Comércio internacional: As viagens de Marcelo, Costa e Caldeira Cabral

As exportações têm puxado pela economia portuguesa nos últimos anos. Mas existem pressões protecionistas a prejudicar o comércio internacional. Quais têm sido as apostas do país nas visitas oficiais.

Fotomontagem de Raquel Sá MartinsFotomontagem: Raquel Sá Martins

Em 2015 a economia portuguesa cresceu 1,6%. Em 2016, no total do ano, o PIB desacelerou ligeiramente crescendo 1,4%. No entanto, o quarto trimestre surpreendeu com a economia a acelerar novamente. Nos últimos anos o Produto Interno Bruto tem sido impulsionado pelas exportações com o saldo comercial a dar um contributo positivo. 2017 recebeu por arrastamento a aceleração do final do ano passado, mas terá desafios: mercados como o angolano já não são o que eram e a ligação ao Reino Unido e Estados Unidos — dois parceiros comerciais fulcrais — pode vir a deteriorar-se.

Esta sexta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa discute com os seus conselheiros de Estado a situação do comércio internacional. O Conselho de Estado contará com um convidado especial relacionado com o tema: o brasileiro Roberto Azevêdo, recentemente reconduzido como diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), fará parte da discussão.

Numa altura em que a pressões protecionistas se acumulam em várias áreas do globo, têm sido várias as visitas oficiais ou de Estado que têm como objetivo desbravar terreno para consolidar as trocas comerciais. Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa e o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, acumulam já várias milhas nos seus passaportes. O ECO selecionou as principais viagens e os seus objetivos para perceber quais são as apostas dos atuais responsáveis políticos para Portugal.

1 – Índia

De todas as visitas, esta foi a mais badalada. O protagonista? António Costa, o primeiro chefe de um Governo ocidental com origem indiana. A Índia recebeu de forma pomposa o primeiro-ministro português de tal forma que havia cartazes espalhados pelo país, como se tratasse de um artista de música ou uma estrela de cinema. Entre as várias iniciativas, Costa e o secretário de Estado da Indústria, João Vasconcelos, participaram num evento sobre startups. Em Goa, o primeiro-ministro encontrou-se com empresários de Bollywood para captar investimentos na área do cinema.

Apesar de o crescimento económico na Índia estar a abrandar, mesmo assim esta é uma economia emergente a crescer a mais de 7% ao ano. É até superior ao da China. Em 2015, Portugal exportou apenas cerca de 80 milhões de euros para a Índia. Os indianos foram o 46º cliente de Portugal e o seu 17º fornecedor. Já Lisboa era o 58º cliente de Nova Deli e o seu 106º como fornecedor. Além disso, as receitas provenientes de turistas indianos em Portugal na hotelaria ascenderam a 10,1 milhões de euros em 2015, uma subida de 97,8% face ao ano anterior. Isto resulta num saldo negativo da balança comercial de 350,3 milhões de euros para Lisboa.

Na Índia já operam empresas portuguesas como a Efacec, a Brisa ou a Visabeira. A ideia da visita foi reforçar as áreas do ambiente (saneamento, recolha de lixo e abastecimento de água), da defesa (a Índia é um dos principais compradores mundiais de armamento), ciência, turismo e de startups. O primeiro-ministro Modi, antes da visita, tinha destacado os vários setores onde as empresas portuguesas têm experiência útil, conhecimento e competências: áreas como a das “infraestruturas — especialmente na área das estradas, portos e vias navegáveis interiores –, a defesa, a energia (eólica, solar e hidroelétrica), as TIC e as startups, gestão de águas e resíduos, agricultura e processamento de produtos agrícolas, cooperação marítima, cinema, turismo e hospitalidade”.

As startups indianas marcaram forte presença na Web Summit, em novembro do ano passado. Na visita à Índia, o primeiro-ministro anunciou que o Governo português vai adotar um programa de facilitação de vistos destinado a jovens indianos, abrangendo universitários empreendedores em ‘startups’. Depois de assinado um memorando de entendimento entre a Start-up Portugal e a Start-up Índia, o primeiro-ministro deixou um apelo para que os jovens indianos tirem partido desta medida de facilitação de vistos. Além disso, o Governo irá avançar com a desburocratização administrativa para facilitar as relações entre os dois países no âmbito do Simplex+.

Em julho do ano passado, o ministro da Economia já tinha ido à Índia. Também nessa visita foi anunciado que a Índia escolheria Portugal como base europeia de negócios, não só pela ligação à União Europeia, mas também pela proximidade com os mercados africanos.

2 – China

Logo a seguir à Índia, a China é das economias que mais cresce atualmente: para 2017 a meta é de 6,5%. O país esteve em destaque no encontro de Davos deste ano com uma participação recorde. Xi Jinping foi o primeiro Presidente chinês a participar no Fórum Mundial, o que demonstra uma maior abertura perante o comércio internacional. Outro sinal foi o anúncio de que a China ia reduzir, rapidamente, em 2017, as restrições ao acesso de investidores estrangeiros. O investimento chinês em Portugal — até agosto de 2016 — excedeu os 6,6 mil milhões de euros, em setores que vão desde a energia, eletricidade, comunicação, aviação civil, bancos, seguradoras, cuidados de saúde, proporcionando oportunidades de emprego a mais de 21 mil pessoas.

Em fevereiro, Portugal passou a estar mais ligado à China: os produtos vindos de países de língua portuguesa vão ter direito a condições especiais de entrada no território chinês. A isenção de impostos alfandegários, acesso a uma linha de financiamento, uma estrutura logística que considera transporte, armazenamento, centros de exposição e distribuição, campanhas de marketing e organização de ações promocionais são algumas das medidas que integram a criação da zona livre de comércio para produtos dos países de língua portuguesa, apresentada em Tianjin, na China.

Ainda no final do ano passado, o Expresso noticiou que o Governo estava a preparar a criação de um fundo para atrair investimento estrangeiro por parte de países como a China, a Coreia do Sul ou os países do Golfo Pérsico para Portugal. Na visita que António Costa fez em outubro à China, o primeiro-ministro trouxe vários avanços na bagagem: uma parceria entre a NOS e a Huawei, uma ligação direta aérea entre Portugal e a China em junho deste ano, um memorando de entendimento com foco no empreendedorismo entre Portugal e Macau, um acordo para promover a vinda de empresas chinesas para a Zona Industrial e Logística de Sines e, finalmente, um interesse particular das autoridades chinesas na Base das Lajes, depois do desinvestimento feito pelos Estados Unidos.

Muito recentemente, o Ministério da Economia regressou à China para fazer um ‘pitch’ aos empresários chineses. O objetivo de Caldeira Cabral, presente no Boao Forum (o Davos asiático), era vender a imagem de que os portos portugueses são uma porta aberta para o mercado único da União Europeia. Ao contrário do que acontece noutros mercados, os chineses estão neste momento abertos a uma maior globalização, rejeitando o protecionismo que emerge em alguns países. “Não podemos ignorar que metade do crescimento no mundo está a acontecer na Ásia. A China, e também a Índia, são parceiros chave para o desenvolvimento mundial”, disse Caldeira Cabral, esta semana, em declarações à CGTN.

