Olivier Blanchard: “Pode fazer sentido furar os limites do défice”

  • Margarida Peixoto
  • 19 Maio 2017

O ex-economista-chefe do FMI veio a Portugal apresentar um roteiro para acelerar o crescimento da economia nacional. E diz que faz sentido exigir mais flexibilidade nas regras de Bruxelas.

Olivier Blanchard foi até 2015 o economista-chefe do FMI.Paula Nunes / ECO 19 maio, 2017

Durante anos, as recomendações das instituições internacionais centraram-se numa diretiva fundamental: para os países muito endividados, não há outro caminho a não ser cortar o défice. Mas ao fim de seis anos de políticas orçamentais restritivas, e depois de já ter cortado o défice para 2% — bem abaixo do limite imposto pelas regras comunitárias — Portugal recebeu esta quinta-feira um conselho disruptivo: o ex-economista-chefe do FMI defende que, se for bem justificado, faz sentido furar os limites de Bruxelas e aumentar o défice outra vez. Leu bem: pode valer a pena fazer subir o défice orçamental.

“Não há necessidade de consolidação orçamental dramática. Há condições em que Portugal deveria ser autorizado a ter um défice superior ao limite? Na teoria diria que sim, que há razões em que faria sentido financiar reformas através de dívida e não de receitas fiscais”, defende o macro economista Olivier Blanchard, num encontro com jornalistas, em Lisboa.

A regra que diz ‘absolutamente não’ a furar o limite dos 3%, é excessiva e pode haver projetos em que faça sentido superar esse limite.

Olivier Blanchard

Ex-economista-chefe do FMI

E “o mesmo com o investimento, tem de haver investimento”, acrescenta, validando a ideia de furar outra vez o défice orçamental, se for para levar a cabo investimentos que aumentem o potencial de crescimento da economia. “A regra que diz ‘absolutamente não’ a furar o limite dos 3%, é excessiva e pode haver projetos em que faça sentido superar esse limite”, garante Blanchard.

A ideia do economista francês está plasmada num estudo sobre a economia portuguesa, desenvolvido em colaboração com Pedro Portugal, economista do Banco de Portugal, apresentado esta sexta-feira, em Lisboa, na conferência Portugal, from here to where? Depois de analisar os entraves ao crescimento de Portugal, os dois peritos chegam à conclusão de que o melhor caminho, neste momento, poderá ser financiar reformas ou projetos que aumentem o potencial de crescimento da economia para que, no médio prazo, o ritmo de subida do PIB seja superior e, por essa via, a dívida pública desça de forma mais evidente.

É por isso que Olivier Blanchard defende que “as regras orçamentais a nível europeu têm de ser repensadas”. Para Blanchard a flexibilidade que as regras comunitárias já permitem não chega, é preciso ir mais longe. “Bruxelas flexibilizou as regras, mas fez asneira”, garante, sem rodeios.

Para o macro economista faria sentido argumentar junto de Bruxelas em favor de investimentos ou reformas considerados determinantes para melhorar a economia portuguesa e obter aval comunitário para aplicar essas reformas fora do espartilho do Pacto de Estabilidade e Crescimento — a tal cartilha que impõe o limite de 3% de défice, sob pena de se entrar num procedimento por défice excessivo que conduz, em última análise, a sanções.

Não ultrapassaria o limite do défice unilateralmente. Iria a Bruxelas e defenderia os meus argumentos. A flexibilização das regras que já existe não é suficiente.

Olivier Blanchard

Ex-economista-chefe do FMI

“Aquilo de que se precisa é de um processo em que alguém confirme a benignidade das reformas”, explica, seja essa avaliação feita em Portugal, ou em Bruxelas. “Não ultrapassaria o limite do défice unilateralmente. Iria a Bruxelas e defenderia os meus argumentos. A flexibilização das regras que já existe não é suficiente”, soma ainda o especialista.

E os mercados? E as agências de rating? “Portugal é visto neste momento como um país razoável. Se subirmos de 130% de dívida pública para 133%, se o que justificar forem coisas úteis aos olhos dos investidores… os investidores não são parvos”, responde Blanchard.

Olivier Blanchard, ex-economista-chefe do FMI, esteve esta sexta-feira na conferência Portugal, from here to where, a ouvir o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral.Paula Nunes / ECO 19 maio, 2017

O estudo argumenta no mesmo sentido. Defende que não faz sentido acelerar o ritmo de consolidação orçamental que está planeado pelo Governo de António Costa, porque os ganhos na redução da dívida pública são muito limitados. E se “uma consolidação mais rápida é má, poderia uma expansão orçamental, tendo em conta uma dívida pública tão elevada, ser justificada? Acreditamos que pode muito bem ser, se o aumento no défice for usado para aumentar o crescimento potencial”, lê-se no documento. “Por outras palavras, a expansão orçamental correta pode não aumentar os spreads, mas antes potencialmente fazê-los descer”, adiantam ainda os peritos.

