Arch Capital paga 480 milhões por 29,5% da Coface

  • ECO Seguros
  • 26 Fevereiro 2020

O Natixis, banco de investimento do grupo BPCE, alienou perto de 30% do capital da participada Coface, deixando de ter lugar na administração da seguradora de crédito agora com novo plano estratégico.

O Natixis, banco de investimento do grupo BPCE, alienou perto de 30% do capital da participada Coface. A contraparte na transação é a Arch Capital, uma (re)seguradora sediada nas Bermudas e cotada na bolsa Nasdaq, de Nova Iorque. A companhia desembolsará cerca de 480 milhões de euros pelo pacote de ações e a venda concretiza um objetivo anunciado pelo Natixis há cerca de 10 anos, quando o banco considerou que a posição na Coface não era estratégica.

O negócio deixa o Natixis com uma participação minoritária a rondar 12,2% e, excluindo a Coface do perímetro de consolidação do grupo, vai aligeirar o rácio de capitais próprios (CET1), podendo retirar cerca de 3,5 mil milhões de euros de ativos na ponderação de risco da entidade bancária. A conclusão da transação fica sujeita à aprovação das autoridades competentes, podendo acontecer num prazo entre seis e 12 meses.

A francesa Coface tem origem estatal e é uma companhia global de seguros de crédito e gestão de risco, somando dezenas e anos de operação em Portugal. A seguradora de crédito acaba de anunciar o seu novo plano estratégico (‘Build to Lead’) para execução até final de 2023. O programa tem como objetivo reforçar a gestão de risco e a disciplina de subscrição, melhorando eficácia comercial e operacional, sem ignorar oportunidades seletivas de crescimento no negócio de seguro de crédito.

Em termos financeiros, a Coface pretende concluir o plano trienal com um rácio combinado em torno de 80% e atingir um rácio de solvabilidade situado no intervalo 155-175%.

O Natixis nasceu em 2006 resultando da unificação dos negócios de investimento, financiamento e serviços do universo Banque Populaire e Caisse d´Epargne (BPCE). A instituição francesa escolheu a cidade do Porto para instalar o seu hub de inovação tecnológica.

Por seu lado, o grupo Arch Capital Ltd, com sede nas Bermudas, opera em seguro e resseguro com uma vasta gama de produtos nos mercados europeu e norte-americano, desde a cobertura a danos de catástrofes, transações públicas, construção, seguros de crédito, gamas profissionais, aviação, marítimo, saúde e acidentes.

 

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Queda das audiências dá prejuízos à TVI. Grupo perde quase 55 milhões em 2019

A dona da TVI registou prejuízos de quase 55 milhões de euros em 2019, ano em que perdeu a liderança das audiências para a SIC. Grupo tinha dado lucro em 2018.

A Media Capital, empresa que controla a TVI, registou prejuízos de quase 55 milhões de euros em 2019, o ano em que perdeu a liderança das audiências para a SIC. No ano anterior, em 2018, o grupo tinha lucrado quase 22 milhões de euros.

“O resultado líquido acumulado foi de -54,7 milhões milhões de euros, comparando com os 21,6 milhões de euros verificados no ano anterior, com a redução a advir, na maior parte, do reconhecimento de imparidades de goodwill, bem como do desempenho operacional”, justifica a Media Capital num relatório enviado à CMVM.

O EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) da Media Capital passou de 40,2 milhões em 2018 para -40,4 milhões no ano passado, com a margem de EBITDA a evoluir de 22,1% para -24,5% em 2019.

Estes resultados surgem depois de um ano em que a SIC “roubou” à TVI a liderança das audiências, ultrapassando a estação de Queluz de Baixo por uma margem de 3,6 pontos percentuais. Além disso, surgem em pleno processo de venda da Media Capital pela Prisa à Cofina, dona do Correio da Manhã, a um enterprise value de 205 milhões de euros. Este montante já inclui um desconto de 50 milhões devido à degradação das contas do grupo.

No ano passado, as receitas da Media Capital caíram 9%, para 165,12 milhões de euros, fruto da menor receita com o segmento da televisão. Esta linha de receita gerou para a Media Capital 131,82 milhões de euros, menos 13% do que no ano de 2018. Em contrapartida, as receitas com a produção audiovisual da Plural cresceram 1%, para 33,1 milhões de euros, enquanto o segmento “Rádio e entretenimento” cresceu 19%, para 24,5 milhões de euros.

Esta é, porém, a primeira vez que a Media Capital apresenta as receitas da rádio e as de entretenimento em conjunto: “Devido ao facto de uma parte relevante da atividade das empresas de entretenimento (composta sobretudo pela produção e realização de eventos) ter a sua performance monitorizada em conjunto com a atividade de rádio, o grupo Media Capital optou por passar a reportar estas atividades num único segmento operacional”, justifica a empresa.

