Fundo de Resolução é Plano B se Novo Banco falhar emissão de 400 milhões para os rácios

O Novo Banco vai ter de emitir 400 milhões em títulos de dívida idênticos aos colocados pela CGD. Caso não consiga obtê-los no mercado, o Fundo de Resolução financia. Valor desconta à garantia.

O Novo Banco vai ter, como a Caixa Geral de Depósitos (CGD) teve de fazer, de ir ao mercado colocar títulos de dívida altamente subordinada, de tal forma que conta para os rácios de capital. A obrigação, imposta pela Direção-Geral da Concorrência (DGComp), é a de emitir até 400 milhões de euros, tentativamente junto de investidores no mercado. Mas, se as taxas dispararem, o Fundo de Resolução garantiu já que toma firme a operação.

Até agora, o Novo Banco tinha apenas um requisito de CET1. Mas existe outro, o rácio de capital total, que o banco passou a ter de cumprir, sendo que para isso vai ter de ir ao mercado durante o próximo ano, apurou o ECO. Estas emissões de dívida Tier 2 têm, regra geral, custos elevados, tendo em conta o risco implícito. A CGD pagou 10,75%. Se os investidores exigirem um juro muito alto ao Novo Banco, há a alternativa: o Fundo de Resolução.

O banco liderado por António Ramalho terá de obter até 400 milhões de euros no mercado, mas o valor pode até ser superior. Certo é que estes 400 milhões estão garantidos pelo Fundo logo à partida, não se sabendo, no entanto, qual a taxa que o Novo Banco terá de pagar caso recorra a este Plano B.

Em troca desta garantia do Fundo, caso seja utilizado, o valor que for solicitado pelo Novo Banco sairá dos 3,89 mil milhões de euros que estão designados como garantia na operação de venda do banco ao Lone Star. O montante irá reduzir, assim, o valor que pode ser utilizado para cobertura das perdas dos ativos problemáticos que acompanham o Novo Banco.

Ao disponibilizar estes 400 milhões de euros, o Fundo de Resolução, ou seja, os bancos do sistema financeiro português, não só veem reduzido o montante elegível para cobertura de perdas potenciais, como conseguem uma remuneração pela garantia que prestam — já que o Novo Banco terá de pagar um juro. E o dinheiro é emprestado, ou seja, terá de ser ressarcido.

Crise severa abriu porta ao Estado

Além dos 400 milhões de euros para reforçar o rácio de capital total, para a capitalização do Novo Banco contribui também o facto de o Lone Star se ter comprometido a injetar já mil milhões de euros no banco. Se antes estava prevista a passagem de um cheque de 750 milhões pelos 75% do capital — o Estado tem os outros 25% — e 250 milhões em três anos, agora esta última parcela chega até ao final deste ano. Em caso de stress, há ainda o Estado.

“Apenas na medida em que surjam necessidades de capital em circunstâncias adversas graves que não possam ser resolvidas pela Lone Star ou por outros operadores de mercado, Portugal disponibilizará capital adicional limitado”, refere o comunicado da DGComp aquando da aprovação do plano de reestruturação, o último passo necessário para a venda agora concluída.

Esta medida representa uma inovação por parte das autoridades europeias, uma vez que à luz da nova regulamentação para o setor financeiro não existe margem para qualquer ajuda estatal — as regras vão no sentido do bail in, ou seja, serão os investidores e clientes dos bancos a suportar as perdas das instituições.

Só mesmo num caso extremo é que esta injeção deverá ser feita, não sendo publicamente referido qual o montante que pode ser aplicado pelo Estado no Novo Banco. Caso aconteça, será necessário apresentar um novo plano de negócios, bem como aplicados novos remédios pelas autoridades europeias (por exemplo, redução de balcões, diminuição do número de funcionários, entre outros).

Banco sólido. Sistema financeiro estabilizado

O Novo Banco, que demorou mais de três anos a ser vendido, deixando agora de ser um banco de transição, enfrentou vários obstáculos até chegar à assinatura do acordo com o Lone Star. Um desses obstáculos foi a oferta de troca de dívida sénior com a qual conseguiu obter uma almofada de capital de 500 milhões. O processo, chamado de LME (Liability Management Exercise), foi bem-sucedido. Foi mesmo o primeiro LME voluntário a nível europeu.

Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, e Donald Quintin, senior managing director do Lone Star, na assinatura do contrato de venda do Novo Banco.Paula Nunes/ECO

A situação confortável de liquidez do banco liderado por António Ramalho foi uma das condições para o sucesso, mostrando aos investidores a solidez da instituição — contrariamente ao habitual, o Novo Banco ofereceu dinheiro em troca dos títulos de dívida. O outro fator determinante foi a combinação da oferta de dinheiro pela dívida com a proposta comercial de depósitos de elevada remuneração. Mais de 40% dos detentores da dívida eram pequenos investidores que adquiriram estas obrigações nos balcões.

"O setor bancário está hoje mais bem preparado para o desenvolvimento da economia portuguesa.”

Carlos Costa

Governador do Banco de Portugal

Ao superar este obstáculo, a venda avançou. E o governador do Banco de Portugal vê a conclusão deste processo como “um passo decisivo de estabilização do setor financeiro nacional”. Carlos Costa disse, na assinatura do acordo de venda, que esta “contribui para a melhoria da perceção interna e externa da banca”, o que vai ter um efeito positivo na economia portuguesa.

