Governo avisa que bloqueio prolongado na UE será “fratura exposta” de “consequências gravíssimas”

  • Lusa
  • 17 Novembro 2020

O bloqueio da Hungria e da Polónia dominou a audição parlamentar de Augusto Santos Silva. Os dois países concordo com a "bazuca" europeia desde que esta não tenha o mecanismo de condicionalidade.

O ministro dos Negócios Estrangeiros português considerou esta terça-feira que a persistência de um bloqueio da Hungria e Polónia à aprovação do orçamento plurianual e do fundo de recuperação da União Europeia será “uma fratura exposta” de “consequências gravíssimas”.

Seria irrealista se viesse aqui com uma posição otimista relativamente a esta última crise”, disse Augusto Santos Silva a propósito do bloqueio imposto na segunda-feira pela Hungria e pela Polónia à aprovação do Quadro Financeiro Plurianual por não concordarem com o mecanismo que condiciona o acesso aos fundos comunitários ao respeito do Estado de Direito. O ministro, que falava na comissão parlamentar de Assuntos Europeus, resumiu depois aos jornalistas, à saída da audição, o que espera do Conselho Europeu desta quinta-feira, que reunirá os líderes dos 27 por videoconferência.

Apontando que a reunião é informal, Santos Silva considerou que “o mais urgente” e “indispensável” é que chefes de Estado e de Governo “possam ter uma reflexão muito ativa e uma discussão franca” para que “a superação desse impasse possa ocorrer”. “Se conseguirem passar já essa fase, melhor, mas pelo menos uma reflexão e um debate franco sobre as razões que levaram ao impasse, e o que é que pode superá-lo, parece-me indispensável e estou certo de que vai ocorrer”, acrescentou.

No diálogo com os deputados, o ministro salientou que “a permanência desta situação de bloqueio terá consequências gravíssimas”. Por “ordem de importância”, apontou, a UE entrará em orçamento por duodécimos, os esforços para reunir mais fundos para responder à crise ficarão comprometidos, a preservação e salvaguarda do mercado interno ficará limitada, Hungria e Polónia pagarão um preço institucional e político e a credibilidade da União perante os cidadãos será muito afetada.

“Há um problema de credibilidade ligado ao modo como cidadãos, as opiniões publicas, as partes interessadas, os trabalhadores, as empresas, as ONG, as sociedades civis, os parlamentos nacionais, o povo europeu, olhará para esta fratura, que será mesmo uma fratura exposta , com uma metáfora muito crua, e exposta num dos órgãos mais importantes do corpo europeu”, frisou.

PSD, BE e PCP, de formas diferentes, aludiram às reservas manifestadas pelo Governo português à associação das questões do Estado de Direito às questões financeiras da UE, com o PSD e o BE a caracterizarem o veto húngaro e polaco como “retaliação”, palavra que Santos Silva considerou adequada, e o PCP a frisar que “desde o princípio” questionou se medidas deste tipo não “dão campo a extremas-direitas e populismos”.

Nas respostas, o ministro frisou como “o pior que se poderia fazer” e “absolutamente irrealista partir de outra base” que não seja o acordo alcançado pelos líderes europeus em julho e defendeu que é sobre o acordo alcançado entre o Parlamento Europeu (PE) e o Conselho que se deve trabalhar.

Santos Silva explicou que esse acordo prevê um mecanismo de condicionalidade “garantindo um travão de emergência e prevendo justamente que incumprimentos graves das regras do Estado de Direito […]possam ter como consequência certas medidas de limitação do uso por parte desse Estados-membros de recursos financeiros da União” e que é “contra esta lógica” que os dois países se levantam.

Para ultrapassar o diferendo, defendeu, numa “lógica não confrontacional”, deve-se “tentar compreender os argumentos destes dois Estados-membros”, designadamente o de que o mecanismo “é impreciso do ponto de vista jurídico”, não protegendo os países de um “livre arbítrio” na avaliação da respetiva situação. “Temos de apoiar o esforço da presidência alemã para ver se este mês, ou no limite até ao fim do ano, consegue mostrar a estes Estados-membros que as dúvidas são infundadas”, disse.

Nas declarações que fez depois à imprensa, e questionado sobre se essa demonstração pode ter de passar por algum tipo de compromisso escrito, o ministro afirmou que “há instrumentos no processo de decisão europeu que, se for esse o caminho, podem ser ativados sem pôr em causa nem o acordo do Conselho Europeu de julho nem o acordo com o PE”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Acusada de mentir, Anacom divulga “prints” sobre subida de preços da Meo, Nos e Vodafone

Regulador divulga capturas de ecrã dos sites das telecoms para mostrar subidas de preços. Meo responde com ironia e "contratula-se com o facto de a Anacom vir publicamente reconhecer o seu erro".

Acusada de mentir pela Meo e pela Nos, a Anacom decidiu divulgar esta terça-feira um conjunto de capturas de ecrã dos sites das operadoras. Na visão do regulador das comunicações, as imagens provam “as alterações das ofertas” que tinha referido na segunda-feira, incluindo a subida da mensalidade do pacote base de triple play (3P) em um euro, um aumento de 3,3% transversal à Meo, Nos e Vodafone, que “surge ao mesmo tempo e na mesma proporção”.

