Investimento em robôs acelera. Vendas alcançam valor recorde de 16,5 mil milhões

Em 2018, foram instalados mais de 420 mil robôs em todo o mundo. Até 2022, o número deverá subir para os 584 mil.

As encomendas de robôs não páram de disparar. As empresas estão dispostas a despender milhares de euros para estarem na vanguarda da tecnologia e, no ano passado, não contiveram as suas compras. Em 2018, as vendas mundiais de robôs ascenderam a 16,5 mil milhões de dólares.

De acordo com o estudo World Robotics, divulgado pela Bloomberg (acesso pago, conteúdo em inglês), foram instalados mais de 420 mil robôs no ano passado, o que fez com que as vendas chegassem ao valor recorde de 16,5 mil milhões de dólares, o equivalente a 15 mil milhões de euros.

“Vemos que a dinâmica de 2018 foi muito positiva com um novo recorde nas vendas, mesmo que os principais clientes –- a indústria da automação e eletrónica –- tenham tido um ano difícil”, disse Junji Tsuda, presidente da Federação Internacional de Robótica, citado pela Bloomberg.

A China foi quem assumiu a maior fatia neste montante. “Mais de um terço das instalações [de robôs] globais estão na China”, revela o estudo, acrescentando que o seu investimento rondou os 5,4 mil milhões de dólares.

A expectativa é que o investimento em robôs continue a aumentar. A previsão é que, até 2022, o número de robôs instalados suba para 584 mil.

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EDP “vai avaliar” o que está nas 300 páginas da condenação da AdC

Depois de ter sido notificada pela Autoridade da Concorrência sobre a multa de 48 milhões, a elétrica liderada por António Mexia diz que vai "avaliar o que está no documento".

A Autoridade da Concorrência (AdC) aplicou uma multa de 48 milhões de euros à EDP por abuso de posição dominante, tendo manipulado a oferta no serviço de telerregulação. A elétrica liderada por António Mexia diz que vai “avaliar o que está no documento”.

“Fomos notificados hoje pela Autoridade da Concorrência acerca da decisão. Temos de avaliar o que está no documento”, disse fonte oficial da EDP ao ECO.

Esta quarta-feira, a AdC condenou a EDP ao pagamento de uma coima no valor de 48 milhões de euros, por abuso de posição dominante no mercado da banda de regulação secundária em Portugal Continental durante cinco anos. O ECO sabe que a decisão tem cerca de 300 páginas.

Entre 2009 e 2013, a EDP Produção “manipulou a sua oferta” do serviço de telerregulação ou banda de regulação secundária. A elétrica limitou a oferta de capacidade das centrais em regime de Custos de Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC) para depois a oferecer através das centrais em regime de mercado. Ou seja, foi assim “duplamente beneficiada, em prejuízo dos consumidores”.

“Através da prática que desenvolveu, a EDP Produção pôde, simultaneamente, obter maiores compensações públicas pagas no âmbito do regime CMEC e beneficiar de receitas mais elevadas no mercado através das suas centrais não-CMEC“, salientou a AdC.

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Porque é que a EDP foi multada pela AdC? 15 perguntas e respostas

  • ECO
  • 18 Setembro 2019

O que são os CMEC? O que é que a EDP fez? E de que forma é que a elétrica lesou os consumidores, são algumas das questões que se colocam perante esta multa. Veja as respostas.

A EDP foi condenada a pagar 48 milhões de euros pela Autoridade da Concorrência (AdC). A multa diz respeito a abuso de posição dominante, que implicou a manipulação da oferta do serviço de telerregulação ou banda de regulação secundária. Segundo a autoridade, a EDP Produção conseguiu assim obter duplas compensações ao longo de cinco anos.

Dos Custos de Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC) à coima aplicada à elétrica portuguesa, veja as perguntas que o vão ajudar a compreender melhor esta multa. As respostas foram dadas pela Autoridade da Concorrência.

1. O que são os CMEC?

Os Custos de Manutenção do Equilíbrio Contratual foram um mecanismo criado pelo Governo português no ano de 2004, para compensação das unidades de geração de energia, em troca da rescisão antecipada dos Contratos de Aquisição de
Energia (CAE) que tinham assinado com o Gestor Global do Sistema (GGS), a REN.

O objetivo dos CMEC foi, assim, garantir que as unidades de geração de energia elétrica obtivessem uma remuneração idêntica à que poderiam ter caso os CAE não tivessem sido rescindidos, traduzindo-se a respetiva remuneração num pagamento adicional sobre as receitas obtidas no mercado, para que a margem total angariável pela unidade geradora se aproximasse da que havia sido contratada nos CAE.

2. O que são serviços de sistema?

Trata-se de serviços necessários para a operação do sistema elétrico nacional, com adequados níveis de segurança, estabilidade e qualidade de serviço. Estes serviços permitem à REN, enquanto Gestor Global do Sistema (GGS), garantir o equilíbrio permanente entre a energia produzida e a energia consumida, gerindo os eventuais desvios entre a energia que foi programada fornecer nos mercados organizados e a energia que é efetivamente necessária à satisfação da procura em tempo real.

3. O que é a banda de regulação secundária ou telerregulação?

É um dos serviços de sistema ao dispor do GGS para garantir o equilíbrio constante entre produção e consumo, corrigindo os desequilíbrios num prazo entre 30 segundos e cinco minutos. O serviço oferecido ao GGS traduz-se na capacidade de variar produção numa determinada banda, sendo remunerado segundo a disponibilidade (reserva disponibilizada para baixar ou aumentar a produção) e a sua mobilização (energia efetivamente utilizada a baixar ou a subir).