3 – Davos (Suíça)

No final de janeiro, a pequena cidade de Davos, na Suíça, voltou a ser invadida pelos mais importantes nomes políticos e económicos do mundo. Entre eles estiveram vários portugueses: António Guterres enquanto secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Horta Osório enquanto presidente executivo do Lloyds, António Costa enquanto primeiro-ministro, Manuel Caldeira Cabral enquanto ministro das Economia e João Vasconcelos enquanto secretário de Estado da Indústria. O evento serviu, tal como no passado, para projetar a imagem de Portugal no mundo como uma economia em recuperação.

Um desses casos foi o encontro entre o chefe do Governo português e a líder do Fundo Monetário Internacional. Christine Lagarde terá elogiado não só a consolidação orçamental mas também “a criação de emprego, o crescimento económico e a estabilização do sistema financeiro”. Depois do encontro, Costa revelou que a “primeira mensagem foi de congratulações” por Portugal ter tido “um resultado surpreendente para aquilo que eram as previsões iniciais do FMI”. Os encontros alargaram-se ao comissário europeu Carlos Moedas, ao presidente do Banco Europeu de Investimento e do mayor de Londres, Sadiq Kahn. Além dos políticos presentes, também os principais empresários portugueses estiveram no encontro, ao lado de investidores internacionais e potenciais clientes.

O ministro da Economia não aproveitou o encontro para convencer os executivos da Tesla a instalarem uma sede em Portugal, mas deixou uma garantia: a dívida portuguesa vai baixar. Manuel Caldeira Cabral teve na agenda várias reuniões previstas com empresários e empresas. Mas também reuniu com outros ministros da Economia de vários países, como é o caso do Canadá, Argentina e Arábia Saudita. “Este ano vamos a Davos com uma mensagem mais positiva, de um país que está a sair de um problema de défice excessivo, uma mensagem do país que teve no terceiro trimestre do último ano o melhor crescimento da União Europeia, uma mensagem do país que também está a desenvolver políticas de atração de investimento, políticas de apoio ao empreendedorismo e às startups”, revelou Caldeira Cabral antes da visita.

4 – Brasil

Em novembro do ano passado, Caldeira Cabral foi a São Paulo, onde assinou um memorando de cooperação para o desenvolvimento e internacionalização de startups com a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), o maior sindicato patronal do Brasil. Em declarações à Lusa, nessa altura, o ministro das Economia referiu que “num futuro próximo, poderemos ter empresas portuguesas desenvolvendo negócios interessantes no Brasil ou sendo apoiadas financeiramente pelas incubadoras que atuam aqui“. Caldeira Cabral prometeu ainda apoiar um evento de startups brasileiro, a Acelera, e trazer mais empresas inovadoras brasileiras à Web Summit nos próximos anos.

Em setembro, foi a vez de secretário de Estado da Indústria, João Vasconcelos, ir a Belo Horizonte assinar um contrato entre o CEiiA (Centro de Engenharia e Inovação) e o Estado de Minas Gerais, cujo objetivo é a implementação do projeto mais avançado do Brasil na área dos veículos elétricos.

O Brasil é também um dos vários países onde Portugal está à “caça” de mais turistas. A Estratégia Turismo 2027 classifica o mercado brasileiro como um mercado com potencial de crescimento. Os turistas brasileiros têm uma despesa média elevada e baixa sazonalidade. O país esteve até presente na 29º edição da Bolsa de Turismo de Lisboa.

Em setembro, António Costa também esteve no Brasil, mas a visita foi mais focada no setor cultural, nomeadamente no Museu da Língua Portuguesa, e também nos Jogos Paralímpicos. Um depois de Marcelo Rebelo de Sousa ter estado em Terras de Vera Cruz, o primeiro-ministro foi ao Brasil para lançar uma iniciativa de captação de investimento empresarial. “Portugal e o Brasil não se podem conformar com a relação económica que têm”, afirmou na altura à Lusa, referindo que “tem havido uma melhoria nos últimos 20 anos, mas ainda há muito para avançar”.

Já no verão, em julho, os dois países tinham celebrado o resultado de uma parceria a nível militar com a construção da aeronave KC-390, que vai ser usada no combate dos fogos florestais.

5 – Reino Unido

A meio de novembro do ano passado, cerca de cinco meses depois de o britânicos decidirem sair da União Europeia, o Presidente da República visitou o Reino Unido. Marcelo Rebelo de Sousa encontrou-se com a Rainha Isabel II, Theresa May, empresários e banqueiros. A comitiva do Presidente foi acompanhada por uma comitiva do Governo liderada pelo ministro das Finanças, Mário Centeno. As preocupações na bagagem estavam relacionadas com o Brexit, nomeadamente as trocas comerciais, mas principalmente sobre a situação dos portugueses que vivem no país.

As autoridades portuguesas estão a confiar no passado histórico entre os dois países, mas tudo vai depender da forma como decorrerem as negociações entre o Reino Unido e a União Europeia. Na comitiva estava a secretária de Estado dos Assuntos Europeus, mas também o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro. Ambos tiveram um encontro com Alan Duncan, o secretário de Estado britânico responsável pelos assuntos europeus mas também com os presidentes da comissão dos assuntos europeus da câmara dos lordes e da câmara dos comuns. A preocupação esteve centrada na situação da comunidade portuguesa no Reino Unido.

Pelos encontros que teve e pelo discurso de May, Margarida Marques interpretou, em declarações ao ECO em janeiro, a ambição britânica: “Não pretende o mercado interno, mas pretende um acordo comercial de livre circulação de bens, serviços e capitais com a UE. Por outro lado, propõe um outro acordo que tem a ver com a mobilidade das pessoas”. É que o Reino Unido acolhe mais de 200 mil emigrantes portugueses e o futuro destes cidadãos continua a ser incerto. A questão coloca-se ainda para as empresas que lá estão e para as exportações portuguesas, que têm sido um dos motores da economia: o Reino Unido é o quarto maior cliente e sexto fornecedor de comércio internacional de bens para Portugal.

O Presidente da República afirmou, nessa altura, que “o mundo muda, a Europa muda, mas as nossas relações bilaterais não mudam”. “Eu e o Governo português estamos profundamente empenhados nesta ambição nacional de captar investimento estrangeiro direto essencial para manter crescimento, empregos e desenvolvimento social e económico”, concluiu Marcelo Rebelo de Sousa, mantendo a aposta na “ancestralidade” das relações entre os dois países. Tudo vai depender da resposta à seguinte questão: o Reino Unido vai ou não manter o acesso ao mercado único europeu? Se as outras visitas tinham como objetivo a expansão, no caso dos britânicos Portugal tentou e tentará manter a relação benéfica para o saldo comercial.

A alegria de Moçambique e os problemas diplomáticos em Angola

Em ano e meio de Governo e um ano de Marcelo já foram muitas as milhas acumuladas. Além da Índia, China, Davos, Brasil e Reino Unido, as autoridades portuguesas já mantiveram contactos com outros Estados. Uma das visitas mais badaladas, apesar do seu teor económico ter sido menor, foi a do Presidente da República a Moçambique. A visita, em maio do ano passado, foi marcada por imagens de alegria, mas a situação política interna era de tensão. Com a crise financeira moçambicana em mente, Marcelo quer que haja investimento português em força para ajudar o país. Este é um mercado com 25 milhões de pessoas que, apesar de terem pouco poder de compra, está em desenvolvimento e pode ser aproveitado pelas empresas portuguesas, como é o caso da fábrica da Sumol+Compal.

