Brasileira Odebrecht paga luvas de 3,6 milhões a “Príncipe” da política portuguesa

  • ECO
  • 17 Setembro 2020

O Ministério Público está a investigar subornos milionários pagos pela construtora brasileira Odebrecht a um político português com o nome de código de "Príncipe".

A construtora brasileira Odebrecht, envolvida no caso de corrupção Lava Jato, alegadamente pagou luvas de mais de 3,6 milhões de euros a um político português protegido com o nome de código “Príncipe”, avança o Correio da Manhã (acesso pago). Estes pagamentos estarão relacionados com a obra da barragem do Baixo Sabor, pertencente à EDP, e estão a ser investigados pelo Ministério Público no âmbito do caso EDP.

Os supostos subornos milionários terão sido pagos entre setembro de 2008 e março de 2009. Estes pagamentos, relacionados com a barragem que foi construída pela Odebrecht e pelo Grupo Lena, são revelados numa carta rogatória enviada pelo Ministério Público Federal do Brasil, em agosto de 2019, aos procuradores do caso EDP. O objetivo agora é descobrir quem é este “Príncipe”.

As datas dos alegados pagamentos de luvas, diz o Correio da Manhã, são muito próximas de reuniões entre Manuel Pinho, ministro da Economia na altura, António Mexia, então líder da EDP, e Ricardo Salgado, à data líder do Banco Espírito Santo (BES) e do Grupo Espírito Santo (GES).

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Procura supera cinco vezes a oferta de apoios para criar emprego

  • ECO
  • 17 Setembro 2020

As 4.434 candidaturas ao programa +CO3SO correspondem a um pedido de apoios que ascende a 487,5 milhões de euros. Dotação inicial do programa são 90 milhões de euros.

O programa para apoiar as empresas a contratarem novos trabalhadores recebeu 4.434 candidaturas desde que arrancou, a 15 de julho, avança o Público (acesso pago). Este nível de procura representa um apoio de 487,5 milhões de euros, ou seja, cinco vezes mais do que a dotação inicial do programa — 90 milhões de euros, que tinham por objetivo permitir criar 1.600 postos de trabalho.

O sucesso foi tal que a ministra da Coesão Territorial já não consegue garantir que vá abrir uma segunda fase do programa e que tenha condições de reforçar a dotação. “Tinha referido essa possibilidade”, reconheceu Ana Abrunhosa, numa referência às declarações em entrevista ao ECO aquando do lançamento do programa. “Mas aqui não estamos a falar de um reforço. Os reforços são pequenos aumentos, aqui é uma mega inundação, uma procura avassaladora”, admitiu ao Público. “Mas vamos ver os projetos. Se tivermos condições de reforçar, reforçaremos sempre que estiverem em causa bons projetos. Mas só podemos dar essa garantia depois de analisar as candidaturas, uma análise que deverá ser feita num período rápido”.

Os sinais do sucesso da medida foram surgindo, tal como o ECO foi noticiando, primeiro com a suspensão das candidaturas na região Centro esta terça-feira e na região Norte na quarta, em ambos os casos por terem esgotado os plafonds que lhe estavam destinados (cerca de 26 milhões de euros no seu conjunto).

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Ana Gomes afirma que há demasiado encosto entre Presidente e Governo

  • Lusa
  • 17 Setembro 2020

A candidata à presidência diz que "há demasiado encosto" entre o Presidente da República e o Governo e advertiu que num segundo mandato Marcelo Rebelo de Sousa tentará comandar o primeiro-ministro.

A ex-eurodeputada socialista Ana Gomes afirmou na quarta-feira à noite que “há demasiado encosto” entre o Presidente da República e o Governo e advertiu que num segundo mandato Marcelo Rebelo de Sousa tentará comandar o primeiro-ministro.

Ana Gomes, que na semana passada anunciou que irá candidatar-se a Presidente da República, assumiu estas posições numa entrevista à RTP3, durante a qual também revelou que vai ser apoiada por Isabel Soares, filha do antigo chefe de Estado e fundador do PS, Mário Soares.

Durante a entrevista, a diplomata fez sobretudo críticas à atuação do chefe de Estado e à linha política seguida pela direção do seu partido em relação às eleições presidenciais de 2021.

“Mesmo que fosse o meu melhor amigo, eu jamais teria tolerado com um sorriso embaraçado ou cúmplice que um primeiro-ministro lançasse a minha recandidatura à Presidência da República, que foi aquilo que se passou naquele episódio na fábrica da Autoeuropa”, em abril, entre Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa, referiu Ana Gomes.

Ana Gomes acusou também Marcelo Rebelo de Sousa de “estar completamente ausente do debate sobre as grandes prioridades estratégicas de Portugal“, embora esteja sempre “a comentar a espuma dos dias”, mas insurgiu-se principalmente sobre o sistema de relações entre os órgãos de soberania Presidência da República e Governo.

“Repito que faço um mandato globalmente positivo do Presidente da República, mas acho que cada macaco no seu galho. Há demasiado encosto do Presidente ao Governo e do Governo ao Presidente”, apontou.