Analisando por negócio, os rendimentos com publicidade da Media Capital encolheram 10% em 2019, fixando-se em 112,3 milhões de euros. A queda é explicada com a menor receita com publicidade no segmento da televisão, que registou uma redução de 15%, para 87,86 milhões de euros. No caso da rádio, a Media Capital, dona da Comercial, viu a publicidade crescer 13%, para 20,9 milhões no ano passado.

No plano das despesas, os gastos operacionais da Media Capital dispararam 45% no ano passado, para 205,6 milhões de euros. A subida é explicada pelo crescimento de 155% nos gastos com reestruturações, mas, sobretudo, pelas imparidades de goodwill com a operação da venda do ativo pela Prisa à Cofina: “Para o testing anual de imparidade de goodwill efetuado em 2019, o grupo tomou como referência de valorização a operação em curso de venda da totalidade da participação do principal acionista”, explica a empresa.

Desta feita, as imparidades de goodwill registadas pela Media Capital no ano passado alcançaram 57,3 milhões de euros, “dos quais 55,4 milhões de euros no segmento de televisão e 1,9 milhões de euros no segmento de produção audiovisual”. No entanto, o grupo liderado por Luís Cabral garante que “estas imparidades em nada afetam a atividade operacional do grupo, nem a sua capacidade financeira”, destaca a empresa no mesmo relatório.

Quanto à dívida, a 31 de dezembro de 2019, o grupo Media Capital registava uma dívida líquida de 88,5 milhões de euros. Trata-se de uma redução de 4,3 milhões de euros face ao final de 2018.

Atualmente, está em curso o aumento de capital de 85 milhões de euros pela Cofina, operação que financiará, em parte, a compra da Media Capital. No passado dia 20 de fevereiro, terminou o prazo para a aquisição no mercado de ações da Cofina com direitos de preferência na subscrição das novas ações.

A Cofina espera concluir a compra da Media Capital na segunda semana de março, altura em que finaliza, também, o aumento de capital. A fusão entre os dois grupos já foi validada pela Autoridade da Concorrência e a Entidade Reguladora para a Comunicação Social já validou a mudança de titularidade a favor da Cofina de todos os títulos detidos pela Media Capital.

(Notícia atualizada pela última vez às 17h42)

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Bolsa de Lisboa começa a recuperar do coronavírus. Nos, BCP e CTT sobem 2%

Até perceberem qual o impacto real do surto na economia, os investidores parecerem estar a aproveitar as fortes quedas para realizar mais-valias. As principais bolsas europeias fecharam em alta.

As bolsas europeias entraram em recuperação após dois dias de selloff relacionado com o coronavírus. À parte do índice italiano FTSE MIB (país europeu onde há atualmente maior número de infetados), o português PSI-20 foi o que mais ganhou na Europa. Nos, BCP e CTT foram as cotadas que mais subiram, com ganhos próximos de 2%.

O PSI-20 avançou 0,63% para 5.110,34 pontos, esta quarta-feira, no primeiro dia de recuperação após duas sessões de fortes perdas. O índice limpou todos os ganhos do ano e, só esta semana, acumula uma perda superior a 5%, o que significa uma quebra de três mil milhões de euros na capitalização bolsista.

A liderar a correção esteve a Nos, uma das empresas mais penalizadas pois, além do receio generalizado em relação ao vírus, já estava a ser castigada pelo anúncio de corte de dividendos, feito na apresentação de contas anuais. Após tocar o valor mais baixo desde 17 de julho de 2013, a telecom liderada por Miguel Almeida fechou a ganhar 1,83% para 3,898 euros por ação.

Mas foi o BCP que mais ajudou o índice, com uma valorização de 1,73% para 0,1763 euros. “Os quatro maiores componentes do PSI-20 (BCP, Galp, Jerónimo Martins e EDP) concentram 50% do valor do índice, sendo que o BCP sozinho representa 17%. Uma vez que os outros três principais componentes se encontram em território neutro, o PSI-20 apresentou uma valorização no dia de 0,63%, sendo que o BCP foi responsável por 0,49%. A subida resulta de um sentimento exterior de correção das perdas acentuadas dos últimos dias que permite às ações do BCP serem impulsionadas pelos bons resultados de 2019“, explicou Mário Martins, senior business development manager da ActivTrades, ao ECO.

O banco registou, no ano passado, os maiores lucros desde 2012, o que foi “ignorado” pelos investidores devido à forte venda de todos os ativos de risco. “Esta mancha vermelha que afetou os mercados impediu que as ações do BCP tivessem subido na sequência das declarações de Miguel Maya”, refere Martins. Além do BCP, também os CTT subiram 1,69% para 2,534 euros e a Jerónimo Martins subiu 1,11% para 16,80 euros.

A EDP Renováveis, a Galp e a EDP registaram ganhos próximos de 1%. A Mota-Engil, cotada do PSI-20 que mais cai desde o início da semana (de mais de 10%), fechou inalterada, em 1,437 euros. Ainda assim, dez das 18 cotadas do PSI-20 fecharam em terreno negativo. É o caso da Ibersol (-3,51%), da Ramada (-2,53%) ou da Sonae Capital (-1,75%).