A prestação deste serviço é assegurada normalmente por um regulador central automático, instalado no GGS, sobre os grupos geradores das centrais que se encontrem devidamente equipadas para o efeito.

4. A prática pela qual a EDP Produção foi condenada afeta a concorrência de que forma?

A EDP Produção foi condenada pela AdC por abuso de posição dominante, na forma de abuso de exploração. O comportamento da EDP Produção consistiu na limitação de capacidade de prestação de banda de regulação secundária das centrais em regime CMEC, com remuneração garantida, desviando a prestação desse serviço para centrais em regime de mercado da EDP Produção, aumentando desnecessariamente os custos para o Sistema Elétrico Nacional.

Esta prática conduziu, ainda, a um aumento dos preços da banda de regulação secundária, pago pelo GGS, que se repercutiu nos custos do sistema elétrico nacional, por sua vez refletidos nas tarifas incluídas nos preços da energia elétrica pagos pelos
consumidores finais.

5. Quantas e quais eram as empresas concorrentes da EDP Produção neste mercado?

As concorrentes da EDP Produção no mercado da banda de regulação secundária, entre 2009 e 2013, foram a REN Trading, a Iberdrola e a Endesa.

6. E os consumidores, como foram lesados?

O comportamento da EDP Produção foi duplamente lesivo para os consumidores. Por um lado, conduziu à obtenção, pela EDP Produção, de compensações públicas mais elevadas ao abrigo do regime CMEC, as quais se refletem nas tarifas de acesso às redes suportadas pelos consumidores. Por outro lado, levou ao aumento dos preços no mercado da banda de regulação secundária, refletindo-se tal sobrecusto neste mercado nos preços finais da energia pagos pelos consumidores.

Estima-se que a prática da EDP Produção tenha gerado para o sistema elétrico nacional e, portanto, para os consumidores, um dano de cerca de 140 milhões de euros.

7. Como foi detetada esta prática?

Em 13 de março de 2013, a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) dirigiu à AdC um ofício, acompanhado de um Estudo, analisando a evolução e formação de preços dos serviços de sistema, com especial incidência no mercado da banda de regulação secundária.

A ERSE suscitou à AdC a análise e identificação de eventuais práticas anticoncorrenciais, tendo qualificado o comportamento da EDP Produção subjacente às respetivas estratégias de oferta no mercado da banda de regulação secundária como uma “atuação em uso do poder de mercado”, potencialmente restritiva da concorrência.

8. Se os factos dizem respeito ao período entre 2009 e 2013, porque é que a AdC só abriu um inquérito em 2016?

No seguimento da análise da referida participação da ERSE, matéria que a AdC já vinha, aliás, a acompanhar em sede de supervisão, a AdC emitiu, em 25 de novembro de 2013, uma Recomendação ao Governo relativa ao regime CMEC. Na sequência da participação da ERSE e da Recomendação da AdC, o Secretário de Estado da Energia impôs, por Despacho n.º 4694/2014, de 1 de abril, a adoção de um conjunto de medidas para corrigir os problemas identificados no mercado da banda de regulação secundária.

O mesmo Despacho mandatou ainda a REN para a realização de uma auditoria, tendo por objeto apurar e quantificar as distorções no mercado da banda de regulação secundária decorrentes da atuação das centrais em regime CMEC. A referida Auditoria veio a ser realizada pela consultora internacional The Brattle Group, tendo sido concluída apenas em junho de 2016. O inquérito da AdC foi aberto na sequência dos resultados da Auditoria.

9. A condenação da EDP Produção diz respeito à existência dos CMEC?

A decisão condenatória da AdC diz respeito ao comportamento da EDP Produção no mercado da banda de regulação secundária, em particular através da limitação da oferta de capacidade das respetivas centrais em regime CMEC. Não está em causa a existência dos CMEC, mas antes a utilização (abusiva) que foi feita do respetivo regime em favor da empresa e em prejuízo dos consumidores.

10. Se os CMEC foram definidos pelo Estado português, porque é que a empresa não podia beneficiar deles?

Na perspetiva da AdC, a EDP Produção não se limitou a beneficiar dos CMEC, tendo-se servido efetivamente do sistema regulatório para explorar a sua posição dominante no mercado da banda de regulação secundária em Portugal Continental, com vista à adoção de uma estratégia de restrição de oferta de capacidade, que lhe permitiu beneficiar de preços e compensações públicas mais elevadas, com evidente prejuízo dos consumidores nacionais.

À luz do Direito da Concorrência, um sistema regulatório, como o regime CMEC, apenas pode isentar uma empresa de responsabilidade se o comportamento ilícito lhe for imposto, exigido ou determinado pela legislação nacional. No presente caso, a EDP Produção manteve integralmente a sua autonomia de conduta, tendo sido por sua própria iniciativa e decisão que adotou uma conduta abusiva de restrição da oferta de banda de regulação secundária.

11. O procedimento sancionatório da AdC esteve relacionado com a Comissão Parlamentar de Inquérito aos CMEC? E com o processo que o Ministério Público tem em curso?

