Pedro Nuno Santos: Divulgar OE antes das eleições “seria muito pior para o PSD”

O secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares garantiu este sábado que o Governo irá apresentar o Orçamento do Estado para 2018 até ao dia 13 de outubro, sem antecipações.

Pedro Nuno Santos afirmou este sábado, em declarações à margem da Festa do Avante, que antecipar a apresentação do Orçamento do Estado para 2018 “seria muito pior” para o PSD. Foi desta forma que o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares respondeu à sugestão de Pedro Passos Coelho para que o Governo antecipasse a apresentação do OE2018 para antes de 1 de outubro, dia de eleições autárquicas.

Em declarações transmitidas pelas televisões, o socialista criticou a sugestão dada pelo líder do PSD: “Posso-vos garantir que se o Orçamento fosse apresentado antes — se pudesse ser — seria muito pior para o PSD”. “Já sabemos há muito tempo que temos eleições a dia 1 de outubro e que temos de entregar o Orçamento até ao dia 13 de outubro“, afirmou, garantindo que o Orçamento vai ser entregue “na data em que é suposto”.

Esta sexta-feira, Pedro Passos Coelho acusou o Governo de dar as boas notícias antes das eleições, deixando para depois as más. “O Governo devia fazer uma de duas opções. Ou apresenta o Orçamento antes das eleições autárquicas para os portugueses saberem todos com que é que vão contar quando vão fazer as suas escolhas, ou entende manter o calendário normal, e está no seu direito, ou então devia ser um bocadinho mais contido na forma como utiliza a discussão orçamental para favorecer as candidaturas autárquicas dos partidos que suportam o Governo”, sugeriu.

Confrontado com as declarações do ex-primeiro-ministro, Pedro Nuno Santos garantiu que não existem más notícias no Orçamento para o próximo ano. “O que ele [Passos Coelho] nunca entendeu é que nós quando aumentamos pensões não estamos a dar nada aos pensionistas. Estamos a respeitar quem trabalhou uma vida inteira e merece ter uma reforma com dignidade e decência. Não é eleitoralismo, é respeito“, garante o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares.

Para o socialista, a acusação de eleitoralismo feita por Passos Coelho é “um elogio” dado que “isso quer dizer que as medidas que estão a ser trabalhadas são boas para o país”. “Nós no Governo anterior só estávamos a falar de um aumento de impostos, de cortes nos rendimentos, nas pensões, nos salários. Nós agora estamos noutro momento da vida dos portugueses e de Portugal. Nós estamos a discutir quando é que vamos avançar”, disse.

Pedro Nuno Santos aproveitou ainda para criticar o líder do PSD por pedir “estabilidade fiscal”: “Essa é uma preocupação que nós também temos, mas há uma maior ainda: a justiça fiscal“.

“Nunca nos ouviram dizer que vivemos num país cor-de-rosa”

Apesar do atual momento positivo na maior parte dos indicadores económicos, o Executivo admite que ainda persistem problemas e, por isso, percebe as reivindicações dos partidos à esquerda. “Nós [Governo] também achamos que é preciso fazer muito mais”, garante Pedro Nuno Santos.

Mesmo com a economia como está a crescer, o emprego que estamos a criar, o momento das exportações e do investimento, nunca nos ouviram dizer que vivemos hoje num país cor-de-rosa. Vivemos num país com muitos problemas, com elevados níveis de pobreza e desigualdade. Há muito trabalho a fazer. Mas, ao contrário do que acontecia no passado, olhamos para a frente com esperança”, argumenta o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, referindo que esse “é talvez o segredo do sucesso desta maioria”.

“Houve alguém que dizia que no essencial os partidos que compõem esta maioria não se entendem. O que não deixa de ser extraordinário porque verdadeiramente essencial é aquilo que nós temos feito em matéria de reposição dos cortes, aumento do salário mínimo, reposição das pensões”, argumenta Pedro Nuno Santos.

Questionado sobre a melhoria da perspetiva pela Moody’s, o governante referiu que “não havia como ficar dececionado” com a decisão da agência porque antes de haver uma subida no rating tem de haver uma melhoria na perspetiva. “Verdadeiramente importante é a confiança que a maioria tem no povo português. Esse é o melhor certificado (…) Já agora se pudermos também ter a confiança dos investidores estrangeiros, melhor. E nós temos”, argumenta o secretário de Estado, assinalando que “é natural” que o passo seguinte seja a subida do rating.

(Atualizado às 17h38)

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Vestager: Apple “deve pagar os seus impostos”

A comissária europeia responsável pela concorrência afirmou este sábado que a Apple deve pagar 13 mil milhões em impostos. Margrethe Vestager falou ainda da Google e da Monsanto.

A comissária europeia para a concorrência quer que a Apple pague os impostos que deixou por pagar à Irlanda entre 2003 e 2014 por causa de um acordo com o Governo. Há um ano, a Comissão Europeia ordenou que Dublin recuperasse 13 mil milhões de euros de impostos não cobrados à gigante tecnológica. Em entrevista à Bloomberg, Margrethe Vestager fala ainda sobre a Google, a aquisição da Monsanto pela Bayer e das empresas estatais estrangeiras.

