Sai Schauble, entra Scholz. Quem é o novo ministro das Finanças alemão?

  • ECO
  • 7 Fevereiro 2018

Conservador Schauble vai ser substituído pelo social-democrata Olaf Scholz, no novo Governo de coligação alemão. Pragmático e flexível, quem é este jurista que liderou a autarquia de Hamburgo?

Agora que Angela Merkel e Martin Schulz apertaram as mãos — firmando uma coligação que rompe o impasse governativo alemão dos últimos quatro meses — Wolfgang Schäuble está prestes a abandonar as rédeas do Ministério das Finanças. Sucede-lhe o social-democrata Olaf Scholz, um jurista conhecido pelo seu pragmatismo e flexibilidade.

A entrega desta pasta ao SPD deverá significar um ponto final na “austeridade forçada”. Segundo a Reuters, a saída do conservador Schauble deverá ser sinónimo do abandono da rigor orçamental que caracterizou o seu mandato.

Novo ministro das Finanças alemão é formado em Direito.

Aos 59 anos, esta não será a primeira vez que Scholz faz parte de um Governo de “grande coligação”. Entre 2007 e 2009, o advogado formado na Universidade de Hamburgo serviu de ministro do Trabalho e dos Assuntos Fiscais, num Executivo também liderado por Merkel.

Antes disso, Olaf já pertencera ao Bundestag — Parlamento da República Federal Alemã — entre 1998 e 2001, bem como entre 2002 e 2011 (período em ocupou o cargo de vice-presidente do grupo parlamentar do SPD).

Considerado um liberal entre os social-democratas, Olaf Scholz acabou por conquistar, com facilidade, em 2011, a liderança da autarquia da cidade-estado de Hamburgo, posição para a qual foi reeleito com 47% dos votos, em 2015. Nessa última ocasião, o jurista teve de se coligar com os Verdes para manter o Governo municipal.

De acordo com o alemão Der Spiegel, o autarca é um “excelente estrategista”, que conhece as fraquezas dos seus adversários e sabe como abordá-las facilmente. A sua forte autoconfiança é um dos seus principais trunfos, diz.

Já o Frankfurter Allgemeine Zeitung descreve o político como um adepto de reformas, que assumiu muitos riscos e sofreu algumas derrotas ao longo da sua carreira, tendo recuperado de todas elas. O jornal destaca ainda que, enquanto presidente da câmara de Hamburgo, Scholz conseguiu mesmo levar as negociações sobre uma nova compensação fiscal em Hamburgo a bom porto. Mas há também quem não seja fã das suas políticas. À esquerda, há quem o considere uma “calculadora” que impôs uma “era do gelo da poupança e de bloqueios”, na cidade-estado que lidera, cita o Hamburger Abendblatt.

Scholz e SPD: uma longa história

O primeiro contacto de Scholz com o partido agora liderado pelo antigo presidente do Parlamento Europeu aconteceu em 1975, tinha o advogado 17 anos. Nessa altura, Olaf envolveu-se na organização juvenil do SPD. Apesar da sua longa ligação aos social-democratas, o autarca não tem poupado as críticas a Martin Schulz, depois do desastre eleitoral de setembro: o SPD não conquistava tão poucos votos desde a II Guerra Mundial.

Segundo o Der Spiegel, depois dessa ida às urnas, Olaf Scholz — que tem sido, repetidamente, apontado como possível sucessor de Schulz — deu entrevista polémica atrás de entrevista polémica, chegando mesmo a pôr na capa do Die Welt o pedido de “mais ousadia na política”.

Neto de funcionários dos caminhos-de-ferro e filho de comerciantes da indústria têxtil, Olaf Scholz é casado, não tem filhos e especializou-se em direito laboral.

Negociações concluídas com êxito

Na manhã desta quarta-feira, os conservadores de Merkel e os social-democratas de Schulz chegaram, finalmente, a um acordo para formar um novo Governo de coligação alemão.

O pacto que marca o fim do impasse governativo vai ser agora referendado junto dos membros do SPD. Se for aprovado, a líder da CDU dará início ao seu quarto mandato como chanceler alemã. Caso contrário, Merkel terá duas opções: ou forma um Governo minoritário ou regressa às urnas.