Mais uma visita emblemática de Marcelo foi o encontro com Fidel Castro, em Cuba. Em outubro do ano passado, o Presidente da República, acompanhado por uma comitiva parlamentar, foi em visita de Estado a Havana e concluiu que este é “um momento único” para estreitar as relações económicas entre os dois Estados: “Há um clima favorável, há um diálogo reforçado, há uma empatia”, disse na altura. Este é mais um exemplo que se junta a muitas outras visitas: António Costa já foi a Cabo Verde, Alemanha, Grécia, Suécia e Marrocos, e Caldeira Cabral tem um passaporte recheado com visitas à Colômbia, Itália, Luxemburgo, Estados Unidos e Macau.

Um dos problemas das exportações portuguesas no último ano chama-se Angola. Mas o problema alargou-se ao âmbito diplomático, político e empresarial quando o Ministério Público constituiu arguido o vice-presidente angolano, Manuel Vicente. Em causa ficou logo de imediato a visita da ministra da Justiça ao país — que foi adiada –, mas também uma futura visita de António Costa. No final de fevereiro, o Jornal de Angola insistiu nas críticas a Portugal acusando o país de fazer uma “campanha orquestrada para denegrir a imagem de Angola”. O Estado português reiterou a disponibilidade do primeiro-ministro para fazer uma visita a Angola. A meio deste mês, a operadora de televisão por satélite angolana Zap, da empresária Isabel dos Santos, interrompeu a difusão dos canais SIC Internacional e SIC Notícias nos mercados de Angola e Moçambique.

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Entregar declaração ao TC? É uma remoção de uma liberdade pessoal

O presidente da Euronext fez parte da equipa de António Domingues à frente à da CGD. Saiu, mas não entregou a declaração ao Tribunal Constitucional. Nem vai entregar.

Paulo Rodrigues da Silva saiu da Caixa Geral de Depósitos (CGD) para a liderança da Euronext Lisboa. Fez parte da equipa de António Domingues, mas foi um dos que não entregou a declaração ao Tribunal Constitucional (TC). Nem vai entregar. Diz que é uma “remoção da liberdade pessoal”.

“Aceitei ser administrador da CGD no entendimento de não ser gestor público”, diz. Com isso não havia nem ” limitação salário, nem a obrigatoriedade de entrega declaração de rendimentos e património”, mas “isso mudou”, disse num encontro com jornalistas na Euronext Lisboa.

No momento em que as condições foram alteradas, diz, sem perceber o porquê, “eu e os meus colegas decidimos sair”. Saiu toda a equipa sendo substituída pela administração agora liderada por Paulo Macedo.

"Aceitei ser administrador da CGD no entendimento de não ser gestor público.”

Paulo Rodrigues da Silva

Presidente da Euronext Lisboa

Seis dos antigos administradores, entre os quais está António Domingues, entraram a declaração ao TC, mas Paulo Rodrigues da Silva não. “A transparência é boa, mas eu entreguei internamente ao Ministério das Finanças. Entregamos todos”. Só não o fez no TC.

“No TC, a declaração fica disponível para todas as pessoas”. E fica na internet para sempre. “Do meu ponto de vista pessoal é uma remoção de garantia de liberdade pessoal”, algo da qual não está disposto a prescindir. “Não estou disposto a fazer isso”, remata.

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Com rumo atual, PIB abranda no médio prazo e problemas estruturais não estão resolvidos

  • Margarida Peixoto
  • 31 Março 2017

"Para memória futura, não acredito em milagres", disse Teodora Cardoso. Com rumo atual, o PIB até pode crescer 1,8% este ano, mas depois vai abrandar. Já o défice, não está estruturalmente resolvido.

Com as medidas de política aplicadas e anunciadas até ao momento, o crescimento da economia até acelera em 2017 — poderá atingir os 1,8% — mas depois vai perdendo ritmo. Já no que toca ao défice, o país está em condições de sair da vigilância reforçada de Bruxelas (excluindo impactos da banca) mas ainda está longe de garantir o necessário ajustamento estrutural. Esta é a projeção do Conselho das Finanças Públicas, apresentada esta sexta-feira, no relatório “Finanças Públicas – Situação e Condicionantes 2017-2021.”

“O PIB tem uma aceleração para 1,7%, que até poderia ser ligeiramente superior, não nos espantaria que fosse 1,8%, e depois tende a abrandar até 2021”, explicou Teodora Cardoso, presidente do Conselho das Finanças Públicas (CFP). Já a nível de finanças públicas, “a principal conclusão deste relatório é que ainda que tudo corra bem a nível do Procedimento por Défices Excessivos, ficamos com um grande espaço ainda para cobrir de ajustamento estrutural a que ficaremos submetidos logo após a saída”, adiantou.

Mas antes de ir aos números, a presidente do CFP começou a apresentação com um aviso: “Este relatório não faz previsões.” Teodora Cardoso fez questão de explicar que este documento parte de um cenário de políticas invariantes — isto é, apenas toma em consideração as medidas já apresentadas, implementadas ou suficientemente especificadas pelo Governo de António Costa — e projeta o que acontecerá.

“Isto é diferente de apresentar previsões”, garantiu, frisando que a quem o cabe fazer é ao Executivo. “O nosso papel não é adivinhar nem propor medidas. É mostrar como estamos e, com estas políticas, o que acontecerá à economia e ao Orçamento. É evidente que outras medidas serão necessárias mas isso não nos compete a nós dizer”, argumentou.

Eu nunca falei em milagres e, para memória futura, não acredito em milagres.

Teodora Cardoso

Presidente do Conselho de Finanças Públicas

O aviso chega depois de fortes críticas do primeiro-ministro, António Costa, que depois de Teodora Cardoso ter considerado que, até certo ponto, a redução conseguida no défice orçamental de 2016 (que ficou em 2,1%), foi um “milagre”, acusou o CFP de um “monumental falhanço”. Questionada sobre a polémica, Teodora Cardoso respondeu: “Eu nunca falei em milagres e, para memória futura, não acredito em milagres.” E frisou que o que fez na entrevista “foi explicar o que se passou.”

Então e qual é o pano de fundo?

Ao longo deste horizonte, o PIB vai crescer com o contributo da procura interna, verificando-se até 2019 um ligeiro contributo negativo das exportações líquidas. Contudo, Teodora Cardoso explicou que estes pequenos contributos negativos são dados pelo aumento do investimento e frisou que, sendo canalizado para atividades produtivas, “isso não será assustador”.

PIB cresce mais em 2017, mas depois abranda

Fonte: CFP – Situação e Condicionantes 2017-2021

Estas projeções são ligeiramente mais pessimistas do que as apresentadas pelo Banco de Portugal, esta quarta-feira, com uma metodologia muito semelhante. Sobre 2017, Teodora Cardoso admitiu que não considerou o impacto da visita do Papa Francisco, agendada para este 13 de maio, ao contrário do que fez o Banco de Portugal. “Considerámos a evolução das exportações e a procura externa, mas é perfeitamente aceitável que esse efeito nas exportações seja mais positivo em 2017. Mas é um efeito pontual”, defendeu a economista.