“Tal como os seus pares europeus, o PSI-20 viveu uma sessão bastante volátil”, apontam os analistas do BPI. “Os movimentos do índice português espelharam o padrão observado no resto da Europa: uma abertura negativa que se prolongou durante a manhã, antes de uma recuperação se materializar. Não obstante toda esta volatilidade, a maioria dos membros do PSI-20 fechou em alta, permitindo ao índice nacional apresentar uma valorização superior ao dos seus congéneres europeus“.

O italiano FTSE MIB disparou 1,5%, tendo sido o único índice a superar o PSI-20, enquanto o espanhol IBEX 35 ficou próximo de Portugal, com um ganho de 0,6%. O britânico FTSE 100 subiu 0,3%, o alemão DAX e o francês CAC 40 ganharam ambos 0,1% e o índice Stoxx 600 fechou flat.

PSI-20 lidera ganhos na Europa

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Governo espanhol abre investigação à Ryanair por publicidade enganosa

Em causa está um anúncio em que a transportadora se publicita como "a companhia mais ecológica da Europa". A Autoridade Reguladora da Publicidade do Reino Unido já ordenou a retirada do anúncio.

O Ministério do Consumo espanhol abriu uma investigação à Ryanair por a companhia irlandesa ter feito alegadamente uma publicidade enganosa. Em causa está um anúncio publicitário em que a transportadora aérea se publicita como “a companhia mais ecológica da Europa”.

A investigação partiu de uma denúncia da Associação de Consumidores Facua que instou o Governo espanhol a investigar a campanha publicitária, sublinhando que a Autoridade Reguladora da Publicidade do Reino Unido ordenou que a empresa retirasse a mesma campanha em 2019 por acreditar que se tratava de uma campanha enganadora quanto às emissões de dióxido de carbono (CO2), aponta o El País (acesso livre, conteúdo em espanhol).

Questionado sobre o assunto, um porta-voz da Ryanair defende que “a média de emissões da empresa é de 66 gramas por passageiro e quilómetro, o que pressupõe uma percentagem significativamente inferior à das outras grandes companhias aéreas europeias“.

Fontes do Ministério do Consumo explicaram ao El País que desde que a tutela liderada por Alberto Garzón abriu a investigação — há cerca de uma semana –, a Direção Geral de Consumo espanhol solicitou à Agência Espanhola de Segurança Aérea (AESA) informações estatísticas relativas às emissões de CO2 das diferentes companhias aéreas que operam em solo espanhol.

Na denúncia feita pela Associação de Consumidores Facua, a associação exige que a Ryanair deixe de utilizar o anúncio e também pede que caso se comprove a falsidade do mesmo, a companhia irlandesa seja alvo de um processo disciplinar.

No seu site, a Ryanair aponta que “é a companhia aérea com as emissões mais baixas da Europa” e justifica-o por ter “uma emissão de CO2 66 gramas por passageiro, valor 23% abaixo da média das quatro maiores companhias aéreas da Europa“. No vídeo de promoção a Ryanair acrescenta que na última década a transportadora conseguiu “reduzir em 18% a emissão de CO2 de 82 para 67 gramas”, o que corresponde a “quase metade em comparação com os níveis de emissão de outras grandes companhias da Europa”.

Segundo o El País, a Autoridade Reguladora da Publicidade do Reino Unido ordenou a retirada do anúncio por considerar que os dados em que a Rynair se baseava eram demasiado antigos e “de pouco valor como fundamento para uma comparação realizada em 2019”, criticando ainda o facto de apenas ter mencionado quatro outras companhias.

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Bruxelas regista lentidão no desenvolvimento da ferrovia e dos portos portugueses

  • Lusa
  • 26 Fevereiro 2020

Abordando os setores ferroviário e portuário, Bruxelas menciona os "atrasos" no investimento nos caminhos-de-ferro e destaca várias barreiras nas concessões e nos investimentos portuários.

A Comissão Europeia fez esta quarta-feira várias observações sobre a lentidão do desenvolvimento de projetos na ferrovia e nos portos portugueses, num relatório elaborado no âmbito do pacote de inverno do semestre europeu.

Abordando os setores ferroviário e portuário, Bruxelas menciona os “atrasos” no investimento nos caminhos-de-ferro e destaca várias barreiras nas concessões e nos investimentos portuários.

“Os investimentos ferroviários deparam-se com atrasos. Os principais projetos no âmbito do programa Ferrovia 2020 que são cofinanciados pelo ‘Mecanismo Interligar a Europa’ [‘Connecting Europe Facility’] têm atrasos com origem, na maior parte dos casos, na falta de resposta das indústrias de desenho e construção no período pós-crise”, explica a Comissão Europeia.