Na entrevista, a ex-eurodeputada procurou também dirigir várias mensagens aos eleitores do espaço do PS, chegando mesmo a dizer que Marcelo Rebelo de Sousa não pode ser apoiado “por verdadeiros socialistas”.

“Somos diferentes. Eu sou progressista e ele é conservador”, disse, procurando traçar aqui uma linha de demarcação de caráter ideológico.

Mas Ana Gomes foi mais longe com um aviso sobre o que poderá ser um segundo mandato de Marcelo Rebelo de Sousa como Presidente da República.

Dá ideia de que um dia vai querer de facto comandar quem quer que exerça o cargo de primeiro-ministro. Está-lhe na massa do sangue, do tipo de jogos em que ele se compraz, o tipo de percurso político nos bastidores da política em que ele sempre foi exímio. Ora bem, eu acho que este é o momento para os socialistas pensarem bem que, se se mobilizarem, podem ter alternativa”, disse.

Em relação ao PS, Ana Gomes afirmou esperar que este partido dê liberdade de voto aos seus militantes nas próximas eleições presidenciais e recorreu ao passado das décadas de 80 e 90 para tirar a seguinte conclusão: “Sempre que o PS esteve unido nas eleições presidenciais fez a diferença, elegendo Mário Soares e Jorge Sampaio; sempre que o PS esteve desunido ou não foi a jogo, a direita ganhou”.

A ex-eurodeputada socialista tentou ainda estabelecer diferenças face a outras candidaturas presidenciais já anunciadas, como as de João Ferreira, do PCP, e de Marisa Matias, do Bloco de Esquerda, classificando-as como “candidaturas partidárias”.

Questionada sobre o líder do Chega, a diplomata respondeu que não o conhece pessoalmente e considerou “uma medalha de honra” André Ventura caracterizá-la como “candidata cigana”, salientando que a extrema-direita é a sua inimiga nas próximas eleições presidenciais.

Já na parte final da entrevista, Ana Gomes foi confrontada com as acusações de que é populista, faz julgamentos na praça pública e desrespeita a presunção da inocência, mas rejeitou-as.

“Fiz denúncias escritas sempre com a minha cara e nunca anónimas. Vi foi muitas vezes as instâncias de justiça serem abafadas para que não se fizesse justiça, como nos casos dos submarinos ou do apagão fiscal”, contrapôs.

Depois, a ex-eurodeputada do PS voltou a criticar a atitude “altamente questionável” do primeiro-ministro, António Costa, manifestar apoio à recandidatura do presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira.

“Isso sim é que é uma deriva populista. E não foi só do primeiro-ministro”, acrescentou.

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Hoje nas notícias: Salário mínimo, emprego e rendas

  • ECO
  • 17 Setembro 2020

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

Daniel Bessa, contesta a mais-valia de aumentar o salário mínimo no quadro atual, considerando que para que pudesse de facto ajudar este teria de subir até aos “mil euros por mês”. A entrevista ao antigo ministro da Economia é um dos destaques no dia em que é também noticiado que o Parlamento deve estender até ao final do ano a proteção às rendas e o travão aos despejos, e que os pareceres sobre os horários desfasados que Governo quer impor para travar a propagação da pandemia são arrasadores.

Daniel Bessa. “Aumentar o salário mínimo não vai ajudar nada”

Daniel Bessa, antigo ministro da Economia de António Guterres, diz que o próximo Orçamento do Estado tem de “mitigar a desgraça” imposta pela pandemia, mas considera que aumentar o salário mínimo não dá garantias. “O pior dos momentos para aumentar o salário mínimo é aquele em que o desemprego tende a explodir, porque se o desemprego tende a explodir, e isso é um problema, aumentar o salário mínimo não vai ajudar nada”, diz em entrevista à Renascença/Público, acrescentando que tal só ajudaria se fossem “mil euros por mês”. Leia a notícia completa na Rádio Renascença (acesso livre).

Parlamento estende proteção às rendas até final do ano

O PCP e o Bloco de Esquerda apresentaram dois projetos-lei para estender — até final de 2021 e até ao final do ano, respetivamente — as regras criadas no âmbito da pandemia que travam o fim dos contratos de arrendamento e dos despejos. Estas propostas serão debatidas esta quinta-feira em Plenário e o PS admite que há margem para avançar com o prolongamento desta proteção até ao final do ano, que termina no final deste mês. Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago).

Apoios para criar emprego geram procura cinco vezes maior que oferta

Foi a 15 de julho que arrancou o +CO3SO, com uma dotação inicial de 90 milhões de euros que o Governo estimava que fosse permitir criar 1.600 postos de trabalho em todo o país. Contudo, a primeira fase recebeu 4.434 candidaturas, para uma procura de fundos de 487,5 milhões de euros, ou seja, cinco vezes mais do que a oferta disponível. O sucesso foi tal que a ministra da Coesão Territorial já já não consegue garantir que vá abrir a segunda fase. Leia a notícia completa no Público (acesso pago).