A resposta da Meo não se fez esperar. Num comunicado ao final da noite, a Altice Portugal “congratula-se com o facto de a Anacom vir publicamente reconhecer o seu erro, na acusação de aumento de preços por parte dos operadores de telecomunicações”. Para a empresa liderada por Alexandre Fonseca, “a situação mencionada no estranho comunicado ontem emitido pela Autoridade das Comunicações refere-se apenas a uma de entre várias dezenas de alterações de novas ofertas a novos clientes, normais e recorrentes num mercado concorrencial, e que consubstanciam alterações de tarifários de acordo com as dinâmicas do mercado, adaptando para cima ou para baixo o valor dessas ofertas”.

Também a Nos veio reafirmar que “não atualizou nem vai atualizar preços a qualquer cliente como consequência do lançamento de novas ofertas”. “O regulador diz que um eventual aumento impactará atuais clientes quando terminar o período de fidelização. É falso. Os atuais clientes não são, em momento algum, afetados pela alteração da oferta disponível para novos clientes”, apontou a empresa num comunicado esta quarta-feira.

Afinal, o que está em causa neste conflito? Em causa está o polémico comunicado desta segunda-feira, no qual a Anacom denuncia que Meo, Nos e Vodafone subiram as mensalidades das ofertas 3P em 3,3%, reduziram a velocidade do acesso fixo à internet e, em pelo menos um caso, foi aplicado um limite de tráfego de dados fixos de 500 GB.

Segundo referiu a Anacom, as novas condições aplicam-se a “novos subscritores” ou anteriores subscritores “no momento em que pretendam renovar o seu contrato”, como acontece habitualmente no final dos períodos de fidelização.

No entanto, ao final do dia, a Nos e a Meo vieram desmentir o regulador, negando ter subido os preços. “Não é verdade que a Nos tenha subido os preços aos seus clientes, nem tão pouco reduzido a qualidade dos seus serviços. (…) A afirmação do regulador é pura e simplesmente falsa”, disse fonte oficial da Nos. “A afirmação da Anacom sobre o aumento de preços do pacote de telecomunicações nada mais é que uma pura e redonda falsidade”, garantiu, por sua vez, fonte oficial da Altice Portugal.

Face a isto, fonte oficial da Anacom decidiu divulgar esta terça-feira três conjuntos de capturas de ecrã com imagens que mostram o antes e o depois nas condições das ofertas de 3P da Meo, Nos e Vodafone em meses distintos.

No caso da Nos, as capturas datam de 29 de setembro, 29 de outubro e 5 de novembro, e mostram o aumento do preço de um pacote de 29,99 euros para 30,99 euros, incluindo o limite de 600 GB de trafégo que a Anacom alegou ter existido, mas que a operadora, entretanto, “retirou”.

No caso da Meo, as capturas de ecrã da Anacom datam de 30 de setembro e 29 de outubro, mostram uma subida do preço de um pacote de 29,99 euros para 30,99 euros e o surgimento da indicação “500 GB de tráfego incluídos”. “É preciso ter em atenção que a Meo alterou a posição da oferta na página do site”, ressalva a Anacom.

No caso da Vodafone — que reconheceu esta terça-feira ter realizado um “ajuste” num “pacote específico” em “resposta ao movimento no mercado no início de outubro” –, as capturas de ecrã datam de 29 de outubro e 5 de novembro, e mostram um aumento de 29,90 uros para 30,90 euros.

Nos três casos, há também uma redução da velocidade de acesso à internet de 100 Mbps para 30 Mbps, algo que a Vodafone explicou com uma campanha promocional que agora terminou, havendo uma manutenção do número de canais disponíveis no pacote nos casos das três operadoras.

Anacom e operadoras em pé de guerra

A controvérsia sobre a subida dos preços dá-se numa altura em que a relação entre a Anacom e as operadoras voltou a azedar, com a aprovação de um regulamento para o leilão do 5G que não agradou às principais empresas do setor.

Altice Portugal (Meo), Nos e Vodafone têm acusado a Anacom de promover uma narrativa “falsa” de que o setor não é concorrencial para forçar a entrada de um quarto operador no mercado, enquanto o regulador garante que está apenas a cumprir o seu papel e a promover os direitos dos consumidores num setor cada vez mais relevante para a economia.

Ainda assim, nos desmentidos à Anacom enviados pela Nos e pela Meo aos jornais na segunda-feira, e mesmo a posição da Vodafone conhecida já nesta terça-feira, as três operadoras são unânimes em censurar a entidade reguladora.

A Nos acusou a Anacom de “fabricar uma narrativa integralmente falsa” para justificar as regras “injustificáveis” do leilão, enquanto a Meo acusou a Anacom de tentar “manipular o país com declarações infundadas”. Já a Vodafone lamentou a postura do regulador e considerou que “o seu único objetivo parece continuar a ser o de enviesar a perceção dos portugueses relativamente aos preços das comunicações em Portugal”.

(Notícia atualizada a 18 de novembro, às 14h03, com reação da operadora Nos)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Altice Portugal equaciona se faz sentido ir ao leilão do 5G

  • Lusa
  • 17 Novembro 2020

O presidente executivo da Altice Portugal disse que a empresa ainda está a equacionar se faz sentido participar no leilão do 5G. Para já, a empresa vai optar "pelo caminho da litigância".

O presidente executivo da Altice Portugal afirmou que está a equacionar se faz sentido participar no leilão do 5G e que vai “obviamente optar pelo caminho da litigância”, tecendo duras críticas ao regulador Anacom.

Alexandre Fonseca falava via online no encerramento do XXIV Encontro Nacional de PME do setor das Telecomunicações, organizado pela ACIST – Associação Empresarial de Comunicações de Portugal e subordinado ao tema “Inteligência Artificial (IA) – Impacto no Futuro dos Negócios e do Trabalho”.

