Detido outro suspeito do ataque em Londres. Buscas continuam

  • Lusa
  • 17 Setembro 2017

Foi detido um segundo suspeito de estar envolvido no ataque no metro de Londres esta sexta-feira. Este domingo, as buscas continuam num subúrbio da capital britânica.

O metro de Londres foi alvo de uma explosão que deixou 30 pessoas feridas esta sexta-feira. Terroristas reivindicaram o atentadoPixabay

Um segundo suspeito dos ataques de sexta-feira ao metro de Londres foi detido no sábado à tarde, anunciou a polícia britânica. O homem de 21 anos foi detido nos arredores de Londres, em Hounslow, pelas 23h50, indicou a polícia em comunicado.

Sobre ele recai a suspeita de estar envolvido no rebentamento, à hora de ponta, de um engenho explosivo de fabrico artesanal na estação de metro de Parsons Green, que provocou 29 feridos. Os ataques no metro de Londres, com um engenho explosivo, provocaram cerca de 30 feridos. Já este domingo, a polícia está a efetuar buscas numa residência em Stanwell, subúrbio de Londres, na sequência da detenção desse segundo suspeito.

Poucas horas antes da detenção do segundo suspeito, a polícia britânica tinha detido um homem de 18 anos no porto de Dover, na zona das partidas do ferry para França, também ele suspeito de envolvimento no atentado no metro.

As duas detenções indicam, segundo avançam fontes citadas pela imprensa em Londres, que o rebentamento fazia parte de um pano mais alargado, não se tratando de um ato isolado de terrorismo. O nível de ameaça terrorista na Grã-Bretanha permanece no nível mais alto (critical), o que significa que as autoridades acreditam que outro ataque pode estar iminente.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Autarca insiste na criação de aeroporto em Coimbra

  • Lusa
  • 17 Setembro 2017

Manuel Machado, presidente da Câmara Municipal de Coimbra e novamente candidato pelo PS, reiterou a intenção de adaptar um aeroporto no concelho. “Coimbra precisa desta infraestrutura”, disse.

O candidato do PS à Câmara de Coimbra reforçou este sábado a intenção de apostar num aeroporto internacional no concelho, “infraestrutura determinante” para potenciar na região o turismo cultural, científico ou religioso e amplificar o “desenvolvimento económico e a criação de emprego”.

Manuel Machado, em declarações à agência Lusa à margem da apresentação dos candidatos à União de Freguesias de São Martinho do Bispo e Ribeira de Frades, disse partir para a campanha eleitoral com “esperança, energia e determinação”, e explicou que a reformulação do aeródromo municipal Bissaya Barreto no Aeroporto de Coimbra deverá implicar um investimento de 10 a 12 milhões de euros, valor comparticipado a 15% pelo município.

“Coimbra precisa desta infraestrutura”, garantiu Manuel Machado, atual presidente da Câmara, recordando o trabalho que foi feito ao longo dos últimos quatro anos para o equilíbrio das finanças autárquicas. Há “plena capacidade” para financiar o aeroporto, sintetizou o socialista, sublinhando que a possibilidade de ser criada infraestrutura semelhante em Monte Real, Leiria, está inviabilizada por um conjunto de condições, nomeadamente técnicas.

Manuel Machado, durante o seu discurso na apresentação dos candidatos, disse-se ainda “ciente do trabalho realizado ao longo dos últimos quatro anos em prol da comunidade” e abordou também a criação da nova Maternidade de Coimbra, “que deverá ser instalada no Hospital dos Covões”, precisamente na União de Freguesias de São Martinho do Bispo e Ribeira de Frades, e o regresso das urgências 24 horas por dia neste polo do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.

O socialista prometeu ainda que todas as sedes de freguesia serão capacitadas de rede Wi-Fi em banda larga e lembrou que a Câmara, ao longo do último mandato, conseguiu baixar o desemprego e estimular a atividade económica. “Exemplo disso é a empresa Bluepharma [instalada também nesta freguesia], que vai praticamente duplicar as suas instalações, após um apoio do município. Mas é preciso continuar a trabalhar”, sintetizou.

O candidato apelou ainda aos seus apoiantes para mobilizarem a população para estas eleições e combaterem a abstenção. Nas eleições autárquicas de 1 de outubro, são candidatos à Câmara de Coimbra o atual presidente, Manuel Machado (PS), Francisco Queirós (CDU), Jorge Gouveia Monteiro (Cidadãos por Coimbra), Vítor Ramalho (PNR), Jaime Ramos (PSD/CDS-PP/PPM/MPT), José Manuel Silva (Somos Coimbra) e Vítor Marques (PAN).

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Descentralização: Todos querem, ainda ninguém a fez. Porquê?

  • Marta Santos Silva
  • 17 Setembro 2017

A descentralização surge sempre nas campanhas, mas depois é feita de avanços e recuos. Agora que falamos de autárquicas relembre: para quê descentralizar, que caminho foi feito e onde estamos agora?

É falada em todas as campanhas eleitorais para as legislativas, é prometida com frequência aos municípios. Entre os dois grandes partidos do poder, atiram-se mutuamente acusações para saber quem é que não a deixa avançar. Está no programa do Governo como “base da reforma do Estado”, mas no fim de dois anos de governação o Executivo de Costa tem pouco para mostrar, e Portugal continua um dos países menos descentralizados da Europa.

É da descentralização que se fala. Na Constituição de 1976 previa-se um processo de regionalização que nunca aconteceu, em 1998 chumbou-se em referendo a criação de regiões, ou pelo menos, como se lia nalguns cartazes de então, “assim não”, e entretanto os governos, de Durão Barroso até António Costa, têm dado passos em frente e saltos para trás no tópico da descentralização de competências, a alternativa considerada mais consensual. Para conseguir tanto apoio da direita à esquerda no Governo, tem de haver vantagens na descentralização. Quais são, o que se fez, o que falta fazer?