No que diz respeito ao crescimento do emprego, projeta-se a continuação de um crescimento, embora desacelere, tal como acontece ao PIB, até ao final do horizonte temporal em análise. Por exemplo: este ano projeta-se um crescimento de 1,1% do emprego, enquanto em 2021, num cenário de políticas invariantes, este crescimento abranda para 0,4%.

Há condições para Portugal sair do PDE, mas nesta projeção não está considerada nenhuma influência de possíveis necessidades de intervenção no sistema financeiro. Mas isso poderá ter impacto na possibilidade de sairmos. Seria péssimo se saíssemos do PDE e voltássemos a entrar.

Teodora Cardoso

Presidente do Conselho de Finanças Públicas

Já o saldo estrutural “continua a não cumprir a regra a que ficamos sujeitos caso saiamos do Procedimento por Défice Excessivo”, notou a responsável, somando que a margem de segurança também não está ainda cumprida no que toca ao défice global.

“Há condições para Portugal sair do PDE, mas nesta projeção não está considerada nenhuma influência de possíveis necessidades de intervenção no sistema financeiro. Mas isso poderá ter impacto na possibilidade de sairmos do procedimento por défices excessivos”, ressalvou a responsável. E deixou um aviso: “Seria péssimo se saíssemos do PDE e voltássemos a entrar. Isso já aconteceu no passado e não é favorável. É menos ainda neste caso porque as regras do fiscal compact são ainda mais rigorosas do que as do passado.”

Saldos orçamentais melhoram, mas não o suficiente

Comparando as projeções do défice do CFP com as do Governo, verifica-se que em 2017 o valor fica ligeiramente acima: o ministro das Finanças, Mário Centeno, está comprometido com uma meta de 1,6% para o défice global deste ano. Para os próximos anos o Governo deverá atualizar as suas previsões no Programa de Estabilidade, que será entregue em abril.

Sobre a dívida, o CFP projeta uma redução já este ano e a manutenção da tendência de descida até 2021. Ainda assim, no final deste horizonte de projeção o rácio deverá continuar acima dos 120% do PIB: o CFP projeta 122,8%.

Comparando as projeções atuais com as de setembro de 2016, verifica-se uma melhoria dos números. Teodora Cardoso explicou que a diferença tem sobretudo que ver com o comportamento da economia em 2016. O primeiro semestre foi muito negativo, mas a segunda metade do ano surpreendeu pela positiva. “O nosso ponto de partida em 2016 era mau. Mas depois houve uma viragem, até a nível internacional”, nota, lembrando o Brexit e as eleições norte-americanas, que tinham provocado pessimismo quanto à evolução económica.

Fim de mandatos no CFP é “um problema que se coloca”

Teodora Cardoso comentou ainda a dificuldade que tem sido resolver o fim dos mandatos do vice-presidente do Conselho Superior do CFP, Jürgen von Hagen, e do vogal executivo, Rui Nuno Baleiras. Tal como o ECO contou em janeiro, foram propostos Teresa Ter-Minassian e Luís Vitório para substituir os dois responsáveis. Mas o nome de Luís Vitório levantou dúvidas ao Executivo desde o início e a proposta acabou por ser recusada.

Poderá discordar, mas deverá explicar porquê. Se continuar apenas a discordar [dos nomes propostos] isto destrói completamente os estatutos.

Teodora Cardoso

Presidente do Conselho de Finanças Públicas

“Enquanto não forem substituídos, os atuais membros mantêm-se”, disse Teodora Cardoso. Mas admitiu que “o problema realmente se coloca”. Recordou que “já depois de terem terminado os mandatos, o Governo enviou uma carta aos proponentes [o governador do Banco de Portugal e o Presidente do Tribunal de Contas] dizendo que não aprovava a proposta”. E frisou: “Dizendo apenas isto.”

Ora, para a presidente do CFP isto levanta um problema jurídico porque “de acordo com os estatutos, o Governo é que nomeia mas a sua nomeação é apenas um ato formal”, argumentando que a escolha cabe a Carlos Costa e a Vítor Caldeira. Teodora Cardoso frisou: “poderá discordar, mas deverá explicar porquê. Se continuar apenas a discordar isto destrói completamente os estatutos.”

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Luís Nascimento deixa comité executivo da PT Portugal por “motivos pessoais”

O antigo administrador não-executivo da PT e atual diretor de vendas para o segmento do consumo renunciou ao cargo, sabe o ECO. Ainda não há substituto confirmado.

Há uma baixa no comité executivo da PT Portugal. Luís Nascimento, diretor de vendas para o segmento do consumo, está de saída da empresa, sabe o ECO. Deixa o cargo por “motivos pessoais” com “mútuo acordo” com a companhia, confirmou fonte oficial da PT Portugal. Ainda não está confirmado quem vai substituir Luís Nascimento no cargo de chief sales officer [CSO] de business-to-consumer [B2C], acrescentou a mesma fonte.

Luís Nascimento estava no cargo desde junho de 2015. Entrou na PT em outubro de 2007 como diretor do segmento de consumo e residencial e na área da gestão de relações com os consumidores, onde teve “um papel determinante na definição e implementação da estratégia para os mercados de voz fixa, banda larga, pay TV e serviços convergentes”, indica o website da companhia.

Foi também administrador não executivo do grupo entre fevereiro de 2011 e março de 2014. Passou ainda pela TV Cabo (hoje, Nos) entre 2003 e 2007. Iniciou a carreira em 1998 na Mckinsey & Company. Trabalhou também na Diamond-Cluster como associado e gestor. É formado em Gestão de Empresas pela Universidade Católica Portuguesa e tem um MBA pelo INSEAD, em França, acrescenta o site.

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Venda do Novo Banco: o que já se sabe e o que falta saber

Já se perdeu no meio do processo de venda do Novo Banco? O ECO explica-lhe o que já se sabe e o que falta saber sobre uma operação que deverá estar concluída esta sexta-feira.

Na resolução do BES em 2014, Portugal serviu de cobaia para uma experiência europeia: criou-se o Fundo de Resolução, separaram-se os ativos em banco ‘bom’ e em banco ‘mau’ e o Estado português ficou limitado por prazos para vender o Novo Banco. Quase três anos depois, ainda persistem muitas dúvidas numa altura em que o primeiro-ministro espera que o processo fique concluído esta semana. Além de ser um método inédito no quadro europeu — sendo assim difícil estabelecer comparações –, este é um processo complexo com várias partes interessadas.

Não é apenas entre o Governo e o Lone Star que as negociações ocorrem. Neste complexo esquema de venda entra ainda a Direção Geral da Concorrência Europeia (a Comissão Europeia) — a entidade que supervisiona as ajudas de Estado e a concorrência europeia –, o Banco de Portugal e até o Eurostat, por causa do impacto nas finanças públicas. Até dia 3 de agosto, o prazo final definido pela Comissão Europeia, os ponteiros do relógio estão a contar. Em último caso, se não houver uma solução nessa altura, o banco é liquidado. Agora na reta final importa arrumar as ideias, perceber o que já se sabe e o que é preciso saber sobre o processo de venda do Novo Banco.