“Príncipe” da política portuguesa recebe luvas de 3,6 milhões de euros

A construtora brasileira Odebrecht, envolvida no caso Lava Jato, terá alegadamente pago a um político português, protegido com o nome de código “Príncipe”, luvas de mais de 3,6 milhões de euros. Estes pagamentos, que aconteceram entre setembro de 2008 e março de 2009, estão a ser investigados pelo Ministério Público no âmbito do Caso EDP e estarão relacionados com a obra da barragem do Baixo Sabor, que pertence à elétrica portuguesa e que foi construída pela Odebrecht e pelo Grupo Lena. Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso pago).

Pareceres arrasam horários desfasados que Governo quer impor

Os pareceres sobre os horários desfasados que o Governo quer impor devido à pandemia são arrasadores. Patrões e sindicatos criticam o projeto do Governo para mudar, obrigatoriamente, a organização do trabalho nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, implementando, por exemplo, horários desfasados nas empresas com mais de 50 trabalhadores ao serviço em simultâneo. Os pareceres que tinham de ser enviados ao Ministério do Trabalho pelos parceiros sociais, não apenas criticam o projeto como dizem que é “desnecessário” e “confuso”, como se pode ler no documento da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP). Leia a notícia completa na TSF (acesso livre).

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Suspensão do fim dos contratos e dos despejos estendida até ao fim do ano

  • ECO
  • 17 Setembro 2020

O PCP e o Bloco avançaram com dois projetos-lei para estender as medidas extraordinárias de apoio às rendas. PS admite prolongar suspensão do fim dos contratos e dos despejos até fim do ano.

Era já no final deste mês que terminavam as medidas extraordinárias de apoio às rendas criadas no âmbito da pandemia, mas o PCP e o Bloco de Esquerda (BE) já se anteciparam e propuseram mais tempo, avança o Jornal de Negócios (acesso pago). Os partidos apresentaram dois projetos-lei que preveem exatamente isso e o PS admite mesmo estender até ao final do ano a suspensão do fim dos contratos de arrendamento e dos despejos.

Tanto PCP como Bloco querem prolongar estas medidas, mas as propostas de cada um são diferentes. Os comunistas propuseram um prolongamento destas regras — que estão em vigor desde março — até ao final de 2021, enquanto os bloquistas definiram o final do ano como prazo limite. Os projetos-leis vão ser discutidos esta quinta-feira em Plenário.

O PS concorda com este prolongamento, contudo admite que as propostas têm ainda de ser trabalhadas. O deputado Hugo Costa diz que os socialistas estão “disponíveis para o debate e para a discussão”, mas apenas no sentido de manter as medidas de proteção até ao final do ano.

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Há condições para haver acordo sobre fundos europeus até ao final de outubro, diz Margarida Marques

A eurodeputada socialista diz que há condições para um acordo entre o Parlamento Europeu e o Conselho Europeu sobre o Quadro Financeiro Plurianual e o Fundo de Recuperação até ao final de outubro.

A presidência alemã do Conselho da União Europeia intensificou as negociações sobre o Quadro Financeiro Plurianual 2021-2027 (QFP) e o Fundo de Recuperação europeu nas últimas semanas, com um novo trílogo — reuniões entre as três instituições europeias — a realizar-se esta sexta-feira. Margarida Marques, que faz parte da equipa do Parlamento Europeu que está a negociar, não se mostra muito otimista quanto a prazos, mas considera que há condições para fechar um acordo até ao final de outubro.

O acordo entre os países foi firmado em julho, mas há ainda muito a fazer até que o dinheiro para combater a crise pandémica chegue ao terreno. O tempo corre contra os negociadores do Parlamento Europeu, do Conselho Europeu (órgão que representa os Estados-membros) e da Comissão Europeia. O próximo QFP deveria entrar em vigor no início do próximo ano, assim como o Fundo de Recuperação (apelidado de Próxima Geração UE), mas este depende de autorizações de muitos Parlamentos nacionais, um processo que pode demorar meses.

Há condições para chegar a um acordo e estamos a trabalhar para isso“, começa por explicar a eurodeputada do PS ao ECO, referindo que o objetivo é que haja um acordo até ao final do setembro. “Não estou muito otimista”, confessa Margarida Marques, apontando para o final de outubro dada a complexidade das negociações em curso. No caso do QFP, se o Parlamento Europeu não der o seu consentimento, o orçamento europeu tal como existiu nos últimos 7 anos, o QFP 2014-2020, em duodécimos.

Há quatro pontos em cima da mesa nas negociações entre as três instituições da União Europeia: os envelopes financeiros de cada programa, os recursos próprios da União Europeia — que entretanto já foram aprovados pelos eurodeputados, mas necessitam do aval do Conselho Europeu –, o papel do Parlamento Europeu como autoridade orçamental no fundo de recuperação e um conjunto de assuntos horizontais, que vão da igualdade de género à flexibilidade e revisão do QFP.