Quais são as vantagens da descentralização?

Partindo de uma perspetiva apenas económica, parece haver logo vantagens para uma maior descentralização. Regra geral, os países mais desenvolvidos do mundo são os mais descentralizados, como veremos adiante, ou seja, as competências e os fundos para realizar certas tarefas e decisões estão localizadas não no Estado central mas sim junto de regiões administrativas mais pequenas, dependendo da organização do país.

Mesmo o Fundo Monetário Internacional (FMI) que, como escreve o investigador da Universidade do Minho Rui Nuno Baleiras num artigo de 2009, “tradicionalmente encarava a descentralização como uma ameaça à solidez das finanças públicas” passou a recomendá-la — Teresa Ter-Minassian, então responsável do FMI, escreveu que deveriam ser incentivadas reformas para aproximar as escolhas públicas das preferências dos cidadãos por essa via.

Certos estudos mostram mesmo que a descentralização pode ajudar a manter as finanças públicas sob controlo. Na sua tese de mestrado em Economia na Universidade do Porto em 2016, Rafael Sousa demonstrou que “um aumento do grau de descentralização fiscal provoca um [aumento] no saldo orçamental agregado (nacional)”, ou seja, que a descentralização fiscal tem um impacto positivo nas finanças públicas nacionais, pelo menos até um certo ponto.

Mas há benefícios fora dos económicos. José Cádima Ribeiro, investigador da Universidade do Minho entrevistado por Patrícia Fernandes para a sua tese na Universidade Nova de Lisboa, defendeu que a descentralização poderia servir para “aproximar o poder dos cidadãos e criar contexto para uma melhor perceção por parte dos atores políticos da realidade dos territórios, que só a proximidade pode conferir”. Essa proximidade faz com que seja possível “desenhar políticas em conformidade” com a realidade local e, ainda, “conseguir-se um nível mais elevado de mobilização dos atores e das comunidades para o ataque aos problemas percebidos”.

A história começa há 40 anos

Lembra-se da regionalização? Ao ECO, Patrícia Fernandes, que escreveu a sua tese sobre a história da regionalização e da descentralização em Portugal desde o 25 de Abril na Universidade de Lisboa, relembra que a regionalização estava prevista há muito, na Constituição de 1976. No entanto, a reforma foi sendo adiada por vários Governos.

"As regiões administrativas são criadas simultaneamente, por lei, a qual define os respectivos poderes, a composição, a competência e o funcionamento dos seus órgãos, podendo estabelecer diferenciações quanto ao regime aplicável a cada uma.”

Constituição da República Portuguesa

Artigo 255º do Capítulo IV do Título VIII da Parte III

Com uma crescente pressão para concretizar essa regionalização após a entrada na Comunidade Económica Europeia (CEE), acabou por cair nas mãos de António Guterres, no seu mandato que começou em 1995, a concretização desta ambição constitucional. No entanto, as coisas não correriam de feição. Um referendo organizado em 1998, no qual participaram menos de metade dos eleitores, teve respostas negativas às suas duas perguntas: “Concorda com a instituição em concreto das regiões administrativas?” e “Concorda com a instituição em concreto da região administrativa da sua área de residência?”. Depois disso, quase não se insistiu — haveria até desentendimentos internos entre o primeiro-ministro António Guterres e Mário Soares, que era contra a regionalização. Parecia, assim, que a porta ficava fechada à reforma, que não voltou a surgir com pujança no debate público.

“O problema grande da regionalização, desde a década de 1990 em que foi feito o referendo, é que era difícil definir os limites”, argumenta ao ECO Patrícia Fernandes. “As terras tinham opiniões diferentes. O plano que na altura foi apresentado não era de todo adequado, nem para altura nem agora, com tantos anos em cima”. Além disso, acrescenta: “Os cidadãos não percebem, nunca foram esclarecidos devidamente. Uma pessoa que no dia-a-dia não se interessa minimamente por isso, depois é-lhes posto um papel à frente e têm de votar pelo que acha melhor”.

José Sócrates: O “coveiro” da regionalização

A acusação de “coveiro” a José Sócrates chegou perto do final da legislatura desse primeiro-ministro, e partiu de Miguel Relvas. Porquê? Relvas tinha sido secretário de Estado da Administração Local de Durão Barroso e, num artigo de opinião publicado no Público em 2011, defendeu que José Sócrates chegou ao Governo com um modelo de descentralização já construído que optou por ignorar. Segundo argumentava então Relvas, o modelo escolhido durante o Governo Barroso fora de uma lei das Áreas Metropolitanas, que permitia que os municípios se associassem a elas voluntariamente.

“A fórmula era simples e, como a prática demonstrou, funcionava bem — os municípios passaram a associar-se numa base voluntária, assumindo a obrigação de permanecerem na área que escolhessem por um período mínimo de cinco anos. Além disso, perspetivava-se que, com o decurso do tempo e com o aprofundamento das relações entre os municípios que as integravam, essas áreas viessem a substituir os distritos como círculos eleitorais, e que os presidentes daquelas grandes áreas viessem a ser eleitos”, escrevia o ex-secretário de Estado da Administração Local.

No entanto, o projeto não terá sido continuado por José Sócrates, o que lhe valeu críticas tanto da direita — Miguel Relvas chegou a chamar-lhe, noutro contexto, “o coveiro da regionalização, tal como (…) responsável pela interrupção da descentralização administrativa” — mas também da esquerda. Um outro ex-secretário de Estado da Administração Local, Eduardo Cabrita, foi citado pela Lusa em 2011 dizendo que Sócrates “nada fez para dar cumprimento ao programa do Governo em matéria de reforma de Estado e descentralização”. Para Cabrita em 2011, a solução favorita era a regionalização com a ajuda de uma boa lei de financiamento: “Com uma lei de financiamento clara para garantir a disciplina orçamental, tal como já sucede com os municípios que tiveram um saldo positivo em 2010, não haveria o risco de se aumentar a despesa pública com as futuras regiões”, disse.