Quanto vai pagar o Lone Star?

Tudo indica que o Lone Star vá pagar um “valor simbólico” ao Fundo de Resolução para controlar o Novo Banco. No dia 4 de fevereiro, quando o Banco de Portugal deu o fundo de investimento como favorito, o Lone Star estava disposto a pagar ao Fundo de Resolução até 750 milhões de euros por 100% do Novo Banco – ainda assim longe dos 4,9 mil milhões de capital injetado no momento de criação do banco, dos quais 3,9 mil milhões emprestados pelo Estado. Sem uma contra-garantia do Estado — a linha vermelha traçada pelo ministro das Finançaso cheque deverá ser simbólico.

O fundo de investimento terá, no entanto, o compromisso de, numa primeira fase, injetar 750 milhões de euros de capital no banco e, numa segunda fase, mais 250 milhões de euros. A curto prazo, depois da Lone Star se tornar o principal acionista, o Novo Banco terá assim um reforço de capital de mil milhões de euros. Além disso, o plano de recapitalização do Novo Banco deverá ter como premissa a passagem de obrigacionista a acionistas no valor de 500 milhões de euros.

Como será a estrutura acionista do Novo Banco após a venda?

Mário Centeno garantiu que não ia dar uma garantia de Estado para viabilizar a venda do Novo Banco à Lone Star. Em contrapartida, a partilha de risco com o investidor privado deverá acontecer de outra forma, com uma participação pública de 25% de ações ordinárias, através do Fundo de Resolução. A Direção Geral da Concorrência Europeia não queria, mas terá acabado por ceder. A maior parte do capital será sempre detido pelo Lone Star de forma a que o Novo Banco deixe de ser considerado um “banco de transição”, expressão que resultou da resolução operada no verão de 2014.

O que implicam os 25% de capital?

Do ponto de vista económico, ficar com uma posição de 25% pode implicar custos no futuro, se for necessário um novo aumento de capital. Ainda assim, não está claro se o Fundo de Resolução vai ter de participar em futuras injeções de dinheiro. O acordo fechado a 3 de agosto de 2014 com as autoridades comunitárias impede esta possibilidade, contudo, este acordo está a ser revisitado. Poderão ser encontradas condições em que o Fundo de Resolução possa ter de participar em injeções futuras de capital no banco, conforme confirmou o ECO. O jornal Público adianta ainda que o Fundo poderá mesmo ter de se comprometer a participar, caso os rácios de capital desçam abaixo de um determinado limite.

Seja como for, segundo apurou o ECO, o Lone Star deverá comprometer-se a não distribuir dividendos do Novo Banco durante oito anos. Esta medida serve para criar uma almofada de capital e diminuir o risco de virem a ser necessárias injeções futuras.

Mas existe uma vantagem nos 25%: o Fundo de Resolução continua acionista, com uma posição que poderá ser vendida posteriormente, a qualquer momento, com potencial recuperação do investimento num momento futuro da venda. No acordo que está em cima da mesa, o Fundo de Resolução mantém os direitos económicos de 25% do capital, mesmo que a posição se venha a diluir por ocorrerem aumentos de capital em que o acionista público não participe. Isto é, aliás, o que deverá acontecer já nos aumentos de capital iniciais (os 750 milhões de euros do primeiro momento, e os 250 milhões do segundo). A posição do Fundo de Resolução deverá acabar por ficar diluída para 19,8%, mas este mantém 25% dos direitos económicos.

Fundo vai ter administradores no Novo Banco?

O Fundo de Resolução não deverá ter direitos de participação na gestão. Ou seja, o Novo Banco será gerido completamente pelo Lone Star, sem interferência do seu parceiro público. Não só não terá administradores como não vai ter poder de voto nas decisões do banco “bom”. Esta terá sido uma das condições impostas pela Direção Geral da Concorrência Europeia (DG Comp) para que a venda seja parcial e não total. E é por isso que o acionista público está a ser chamado de “sleeping partner”, ou “silent partner”.

Quem já se sabe que ficará na administração é António Ramalho, o atual presidente executivo do Novo Banco, segundo garantiu o fundo de investimento.

Afinal há garantias ou não?

Inicialmente sabia-se que o Lone Star pedia uma garantia de Estado para efetuar a aquisição do Novo Banco. Mas essa contra-garantia caiu. No entanto, surgiu outra: uma possível garantia do Fundo de Resolução para cobrir o valor dos ativos chamados problemáticos e os não-rentáveis. Mas esta modalidade não só acresce os encargos dos bancos do sistema — que já se uniram contra esta decisão — como pode ter um impacto negativo no défice dado que o Fundo de Resolução está dentro do perímetro das administrações públicas. Contudo, ao que tudo indica, o Eurostat terá aceite que esta garantia dada pelo Fundo apenas pesará nas contas públicas à medida que é acionada.

O ECO sabe que existe um acordo com Bruxelas para permitir a participação e intervenção do Fundo de Resolução na venda de ativos problemáticos (sobre os quais vai dar a garantia), no chamado ‘side bank’. Dado que o Fundo de Resolução poderá ser chamado a cobrir as responsabilidades contingentes relativas a alguns ativos, o Governo quer ter alguma capacidade de intervenção ou controlo sobre esses mesmos ativos.

Esta garantia será de quase quatro mil milhões de euros para cobrir riscos de crédito, através de um ‘mecanismo contingente’, que funciona como um teto e será usado em função das necessidades. No limite, esta garantia do Fundo de Resolução pode até servir para capital se os rácios do Novo Banco caírem para valores inferiores aos exigidos pela supervisão. Isto sem nunca pôr em causa a relação de forças entre os 75% do Lone Star e os 25% do Estado através do Fundo de Resolução.

O impacto final desta operação cairá sobre o sistema financeiro dado que são os bancos que financiam o Fundo de Resolução. Contudo, como o fundo não tem dinheiro, terá de ser o Estado, outra vez, a financiar as necessidades de execução que vierem a ser executadas.

Por causa desta garantia o Estado vai ter uma palavra na gestão e venda do ‘side bank’, precisamente para garantir que o Lone Star seja impedido de vender os ativos problemáticos sem controlo de quem presta a garantia. O ‘side bank’ terá de ser vendido nos próximos cinco anos, por imposição da Direção Geral da Concorrência (DGComp) europeia.

A reestruturação do Novo Banco

Tal como está a acontecer na CGD, o Novo Banco também vai ter de passar por um plano de reestruturação adicional. Os pormenores das negociações foram revelados aos partidos esta terça-feira e, segundo a Rádio Renascença, o plano de reestruturação implícito na venda vai obrigar ao despedimento de mais 400 trabalhadores. Além disso, o Novo Banco terá de fechar 55 balcões.

Também segundo a rádio, até à venda, qualquer custo com a justiça terá de ser suportado pelo Fundo de Resolução. Ou seja, todas as despesas resultantes de processos judiciais relacionados com a resolução do Banco Espírito Santo serão mais uma fatura a suportar pelos bancos do sistema financeiro.