No último trílogo, um dos pontos positivos para os eurodeputados foi a abertura mostrada pela presidência alemã, que negoceia em nome do Conselho Europeu, para aumentar as dotações para os programas “flagships”, isto é, iniciativas como o Erasmus+ ou o Horizon (para a investigação & desenvolvimento), cujas verbas tinham sido cortadas durante as negociações entre os Estados-membros, relativamente à proposta inicial da Comissão Europeia.

Contudo, o principal problema está no Estado de direito, tema que foi o principal tema da última carta enviada pelos principais grupos políticos do Parlamento Europeu ao Conselho Europeu e à Comissão Europeia. Nesse texto, os eurodeputados afirmam que não irão aprovar o próximo QFP — o Parlamento Europeu tem um voto vinculativo –, se não estiver concluído um mecanismo para proteger o Estado de Direito vinculado às verbas europeias. “Sem uma conclusão formal neste assunto [Estado de Direito] por parte do Conselho Europeu e do Parlamento Europeu, será impossível avançar no QFP“, escreveram.

Como noticiou recentemente o Politico, a Hungria liderada por Viktor Órban — que nos últimos anos atacou a independência da justiça, a liberdade de imprensa, instituições de ensino, entre outros — ameaça bloquear o processo, chumbando a aprovação do aumento dos recursos próprios no Parlamento húngaro, caso o desenho final da legislação que liga o Estado de direito aos fundos europeus não lhe agrade. Ao que o ECO apurou, há contactos e diligências ao mais alto nível para conseguir encontrar uma solução sobre o Estado de direito que, recorde-se, no acordo do Conselho Europeu de julho não passou de um parágrafo genérico que agradava a ambos os lados da barricada.

Mas, mesmo que se ultrapasse esta questão do Estado de direito, este é um processo lento, o que poderá atrasar a chegada do dinheiro aos países. Ainda assim, ficou acordado que são elegíveis as despesas desde fevereiro deste ano, quando a pandemia chegou à Europa, pelo que os países poderão alocar verbas retroativamente. Além disso, os países deverão ter direito a um pré-financiamento de 10% do Instrumento de Resiliência e Recuperação já em 2021, o que no caso de Portugal poderá corresponder a mais de 900 milhões de euros.

Quais os próximos passos?

Esta quarta-feira o Parlamento Europeu aprovou em plenário a legislação relativa aos recursos próprios e ao chamado headroom, a qual passará agora para as mãos do Conselho Europeu. Os eurodeputados exigem um calendário obrigatório para a introdução dos recursos próprios, sendo que o “mais consensual” é o da taxa sobre o plástico, admite Margarida Marques, referindo que está em cima da mesa também a taxa sobre as transações financeiras ou o imposto sobre o digital.

Na próxima reunião do Conselho, a 24 e 25 de setembro, os Estados-membros poderão dar aval à legislação, a qual terá de ser votada na maioria dos Parlamentos nacionais. Caso seja aprovado o aumento dos recursos próprios pelos Estados-membros, a Comissão Europeia terá a capacidade orçamental que precisa para emitir dívida em nome da União Europeia junto dos mercados financeiros — nomeadamente os 225 milhões de euros em green bonds, como anunciou a presidente Ursula Von der Leyen. Posteriormente, poderá começar a libertar as verbas para os Estados-membros.

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Mais de mil lisboetas pediram “cheques” para comprar bicicletas. Câmara já pagou 780

Dados cedidos ao ECO pela CML revelam que já foram efetuadas 1.135 candidaturas pelos lisboetas para a compra de bicicletas, sendo que 780 pedidos foram aceites. As tradicionais são as preferidas.

A Câmara de Lisboa já registou pedidos de mais de 1.100 “cheques” para apoiar a compra de bicicletas. A autarquia já entregou 780, sendo que a maioria destes destina-se a ajudar na aquisição de “duas rodas” tradicionais, sendo que as elétricas surgem logo a seguir. Ainda há dinheiro para mais bicicletas, mas a procura está a acelerar.

Tanto na Europa como por cá, as bicicletas ganharam protagonismo nos últimos meses, seja por lazer ou como meio de deslocação. Certo é que há cada vez mais portugueses a optarem por este meio de transporte sustentável, num país que produz muitas bicicletas. A ajudar ao “boom” estão também os vários incentivos criados quer pelo Estado, como o Fundo Ambiental, quer pelas autarquias.

Se no Fundo Ambiental a elevada procura fez desaparecer os 1.000 “cheques” disponíveis para as bicicletas elétricas, no caso do programa de apoio lançado pela Câmara Municipal de Lisboa (CML), cujos reembolsos arrancaram a 3 de agosto — para aquisições de bicicletas efetuadas a partir do dia 3 de junho de 2020, em loja física situada no concelho de Lisboa –, ainda há bicicletas para “todos os gostos”. Mas a procura está a disparar.

Nos primeiros 10 dias em que começaram a ser distribuídos os “cheques” apenas tinham sido aceites 50 candidaturas — cada beneficiário apenas pode efetuar um pedido. Contudo, nas últimas semanas, tanto os pedidos como as liquidações dispararam. Dados cedidos ao ECO pela CML revelam que até esta segunda-feira tinham sido efetuadas 1.135 candidaturas pelos munícipes, sendo que a autarquia liderada por Fernando Medina já liquidou 780 pedidos, tendo indeferido 50.