Referindo que só há uma única candidatura conhecida, até agora, ao leilão de quinta geração (5G), que é a da Nowo, Alexandre Fonseca destacou que o que tem ouvido dos acionistas e dos operadores é a sua preocupação face à atual situação do setor.

“Tenho ouvido acionistas, para já não falar dos próprios operadores, dos maiores operadores em Portugal que dizem que estão extraordinariamente preocupados, que estão a equacionar o seu investimento no país”, disse o gestor.

“Eu diria mesmo que estão a equacionar, como a Altice Portugal está, se faz ou não sentido participar no leilão do 5G”, afirmou, numa intervenção onde não poupou críticas ao presidente da Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom), João Cadete de Matos.

E comentou: “Imaginem a vergonha para o nosso setor e para o nosso país se este leilão ficar vazio de participantes ou ficar vazio porque o espectro que é efetivamente atribuído ficará muito aquém do espectro disponível”.

Para Alexandre Fonseca, “não basta dizer como o regulador tem dito ‘à boca cheia'” que vai ser leiloado “muito espectro”. Isto porque “leiloar vale zero, o que interessa é atribuí-lo e, se não houver ninguém para atribuir, essa será uma vergonha nacional que ficará na história”, alertou o presidente executivo.

Perante isto, “penso que para que a situação atual no nosso setor mude é preciso razoabilidade, é preciso equilíbrio, competência, conhecimento, é preciso efetivamente um conjunto de atributos que o presidente da Anacom não tem”, considerou o gestor, que disse que o setor atravessa um “momento triste” e talvez o “momento mais negro da história das telecomunicações” em Portugal.

“Por tudo isto, não nos resta a alternativa, como já o dissemos publicamente, senão rever a nossa estratégia para Portugal, a nossa estratégia de investimento, com todos os impactos que daí irão decorrer”, prosseguiu.

“Vamos obviamente optar pelo caminho da litigância, não há outra alternativa”, asseverou, apontando que o regulador é “autista” e que não se reúne com o setor há meses. “Este regulador optou pelo caminho de criar essa mesma litigância”, rematou.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Portugueses estão a comprar mais nas redes sociais. Roupa e calçado são os produtos mais cobiçados

O comércio eletrónico é uma componente cada vez mais importante das redes sociais e um terço dos utilizadores em Portugal já fazem compras através destas plataformas.

Um terço dos portugueses com perfil nas redes sociais faz compras diretamente nestas plataformas, concliu um estudo da Marktest, que ressalva que isto “confirma a tendência de crescimento destes comportanentos de compra online”.

“A compra de produtos diretamente numa rede social é um hábito já assumido por 33,2% dos portugueses com perfil criado nestas plataformas de comunicação”, destaca a Marktest. A percentagem é um aumento de 3,3 pontos percentuais face a 2019 e o Facebook “é a rede social em que mais portugueses dizem fazer compras”, segundo a empresa de estudos de mercado.

Estes dados do estudo anual “Os Portugueses e as Redes Sociais” surgem numa altura em que a pandemia puxou pelo comércio eletrónico, com os CTT a estimarem, na semana passada, um crescimento do mercado entre 40% e 60% neste ano de 2020.

“Entre os inquiridos que ainda não realizaram compras nas redes sociais, a maior parte justifica essa opção por preferir comprar em lojas ou noutro tipo de sites (22,6%). Um volume semelhante (21,3%) de inquriidos assume, porém, que não compra produtos através das redes sociais por desconfiança/falta de confiança”, destaca a Marktest numa nota de imprensa emitida esta terça-feira.

Os produtos mais comprados nas redes sociais estão a roupa (34%), o calçado (13,4%) e artigos para o lar (9,7%). A maioria dos inquiridos (76,1%) que já compraram através das redes sociais “mostram-se satisfeitos com a sua última experiência de compra”, o valor “mais alto desde 2013”, sublinha a Marktest.

Redes sociais como o Facebook e o Instagram têm apostado nas compras online e, em alguns países, permitem mesmo o check-out e o pagamento diretamente nas aplicações. Recentemente, em Portugal, o Instagram passou a ter uma área específica para lojas online, remetendo diretamente para os sites dos comerciantes.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Marcelo deverá marcar Presidenciais para 24 de janeiro

De acordo com o PEV, Marcelo Rebelo de Sousa convocará as Presidenciais daqui a uma semana para o dia 24 de janeiro de 2021.

O Presidente da República deverá marcar as eleições Presidenciais para o dia 24 de janeiro já na próxima terça-feira. A informação foi avançada pelo deputado do PEV, José Luís Ferreira, à saída de uma reunião com Marcelo Rebelo de Sousa.

Em declarações transmitidas pela RTP3, o parlamentar afirmou que o Presidente da República comunicou ao PEV que, no dia 24 de novembro (terça-feira da próxima semana) marcará as eleições Presidenciais para 21 de janeiro de 2021.

Fica assim desfeito o tabu em torno da data das próximas eleições em Portugal, que acontecerão em clima atípico de pandemia. A data ganha ainda mais relevância pois Marcelo Rebelo de Sousa tem afirmado que só anunciará se é ou não candidato a um novo mandato depois de marcadas as eleições.