O Lone Star terá também dado indicação de que pretende manter a posição do Novo Banco em Espanha. Além disso, vai haver um Comité de Monitorização para os créditos, imparidades e contas do banco. Segundo a Renascença, o Lone Star, nos próximos cinco anos depois da aquisição, só poderá vender ativos com autorização do Fundo de Resolução. Acresce que os critérios de risco não poderão ser mudados durante dois anos.

A venda pode ir ao Parlamento?

Esta questão só poderá ser respondida quando se souber se o Governo vai necessitar de fazer um ato legislativo para vender o Novo Banco. Fonte governamental próxima do processo explicou ao ECO que em princípio não será necessário nenhum decreto-lei, mas a hipótese não está excluída a 100%. Tudo depende do formato do acordo final de venda, algo que ainda está a ser ultimado entre as várias partes. Caso não exista nenhum ato legislativo, os partidos que forem contra a venda do Novo Banco nestes termos pouco podem fazer na Assembleia da República, também por questões de timings.

Contudo, se existir um ato legislativo, os partidos vão poder — como já fizeram no caso da baixa da TSU da transferência da Carris — pedir uma apreciação parlamentar sobre o diploma aprovado pelo Governo. Nesse caso, os deputados tanto podem fazer propostas de alteração, como pedir imediatamente a cessação de vigência do diploma, impedindo ou, na prática, revogando a venda do Novo Banco ao Lone Star. Qualquer tipo de alteração legislativa que o negócio exija, ainda que, por exemplo, ao Regime Geral das Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras, poderá ser levado ao Parlamento.

O que falta saber?

As negociações continuam e, por isso, podem existir muitos dados novos ainda por saber. Contudo, existem já perguntas que se impõe fazer: Quanto tempo é que a Lone Star tem de ficar no Novo Banco? É que uma das críticas dos partidos da esquerda sobre o fundo de investimento é que este não tem uma visão estratégica para o banco, apelidando-o de fundo “abutre”.

A estratégia mais comum para fundos como a Lone Star é rentabilizar ao máximo as suas aquisições para depois voltar a vender. Uma das estratégias passará por vender os ativos do banco ‘mau’, mas ainda não se sabe qual é o prazo imposto no acordo para que esses ativos tóxicos sejam vendidos.

O próprio plano de reestruturação que a Lone Star preparou é uma incógnita, ainda que a Rádio Renascença tenha noticiado esta quarta-feira, com base em fontes dos partidos que reuniram com o Governo, que vão ser despedidos 400 funcionários e eliminados 55 balcões. O esforço de reestruturação tem sido um elemento comum a todo o sistema bancário português, incluindo a Caixa Geral de Depósitos que está neste momento a executar o plano de recapitalização e de reestruturação do banco público liderado por Paulo Macedo.

A solução final terá sempre de conseguir o carimbo de aprovação por parte da Direção-Geral da Concorrência da Comissão Europeia (DGComp) para garantir que não configura uma ajuda estatal. Os compromissos assumidos anteriormente pelo Estado português pressupunham a venda da totalidade do Novo Banco.

(Notícia atualizada a 31 de março, com informação adicional)

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Taxa de desemprego recua para 10,1% em janeiro

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 31 Março 2017

INE revê em baixa valor para o primeiro mês do ano. Em fevereiro, o desemprego deverá ter recuado novamente, para 10%, mas as estimativas ainda são provisórias neste caso.

A taxa de desemprego recuou para 10,1% em janeiro, mantendo-se no valor mais baixo desde março de 2009 (10%), avançam os dados divulgados esta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Para fevereiro, as estimativas ainda provisórias e sujeitas a correções, dão conta de uma nova redução, para 10%.

No primeiro mês do ano, o desemprego recuou uma décima face a dezembro, situando-se em 10,1%. O valor fica abaixo do projetado inicialmente pelo INE que, há um mês, apontava para 10,2%. Em janeiro, contavam-se 518,3 mil desempregados, menos 0,4% face a dezembro, e cerca de 4,6 milhões de empregados, mais 0,1%.

A taxa de desemprego jovem também recuou, de 26,3% em dezembro, para 25,6% em janeiro, indicam os dados corrigidos de sazonalidade.

O INE também avança uma estimativa provisória para fevereiro: a taxa de desemprego deverá cair novamente para 10%, abrangendo 510,6 mil pessoas. E o número de empregados deverá aumentar em 5,3 mil. O desemprego jovem deverá ter recuado 0,2 pontos percentuais, para 25,4%.

Taxa de desemprego

Fonte: INE

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Bruxelas disponível para discutir acordo de comércio antes do Brexit

  • ECO
  • 31 Março 2017

Bruxelas abre porta a um novo acordo de comércio livre com o Reino Unido, mas quer garantias de que os britânicos cumpram a lei europeia após o Brexit, incluindo a livre circulação de pessoas.

Donald Tusk entregou documento com linhas gerais para Bruxelas negociar Brexit.

A União Europeia está disponível para discutir com o Reino Unido um futuro acordo de comércio livre antes de os termos finais do Brexit ficarem fechados, segundo uma versão preliminar das linhas gerais da negociação que Bruxelas vai promover com os responsáveis britânicos a propósito da saída do do projeto comunitário.

Ainda assim, para haver lugar a estas conversações, o Reino Unido terá de demonstrar “progressos suficientes” na primeira fase de negociações para que os Estados membros se disponibilizem para discutir um novo acordo bilateral sobre o comércio numa segunda fase.

De acordo com a Reuters, que teve acesso ao documento que o presidente do Conselho Europeu Donald Tusk entregou aos 27 Estados-membros, prevê uma “abordagem gradual” no processo de saída do Reino Unido. Ainda assim, Bruxelas deverá insistir num período de transição duro para o lado britânico: terão de aceitar as regras europeias, incluindo contribuições para o orçamento e para a supervisão judicial, justamente duas das principais razões que levaram os britânicos a votar a favor de Brexit em junho de 2016.

"Nestas negociações, a União irá atuar como uma. Vai ser sempre construtiva e vai esforçar-se por alcançar um acordo. Isto no melhor interesse de ambos os lados. A União irá trabalhar bastante para alcançar esse resultado, mas irá preparar-se para lidar com a situação caso as negociações falhem.”

Documento preliminar elaborado por Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu

Reuters

Além disso, se o Reino Unido quiser continuar a integrar o mercado único europeu durante algum tempo depois do Brexit, também terá de respeitar todas as “quatro liberdades”, o que significará que também deverá aceitar a livre circulação de pessoas.

O documento tem oito páginas e estabelece ainda como prioridade proteger os direitos dos europeus que vivem e trabalham no Reino Unido.

Serão estas as linhas de orientação que Michel Barnier, que lidera as negociações do lado da União Europeia, levará para as reuniões com os responsáveis britânicos. As negociações deverão começar no início de junho, estabelecendo um período de 16 meses para Barnier concluir um acordo que depois poderá ser ratificado pelos Parlamentos dos dois lados a tempo do Brexit, no dia 29 de março de 2019.

“Nestas negociações, a União irá atuar como uma. Vai ser sempre construtiva e vai esforçar-se por alcançar um acordo. Isto no melhor interesse de ambos os lados”, diz o draft. A União irá trabalhar bastante para alcançar esse resultado, mas irá preparar-se para lidar com a situação caso as negociações falhem”, acrescenta.