“[A Apple] deve pagar os seus impostos”, defende a comissária europeia. Em causa está a decisão de 30 de agosto de 2016 onde a Comissão Europeia pede à Irlanda para cobrar 13 mil milhões de euros em impostos à Apple. Contudo, tanto o Governo irlandês como a Apple recusaram a decisão e recorreram para os tribunais europeus. Vestager mantém a sua posição de que os benefícios fiscais eram ilegais.

Outra das tecnológicas na mira da concorrência europeia é a Google. Na mesma entrevista, a comissária afirmou que a Google tem de dizer à Comissão Europeia sobre quais são os seus planos para resolver o problema levantado pelas instituições europeias. Vestager garante que há provas de que a empresa é “dominante” no mercado. Se a Google não der o mesmo tratamento a todos, a Comissão promete continuar a sua luta.

No final de junho deste ano a gigante norte-americana foi multada em 2,4 mil milhões de euros por ter abusado da sua posição dominante no mercado de motores de busca, de acordo com as regras de concorrência da UE. As autoridades consideram que a gigante tecnológica enviesou os resultados das pesquisas a seu favor. Esta foi uma multa recorde.

Neste momento existe outra investigação em curso envolvendo empresas de grande dimensão. É o caso da aquisição da alemã Bayer, que quer comprara a Monsanto. O negócio está avaliado em 66 mil milhões de dólares, mas para acontecer tem primeiro de ter a luz verde da concorrência europeia. Sobre o assunto, Vestager disse ser de uma “importância crucial” haver melhores pesticidas.

Quanto a novas regras, a comissária europeia anunciou que no outono serão publicadas as regras para a aquisição de empresas europeias por parte de empresas estatais de países estrangeiros.

(Atualizado às 16h32)

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Robôs usam eletricidade estática para produzir ténis Nike

  • Bloomberg
  • 2 Setembro 2017

Estes robôs são capazes de trabalhar a um ritmo 20 vezes superior ao dos trabalhadores humanos e estão a revolucionar a maneira como a Nike produz uma parte específica do seu calçado.

A parte que mais exige mão-de-obra na fabricação de um par de ténis da Nike é montar a parte flexível do calçado que fica sobre o pé. Em muitos ténis, essa parte superior parece um único pedaço de material sem costura visível, mas na verdade esta pode ser feita de até 40 peças armadas de uma determinada forma e depois aquecidas para se fundirem.

Apesar de os robôs executarem boa parte do processo de fabricação de calçado, esta tarefa específica ainda estava fora do radar das suas capacidades. Até agora, os humanos continuavam no comando.

Contudo, os robôs estão a chegar lá. Há quatro anos, a Nike investiu numa startup chamada Grabit, com sede em Sunnyvale, Califórnia, que usa eletroadesão — o tipo de eletricidade estática que faz com que cabelo se levante quando se esfrega um balão — para ajudar as máquinas a manipularem objetos de novas formas. Mais recentemente, a Nike tornou-se uma das primeiras clientes da startup.

No último mês, a Grabit começou a fornecer às instalações que produzem calçados Nike algumas máquinas de montagem da parte superior do ténis capazes de trabalhar a um ritmo 20 vezes superior ao dos trabalhadores humanos. Até ao fim do ano, cerca de uma dúzia destas máquinas estará a operar na China e no México.

Este pode ser um avanço para a Nike na sua tentativa de mudar os custos de fabrico de calçado para poder realocar o processo de manufatura para mais perto dos grandes mercados consumidores dos EUA e da Europa.

Praticamente todas as empresas que fabricam objetos físicos estão interessadas em automação. Os braços robóticos realizam boa parte do trabalho nas fábricas de automóveis há anos e a Amazon patrocina um concurso anual para estimular académicos a tornarem os robôs suficientemente inteligentes para pegarem objetos que nunca viram. No caso da Grabit, a parceria com a Nike mostra que esse trabalho está a chamar a atenção das empresas de vestuário mais conhecidas do mundo.

Cerca de um milhão de pessoas produzem calçados Nike em 591 fábricas em todo o mundo, segundo a empresa, e essa produção inclina-se fortemente em direção aos mercados de trabalho baratos da Ásia. A Nike mantém um projeto de inovação para fabricação avançada no Oregon, EUA, e em 2015 anunciou uma parceria com a Flex, uma de suas parceiras de fabricação, para desenvolvimento de novas tecnologias.

Segundo o diretor de operações da Nike, Eric Sprunk, numa declaração por e-mail, a Grabit “encaixa-se estrategicamente ao impulso da Nike para acelerar a fabricação avançada”. Grandes concorrentes da Nike como Adidas e Under Armour estão a fazer esforços próprios de fabricação avançada com objetivos semelhantes em mente.