Os pedidos de apoios para a compra de bicicletas convencionais — aquelas que não recorrem a qualquer bateria –– são os mais requisitados na categoria das “duas rodas”. Com uma dotação de 1.500.000 euros, registam-se 632 pedidos, tendo sido aprovados 416 e excluídos 27.

No caso das “duas rodas” tradicionais, o apoio corresponde a 50% do valor da aquisição, até um máximo de 100 euros. Segundo o município, estão legíveis para este apoio, os residentes no concelho de Lisboa, estudantes (do 1.º ciclo ao ensino superior), bem como “os trabalhadores com local de trabalho habitual no concelho de Lisboa”.

Dados relativos ao programa de apoio à aquisição de bicicletas da Câmara Municipal de LisboaFonte: Câmara Municipal de Lisboa (CML)

Estes números de pedidos de apoio para as bicicletas ditas “tradicionais”, ou seja, aquelas em que não há bateria para ajudar nas subidas, comparam ainda com os pedidos relativos às bicicletas elétricas. Ainda que com um “orçamento” menor (um milhão de euros) esta categoria é considerada também bastante atrativa para os lisboetas. Foram registados 495 pedidos, sendo que 357 tiveram “luz verde” da CML e 22 foram indeferidos. Tal como acontece nas bicicletas convencionais, nas elétricas também é atribuída uma compensação financeira de 50% do valor da bicicleta, mas até ao “teto” máximo de 350 euros.

Enquanto as bicicletas “normais” e as elétricas registam uma elevada procura, nas de carga e adaptadas o panorama é completamente diferente. Até agora, foram efetuadas apenas oito candidaturas para as bicicletas de carga, tendo sido aprovadas sete. Neste caso, os compradores são reembolsados com 50% do valor do equipamento, até ao máximo de 500 euros. Ou seja é preciso que a bicicleta custe 1.000 euros para se obter o apoio máximo. Quanto às bicicletas adaptadas, não foi efetuado nenhum pedido.

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Israelita investe 13,5 milhões em prédio de luxo em Lisboa

O David Rabbi Group vai construir um prédio com 18 apartamentos de luxo mesmo ao lado dos terrenos da antiga Feira Popular, em Lisboa.

Contam-se os dias para os terrenos da antiga Feira Popular, em Entrecampos, ganharem vida. Mas, enquanto isso não acontece, a área envolvente começa a mexer. De olhos postos na transformação que aquela zona da capital vai sofrer, o israelita David Rabbi decidiu construir mesmo ao lado, na famosa Avenida 5 de Outubro, um prédio de luxo com dez andares.

Dez pisos acima do solo e um parque de estacionamento subterrâneo com postos de carregamento para veículos elétricos. O David Rabbi Group vai construir sob as ruínas de um antigo jardim de infância o 355 Outubro, um prédio com uma loja no rés-do-chão e 18 apartamentos de luxo. “Depois de analisar dezenas de propostas diferentes, tenho a certeza de que esta é a localização certa para investir”, conta o empresário com raízes portuguesas ao ECO.

O 355 Outubro vai começar a ser construído dentro de dois meses e terá nove apartamentos T2 e oito T3. Nos últimos dois andares haverá uma penthouse duplex com cinco quartos, numa área total de 303 metros quadrados. Isto tudo num investimento de cerca de 13,5 milhões de euros.

Exterior do 355 Outubro.David Rabbi Group

Todo o projeto se vai desenvolver sob “altos padrões de qualidade” e os apartamentos serão autênticos smart homes”, nota. O 355 Outubro será financiado pelo Banco BPI, que vai oferecer condições vantajosas de crédito à habitação aos interessados.

O empresário israelita acredita fortemente nesta localização, pela proximidade ao metro, comboio e universidades e pelos fáceis acessos às principais artérias da cidade. “Os novos projetos previstos para esta localização, as pessoas e as fortes infraestruturas farão desta zona a mais atrativa de Lisboa”, comenta David Rabbi.

Esta não é uma estreia de David Rabbi em Portugal, que já esteve envolvido noutras operações. E os investimentos também não ficarão por aqui. “Sinto-me em casa em Portugal. Como empresário ativo em várias cidades e países do mundo, estou confiante de que Lisboa tem um enorme potencial para continuar a desenvolver-se como uma das principais capitais da Europa”, remata o responsável.

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Banco BNI Europa corta 40% do pessoal após falhanço na venda a chineses

Banco português detido pelo angolanos do BNI conta atualmente com 70 trabalhadores, depois da saída de mais de quatro dezenas de funcionários nos últimos meses. Não prevê mais saídas.

O BNI Europa, detido pelo angolano BNI, cortou 40% do número de trabalhadores nos últimos meses, na sequência do falhanço da venda do banco ao grupo chinês KWG e da deterioração das condições do mercado devido à situação de pandemia.

As saídas atingiram cerca de 45 trabalhadores, com o banco liderado por Pedro Pinto Coelho a não perspetivar “para já” mais dispensas do quadro de pessoal que conta, atualmente, com 70 colaboradores.