Bruxelas assinala que “a interoperabilidade ferroviária em Portugal continua a ser um grande obstáculo para Portugal”, e destaca que os comboios “são ainda altamente subutilizados nas ligações a Espanha (nos corredores Este-Oeste e Norte-Sul).

“Um plano estratégico abrangente e coordenado de investimento e modernização a médio e longo prazo para a Península Ibérica e posterior conexão à rede ferroviária francesa ainda está em falta”, salienta o organismo executivo europeu, apesar de referir que os dois países ibéricos já trabalham em conjunto na modernização ferroviária transfronteiriça.

Bruxelas defende que um plano desse tipo “poderia ‘disparar’ a prestação internacional ferroviária, atacando assim a posição periférica de Portugal e explorando o potencial dos portos portugueses, prejudicados até agora por um modelo apenas rodoviário”.

Nos portos, a Comissão Europeia, liderada por Ursula Von der Leyen, considera que a concorrência na gestão e nos serviços prestados fica afetada por “barreiras regulatórias e concessões prolongadas”.

“Os setores portuário e marítimo são particularmente importantes para a economia portuguesa, pelo que relaxar essas barreiras poderia estimular o investimento e reduzir o preço dos serviços como resultado de maior concorrência”, segundo Bruxelas.

O organismo aponta também ao lento progresso na renegociação das concessões dos portos, bem como à falta de investimento em algumas infraestruturas.

“A maior parte das concessões dos portos em Portugal vão terminar em 2025 e ainda não foram renegociadas ou abertos a novos concursos”, diz Bruxelas, que sugere que novos concursos públicos poderiam tornar os portos “mais produtivos”.

Para a Comissão Europeia, “o desenvolvimento dos novos terminais de contentores de Sines e do Barreiro permanece uma prioridade”.

Bruxelas projeta que seja melhorado o seu “potencial económico” do terminal XXI, em Sines, e espera que “um concurso atempado do novo terminal do Barreiro vai melhorar a competitividade do sistema portuário de Lisboa”.

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Sousa Ferro & Associados é a nova boutique de concorrência e regulação em Portugal

A Sousa Ferro & Associados é a mais recente boutique de direito da concorrência, da regulação e da União Europeia. Miguel Sousa Ferro e José Sá Reis assumem os cargos de sócios.

A Sousa Ferro & Associados é a mais recente boutique de direito da concorrência, da regulação e da União Europeia. Com sede em Lisboa, a sociedade inicia atividade com dois sócios: Miguel Sousa Ferro e José Sá Reis.

“Somos especialistas na obtenção de indemnizações para lesados por práticas anticoncorrenciais. Temos por visão estratégica contribuir para a revolução do private enforcement do direito da concorrência e para o aprofundamento da eficácia da política de concorrência, com todos os benefícios que daí resultarão para os consumidores, empresas e para a economia no seu todo. Vamos apostar, nomeadamente, na promoção de ações de defesa dos consumidores lesados por práticas anticoncorrenciais”, refere a nova boutique em comunicado.

A sociedade afirma querer trabalhar com escritórios nacionais e internacionais na “prestação de serviços especializados, em especial nas áreas das práticas restritivas da concorrência, do controlo de concentrações e dos auxílios de Estado”.

“Estamos também especialmente direcionados para a assessoria de entidades públicas portuguesas e da União Europeia, incluindo a representação de reguladores em litígios perante os tribunais nacionais e perante o Tribunal de Justiça da União Europeia”, nota em comunicado.

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Mudar lei para viabilizar aeroporto do Montijo? “É que nem pensar”, diz David Justino, vice-presidente do PSD

  • ECO
  • 26 Fevereiro 2020

"É que nem pensar, nem pensar. É um pontapé no princípio de Estado de Direito", respondeu o vice-presidente do PSD, à TSF, sobre a eventual alteração legislativa.

O vice-presidente do PSD, David Justino, garante que o partido não irá apoiar o Governo na mudança legislativa que iria viabilizar o aeroporto do Montijo. Para que a construção da infraestrutura avance, o ministro Pedro Nuno Santos tinha dito que o Governo poderia levar a votação a alteração na lei, uma hipótese que mereceu reprovação no Bloco de Esquerda, PCP e PEV. O PSD toma agora a mesma posição.

É que nem pensar, nem pensar. É um pontapé no princípio de Estado de Direito. Que a lei é estúpida, é. Mas é lei“, respondeu David Justino, quando questionado sobre a eventual mudança na legislação, no programa Almoços Grátis da TSF.

Em causa está uma eventual mudança legislativa que tinha sido sugerida pelo ministro das Infraestruturas na semana passada, no Parlamento. Atualmente, a lei prevê que seja necessária unanimidade entre os municípios abrangidos pela expansão do aeroporto e, pelo menos dois (Seixal e Moita) já disseram que se opõem. Pedro Nuno Santos disse que “o quadro legal que regula estas matérias tem obviamente de ser revisto”, considerando “absolutamente incompreensível” que os autarcas possam negar a construção.