Até o momento os robôs são caros demais para justificar um desempenho regular na fabricação de vestuário, diz Dan Kara, diretor de investigação de robótica, automação e sistemas inteligentes da ABI Research. Mas a tecnologia e os incentivos financeiros estão a mudar de tal forma que apontam para uma grande mudança no equilíbrio entre o trabalho de humanos e máquinas. “Este é um mercado enorme, inexplorado, e as fábricas estão sob pressão para trabalharem de maneira mais eficiente”, disse.

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Os altos e baixos de Portugal, segundo a Moody’s

A agência de rating 'mais maldisposta' melhorou a perspetiva do rating de Portugal de "estável" para "positiva" esta sexta-feira. O ECO resume os recados e os elogios deixados pela Moody's.

O rating da República continua a ser classificado como “lixo”, mas a perspetiva está a melhorar: primeiro a Fitch, agora a Moody’s. Estas decisões das agências de rating sugerem que Portugal pode, em breve, ver a sua notação financeira ser melhorada para o nível de investimento.

Para que isso aconteça, o PIB e o défice têm de continuar na mesma trajetória — dois reconhecimentos assinalados por Mário Centeno –, mas há outro fator: “O peso muito elevado de dívida” tem de se encaminhar para uma “firme tendência de descida”. Contudo, também há avisos e cautelas até porque a dívida nacional continua com um rating de “Ba1”, ainda dentro da categoria de “junk” (lixo).

Qual a razão para melhorar a perspetiva?

A Moody’s altera a perspetiva referindo três critérios:

  1. A melhoria da resiliência do crescimento económico em Portugal, dado a recuperação do investimento;
  2. A melhoria no défice português suporta a expectativa da Moody’s de que a consolidação orçamental vai continuar;
  3. A melhoria na estrutura da dívida portuguesa e as “consideráveis” almofadas financeiras reduzem os riscos no refinanciamento do país.

A agência recorre à subida do PIB no primeiro semestre de 2017 para fundamentar a sua decisão, esperando um crescimento anual do Produto Interno Bruto de 2,5% este ano, o que ficara acima da média da Zona Euro. “O mais importante para a avaliação da Moody’s é que os contributos para o crescimento têm-se alargado nos trimestres mais recentes para incluir o investimento, assim como o consumo privado”, assinala o comunicado. A agência destaca ainda a recuperação do setor da construção e a aceleração das exportações, incluindo o turismo.

O que pode levar a uma subida do rating?

As tendências do défice, da dívida e do PIB têm de ser sustentáveis, sintetiza a agência. Ou seja, a descida do défice e da dívida e a subida do PIB têm de ser constantes nos próximos tempos para que a Moody’s fique convencida de que o rating de Portugal deve sair do caixote do lixo.

A agência de notação financeira quer que o país registe, de forma consistente, excedentes, que a economia continue a acelerar e que se prossiga com a recapitalização dos bancos mais vulneráveis. “O outlook positivo sinaliza que a Moody’s pode vir a melhorar o rating, ou não, durante os próximos 12-18 meses, e possivelmente nos primeiros 12 meses”, lê-se no comunicado desta sexta-feira.

Em entrevista ao ECO, no final de julho, a presidente do IGCP, Cristina Casalinho, confessou que a melhoria do rating “nunca” seria “em menos de 12 meses”. “A Moody’s, por exemplo, é uma agência que acompanha muito proximamente o acesso ao mercado — se as taxas de juro têm um bom comportamento ou não, como é que a liquidez está a evoluir — e também aí os sinais são bastante positivos”, comentou Casalinho na mesma entrevista.

O que pode levar a uma descida do rating?

A melhoria da perspetiva de “estável” para “positiva” indica que é improvável que o rating desça nos próximos 12 a 18 meses. Ainda assim, a Moody’s indica que, se o Governo der menos sinais de que está comprometido em fazer descer o défice e a dívida, os alarmes tocam.

Além disso, caso os juros subam e a economia desacelere, o Executivo terá de ir mais além na restrição orçamental para que os seus objetivos não fiquem aquém. Atrasos na recapitalização dos bancos e o aumento dos riscos do refinanciamento da República seriam dois fatores negativos, aponta a Moody’s.

Os pontos baixos

O principal problema continua a ser o montante da dívida pública em percentagem ao PIB. Ainda esta sexta-feira o Banco de Portugal revelou que a dívida nacional aumentou mais 100 milhões de euros em julho, aproximando-se dos 250 mil milhões de euros. Em percentagem, a dívida situou-se nos 132,4% no primeiro semestre de 2017. O Plano de Estabilidade e Crescimento tem como meta que a dívida fique nos 127,9% do PIB no final de 2017, abaixo dos 130,4% registados no ano passado.

Fonte: Banco de Portugal

A estimativa da Moody’s é que a dívida baixe para 120% até 2021, uma descida que “limita a disponibilidade de folga orçamental para absorver o impacto de futuros choques” económicos, principalmente externos. E a preocupação da agência não é só com a dívida pública, mas também com o endividamento da economia. “Continuam a existir níveis elevados de dívida no setor privado, principalmente entre as empresas não-financeiras”, aponta o comunicado.