“O setor bancário está hoje mais bem preparado para o desenvolvimento da economia portuguesa”, salientou. “Através desta operação de venda e do processo de recapitalização (…), a posição de capital do Novo Banco melhorou significativamente”, disse Donald Quintin, senior managing director do Lone Star. “Hoje, o Novo Banco é uma instituição sólida e bem capitalizada”, acrescentou, salientando que estão “entusiasmados com o futuro da economia portuguesa e com o futuro do Novo Banco”.

Há um alinhamento entre o Banco de Portugal e o Lone Star, fundo que terá todo o interesse no bom desempenho da economia portuguesa. É que só passados três anos da compra poderá desinvestir no Novo Banco, conseguindo neste caso apenas a diferença entre o valor da compra e da venda — só ao final de oito anos poderá começar a retirar dividendos. No processo de valorização da instituição, não poderá alienar ativos a partes relacionadas, sendo que sempre que queira vender ou reestruturar ativos terá de ter o aval do Fundo de Resolução.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Reclamações à Anacom sobem no semestre. Principal alvo: Meo

A Anacom recebeu 37.300 reclamações entre janeiro e junho, mais 17% do que no ano passado. A maioria centrou-se nas comunicações eletrónicas e a Meo foi a operadora mais reclamada, seguida pela Nos.

A Anacom recebeu 37.300 mil reclamações entre janeiro e junho, mais do que nos mesmos seis meses do ano passado. A maioria foi relativa a comunicações eletrónicas e a Meo foi o principal alvo das queixas. A operadora da Altice foi seguida de perto pela Nos que, ainda assim, conseguiu ser a única a reduzir a taxa de reclamações no semestre, em termos homólogos.

No relatório semestral das reclamações, publicado esta quarta-feira pelo regulador das comunicações, a Anacom informa que as 37.300 queixas no primeiro semestre deste ano representaram uma subida de 17% em relação ao mesmo período de 2016. Além disso, a entidade nota que, do total, 30.500 queixas diziam respeito a comunicações eletrónicas, um aumento de 13,5%.

Ora, neste campo, a Meo foi a operadora mais reclamada, de acordo com a Anacom — alvo de 38,5% das reclamações. Na lista segue-se a Nos com 36,2% das queixas. No terceiro lugar ficou a Vodafone, com 19,6% das reclamações e, de seguida, a Nowo, com 4,2%, lê-se no documento. “Entre os prestadores de maior dimensão, a Nos foi o único prestador que viu a sua taxa de reclamações diminuir face ao semestre homólogo”, escreve a entidade liderada por João Cadete de Matos.

Vendas e cancelamentos na base das queixas

A Anacom detalha ainda quais os principais motivos das queixas. Desde logo, os consumidores apresentaram reclamações, na maioria dos casos, por problemas com a “venda do serviço” e o “cancelamento” do mesmo. As reclamações por “alterações das condições contratuais pelo operador” foram as que mais aumentaram no período, subindo 58,5%, representando 7,3% do total de queixas. De notar que este relatório ainda não abrange o período das medidas corretivas impostas pela Anacom às operadoras este verão, devido aos aumentos irregulares de preços realizados no final do ano passado.

Mais: “Os serviços em pacote foram a oferta mais reclamada no primeiro trimestre do ano, representando 28,4% das reclamações, seguindo-se o serviço telefónico móvel, com 24,9%”, continua o regulador. Além do maior volume de reclamações, os pacotes registavam também a maior taxa: 2,4 reclamações por cada mil clientes. “A Nowo e a Nos registaram taxas de reclamações superiores à media no período em análise, 6,1 e três reclamações por mil clientes, respetivamente, seguindo-se a Meo, com 1,9 reclamações e a Vodafone, com 1,4 reclamações”, lê-se no resumo do documento.

Reclamações contra os correios subiram 26,5%

Em último lugar estão as reclamações sobre serviços postais, que foram 5.435 nos seis primeiros meses de 2017. Representou 14,6% do total e um aumento homólogo de 26,5%. Os CTT registaram quase a totalidade das queixas — os Correios foram alvo de 92% das reclamações, enquanto os CTT Expresso acumularam 4,5%. A maioria das queixas disse respeito a “problemas na distribuição de envios postais” e os assuntos mais reclamados foram o atendimento, o extravio ou atraso significativo na entrega e a falta de tentativa de entrega ao destinatário.

A Anacom termina dizendo que “as reclamações sobre os serviços da sociedade da informação”, como “subscrição de serviços ou conteúdos digitais pela internet” têm registado “um aumento muito expressivo” no número de reclamações, embora representem apenas 3% do total. Já o serviço de Televisão Digital Terrestre (TDT) foi alvo de 201 reclamações entre janeiro e junho.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Porto de Leixões continua a crescer em número de passageiros

Até setembro, o Porto de Leixões atingiu os 83.120 passageiros, um crescimento de 42% face a igual período do ano anterior. A meta dos 100 mil passageiros deve ser atingida até ao fim do ano.

O ano de 2017 deverá ser o melhor ano de sempre do Porto de Leixões. A senda de crescimento está para ficar, quer em número de passageiros, quer em número de escalas de navios de cruzeiros. Segundo os dados referentes aos primeiros nove meses do ano, o número de passageiros terá crescido 42%. Já o número de escalas de navios registou um aumento de 22%.

Em comunicado, o Porto de Leixões (APDL) refere que “até setembro foram contabilizados 83.120 passageiros e 83 escalas, contra os 58.449 passageiros e 68 escalas contabilizadas em igual período de 2016, fazendo de 2017 o melhor ano de sempre para atividade em Leixões“.

O mercado do Reino Unido continua a ser o maior contribuinte de origem dos passageiros que visitam o Porto e o Norte através de Leixões, logo seguido pelo mercado alemão e pelo norte-americano.