Tendo em conta que os partidos à esquerda já disseram que não irão apoiar o Governo, está do lado do PSD viabilizar a hipótese. O presidente social-democrata Rui Rio ainda não se pronunciou, mas o número dois do partido não deixou dúvidas.

“Esta lei já existe há 13 anos, já houve mais do que oportunidade para a mudar. Representa uma alhada de todo o tamanho para o Governo. O PSD não irá alterar uma lei só por causa disto. Se se tivesse pensado há dois anos, a lei seria alterada facilmente. Em cima do acontecimento, alterar a lei, é um pontapé no princípio de Estado de Direito“, acusou David Justino, em declarações à TSF.

“Não há drama”, diz Pedro Nuno Santos

Enquanto o vice-presidente do PSD falava à rádio, o ministro das Infraestruturas falava do mesmo tema no Parlamento. Voltou a defender que a lei que permite aos municípios vetar a construção do aeroporto do Montijo é “desajustada e desproporcional”, pelo que deve ser alterada. “O debate sobre a alteração da lei não é sobre uma localização em particular é sobre se a lei está errada ou se é correta. Entendemos que a lei é desajustada e desproporcional pelo poder de veto que dá, no limite, a um só município”, afirmou Pedro Nuno Santos.

Para o governante, um município não “deve ter o poder absoluto” de condicionar “o interesse nacional”, levando, no limite, a impedir a construção de um novo aeroporto, independentemente, da localização. Conforme apontou Pedro Nuno Santos, mesmo que a opção fosse Alcochete, não havia a garantia de que os municípios não vetassem a construção da infraestrutura.

O tema não é linear sequer dentro do partido. No mesmo programa da TSF, a líder parlamentar do PS Ana Catarina Mendes concordou com David Justino ao afirmar que “as leis não se mudam a meio do processo”. Mas também com Pedro Nuno Santos, dizendo que a lei é “obsoleta” e “sem sentido”. Argumentou que “o ministro disse que era preciso mudar a lei, mas não disse que era preciso mudar a lei agora” e acrescentou que a discordância das autarquias poderá resolver-se “com bom senso”.

Quanto à hipótese (que parece agora provável) de o Governo não conseguir a aprovação do Parlamento para avançar com a mudança legislativa, o ministro das infraestruturas não vê a questão como problemática. Disse que “o PS tem consciência que não tem maioria absoluta”, pelo que se não houver maioria entre os deputados, o Governo irá “com normalidade e humildade” aceitar. “Não há drama”, rematou o governante.

(Notícia atualizada às 17h10)

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Alterações climáticas ameaçam o mar profundo dos Açores, revela investigador português

  • Lusa
  • 26 Fevereiro 2020

Segundo o trabalho científico, "as tendências atuais das mudanças climáticas poderão colocar em risco mais de 50% do habitat de corais de águas frias do Atlântico Norte"

As alterações climáticas “ameaçam o mar profundo do Atlântico Norte” e os seus ecossistemas e, no futuro, o habitat disponível para os peixes e os corais de profundidade ficará “reduzidos significativamente”, alerta um estudo científico.

“As nossas projeções indicam que no futuro o habitat disponível quer para os peixes, quer para os corais de profundidade serão reduzidos significativamente essencialmente na parte sul do Atlântico Norte, onde a região dos Açores está incluída”, afirmou o investigador Telmo Morato, em entrevista à agência Lusa.

Telmo Morato é investigador do Instituto do Mar (IMAR) e do centro OKEANOS da Universidade dos Açores que está vocacionado para o estudo dos recursos vivos marinhos no arquipélago açoriano.

A equipa do Okeanos “lidera o trabalho científico que projeta os impactos das alterações climáticas no habitat disponível para corais de águas frias e peixes de profundidade com interesse comercial”, segundo explicou.

O trabalho, publicado na revista científica internacional Global Change Biology, desenvolveu-se no âmbito dos projetos de financiamento europeu ATLAS e SponGES, cujo objetivo é melhorar o conhecimento dos ecossistemas do mar profundo do Atlântico Norte e apoiar o desenvolvimento de políticas de gestão para o uso sustentável dos oceanos.

“Nós lideramos este trabalho que é composto por 58 investigadores de toda a Europa, incluindo da América do Norte, dos Estados Unidos e do Canadá, onde avaliamos quais estão a ser e quais serão, os impactos das alterações climáticas no mar profundo, nomeadamente naquelas espécies que constroem um habitat, como por exemplo, os corais de profundidade, mas também nas espécies de peixe, em algumas com interesse comercial”, explicou.

Segundo o trabalho científico, “as tendências atuais das mudanças climáticas poderão colocar em risco mais de 50% do habitat de corais de águas frias do Atlântico Norte, enquanto o habitat disponível para peixes de profundidade com interesse comercial poderá mudar até 1000 km para norte. Estas projeções podem afetar significativamente o setor pesqueiro e as comunidades que dependem dessas espécies”.