O objeto do procedimento sancionatório da AdC restringiu-se à apreciação, à luz do Direito da Concorrência, da identificada limitação da oferta de capacidade de banda de regulação secundária pela EDP Produção, em particular nas suas centrais em
regime CMEC. Não existe, nesse sentido, sobreposição com a investigação da Comissão Parlamentar de Inquérito aos CMEC ou com o inquérito criminal do Ministério Público.

12. É expectável que, depois desta coima, a fatura da eletricidade baixe?

A Recomendação da AdC de 25 de novembro de 2013 conduziu à cessação gradual da prática investigada e agora sancionada, com impacto positivo para o Sistema Elétrico Nacional e para os consumidores, uma vez que permitiu a redução do preço de mercado da banda de regulação secundária, das compensações CMEC à EDP Produção e, por conseguinte, do valor total da fatura da eletricidade.

A presente decisão condenatória e a coima aplicada tiveram por fim punir a conduta da EDP Produção no mercado de banda de regulação secundária em Portugal Continental entre 2009 e 2013, a qual constitui uma infração ao regime jurídico da concorrência.

13. Como foi determinada a coima a pagar pela EDP Produção?

Na determinação da coima aplicada à EDP Produção, a AdC usou a metodologia definida nas suas Linhas de Orientação para o cálculo de coimas, de acordo com a Lei da Concorrência, que prevê um máximo de 10% sobre o volume de negócios da empresa condenada no ano anterior à decisão. Foram particularmente considerados os seguintes critérios: a gravidade da infração, a natureza e a dimensão do mercado afetado pela infração, a duração da infração e a colaboração prestada à AdC até ao termo do procedimento.

14. Tendo em conta a estimativa de prejuízos para os consumidores no valor de 140 milhões de euros, será suficiente uma coima de 48 milhões de euros?

O valor da coima aplicada pela AdC neste processo é uma das mais elevadas alguma vez aplicadas pela AdC a uma empresa individual. Por outro lado, importa desde logo esclarecer que os procedimentos sancionatórios da AdC e, por conseguinte, as coimas aplicadas não têm por objetivo ressarcir danos, mas sim, punir violações do regime jurídico da concorrência, dissuadindo as empresas de futuras infrações, bem como pôr fim às práticas em causa.

Note-se que, atualmente, na sequência da transposição da Diretiva Private Enforcement para o quadro jurídico português, perante uma decisão condenatória da AdC, uma empresa enfrenta, não só o pagamento da coima, mas também a possibilidade de qualquer pessoa (singular ou coletiva) que tenha sofrido danos causados por uma violação do Direito da Concorrência recorrer aos tribunais para procurar obter o respetivo ressarcimento. A Decisão da AdC constitui, nesta sede, um importante instrumento no acionar das ações indemnizatórias.

Por outro lado, é de referir que os benefícios para a EDP Produção que advieram de uma sobrecompensação no âmbito do regime CMEC foi objeto de auditoria realizada pela Brattle, que resultou de uma recomendação da AdC em novembro de 2013. Os resultados da auditoria confirmaram uma sobrecompensação nas centrais CMEC e não-CMEC da EDP Produção, em prejuízo dos consumidores. A Comissão de Acompanhamento à Auditoria, da qual fez parte a AdC, recomendou “Equacionar, nos termos do n.º 4 do artigo 5º do Despacho 4694/2014, de 1 de abril, uma devolução no âmbito da revisibilidade CMEC do valor da sobrecompensação estimado pelo Auditor”.

15. Que tipo de atuação pode ter a AdC ao detetar práticas anticoncorrenciais?

A AdC tem poderes sancionatórios das infrações à Lei da Concorrência e ao Tratado de Funcionamento da União Europeia (TFUE) essencialmente no que diz respeito a dois tipos de prática correspondentes aos artigos 101 e 102 do TFUE: as concertações entre empresas e os abusos de posição dominante, como é o presente caso.

A deteção de práticas lesivas da concorrência pode ser alcançada através de denúncia ou por iniciativa própria da AdC perante indícios num determinado mercado. Para tal, contribuem essencialmente os estudos económicos que podem ter como resultado recomendações dirigidas ao Governo ou a outros responsáveis públicos no sentido repor as condições de concorrência num determinado mercado. Vejam-se os exemplos recentes do Issues Paper sobre Inovação Tecnológica e Concorrência no Setor Financeiro, os estudos sobre Ecossistemas Digitais, Big Data e Algoritmos ou ainda a Recomendação sobre Liberalização do
Serviço de Transportes Ferroviários de Passageiros.

A concorrência nos mercados é ainda garantida por limitações às aquisições de empresas, de modo a impedir a criação de monopólios ou a criação de empresas com excessivo poder de mercado, o que é feito através da análise às operações de concentração notificáveis à AdC ao abrigo da Lei da Concorrência.

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Arábia Saudita culpa Irão pelo ataque às instalações petrolíferas. EUA aumentam sanções

  • ECO e Lusa
  • 18 Setembro 2019

O Ministério da Defesa da Arábia Saudita revelou imagens e vídeos de destroços de drones e mísseis utilizados nas agressões de sábado. Sauditas dizem que tese da culpa do Iémen no ataque é falsa.

O Ministério da Defesa da Arábia Saudita diz ter provas físicas sobre o envolvimento do Irão nos ataques à petrolífera saudita Aramco, entre as quais os destroços de drones e mísseis utilizados nas agressões. Os EUA também têm apontado o dedo ao Irão, que desmente, ameaçando retaliar caso seja atacado. Entretanto, o Presidente dos EUA deu instruções ao secretário de Estado do Tesouro para aumentar as sanções económicas ao Irão.