Na prática, e em português comum, trata-se de “virar o bico ao prego”: se os analistas financeiros argumentam que uma descida ligeira do endividamento ou um corte no défice que ainda não se comprovou que seja para durar, não muita de forma significativa a avaliação externa que é feita do país, então uma subida ligeira, pelos bons motivos, também não deve mudar. “Temos de educar Bruxelas e as agências de rating”, remata Blanchard.

E o que poderia Portugal fazer com essa flexibilidade adicional?

Para Olivier Blanchard há poucas dúvidas: a prioridade deveria ser resolver o problema do malparado na banca, e reformar o mercado de produto. Não é que não haja outras áreas onde fosse importante intervir politicamente — como é o caso do mercado laboral — mas estas são aquelas onde o incentivo para agir pode ser maior, que politicamente, dada a configuração parlamentar que suporta o Governo de António Costa, seriam menos custosas, e que mais ganhos no crescimento potencial poderiam imprimir.

Primeiro o malparado: no estudo, os dois economistas explicam como o elevado peso do crédito malparado da banca limita o apoio a empresas mais produtivas e congela os esforços em casos perdidos. Aqui é a conhecida teoria do FMI que está por trás desta recomendação, e que recentemente também foi defendida por Francisco Lacerda, presidente da Cotec, ao ECO: as empresas que não são economicamente viáveis devem fechar, o quanto antes. Não devem absorver esforços nem capital.

“O essencial é que os créditos malparados sejam removidos [dos bancos] para que estes se possam virar para empresas produtivas em vez de empresas zombies”, resume Blanchard. E como é que isso se faz? “Não há receitas mágicas”, lê-se no estudo. “A melhor opção é, acreditamos, limpar os balanços dos bancos dos seus créditos malparados, recapitalizá-los de forma adequada e, em alguns deles, mudar a sua estrutura de governo”, adianta o documento.

Para isto, é preciso capital. O ideal é que as injeções de capital sejam suportadas pelos privados, mas se não houver capacidade para isso em todos os casos, esta pode ser uma das situações em que vale a pena reclamar a tal flexibilidade orçamental adicional e furar os limites comunitários para o défice.

“Se para alguns bancos não houver capital privado disponível, faz sentido injetar capital público”, assegura Blanchard.

Na medida em que algumas reformas têm vencedores e perdedores, frequentemente pode fazer politicamente sentido, bem como ser socialmente justificado, compensar parcialmente os perdedores.

Olivier Blanchard

Ex-economista-chefe do FMI

Depois, o mercado de produto. O economista explicou aos jornalistas que poderá fazer sentido apostar aqui. E, se for preciso, pagar aos “perdedores”, isto é, às camadas profissionais que ficam prejudicadas pelas reformas estruturais que venham a ser introduzidas.

O estudo feito em parceria com Pedro Portugal sumariza bem a ideia: o primeiro uso promissor da flexibilidade adicional é “aumentar o défice para ajudar a implementar e financiar as reformas estruturais. Na medida em que algumas reformas têm vencedores e perdedores, frequentemente pode fazer politicamente sentido, bem como ser socialmente justificado, compensar parcialmente os perdedores.”

Portugal não deve baixar o IRS

E já que estamos em onda de deixar subir o défice, faz sentido aproveitar para baixar o IRS? A medida está a ser negociada entre o Governo e os seus parceiros da esquerda, o BE e o PCP, já para o próximo orçamento do Estado. Blanchard diz “não”.

Baixar o IRS “daria um impulso ao crescimento de curto prazo, mas não traria mais do que isso. Aumentaria o consumo e o endividamento”, argumenta o economista. “Claramente não qualifica para uma medida que possa furar o limite do défice”, defende. E clarifica: “Se fizesse parte de uma comissão para validar uma redução dos impostos sobre o rendimento, eu diria não.”

Subir mais o salário mínimo é perigoso

Na sequência dos acordos com a esquerda parlamentar, António Costa inscreveu no seu Programa de Governo um aumento continuado do salário mínimo nacional, até atingir os 600 euros em 2019. Este compromisso tem vindo a ser reafirmado pelo Governo e está muito longe de ter sido esquecido por parte da esquerda.

A menos que as contribuições sociais sejam reduzidas (…), o plano para aumentar o salário mínimo para 600 euros em janeiro de 2019, quando deverá abranger 30% dos trabalhadores, é provável que tenha um efeito adverso no emprego.

Olivier Blanchard

Ex-economista-chefe do FMI

Mas Olivier Blanchard defende que esta pode ser uma ideia perigosa, já que o salário mínimo atual, de 557 euros mensais, já representa cerca de 60% do salário mediano. E este é um “sinal vermelho” para os economistas: a partir deste valor, os reflexos no emprego começam a ser visíveis, sobretudo para os trabalhadores com menos qualificações.