A completar o cenário negativo está a falta de capacidade dos bancos portugueses, “o que é um constrangimento para as perspetivas de crescimento de Portugal a longo prazo”. A Moody’s assinala que os elevados níveis de crédito malparado impedem que os bancos financiem as “oportunidades de investimentos produtivos”. Por fim, a posição de investimento internacional negativa de Portugal “representa uma vulnerabilidade”.

Apesar de reconhecer o desempenho positivo da economia, a Moody’s não deixa de assinalar que o desemprego de longa-duração e o desemprego jovem “continuam a ser preocupações”.

Os pontos altos

A Moody’s escreve que o crescimento da economia portuguesa trouxe mais “resiliência a choques”. Para o futuro, a agência de notação financeira aconselha Portugal a “melhorar as dinâmicas de investimento”, direcionando-o para oportunidades produtivas, o que poderia aumentar o “crescimento potencial” — a Moody’s estima que este indicador esteja neste momento nos 1,5%. A agência compara o cenário atual de investimento com o primeiro semestre de 2016, quando a incerteza pesava nas decisões das empresas.

Do investimento para o mercado de trabalho, a agência de notação financeira refere que “a força da recuperação económica é suportada por desenvolvimentos positivos no mercado de trabalho”. A Moody’s aponta para a descida da taxa do desemprego e a criação de emprego, dois indicadores que já comparam com valores pré-crise.

Ao mesmo tempo que o PIB sobe, o défice desce: a agência dá nota positiva aos cortes nos investimentos e no controlo “apertado” da despesa, assinalando a saída do PDE e a descida de 0,3 pontos percentuais do saldo estrutural. “A Moody’s estima que o défice orçamental vá continuar inferior a 3% do PIB nos próximos anos”, lê-se no comunicado. Quanto ao saldo primário, a agência é mais “conservadora” na previsão: 2,3% face aos 2,9% estimados pelo Governo.

O último elogio vai para a gestão da dívida aplicada pelo IGCP. Segundo a Moody’s, “as políticas ativas de gestão da dívida têm ajudado a aumentar a resiliência da estrutura da dívida portuguesa perante os desenvolvimentos dos mercados“. A agência assinala o aumento do prazo médio da dívida, o nivelamento dos pagamentos por ano e a diminuição do custo da dívida com as operações de refinanciamento e os reembolsos antecipados ao FMI.

“Ainda assim, a Moody’s espera que os juros das obrigações do Estado português permaneçam sensíveis às mudanças no sentimento dos investidores, em comparação com as dívidas soberanas dos países europeus periféricos”, previne. É esta a previsão que mais pesa na avaliação da Moody’s sobre o risco de liquidez de Portugal.

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BE desvaloriza rating. CDS diz que deveria ser melhor

  • Lusa
  • 2 Setembro 2017

Catarina Martins desvalorizou a decisão da Moody's, referindo que o mais importante são as condições de vida dos cidadãos. Cristas diz que rating seria melhor se a dívida pública descesse.

A presidente do CDS-PP alertou este sábado que, apesar de a agência de notação financeira Moody´s ter anunciado uma melhoria da perspetiva sobre a dívida pública portuguesa, passando de estável a positiva, ainda não houve uma subida de ‘rating’.

“Tudo o que sejam notícias que permitam estar melhor nessa área, é positivo, mas noto que ainda não subimos de rating”, disse Assunção Cristas, em Lisboa, em declarações dos jornalistas à margem de uma ação de pré campanha para as autárquicas.

Assunção Cristas considerou que três anos depois de a ‘troika’ ter saído de Portugal, a dívida pública deveria estar mais baixa do que está. “Ontem saíram dados do Banco de Portugal que mostram que a dívida pública bateu um novo histórico e sentimos que há muito para fazer nesta área e o Governo não mostra estratégia clara, duradoura e sustentável no que se refere à diminuição da vida pública”, disse Assunção Cristas.

A presidente do CDS-PP acrescentou que Portugal está com uma conjuntura favorável acompanhando assim o movimento da economia externa da Europa e devia agora aproveitar para resolver problemas estruturais como a dívida pública. “Três anos depois de a ´troika´ sair se tivéssemos uma dívida pública a baixar hoje estaríamos melhor do que estamos. Temos de batalhar e exigir ao Governo que resolva este problema e que não ignore uma questão estrutural relevante”, frisou Assunção Cristas.

Economia do país é medida mais pelas condições de vida do que por agências de ‘rating’

A coordenadora do BE, Catarina Martins, considerou este sábado que as condições de vida das populações são o que “mede verdadeiramente” a situação económica do país, apesar das “boas notícias” avançadas na sexta-feira pela agência de notação financeira Moody’s.

“As agências de ‘rating’ vêm reconhecer uma melhoria da economia e tudo aquilo que possa aliviar a pressão sobre a dívida pública portuguesa são boas notícias”, disse a líder do Bloco, à margem de uma ação de pré-campanha no Mercado de Benfica, em Lisboa. No entanto, Catarina Martins realçou que “as agências de ‘rating’ já avaliaram vezes demais, mal demais e fizeram sempre chantagem”.