Com Cabrita, será desta?

Anos depois, é novamente Eduardo Cabrita quem está à frente do destino da descentralização em Portugal. Dois anos de legislatura depois, porém, parece haver pouco de tangível para mostrar. Uma proposta de lei foi entregue pelo Governo em março e debatida em comissão, mas acabou por ser decidido que seria aprofundada após as eleições autárquicas. Questionada pelo ECO, fonte do gabinete do Ministro Adjunto garantiu que o adiamento foi “por decisão do Parlamento”.

“O Governo entregou na Assembleia da República a Lei Quadro e os diplomas setoriais que definem, área a área, as competências a descentralizar”, disse a mesma fonte. “Todos os diplomas foram discutidos com a Associação Nacional de Municípios Portugueses e a Associação Nacional de Freguesias. Esta é uma reforma prioritária para o Governo e a discussão parlamentar para a sua concretização será retomada após as eleições autárquicas“.

É verdade que, no programa do Governo, a descentralização é descrita como “base da reforma do Estado”. O programa do Governo inclui novas regras de financiamento local, de maneira a “convergir para a média europeia de participação na receita pública”, através da implementação de medidas que permitam aos municípios usufruir mais diretamente de receitas fiscais para acompanhar o crescimento das suas competências.

Fizemos mais contratos na área da educação, 12 ou 13 municípios, que abrangiam na prática municípios com uma dimensão correspondente a um milhão e 200 mil habitantes, 120 mil alunos. Era um projeto piloto com 12% da população do país abrangida.

António Leitão Amaro

Deputado do PSD

No entanto, o deputado da oposição António Leitão Amaro discorda da estratégia do Governo e faz críticas à forma como este geriu a transição do programa que estava em vigor no Executivo anterior, liderado por Pedro Passos Coelho. Leitão Amaro, que foi secretário de Estado do Poder Local, exemplificou ao ECO algumas das experiências de descentralização feitas pelo Governo de coligação PSD/CDS, em altura de crise.

Por um lado, através de legislação específica, os transportes de passageiros, com poucas exceções, foram transferidos para os municípios — “envolve competências desde dizer quais são os transportes que existem, por quem eles são prestados, quais as linhas…”, explicou. Por outro, acrescentou, foram feitos contratos com municípios específicos para a transferência de competências em áreas como a saúde, a educação e a cultura. “Fizemos mais contratos na área da educação, 12 ou 13 municípios, que abrangia na prática municípios com uma dimensão correspondente a um milhão e 200 mil habitantes, 120 mil alunos. Era um projeto piloto com 12% da população do país abrangida”. O Governo de António Costa, afirma Leitão Amaro, “nunca publicou nenhuma avaliação nem nenhum relatório sobre isso”.

A crise foi boa… pelo menos numa coisa

Para a economista Linda Veiga, da Universidade do Minho, a crise económica pode ter ajudado a pavimentar o caminho para uma descentralização mais suave. A crise, explicou ao ECO a autora do artigo “Descentralização orçamental: questões de autonomia e responsabilização”, disponível aqui, “levou a uma maior preocupação com a organização e gestão do setor público e à adoção de medidas tendo em vista a melhoria da eficácia no seu funcionamento e ao aumento da transparência na gestão dos recursos públicos”, inclusive ao nível da administração local. “Assim, penso que as alterações introduzidas criaram um quadro mais favorável à descentralização ao potenciarem os efeitos positivos da mesma”, escreveu, numa resposta por email às questões colocadas pelo ECO.

Quais os principais desafios que Eduardo Cabrita tem pela frente? Segundo Linda Veiga, um dos principais é equilibrar o financiamento com o alargamento das competências das autarquias, de uma forma que permita monitorizar os resultados. “É importante que toda a legislação de enquadramento seja cumprida”, afirmou, ecoando o que o atual ministro Adjunto dizia em 2011.

Para Lídia Veiga, também é importante “continuar a estimular o envolvimento dos cidadãos nas decisões públicas e aumentar a seu nível de entendimento das matérias relativas à política orçamental. A descentralização será mais benéfica se os governantes locais forem responsabilizados pelas políticas adotadas e existir transparência e confiança mútua entre os atores envolvidos”.

Numa entrevista ao Público em agosto, Eduardo Cabrita adiou novamente para depois das autárquicas mais pormenores sobre a descentralização, mas sublinhou a sua importância. “A descentralização é o maior desafio de reforma do Estado que existe nesta legislatura. Temos consciência de que é uma reforma que — cumprindo a Constituição, aplicando o princípio da subsidiariedade, aproximando-nos das melhores práticas europeias — visa alterar profundamente o modo como se distribui o exercício de poderes”, afirmou então. E o Partido Socialista vai precisar de ajuda. “É fundamental que o PSD, que é um grande partido autárquico, tenha sentido de responsabilidade de ser aqui parte da solução. O PSD e diria todos os partidos. Todos apresentaram propostas e consideramos isso muito positivo”, acrescentou.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

José Sócrates: “António Costa e o PS viraram-me as costas”

  • ECO
  • 17 Setembro 2017

O ex-primeiro-ministro afirmou, em entrevista à Voz de Galícia, que já não tem relação com atual chefe de Governo. "António Costa e o PS viraram-me as costas", afirmou.

José Sócrates queixou-se de ter sido abandonado pelo PS e por António CostaWikimedia Commons

O ex-primeiro-ministro José Sócrates, e principal arguido da operação Marquês, disse a um jornal espanhol que tanto o Partido Socialista (PS) como o atual primeiro-ministro, António Costa, lhe viraram as costas a partir do momento em que foi detido preventivamente em novembro de 2014. Sócrates afirmou estar a ser vítima de uma “conspiração política” e comparou a sua situação à do antigo Presidente do Brasil, Lula da Silva, que também está envolvido num processo judicial.