Contactado pelo ECO, o BNI Europa justifica a redução com as “circunstâncias decorrentes da não concretização de operação de alienação de participação no respetivo capital social a investidor estrangeiro” e com “as atuais e prospetivas condições de mercado, significativamente afetadas pela pandemia Covid-19”.

Foi este contexto adverso que levou o banco a “redimensionar a sua estrutura e modo de funcionamento, com vista a dotá-lo de maior funcionalidade e articulação interna/externa, a par da melhoria da eficiência/eficácia e performance num contexto de racionalização de custos”, adiantou fonte oficial do BNI Europa ao ECO.

Prejuízos de 2,25 milhões, aumento de capital de 7,5 milhões

O processo de reestruturação era já esperado depois de o grupo KWG ter deixado cair o negócio de compra de 80% do capital do banco no passado mês de abril devido ao Covid-19 e às incertezas económicas e financeiras decorrentes da pandemia. A operação já tinha passado pelo crivo do supervisor europeu, mas os chineses voltaram atrás com a transação face à nova realidade.

Já na altura o BNI Europa sublinhava que esse revés iria obrigar a “uma revisão do plano de negócios, adequando-o às novas circunstâncias e ao atual momento da economia mundial”.

Apesar das mudanças, o banco, que terminou o primeiro trimestre com prejuízos de 2,25 milhões de euros e já realizou dois aumentos de capital no valor de 7,5 milhões este ano, frisa que “mantém o compromisso de, com o apoio do seu acionista único, continuar a disponibilizar produtos e serviços aos seus clientes com os mesmos padrões de qualidade, rigor e transparência”.

O BNI Europa é detido pelo banco angolano BNI, do qual Mário Palhares é principal acionista e se prepara para regressar ao cargo de CEO, de acordo com a imprensa angolana. Tal como a subsidiária portuguesa, também o BNI vai sofrer um forte ajustamento no número de trabalhadores, com o jornal Luanda Post a avançar com 350 saídas.

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Patrões e sindicatos criticam horários desfasados. Querem lei mais clara para evitar abusos

O Governo deve aprovar, esta quinta-feira, o desfasamento obrigatórios dos horários de trabalho em Lisboa e no Porto, depois de ter ouvido os parceiros sociais.

O Governo deve aprovar, esta quinta-feira, o decreto-lei que concretiza a obrigação do desfasamento dos horários de trabalho nas empresas de Lisboa e do Porto, depois de o ter enviado para a Concertação Social, no início desta semana. Do lado dos parceiros sociais, há muitas críticas e pelo menos um ponto de consenso: o diploma não é claro e abre a parte a constrangimentos tanto do lado do empregador, como do lado do trabalhador.

O Conselho de Ministros aprovou, na semana passada, o desfasamento obrigatório dos horários de entrada e saída, bem como de pausas e refeições em Lisboa e no Porto, para evitar ajuntamentos nos transportes públicos e nos locais de trabalho.

Na altura, António Costa anunciou que a regulamentação desta medida — desenhada para acompanhar a passagem do país ao estado de contingência — ainda seria enviada para a Concertação Social. O diploma chegou esta segunda-feira à noite aos parceiros sociais, que tiveram, assim, 48 horas para apreciar a legislação e tecer os seus comentários.

Patrões e sindicatos fazem ambos críticos à proposta de decreto-lei que lhes foi enviada, considerando que não é clara em diversos pontos, o que poderá abrir caminho a dificuldades e constrangimentos.

“É um decreto-lei pequeno e os mais pequenos são os mais perigosos. Dão origem a interpretações diversas”, dizia, na terça-feira, o secretário-geral adjunto da UGT, Sérgio Monte, em conversa com o ECO.

Na apreciação enviada esta quarta-feira ao Governo, a central sindical volta a frisar essa ideia, dizendo que está em causa um regime “pautado pela indeterminação“, mas também pela “excessiva amplitude dos poderes conferidos aos empregadores” e pelo afastamento das regras determinadas ao longo de vários anos na negociação coletiva. Isto uma vez que o diploma prevê que as empresas poderão alterar os horários de trabalho para cumprir o desfasamento, sem acordo dos trabalhadores.

A central sindical liderada por Carlos Silva nota, ainda, que ao abrigo desta nova medida os trabalhadores que nunca trabalharam por turnos ou fizeram trabalho noturno poderão passar a fazê-lo, o que julga problemático.

O diploma falha também, diz a UGT, por não proteger suficientemente as grávidas, menores e deficientes e por não contemplar como exceções ao desfasamento dos horários situações como a monoparentalidade, os trabalhadores com idosos a seu cargo e a prestação de serviço de vários membros do agregado à mesma empresa.

Acusando o decreto-lei de falta de clareza, a estrutura sindical salienta também que ficam por conhecer as regras segundo as quais serão constituídas, por exemplo, as “equipas estáveis” que o Governo quer ver organizadas para evitar o número de contactos entre os trabalhadores, nos locais de trabalho.