De acordo com a BBC, o Ministério saudita refere que foram utilizados 18 drones e sete mísseis de cruzeiro nos ataques e de uma direção que não o Iémen. Perante as provas físicas encontradas, o Governo saudita afirma que os destroços provam que os ataques foram “inquestionavelmente patrocinados pelo Irão”. Para comprovar essa tese, em conferência de imprensa foram mostradas imagens e vídeos relativos a alguns destroços, como, por exemplo, asas em forma de delta — uma característica dos drones iranianos, segundo porta-voz do Ministério da Defesa da Arábia Saudita, Turki al-Malki.

Para o executivo saudita o ataque terá partido do Norte do país e não do Sul, onde fica o Iémen. “Este ataque não teve origem no Iémen, apesar de todo os esforços do Irão para tentar passar essa ideia”, disse o porta-voz saudita, acrescentando que “a cooperação do Irão com um grupo na região [os Houthis] está a ser usada para criar esta falsa narrativa”.

O porta-voz referiu ainda que os dados recolhidos pelos aparelhos informáticos incorporados nos drones demonstram que o ataque teve origem iraniana. Estes novos detalhes contrariam a informação confirmada pelos rebeldes iemenitas (Houthis) — que já tinham lançado vários ataques contra a Arábia Saudita como retaliação pela intervenção da coligação liderada pelos sauditas na guerra que o país enfrenta desde 2015 –, de que tinham sido responsáveis pelo ataque.

Irão nega ataque e avisa formalmente EUA de que vai responder a qualquer agressão

Ainda antes da conferência de imprensa desta quarta-feira, e depois de o Irão ter negado qualquer ataque, o presidente dos Estados Unidos da América (EUA) informou, via Twitter, que deu instruções ao Secretário de Estado do Tesouro para aumentar as sanções económicas ao Irão.

Esta não é a primeira vez que os EUA impõem sanções ao país iraniano desde que saíram do acordo nuclear, situação que tem vindo a afetar a moeda do Irão, com preços mais altos e escassez de produtos, refere a Bloomberg. Perante a escalada de tensão entre os dois países, o Irão tem vindo a reduzir os seus compromissos no acordo e reitera que não abrirá espaço a negociações sem o alívio das sanções.

Apesar de Donald Trump não ter culpado diretamente o Irão pelos ataques de sábado, Mike Pompeo e outros oficiais norte-americanos consideraram que a localização dos drones e armas sugerem que o ataque não tenham sido lançado do Iémen, posição agora fortalecida com as informações do Ministério da Defesa Saudita.

Numa nota oficial publicada esta manhã na imprensa iraniana, o Executivo iraniano adverte que tomará uma “resposta imediata” caso haja algum ataque por parte dos EUA. “Caso venha a ser levada a cabo qualquer ação contra o Irão haverá uma resposta imediata e o alcance da resposta não se vai limitar a uma ameaça”.

Na segunda-feira, foi enviado um documento por parte das autoridades de Teerão à representante dos interesses norte-americanos na embaixada da Suíça na capital do Irão, visto que os Estados Unidos não têm relações diplomáticas com a República Islâmica. Na carta, o governo iraniano sublinha que os ataques contra a Aramco “não foram obra do Irão”, condenando e desmentindo as acusações.

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De engenheiro civil a secretário de Estado. Quem é José Artur Neves?

  • Lusa
  • 18 Setembro 2019

Iniciou o seu percurso político como presidente da junta de freguesia de Alvarenga, passou pela Brisa, chegando depois ao Governo, como secretário de Estado.

A demissão do antigo autarca de Arouca, câmara que dirigiu durante três mandatos, surgiu na sequência de buscas realizadas esta quarta-feira no âmbito do caso das golas antifumo, distribuídas do programa “Aldeia Segura”.

José Artur Neves, nascido há 56 anos em Alvarenga, concelho de Arouca, iniciou o seu percurso político como presidente da junta de freguesia da sua terra natal entre 1993 e 2001, paralelamente à sua atividade no setor da construção, sendo licenciado em Engenharia Civil. Nesse período, pertenceu aos quadros da Brisa, foi diretor de Construção na Autoestradas do Atlântico e gestor de contratos no Grupo Cerejo dos Santos.

Depois, foi eleito presidente da Câmara Municipal de Arouca pelo PS em 2005 e abandonou em 2017 a atividade autárquica por ter atingido o limite de mandatos. Chegou ao Governo a meio da legislatura, em substituição do então secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, que saiu do cargo na sequência da demissão da ministra da Administração Interna, Constança Urbano Sousa.

José Artur Neves assumiu, a convite do novo ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, a Secretaria de Estado (que passou a designar-se Proteção Civil), com o objetivo de gerir os meios de combate a incêndios no pior ano da última década que Portugal registou em fogos florestais.

Naquele ano, registaram-se mais de 100 mortos e acima de 500 mil hectares de área ardida, provocando a demissão da ministra da Administração Interna. Antes de chegar ao executivo, José Artur Neves liderou durante 12 anos um concelho que, entre 2015 e 2017, também foi severamente atingido pelas chamas.