O acordo para uma “grande coligação” exigiu aos conservadores algumas concessões significativas. Algumas das pastas mais importantes ficarão, por isso, nas mãos dos social-democratas. Para além da das Finanças, a dos Negócios Estrangeiros, a do Trabalho, a da Justiça, a do Ambiente e a da Família serão responsabilidade do partido liderado pelo antigo presidente do Parlamento Europeu. Neste mesmo sentido, Martin Schulz será ele mesmo ministro dos Negócios Estrangeiros.

Os resultados “inconclusivos” das eleições de setembro colocaram a chanceler alemã numa posição debilitada. Depois da aliança com os Verdes e com o FDP ter caído por terra, Angela Merkel viu-se mesmo obrigada a recorrer ao apoio do SPD para forjar uma “grande coligação”.

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Schulz anuncia “mudança de rumo” na política europeia da Alemanha

  • Lusa
  • 7 Fevereiro 2018

Martin Schulz, que deverá ser o ministro dos Negócios Estrangeiros, expressou um “apoio tácito” à “linha do Governo francês” para “reformar a Europa e as suas instituições".

Martin Schulz, líder do SPD, e Angela Merkel, líder da CDU.EP-EU

O líder do Partido Social-Democrata (SPD) alemão, Martin Schulz, anunciou esta quarta-feira uma “mudança de rumo” na política europeia no acordo de coligação alcançado com a CDU de Angela Merkel.

“Penso que conseguimos algo que será um novo acordar para a Europa e uma nova dinâmica para a Alemanha”, disse Schulz numa conferência de imprensa conjunta com Merkel para apresentar o acordo. O pacto é “o fundamento” para uma nova política europeia, que será expressa num “apoio tácito” à “linha do Governo francês” para “reformar a Europa e as suas instituições”, acrescentou.

Schulz orientou todo o processo de negociações de uma nova “grande coligação” para a necessidade de apoiar a proposta de reforma da União Europeia apresentada em setembro pelo presidente francês, Emmanuel Macron, com quem, disse, se manteve sempre em contacto.

Penso que conseguimos algo que será um novo acordar para a Europa e uma nova dinâmica para a Alemanha.

Martin Schulz

Líder do SPD

“Só com um novo auge da Europa se pode garantir à Alemanha paz, segurança e prosperidade a longo prazo”, afirmam-se no acordo fechado esta quarta-feira entre a União Democrata-Cristã (CDU) de Merkel, a União Social-Cristã (CSU) de Hörst Seehofer e o SPD de Schulz. O acordo não permite formar um governo de imediato, porque ainda tem de ser aprovado pela maioria dos mais de 460.000 militantes do SPD.

Merkel diz que acordo é a base para um “governo estável e bom” na Alemanha

A chanceler alemã, Angela Merkel, congratulou-se esta quarta-feira com o acordo de coligação alcançado com os sociais-democratas que considera ser a base para um governo “estável e bom” para a Alemanha. “Estou convencida de que este pacto de coligação […] é a base do governo estável e bom de que o nosso país precisa e que muitos no mundo esperam de nós”, disse a chanceler e líder da CDU numa conferência de imprensa.

A União Democrata-Cristã (CDU), de Merkel, o seu aliado bávaro União Social-Cristã (CSU), de Hörst Seehofer, e o Partido Social-Democrata (SPD), de Martin Schulz, chegaram esta quarta-feira a um acordo de governo, mais de quatro meses depois das eleições de 24 de setembro.

Merkel falava numa conferência de imprensa conjunta com Seehofer e com Schulz para apresentar o acordo, concluído às primeiras horas desta quarta-feira, depois de onze dias de “intensas negociações” que, disse, “valeu a pena”. O acordo não permite formar de imediato um Governo, porque ainda tem de ser aprovado pela maioria dos mais de 460.000 militantes do SPD.

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Aumenta tensão na Autoeuropa: estão “desorientados” e sem “boas maneiras”

  • Marta Santos Silva
  • 7 Fevereiro 2018

Comissão de Trabalhadores está "desorientada" e não legitimada, acusa UGT; CGTP tem de parar de interferir na Autoeuropa, soma Silva Peneda. O conflito estala na fábrica de Palmela.

A Autoeuropa é cada vez mais palco de tensões, e esta semana, com as negociações de aumentos salariais a decorrer, torna-se campo de batalha entre a UGT, Comissão de Trabalhadores e CGTP. Até o ex-ministro do Trabalho Silva Peneda já veio a terreiro. Trocam-se farpas e uns querem contornar os outros para tentar alcançar um acordo que satisfaça as necessidades dos trabalhadores e para ganhar poder na fábrica. Entretanto um abaixo-assinado circula para demitir a atual Comissão de Trabalhadores, que ainda está a analisar toda a situação.