Ainda segundo o comunicado, o porto de Leixões registou “nove escalas inaugurais, estando ainda previstas mais três escalas inaugurais até ao final do ano”.

O Porto de Leixões adianta ainda que “até ao final do ano são esperados mais 17 escalas de navios de cruzeiro e mais cerca de 17.000 passageiros, perfazendo um total de 100 escalas e cerca de 100.000 passageiros”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Altice fala em “pressão sem precedentes” dos concorrentes

Altice diz estar "totalmente disponível para colaborar construtivamente" com a Autoridade da Concorrência, afim de ver a compra da TVI ser aprovada pelo regulador.

A Altice já reagiu à falta de decisão da ERC que fez o dossiê da compra da Media Capital avançar para a fase final, a da avaliação da Autoridade da Concorrência (AdC). Num longo comunicado, a dona da Meo diz estar “totalmente disponível para colaborar construtivamente com a AdC de forma a levar o procedimento regulatório relativo à Media Capital a uma conclusão positiva”. Tece também duras críticas aos concorrentes, acusando-os de utilizarem “os seus próprios meios de comunicação para veicular os seus próprios interesses”.

“Tomámos nota da pressão sem precedentes que impendeu sobre os reguladores nas últimas semanas, por parte de concorrentes, que utilizaram os seus próprios meios de comunicação para veicular os seus próprios interesses. O enquadramento regulatório português e europeu é bastante claro e este caso deverá ser analisado apenas com base nos factos e no mérito. Neste contexto, a AdC é quem melhor se posiciona para analisar esta transação na sua totalidade e determinar se, e que, condições serão necessárias”, considera a Altice.

Posto isto, o grupo de Patrick Drahi garante estar “totalmente disponível para colaborar construtivamente com a AdC” para que o negócio receba luz verde por parte este último regulador. A compra da Media Capital pela Altice é uma integração vertical, através da qual a operadora Meo, líder em quota de mercado, passa a deter o maior grupo de media português, que inclui ativos como a TVI, a rádio Comercial e a produtora Plural. A operação está avaliada em 440 milhões de euros.

A declaração da Altice surge menos de um dia depois da ERC ter finalmente emitido um parecer sobre este dossiê. A falta de consenso no regulador português dos media, em que dois dos membros estariam contra o negócio e um seria a favor, levou a que o negócio tramitasse para a AdC por deferimento tácito — isto é, incapacidade da ERC de decidir que sentido dar ao parecer final. A posição da ERC era aguardada com grande expectativa, na medida em que a entidade tinha nas mãos o poder vinculativo de chumbar o negócio nos termos em que é proposto. Na base desta incapacidade esteve a fragilidade do conselho regulador, que está reduzido a três de cinco unidades, o que obriga à unanimidade na tomada destas decisões. Sem ela, o negócio deu mais um passo.

Tomámos nota da pressão sem precedentes que impendeu sobre os reguladores nas últimas semanas, por parte de concorrentes, que utilizaram os seus próprios meios de comunicação para veicular os seus próprios interesses.

Altice

em comunicado

Uma aquisição “altamente benéfica” para o país

A Altice agarra ainda em todas as armas e lança oito argumentos que, garante, fazem com que esta operação seja “altamente benéfica para Portugal, para a cultura portuguesa” e “para a economia”. Primeiro, porque “trará investimento direto para Portugal” e, depois, porque “promoverá o progresso na agenda digital” do país.

O grupo diz ainda que a compra “tornará os conteúdos mais acessíveis para todos os portugueses”, “fortalecerá a criação de conteúdos locais portugueses”, “exportará conteúdos portugueses originais para mercados internacionais”, “garantirá um ambiente justo e competitivo no setor dos media em Portugal” e, por fim, “protegerá valores portugueses fundamentais” do “pluralismo dos media, liberdade de expressão e liberdade editorial”.

Assim, a Altice conclui: “Portugal possui um enquadramento regulatório claro e reguladores experientes, que dispõem das ferramentas necessárias para implementar e fazer cumprir as suas decisões. A Altice encontra-se plenamente confiante de que a AdC irá analisar a transação de forma objetiva, de acordo com as já bem consolidadas leis portuguesas e europeias.”

A aquisição da Media Capital pela Meo/Altice tem sido alvo de críticas oriundas de vários quadrantes. No setor das telecomunicações, a Vodafone e a Nos expressaram-se contra o negócio. Do lado dos media, foi da principal concorrente da Media Capital, a Impresa (dona da SIC), que o negócio tem merecido mais oposição. Em causa, preocupações de que a Altice possa bloquear o acesso a conteúdos, como a TVI24, bem como questões levantadas ao nível da concentração e do pluralismo. Antes da ERC, a Anacom recomendou no seu parecer que o negócio não seja aprovado nos termos em que foi proposto.

(Notícia atualizada às 13h06 com mais informações)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Empresas reduzem exposição ao financiamento da banca

Dados do Banco de Portugal mostram que, no segundo trimestre, as empresas melhoraram a sua autonomia financeira no segundo trimestre e conseguiram melhores condições de acesso ao crédito.

As empresas portuguesas denotam estar a conseguir tornar-se menos dependentes do financiamento de terceiros após as sérias dificuldades em que mergulharam durante a crise financeira. Dados divulgados pelo Banco de Portugal, nesta quarta-feira, indicam que as empresas nacionais se tornaram mais autónomas financeiramente no segundo trimestre do ano, conseguindo ao mesmo tempo melhores condições no acesso ao financiamento da banca.