“A menos que as contribuições sociais sejam reduzidas (…), o plano para aumentar o salário mínimo para 600 euros em janeiro de 2019, quando deverá abranger 30% dos trabalhadores, é provável que tenha um efeito adverso no emprego”, explica o estudo.

Mas se subir o salário mínimo não é boa ideia, para os economistas voltar aos cortes salariais também dever ser colocado de parte. Provocaria uma quebra no consumo e nos preços, provavelmente deflação e aumento da dívida. Além disso, o caminho de ganhos de competitividade que o país já fez torna este argumento mais fraco, explica o estudo.

Sobre o mercado de trabalho, os peritos reconhecem que já foram feitas reformas mas defendem que se deve ir mais longe. As reformas, neste momento, devem contudo ser ao nível micro, centradas no conceito de flexi-segurança e sobretudo focadas em tornar “os custos do despedimento mais previsíveis para as empresas”, explica o estudo.

Também não deve pensar em reestruturações hard da dívida

Outra ideia que o economista retira de cima da mesa é a hipótese de reestruturações mais duras da dívida, do que a simples recompra de títulos e modelização das maturidades, como tem vindo a ser feito pelo IGCP.

“Portugal consegue pagar a dívida sem reestruturação. O custo de começar um debate desses seria enorme”, garante. Enorme porquê? “Portugal seria visto como a Grécia. E a última coisa que podem querem é ser vistos como a Grécia.” Blanchard é conservador neste ponto: “Não recomendaria tampouco iniciar esse debate”, diz. E frisa: “Portugal consegue superar sozinho.”

Nem faz sentido sair do euro

Os dois autores do estudo abordam a hipótese de Portugal sair do euro. Seria mais fácil para o país recuperar competitividade por essa via e voltar a crescer mais depressa? Blanchard e Portugal argumentam que não.

“O problema de competitividade de Portugal já foi largamente resolvido, ainda que não inteiramente”, lê-se no estudo. “Por isso o principal racional para a saída é muito mais fraco do que poderia ter sido mais cedo”, explicam. Mas fazem questão de sublinhar: “Isto não implica que o Euro seja um sistema perfeito, mas apenas que sair do Euro quase de certeza que não vale a pena para Portugal, neste momento.”

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Assange livra-se do processo por alegada violação

A procuradoria da Suécia desistiu do processo contra Julian Assange por alegada violação. Fundador do WikiLeaks está em asilo e ainda teme extradição para os Estados Unidos.

Sete anos depois, a procuradoria sueca desistiu da investigação ao fundador da WikiLeaks, Julian Assange, que era acusado de violação. Com 45 anos, Assange encontra-se em asilo na embaixada do Equador em Londres desde 2012, tendo evitado a extradição a Suécia, onde rapidamente seria detido.

“A procuradora chefe Marianne Ny decidiu hoje [sexta-feira] descontinuar a investigação preliminar às suspeitas de violação relacionadas com Julian Assange”, disse o gabinete da procuradoria, num comunicado citado pelo The Guardian. De acordo com o jornal, Assange tinha sido interrogado há seis meses em Londres, na presença de autoridades suecas, por causa deste processo. Agora, a procuradoria decide desistir, numa decisão claramente favorável ao polémico fundador, que sempre se declarou inocente.

Ainda assim, Assange teme ser extraditado para os Estados Unidos, onde enfrentaria um pesado processo devido ao meio milhão de documentos confidenciais do exército norte-americano, relacionados com as guerras no Afeganistão e no Iraque, que publicou no site WikiLeaks.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Santander contrata Citi para fazer oferta pelo Popular

  • Rita Atalaia
  • 19 Maio 2017

O banco liderado por Ana Botín quer avançar para a fase seguinte no processo de compra do Popular. O Santander contratou o Citi para preparar a proposta formal que vai apresentar ao banco espanhol.

O Santander contratou o Citi para ajudá-lo a preparar a proposta formal que vai apresentar ao Banco Popular. Este passo reforça o interesse do banco liderado por Ana Botín em ficar com a instituição financeira espanhola. Mas, nesta corrida, está ainda o Bankia e o BBVA, que parecem estar melhor colocados para passar a meta em primeiro lugar.

Fontes financeiras confirmaram ao El Confidencial que o Santander escolheu o banco liderado por Ignacio Gutierrez Orrantia. Depois de ter expressado interesse pelo banco, o Santander precisava agora de contratar um banco internacional para validar a proposta vinculativa. Desta forma, Ana Botín escolheu o Citi, que terá de definir os números da operação e desenhar a proposta.

A operação de venda do Banco Popular está a andar a todo o vapor. Depois de ter terminado o prazo para a apresentação de ofertas, há dois preferidos nesta corrida, avançou o Cínco Dias. Bankia e BBVA são os que melhor se posicionam para ficar com o banco espanhol. Quem ficar com o Popular conseguirá a liderança no mercado em Espanha.