Em Arouca, entre 07 e 17 de agosto de 2016, arderam 15.500 hectares de floresta, provocando prejuízos que a autarquia estimou em mais de cem milhões de euros, naquele que foi um dos piores incêndios daquele ano. Além da Proteção Civil, que foi este ano alvo de uma nova lei orgânica, José Artur Neves tinha também a tutela da segurança rodoviária, outra área alvo de críticas, atendendo aos números de sinistralidade nas estradas, que persistem elevados.

Antes do caso das golas antifumo, o secretário de Estado da Proteção Civil perdeu o seu chefe gabinete, Adelino Mendes, que se demitiu, a 2 de maio, no seguimento de uma investigação sobre ilegalidades na obtenção de subsídios.

Naquele dia, o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) revelou que foram constituídos 19 arguidos (oito pessoas singulares e 11 pessoas coletivas), entre os quais Adelino Mendes, no âmbito de um inquérito a crimes de fraude na obtenção de subsídio, fraude fiscal qualificada, branqueamento e falsificação de documento.

José Duarte Neves esteve ainda envolvido noutra polémica depois de se saber, no final de julho, que o seu filho celebrou pelo menos três contratos com o Estado, após o pai ter assumido funções governativas. O governante rejeitou sempre qualquer relação com este caso e continuou em funções, mas na mesma altura foi revelada a controvérsia que lhe iria custar o cargo.

Em 26 de julho, o Jornal de Notícias noticiou que 70 mil golas antifumo fabricadas com material inflamável e sem tratamento anticarbonização, que custaram 125 mil euros, foram entregues pela Proteção Civil no âmbito dos programas “Aldeia Segura” e “Pessoas Seguras”. O caso da aquisição dos ‘kits’ de emergência levou o ministro da Administração Interna a abrir um inquérito sobre a contratação de “material de sensibilização para incêndios”.

Dois dias depois da decisão do ministro, o adjunto do secretário de Estado da Proteção Civil, Francisco Ferreira, demitiu-se, depois de ter sido noticiado o seu envolvimento na escolha das empresas que produziram os ‘kits’ de emergência.

A polémica acabou por atingir esta quarta-feira o próprio José Artur Neves, no dia que se realizaram mais de meia centena de buscas sobre as práticas enquadradas nos Programas “Aldeia Segura”, “Pessoas Seguras” e “Rede Automática de Avisos à População” por suspeitas de fraude na obtenção de subsídio, de participação económica em negócio e de corrupção.

“Em causa estão práticas levadas a cabo no contexto de uma operação cofinanciada pelo Fundo de Coesão da União Europeia (…), enquadradas nos Programas “Aldeia Segura”, “Pessoas Seguras” e “Rede Automática de Avisos à População”, segundo a Procuradoria-Geral da República.

As buscas decorreram em vários locais, incluindo o Ministério da Administração Interna, a Secretaria de Estado da Proteção Civil, a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil e comandos distritais de operações de socorro. A demissão de José Artur Neves acontece a pouco mais de duas semanas das eleições legislativas, marcadas para 6 de outubro.

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Lloyd’s volta aos lucros, mercado respira de alívio

  • ECO Seguros
  • 18 Setembro 2019

Depois de dois anos a perder dinheiro, a Lloyd's livrou-se de 10% dos seus piores negócios e já apresentou 2,6 mil milhões de euros positivos no primeiro semestre deste ano.

A Lloyd’s registou um resultado semestral antes de impostos de 2,6 mil milhões de euros, o quádruplo do verificado há um ano, indiciando que no final de 2019 os resultados anuais serão positivos, ao contrário do apresentado nos dois últimos exercícios.

O volume de prémios subiu, face ao período homólogo de 2018, em 1,7% para os 19,7 milhões de libras (22,7 mil mihões de euros), apesar da adoção da política imposta pelo novo CEO Jon Neal aos syndicates para se verem livres de 10% do pior negócio de cada carteira de subscrições.

Ainda assim o rácio combinado aumentou de 95,5% para 98,8%, refletindo exatamente problemas com subscrições de anos anteriores, já que os custos operacionais baixaram de 39,3% do volume de prémios brutos do primeiro semestre de 2018, para 38,1% este ano.

Os recursos líquidos ficaram, no final do primeiro semestre deste ano, em 36,3 mil milhões de euros em lugar mais 8 mil milhões quando comparado com dezembro de 2018. Neste mesmo período o rácio de solvabilidade aumentou de 249% para 266%.

As notas de rating da Lloyd’s foram recentemente confirmadas em A+ pela Standard & Poor’s, em A Excellent pela AM Best e em AA- pela Fitch.

Comentários nos principais meios especializados em seguros indicam que esta notícia foi excecionalmente bem recebida pelos operadores em todo o mundo.

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Artur Neves não vai ser substituído. Eduardo Cabrita acumula pasta da Proteção Civil até final da legislatura

O secretário de Estado da Proteção Civil demissionário não vai ser substituído, passando a sua pasta a ser acumulada pelo ministro da Administração Interna até ao final da legislatura.

Face à aproximação do fim da legislatura, Artur Neves não será substituído no cargo de secretário de Estado da Proteção Civil, do qual se demitiu esta sexta-feira. A pasta que até então estava nas suas mãos passará, assim, a ser da responsabilidade do ministro da Administração Interna até outubro, informou o gabinete do primeiro-ministro.