Da esquerda para a direita, Carlos Silva, dirigente da central sindical UGT, Fernando Gonçalves, presidente da Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa, Silva Peneda, ex-ministro do Trabalho, e Arménio Carlos, dirigente da central sindical CGTP.Imagens: Paula Nunes/ECO, e Lusa. Fotomontagem: Ana Raquel Moreira.

O Sindel, sindicato afeto à UGT ligado ao setor da indústria, quer apresentar um acordo de empresa à Autoeuropa contornando a Comissão de Trabalhadores (CT), liderada por Fernando Gonçalves. “Aquilo que neste momento se retira de toda esta situação”, disse ao ECO o dirigente sindical Alberto Vale, “é que a CT está ali num impasse, não sabem muito bem o que estão a fazer, acabam por estar desorientados porque não sabem como ultrapassar este momento”.

A UGT quer apresentar um acordo de empresa à administração da Autoeuropa, sem passar pela Comissão de Trabalhadores eleita pelos funcionários da empresa da Volkswagen, porque esta “não tem legitimidade” para apresentar um acordo do tipo, afirmou Alberto Vale. “Não têm legitimidade nem têm o apoio dos trabalhadores, acabam por não ter o apoio dos sindicatos, porque a ideia que transmitiram às pessoas é que não sabem o que estão a fazer. Por isso obviamente entendemos apresentar uma proposta”, acrescentou.

O Sindel não é o único ator a pôr em causa o apoio dos trabalhadores à Comissão que elegeram. O Diário de Notícias escreve esta quarta-feira que um abaixo-assinado que circula na fábrica de Palmela, a pedir a demissão da CT, já reuniu “200 a 300” assinaturas entre os 5.700 trabalhadores da fábrica. Trabalhadores que falaram ao ECO expressaram a sua desilusão com o trabalho desse grupo de representantes nas negociações junto da administração. O ECO entrou em contacto com a Comissão de Trabalhadores que preferiu, para já, não comentar a situação, afirmando estar a analisar os fatores em jogo.

Alberto Vale, representante do Sindel, explicou que a UGT vai pedir uma reunião à administração da Autoeuropa para avaliar a abertura da empresa para analisar um acordo proposto diretamente pelo sindicato. Segunda-feira, o líder da UGT Carlos Silva anunciou a intenção de se dirigir à administração da Autoeuropa. “O nosso sindicato [Sindel] irá apresentar uma proposta de acordo de empresa à Autoeuropa, cabe agora à administração dizer ‘não queremos’ e se não quiser está, naturalmente, a ferir de morte o que é o princípio da negociação coletiva no nosso país”, anunciou à saída de uma audiência com o Presidente da República.

Sobre a Comissão de Trabalhadores poder realizar este tipo de acordo, o dirigente sindical Alberto Vale sublinhou que “não tem legitimidade para subscrever acordos de empresa”. Isto porque, conforme o ECO confirmou junto da Direção Geral do Emprego e das Condições de Trabalho, as Comissões de Trabalhadores são constituídas e ganham personalidade jurídica ao serem publicadas no Boletim do Trabalho e do Emprego, mas não podem negociar acordos de empresa, com legitimidade jurídica. Podem apenas negociar acordos laborais, uma fórmula informal, que é o que tem sido feito, inclusive com a Comissão de Trabalhadores histórica que foi liderada por António Chora.

Obviamente que a empresa tem legitimidade para dizer que não querem negociar um acordo de empresa com um sindicato. Obviamente que ao fazer isso estará a ir contra a legislação de negociação coletiva.

Alberto Vale

Dirigente do Sindel

“Obviamente que a empresa tem legitimidade para dizer que não querem negociar um acordo de empresa com um sindicato. Obviamente que ao fazer isso estará a ir contra a legislação de negociação coletiva”, afirmou Alberto Vale. Isto porque a legislação laboral portuguesa prevê que as negociações laborais decorram com os sindicatos. Nas empresas do grupo Volkswagen, incluindo na Autoeuropa situada em Palmela, a tradição é habitualmente que a administração se concerte diretamente com os trabalhadores através das comissões eleitas.