As projeções apontam para “uma diminuição significativa do habitat disponível para corais de águas frias e uma acentuada deslocação do habitat de peixes de profundidade para norte”.

A região dos Açores está incluída no estudo “e grande parte das projeções que são feitas para o Atlântico Norte aplicam-se também ao arquipélago, nomeadamente esta migração para norte das espécies de peixe e a redução do habitat disponível para muitas espécies de corais”, referiu ainda o investigador.

“Não quer com isso dizer que se vá perder todo o peixe de interesse comercial nos Açores. O estudo alerta é que ao haver um aumento da temperatura do oceano no mar profundo e do ph, as espécies de corais e de peixes terão tendência de procurar zonas onde o habitat lhes é favorável”, sublinhou o investigador.

Do ponto de vista dos corais, o estudo projeta “uma redução do habitat disponível para estas espécies” devido às alterações climáticas.

A pesca também tem um impacto grande, mas caso não sejam tomadas medidas para a redução da pegada ecológica, nomeadamente para as emissões de dióxido de carbono para a atmosfera, os oceanos, em geral, e o mar profundo, em particular, serão altamente afetados. E, a verdade é que as alterações climáticas são a maior ameaça para o mar profundo e para as espécies que lá habitam“, alertou o investigador.

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Le Wagon lança novo curso de data science em parceria com Nova SBE

A escola de programação juntou-se à Nova SBE para lançar o primeiro bootcamp de data science. O curso de 24 semanas dirige-se a jovens recém-formados e a profissionais. As inscrições já estão abertas.

A escola de programação Le Wagon anunciou esta quarta-feira o lançamento de um novo bootcamp em data science, em parceria com o Data Science Knowledge Center da Nova SBE. O programa de 24 semanas inclui formação especializada nas áreas de programação em Python, SQL, machine learning, engenharia de dados, gestão de projetos tech, inteligência artificial aplicada aos negócios, entre outros. As candidaturas já estão abertas no site oficial da Le Wagon e para se inscrever no curso basta ter alguns conhecimentos de matemática e de programação. As aulas têm início previsto para junho.

O bootcamp é dirigido a jovens recém-formados ou a profissionais que queiram ganhar ou reforçar competências na área de data science. De acordo com a Le Wagon, o curso vai preparar os participantes para serem cientistas de dados junior, analista ou engenheiro de dados e para trabalhar nas várias vertentes de dados em ambientes de produção. O programa inclui ainda uma componente prática, através da qual os participantes poderão adquirir experiência com sistemas de recomendação, motor de busca, apps de reconhecimento de imagem, ferramentas de otimização de processos, entre outros.

“No início da Le Wagon em 2013, a área de data não era suficientemente madura. Hoje, este setor é muito mais claro e organizado”, sublinha Sebastien Saunier, ex-engenheiro da Google, CTO e cofundador da Le Wagon. “Usámos o mesmo modelo do nosso produto principal, com 20% teoria e 80% de prática em projetos“, sublinha.

«A capacidade da Le Wagon construir programas intensivos, ágeis, técnicos e com uma abordagem prática, em conjunto com o mindset de liderança e multidisciplinar da Nova SBE, vai aumentar a nossa capacidade de ajudar os nosso alunos e ex-alunos a prepararem-se par ao mercado de trabalho do século XXI“, destaca Lénia Mestrinho, diretora executiva do Data Science Knowledge Center. De acordo com a União Europeia, prevê-se que a percentagem de profissionais de data aumente 14,1% durante este ano, elevando para 10,43 milhões o número de profissionais nesta área.

Parte da formação será lecionada por antigos trabalhadores de empresas como a Quora, Ele.me ou o Airbnb. O curso 5.900 euros e será lecionado às terças-feiras, quintas-feiras e sábados, durante a tarde.

“A Le Wagon tem um histórico impressionante, por já ter formado mais de 6.000 estudantes em todo o mundo e os seus alunos trabalham em empresas como a Paypal, Google, Amazon, Uber e Facebook. Estamos entusiasmados por fazer parte de uma lista de parcerias com universidades como a HEC (Paris) e a LSE (Londres)”, sublinha Lénia Mestrinho.

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Évora admite exigir preferência para comprar antigos prédios da Fidelidade

  • Lusa
  • 26 Fevereiro 2020

A Câmara Municipal de Évora admite avançar para tribunal e exigir direito de preferência para comprar dois prédios no centro histórico que eram da Fidelidade e que, agora, são detidos por fundos.

A Câmara de Évora admite recorrer aos tribunais para poder exercer o direito de preferência sobre um ou dois prédios do centro histórico que pertenciam à companhia de seguros Fidelidade e que foram vendidos a fundos imobiliários. “Estamos a estudar isso há já algum tempo. O nosso problema tem sido, sobretudo, a incapacidade financeira” do município, afirmou o presidente da Câmara de Évora, Carlos Pinto de Sá, em declarações à agência Lusa.