Aceitei o pedido de exoneração do secretário de Estado da Proteção Civil. Quero nesta ocasião agradecer a Artur Neves o contributo decisivo para a forma como decorreram e se implementaram as mudanças nas operações de Proteção Civil, especialmente na execução da reforma do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais, tendo o seu empenho pessoal sido determinante nos resultados obtidos em 2018 e até ao momento do corrente ano”, sublinhou o gabinete de António Costa, no comunicado divulgado esta tarde.

Artur Neves apresentou a sua demissão esta quarta-feira, dia em que mais de 50 de locais — incluindo o gabinete de Neves — foram alvo de buscas por parte da Polícia Judiciária, no âmbito da investigação à compra de golas antifumo. A RTP avançou, nesse sentido, que o governante demissionário foi constituído arguido neste caso, na sequência das diligências desta manhã, e a SIC Notícias revelou que estão em causa suspeitas de fraude e corrupção.

Com a aproximação do fim da legislatura, não será, contudo, indicado qualquer outro nome para o cargo deixado vago por Artur Neves, ficando Eduardo Cabrita responsável por assegurar “as competências até agora cometidas ao secretário de Estado da Proteção Civil”.

A polémica das golas inflamáveis estalou no final de julho, com a revelação de que esses materiais distribuídos às populações ao abrigo da iniciativa Aldeia Segura eram, afinal, inflamáveis e podiam mesmo provocar crises respiratórias agudas.

Entretanto, foi aberto um inquérito para averiguar as suspeitas de participação económica em negócio e desvio de subsídio. Isto porque a aquisição das cerca de 70 mil golas foi feita com recurso a dinheiro do fundo de coesão europeu, tendo custado mais de 125 mil euros no total, o dobro do valor de mercado destes artigos fabricados em poliéster.

Também a empresa privada envolvida no negócio com o Estado fez soar os alarmes. A compra das golas foi feita à Foxtrot – Aventura, Unipessoal Lda., constituída em dezembro de 2017 e dedicada a atividades não relacionadas, como o “turismo de natureza” ou a “exploração de parque de campismo e caravanismo”. Segundo a Sábado, a empresa é detida por Ricardo Peixoto Fernandes, esposo de Isilda Gomes da Silva, que é a presidente da Junta de Freguesia de Longos, no concelho de Guimarães, eleita pelo Partido Socialista (PS).

(Notícia atualizada às 18h20).

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Salários: Comerciais e Subscritores são mais bem pagos

  • ECO Seguros
  • 18 Setembro 2019

Em Espanha o diretor comercial e o responsável por Subscrições têm os cargos melhor remunerados.da indústria. Atuários são os mais procurados.

Os cargos de diretor Comercial e de responsável pela Subscrição são os mais bem pagos no setor segurador em Espanha. Esta é uma das conclusões de um estudo realizado naquele mercado pela Spring Professional, empresa de recursos humanos do grupo Adecco.

Segundo o estudo, divulgado pelo site Carta del Seguro, numa grande empresa o mais alto cargo comercial pode atingir os 200 mil euros de salário bruto anual, o dobro de um responsável por subscrições. Um diretor atuarial, que é a área com maior procura pelas empresas de seguros, pode receber 95 mil euros brutos anuais.

Nas posições seguintes, quanto a valor de salários, está o diretor de estratégia a receber entre 75 mil e 90 mil euros, um responsável pelo marketing direto cerca de 70 mil enquanto até um limite de 65 mil euros anuais ficam cargos como atuários, subscritores e responsáveis por sinistros.

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EDP multada em 48 milhões pela AdC. Manipulou o mercado com os CMEC

Coima foi aplicada por abuso de posição dominante e manipulação do mercado da banda de regulação secundária em Portugal Continental, que prejudicou os consumidores em 140 milhões em cinco anos.

A EDP foi condenada a pagar 48 milhões de euros pela Autoridade da Concorrência (AdC). A multa diz respeito a abuso de posição dominante, que implicou a manipulação da oferta do serviço de telerregulação. Segundo a autoridade, a EDP Produção conseguiu manipular o mercado para obter duplas compensações ao longo de cinco anos e prejudicou os consumidores em 140 milhões de euros.

“A Autoridade da Concorrência (AdC) condenou a EDP – Gestão da Produção de Energia, S.A., (EDP Produção) ao pagamento de uma coima no valor de 48 milhões de euros, por abuso de posição dominante no mercado da banda de regulação secundária em Portugal Continental durante cinco anos“, anunciou a AdC, em comunicado.

Entre 2009 e 2013, a EDP Produção “manipulou a sua oferta” do serviço de telerregulação ou banda de regulação secundária. A elétrica limitou a oferta de capacidade das centrais em regime de Custos de Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC) para depois a oferecer através das centrais em regime de mercado. Ou seja, foi assim “duplamente beneficiada, em prejuízo dos consumidores”.

A banda de regulação secundária ou telerregulação é o serviço que assegura que, a todo o momento, os consumidores recebem a energia elétrica de que necessitam, equilibrando a produção das centrais e o consumo das famílias e das empresas.

Através dos CMEC, o Governo dava à EDP a garantia de que as centrais de geração de energia elétrica tinham uma remuneração equivalente à que poderiam obter (em troca pela rescisão antecipada dos Contratos de Aquisição de Energia – CAE).

Através da prática que desenvolveu, a EDP Produção pôde, simultaneamente, obter maiores compensações públicas pagas no âmbito do regime CMEC e beneficiar de receitas mais elevadas no mercado através das suas centrais não-CMEC“, refere a AdC.