O CaixaBank também demonstrou interesse. Embora esteja focado no crescimento internacional, o dono do BPI estuda a hipótese de avançar com uma oferta não vinculativa pelo Banco Popular. Deste modo, o banco catalão passaria à fase seguinte para poder analisar com maior profundidade os detalhes de um eventual negócio.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Marisa Matias: “Quem tem capitalizado mais a geringonça tem sido o PS”

Marisa Matias disse que é o PS quem mais tem "capitalizado" com a 'geringonça'. E considerou que o Governo deveria ter tomado outra atitude no caso do Novo Banco, como a nacionalização.

Marisa Matias, eurodeputada do Bloco de Esquerda (BE), diz que “quem tem capitalizado mais a geringonça tem sido o PS”. Numa entrevista à edição de fim de semana do jornal i [ligação indisponível], a também candidata às Presidenciais no ano passado, quando confrontada com a hipótese de os socialistas já não precisarem de apoios à esquerda, considera que “o PS a governar sozinho, até agora, significou a obediência total à UE [União Europeia] e com políticas liberais”, o que “levaria a um grande afastamento das pessoas”.

“O Governo devia ter feito toda a força possível no caso do Novo Banco, como do Banif, com o mesmo empenho que com a CGD. Apesar de não ser uma solução perfeita, na Caixa evitou-se aquilo que era a solução única, apresentada por Bruxelas, de privatizar. No caso do Novo Banco, depois de lá gastarmos muitos milhares de milhões de euros, a melhor solução que servia o país seria a nacionalização”, defendeu. E acrescentou: “Este confronto com Bruxelas tem de ser permanente para se conseguir fazer mais coisas.”

"No caso do Novo Banco, depois de lá gastarmos muitos milhares de milhões de euros, a melhor solução que servia o país seria a nacionalização.”

Marisa Matias

Eurodeputada do BE

Sobre o BE ter defendido o euro e agora falar de uma saída da União Europeia, Marisa Matias referiu que “continuará a haver posições diferentes no Bloco sobre essa matéria”. “É com essa diversidade de posições que eu vivo bem”, sublinhou. Recorde-se que, na última convenção do partido, a líder do partido, Catarina Martins, propôs referendar a saída de Portugal do euro. Sobre a sua posição, Marisa Matias referiu: “A coerência que temos de ter é no valores e nos princípios, não é dizer 20 anos seguidos as mesmas palavras.”

"É verdade que em relação ao euro houve uma evolução da nossa parte, mas ela acompanhou uma evolução mais global.”

Marisa Matias

Eurodeputada do BE

Na entrevista, a eurodeputada bloquista referiu ainda que a intervenção do Papa Francisco no Parlamento Europeu “foi provavelmente a intervenção mais à esquerda” que aquele parlamento “alguma vez teve oportunidade de ouvir”. “Fez um discurso muito centrado na luta contra a austeridade, sobre o cinismo da UE no tratamento dos refugiados e sobre as questões da pobreza.”

Marisa Matias aproveitou ainda a entrevista para criticar o antigo colega de bancada Rui Tavares. Questionada se está de acordo com a divisão do conflito político na UE entre “cosmopolitas favoráveis à Europa e nacionalistas xenófobos”, a bloquista disse achar que “a realidade é muito mais complexa do que isso”. “Não acho possível fazer um combate político nesses termos”, acrescentou.

"“A coerência que temos de ter é no valores e nos princípios, não é dizer 20 anos seguidos as mesmas palavras.”

Marisa Matias

Eurodeputada do BE

Concluiu, assumindo não estar “nada otimista” em relação à esquerda na Europa, muito devido ao que “se passou na Grécia”. “Não vale a pena varrer as coisas para debaixo do tapete, foi um grande golpe na esquerda europeia”, indicou a eurodeputada.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

“Portugal teve uma performance das exportações superior à da Alemanha”, diz Caldeira Cabral

  • Margarida Peixoto
  • 19 Maio 2017

O ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, identificou dois problemas estruturais e cinco oportunidades para a economia portuguesa.

Manuel Caldeira Cabral, ministro da Economia, frisou dois problemas estruturais e cinco oportunidades para Portugal crescer.Paula Nunes / ECO 19 maio, 2017

“Portugal teve nos últimos dez anos uma performance das suas exportações superior à da Alemanha”, defendeu o ministro da Economia, Caldeira Cabral, esta sexta-feira, na conferência Portugal, from here to where, em Lisboa. É certo que partiu de um ponto muito inferior, mas evoluiu mais depressa, defendeu o ministro. Esta é apenas uma das cinco oportunidades identificadas por Caldeira Cabral, para o crescimento da economia portuguesa.

Caldeira Cabral alinhou “dois problemas estruturais importantes” que Portugal evidencia, e “cinco oportunidades que devemos aproveitar”.