O autarca indicou que o município está a ponderar avançar para a via judicial para adquirir “pelo menos um ou dois prédios”, realçando que “se a capacidade financeira da autarquia fosse outra” já teriam sido compradas “várias casas”. “Admito que possamos vir a reivindicar [o direito de preferência e] a adquirir um ou dois prédios, uma vez que a câmara não foi consultada, como deveria ter sido, para exercer ou não o direito de preferência”, sublinhou.

Pinto de Sá assinalou que a Câmara “tem direito de preferência sobre todos os imóveis transacionáveis no centro histórico”, por causa da classificação como Património Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).

Segundo o presidente do município, a companhia de seguros Fidelidade possuía 16 imóveis em Évora, todos situados no centro histórico, mas, com o tempo, foram transacionados para fundos imobiliários. “Temos acompanhado algumas dessas transações e o valor da primeira foi superior a 10 milhões de euros”, adiantou, observando que, depois dessa, já se realizaram outras, das quais a câmara não dispõe de dados.

O autarca referiu que as 16 casas situadas em Évora e que eram da Fidelidade “são prédios de habitação” e de outras tipologias, notando que “a maioria não estava sequer ocupada”. “Temos o caso de um prédio de habitação, que tem vários inquilinos e que nós queremos que se mantenha e que os moradores que vivem lá há muitos anos possam manter-se e não serem despejados das suas casas”, frisou.

“Há outros casos em que o edifício, pelas suas características, poderia ter interesse, por exemplo, para os serviços municipais ou para qualquer projeto relacionado com a valorização do centro histórico”, acrescentou.

Uma parte dos 271 imóveis que a Fidelidade, do grupo chinês Fosun, tinha vendido ao fundo Apollo, em agosto de 2018, passaram para as mãos dos franceses da Axa Investment Managers, num investimento de 200 milhões de euros, noticiaram este mês o Público e o Jornal de Negócios. Segundo o Negócios, que citou a Bloomberg, uma porta-voz da gestora francesa em Londres indicou que a Axa fez a aquisição dos imóveis, cuja maioria se situa em Lisboa, em dezembro e que pretende restaurá-los.

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Ações mundiais corrigem do selloff provocado pelo coronavírus. BCP e EDP disparam em Lisboa

Com os investidores ainda a avaliarem o impacto do coronavírus na economia global, as bolsas mundiais estão a recuperar após duas sessões de fortes perdas generalizadas.

Ao terceiro dia, as ações respiram de alívio. O selloff causado pelos receios relacionados com o coronavírus poderá estar prestes a chegar ao fim com as principais bolsas a inverterem a tendência das últimas sessões e a negociarem em terreno positivo. Em Lisboa, o BCP, a EDP e a Nos lideram os ganhos e levam o índice PSI-20 a avançar 0,74% para 5.116,26 pontos.

O número de casos confirmados de coronavírus atingiu 81.000 e tanto o número de pessoas curadas (30.165 pacientes) como as vítimas mortais (2.764) aumentaram. Na Europa, há já casos em Espanha e na Grécia, enquanto na América do Sul foi confirmado o primeiro infetado no Brasil.

A disseminação da doença — e a incerteza face ao eventual impacto que poderá ter na economia global — tem levado a fortes quedas nas bolsas desde o início da semana com o PSI-20 a perder 3,7 mil milhões de euros em apenas dois dias.

“Inevitavelmente impactará o crescimento, não só na China, mas também a nível global. Alguns setores mais cíclicos ou com maior exposição à China deverão sofrer uma quebra importante na sua atividade. Entre eles, os setores automóvel, commodities, companhias aéreas, hotéis… Contudo trata-se de uma situação conjuntural, não estrutural. Por esse motivo, devemos estar bem posicionados para quando a epidemia for controlada“, diz a equipa de research do Bankinter.

A expetativa dos analistas do banco é de recuperação para as ações, o que já está a acontecer tanto nos Estados Unidos como na Europa. A meio da terceira sessão, o índice de referência nacional começou a recuperar.

O BCP dispara quase 3% para 0,178 euros por ação, após ter tocado mínimos de quase três anos, enquanto a EDP — um dos títulos mais penalizados nas primeiras sessões da semana — ganha 2% para 4,58 euros. A Nos, telecom cujas ações atingiram o valor mais baixo desde 2013, ganha 1,2% para 3,87 euros. Também a Galp Energia, os CTT e a Jerónimo Martins seguem em terreno positivo.

Portugal está entre as maiores recuperações na Europa, a par do espanhol IBEX 35 e atrás do italiano FTSE MIB, que dispara mais de 1,5%. As ações europeias afundaram para o valor mais baixo em quatro meses e o índice Stoxx 600 mantém-se na linha de água. O francês CAC 40, o alemão DAX e o holandês AEX continuam a desvalorizar.