As estatísticas trimestrais da Central de Balanços da entidade liderada por Carlos Costa revelam que a autonomia financeira do setor empresarial — ou seja, o rácio entre o capital próprio e o total do ativo — se fixou em 36% no segundo trimestre deste ano. Ou seja, 0,4% abaixo do que se verificava no final do ano passado.

Simultaneamente, a dependência das empresas relativamente ao financiamento da banca reduziu-se no mesmo período. De acordo com os dados do Banco de Portugal, no segundo trimestre deste ano, o peso dos financiamentos obtidos no total do ativo fixou-se nos 36,4%, abaixo tanto dos 36,7% que se verificava no primeiro trimestre deste ano e dos 37,8% registados no final de 2016.

Estrutura do financiamento das empresas

Fonte: Banco de Portugal | Em percentagem do total do ativo18 outubro, 2017

Para além de conseguirem reduzir a sua dependência do financiamento, as empresas também viram baixar o custo do acesso ao crédito. “O custo do financiamento das empresas não financeiras (juros suportados / financiamentos obtidos) foi de 3,2% no segundo trimestre de 2017, valor inferior aos registados no trimestre homólogo (3,5%) e no final de 2016 (3,4%), refere o Banco de Portugal em comunicado.

A redução da dependência do financiamento da banca acontece num contexto de menor procura pelas empresas, mas em que os bancos também só disponibilizam crédito àquelas que ofereçam as melhores garantias. Os dados mais recentes do Banco de Portugal indicam que nos primeiros oito meses deste ano, os bancos disponibilizaram um total de 18,5 mil milhões de euros em crédito para as empresas. Ou seja, o valor mais baixo do histórico da entidade liderada por Carlos costa que remonta ao início de 2003.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Passos Coelho: “Sinto vergonha pelo que se passou no país nestes meses”

  • Margarida Peixoto
  • 18 Outubro 2017

Pedro Passo Coelho criticou duramente o primeiro-ministro, defendendo que nunca pensou que houvesse um Governo que se comportasse desta maneira. "Não merece uma segunda oportunidade", disse.

Pedro Passos Coelho criticou duramente o primeiro-ministro António Costa, dizendo que sente “vergonha pelo que se passou no país nestes últimos meses.” O ainda líder do PSD defendeu que o que se passou, a tragédia provocada pelos incêndios deste ano, “implica um pedido de desculpa” e que o Executivo “não merece uma segunda oportunidade”.

Há uma “clara responsabilidade do primeiro-ministro nesta situação”, defendeu Passos Coelho, frisando que António Costa “toma decisões quando elas se impõem por si próprias, porque não há outra coisa a fazer.”

Em declarações transmitidas pela RTP3, o presidente do PSD reconheceu a “forma heroica como as pessoas se comportaram, que sabiam que não podiam contar com a ajuda de mais ninguém, nem do Estado, para se salvarem” e isso “implica um pedido de desculpa, de perdão do Estado, independentemente da responsabilidade direta” de cada governante.

“Sairei da liderança do PSD, não é por isso que digo isto: sinto vergonha pelo que se passou no país nestes meses. Nunca pensei que houvesse um Governo que se comportasse desta maneira, nestes termos. O que interessa não é salvar a pele do Governo. Este Governo não merece uma segunda oportunidade porque deitou fora todas as oportunidades que tinha,” disse o ainda presidente do PSD.

Passos continuou num tom duro: “O Estado falhou clamorosamente.” E ainda se referiu ao discurso do Presidente da República desta terça-feira, notando que até Marcelo “sentiu que [a morte de mais de 100 pessoas nos incêndios] era uma perda que pesava no seu mandato porque é Presidente da República e representa o seu país.”

Sobre o momento da saída da ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, Passos argumentou que o primeiro-ministro se demitiu das suas responsabilidades ao permitir que a saída acontecesse quando a própria ministra diz que “já ninguém a convence a ficar.” E acusou: “Enquanto a ministra recebesse as críticas, elas não eram dirigidas ao primeiro-ministro, o que mostra todo o caráter.”

O primeiro-ministro não tem nenhumas condições para inspirar confiança ao país.

Pedro Passos Coelho

Presidente do PSD

E quase pediu a demissão de António Costa: “Acho que o primeiro-ministro não tem nenhumas condições para inspirar confiança ao país. Sinto vergonha pelo que se passa, o país não merecia ter um Governo que se comportasse desta maneira.”

A rematar, Pedro Passos Coelho acusou ainda o Governo e o Bloco de Esquerda de terem “um negócio feito para dizer que o problema da floresta é um problema de eucaliptos.”

(Notícia em atualização)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Sérgio Monteiro: “Ainda não fui contactado” sobre a Operação Marquês

Sérgio Monteiro foi 'apanhado' num dos casos que foram extraídos do processo Marquês. À margem da venda formal do Novo Banco, o ex-governante afirmou estar "completamente tranquilo".

Sérgio Monteiro, ex-secretário de Estado das Infraestruturas, diz estar “completamente tranquilo” pelo seu nome constar numa das 15 certidões extraídas do Processo Marquês. E diz, em declarações ao ECO à margem da assinatura do acordo de venda do Novo Banco ao Lone Star, que ainda não foi contactado.

“Quem está em funções públicas tem de estar sempre preparado para o escrutínio público. Estou completamente tranquilo”, salientou Sérgio Monteiro quando confrontado com as suspeitas de corrupção quanto à forma como foi negociado o acordo de compensação que o Estado português assinou com o consórcio que venceu o troço do TGV Poceirão-Caia. E acrescentou que “ainda não fui contactado”.