“Portanto, o que mede verdadeiramente as melhorias na economia portuguesa, muito mais do que agências de ‘rating’, que erram muito mais vezes do que acertam, é seguramente as condições concretas da vida das populações”, considerou. Entre estas condições, destacou a recuperação de salários e de pensões e a recuperação dos serviços públicos, como a saúde e a educação. “É por aí que se mede a recuperação da economia”, sublinhou.

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CIP pede IRC nos 19%. Estado deve mil milhões às empresas

  • ECO
  • 2 Setembro 2017

Os patrões querem que o IRC baixe dos atuais 21% para os 19%. O presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), António Saraiva, vai fazer essa proposta ao Governo para o OE2018.

António Saraiva quer que as empresas paguem menos imposto e que o Estado pague as suas dívidas aos empresários. Segundo o presidente da confederação patronal, entrevistado este sábado pelo Expresso, a dívida estará já nos mil milhões de euros. Se essas duas propostas fossem incluídas no Orçamento do Estado para 2018, muitos dos problemas das empresas ficariam resolvidos, garante.

“De todas as medidas destacaria a previsibilidade fiscal”, afirma o presidente da CIP, referindo que Portugal não pode continuar a ter, “ano após ano, um quadro fiscal diferente”. “Isto é ruinoso para o investimento, seja nacional seja estrangeiro“, classifica. Mas há uma mudança fiscal que quer: uma melhoria da carga fiscal para as empresas através da redução do IRC dos 21% para os 19%.

Quanto à dívida, António Saraiva diz que esta “aumentou significativamente”, nos últimos oito a nove meses, “sobretudo no setor da saúde”. “Bastava que o Estado pagasse o que deve à economia e muitos dos problemas estariam resolvidos”, defende.

Isto porque, segundo o presidente da CIP, “o atraso nos prazos contratualizados gerou muitos problemas de tesouraria, levando ao incumprimento por parte de muitas empresas”.

Ainda assim, os patrões dizem estar surpreendidos “pela positiva” com a evolução da economia. “Os indicadores macroeconómicos são espetaculares“, classifica, referindo que “o que nos deve preocupar é a sustentabilidade desse crescimento”.

Na análise de António Saraiva o crescimento tem “gozado de um conjunto de fatores externos muito favoráveis”. “Temos de atuar sobretudo nos fatores internos, no aumento do investimento e na continuação do aumento das exportações”, assinalou.

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Banco de Portugal reage ao BCP. Venda do Novo Banco continua

O Banco de Portugal reagiu este sábado de manhã ao processo do BCP para travar a garantia de 3,9 mil milhões de euros dada pelo Fundo de Resolução no âmbito da venda do Novo Banco ao Lone Star.

O Banco de Portugal assinala este sábado que tomou conhecimento da comunicação do BCP, mas garante que a venda do Novo Banco ao Lone Star continua no calendário acordado.

“Tendo tomado conhecimento da comunicação do BCP, o Banco de Portugal sublinha que não há qualquer alteração no procedimento de venda do Novo Banco, nomeadamente no acordo assinado com o Lone Star e no calendário acordado. O processo de venda do Novo Banco decorrerá dentro dos prazos previstos uma vez que, tal como decorre da informação do BCP, a ação junto do tribunal administrativo não tem como objetivo suspender ou travar este processo de venda“, afirma o Banco de Portugal em comunicado.

Ou seja, a instituição liderada por Carlos Costa garante que o processo de venda do Novo Banco prossegue sem alterações. O Banco de Portugal assinala que a venda decorrerá no calendário acordado uma vez que o BCP não pretende travar a venda, mas sim a garantia dada pelo Fundo de Resolução de 3,9 mil milhões de euros.

A notícia foi avançada em primeira mão pelo ECO esta sexta-feira. Esta é uma posição de força do banco que já tinha demonstrado publicamente o seu desagrado pelo envolvimento do Fundo, que integra o universo do Estado, mas é financiado pelos bancos do sistema. Nuno Amado entende que esta garantia deve ser prestada por outra entidade do Estado diretamente e não pelo Fundo de Resolução.

Em comunicado à CMVM, o BCP confirmou a notícia e explicou que “após ter transmitido reservas relativamente à obrigação de capitalização contingente pelo Fundo de Resolução que foi anunciado estar incluída em acordo de venda do Novo Banco, decidiu, perante o termo do prazo legal e por cautela, solicitar a apreciação jurídica respetiva em ação administrativa.”

Esta diligência, segundo a instituição liderada por Nuno Amado, “não visa nem comporta a produção de quaisquer efeitos suspensivos da venda do Novo Banco e, consequentemente, dela não resulta legalmente nenhum impedimento à sua concretização nos prazos previstos, centrando-se exclusivamente naquela obrigação de capitalização.”