As negociações entre a Comissão de Trabalhadores e a administração já duram há vários meses. Neste momento, negoceia-se o aumento salarial na empresa para os anos de 2018 e 2019, com a CT a exigir um aumento de 6,5% com um mínimo de 50 euros, e a administração a contrapropor um aumento de 3% este ano e de 2% no próximo.

Fonte oficial da administração da Autoeuropa não respondeu diretamente à questão sobre se negociaria um acordo de empresa com a UGT e o Sindel, mas disse estar sempre aberta a reunir com os sindicatos. “Nós já reunimos e temos reunido com frequência com todas as estruturas sindicais, tanto afetas à CGTP como à UGT”, afirmou, referindo no entanto que ainda não teria sido recebido um pedido de reunião da UGT.

Questionado pelo ECO, o dirigente do sindicato Site-Sul, afeto à CGTP, Eduardo Florindo, preferiu não comentar, “neste momento”, a iniciativa do Sindel.

Silva Peneda choca com CGTP sobre Autoeuropa

O antigo ministro do Trabalho de Cavaco Silva, Silva Peneda, lançou duras críticas à central sindical CGTP, cujos sindicatos estão entre os que agem junto da Autoeuropa, pelo seu trabalho na fábrica de Palmela. Num artigo de opinião publicado no Jornal de Notícias que está estruturado como uma “carta aberta” dirigida aos restantes “parceiros sociais”, Silva Peneda pede que “todos os parceiros sociais” tomem “uma posição clara sobre a postura da CGTP no processo da Autoeuropa”.

Para o ex-ministro, a CGTP “descobriu agora a Autoeuropa como palco para a sua investida”. Silva Peneda afirma: “A estratégia dos comunistas para a Autoeuropa é que esta feche as portas e se desloque para outras paragens. Aí o PCP cantará vitória e como sempre serão vitórias ‘conquistadas’ à custa de milhares de trabalhadores que ficarão no desemprego e a Península de Setúbal voltará a viver os tempos de fome da década de 80, mas aí o PCP e a CGTP estarão no seu terreno favorito a desfraldar as bandeiras negras, nunca assumindo culpas, mas remetendo-as para os vícios do capitalismo”.

A CGTP reagiu com um comunicado em que considera “inaceitáveis e intoleráveis estas dissertações ofensivas, insultuosas e reacionárias de Silva Peneda”, afirmando que o ex-ministro “dá voz aos interesses da direita”. Reagindo à crítica de que a CGTP não se interessa pela concertação, a central sindical refuta: “A CGTP-IN esteve, está e estará disponível para compromissos, que cumpriu, cumpre e cumprirá, porque garantem e melhoram os direitos dos trabalhadores! A prova disso são os acordos subscritos pela CGTP-IN na concertação social que outros não cumpriram, nomeadamente, sobre Formação Profissional e Salário Mínimo Nacional”.

Termina acrescentando: “Dispensamos os ‘ensinamentos’ e as ‘boas maneiras’ sobre como intervir na Autoeuropa, na Gramax, na Ricon ou em qualquer outra empresa ou sector, onde os direitos dos trabalhadores são postos em causa”.

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Acionistas da Oi aprovam ações contra presidente e diretor

  • Juliana Nogueira Santos
  • 7 Fevereiro 2018

Os acionistas justificam as ações cíveis com irregularidades cometidas durante a recuperação judicial da Oi.

Os acionistas da Oi, presentes na assembleia geral extraordinária desta quarta-feira, aprovaram a proposição de ações cíveis contra o presidente da operadora, Eurico Teles, e o diretor financeiro, Carlos Brandão. A notícia é avançada pelo jornal brasileiro Valor Econômico que aponta como justificações as irregularidades cometidas durante a recuperação judicial da telecom.

As ações pressupõem também a substituição de Teles e Brandão. A assembleia aprovou os nomes de Pedro Morais Leitão para o lugar de presidente executivo e Thomas Reichenheim para a posição de diretor financeiro. Eurico Teles acumulava também o cargo de diretor jurídico, sendo que o substituto aprovado foi Leo Simpson.

Esta assembleia extraordinária foi forçada pela Pharol que, através da sua subsidiária Bratel, expressou a sua oposição ao plano de recuperação judicial, que foi negociado diretamente entre credores e o presidente executivo. “A Pharol entende que o plano de recuperação judicial não está em conformidade com a governança estabelecida no Estatuto Social da Oi em vigor, em oposição direta aos direitos dos acionistas”, afirmou a Pharol em comunicado.

