar a mentira, em particular quando ela corresponde à verdade”, comentou, criticando as reações do Partido Socialista.

Os pactos e as obras públicas

A falta de vontade de fazer um acordo de obras públicas com António Costa já tinha sido exposta, mas Passos Coelho meteu um ponto de final ao apelo feito pelo primeiro-ministro. “Dizer que depende do principal partido da oposição para aquilo que é secundário e em tudo o que é relevante – reforma do Estado, da Segurança Social, educação, saúde, justiça -, tudo isto que é indispensável para termos um país com menos desigualdades, maior justiça social, isso não é relevante”, argumentou Passos Coelho.

O líder do PSD relembrou que no passado houve demasiadas obras públicas que depois não deram retorno. Para o futuro isso também se aplica: segundo Passos Coelho, as obras públicas não vão fazer o país crescer mais, seja através das exportações ou do investimento. “Um consenso sobre as obras públicas para o futuro? Então o Governo adiou o consenso que existia sobre todas as obras públicas relevantes que podiam e deviam ter sido financiadas no quadro do Portugal 2020”, criticou.

Passos Coelho considera que o Governo tem “as prioridades mal definidas”, rejeitando o apelo para consensos de dois terços. “Estão a falar de quê? Quais são as grandes obras públicas que são necessárias?”, questionou. Em alternativa, o líder do PSD apontou uma área onde é preciso investir mais no enquadramento europeu. “Vamos precisar de gastar mais em Defesa. Vão gastar mais? Isso não se discute na geringonça”, afirmou.

A Autoeuropa

Pedro Passos Coelho responsabilizou a atual solução governativa pelos problemas que se registam na Autoeuropa. Há uma “partidarização do conflito laboral”, classifica, assinalando que “o PCP e o Bloco de Esquerda disputam a influência sindical e o PS faz como senão fosse nada com ele, como se não tivesse promovido esta cultura”.

Na quinta-feira a ex-ministra das Finanças tinha criticado o atual Governo por permitir à CGPT instalar-se “onde até hoje não tinha conseguido entrar”. A social-democrata diz que este é o preço que Portugal tem de pagar para que os Orçamentos tenham o voto a favor do BE e do PCP. “O conflito na Autoeuropa é mais um reflexo da geringonça e do preço que António Costa impõe ao país para ser primeiro-ministro sem ter sido eleito”, acrescentou.

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Administrador do Pestana vai liderar Sport TV

  • ECO
  • 3 Setembro 2017

Nuno Ferreira Pires, até ao momento administrador no grupo hoteleiro Pestana, vai ser o próximo presidente executivo da Sport TV.

A Sport TV vai mudar a sua liderança: Nuno Ferreira Pires é o nome que sucede a Bessa Tavares. A notícia foi avançada este domingo pelo Jornal de Negócios e confirmada pelo ECO. O ainda administrador do grupo Pestana irá abandonar funções esta segunda-feira. O novo presidente executivo da estação de televisão inicia funções no dia 11 de setembro.

O novo CEO irá dar um contributo essencial ao crescimento da empresa, na medida em que detém uma experiência profissional muito relevante na gestão de grandes marcas“, disse a empresa em comunicado.

Nuno Ferreira Pires era o responsável pela área de marketing e vendas do grupo Pestana. Segundo o mesmo jornal, o novo CEO da Sport TV já tinha passado pela área do media. Foi responsável da área de venda de publicidade da MTV entre 2003 e 2004. Além do grupo Pestana, Ferreira Pires trabalhou na Dyrup, Heineken e Sumol+Compal.

A Sport TV surgiu em 1998 como o primeiro canal inteiramente dedicado ao desporto, incluindo atualmente seis canais nacionais, disponíveis em alta definição (HD), entre eles a Sport TV+, que não necessita de subscrição na televisão paga, e mais dois canais internacionais. É detida em quatro partes iguais de 25% pela MEO, NOS, Vodafone e a Olivedesportos.

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João Galamba: Passos Coelho “decidiu ser piegas”

  • Lusa
  • 3 Setembro 2017

O deputado socialista reagiu ao discurso de encerramento de Pedro Passos Coelho na Universidade de Verão do PSD. Galamba diz que há liberdade para dizer, mas também para criticar.

O porta-voz do Partido Socialista considerou, em declarações à Lusa, que o discurso deste domingo de Pedro Passos Coelho mostra que o líder social-democrata “decidiu ser piegas” e não percebe que há liberdade para falar, mas também para criticar. “Passos decidiu ser piegas porque não compreende a liberdade; existe para falar e o antigo Presidente da República e Paulo Rangel têm toda a liberdade para falar, mas também há liberdade para criticar, a liberdade é dos dois lados”, disse o deputado João Galamba.

Na reação ao discurso do líder social-democrata no encerramento da Universidade de Verão do PSD, Galamba elencou a resposta em mais dois pontos: o discurso sobre cortes no orçamento público e sobre a recusa em negociar consensos sobre o quadro comunitário de apoio entre 2021 e 2027. “Parece que Passos Coelho não gosta e preferia que os seus convidados na Universidade de Verão pudessem falar e opinar livremente sem haver a liberdade para criticar aquilo que dizem”, disse Galamba.

Sobre o tema dos cortes nos serviços públicos, o porta-voz do PS comentou: “Passos parece baralhado quanto à ideia de cortes, porque o único Governo que fez cortes nos serviços públicos foi o do PSD/CDS e o que este Governo está a fazer é recuperar dos cortes efetuados”.

Já quanto à rejeição de um acordo alargado para a utilização dos fundos comunitários no futuro, Galamba disse que a recusa do PSD mostra que Passos Coelho, “além de piegas, parece estar amuado, porque não lida bem com o facto de estar na oposição e parece não querer participar em consensos que são necessários para o futuro”.

O deputado acrescentou ser expectável que o período entre 2021 e 2027 “envolva vários Governos”, pelo que “era desejável que houvesse um consenso tão alargado quanto possível, mas Passos Coelho pôs-se fora do consenso sem que se percebam os argumentos”.

No fundo, continuou, “pode ser a maneira de conceder que vai ser o PS a governar até 2027, portanto exclui-se de qualquer debate, qualquer diálogo e qualquer discussão sobre um horizonte de fundos europeus que é determinante para o país, para a competitividade, coesão e desenvolvimento nacional”.

Para o PS, só há duas interpretações para o discurso de Passos Coelho: “Ou entende que estes investimentos são desnecessários, ou então entende que o PS irá provavelmente governar até 2027, mas isso tem de ser o PSD a explicar”. Questionado sobre a razão de propor um acordo para o próximo quadro comunitário de apoio a partir de 2021, e não sobre áreas como a saúde, educação, justiça ou serviços públicos, Galamba respondeu que o problema é que já se sabe o que o PSD pensa sobre essas áreas.

“Nos serviços públicos propôs o encerramento de serviços e o desmantelamento e cortes em todos esses serviços, na segurança social propôs a privatização, na educação propôs que a escola privada tivesse o mesmo tratamento que a escola pública e na saúde propôs que os privados tivessem o mesmo tratamento que o Serviço Nacional de Saúde”, exemplificou o deputado. Assim, salientou, “dificilmente se poderá chegar a qualquer acordo nessa área; as posições são conhecidas e aparentemente incompatíveis entre si“.

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