Ao jornal espanhol La Voz de Galicia, o antigo governante, quando questionado sobre que relação mantém com António Costa, respondeu: “Inexistente. Éramos amigos, apesar de tudo o que foi dito. A nossa relação sempre foi boa. Nomeei-o ministro e como meu sucessor natural. Apoiei-o na candidatura à Câmara Municipal de Lisboa e depois para a secretaria-geral do partido. Tudo acabou quando me detiveram e tanto ele como a cúpula do PS me viraram as costas.”

José Sócrates reafirmou ser “inocente” e “vítima de uma conspiração política” para travar “uma possível candidatura” sua à Presidência da República, num caso que alega não ter precedentes. “Conhece algum ouro caso na Europa em que um processo continue aberto, sem acusação, durante cinquenta meses?”, questionou o socialista. Sócrates queixou-se ainda dos sucessivos adiamentos do processo, indicando que não acredita “em nada do que diz” o Ministério Público. “A minha situação é parecida com a do ex-Presidente Lula [da Silva], embora ele tenha apoio do seu partido e eu não”, rematou.

Tudo acabou quando me detiveram e tanto ele [António Costa] como a cúpula do PS me viraram as costas.

José Sócrates

Ex-primeiro-ministro, arguido na operação Marquês

Em relação ao juiz Carlos Alexandre, que tem conduzido o processo em conjunto com o procurador Rosário Teixeira, Sócrates insistiu na ideia de que o magistrado estará a ser parcial neste caso. “Construiu uma teoria, um fio condutor sem provas, e não apenas isso como é também totalmente parcial. Isso comprova-se pela entrevista que deu há uns meses a uma televisão privada portuguesa [SIC], onde me considerou logo culpado e disse ‘não ter a sorte de ter amigos tão generosos como Sócrates'”, disse o ex-primeiro-ministro.

"A minha situação é parecida com a do ex-Presidente Lula [da Silva], embora ele tenha apoio do seu partido e eu não.”

José Sócrates

Ex-primeiro-ministro, arguido na operação Marquês

José Sócrates criticou também os meios de comunicação social, dizendo existir “cumplicidade e relação corrupta entre a imprensa lusa e o Ministério Público”. Deixou ainda em aberto a hipótese de recorrer ao Tribunal Europeu caso se “esgotem todos os recursos” em Portugal. Continuou, afirmando não saber se voltará à vida política por estar “muito desapontado”. “Faltam políticos na Europa com o nível e o carisma de Mário Soares”, atirou. E concluiu: “O meu futuro é o presente.”

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Portugal começa a reduzir dívida em outubro, garante António Costa

  • Lusa
  • 17 Setembro 2017

O primeiro-ministro, António Costa, disse que Portugal deverá começar a reduzir a dívida já em outubro. "É a esta trajetória que temos de dar continuidade", afirmou.

O primeiro-ministro, António Costa, declarou que Portugal vai começar a reduzir a sua dívida pública “a partir de outubro”, indicador que, aliado à descida do défice, sustenta o caminho de recuperação económica do país.

“Estamos a conseguir reduzir o défice e vamos começar a reduzir a dívida a partir de outubro. É a esta trajetória que temos de dar continuidade, e para darmos continuidade precisamos de dar força à mudança política que fizemos há dois anos”, vincou Costa, falando em Trancoso, como secretário-geral do PS, perante dezenas de socialistas presentes na abertura da sede de campanha do candidato autárquico local.

O chefe do Governo e líder do PS diz ser “preciso dar força” aos socialistas para ser prosseguida “esta mudança de política”. “Os resultados têm sido bons, mas temos de fazer mais para serem melhores e sustentáveis”, advogou, antes de pedir que seja dada continuidade ao trabalho iniciado “nesta legislatura” nas legislativas de 2019. No atual executivo municipal de Trancoso, presidido por Amílcar Salvador, que o PS recandidata, os socialistas têm a maioria, com quatro elementos, e o PSD possui três vereadores.

Subida do rating abre “novas oportunidades” de investimento

Por sua vez, o ministro dos Negócios Estrangeiros destacou as “novas oportunidades” que a subida do ‘rating’ de Portugal abre para colocação da dívida portuguesa junto de investidores institucionais e atribuiu “diplomaticamente” aos portugueses o “mérito principal” desta conquista.

“Alguns dos investidores institucionais, como os fundos de pensões, estão obrigados estatutariamente a só comprar divida com uma certa classificação, de grau de investimento, e portanto o facto de hoje termos a nossa dívida assim classificada por parte da Standard & Poor’s [S&P] abre novas oportunidades para colocação junto de investidores”, afirmou Augusto Santos Silva em declarações aos jornalistas à margem de uma visita aos empresários portugueses presentes em Milão, Itália, na maior feira de calçado do mundo – a MICAM.

Comentando a revisão em alta, na sexta-feira, pela agência de notação financeira S&P do ‘rating’ atribuído à dívida soberana portuguesa de ‘BB+’ (a nota mais elevada de não investimento, descrita como ‘lixo’) para ‘BBB-‘ (a mais baixa de investimento), Santos Silva considerou tratar-se de “uma muito boa notícia porque Portugal”.

“Portugal tem desde sexta-feira a sua dívida cotada em grau de investimento por duas agências, incluindo uma das três grandes agências (a S&P), e as outras duas agências já colocaram a dívida pública portuguesa em perspetiva positiva, o que quer dizer que, numa próxima revisão, teremos certamente todas as agências internacionais de ‘rating’ a classificar a divida portuguesa como uma dívida em que vale a pena investir”, sustentou.