De acordo com o Observador e o Público, em causa está a parceria Elos, que envolve uma empresa do grupo Lena e outra do grupo Odebrecht, o Banco de Investimento da Caixa Geral de Depósitos e o CaixaBI, banco que representava à data.

Quem está em funções públicas tem de estar sempre preparado para o escrutínio público. Estou completamente tranquilo.

Sérgio Monteiro

Ex-secretário de Estado das Infraestruturas do Governo de Passos Coelho

Posteriormente, Sérgio Monteiro foi para o Governo e geriu o acordo de compensação devido no contrato depois do cancelamento do projeto do TGV, uma decisão do Governo de Passos Coelho. Monteiro é, atualmente, consultor externo do Banco de Portugal, tendo estado encarregue de montar o processo de venda do Novo Banco que agora ficou concluído.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

É oficial: Novo Banco já foi vendido ao fundo Lone Star

Banco de Portugal, Fundo de Resolução e Lone Star já assinaram o acordo que entrega 75% do Novo Banco ao fundo norte-americano Lone Star.

Três anos depois da resolução do Banco Espírito Santo (BES), é oficial: o Novo Banco foi vendido. O banco liderado por António Ramalho está agora nas mãos do fundo norte-americano Lone Star depois de ter sido assinado esta quarta-feira o acordo entre o Banco de Portugal, Fundo de Resolução e Lone Star.

Na assinatura que formaliza a venda estiveram presentes o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, Sérgio Monteiro, o responsável por ‘montar’ esta operação, Luís Máximos dos Santos, vice-governador e responsável do Fundo de Resolução e ainda o presidente do Novo Banco, António Ramalho. Do lado do Lone Star esteve presente Donald Quintin, senior managing director do Lone Star.

Estamos satisfeitos por chegar ao fim deste processo. Após dois anos de trabalho com as autoridades portuguesas, o Banco Central Europeu e a Comissão Europeia conseguimos assegurar as condições necessárias para finalizar a aquisição de uma posição de 75%” no Novo Banco, afirma Donald Quintin. “É com muito gosto que vamos começar a trabalhar com a gestão do banco e os seus colaboradores para desenvolver uma rede bancária de acordo com as melhores práticas do mercado”, acrescenta.

Estamos satisfeitos por chegar ao fim deste processo. Após dois anos de trabalho com as autoridades portuguesas, o Banco Central Europeu e a Comissão Europeia conseguimos assegurar as condições necessárias para finalizar a aquisição de uma posição de 75% no capital do Novo Banco.

Donald Quintin

Senior managing director do Lone Star

O senior managing director do Lone Star refere ainda que “através desta operação de venda e do processo de recapitalização (…) a posição de capital do Novo Banco melhorou significativamente. Hoje, o Novo Banco é uma instituição sólida e bem capitalizada”, salientando que estão “entusiasmados com o futuro da economia portuguesa e com o futuro do Novo Banco”.

Com a conclusão desta venda, o governador do Banco de Portugal garante é “um passo decisivo de estabilização do setor financeiro nacional“. Carlos Costa refere ainda que “contribui para a melhoria da perceção interna e externa da banca”, o que vai ter um efeito positivo na economia portuguesa. “O setor bancário está hoje melhor preparado para o desenvolvimento da economia portuguesa”, salienta.

Este acordo prevê que os americanos do LoneStar injetem mil milhões de euros para ficarem com uma participação de 75% — 750 milhões no closing do negócio e mais 250 milhões até ao final do ano — e ainda avançar com uma “reestruturação aprofundada da instituição”. Os restantes 25% ficam nas mãos do Fundo de Resolução, o que apenas é possível porque a resolução acontece antes de terem sido implementadas as novas regras europeias sobre resoluções bancárias.

Além disso, o Novo Banco terá de ir ao mercado obter 400 milhões de euros através da emissão de instrumentos de fundos próprios de nível 2, à semelhança do que foi feito pela Caixa Geral de Depósitos (CGD).

(Notícia atualizada às 12h06 com mais detalhes)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Com o prazo a terminar, credores portugueses da Oi queixam-se de problemas

Oi deu aos obrigacionistas portugueses a possibilidade de reaverem até 13.400 euros em dívida. Programa termina quinta-feira, mas credores queixam-se de que não estão a ser contactados.

O programa da Oi para ressarcir obrigacionistas portugueses da antiga PTIF está a ter problemas. Esta era a solução encontrada pela operadora brasileira para ressarcir os pequenos obrigacionistas portugueses num máximo de 50.000 reais, pouco mais de 13.400 euros. A Oi deu até esta quinta-feira, 19 de outubro, como prazo para a conclusão do processo, que contemplava uma reunião para fechar o acordo. No entanto, quase em cima da data final, credores queixam-se de que não foram contactados nem conseguem contactar os responsáveis.

Foi a 15 de setembro que muitos obrigacionistas da PT International Finance (PTIF), através da comunicação social, ficaram a saber da hipótese de verem reembolsada a dívida — ou parte dela — num processo simples e rápido. Alguns, contudo, só o souberam já em outubro. O “programa”, como foi apelidado, previa duas fases. Primeiro, a identificação dos detentores de obrigações interessados mediante o registo num formulário online disponibilizado pela Oi. Depois, mediante a entrega de documentação mais específica, o credor e a sociedade de advogados que representa a Oi em Portugal eram postos em contacto. Seria agendada uma reunião e fechado o acordo: ressarcir até 13.451,71 euros, 90% no imediato e 10% quando fosse aprovado o plano de recuperação judicial da empresa (que ainda não foi nem é garantido que seja).