Em causa está a garantia de 3,9 mil milhões de euros concedida pelo Fundo de Resolução na venda do Novo Banco aos americanos do Lone Star. Este mecanismo — designado de capital contingente — prevê que, caso os norte-americanos vendam os ativos mais problemáticos do Novo Banco abaixo do valor a que estejam contabilizados no balanço, e se essa venda provocar uma erosão no valor dos capitais, o Fundo de Resolução possa cobrir a diferença, até um limite de 3,9 mil milhões de euros.

(Atualizado às 11h16)

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Governo vai isentar de IRS rendimentos até 630 euros mensais

  • ECO
  • 2 Setembro 2017

A isenção do IRS vai passar dos atuais 8.500 para um número perto de 8.900 euros anuais. Assim, os contribuintes com rendimentos até 630 euros mensais não vão pagar imposto.

A decisão está fechada, ainda que o desenho final não esteja concluído. A isenção de pagar IRS vai ser alargado a mais famílias com rendimentos inferiores, avança o Expresso este sábado. A solução já está acordada entre o Governo e os parceiros parlamentares, segundo uma fonte governamental. Contudo, BE e PCP avisam que esta medida não pode ser aceite como “moeda de troca” para um “alívio significativo” do IRS nos escalões mais baixos.

A notícia tinha sido avançada esta semana: o Executivo e os partidos à esquerda estavam a negociar uma subida do mínimo de isenção do IRS. Em cima da mesa de negociação estava a possibilidade de o valor do chamado “mínimo de existência” ser calculado em função do Indexante de Apoios Sociais (IAS). Esta é uma forma de aliviar mais alguns contribuintes com rendimentos mais baixos.

Apesar de haver acordo na geringonça, fonte do Bloco do Esquerda refere ao semanário que esta medida “não responde à classe média”. “Não tem o peso orçamental de um desdobramento de escalões como o que o Bloco exige“, assinala, acrescentando que o partido não aceitaria a medida se fosse apresentada como uma “moeda de troca”. O objetivo do BE é reverter a reforma do IRS aplicada por Vítor Gaspar em 2012.

Fonte dos bloquistas explicou ao Expresso que “o importante é que se estabeleça um montante global para que o alívio seja sentido pelas pessoas”. “Depois esse alívio pode ser conseguido com várias medidas, alterando os escalões, taxas, deduções”, exemplifica.

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Nobel da Economia Paul Krugman antecipa dificuldades para Donald Trump em “apagar” NAFTA

  • Lusa
  • 2 Setembro 2017

Na perspetiva de Krugman, o obstáculo da atual renegociação do NAFTA prende-se com todos os problemas que afetam a relação bilateral entre os Estados Unidos e o México.

O Nobel da Economia Paul Krugman afirmou, na sexta-feira, que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, vai ter dificuldades em “apagar” o Tratado de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA), com Canadá e México.

“Não é possível que o Presidente dos Estados Unidos apague o NAFTA mesmo que queira”, sustentou Paul Krugman, prémio Nobel da Economia de 2008, no discurso principal do “Fórum de Discussão com Especialistas 2017: NAFTA e o Crescimento Económico do México”, que decorreu na cidade de Monterrey.

Diante de audiência composta por estudantes, académicos, membros do Governo e representantes da indústria automóvel, Paul Krugman defendeu que, independentemente “do poder” que o Presidente dos Estados Unidos tem, os acordos comerciais dependem do Congresso e no caso do NAFTA está em jogo uma grande quantidade de empregos e exportações de empresas norte-americanas.

Não é possível que o Presidente dos Estados Unidos apague o NAFTA mesmo que queira.

Paul Krugman

Nobel da Economia

O economista qualificou ainda de simplista a visão de Trump relativamente ao NAFTA de que o défice comercial é mau e as exportações são boas, argumentos que o Presidente dos Estados Unidos utilizou para sustentar que se trata “do pior tratado na história dos Estados Unidos”.

Krugman afirmou que os assessores de Trump estão a aperceber-se de que não vai ser tão fácil como se pensava alterar o NAFTA, atendendo à quantidade de empresas que têm destacado que os setores aos quais pertencem e os empregos dependem da relação comercial com o vizinho México.

O académico da Universidade de Princeton (Nova Jersey, EUA) afirmou que, num determinado momento, quando havia otimismo relativamente ao crescimento da economia mexicana, o NAFTA foi “vendido” como um instrumento para os Estados Unidos aumentarem as suas exportações e postos de trabalho.

Contudo, realçou, “nada disso aconteceu”: “Isso caiu tudo por terra com a chegada da crise de finais de 1994 e 1995 que provocou o colapso dos mercados emergentes”. Na perspetiva de Krugman, o obstáculo da atual renegociação do NAFTA prende-se com todos os problemas que afetam a relação bilateral entre os Estados Unidos e o México, entre os quais a questão em torno da imigração ilegal e o narcotráfico.

Donald Trump advertiu, há duas semanas, que “provavelmente vai acabar” com o Tratado de Livre Comércio da América do Norte, com o México e o Canadá, cujas negociações começaram no mês passado. “Tenho de ser honesto (…) pessoalmente não creio que podemos alcançar um acordo porque se aproveitaram de nós e de uma forma muito má. Eles fizeram grandes negócios: os dois países, especialmente o México. Não creio que possamos alcançar um acordo”, disse, num comício em Phoenix, no Arizona. “Creio que provavelmente terminaremos com o tratado”, sublinhou então o Presidente dos Estados Unidos.