Questionado pelos jornalistas sobre o debate entre PSD/CDS-PP e PS em torno dos méritos desta melhoria da avaliação da dívida portuguesa, Santos Silva, assumindo-se como “habituado à linguagem diplomática” dado o cargo que ocupa, preferindo apenas afirmar, “de uma forma muito simples e consensual, que o mérito principal pertence aos portugueses”.

Já relativamente a uma eventual dificuldade acrescida levantada por esta subida do ‘rating’ da República na negociação com os partidos da esquerda parlamentar do Orçamento do Estado para 2018, o ministro recordou que “a maioria da esquerda parlamentar é mesmo constituída pelo Partido Socialista” e assegurou que o Governo está “comprometido com uma trajetória de reversão do défice e da dívida pública” que é “absolutamente essencial”, pelo que “nada” fará “que a possa por em causa”.

“Esta subida do ‘rating’ significa que foi possível, como nós sempre dissemos, combinar o rigor financeiro com políticas económicas e sociais mais ativas e que este é o caminho que nós devemos continuar a trilhar”, sustentou. A este propósito, o governante recordou que “a última dívida colocada de Obrigações do Tesouro, portanto dívida a prazos relativamente longos, foi colocada na última quarta-feira com os juros mais baixos das colocações deste ano”.

E, salientou, “uma dívida mais bem cotada significa menos encargos com juros para o orçamento português, o que significa que os contribuintes portugueses pagam menos pelo ‘stock’ da dívida”. “Já há dois ou três anos que o nosso saldo primário é positivo, isto é, se descontarmos o que pagamos de juros de dívida, as nossas contas públicas estão equilibradas. Mas ainda temos um ‘stock’ elevado de dívida e, por isso, gastamos por ano ainda muitos milhares de milhões de euros com o serviço de dívida. Quanto menos gastarmos mais recursos temos para outras políticas, incluindo as políticas de incentivos económicos”, afirmou.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Apifarma quer no SNS modelo igual ao das autarquias para pagar dívida

  • ECO
  • 17 Setembro 2017

O presidente da Apifarma, João Almeida Lopes, defendeu numa entrevista que deveria existir no SNS um modelo como o das autarquias para poder saldar os 1,3 mil milhões de dívida do sistema a privados.

João Almeida Lopes, presidente da Apifarma, disse numa entrevista ao Jornal de Negócios e Antena 1 que o Sistema Nacional de Saúde (SNS) deveria ter um modelo semelhante ao das autarquias para pagar as dívidas que tem para com os privados.

Concretamente, o líder desta associação do setor farmacêutico defendeu que deveria existir para o SNS um programa semelhante ao Programa de Apoio à Economia Local, vulgo PAEL. E sublinhou: “Se pensar, por exemplo, numa emissão obrigacionista do Estado específica para esta matéria, com um prazo específico, isso permite a solvência imediatamente de todas as dívidas.” Para o presidente, esse programa iria mesmo ao encontro daquilo que Bruxelas “recomenda através da sua diretiva dos pagamentos a tempo e horas”, afirmou.

“A dívida estava nas autarquias — hoje em dia, neste caso, está nas instituições do ministério da Saúde. É dívida relevada, perfeitamente transparente e é perfeitamente rigoroso aquilo que existe”, indicou. Segundo o Negócios, o montante global da dívida do SNS a privados é superior a 1,3 mil milhões de euros.

Por isso, conclui João Almeida Lopes, “poder-se-ia encontrar mecanismos de financiamento a médio prazo que tirassem esse peso de cima das entidades do ministério da Saúde, nomeadamente dos hospitais, passando-as para um mecanismo financeiro, solvendo as dívidas. E, de alguma maneira, como foi com as autarquias, exigindo algum compromisso em termos de futuro para não se criar nova dívida”, explicou.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Cristas: “Não foi ano e meio ou dois anos que fizeram a diferença”

  • Lusa
  • 17 Setembro 2017

Assunção Cristas, líder do CDS, disse não compreender como é que o Governo reclama os louros da subida do rating quando portugueses fizeram "sacrifícios" para tirar o país da "bancarrota de Sócrates".

A presidente do CDS-PP defendeu este sábado que quem fez sacrifícios para tirar Portugal “do buraco da bancarrota em que foi metido pelo engenheiro Sócrates” não compreende que o atual primeiro-ministro reclame todo o mérito da subida de ‘rating’.

“Parece-me extraordinário que o primeiro-ministro, depois de tantos sacrifícios que os portugueses fizeram, depois de termos baixado um défice 11% para 2,9% no anterior Governo, agora entenda que foi em dois anos em que algumas medidas relevantes foram travadas, como, por exemplo, uma reforma do IRS, que o mérito é todo dele”, defendeu Assunção Cristas.

A líder centrista considerou que “não fica bem, as pessoas não entendem isso”: “Quem fez sacrifícios para tirar Portugal do buraco da bancarrota em que foi metido pelo engenheiro Sócrates sabe bem que não foi um ano e meio ou dois anos que fizeram a diferença”.

“Gostaríamos todos que tivesse sido diferente, mas também sabemos quem é que teve a responsabilidade das causas”, argumentou a presidente do CDS-PP, em declarações aos jornalistas durante uma ação de campanha à Câmara de Lisboa, em que encabeça a lista da coligação “Pela Nossa Lisboa” (CDS-PP/MPT/PPM).

Assunção Cristas falava em cima de uma bicicleta no Terreiro do Paço, prestes a partir para um passeio de cicloturismo, em que participaram também os cabeças de lista do PCP, João Ferreira, do Bloco de Esquerda, Ricardo Robles, da coligação “Lisboa Sim” (PDR/JPP), Carlos Teixeira, bem como representantes das listas do PS e do PSD.

O secretário-geral do PS e primeiro-ministro, António Costa, afirmou no sábado que foi o Governo PS que “virou a página do ‘lixo'”, em resposta à reação dos partidos da direita sobre a subida do país nas avaliações das agências internacionais de ‘rating’. “A direita bem pode dizer que teria feito o mesmo. Há uma coisa que nós sabemos: não fez e nós fizemos”, declarou, argumentando que é “importante” como foram alcançados estes resultados, “não aumentando impostos e não cortando salários e pensões”.