O prejuízo para a rede elétrica nacional e para os consumidores — estimada em 140 milhões de euros — aconteceu de duas formas. Por um lado, o preço da energia subiu devido ao encarecimento da banda de regulação secundária e, por outro, aumentou também a parcela dos Custos de Interesse Económico Geral (CIEG) que financia as compensações no regime CMEC.

“O comportamento da EDP Produção constitui uma restrição grave da concorrência”, sublinha a entidade liderada por Margarida Matos Rosa, acrescentando que “a presente decisão da AdC põe termo ao processo instaurado em 8 de setembro de 2016”.

António Mexia tem rejeitado, em inúmeras circunstâncias, que a EDP tenha beneficiado das “rendas” do Estado. No entanto, o presidente da EDP foi constituído arguido no dia 2 de junho de 2017, sendo suspeito de corrupção e participação económica em negócio, exatamente devido ao caso dos CMEC.

(Notícia atualizada às 18h05)

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Quem ganhou o debate? “Num jogo a seis não dá para haver um vencedor”

Foram duas horas de debate entre os líderes dos seis partidos candidatos à AR que têm assento parlamentar, mas nenhum desses políticos conseguiu destacar-se, dizem os politólogos.

A menos de vinte dias da ida às urnas, os líderes dos seis partidos com assento parlamentar que estão na corrida à Assembleia da República defrontaram-se num debate que ficou centrado em três grandes temas — Segurança Social, sistema político e corrupção — e no qual nenhum dos candidatos conseguiu arrebatar a taça de vencedor, consideram os politólogos ouvidos pelo ECO.

Os especialistas salientam também que nestas duas horas de frente-a-frente ficaram por esclarecer muitos dos temas que são importantes para os portugueses, como a saúde, a educação e o contexto europeu.

Debate teve a participação dos líderes dos seis partidos com assento parlamentar que estão na corrida à AR. Durou cerca de duas horas.

“Este debate não era para ganhar. Cada um tinha as suas expectativas e cada um cumpriu aquilo que tinha programado. Não há propriamente nenhum derrotado”, começa por sublinhar José Adelino Marquez.

O investigador de Ciência Política afirma que este foi um frente-a-frente que “correu bem a António Costa” porque o primeiro-ministro em funções e líder do PS não foi “massacrado” com a análise da sua governação, mas também foi útil a Rui Rio, uma vez que lhe trouxe visibilidade, e nem para André Silva foi “desastroso”, ainda que, quando não estão em causa políticas ambientais, o líder do PAN “se engasgue um bocado”.

Semelhante avaliação faz António Costa Pinto, que diz ao ECO que, neste debate, houve um empate.“O aspeto mais importante a salientar são as mensagens que cada um tentou passar, mas não houve ninguém que se tenha destacado”, salienta o professor da Universidade de Lisboa.

A propósito, Costa Pinto reforça que o debate foi dominado por políticas setoriais e não pela ideologia dos vários partidos. “Os vários líderes estão a fazer uma campanha mais setorial”, diz, referindo que tal reflete “alguma maturidade” por parte dos partidos com representação parlamentar, que “apoiam políticas concretas e menos mobilização ideológica”.

O politólogo salienta ainda que “a tónica” tem sido a de “concentrar o ‘fogo’ sobre o primeiro-ministro”, já que todos os partidos “receiam uma eventual maioria absoluta”, destacando particularmente o CDS como o partido que jogou mais ao ataque. E que candidatos estavam melhor preparados? Costa e Rio, defende o especialista.

Já na opinião de Patrícia Silva, investigadora na Universidade de Aveiro, os candidatos não conseguiram “inteiramente” esclarecer e fazer transparecer as diferenças entre os vários partidos, sobretudo no que diz respeito à corrupção e à reforma do sistema político.

Para a politóloga, Catarina Martins fez um bom trabalho a mostrar o que o seu partido já conseguiu com a sua posição no Parlamento, António Costa conseguiu algum sucesso ao enfatizar os avanços conseguidos durante a sua governação e Assunção Cristas “esteve muito bem do ponto de vista de apelar ao seu eleitorado”.

Já sobre Rui Rio, a politóloga considera ter havido no líder do PSD “alguma hesitação” na apresentação das propostas (algumas delas diferentes daquelas inscritas no programa eleitoral do partido laranja), o que terá resultado numa concretização não tão boa do debate.

E sobre André Silva, Patrícia Silva diz: “É estreante, tem menos experiência neste tipo de debates. Os temas que o fazem brilhar não foram trazidos e, por isso, teve de recorrer frequentemente ao programa eleitoral, o que reduz a eficácia ao passar a mensagem“.

A politóloga faz questão, por outro lado, de notar que António Costa esteve numa posição privilegiada na preparação para este debate decorrente da posição que ocupa, já que a liderança do Executivo lhe permite ter “acesso a dados”. “É ele que tem na sua mão o que tem feito”.

Apesar de considerar que este debate foi importante neste momento da corrida à Assembleia da República — a ida às urnas acontece a 6 de outubro, isto é, a menos de 20 dias — Patrícia Silva critica a ausência de temas muito importantes para o eleitorado, como o serviço nacional de saúde, as questões europeias, e a educação.