Do lado dos problemas, o ministro sublinhou “a dívida e a demografia.” Para responder ao excessivo endividamento, o governante frisou o programa Capitalizar e destacou as “medidas fiscais, de financiamento”, os “instrumentos de acesso ao mercado de capitais para pequenas empresas” e os “instrumentos de reestruturação.”

No que toca à questão demográfica, reconheceu que é “importante e vai ter efeitos quer na Segurança Social, quer no crescimento económico da economia portuguesa.”

Caldeira CabralPaula Nunes/ECO

Mas para responder a estas questões estruturais, Manuel Caldeira Cabral destacou cinco oportunidades:

  1. Qualificações: “Ao mesmo tempo que temos uma quebra na natalidade, estamos a substituir uma geração que está acima dos 60 anos por uma geração mais nova com níveis de qualificação diferentes”, explicou o ministro. “A geração entre os 25 e os 35 tem qualificações que comparam bem com, por exemplo, a população alemã”, defendeu. Esta geração entrou no mercado de trabalho no meio de uma crise internacional muito grande e teve pouca oportunidade de demonstrar o seu potencial, frisou, adiantando que agora o fundamental é permitir que estes jovens ganhem condições para fazer a diferença.
  2. Sistema judicial: é preciso “mudar o funcionamento do sistema judicial para torná-lo mais ágil e mais rápido”, defendeu Caldeira Cabral, sublinhando que esta é uma área em que “Portugal tem potencial para melhorar.”
  3. Energia: Portugal é um importador líquido de energia, sublinhou o ministro. “Mas Portugal ser hoje um país escasso em energia é uma questão de tecnologia”, garantiu, frisando que foram licenciados já “200 milhões de euros de energia solar”, sem qualquer subsídio. “Nas próximas décadas, Portugal poderá tornar-se um país abundante em energia”, sublinhou Caldeira Cabral, notando que este é “um défice estrutural que pode ser corrigido.”
  4. Inovação: “Um dos grandes desafios é melhorar o sistema de inovação”, disse Caldeira Cabral. Para isso, o ministro destaca o Programa Interface, que visa reforçar a ponte entre as empresas e as universidades.
  5. Internacionalização: Este é um ponto em que Portugal tem empresas de grande qualidade, frisou o ministro, notando que as exportações já vêm a crescer desde a última década. “Portugal teve nos últimos dez anos uma performance das suas exportações superior à da Alemanha”, defendeu, admitindo, contudo, que a economia alemã partiu de um ponto muito diferente, “desde logo de um superavit para um superavit ainda maior.”

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Nos multada em mais de 347 mil euros. Operadora recorre da decisão

A Nos voltou a ser multada pela Anacom, desta vez por "incumprimento de cláusulas contratuais". Coima é de 347.500 euros. Caso remonta aos tempos da Zon TV Cabo, ainda antes da fusão com a Optimus.

A Nos NOS 0,00% voltou a ser multada pela Anacom, desta vez no valor de 347.500 euros. A justificação apresentada pelo regulador das telecomunicações é “incumprimento de cláusulas contratuais”, num caso que remonta à antiga Zon TV Cabo, ainda antes da fusão com a Optimus.

Segundo a Anacom, a empresa “não aceitou pedidos de denúncia contratual por telefone, apesar de dispor de um sistema de validação de utilizador”. Além disso, “na mensagem que enviou aos clientes” que lhe apresentaram pedidos de denúncia incorretos, “não indicou o prazo de 30 dias úteis para o envio da documentação em falta, sob pena de caducidade da declaração de denúncia”. Também “não os informou, com caráter concreto, das obrigações emergentes da denúncia”, tais como “pagamentos de encargos relacionados com o período de fidelização e com a não devolução de equipamentos”.

A Anacom acusa ainda a antiga Zon TV Cabo de não aceitar “28 pedidos de denúncia apresentados num endereço por si divulgado ao público”, de não considerar como válidas “16 denúncias contratuais legíveis” e “corretamente instruídas” e, por fim, de não informar dois clientes “acerca dos períodos contratuais mínimos a que os mesmos estariam vinculados”. “Notificada da decisão e não se conformando, a Nos interpôs recurso de impugnação daquela decisão condenatória para o Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão”, lê-se num comunicado da Anacom.

Esta é já a terceira multa à Nos aplicada pela Anacom este ano. Em março, a empresa viu-lhe ser aplicada uma multa de 158.650 euros pela alegada prática de ilícitos relacionados com portabilidades. Em meados de abril, o regulador voltou a multar a Nos em 210.000 euros pela alegada prestação de informações falsas e por os funcionários do call center terem, alegadamente, assediado uma cliente idosa e doente com várias ofertas comerciais.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Faria de Oliveira: Bancos vão ficar “penhorados por 30 anos”

  • ECO
  • 19 Maio 2017

O presidente da APB afirma que a renegociação do empréstimo do Estado ao Fundo de Resolução vai manter a banca "penhorada durante 30 anos ou mais".

O presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB) afirma que a banca vai ficar “penhorada” durante 30 anos. Isto depois de ter sido adiado o prazo de pagamento do empréstimo que o Governo cedeu ao Fundo de Resolução. Faria de Oliveira salienta que a “taxa de juro do empréstimo e o custo desse empréstimo” não correspondem.

“De facto não há uma correspondência entre a taxa de juro do empréstimo e o custo desse empréstimo. A contrapartida que existe é que fica o setor bancário totalmente penhorado por 30 anos ou mais“, afirma Faria de Oliveira num encontro com jornalistas, de acordo com o Jornal Económico (conteúdo pago).

"De facto não há uma correspondência entre a taxa de juro do empréstimo e o custo desse empréstimo. A contrapartida que existe é que fica o setor bancário totalmente penhorado por 30 anos ou mais.”

Faria de Oliveira

Presidente da Associação Portuguesa de Bancos

O presidente da APB esclareceu que a “taxa de juro fixada terá tido em conta três fatores: a garantia da sustentabilidade do Fundo de Resolução, a garantia de estabilidade do setor financeiro e o custo do financiamento do Estado, que terá tido também em conta que a taxa é revista de cinco em cinco anos”.

O Ministério das Finanças explicou que a taxa de juro a aplicar aos empréstimos do Estado ao Fundo de Resolução “teve por base o custo de financiamento da República Portuguesa, acrescido de uma comissão” e garante que vai sendo “periodicamente atualizada”. Esta atualização será feita “de forma compatível com o indexante a considerar”, mas também “permitindo manter as condições de solvabilidade do Fundo de Resolução.”

Mas estas contas vão ser explicadas quando o Fundo de Resolução enviar os cálculos ao Parlamento, como revelou o presidente da comissão diretiva da entidade na comissão parlamentar de Orçamento e Finanças sobre a situação do Banco Espírito Santo e Novo Banco.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Oi está irregular na bolsa de valores norte-americana

A NYSE deu seis meses à Oi para submeter ao regulador norte-americano dos mercados o relatório anual respetivo ao exercício do ano de 2016. Além disso, a segunda lista de credores já é conhecida.

A bolsa de valores norte-americana deu seis meses à operadora brasileira Oi para que submeta o relatório anual relativo ao exercício do ano de 2016 junto da SEC, o regulador dos mercados nos Estados Unidos. O prazo conta a partir de 17 de maio e pode ser estendido por mais seis meses, informou a Oi num comunicado enviado aos mercados.

“A companhia está comprometida em arquivar o ‘Relatório Anual 2016’ o mais rapidamente possível e pode voltar a cumprir os requisitos de listagem contínua da NYSE [Bolsa de Valores de Nova Iorque] a qualquer momento antes do prazo fixado”, garante a empresa. “A companhia não possui as informações necessárias para estimar uma data específica em que arquivará o relatório”, acrescenta a Oi.

A empresa justifica a situação de incumprimento por estar “impossibilitada de completar a elaboração” das respetivas demonstrações financeiras de acordo com as regras de contabilidade “geralmente” aceites nos Estados Unidos. “Dadas as discussões em andamento com credores, potenciais investidores e outros investidores com relação à melhor proposta de Plano de Recuperação Judicial”, a empresa não foi capaz de determinar premissas “razoavelmente confiáveis” para avaliar o seu património.

"A companhia [Oi] está comprometida em arquivar o ‘Relatório Anual 2016’ o mais rapidamente possível e pode voltar a cumprir os requisitos de listagem contínua da NYSE [Bolsa de Valores de Nova Iorque] a qualquer momento antes do prazo fixado.”

Oi S.A.

em comunicado

Segunda lista de credores já é conhecida

A partir desta sexta-feira, está também disponível para consulta a segunda lista de credores da empresa, apresentada pelo administrador judicial da operadora no passado dia 15 de maio. São 356 páginas de dívidas a um conjunto bastante alargado de particulares, empresas e instituições. Uma das maiores dívidas é à Anatel, o regulador das telecomunicações no Brasil, a quem a Oi deve mais de 11,093 mil milhões reais, ou 3,102 mil milhões de euros, de acordo com a nova tabela.

A Oi está desde meados do ano passado ao abrigo de um processo de recuperação judicial, com vista a evitar a sua falência. Os mais de 17 mil milhões de euros em dívidas são o principal motivo e a empresa está a tentar fazer aprovar um plano de reestruturação. Há uma proposta da Orascom, a operadora egípcia, em cima da mesa, mas a empresa parece mais focada numa proposta de conversão de dívida em ações, através do qual os obrigacionistas poderão ficar com uma fatia de até 38% da empresa.