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Harvey: Trump pede 6,6 mil milhões ao Congresso

  • Lusa
  • 2 Setembro 2017

O vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, informou na quinta-feira que aproximadamente 311 mil afetados tinham solicitado ajuda financeira ao Governo.

A administração norte-americana pediu esta sexta-feira ao Congresso a aprovação de um pacote de 7.850 milhões de dólares (6.617 milhões de euros) para os afetados pela tempestade Harvey, que provocou inundações sem precedentes na história dos EUA. O pedido, endereçado por carta ao presidente da Câmara dos Representantes, Paul Ryan, foi feito pelo diretor do Orçamento da Casa Branca, Mick Mulvaney.

Mick Mulvaney pediu 7.400 milhões de dólares (6.238 milhões de euros) para um fundo da Agência Federal de Gestão de Emergências (FEMA, na sigla em inglês) e outros 450 milhões de dólares (379,3 milhões de euros) para financiar empréstimos para a Administração de Pequenas Empresas (SBA, na sigla em inglês).

Em comunicado, Mulvaney afirmou que o pedido submetido ao Congresso constitui “um pagamento inicial do compromisso do Presidente de ajudar os estados afetados a recuperarem dos efeitos da tempestade”, antecipando a apresentação de novos pedidos no futuro. O governador do Texas, Greg Abbott, indicou que só aquele estado do sul dos Estados Unidos vai precisar de cerca de 125.000 milhões de dólares (105.379 milhões de euros) para se recompor após a passagem do Harvey.

O Harvey – que chegou como furacão de categoria 4 numa escala de 5 no passado fim de semana, convertendo-se dias depois numa tempestade tropical, e finalmente, esta quarta-feira, numa depressão – provocou direta ou indiretamente 46 mortos, de acordo com o mais recente balanço oficial.

O Harvey foi o furação mais forte a chegar os Estados Unidos desde 2005, ano em que o Katrina atingiu Nova Orleães, fazendo 1.800 mortos. As inundações provocadas pelo Harvey no Texas, as maiores na história dos Estados Unidos, que causaram milhares de desalojados, deixaram um enorme rasto de destruição na costa daquele estado.

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PSD defende “estabilidade fiscal” nos escalões de IRS

  • Lusa
  • 2 Setembro 2017

O líder do PSD defendeu que o Governo devia "privilegiar a estabilidade fiscal" e acusou o executivo de António Costa de estar a fazer a discussão orçamental de uma forma "que não é séria".

Pedro Passos Coelho desafiou o primeiro-ministro a fazer uma escolha e apresentar o Orçamento do Estado para 2018 (OE2018) antes das eleições autárquicas de 1 de outubro ou ser um “bocadinho mais contido” no que revela sobre aquele documento.

No sábado, na ‘rentrée’ socialista, o primeiro-ministro, António Costa, assegurou que o OE2018 continuará a aumentar o rendimento das famílias e, por isso, serão introduzidos mais escalões no IRS, “para que quem ganhe menos, pague menos”.

“O Governo devia privilegiar a estabilidade fiscal, o que significa não andar a mexer nos escalões. Se andarmos a mexer todos os anos nos escalões isso não dá estabilidade, as pessoas têm uma noção menos fácil de qual é a tributação que podem vir a ser sujeitas. Se o Governo tem alguma folga para baixar os impostos, deve fazê-lo nos escalões que existem”, defendeu o ex-primeiro-ministro.

Também a propósito do que tem vindo a ser revelado sobre o que pode vir a estar contemplado no OE2018, Pedro Passos Coelho voltou a criticar a “insistência que o Governo faz na abordagem orçamental”, considerando que “está a conflituar” com a proximidade das eleições autárquicas.

“Isto de dar as notícias que se entendem como sendo boas até às eleições autárquicas, guardando as que podem ser menos boas ou desfavoráveis para depois, não é uma forma séria de fazer a discussão orçamental”, acusou. Por isso, o líder social-democrata apontou duas possibilidades a António Costa.

“O Governo devia fazer uma de duas opções. Ou apresenta o Orçamento antes das eleições autárquicas para os portugueses saberem todos com que é que vão contar quando vão fazer as suas escolhas, ou entende manter o calendário normal, e está no seu direito, ou então devia ser um bocadinho mais contido na forma como utiliza a discussão orçamental para favorecer as candidaturas autárquicas dos partidos que suportam o Governo”, apontou.

Isto de dar as noticias que se entendem como sendo boas até as eleições autárquicas guardando as que podem ser menos boas ou desfavoráveis para depois, não é uma forma séria de fazer a discussão orçamental“, enumerou.