A CGTP acrescenta, por sua vez, que o diploma posto em cima da mesa pelo Governo falha por não determinar o período de vigência do desfasamentos dos horários, além de deixar uma “ampla margem de discricionariedade” às empresas ao permitir-lhes que imponham unilateralmente as mudanças de horários, o que a estrutura critica e contesta.

A central sindical liderada por Isabel Camarinha quer também que o diploma final deixe claro que o período normal de trabalho diário não poderá ser alterado, que está proibida a imposição do trabalho por turno ou noturno por esta via e que se esclareça o que se entende por prejuízo sério, único argumento que pode ser invocado pela generalidade dos trabalhadores para evitar o desfasamento dos horários, de acordo com o decreto-lei do Governo.

A CGTP frisa, por outro lado, que há outras soluções “igualmente eficazes” no combate à pandemia, no mercado laboral, “como é o caso da redução do tempo de trabalho para as 35 horas, sem perda de salário”.

Do lado dos patrões, também não faltam críticas a este novo regime. A Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), na apreciação enviada ao Governo, salienta que este diploma é “desnecessário”, além de ser “confuso e suscetível de criar grandes dificuldades de funcionamento em algumas empresas”.

A confederação liderada por João Vieira Lopes considera, além disso, que nem o desfasamento dos horários deve ser obrigatório em Lisboa e no Porto, nem se deveria determinar que os trabalhadores possam “escapar” a essa diferenciação ao alegarem o tal prejuízo sério. Isso, diz a CCP, “retira autonomia e poder de direção e regulamentar à empresa”.

A confederação questiona também diversos pontos do diploma enviado pelo Governo, nomeadamente o intervalo mínimo (30 minutos) entre os horários desfasados. “Recomenda-se que se consagre que o intervalo mínimo entre horas de entrada e saída seja adaptado, pelo empregador, ao que é razoável para cada caso para evitar o contacto entre grupos diferentes de trabalhadores. A rigidez horária aqui é completamente arbitrária e ‘cega'”, diz a CCP.

De acordo com a proposta de decreto-lei enviada aos parceiros sociais, os empregadores de Lisboa e do Porto vão ficar obrigados a implementar o desfasamento horário, devendo apenas consultar os trabalhadores para o efeito, ou seja, não precisam de chegar a acordo. Têm, depois, de anunciar os novos horários aos trabalhadores com cinco dias de antecedência.

Os horários das equipas devem ser diferenciados por intervalos mínimos de 30 minutos entre si, até ao limite de uma hora. E devem ser criadas equipas de trabalho estáveis de modo a que o contacto aconteça apenas entre esses trabalhadores, diz o projeto de decreto-lei.

Os trabalhadores com menores de 12 anos a seu cargo podem recusar o desfasamento dos horários, bem como as grávidas, os trabalhadores menores, os trabalhadores com capacidade de trabalho reduzida e os trabalhadores com deficiência ou doença crónica, se a diferenciação horária prejudicar a sua saúde ou segurança no trabalho.

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Novo Banco vai fechar mais 20 balcões até ao fim do ano

Desde 2016, antes de ser vendido, o Novo Banco já reduziu em cerca de um terço a sua rede de balcões. Mais de 100 trabalhadores deixaram a instituição nos últimos meses.

O Novo Banco prepara-se para fechar 20 balcões até final do ano, uma boa parte deles nos centros urbanos, apurou o ECO. António Ramalho explicou esta semana que está a analisar com “cautela” para um ajustamento da rede comercial que se deve às mudanças nos hábitos dos clientes. “São transformações em que estamos a trabalhar para um banco novo”, afirmou o CEO da instituição.

Com esta redução adicional de balcões, o banco terminará o ano de 2020 com cerca de 355 agências em todo o país, o que corresponde a um corte total de cerca de 275 balcões (mais de 40%) desde que foi criado em agosto de 2014, no seio da resolução do BES.

O presidente do Novo Banco foi confrontado na terça-feira, na audição parlamentar, com o novo plano de encerramento de agências que estaria para anunciar brevemente. “Ao que parece está para anunciar o encerramento de balcões a 31 de outubro. É mais um conjunto de balcões que serão encerrados“, questionou o deputado do PCP Duarte Alves.

A resposta de António Ramalho ao deputado comunista, que se tinha insurgido contra o facto de o banco estar a “usar dinheiro dos contribuintes portugueses para limpar o banco”, veio poucos minutos depois.

“A verdade é que o mercado está a mudar, as necessidades dos consumidores estão a mudar e é normal que aquilo que é a tradicional distribuição de balcões venha a mudar sobretudo nos centros urbanos. Não tenhamos dúvidas. Estamos a analisar com cautela as transformações em que estamos a trabalhar para um banco novo. É esse banco novo que queremos desenvolver”, ripostou o presidente do Novo Banco. Embora não tenha avançado números, das duas dezenas de encerramentos em cima da mesa, cinco ou seis serão em Lisboa, apurou o ECO. O banco não respondeu até à publicação do artigo.