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Inflação desacelera para os 1,5%. Menos pressão nos estímulos do BCE

Em fevereiro, a inflação da zona euro ficou nos 2%, pressionada essencialmente pelos preços dos combustíveis. Em março, a inflação desacelerou para os 1,5%, o que pesará numa decisão futura do BCE.

O gabinete oficial de estatísticas da zona euro divulgou esta sexta-feira que a inflação fixou-se nos 1,5% em março, depois de ter chegado à meta de Mario Draghi no início do ano. Esta desaceleração retira pressão ao Banco Central Europeu para diminuir o programa de estímulos a um ritmo mais elevado do que o atual. A inflação subjacente (a core, sem combustíveis ou alimentação) fixou-se nos 0,7%, segundo a estimativa rápida do Eurostat.

Este valor corresponde à expectativa da maior parte dos economistas consultados pela Bloomberg. Os analistas esperavam 1,8% de inflação em março, mas os preços desaceleraram ainda mais para os 1,5%. A pressão dos preços da energia diminuiu de 9,3% em fevereiro para os 7,3% em março. O mesmo aconteceu nos itens de alimentação, álcool e tabaco.

Estes dados divulgados pelo Eurostat corroboram com os níveis de inflação registados tanto em Espanha como na Alemanha — revelados esta quinta-feira — onde os preços desaceleraram. Os preços do petróleo, em comparação com o mesmo mês do ano anterior, tiveram uma evolução menos significativa, o que reduziu o seu peso no contributo para o aumento da inflação na zona euro. Desta forma, é provável que Draghi continuará com o quantitative easing nos próximos meses.

Estes números podem acalmar as vozes europeias que querem que o Banco Central Europeu acelere a redução gradual do programa de compras na zona euro. Essa pressão tem vindo a ser cada vez maior uma vez que o objetivo de uma inflação perto de 2% estar a ser alcançado. O BCE já tem vindo a reduzir gradualmente os estímulos, mas uma redução ainda maior terá efeitos negativos nos juros das dívidas soberanas europeias, principalmente nas mais dependentes como a portuguesa.

Na semana passada, o governador do banco central francês tinha dito que ainda não era o timing certo para diminuir ou colocar um ponto final nos estímulos monetários (movimento conhecido como tapering). Villeroy de Galhau, que tem assento no Conselho de Governadores do BCE, explicou “que tanto a inflação [global] como a inflação subjacente vão convergir para próximo do objetivo em 2019”, citado pela Reuters, numa conferência em Frankfurt. “Dado este progresso, deveríamos procurar parar a política monetária acomodatícia? Nesta fase, a resposta é claramente não”, concluiu.

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Trocar de fornecedor de gás ou luz vai ser mais fácil

  • ECO
  • 31 Março 2017

Já está em vigor a lei que abre caminho à criação de uma plataforma única, do Estado, que permitirá facilmente mudar de fornecedor de gás ou eletricidade. Deverá estar disponível até ao final do ano.

Os consumidores vão poder mudar de fornecedor de gás e eletricidade numa única plataforma do Estado, o Operador Logístico de Mudança de Comercializador, que deverá arrancar até ao final deste ano. A lei, que era exigida pela troika, foi aprovada ainda em janeiro e entra em vigor esta sexta-feira, recorda a rádio TSF.

A ideia passa por fazer a transição de uma forma gradual. Segundo a TSF, primeiro será disponibilizada aos consumidores informação sobre o mercado, o que deverá acontecer até ao verão. Só de seguida é que o novo sistema será implementado, sob a alçada da Agência para a Energia (ADENE). No último trimestre já deverá ser possível usar a plataforma para simular ou desencadear a mudança de fornecedor.

Entre os objetivos está a intenção de baixar os preços no mercado e aumentar a concorrência. A EDP Distribuição está responsável pelo processo no que toca aos serviços de energia, enquanto a REN Gasodutos fica com a pasta do gás.

Quatro empresas cobram a mais na fatura do gás

A Deco acusa a EDP Comercial, a Galp, Goldenergy e Lisboagás de cobrarem desde janeiro pelo menos dez milhões de euros aos clientes de gás natural pela taxa de ocupação do subsolo, que passou a ser um encargo das empresas.

Em declarações à Lusa, o economista da Deco Tito Rodrigues explicou que o Orçamento do Estado de 2017 (OE2017), que entrou em vigor a 1 de janeiro, define que o imposto volta a ser pago pelas empresas operadoras, depois de quase uma década a ser pago por consumidores domésticos.

Mas a EDP Comercial, a Galp Energia, Goldenergy e Lisboagás, que têm mais de 80% da quota de mercado nacional de gás natural, continuaram a cobrar a taxa de ocupação do subsolo aos seus clientes nas faturas de 2017.

Esta manhã no Parlamento, o secretário de Estado da Energia garantiu que a lei do Orçamento de Estado será cumprida. “A lei do Orçamento do Estado é para ser cumprida e o Governo vai assegurar” que isso aconteça, disse Jorge Seguro Sanches.

Em resposta a uma questão do deputado do CDS-PP Pedro Mota Soares, o secretário de Estado afirmou que “o Governo está a acompanhar essa questão com a ERSE [Entidade Reguladora dos Serviços Energéticas], nomeadamente porque há prazos que devem ser cumpridos que têm a ver com o poder autárquico e com as empresas”.

“O próprio artigo do Orçamento do Estado, bem como o decreto-lei de execução orçamental, estabelece uma calendarização”, justificou.

A Deco também já informou a ERSE sobre esta situação, considerando que “é urgente que o regulador venha de forma muito energética regularizar e garantir que os consumidores são ressarcidos”, disse Tito Rodrigues à Lusa.

De acordo com a associação de defesa do consumidor, a espanhola Endesa não está a cobrar a taxa de ocupação do subsolo aos clientes e nos restantes fornecedores não foi possível perceber se estão ou não a cumprir a legislação.

(Artigo atualizado com às 11h46 com as declarações do secretário de Estado da Energia no Parlamento)

 

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BPI vê potencial de 12% na EDP após lançar OPA sobre EDP Renováveis

BPI Research aumentou preço-alvo para os 3,55 euros. Venda da Naturgas e oferta sobre o resto da EDP Renováveis permitem criação de valor de 7%. Analistas do banco louvam negócios.

Ao mesmo tempo que cortou a recomendação para “Neutral” em relação à EDP Renováveis EDPR 0,00% , o BPI Research melhorou o seu preço-alvo para a EDP, EDP 0,00% que lançou esta semana uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) voluntária sobre a sua subsidiária de energias limpas. Os analistas louvam a decisão de vender a Naturgas que não oferecia oportunidades de crescimento, em troca da EDP Renováveis “barata” e onde o crescimento ainda está por vir.

O BPI acredita que a EDP poderá atingir os 3,55 euros. Esta avaliação é revista em alta face aos 3,25 euros estimados anteriormente. Mantém-se a recomendação de “Compra” mas agora o potencial de valorização é maior: 12,5% assumindo a cotação de fecho desta quinta-feira. Quanto à EDP Renováveis, os analistas estão a rever as estimativas, numa nota separada e com o título: “Aconteceu, afinal”.