Na sequência destas afirmações, o presidente do PSD e ex-primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, acusou António Costa de “sectarismo e mesquinhez” sem paralelo na história democrática portuguesa ao dizer “nada” sobre o papel do anterior Governo na subida do ‘rating’. “Quero dizer ao dr. António Costa o seguinte: é uma atitude de um primeiro-ministro que revela um sectarismo e uma mesquinhez como não encontro paralelo na história democrática do país”, acusou.

A agência de notação financeira Standard and Poor’s decidiu na sexta-feira tirar Portugal do ‘lixo’, revendo em alta o ‘rating’ atribuído à dívida soberana portuguesa de ‘BB+’ para ‘BBB-‘, um primeiro nível de investimento. Com esta revisão em alta para ‘BBB-‘, com perspetiva ‘estável’, Portugal volta a ter uma notação de investimento, atribuída por uma das três principais agências de ‘rating’ mundiais. Desde 2012 que a agência atribuía à dívida soberana portuguesa um rating ‘BB+’, a nota mais elevada de não investimento, com uma perspetiva ‘estável’.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Presidente do IGCP diz que S&P não chega. Falta a Moody’s

Cristina Casalinho, em declarações ao jornal Público, afirma que “para a entrada nos índices de governos, é necessário que pelo menos duas agências de rating tenham Portugal em investment grade”.

Cristina Casalinho, presidente do instituto que gere a divida pública.Paula Nunes / ECO

A agência de notação financeira Standard & Poor’s anunciou na sexta-feira que a dívida portuguesa subiu de categoria, deixando de ser “lixo” e passando a ter uma notação de ‘BBB-‘, com um outlook “estável”.

A notícia foi bem recebida em Portugal já que além da DBRS, o país passa a contar com mais uma nota de ‘investment grade‘ por parte de uma grande agência de notação, o que lhe permite continuar a beneficiar dos programas de compras do BCE.

Além disso, ter uma uma boa classificação de uma das três maiores agências — S&P, Moody’s ou Fitch — coloca Portugal de novo no radar de investidores que estatutariamente só podem comprar dívida soberana com classificação acima de “lixo”.

Foi isso mesmo que disse este sábado Mário Centeno: “Alguns investidores necessitavam desta classificação para poderem transacionar dívida” nacional e “o facto de termos um conjunto de fontes de financiamento mais alargado, mais investidores interessados em financiar a dívida portuguesa, em transacionar dívida pública portuguesa, permitirá uma redução do custo de financiamento”.

Já a presidente do IGCP, o instituto que gere a dívida pública em Portugal, tem uma postura mais cautelosa, alertando que a decisão da S&P só terá impacto significativo no custo do financiamento da República quando for acompanhada por outra agência de classificação de dívida, de preferência a Moody’s, que ainda mantém Portugal no “lixo”.

Para a entrada nos índices de governos é necessário que pelo menos duas agências de rating tenham Portugal em ‘investment grade’ e normalmente as que contam são a S&P e a Moody’s. Vamos ter de esperar pela decisão de ambas”, explicou Cristina Casalinho em declarações ao jornal Público [acesso concionado].

“Com a entrada nos índices de obrigações de governos europeus, os fundos de gestão passiva, que neste momento não compram obrigações do tesouro (OT), passam a adquiri-las [de forma automática]. Esta alteração estrutural da base de investidores poderá, acreditamos, potencializar a continuação do esforço de alisamento do perfil de reembolsos e alongamento de duração sem impacto no custo médio do financiamento”, afirmou Casalinho.

A presidente do IGCP garante ainda que Portugal já não vai mudar a estratégia para emissão de dívida para este ano, “na medida em que apenas temos mais dois meses efetivos de mercado para executar estratégia de financiamento, dificilmente alguma decisão de uma agência de rating pode permitir alterar a execução do programa deste ano”.

Recorda que está prevista ainda para 2017 uma emissão de obrigações do Tesouro de mais de 3 mil milhões de euros, com o objetivo de manter o mercado líquido e permitir que o BCE ainda tenha ativos para comprar no seu programa de ‘quantitative easing’.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Costa: Se BE e PCP fossem Governo, tinham feito o mesmo

  • ECO e Lusa
  • 17 Setembro 2017

António Costa está confiante de que há acordo com os partidos de esquerda numa altura em que o Parlamento se prepara para negociar o Orçamento do Estado para o próximo ano.

O primeiro-ministro considerou que estão alinhadas as agulhas entre Governo e partidos de esquerdaPaula Nunes / ECO

António Costa considerou que se Catarina Martins e Jerónimo de Sousa ocupassem o lugar de primeiro-ministro, teriam ido “tão longe” como foi o atual Governo do PS. Em mais uma parte da entrevista dada ao Diário de Notícias [acesso livre], o chefe do Governo disse: “Tenho a certeza de que se o Jerónimo de Sousa [líder do PCP] ou a Catarina Martins [líder do BE] estivessem aqui na minha função, porventura iriam tão longe quanto aquilo que nós temos ido.”

Confrontado com a postura dos parceiros de Governo, que têm vindo a reclamar maior investimento em áreas como a Educação e a Saúde, o primeiro-ministro recusou chamar-lhes “críticas” e considerou, antes, ser uma “coincidência de posições”. “Esse aumento do investimento está a existir e, portanto, não é crítica, há um total alinhamento de políticas. Se me disser que o PCP e o Bloco gostavam que fossemos ainda mais longe eu digo-lhe que também eu gostava”, afirmou.