Na corrida estão já a ex-eurodeputada socialista Ana Gomes, o deputado único do Chega André Vendura, a eurodeputada Marisa Matias do Bloco de Esquerda, e o deputado João Ferreira do Partido Comunista Português.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Governo estuda dividir concelhos em três escalões de risco de contágio. Restrições ao fim de semana só no mais elevado

De acordo com o PEV, o Governo está a ponderar um sistema de escalões para os concelhos consoante o número de casos. Apenas no escalão mais elevado é que seriam impostas medidas mais apertadas.

O Governo está a ponderar a possibilidade de, com a eventual renovação do estado de emergência, vir a distinguir três escalões de risco para os vários concelhos do país, definidos em função da gravidade da pandemia. A informação foi avançada por José Luís Ferreira, deputado do PEV, à saída de uma reunião com o Presidente da República.

Só nos locais mais afetados, com uma incidência da pandemia superior a 960 casos, é que seriam aplicadas as restrições mais fortes, como aquelas impostas agora nos fins de semana, com recolher obrigatório a partir das 13h00, explicou o deputado dos Verdes, em declarações transmitidas pela RTP3.

Neste plano — que, segundo José Luís Ferreira, está a ser considerado pelo Governo –, “haveria um escalão mínimo, entre 240 e 480 casos [por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias]”, com “restrições mais leves”, um “escalão intermédio com concelhos entre 480 e 960 casos, e um escalão máximo nos concelhos onde há um número superior a 960″ casos, afirmou.

Atualmente, o critério para determinar a lista dos concelhos de risco elevado, que estão sujeitos a medidas mais apertadas como o recolher obrigatório as 13h00 no fim de semana, é de 240 casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias. Atualmente, estão abrangidos neste conjunto 191 concelhos do país, depois de uma atualização do Governo realizada na quinta-feira passada.

Marcelo Rebelo de Sousa tem estado a ouvir os partidos sobre uma possível renovação do estado de emergência em Portugal, que termina a 23 de novembro. Perante esta possibilidade, a Assembleia da República já pré-agendou para sexta-feira às 09h00 o debate e votação de uma eventual renovação, caso esta venha a ser decidida pelo Presidente da República.

(Notícia atualizada pela última vez às 19h05)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Autoeuropa reduz produção em sete mil veículos até fim do ano

  • Lusa
  • 17 Novembro 2020

A Autoeuropa deverá produzir menos sete mil veículos até ao final do ano, devido ao impacto da pandemia de Covid-19.

A Autoeuropa deverá produzir menos sete mil veículos até ao final do ano, devido ao impacto da pandemia de Covid-19, de acordo com um comunicado da Comissão de Trabalhadores (CT) do grupo.

“A CT foi informada pela empresa de uma significativa redução de produção para o ano de 2020, a qual sofreu uma quebra na ordem dos 7.000 carros, situação que nos merece a maior atenção e preocupação”, lê-se na mesma nota.

Por causa disso, a empresa irá ter vários dias de paragem em dezembro, segundo o calendário de produção previsto até ao fim do ano, divulgado pela CT.

Assim, a empresa irá reduzir a produção dos 199 mil veículos previstos para um pouco mais de 191 mil, de acordo com informação divulgada à Lusa pela CT.

Contactada pela Lusa, fonte oficial da Autoeuropa disse que “esta paragem se deve ao impacto que a pandemia está a ter nos principais mercados da empresa, especialmente no europeu”, à imagem do que acontece “no restante setor automóvel”.

O grupo não quis fazer comentários sobre valores de redução de produção.

No mesmo comunicado, a CT referiu que, ao contrário da sua proposta “para que a paragem fosse contínua, tendo em conta o contexto pandémico que vivemos”, a empresa optou por outro modelo para a operação até ao final do ano “alegando razões de natureza logística”.

“A CT continua a acompanhar a previsão de volume de produção não só para 2020, mas também o plano de 2021, informando os trabalhadores sempre que surja alguma informação adicional”, lê-se na mesma nota.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Grupo Ageas lucra 994 milhões, operação portuguesa acima do mercado

  • ECO Seguros
  • 17 Novembro 2020

A companhia realça o desempenho operacional, nos ramos Vida e Não Vida, que foi suficientemente sólido para mitigar imparidades registadas na operação asiática.

O grupo Ageas contabilizou 993,7 milhões de euros de lucro líquido nos primeiros nove meses de 2020 (+13%), com o lucro do terceiro trimestre a recuar para 202,7 milhões (-25% face a igual período de 2019).

O resultado de julho a setembro foi penalizado por quebra superior a 60% no resultado da operação asiática (por imparidades em investimentos ligados ao mercado chinês), situação que também afetou as contas dos nove meses. Já o lucro de janeiro a setembro foi impulsionado sobretudo por ganhos de capital e por incremento de 40% no resultado líquido da Europa continental, área geográfica que inclui a operação em Portugal, mas exclui a Bélgica e o Reino Unido, segmentos regionais reportados em parcelas individuais.

Por ramos de negócio, o resultado Vida caiu 36%, para 426 milhões de euros (nove primeiros meses de 2020), enquanto não Vida progrediu 54%, para os 311,1 milhões.

Citado no comunicado de resultados, Hans De Cuyper, CEO do grupo Ageas, manifesta satisfação pela resiliência e melhoria operacional demonstradas face ao desafio da pandemia. «Até à data, a nossa posição, tanto nos lucros como ao nível da solvência e posição de tesouraria, continua forte”.

O lucro restante (cerca de 257 milhões) é atribuído à evolução da conta geral (General Account), rubrica de ganhos/perdas de capital que, além do FRESH (um programa de recompra de títulos iniciado em 2019 e que, no período reportado teve impacto extraordinário positivo superior a 300 milhões no lucro reportado), inclui a contabilização de operações relacionadas com o RPN (Relative Performance Note), um instrumento de regularização de passivos herdados do grupo Fortis.