Louvamos a decisão de realocar capital de uma unidade cara de não crescimento para a EDP Renováveis barata e elevado crescimento“, referem os analistas Gonzalo Sánchez-Bordona e Flora Trindade. “A dupla transação anunciada esta semana reforça a perspetiva de crescimento nas renováveis da empresa, apropriando-se do crescimento que está para vir a um um preço relativamente atraente e ao mesmo tempo efetua a venda de um ativo maduro com limitadas oportunidades de crescimento”, argumentam ainda.

A equipa de research do BPI estima que os dois negócios vão permitir “uma criação de valor de 7% com uma pequena diluição de 1% do lucro por ação”.

"Louvamos a jogada de realocar capital de uma unidade cara de não crescimento para a EDP Renováveis barata e elevado crescimento.”

Gonzalo Sánchez-Bordona e Flora Trindade

BPI Research

“A EDP reforça a sua posição de valor, com múltiplos atrativos, um dividendo apelativo, risco operacional abaixo do setor e um portefólio de geração competitivo. A alavancagem elevada, margens estreitas na Península Ibérica e alguma perceção de risco regulatório ainda pensam no título, mas a estratégia continua sólida”, avalia o BPI.

A EDP paga uma contrapartida de 6,8 euros por cada ação que ainda não detém na EDP Renováveis, que tanto analistas como acionistas consideram baixa. As ações da empresa liderada por Manso Neto mantêm-se dez cêntimos acima da oferta, sugerindo que a EDP poderá melhorar o preço.

Nota: A informação apresentada tem por base a nota emitida pelo banco de investimento, não constituindo uma qualquer recomendação por parte do ECO. Para efeitos de decisão de investimento, o leitor deve procurar junto do banco de investimento a nota na íntegra e consultar o seu intermediário financeiro.

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Inquilinos mais novos com baixos rendimentos também terão proteção nas rendas

  • ECO
  • 31 Março 2017

Período transitório de atualização dos contratos antigos passa de cinco para oito anos para inquilinos com baixos rendimentos. Acima de 65 anos, proteção das rendas passa para dez anos.

O PS apresentou uma proposta para alargar de cinco para oito anos o período no qual os inquilinos mais jovens e com baixos rendimentos podem usufruir de um limite no valor da renda. A alteração à lei das rendas, aprovada pelo PCP e BE, vai fazer com que estas pessoas, que viram os seus contratos serem atualizados, fique limitada a 1/15 do valor patrimonial do imóvel, indica esta sexta-feira o Jornal de Negócios.

A lei considera como baixos os rendimentos em que o valor do rendimento anual bruto corrigido é inferior a cinco remunerações mínimas nacionais anuais. No conjunto total das alterações aprovadas pelos deputados da comissão especializada esta quinta-feira, sublinha o jornal, os inquilinos com mais de 65 anos ou com deficiência e baixos rendimentos passam a ter um período transitório de dez anos, enquanto os mais jovens, com rendimentos idênticos, passam a tê-lo de oito anos. Antes, era de cinco.

O alargamento da medida aos mais jovens era algo já pedido pelos partidos de esquerda e a que o PS acabou por ceder. Ainda segundo o Jornal de Negócios, foi aprovada outra alteração pela qual os antigos contratos de renda, após o período de transição, passem a ser abrangidos pelo Regime do Arrendamento Urbano mas mantendo-se por mais cinco anos, exceto os casos em que isso não aconteça por acordo mútuo.

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Revista de imprensa internacional

Viajar no espaço poderá ser mais barato num futuro próximo. O primeiro teste da Space X para chegar a esse objetivo foi bem sucedido. No Facebook, o inventor do Oculus Rift abandonou a empresa.

A Volkswagen continua a pagar multas por causa do escândalo em que a marca alemã se viu envolvida no ano passado. É da Alemanha que também chega um recado para Theresa May: o ministro das Finanças alemão quer uma União Europeia dura a negociar com o Reino Unido. A mesma dureza é esperada no encontro entre Trump e Xi Jinping, o líder chinês, na próxima semana.

The New York Times

Volkswagen vai pagar multas a dez Estados

Depois da polémica sobre as emissões poluentes dos carros produzidos pela marca alemã, a empresa quer colocar um ponto final assim que possível. Esta quinta-feira a Volkswagen acordou pagar a dez Estados para resolver os casos judiciais que estavam em curso desde que a investigação foi revelada. Ao todo são 157 milhões de dólares que se juntam aos montantes já pagos pela empresa alemã, como por exemplo os quatro mil milhões nos Estados Unidos. Leia a notícia completa aqui. (Conteúdo em inglês / Acesso livre)

Reuters

O Brexit, segundo Wolfgang Schäuble

O ministro das Finanças alemão quer que a União Europeia seja dura nas negociações com o Reino Unido. Depois de Theresa May ter acionado o Artigo 50 esta quarta-feira, vai haver um Conselho Europeu para definir as linhas orientadoras da negociações que será levada a cabo pela Comissão Europeia. Para Schäuble o objetivo é muito claro: “Queremos manter os britânicos perto mas não podem existir direitos sem obrigações“, afirmou.

As negociações devem, por isso, tentar minimizar os riscos e os impactos para ambas as partes, mas o ministro de Merkel admite que o processo será complicado e que dois anos podem não chegar para concluir o processo. Leia a notícia completa aqui. (Conteúdo em inglês / Acesso livre)

The Wall Street Journal

China não vai facilitar a vida a Trump

O líder chinês Xi Jinping não fará concessões ao Presidente dos Estados Unidos. O encontro entre os dois vai acontecer na próxima semana, mas o historial de declarações de Donald Trump não vai ajudar nas conversações. A Casa Branca quer reduzir fortemente o défice comercial que tem neste momento com os chineses. Para lá chegar, Trump planeia legislar de forma a eliminar o que argumenta serem práticas comerciais injustas. Em declarações ao WSJ, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês argumentou que o défice comercial resulta das tendências industriais globais. Leia a notícia completa aqui. (Conteúdo em inglês / Acesso pago)

The New York Times

Space X também sabe reutilizar

Esta quinta-feira, a promissora empresa de Elon Musk reutilizou um foguetão e foi bem-sucedido no lançamento de mais um satélite para o espaço. A Space X quer enviar mais de quatro mil satélites para o cosmos e o uso de foguetões reutilizáveis poderá, no futuro, abrir a porta a viagens espaciais mais baratas. Assim Musk ficará também mais perto de conseguir atingir o seu sonho de enviar pessoas para Marte sem cobrar valores exorbitantes.

Leia a notícia completa aqui. (Conteúdo em inglês / Acesso livre)

Quartz

Inventor do Oculus Rift abandona Facebook

Quando criou a sua empresa, Palmer Luckey não pensaria que em 2014 a venderia por dois mil milhões de dólares a Mark Zuckerberg. Foi isso que aconteceu ao inventor de um dos primeiros dispositivos tecnológicos usados para a realidade virtual, o Oculus Rift, que começou a ser vendido no ano passado. Três anos depois da operação de venda, Luckey abandonou a empresa. Em reação, o Facebook confirmou a saída de Palmer Luckey, mas não explicou as razões da saída. Leia a notícia completa aqui. (Conteúdo em inglês / Acesso livre)

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