O prazo dado pela Oi para tudo isto foi 19 de outubro, esta quinta-feira — tendo sido estabelecido ainda antes de se ficar a conhecer o novo plano de recuperação judicial da empresa brasileira, não se sabendo se tem ou não influência no prazo de aceitação do programa para os pequenos investidores. Contudo, a sociedade de advogados em causa, Carneiro Pacheco & Associados, não estará a conseguir dar resposta aos pedidos. Ao ECO, um credor que investiu 21.000 euros em obrigações de valor nominal de 1.000 euros da PTIF queixa-se da impossibilidade de contactar a representante da Oi no país.

Por telefone, a última vez que teve resposta foi na sexta-feira, mas não foi agendada qualquer reunião nem conseguiu chegar à fala com responsáveis diretos da sociedade. Por email, o último contacto data de 13 de outubro. O ECO fez várias tentativas de contacto com a Carneiro Pacheco & Associados, mas o telefone permaneceu desligado. Foi enviado um conjunto de questões à sociedade, mas não foi obtida resposta até à hora de publicação deste artigo.

Uma fonte conhecedora do assunto, sob a condição de anonimato, admitiu ao ECO que “têm havido muitos problemas” com este programa e que “muitas pessoas não estão a conseguir fechar o procedimento”. Estão a ser registadas “dificuldades em fazer os agendamentos”. Em causa poderão estar até 2.000 pequenos obrigacionistas da Oi de um total de cerca de 5.000. Como justificação para os “problemas”, a mesma fonte aponta para a possibilidade de terem sido subestimados os meios necessários para levar a cabo um programa desta envergadura.

Plano de recuperação em risco

Quando este programa foi conhecido, foi apontada como condição que estes obrigacionistas votassem favoravelmente ao plano de recuperação judicial da empresa na próxima assembleia-geral de credores agendada para 23 de outubro. A última versão do plano prevê, em traços gerais, um aumento de capital de nove mil milhões de reais (cerca de 2,4 mil milhões de euros) e a troca de obrigações por ações numa operação que poderá pôr nas mãos dos credores até 40% da maior operadora de telecomunicações do Brasil. Este plano estará em risco de ser chumbado na assembleia de credores da próxima segunda-feira, como avançou a Bloomberg na semana passada, pelo que a Oi deverá ter interesse em ter mais estes obrigacionistas portugueses do seu lado.

Este programa de reembolso de dívida estava a ser visto por muitos obrigacionistas como a última esperança para reaverem parte ou a totalidade dos seus investimentos, esperanças que estarão, agora, em risco de saírem goradas. A hipótese de uma extensão do prazo é ainda vista como uma possibilidade pelos credores, mas a Oi tem interesse em fechar este processo antes da reunião geral da próxima segunda-feira no Brasil.

Credores manifestam-se nas Amoreiras

A incógnita permanece e, na manhã desta quarta-feira, mais de meia centena de credores deslocaram-se presencialmente ao escritório da Carneiro Pacheco & Associados nas Amoreiras em Lisboa, numa tentativa de acelerar o processo. Terá sido fornecido um endereço de email brasileiro como alternativa para os obrigacionistas, mas um credor confirmou ao ECO que as mensagens estarão a ser devolvidas por a caixa de entrada estar cheia.

Credores da PTIF/Oi manifestam-se junto à sociedade de advogados que representa a Oi em PortugalD.R.

A Oi encontra-se ao abrigo de um processo de recuperação judicial no Brasil, como forma de evitar a sua falência. Acumula uma dívida avultada a inúmeras entidades, incluindo a Anatel, o regulador das comunicações brasileiro. A portuguesa Pharol PHR 2,30% , antiga holding da Portugal Telecom, é a principal acionista da empresa: gere apenas a participação de cerca de 27% na Oi e tenta recuperar o investimento ruinoso de 897 milhões de euros em instrumentos de dívida da Rio Forte, sociedade do Grupo Espírito Santo.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Material desaparecido em Tancos encontrado na Chamusca

A Polícia Judiciária Militar recuperou o material alegadamente roubado na base militar de Tancos. Ministro da Defesa vai ao Parlamento de urgência, a pedido do PS.

Quase todo o material militar de guerra furtado nos paióis de Tancos, Santarém, foi recuperado esta quarta-feira a 21 quilómetros do local, na Chamusca, cerca de três meses e meio depois de o Exército ter divulgado o roubo, em 29 de junho. O trabalho de verificação do material encontrado ainda não está concluído, mas já é possível confirmar que faltam as munições de nove milímetros, disse à Lusa fonte ligada à investigação.

O material foi recuperado na região da Chamusca, segundo a RTP. Em causa estão 44 armas de guerra, granadas e explosivos. Terá existido uma denúncia anónima durante a madrugada desta quarta-feira. Contudo, a Polícia Judiciária não conseguiu recuperar as munições. A denúncia pública de que o material teria desaparecido ocorreu no final de junho. Fonte oficial da PJM confirmou ao ECO que o armamento foi recuperado.

De acordo com a estação de televisão, a investigação da PJ foi feita em colaboração com o núcleo de investigação criminal da GNR de Loulé. Já o Público avança que, segundo uma fonte militar, o material foi quase todo encontrado, exceto “algumas munições”.

Numa primeira reação, fonte oficial do Ministério da Defesa Nacional assinalou a relevância da recuperação do material e frisou que é preciso aguardar pela “conclusão da investigação criminal em curso para se conhecerem todos os contornos relativos ao furto”.