Sobre se o acordo entre o PS e os partidos de esquerda, que viabiliza o Governo, estará prestes a ser cumprido (o que levaria a um reforço das exigências e da pressão sobre o Executivo), António Costa desvalorizou: “Há tanta coisa para fazermos em conjunto e para continuarmos a fazer. Cumprimos integralmente uma fase essencial que era a reversão das medidas que o Governo anterior tinha implementado em matéria de cortes de rendimento, mas temos tanto que fazer ainda”, indicou.

Entre as áreas de atuação, o governante destacou que há trabalho a fazer “na melhoria da qualidade dos serviços públicos, na melhoria do investimento, em dotar o país de uma visão estratégica que consolide um modelo de desenvolvimento que não procure o empobrecimento coletivo, os baixos salários e a destruição de direitos, mas pelo contrário aposte naquilo que é fundamental que é a qualificação, a inovação, a valorização dos nossos recursos”. “Requer simplesmente a manutenção da nossa vontade política de seguir em frente”, concluiu.

Catarina Martins não concorda com PM

A coordenadora do BE contrariou o primeiro-ministro este sábado, considerando que a execução orçamental de 2016 mostra que era possível “ter ido mais longe” em setores essenciais, sublinhando que não é o programa eleitoral socialista que está a ser implementado.

Durante uma ação de pré-campanha para as autárquicas, em Santarém, Catarina Martins foi questionada pelos jornalistas sobre esta declaração do chefe de executivo, tendo sido perentória ao afirmar que “os próprios dados da economia e da execução orçamental do ano passado mostram que podíamos ter ido mais longe”. “Ficou a faltar investimento em tanta coisa e, de facto, gastámos menos do que poderíamos ter gasto nos setores essenciais e as contas da execução orçamental mostram-no”, concretizou.

Mas os recados ao primeiro-ministro não ficaram por aqui, tendo a líder bloquista considerado que “há uma grande consciência no país de que o que está a acontecer não é o programa eleitoral do PS”. “E ainda bem porque parámos os cortes nas pensões, parámos a facilitação dos despedimentos, parámos menos contribuições para a Segurança Social que iam desproteger todo o sistema e temos dado alguns passos, que embora tímidos, são significativos”, justificou.

(Notícia atualizada às 12h54 com reação de Catarina Martins)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Calçado português em destaque na feira de Milão

  • Lusa
  • 17 Setembro 2017

Quase uma centena de empresas portuguesas levaram à feira italiana MICAM 16.000 amostras de sapatos e artigos de pele. É a segunda maior delegação nesta que é a maior feira do mundo deste setor.

Noventa e seis empresas portuguesas de calçado levam, desde este sábado até quarta-feira, a Milão, o que de melhor se faz no setor em Portugal, que volta a destacar-se como a segunda maior delegação estrangeira na feira internacional MICAM. De acordo com a Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Seus Sucedâneos (APICCAPS), que organiza a participação nacional naquela que é a maior feira do mundo do setor, as empresas portuguesas presentes são responsáveis por 8.300 empregos e 550 milhões de euros de exportações.

Foram vinte e oito os camiões que transportaram até Milão as 16.000 amostras de sapatos e artigos de pele que Portugal leva à maior feira de calçado do mundo, num investimento de dois milhões de euros, que implica 10 dias de trabalho. Para assinalar a aposta nacional na feira de Milão – que, em dimensão, apenas é superada pela delegação espanhola – o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, e os secretários de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias, e da Indústria, Ana Lehmann, visitam hoje os expositores portugueses participantes.

Segundo destaca a APICCAPS, esta nova aposta do setor em Itália acontece num ano em que as exportações portuguesas de calçado “caminham para novo máximo histórico”, a manter-se o ritmo de crescimento de 6,3% registado até junho. “Portugal exportou, no primeiro semestre de 2017, 43 milhões de pares de calçado no valor de 960 milhões de euros. A confirmarem-se estes valores até final do ano, este será o oitavo ano de crescimento do calçado português nos mercados externos”, sustenta a associação.

Exportações no setor voltaram a crescer no primeiro semestre de 2017

E se “desde 2009 as vendas de calçado português nos mercados internacionais aumentaram 60%, passando de 1.200 milhões para praticamente 1.950 milhões de euros no final do último ano”, na primeira metade de 2017 as exportações do setor voltaram a crescer “em praticamente todos os mercados relevantes”.

Na União Europeia (UE) a subida foi de 5,2%, “fruto dos bons desempenhos em países como França (mais 4% para 202 milhões de euros), Holanda (mais 6% para 136 milhões de euros) e Alemanha (mais 8% para 181 milhões de euros)”, sendo que para Itália as exportações de calçado português somaram 27 milhões de euros, enquanto as importações se ficaram pelos 24 milhões, resultando num saldo comercial positivo de três milhões de euros. Fora do espaço europeu, o destaque vai para os EUA (mais 7% para 35 milhões de euros), Rússia (mais 32% para 13 milhões de euros), Canadá (crescimento de 30% para 12 milhões de euros), Angola (mais 126% para 11 milhões de euros) e Japão (aumento de 6% para 11 milhões de euros).

Atualmente, a indústria portuguesa de calçado exporta mais de 95% da sua produção para 152 países dos cinco continentes. Ao todo, desde sábado até quarta-feira, marcarão presença na feira de Milão mais de 1.600 expositores de aproximadamente 50 países, sendo aguardados mais de 40 mil visitantes profissionais.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Prova dos 9: Portugal tem a quarta maior dívida do mundo?

O ministro das Finanças tentou refrear os ânimos depois da decisão da Standard & Poor's, alertando que Portugal tem a quarta maior dívida do mundo. É verdade que temos uma dívida assim tão alta?

Foi uma surpresa para todos. Na sexta-feira à noite, quando todos estavam à espera que a Standard & Poor’s (S&P), — à semelhança do que tinham feito a Moody’s e a Fitch, — aumentasse o ‘outlook’ da divida portuguesa, — eis que a agência de notação financeira saltou um degrau no protocolo financeiro e melhorou logo o ‘rating’.