PSD alerta que “guerras sindicais” podem “desbaratar” conquistas da Autoeuropa

O líder do PSD alertou na sexta-feira à noite para que “guerras sindicais” e “razões de pequena política” podem “vir a desbaratar” as conquistas da Autoeuropa e pôr em causa o “peso nas exportações” que a multinacional representa.

“Eu não gostaria de que, por razões de pequena política, esse resultado [a conquista pela Autoeuropa da produção de um novo modelo automóvel], que foi um resultado tão importante para a economia portuguesa, para os portugueses, pudesse vir a ser desbaratado por guerras sindicais que têm outro objetivo”, afirmou Pedro Passos Coelho, em Vila Real, na sexta-feira à noite, à margem da apresentação das listas autárquicas naquele concelho.

O ex-primeiro-ministro salientou ainda que a primeira greve na história daquela multinacional ocorreu quando a “geringonça” está no poder, o que é um “indicador” das prioridades dos partidos que a sustentam.

“Hoje, creio que dentro da própria maioria já se ouvem acusações mútuas, nomeadamente entre o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista Português, sobre a instrumentalização que está em curso e que pretende, de certa maneira, dar à CGTP uma porta de entrada mais significativa naquela empresa e na relação de forças com o Governo“, salientou Pedro Passos Coelho.

Para o presidente dos sociais-democratas, “o que devia estar ali em causa era a possibilidade de mais trabalhadores poderem ser contratados, mais emprego e, portanto, crescer com aquilo que foi a ampliação com o novo modelo”, decidido ainda no tempo em que o PSD era governo, coligado com o CDS-PP, mas, referiu, “isso manifestamente está a passar para um segundo plano”.

Aquela inversão, alertou, tem consequências: “É negativo porque nós precisámos cada vez de maior capacidade exportadora, maior capacidade de gerar emprego e emprego sustentável”, explicou.

Passos Coelho referiu que “para o ano Portugal deveria beneficiar muito em termos de exportações, de peso nas exportações, da produção deste novo veiculo na Autoeuropa e era muito importante que Portugal mantivesse do lado destes investidores um perfil muito competitivo, em que as divergências, a existir, entre a Comissão de Trabalhadores e a administração da empresa pudessem ser superadas como foram em todos estes anos”.

Alias, salientou, “esta foi, portanto, a primeira greve em mais de 25 anos” de presença da Autoeuropa em Portugal. “A primeira greve com a ‘geringonça’. Ela não aconteceu antes, o que deve dar um indicador de como para os partidos que a compõem aspetos como os que eu referi estão num segundo plano e outros têm tido uma proeminência maior, tanto mais que se chegou à greve”, concluiu.

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BCP confirma processo em tribunal e contesta garantia ao Novo Banco

O BCP confirmou, em comunicado enviado à CMVM a notícia avançada pelo ECO de que avançou para tribunal contra a decisão de o Fundo de Resolução dar uma garantia aos novos donos do Novo Banco.

Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o BCP revela que avançou para tribunal contra a decisão de o Fundo de Resolução dar uma garantia aos novos donos do Novo Banco, uma notícia avançada esta sexta-feira em primeira mão pelo ECO.

No comunicado enviado ao regulador, o banco explica que “após ter transmitido reservas relativamente à obrigação de capitalização contingente pelo Fundo de Resolução que foi anunciado estar incluída em acordo de venda do Novo Banco, decidiu, perante o termo do prazo legal e por cautela, solicitar a apreciação jurídica respetiva em ação administrativa.”

Esta diligência, segundo a instituição liderada por Nuno Amado, “não visa nem comporta a produção de quaisquer efeitos suspensivos da venda do Novo Banco e, consequentemente, dela não resulta legalmente nenhum impedimento à sua concretização nos prazos previstos, centrando-se exclusivamente naquela obrigação de capitalização.”

De acordo com várias fontes contactadas pelo ECO, a decisão foi aprovada esta semana em conselho de administração do BCP e foi formalizada esta sexta-feira.

No comunicado, o banco não especifica contra quem é o processo, mas o ECO sabe que terá sido contra o Banco de Portugal, na qualidade de autoridade de resolução. Mas até agora ainda não foi possível confirmar oficialmente esta informação.

Em causa está a garantia de 3,9 mil milhões de euros concedida pelo Fundo de Resolução na venda do Novo Banco aos americanos do Lone Star. Este mecanismo — designado de capital contingente — prevê que, caso os norte-americanos vendam os ativos mais problemáticos do Novo Banco abaixo do valor a que estejam contabilizados no balanço, e se essa venda provocar uma erosão no valor dos capitais, o Fundo de Resolução possa cobrir a diferença, até um limite de 3,9 mil milhões de euros.

Como o Fundo de Resolução é financiado através de contribuições (regulares e extraordinárias) do setor, os bancos temem o impacto que essa garantia dada ao negócio da venda do Novo Banco possa ter nas suas próprias contas.

A notícia caiu como uma bomba nos meios financeiros e políticos e o ECO sabe que o próprio primeiro-ministro António Costa foi surpreendido com a decisão e já terá mesmo feito saber ao presidente do BCP o seu desagrado por esta iniciativa legal.

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