Assim, o resultado líquido do negócio segurador totalizou 737 milhões de euros, marcado por forte desempenho de todas as linhas da área não Vida que, em Portugal (marcas Ocidental, Ageas Seguros e Médis), “continuou a superar o mercado”, refere o comunicado do grupo que, com cerca de 16% de quota (por volume agregado de prémios) era o segundo maior no mercado português, segundo dados do setor relativos a 2019.

A receita total consolidada pelo grupo belga diminuiu 2%, face a setembro de 2019, totalizando 27,9 mil milhões de euros (-3% para 22,8 mil milhões no negócio Vida e +1%, para 5,1 mil milhões em não-Vida).

Do lado da eficiência, o rácio combinado na globalidade do perímetro consolidado melhorou, dos 94,7% em setembro de 2019, para 90,0%, sendo que, na Europa continental, o mesmo indicador passou de 90,4% sem setembro de 2019, para 83,6% a 30 de setembro último, comprovando desempenho operacional “excelente” que vem melhorando de ano para ano e que, ultimamente (devido às restrições da pandemia) beneficiou da menor frequência de sinistros, “sobretudo em automóvel e Saúde”, explica o relatório trimestral da Ageas.

A folha de balanço dos primeiros nove meses do exercício calcula o rácio de solvência da Ageas em 194%, um nível confortavelmente acima da meta, segundo a entidade.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

ASF: Ramo Vida cai 43% e ramos Não Vida crescem 4% até setembro

  • ECO Seguros
  • 17 Novembro 2020

A produção do setor segurador caiu 23%. Soma dos ramos Não Vida supera o negócio Vida. Ainda nos ramos Não Vida, os custos com sinistros apresentam valor semelhante ao do final do 3ºT de 2019.

A produção global de seguro direto diminuiu globalmente 22,9% em Portugal, até ao final do terceiro trimestre, face a igual período de 2019, somando 7,1 mil milhões de euros, revelou a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) no Relatório de Evolução da Atividade Seguradora – 3º trimestre de 2020 (REAS 3T2020).

“Esta evolução reflete um comportamento distinto dos diferentes ramos: enquanto o ramo Vida apresenta um decréscimo de 42,9%, os ramos Não Vida apresentam uma evolução positiva, com um crescimento de 4,2% no mesmo período”, explica a ASF detalhando que os ramos não-vida ganharam 14,9 pontos percentuais na estrutura da carteira seguradora, pesando agora 57,4%, contra 42,6% de Vida.

A distribuição da produção (seguro direto em valor) foi de 4,1 mil milhões de euros nos ramos não Vida e cerca de 3,04 mil milhões no ramo Vida. Na análise à evolução do negócio Não Vida, o relatório destaca crescimento de 8,9% nos seguros Doença, cujo peso relativo na produção passou a ser de 18% no final do período, enquanto os ramos Incêndio e Outros Danos e Automóvel assim como a modalidade Acidentes de Trabalho apresentaram igualmente acréscimos, de 5,5%, 3,2% e 4,2% respetivamente.

Fonte: ASF – REAS 3T2020

Já a evolução dos seguros Vida refletiu diminuição verificada nos seguros de vida não ligados, em particular nos PPR (-76,2%), tendo estes diminuído o seu peso na carteira de 41,2% para 17,2%, explicando o declínio no ramo Vida. No conjunto Vida (ligados e não ligados), os Planos Poupança Reforma (PPR) registaram um decréscimo de 68,6% face ao período homólogo de 2019, diminuindo o seu peso na estrutura do ramo Vida, representando apenas 26,3% da produção total, quando em setembro de 2019 representavam 48% da carteira.

Enquanto que, para as empresas sob supervisão prudencial da ASF (empresas nacionais), os ramos Não Vida apresentaram um crescimento de 4,8% e o ramo Vida teve um decréscimo de 44,2%, as sucursais de empresas da União Europeia a operar em Portugal (sucursais da UE) registaram um decréscimo de 23,2% no ramo Vida tendo a produção dos ramos Não Vida apresentado um ligeiro crescimento de 0,8%.

Os custos com sinistros globais sofreram um acréscimo de 15,4%, para 7,57 mil milhões de euros, “tendo contribuído para este resultado o acréscimo expressivo do ramo Vida, com 24,2%”, para mais de 5,14 mil milhões de euros, sendo que os ramos Não Vida apresentaram um aumento de 0,3%.

Fonte: ASF – REAS 3T2020


Nos ramos Não Vida, os custos com sinistros “apresentam um valor praticamente semelhante ao do final do terceiro trimestre de 2019”,
refere o relatório explicando que as empresas nacionais representam 93,3% dos custos com sinistros registados pelo mercado.

Comparando o 3º trimestre com o precedente,
as taxas de sinistralidade cresceram “nos segmentos automóvel e acidentes de trabalho”, observando-se “evolução oposta no segmento incêndio e outros danos, sendo que se verifica um movimento de convergência para a manutenção da taxa de sinistralidade global do mercado dos ramos Não Vida”, lê-se no relatório trimestral da ASF.