A Polícia Judiciária Militar (PJM) tem como missão investigar crimes estritamente militares e de crimes cometidos no interior de unidade, estabelecimento ou órgãos militares. A PJM é um órgão de polícia criminal do Ministério da Defesa. Segundo a Lusa, a Polícia Judiciária Militar informou esta quarta-feira que intercetou na região da Chamusca, distrito de Santarém, o material roubado da base de Tancos.

De acordo com o comunicado, “o material recuperado já se encontra nos Paióis de Santa Margarida, à guarda do Exército, onde está a ser realizada a peritagem para identificação mais detalhada”. O Exército tinha decidido encerrar os paióis nacionais de Tancos, optando por concentrar o material nas instalações de Santa Margarida e admitindo armazenar algum material nos paióis dos outros ramos, em caso de necessidade.

Em sequência deste comunicado, o PS anunciou que vai chamar com caráter de urgência o ministro da Defesa, José Azeredo Lopes, à Comissão Parlamentar de Defesa, na sequência da interceção pela Polícia Judiciária Militar do material roubado na base de Tancos. Este requerimento da bancada socialista foi transmitido à agência Lusa por fonte oficial da direção do Grupo parlamentar do PS.

Em reação a esta notícia, no Parlamento, Pedro Passos Coelho afirmou que este é também “um caso de falhanço do Estado”. “Espero que o Governo não tenha dúvidas sobre o que aconteceu“, afirmou o ex-primeiro-ministro e atual deputado do PSD, em declarações transmitidas pela RTP.

Já o líder parlamentar do PCP, João Oliveira, questionado sobre o assunto, preferiu não reagir.

Do desaparecimento em junho ao (re)aparecimento em outubro

No final de setembro, o semanário Expresso revelou um relatório do serviço de informações militares sobre o caso dos Paióis Nacionais de Tancos onde se pode ler que Azeredo Lopes, ministro da Defesa, agiu “com ligeireza, quase imprudente”, revelando uma “arrogância quase cínica”. O documento revela ainda que o assalto revela “fragilidade de liderança e da capacidade de gestão de crise, quer ao nível militar, quer ao nível político”.

O ministro da Defesa chegou a dizer, em entrevista, que, “no limite pode não ter havido furto”. Azeredo Lopes admitiu não saber “se alguém entrou em Tancos”.

Em julho, o Ministério Público tinha decidido abrir um inquérito ao caso de Tancos, na sequência de terem sido levantadas suspeitas de tráfico de armas e terrorismo internacional. “Estão em causa, entre outras, suspeitas da prática dos crimes de associação criminosa, tráfico de armas internacional e terrorismo internacional”, afirmava a Procuradoria-Geral da República.

Eis a lista do material roubado:

  • 1450 cartuchos de 9 mm
  • 22 bobinas de fio para ativação por tração
  • 1 disparador de descompressão
  • 24 disparadores de tração lateral multidimensional inerte
  • 6 granadas de mão de gás lacrimogéneo CS/ MOD M7
  • 10 granadas de mão de gás lacrimogéneo CM Anti-motim M/968
  • 2 granadas de mão de gás lacrimogéneo triplex CS
  • 90 granadas de mão ofensivas M321
  • 30 granadas de mão ofensivas M962
  • 30 granadas de mão ofensivas M321 (em corte para instrução)
  • 44 granadas foguete antitanque carro 66 mm com espoleta M4112A1 com lançamento M72A3- M/986 LAW
  • 264 unidades de explosivo plástico PE4A
  • 30 CCD10 (carga de corte)
  • 57 CCD20 (carga de corte)
  • 15 CCD30 (carga de corte)
  • 60 iniciadores IKS
  • 30,5 lâminas KSL (Lâmina explosiva)

(Notícia atualizada pela última vez às 16h25 com mais informação)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Revista de imprensa internacional

O evento do dia é o Congresso do Partido Comunista Chinês, onde se define o futuro de uma das maiores potências mundiais. As indefinições na Catalunha custam ao Sabadell e ao CaixaBank nove milhões.

No mundo dos negócios, a Sabadell e CaixaBank perdem nove milhões dadas as incertezas relativas à independência da Catalunha. Também o futuro da China está a ser definido, durante o Congresso do Partido Comunista chinês. Na justiça, o Tribunal Supremo alemão rejeita os pedidos dos tribunais para que a Alemanha abandone o programa de quantitative-easing do BCE. Nos EUA as acusações recaem sobre a mineira Rio Tinto.

El Confidencial

CaixaBank e Sabadell perdem nove milhões em depósitos

Os grandes bancos catalães começam a fazer contas ao impacto da tensão política provocada pelo processo independentista da Catalunha. CaixaBank, dono do BPI, e Sabadell admitem ter perdido cerca de nove milhões de euros em depósitos durante a semana após o referendo, com os receios em torno desta questão a levarem os clientes a resgatar o seu dinheiro. Dúvidas que já levaram as duas instituições financeiras a mudarem as suas sedes. Leia a notícia completa aqui (Conteúdo em Espanhol/ acesso livre)

BBC

EUA acusam empresa Rio Tinto de fraude

O Governo dos EUA acusa a produtora de minérios Rio Tinto de fraude, nomeando ainda dois executivos de topo entre as acusações. A fraude terá consistido na inflação do valor do carvão produzido em Moçambique e a não divulgação de perdas acumuladas. Esta, que é a segunda maior mineira do mundo, afirma que se vai defender “vigorosamente” das alegações, uma vez que acabou de resolver acusações de falta de transparência que visavam os mesmos projetos com a Britain’s Financial Conduct Authority. Neste caso, enfrentou uma multa de 36 milhões de dólares. Leia a notícia completa aqui (Conteúdo em inglês/ acesso condicionado)