A mesma crítica é deixada por José Adelino Maltez, que salienta que não foi dita “uma única linha sobre a política europeia ou a crise petrolífera”. O politólogo reforça que, neste debate, os candidatos atiraram argumentos que já tinham na “barrica”, não tendo, portanto, havido surpresas. “Num jogo a seis não dá para haver um vencedor”, remata o politólogo, considerando que este foi um confronto “aborrecido” e que afastou muito eleitores.

O debate desta quarta-feira foi o primeiro nesta corrida à Assembleia da República que juntou os seis partidos com assento parlamentar. O frente a frente durou cerca de duas horas e foi transmitido em direto e em simultâneo pela Antena 1, TSF e Rádio Renascença. A discussão ficou marcada pela sustentabilidade da Segurança Social — com o PSD a juntar-se à esquerda na defesa de uma nova taxa sobre o valor acrescentado das empresas –, pelo sistema político — nomeadamente no que diz respeito aos salários dos políticos –, e pela corrupção — com Rio a defender que os jornalistas que violem o segredo de justiça devem ser punidos proporcionalmente.

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CTT reabrem na segunda-feira primeira loja que tinha sido encerrada

A nova gestão dos CTT vai mesmo reverter o fecho de balcões. A primeira reabertura deverá acontecer esta segunda-feira, no distrito de Bragança.

Os CTT CTT 3,29% estão prestes a dar início ao processo de restabelecimento dos balcões que foram encerrados no ano passado. O ECO sabe que o primeiro balcão reabre já na próxima segunda-feira, tratando-se da Loja CTT de Vila Flor, uma localidade do distrito de Bragança.

Este estabelecimento de correios no interior do país vai manter-se nas mesmas instalações onde antes funcionava a Loja CTT, mantendo-se em funcionamento os três balcões que tinha anteriormente. Em simultâneo, a empresa postal decidiu manter também o posto de correios que tinha sido instalado em substituição a 700 metros do local.

A reabertura vem concretizar as declarações do presidente executivo, João Bento, que numa audição na Assembleia da República (AR) prometeu aos deputados a reversão do encerramento de estações e a reabertura de lojas. “Havia um conjunto de lojas para fechar cuja viabilidade económica era inexistente. A minha primeira prioridade é a proximidade aos clientes, todo o povo português. Está decidido: interrompemos o processo de fecho de lojas. Não vai haver mais encerramento de lojas”, afirmou o gestor.

Cotação das ações dos CTT na bolsa de Lisboa

Contactada, a empresa não comenta. Mas a reabertura de Lojas CTT representa, assim, uma reviravolta na estratégia do grupo, depois de o anterior gestor, Francisco de Lacerda, ter estado debaixo de fogo por terminar o ano de 2018 com 33 concelhos sem uma estação oficial da marca. Este facto motivou a Anacom a obrigar a empresa a ter em todos os concelhos pelo menos um posto de correio com as mesmas características de uma Loja CTT.

Os postos de correio são diferentes das Lojas CTT na medida em que podem funcionar em balcões de outros estabelecimentos, como papelarias, por exemplo. O contrato de concessão, que termina em 2020, obriga a que todos os concelhos tenham um posto de correio, mas não obriga a empresa a ter uma loja oficial em cada município.

Esta não é a primeira medida a ser lançada pelo novo gestor da empresa de correios. Em meados de julho, o ECO Insider avançou que o gestor não substituiu alguns motoristas particulares ao serviço da administração, que passaram à reforma. Além disso, cortou nos salários dos membros do board.

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Retalho e BCP tiram o tapete a Lisboa. Bolsas europeias avançam de olho na Fed

O PSI-20 encerrou a perder mais de 1%, condicionado pelo recuo da Jerónimo Martins, Sonae, e do BCP. Os pares europeus fecharam no verde.

A bolsa nacional encerrou no vermelho e em contraciclo com as pares europeias, que se mostraram expectantes face à decisão da Fed relativamente aos juros. O PSI-20 desvalorizou mais de 1%, com o peso das perdas das retalhistas e do BCP.

O índice bolsista nacional perdeu 1,28%, para os 4.991,75 pontos, com 13 títulos no vermelho, três em alta e dois inalterados: Corticeira Amorim e Ibersol. O índice europeu Stoxx 600 somou 0,1%, num dia em que os investidores estão de olhos no resultado da reunião da Fed.

A expectativa é que, esta tarde, o líder da Fed, Jerome Powell, anuncie um corte de 25 pontos base dos juros diretores. Ainda assim, a certeza não é absoluta e as preocupações continuam a ser muitas, entre elas o crescimento global e a escalada da guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo (EUA e China).

Na praça lisboeta, as retalhistas foram a principal referência negativa. As ações da Sonae recuaram 3,48%, para os 84,5 cêntimos, enquanto as da Jerónimo Martins perderam 2,65%, para os 15,69 euros. De salientar que a Bernstein iniciou a cobertura dos títulos da dona do Pingo Doce com classificação de “baixo desempenho” e um preço-alvo de 12,5 euros. Esse valor está 20% abaixo da cotação de fecho da Jerónimo Martins nesta sessão.

A pesar no rumo da praça lisboeta esteve ainda o BCP que viu os seus títulos deslizarem 2,68%, para os 20 cêntimos.

Em contraciclo, destaque para a Galp Energia e EDP. As ações da petrolífera avançaram 0,55%, para os 13,705 euros, em contraciclo com as cotações do petróleo que aliviavam após o disparo recente de 15%. Já as ações da EDP perderam 0,46%, para os 3,495 euros.

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