No rácio “Custos com Sinistros / Prémios Brutos Emitidos”, o indicador diminuiu 7,9 pontos percentuais nas coberturas de Acidentes de Trabalho, situando-se em 73,2% (81,1% em setembro de 2019), descendo de 68,4%, para 63,7% no seguro doença entre setembro de 2019 e igual mês de 2020. No mesmo sentido, no ramo automóvel, o rácio “Custos com Sinistros / Prémios Brutos Emitidos” diminuiu para 65,1%, contra 73,2% um ano antes. A contrariar a tendência, o ramo Incêndio e outros Danos viu o rácio subir dos 39,2% em setembro de 2019, para os 50,2% em igual mês de 2020.

Quanto às provisões técnicas, cujo valor ascendeu a 44,63 mil milhões de euros, apresentaram uma diminuição de 4% face ao final de 2019, embora com acréscimo para não Vida, para um total próximo de 3,2 mil milhões de euros. As provisões técnicas afetas a seguros PPR ascendiam a cerca de 17,6 mil milhões de euros, valor que representa uma redução de 5,4% face ao final de 2019.

No mesmo período, o valor das carteiras de investimento das empresas de seguros sob supervisão prudencial da ASF totalizou cerca de 51 mil milhões de euros, representando um decréscimo de 3,9% face ao final do ano anterior. No final do terceiro trimestre de 2020, a composição mantinha-se praticamente sem alteração, predominando as obrigações (públicas e de entidades privadas), seguido de ações e a varificar-se ligeiro incremento em fundos de investimento e numerário e depósitos.

O rácio de cobertura do Requisito de Capital de Solvência (SCR) – medida do montante de fundos próprios necessários para a absorção das perdas resultantes de um evento de elevada adversidade (VaR 99,5%, um ano) e que resulta da agregação das cargas de capital relativas aos vários riscos a que as empresas de seguros se encontram expostas – foi de 173%, representando “uma diminuição de seis pontos percentuais face ao final de 2019”.

Por fim, de acordo com o REAS 3T2020, o rácio de cobertura do Requisito de Capital Mínimo (MCR) – nível mínimo de fundos próprios abaixo do qual se considera que os tomadores de seguros, segurados e beneficiários ficam expostos a um grau de risco inaceitável – foi de 496%, a registar incremento de um ponto percentual, face ao final do ano anterior, situando-se acima dos 500% na atividade Vida e no intervalo 460%-470% para não Vida.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

BCP cai mais de 2% em dia de quedas no PSI-20. Bolsas desvalorizam após euforia com nova vacina

Apenas duas cotadas conseguiram fechar a sessão desta terça-feira com ganhos. O BCP destacou-se, desta vez pela negativa: caiu 2%.

Lisboa terminou a segunda sessão da semana abaixo da linha de água, com a euforia em torno das vacinas contra a Covid-19 a desvanecer-se perante as medidas restritivas para conter a pandemia. Os títulos da BCP desvalorizaram mais de 2%, num dia de maré vermelha na bolsa nacional. Só a Mota Engil e os CTT escaparam às perdas.

Na sessão desta terça-feira, o índice de referência, o PSI-20, desvalorizou 1,37% para 4.365,66 pontos. O “vermelho” também marcou as negociações nas restantes praças europeias, com o índice pan-europeu Stoxx 600 a perder 0,25%. Isto depois dos ganhos registados nos últimos dias por causa do entusiasmo gerado em torno da nova vacina contra a Covid-19, que está a desenvolvida pela Moderna e que tem quase 95% de eficácia.

Por cá, o BCP destacou-se entre as cotadas que fecharam as negociações em “terreno negativo”. Os títulos do banco desvalorizaram 2,27% para 0,1033 euros. O BCP tinha arrancado a sessão acima da linha de água, dando continuidade ao bom desempenho das últimas sessões, mas acabou por ceder, embora mantendo-se acima da fasquia dos 10 cêntimos.

Na energia, as ações da EDP caíram 1,26% para 4,45 euros, as da EDP Renováveis desceram 0,93% para 17,02 euros e as da Galp Energia recuaram 1,29% para 9,018 euros. No retalho, os títulos da Jerónimo Martins perderam 1,24% para 13,95 euros e os da Sonae desvalorizaram 0,72% para 0.6235 euros.

Entre as papeleiras, o dia também foi de perdas. As ações da Navigator cederam 2,16% para 2,264 euros, as da Semapa perderam 1,76% para 7,82 euros e as da Altri desceram 1,08% para 4,014 euros.

A protagonizar as maiores perdas esteve a Ibersol, cujos títulos caíram 2,81% para 4,49 euros. E do outro lado da linha de água, a Mota Engil destacou-se ao ver os seus títulos avançarem 3,95% para 1,368 euros. Também no verde, as ações dos CTT somaram 1,31% para 2.325 euros.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Unidades de Retaguarda da Santa Casa já apoiaram 120 pessoas

  • ECO
  • 17 Novembro 2020

Nasceram em maio, recebem doentes que precisam de um lugar para recuperar da covid-19 e, em breve, abrem a terceira unidade. São as unidade de retaguarda da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

10 de maio de 2020. O país retomava o seu curso num novo normal, consciente de que a pandemia da covid-19 tinha vindo para ficar. E a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) abria as duas primeiras Unidades de Retaguarda, cada uma com 20 camas, para servir os utentes da cidade de Lisboa. Em breve, abre a terceira, destinada a quem vive no distrito.