Banco liderado por Miguel Maya lidera recuperação lisboeta

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“Andei 40 anos a preparar-me para ser juiz do Tribunal Constitucional”, diz Vitalino Canas

  • Lusa
  • 26 Fevereiro 2020

O ex-secretário de Estado Vitalino Canas garantiu que, se for eleito para o Tribunal Constitucional, não será "porta-voz de ninguém, de nenhum partido político".

O ex-secretário de Estado Vitalino Canas assumiu esta quarta-feira, no parlamento, que esteve nos últimos “40 anos” a preparar-se para “ser juiz do Tribunal Constitucional”, e salientou que se for eleito não será porta-voz “de nenhum partido”.

Vitalino Canas, que foi também porta-voz do PS, e o juiz António Clemente Lima foram os nomes indicados pelo PS para preencher as duas vagas em aberto com a saída de Cláudio Monteiro e Clara Sottomayor do Tribunal Constitucional (TC). A votação decorrerá na sexta-feira, pelo que esta quarta-feira os dois candidatos foram ouvidos pela Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias.

Depois de terem sido conhecidos os nomes propostos pelo PS, foram várias as forças políticas a fazer críticas e a mostrarem desconforto com a escolha de Vitalino Canas, nomeadamente PSD, BE e Iniciativa Liberal. Na audição parlamentar desta quarta-feira, o antigo secretário de Estado disse estar “preparado” para exercer as funções com isenção.

“Eu não queria deixar aqui afirmações demasiado tumultuantes, demasiado bombásticas, mas eu andei 40 anos a preparar-me para ser juiz do Tribunal Constitucional. E ser juiz do Tribunal Constitucional é um bocadinho diferente do que exercer funções politicas”, afirmou em resposta aos deputados, depois de na primeira intervenção ter elencado o currículo que possui na área constitucional.

Apontando que no exercício de funções políticas um dirigente defende um posicionamento específico, e que tal “faz parte da postura” da pessoa em questão, Vitalino Canas assinalou que “ser juiz do Tribunal Constitucional é defender a Constituição na objetividade que ela tem”.

“E nem me passaria nunca pela cabeça, enquanto juiz do Tribunal Constitucional, que os critérios que viessem a presidir a qualquer tipo de posicionamento que venha a tomar sejam critérios que não os critérios objetivos que resultam da Constituição”, adiantou, ressalvando que, se assim não fosse, “não iria para lá, continuaria a exercer funções políticas” porque “seria mais fácil”.

Na primeira intervenção perante a comissão, o antigo governante defendeu que “os juízes do Tribunal Constitucional não têm programa de ação, ou linhas de ação próprias” e adiantou que o seu programa “será sempre a própria Constituição”.

Em resposta aos deputados, particularmente ao eleito do Chega, André Ventura, Vitalino Canas lembrou que integrou “dois governos do engenheiro António Guterres, de 1995 a 2002, como secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros”, tendo sido, nessa altura, “porta-voz do Governo durante vários anos”, passando depois a “porta-voz do Partido Socialista”, entre 2005 a 2009, quando José Sócrates era primeiro-ministro.

“Fui porta-voz do Partido Socialista há 15 anos, mas já não sou porta-voz do Partido Socialista há muitos anos, senhor deputado, e não serei certamente porta-voz de ninguém, de nenhum partido político, se for eleito para o Tribunal Constitucional”, sublinhou. O ex-deputado disse possuir “um conjunto vasto de pensamento sobre questões constitucionais que é suficiente para exercer as funções de juiz sem ter de recorrer a nenhum outro contributo exterior”.

Questionado se estará à vontade para apreciar algum recurso da operação Marquês, que envolve José Sócrates, Vitalino Canas disse estar “completamente tranquilo” em relação a isso, e “nem sequer existem razões” para se “declarar impedido”, e apontou que o processo será “visto com toda a isenção”.

Já em resposta ao BE, que contestou a escolha de Vitalino Canas por já ter exercido funções de provedor da Ética Empresarial e do Trabalhador Temporário, esclareceu que as suas funções foram de “prestar informação aos trabalhadores que a pediam”, bem como “procurar mediar pequenos litígios entre algumas empresas de trabalho temporário e os trabalhadores”, advogando que prestava um “serviço público”.

Por seu turno, o juiz conselheiro no Supremo Tribunal de Justiça António Clemente Lima rejeitou qualquer ligação a clubes de futebol. “Nunca recebi nada do Benfica, nunca fui convidado, nunca aceitei nada”, esclareceu António Clemente Lima.

Além das questões da imparcialidade, levantadas pela maioria dos partidos, os candidatos foram também questionados sobre os temas que poderão vir a ser analisados pelo Tribunal Constitucional, como a morte medicamente assistida.

Os deputados quiseram saber ainda qual a posição dos dois juristas sobre a declaração de pertença a organizações como a maçonaria, tendo os dois convergido que essas questões devem ser conhecidas e registadas. PSD, PAN e a deputada não-inscrita Joacine Katar Moreira criticaram ainda o facto de não terem sido propostas mulheres para estas vagas.

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