Bloomberg

Supremo Tribunal Alemão mantém quantitative-easing do BCE

O Supremo Tribunal alemão rejeita a proposta avançada pelo tribunal alemão de excluir o Bundsbank do programa de quantitative-easing do banco central europeu. “Tendo em conta o elevado volume de compras pelo Bundsbank, interromper a compra de dívida iria pôr em risco o objetivo de aumentar a inflação acima de 2%”, argumentou o Tribunal Supremo esta quarta-feira. Leia a notícia completa aqui (Conteúdo em inglês/ acesso livre)

BBC

China vai entrar numa “nova era”

Na abertura do congresso do Partido Comunista Chinês, o Presidente chinês, Xi Jinping diz que a China entrou numa “nova era” e realça o “rápido progresso” que se tem vindo a verificar debaixo do “socialismo com características chinesas”, servindo de exemplo para outros países. Esta conferência, que se realiza a cada cinco anos, determina não só a direção que o país seguirá no futuro como também qual será o representante da República chinesa no próximo mandato. É esperado que este papel seja assumido novamente por Xi Jinping. Leia a notícia completa aqui (Conteúdo em inglês/ acesso livre)

The Guardian

A mala mais cara do mundo está à venda

A mala mais cara do mundo está à venda. A Mouawad 1001 Nights Diamond Purse tem um preço original de 3,8 milhões de dólares e vai agora a leilão. No preço pesam os mais de 4.500 diamantes, o ouro de 18 quilates e as 8.800 horas que levou a ser produzida à mãe. A peça é da autoria do joalheiro Robert Mouawad e consta do livro dos recordes do Guinness. Leia a notícia completa aqui (Conteúdo em inglês/ acesso livre)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Portugal obtém juros negativos recorde em leilão de dívida de curto prazo

Portugal arrecadou esta quarta-feira 1.250 milhões de euros em dívida de curto prazo, num duplo leilão de Bilhetes do Tesouro que registou juros negativos recorde.

Portugal arrecadou esta quarta-feira 1.250 milhões de euros em dívida de curto prazo, num duplo leilão de Bilhetes do Tesouro a três e 11 meses que registou juros negativos recorde. Esta foi a primeira ida ao mercado depois de o Governo ter apresentado no Parlamento o Orçamento do Estado para 2018, documento que foi entregue na sexta-feira passada.

De acordo com o IGCP, 950 milhões de euros foram obtidos com a colocação de títulos com maturidade em setembro de 2018 (11 meses). Neste leilão, o Tesouro pagou um juro de -0,325%, taxa de compara com os -0,291% registados no último leilão comparável realizado em agosto passado, face a um nível de procura elevado: 1,75 vezes acima da oferta.

Já no leilão a três meses, Portugal obteve do mercado 300 milhões de euros com uma taxa de juro também em novo mínimo nos -0,389%, face aos -0,337% do anterior leilão. Aqui o interesse do mercado foi ainda mais robusto: procura superou em 4,55 vezes aquilo que o IGCP pretendia ter.

“A dívida da República Portuguesa fez mais um recorde. Já sabíamos que íamos ter taxas mais baixas do que as emissões comparáveis realizadas em julho, porque as taxas no mercado desceram desde essa altura. A procura foi muito elevada”, refere Filipe Silva, gestor de ativos do Banco Carregosa.

“A dívida a 11 meses também seguiu a tendência, beneficiando dos últimos acontecimentos da economia portuguesa e da melhoria do ciclo económico, incluindo a melhoria no rating. Portugal continua a conseguir emitir dívida, ou seja, a financiar-se, a taxas negativas“, frisa ainda.

Juros são cada vez mais negativos

Fonte: IGCP

Os resultados deste leilão refletem o ambiente mais favorável que o país tem encontrado ao longo do ano, para o qual têm contribuído fatores internos — como o bom desempenho da economia, a saída do Procedimento por Défices Excessivos e, mais recentemente, a saída da dívida portuguesa da categoria “lixo” para a Standard & Poor’s, entre outras razões — mas também fatores externos — como o programa de compra de dívida do Banco Central Europeu.

"A dívida da República Portuguesa fez mais um recorde (…) beneficiando dos últimos acontecimentos da economia portuguesa e da melhoria do ciclo económico, incluindo a melhoria no rating.”

Filipe Silva

Gestor de ativos do Banco Carregosa

Conforme o ECO explicou em agosto, várias razões se conjugam para o facto de os investidores aceitarem comprar estes títulos de dívida a um preço que é superior ao seu valor facial, resultando nos juros negativos destes leilões. Isto é, eles não se importam de comprar títulos a um preço mais alto do que aquele que vão receber depois no final da maturidade. Por um lado, estes Bilhetes do Tesouro são títulos muito líquidos e comportam menor risco. Por outro, a atuação do BCE também tem contribuído para este cenário.

O Governo apresentou no final da semana passada o Orçamento do Estado para o próximo ano. De acordo com as projeções do Executivo, a dívida pública deverá descer para 126,2% do Produto Interno Bruto (PIB) no final deste ano, recuando para 123,5% do PIB em 2018.

Depois do reembolso de 6.000 milhões de euros em obrigações do Tesouro ao mercado efetuado esta segunda-feira, o tal trambolhão na dívida previsto por Ricardo Mourinho Félix, secretário de Estado Adjunto e das Finanças, Portugal conta pagar mais 3.000 milhões de euros do empréstimo oficial do Fundo Monetário Internacional (FMI) até final do ano, acima dos 5,2 mil milhões já devolvidos ao Fundo este ano.

(Notícia atualizada às 11h11)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.