Foi uma resposta que tivemos de desenvolver em relativamente pouco tempo para acautelar as necessidades que a pandemia veio convocar. É uma unidade que presta cuidados de saúde a pessoas que tenham covid e que não podem estar em casa, mas que veem aqui garantidas algum tipo de cuidados terapêuticos e restabelecimento de autonomia, até a reintegração”, explica Maria da Luz Cabral, coordenadora das equipas de intervenção preventiva da santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

A sede da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. ©Santa Casa da Misericórdia de LisboaSanta Casa da Misericórdia de Lisboa

As Unidades de Retaguardas não são hospitais, nem unidades de cuidados continuados. São “inovadoras”, defende a responsável. E a resposta para muitas pessoas que, vivendo em estruturas residenciais (lares) e estando “clinicamente estáveis”, tinham de encontrar outro lugar para recuperar da covid-19, e cumprir o isolamento profilático que as orientações da Direção-Geral da Saúde (DGS) preconiza.

Uma vez recuperados, os doentes regressam ao seu “contexto de vida”, isto é, na maioria dos casos aos lares onde vivem habitualmente. “As Unidades de Retaguarda permitem uma resposta adequada de cuidados de saúde. É temporária e mutio focada na prevenção e independência”, considera.

Montámos estas unidades garantindo que as pessoas com algum grau de dependência tivessem todos os cuidados que necessitam e estarem devidamente apetrechadas com tudo aquilo que fosse necessário”, acrescenta Maria da Luz Cabral ao ECO. É ela quem faz a ponte entre as várias entidades envolvidas – lares, Proteção Civil, Bombeiros… – neste processo de trazer quem precisa para estas Unidades de Retaguarda

A ideia nasceu nos primeiros dias de abril, em resposta a um desafio da ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho. “Houve necessidade de fazer prevenção na cidade. Fizemos testes preventivos em todas as ERPIS [Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas] e percebemos que havia a necessidade de fazer alguma coisa”, diz Maria da Luz Cabral. “Disponibilizamos enfermeiros, visitamos todos os lares, fomos à frente para tentar prevenir. Até 18 de maio testámos mais de 5 mil profissionais.”

O critério era retirar as pessoas de menor número – as que testaram positivo para covid-19 – para que as outras pudessem permanecer no local, em espaço devidamente acautelado, e garantindo o corte da cadeia de transmissão”, explica a coordenadora do projeto.

As Unidades de Retaguarda “podem até ganhar algum espaço para eventualmente para outros momentos que não-covid”, diz Maria da Luz Cabral. “Para doentes que não precisam de estar no hospital, para fazer uma intervenção que não carece de uma permanência muito longa, mais focada na independência das pessoas, antes de voltarem ao seu contexto de vida”. Uma reflexão para tempos pós-pandemia.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Fim do desconto no IMI em Lisboa é “escandaloso” e vai fazer aumentar as rendas

A Câmara de Lisboa quer pôr os senhorios a pagar a totalidade do IMI a partir de 2021, a não ser que adiram ao Programa Renda Segura. Medida desagrada aos proprietários.

Há vários anos que os senhorios de Lisboa beneficiavam de uma redução de 20% no Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), uma opção que a lei prevê para as autarquias, e que a Câmara de Lisboa (CML) adotou. Mas, a partir de 2021, Fernando Medina quer acabar com esse “desconto”. O objetivo é levar os senhorios a entrarem nas rendas acessíveis, oferecendo, neste caso, total isenção do IMI. A medida não está a ser bem aceite pelos proprietários, que acusam a autarquia de os castigar, sobretudo numa altura de pandemia.

“Tínhamos consagrado há muitos anos um desconto de 20% para todos os arrendamentos da cidade. Estamos a propor que essa regra seja retirada e reconvertida numa outra: quem tiver rendas acessíveis, nomeadamente através dos programas municipais, poderá ter uma isenção de 100% do IMI, deixando aqueles que praticavam rendas especulativas de ter a possibilidade de usufruir de 20% de desconto“, explicou o vice-presidente da CML, João Paulo Saraiva, na semana passada, durante a apresentação do Orçamento municipal para 2021.

A notícia caiu como uma bomba entre os proprietários, que acusam a autarquia de não se preocupar com eles. “É escandaloso. Ainda para mais numa altura de pandemia. É inadmissível”, diz ao ECO a vice-presidente da Associação Lisbonense de Proprietários (ALP). “Numa altura em que os senhorios não têm qualquer ajuda, estão sem rendimentos durante meses, continuam a pagar IRS e AIMI, esta intenção denota um verdadeiro e total abandono aos senhorios“, acrescenta Iolanda Gávea, afirmando que “parece quase um castigo infligido aos senhorios”.

António Frias Marques, presidente da Associação Nacional de Proprietários (ANP), nota que, atualmente, “há uma percentagem muito grande de pessoas que não pagam as rendas” e que, por isso, “há uma data de senhorios a quem o dinheiro faz falta”. O representante dos proprietários antecipa que, “daqui para a frente, provavelmente [a situação] será pior”. “Está tudo preso por um fio“, diz.

Subir impostos nesta fase é muito mau… para inquilinos e para senhorios. Obviamente que esse aumento vai refletir-se no valor das rendas, que até pareciam ir no caminho de estabilizar.

João Caiado Guerreiro

Presidente da Associação Portuguesa de Proprietários (APPROP)

Por sua vez, João Caiado Guerreiro vai ainda mais longe, afirmando mesmo que o fim deste “desconto” de 20% no IMI vai acabar por levar a um aumento das rendas. “Subir impostos nesta fase é muito mau… para inquilinos e para senhorios. Obviamente que esse aumento vai refletir-se no valor das rendas, que até pareciam ir no caminho de estabilizar“, diz ao ECO o presidente da Associação Portuguesa de Proprietários (APPROP).