Pela primeira vez desde o resgate, o país vê uma das três maiores agências retirar-lhe da categoria de “lixo”, que no caso da S&P perdurava desde janeiro de 2012.

Estas foram as quatro principais razões invocadas pelo analista Marko Mrsnik para melhorar a classificação da dívida portuguesa e retirá-la da categoria de ‘junk’:

  1. Perspetivas reforçadas de crescimento económico;
  2. Redução continuada do défice;
  3. Melhorias no perfil da dívida do Governo;
  4. Perspetiva monetária do BCE, mais favorável para Portugal.

Após a notícia, instalou-se no meio político e económico uma espécie de clima de euforia, com o Governo de António Costa a reclamar para si os méritos do “virar a página do lixo” e Passos Coelho a acusar o primeiro-ministro de “sectarismo e mesquinhez” sem paralelo na história democrática portuguesa ao dizer “nada” sobre o papel do anterior Governo na subida do ‘rating’.

No meio desta guerra pela paternidade da vassoura que varreu o “lixo”, Mário Centeno apareceu para colocar água na fervura, pois numa altura em que se negoceia o Orçamento do Estado para 2018, as boas notícias são aproveitas pelos partidos mais à esquerda que apoiam o Governo para reforçarem o caderno de reivindicações e reversões.

Foi neste contexto que, este sábado, Mário Centeno proferiu a seguinte frase:

A afirmação:

O otimismo tem de ser assertivo e pragmático. Porque a dívida permanece a quarta maior do mundo. Os outros exemplos que estão acima de nós não são exemplos que Portugal queira seguir, e nem pode seguir.”

O ministro das Finanças, em jeito de aviso, afirmou ainda que “temos que ter um enorme pragmatismo na forma como também lidamos com as boas notícias. Se calhar este é um discurso típico de ministro das Finanças, não quero refrear nenhum ânimo dos festejos porque esta é uma notícia absolutamente extraordinária em Portugal”.

O statement de que temos a “quarta maior dívida do mundo” faz parte do discurso de cautela “típico de ministro das Finanças”, ou Portugal realmente está no top 4 dos países mais endividados do mundo?

Os números

A agência Bloomberg divide os países entre “mercados desenvolvidos” e “mercados emergentes”. Na primeira categoria, onde está Portugal, o rácio da dívida sobre o PIB (o indicador mais usado para aferir o grau de endividamento de uma economia) coloca o Japão no topo da tabela, com um rácio de 234,7%, seguido pela Grécia (181,60%), Itália (132,5%) e Portugal (126,2%).

Mas olhando para a lista dos mais endividados no grupo dos “mercados emergentes”, há um país que se junta à lista: o Líbano, com um rácio de 161,5%. Ou seja, segundo a agência de informação norte-americana, Portugal surge como o quinto do mundo no ranking dos mais endividados.

A 30 de junho, o site Business Insider também fazia um ranking dos 23 países mais endividados do mundo [acesso livre]. O Japão também liderava esta tabela (234,7%), a Grécia não deixava fugir o segundo lugar (181,6%), seguindo-se o Líbano (132,5%), a Itália (132,5%) e a Jamaica (130,1%). Nesta classificação da Business Insider, Portugal aparecia atrás do país de Usain Bolt, na sexta posição, com um debt-to-GDP ratio de 126,2%.

Já o site Trading Economics, com base nos dados do final de 2016, elaborou o seguinte ranking:

  1. Japão = 250,4% do PIB
  2. Grécia = 179% do PIB
  3. Líbano = 144% do PIB
  4. Itália = 132,6% do PIB
  5. Cabo Verde = 130,97% do PIB
  6. Portugal = 130,4% do PIB

Prova dos 9

Os rankings variam consoante o timing em que são recolhidos os dados da dívida e do PIB para cada país, e por vezes uns usam o conceito de dívida bruta e outros líquida. Mas o resultado final não oscila muito. Portugal está no top dos países mais endividados do mundo. Os números de Mário Centeno estão corretos.

Fonte: Bloomberg

No entanto, a Standard & Poor’s, no relatório que publicou na sexta-feira, diz que espera uma descida do rácio da dívida liquida sobre o PIB (que não conta com os depósitos) para 117% no final deste ano, um nível que deverá baixar até aos 110% em 2020. A almofada de liquidez, diz a agência de notação, deverá baixar gradualmente do nível de 8% do PIB que se prevê para o final de 2017.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Inspetores da ASAE convocam greve para 9 de outubro

  • Lusa
  • 16 Setembro 2017

Os inspetores da ASAE convocaram uma greve geral para 9 de outubro, como forma de luta por melhores condições laborais, anunciou a Associação Sindical dos Funcionários da ASAE (ASF-ASAE)

A decisão foi tomada em assembleia geral na sexta-feira, em Pombal, numa reunião para apreciar a proposta apresentada pelo Governo, no final de um longo processo de negociação para criar a carreira especial de inspeção da ASAE.

“Por unanimidade, foi aprovada uma moção, a rejeitar parcialmente a proposta do Governo, que não vai ao encontro das legítimas expectativas dos inspetores, nem reflete a importância, valor e dignidade da ASAE”, refere no comunicado.

Na mesma moção, os inspetores da ASAE exigem uma negociação suplementar com o ministério das Finanças, face ao que chamam de “incapacidade e irredutibilidade” do ministério da Economia em negociar matérias como as regras de transição para a carreira única, o horário de trabalho e uma nova tabela remuneratória.

Os inspetores dizem também que não aceitam as regras de transição para a carreira única, propostas pelo Governo, por serem “injustas e segregadoras” e não integrarem 60% do atual corpo inspetivo.

Os trabalhadores da ASAE rejeitam ainda o regime de horário de trabalho e não aceitam que a tabela remuneratória apresentada pelo Governo não possa ser negociada.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.