Evolução do número de balcões e encerramentos entre 2014 e 2020

Fonte: Novo Banco (Dados 2020 com base nos novos encerramentos)

O Novo Banco tem vindo a reduzir de dimensão por força das dificuldades que atravessou nos últimos e subsequente plano de reestruturação que termina no próximo ano.

Além do encerramento de balcões em cima da mesa, o banco perdeu nos últimos meses mais de uma centena de trabalhadores nos últimos meses. A comissão de trabalhadores informou que em julho iam sair 115 funcionários, a maioria por reformas antecipadas e cerca de 20 através de rescisões por mútuo acordo.

"A verdade é que o mercado está a mudar, as necessidades dos consumidores estão a mudar e é normal que aquilo que é a tradicional distribuição de balcões venha a mudar sobretudo nos centros urbanos. Não tenhamos dúvidas. Estamos a analisar com cautela as transformações em que estamos a trabalhar para um banco novo. É esse banco novo que queremos desenvolver.”

António Ramalho

Presidente do Novo Banco

Contas feitas, ao nível de postos de trabalho, a redução da dimensão do Novo Banco é da ordem dos 35% desde dezembro de 2014. Se estão mais de saída? “Vamos gerir a questão dos trabalhadores da melhor forma possível”, afirmou António Ramalho no Parlamento, que voltou a lembrar que poderá ter de despedir 1.500 colaboradores caso não cumpra os objetivos fixados por Bruxelas.

Além da própria situação delicada em que se encontra, o Novo Banco enfrenta desafios que se apresentam a todo o setor, decorrentes da pandemia de Covid-19, que veio deteriorar significativamente as condições de mercado e a colocar à prova a resiliência dos próprios bancos.

Neste cenário, à procura de reduzir os custos, outros bancos também preparam ajustamentos nos seus quadros. Santander Totta e Caixa Geral de Depósitos (CGD) têm vindo a reduzir o número de trabalhadores e de agências nos últimos anos. O BCP também afirmou que vai cortar pessoal no ano que vem. No Banco Montepio, numa situação diferente, também se preparam saídas.

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5 coisas que vão marcar o dia

Dívida externa, conjuntura económica e inflação são os dados económicos que estarão em foco. Destaque vai, contudo, para a remodelação no Governo, com a substituição de cinco secretários de Estado.

Este será um dia cheio em termos de indicadores económicos: o Banco de Portugal divulga a posição de investimento de capital de Portugal, o Instituto Nacional de Estatística publica a síntese económica de conjuntura e o Eurostat apresenta o índice de preços no consumidor. Mas o destaque vai para a remodelação no Governo: cinco secretários de Estado tomam hoje posse.

Cinco novos secretários de Estado

António Costa avançou com uma remodelação ao nível dos secretários de Estado. Mudanças que já obtiveram aceitação por parte de Marcelo Rebelo de Sousa e que acontecem nos ministérios da Educação, Saúde, Infraestruturas e Habitação, e também no do Mar. São cinco os novos membros do Executivo que tomam posse esta tarde, enquanto Lacerda Sales sobe na hierarquia do ministério de Marta Temido.

Dívida externa agrava-se com a pandemia

O Banco de Portugal vai dar a conhecer a posição de investimento de capital de Portugal no segundo trimestre do ano, ou seja, no período em que a pandemia mais afetou o país. Sabe-se já que excluindo os instrumentos de capital, ouro em barra e derivados financeiros, a dívida externa líquida situava-se em 88,8% do PIB no final de junho, o que representa um agravamento face aos 84,7% do PIB registados no final de 2019. Além deste, o Banco de Portugal vai ainda divulgar indicadores das balanças corrente e de capital e da balança de pagamentos.

Impacto do desconfinamento na economia

O Instituto Nacional de Estatística (INE) vai publicar a síntese económica de conjuntura referente a agosto, em que poderá continuar a ver-se o impacto do desconfinamento na economia portuguesa. Em julho, a recuperação gradual da crise pandémica manteve-se após as fortes quedas da atividade em abril, mostrando sinais de que há uma redução menos intensa da atividade económica. Além disso, o INE vai igualmente publicar dados dos Índices de Preços na Produção Industrial em agosto.

Zona Euro tem inflação negativa pela primeira vez em quatro anos

A Zona Euro poderá ter registado, em agosto, uma taxa de inflação anual negativa em 0,2%. A estimativa rápida foi divulgada há duas semanas pelo Eurostat, que vai publicar esta quinta-feira os dados. A confirmar-se, será a primeira vez em quatro anos que os países do euro têm inflação negativa, devido ao efeito da pandemia e à valorização da moeda única. A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, já disse estar atenta e pronta a agir para contrariar a quebra na inflação.

Orçamento do Estado para 2021 em destaque

A menos de um mês de o Governo dar a conhecer o Orçamento do Estado para 2021, o tema é alvo de atenção por parte de várias entidades. O Conselho das Finanças Públicas vai publicar um relatório com perspetivas económicas e orçamentais 2020-2022, enquanto a CIP – Confederação Empresarial de Portugal vai apresentar as suas propostas para o Orçamento do Estado para 2021.

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