O também advogado diz que a APPROP está contra esta intenção da CML, “porque os custos são sempre pagos pelos inquilinos”. “Aumentar impostos vai refletir-se no custo do produto [casa]. Se o produto [casa] é caro, o arrendamento vai ficar mais caro”, alerta.

Medida vai incentivar às rendas acessíveis? “Não se apanham moscas com vinagre”

Como explicou o vice-presidente da CML, João Paulo Saraiva, ao acabar com este desconto a autarquia pretende incentivar os proprietários a aderirem aos programas municipais, nomeadamente ao Programa Renda Segura. Este programa, que arrancou em maio, prevê que os privados arrendem os seus imóveis (sobretudo de alojamento local) à CML, que os vai depois subarrendar através do Programa de Renda Acessível à classe média.

A segunda fase do Renda Segura terminou a 9 de novembro, tendo a primeira fase recebido 177 candidaturas, ficando bastante abaixo das 300 pretendidas pela CML. Neste programa já estão previstos benefícios fiscais para os proprietários que celebrem com a autarquia contratos de arrendamento de cinco ou mais anos, tais como isenção de IMI e IRS/IRC e o fim da tributação de mais-valias no caso do alojamento local.

João Caiado Guerreiro, presidente da APPROP, compreende que a autarquia queira incentivar os proprietários a aderirem, mas admite que esta não foi a melhor maneira de o fazer. “Incentivar a adesão ao Renda Segura faz sentido. Mas se não está a ser bem sucessivo é porque os incentivos são poucos”, diz ao ECO, afirmando que, “no meio desta crise violentíssima, com o desemprego a aumentar, não faz sentido aumentar os impostos”.

Uma opinião um pouco diferente tem António Frias Marques, da ANP, que classifica o Renda Segura como “política pura”. “São coisas que têm uma fraquíssima adesão por parte dos proprietários. São programas que nos passam ao lado”, nota, referindo que este tipo de programas são complexos e que, “quando as coisas são complexas, começam a complicar-se”.

Não é com este tipo de medidas. Não se apanham moscas com vinagres. Há senhorios que se viram desprovidos de qualquer tipo de ajuda.

Iolanda Gávea

Vice-presidente da Associação Lisbonense de Proprietários (ALP)

Por sua vez, Iolanda Gávea, vice-presidente da ALP, acredita que não será assim que os proprietários irão ser atraídos para o Renda Segura. “Não é com este tipo de medidas. Não se apanham moscas com vinagre”, responde, quando questionada se o objetivo da CML será mais fácil de alcançar com o fim deste desconto.

A responsável da ALP diz que os proprietários não foram ajudados na medida em que precisavam. “Há senhorios que se viram desprovidos de qualquer tipo de ajuda”, nota, defendendo que as “moratórias fiscais seriam uma boa opção”. António Frias Marques tem outra maneira de ver as coisas, prefere deixar as decisões para quem as deve tomar. “Não podemos, de maneira nenhuma, dar palpites. É uma calamidade e vamos vendo como evoluiu. É uma coisa de tal maneira magna que temos de esperar que isto passe”.

Medida tem de passar pelos vereadores. CDS e PSD acusam CML de se aproximar à esquerda

A intenção da CML está lá, mas a medida tem ainda de ser discutida e votada entre os vereadores dos diferentes partidos. João Paulo Saraiva disse que essa discussão aconteceria ainda esta semana, mas por enquanto nada está marcado. Nesse momento, Fernando Medina tem de convencer a maioria dos vereadores para que a medida passe mas, por enquanto, PSD e CDS não se mostram muito abertos a tal.

“No atual contexto, o Estado local ou central deve reduzir os impostos e as taxas”, começa por dizer o vereador centrista João Gonçalves Pereira, afirmando que Fernando Medina está a atuar numa “lógica persecutória contra os proprietários”, sob uma “agenda de extrema-esquerda”. “Está a fazer um ataque aos proprietários num contexto que já é adverso. Retirar este benefício, neste contexto, não faz nenhum sentido“, afirma.

Para o vereador do CDS, “neste contexto, deveria tentar baixar-se [o IMI] para todos”. “No atual momento em que as famílias e empresas estão a passar dificuldades, tudo o que seja retirar custos é positivo. Não se compreende como é que Fernando Medina ainda quer perseguir os proprietários”. O centrista adianta, assim, o voto contra na reunião camarária.

O mesmo pensa João Pedro Costa, vereador do PSD na autarquia, que classifica esta intenção como “mais uma medida destrutiva do mercado livre do arrendamento habitacional, que tanto precisa de estímulo, estabilidade e confiança”. “Tudo isto porque o Programa Renda Segura não atrai os proprietários, como era previsível”, acrescenta.

Também o social-democrata acusa Fernando Medina de, “em plena pandemia, atacar os ‘malvados senhorios capitalistas’, para ir atrás de sonho venezuelano do Bloco de Esquerda: esmagar o setor privado e criar uma sociedade socialista, onde quem quer casa vai pedir à CML”.

Do lado do PS, a vereadora da Habitação da CML disse ao ECO que “a política fiscal que promova o arrendamento acessível, verdadeiramente acessível, é o caminho”. “Assim como é importante ter mecanismos para combater a especulação imobiliária, que tem tido os efeitos que tem na cidade e que afasta as pessoas”, disse Paula Marques.

O ECO tentou falar com os vereadores dos restantes partidos, mas até ao momento de publicação de artigo não foi possível obter uma resposta.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.