Ainda esta quinta-feira, a Justiça brasileira estendeu por mais 180 dias, ou até à reunião de credores, o período no qual são suspensas as ações de execução ou processos que ataquem o património da empresa e das subsidiárias — o chamado stay period. Recorde-se que o processo de recuperação da Oi é reconhecido à luz da Justiça portuguesa, e que a maior acionista é a portuguesa Pharol PHR 0,00% , antiga holding da PT, com uma participação de cerca de 27%.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Receios dos investidores aliviam. PSI-20 regressa ao verde

  • Rita Atalaia
  • 19 Maio 2017

Depois de uma sessão dominada pelos receios dos investidores em torno do Brasil e dos EUA, o dia é de recuperação. PSI-20 volta a subir, animado pelos ganhos da Galp Energia e da Jerónimo Martins.

Os receios em torno de uma nova crise política no Brasil e uma nova polémica nos EUA aliviaram. Esta melhoria do sentimento permitiu que a bolsa nacional regressasse ao verde, depois de três sessões em queda. O PSI-20 está a apanhar boleia dos ganhos da Galp Energia e da Jerónimo Martins.

O índice de referência nacional, o PSI-20, abriu a subir 0,38% para 5.093,32 pontos no arranque da sessão de Lisboa. “O mercado nacional tem sido influenciado pela performance do mercado brasileiro, já que as alegadas acusações proferidas contra Presidente Brasileiro Michel Temer exacerbaram a incerteza política mundial”, referem os analistas do BPI.

Michel Temer mergulhou o Brasil numa nova crise política ao tornar-se suspeito num esquema de corrupção. Nos EUA, Donald Trump é acusado de ter interferido numa investigação federal. Notícias que arrastaram a bolsa portuguesa para perdas de quase 1% na sessão anterior.

Mas hoje o dia é de recuperação no mercado nacional e europeu, em linha com o que aconteceu em Wall Street, na quinta-feira. Por cá, os ganhos estão a ser determinados pela valorização da Galp Energia, que sobe 0,58%, num dia de subida dos preços do petróleo. Também na energia, a EDP ganha 0,60% para 3,01 euros. Já a EDP Renováveis contraria esta tendência, caindo 0,40% para 6,95 euros.

No retalho, a Jerónimo Martins, outro dos pesos pesados do índice, acelera 0,7%. Ainda, do lado dos ganhos, destaque para os CTT. A empresa de serviços postais sobe 0,11%, no dia em que distribui dividendos aos acionistas, relativos ao exercício de 2016. O valor bruto do dividendo é de 48 cêntimos por ação. BCP, Corticeira Amorim e Mota-Engil acompanham este otimismo.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Moody’s: Portugal está a crescer. Mas dívida ainda é elevada

  • Rita Atalaia
  • 19 Maio 2017

O rating que a agência de notação atribui a Portugal é suportado pelo crescimento económico. Mas esta expansão é limitada pelo nível elevado da dívida, um dos mais expressivos na União Europeia.

A Moody’s reconhece a recuperação económica de Portugal. Mas a agência de notação diz que a dívida elevada do Governo continua a limitar os esforços de crescimento. Uma conclusão revelada num novo relatório, depois de a Moody’s não se ter pronunciado pela segunda vez sobre a dívida portuguesa.

“O perfil de crédito de Portugal é suportado pela recuperação económica, regresso aos mercados de capital, diversificação económica e níveis relativamente elevados de riqueza média“, afirma Evan Wohlmann, analista da Moody’s. A agência estima que a recuperação económica portuguesa vai continuar, “com um aumento do produto interno bruto (PIB) para 1,7% em 2017, antes de moderar para 1,4% em 2018″.

"O perfil de crédito de Portugal é suportado pela recuperação económica, regresso aos mercados de capital, diversificação economia e níveis relativamente elevados de riqueza média.”

Evan Wohlmann

Analista da Moody’s

Mas há um obstáculo a este crescimento: o nível elevado de dívida. “A principal limitação de Portugal está relacionada com o nível muito elevado de dívida do Governo. Embora estimemos uma descida do nível da dívida enquanto percentagem do PIB este ano, qualquer redução será apenas gradual“, alerta. O rácio dívida/PIB de Portugal continua a ser um dos mais elevados na União Europeia e o mais expressivo nos países com rating Ba1.

Foi no passado dia 5 de maio que agência de notação manteve o rating de Ba1, considerado lixo e que se mantém desde julho de 2014. O outlook, que mostra a tendência de evolução da notação nos próximos meses, continuará também estável, o que indica que a agência norte-americana não pondera alterações ao rating para breve. A próxima avaliação está agendada para 1 de setembro.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Já há data: é na segunda-feira que a Comissão diz se tira Portugal do PDE

  • Margarida Peixoto
  • 19 Maio 2017

A Comissão Europeia vai revelar na próxima segunda-feira qual a sua decisão sobre o Procedimento por Défice Excessivo português. Bruxelas publicará também que recomendações faz ao país.

Na próxima segunda-feira, 22 de maio, Portugal vai saber se saiu do Procedimento por Défice Excessivo (PDE). Depois da reunião do colégio de comissários, decorrida na terça-feira, a Comissão Europeia vai revelar que decisão tomaram e quais são as recomendações de política económica e financeira, específicas para o país.

Os dados mais recentes colocam Portugal bem encaminhado para se libertar do PDE. A primeira condição para a saída foi cumprida: em 2016, o défice orçamental for cortado para um valor confortavelmente abaixo do limite de 3% do PIB. Como revelou o Instituto Nacional de Estatística, o défice foi de 2% — um número abaixo tanto da meta do Governo, como da própria Comissão Europeia, que tinha fixado 2,5% como objetivo.

Os saldos orçamentais portugueses nos anos de PDE

Fonte: INE

A segunda condição para a saída é saber se o corte do défice é sustentável, isto é, se não foi apenas uma conquista pontual, que se perderá à primeira contrariedade. Este é o ponto onde se têm levantado algumas dúvidas: apesar de a Comissão Europeia ter antecipado uma trajetória de défice até, pelo menos, 2018 sempre abaixo do limite de 3%, avisa que esta projeção não tem ainda em conta o potencial impacto da recapitalização da Caixa Geral de Depósitos, realizada no primeiro trimestre deste ano.

O modo de registo da operação — que implicou uma injeção de dinheiro público na ordem dos 2,5 mil milhões de euros, a conversão de 900 milhões de euros de CoCo’s em capital do banco e ainda a transferência de 49% da Parcaixa para a CGD, no valor de 500 milhões de euros — ainda não está definido e só deverá ser conhecido em junho.

Além disso, em termos estruturais a Comissão não acredita, pelo menos para já, na redução do défice orçamental prometida pelo Governo de António Costa. Nas Previsões de Primavera, Bruxelas nota que não consegue identificar as medidas que justificam a projeção de uma redução estrutural do défice por parte do Executivo. E por isso estima, ao contrário do que garante o ministro das Finanças português, que o défice estrutural vai subir tanto em 2017, como em 2018.

Ainda assim, os dados mais recentes da evolução da atividade económica reforçam o argumento a favor da saída: o PIB cresceu 2,8% no primeiro trimestre do ano, superando todas as expectativas. Com este valor de crescimento, muitos analistas já reviram em alta as suas projeções para o conjunto do ano, apontando para um crescimento superior a 2%. A confirmar-se, este valor fica acima da previsão do Governo (de 1,5%) que serviu de base ao desenho do Orçamento do Estado para 2017.

O número representa por isso um grau acrescido de confiança na meta orçamental do Executivo, fixada em 1,6% no OE2017 e 1,5% no Programa de Estabilidade. A previsão de Bruxelas para o défice de 2017 é de 2,2%, mas o raciocínio é o mesmo: a confiança num défice em torno de 2% aumenta assumindo o pressuposto de que o PIB ficará mais alto.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Metro: Circulação retomada na linha amarela

A circulação na linha amarela do metro de Lisboa esteve interrompida esta sexta-feira devido a "incidente com passageiro", mas foi retomada por volta das 11h25.

A circulação na linha amarela, que liga Odivelas ao Rato, esteve interrompida esta sexta-feira, devido a um “incidente com passageiro”, mas foi retomada às 11h25, segundo declarações de uma fonte da empresa à agência Lusa.

Durante a manhã, o metro de Lisboa, no seu site, indicava que “devido a incidente com passageiro está interrompida a circulação. Não é possível prever a duração da interrupção, que poderá ser prolongada. Pedimos desculpa pelo incómodo causado”.

Ao ECO, fonte oficial do metropolitano de Lisboa confirmou ter-se tratado de uma “tentativa de suicídio” não consumada em Entrecampos, por volta das 8h59. “Estabeleceu-se coordenação com a Carris, a CP e a Fertagus no sentido de minimizar o impacto desta interrupção na linha amarela junto dos passageiros”, acrescentou a mesma fonte. No local estiveram os bombeiros, o INEM e a polícia.

Linha verde não abriu a horas

Ao início da manhã, a linha verde, que liga Telheiras ao Cais do Sodré, também não abriu a horas, ainda que os dois casos não estejam relacionados. Às 6h30, pelo menos duas estações encontravam-se fechadas, tendo a circulação sido retomada já por volta das 7h15. “Devido a avaria de comboio está interrompida a circulação. Não é possível prever a duração da interrupção, que poderá ser prolongada. Pedimos desculpa pelo incómodo causado”, lia-se numa informação no site do metropolitano.

Às 6h30 desta sexta-feira, a hora de início da exploração, a estação de Telheiras encontrava-se fechada. Uma fonte confirmou que, na avenida Almirante Reis, várias pessoas aguardavam à entrada de uma estação de metro. Por volta das 7h15, a informação indicativa no site do metro já referia que a circulação estava normalizada. A avaria não afetou a restantes linhas.

(Notícia atualizada às 10h21 e às 12h50, com o aviso de circulação retomada.)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.