A reunião extraordinária foi então convocada, contra vontade da Oi, e teria na sua ordem de trabalhos “temas relevantes”, razão pela qual exortava os acionistas da Oi a participarem da Assembleia e das eventuais deliberações das matérias incluídas nela tratadas. À chegada ao local da reunião, como conta o Valor, os seguranças da empresa brasileira negaram o acesso aos acionistas, obrigando-os a mudarem a reunião para um hotel.

Nas bolsas, a notícia está a ser recebida com subidas. Em Lisboa, e depois de ter sido anunciado o prazo de 20 dias para os seus credores reclamarem os créditos a que têm direito, as ações da Pharol continuam o ciclo de ganhos de dois dias, avançando 8,96% para 23,1 cêntimos. Já as da Oi, em São Paulo avançam 1,20% para 3,36 reais.

(Notícia atualizada às 16h00 com mais informação)

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Há um prémio de 30 mil euros para o melhor professor de Portugal

  • ECO
  • 7 Fevereiro 2018

Global Teacher Prize chega, pela primeira vez, a Portugal e vai atribuir 30 mil euros ao professor mais inovador. Candidaturas para iniciativa, que conta com apoio da Fundação Galp, já estão abertas.

Já dizia Fernando Pessoa que “o melhor do mundo são as crianças”. Álvaro Laborinho Lúcio acredita que não são apenas o melhor; são o futuro e é assim que devem ser tratadas nas salas de aula de todo o país. Em maio, o júri presidido por este empreendedor entregará à melhor professora ou professor de Portugal um prémio de 30 mil euros, na primeira edição nacional do Global Teacher Prize.

Até lá, as inscrições já estão abertas. Qualquer docente — do pré-escolar ao 12º ano, do ensino privado, público, cooperativo ou especial — pode submeter a sua candidatura no site da iniciativa. Até 10 de março, os interessados têm apenas de apresentar o motivo pelo qual entendem merecer o prémio e cruzar os dedos para serem selecionados como melhor professor do país.

Depois do Reino Unido, Chile e Dubai, o “Nobel da Educação” chega a Portugal, destacando o professor mais inovador face aos muitos desafios que se colocam no contexto escolar. O docente selecionado a nível nacional ficará automaticamente apurado para a eleição global, cujo prémio é de um milhão de dólares (cerca de 804 mil euros). A escolha por terras lusitanas ficará a cargo (para além de Laborinho Lúcio) de Pedro Carneiro (em representação da comunidade educativa), Sara Rodi (em representação dos pais), João Brites (em representação dos alunos), Eduardo de Sá (em representação da comunidade científica) e Alexandre Marques.

Na cerimónia de apresentação do projeto, esta terça-feira, Laborinho Lúcio deixou uma esperança: que o vencedor seja aquele professor ou professora que tenha dado “o direito aos alunos de desenvolverem as suas capacidades de modo a participar na vida pública”.

“Quem é o teu melhor professor”, pergunta o “Nobel da Educação”.Facebook

Galp quer recuperar dignidade da profissão

O Global Teacher Prize chega, este ano, pela primeira vez, a Portugal com a ajuda da Fundação Galp (parceiro principal da iniciativa), da Fundação Calouste Gulbenkian e da Federação Portuguesa de Futebol (responsáveis pela amplificação do projeto).

“Há mais de dez anos que a Galp se tem vindo a envolver em projetos de educação”, sublinhou o presidente da Fundação da Galp, no evento desta manhã. Carlos Gomes da Silva disse que está “absolutamente convencido [de que este prémio] é estruturante para recuperar a dignidade” dos professores.

O gestor acrescentou ainda que qualquer sociedade só tem um futuro sorridente, se existirem “professores comprometidos, desafiantes e desafiados”. Já Rui Costa, representante da Câmara Municipal de Lisboa, elogiou o projeto em causa, referindo que “chega em boa hora”, uma vez que atualmente a classe docente é vítima de alguma “desvalorização” por parte dos políticos e dos media.

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Wall Street abre em zona mista a pensar ainda no mini-crash

Bolsas americanas iniciaram o dia em terreno misto, com muitos investidores ainda de pé atrás em relação à correção de segunda-feira. Acordo na Alemanha dá ânimo às praças europeias.

Em Wall Street, os investidores continuam de pé atrás em relação à recente correção que levou o índice Dow Jones a protagonizar uma queda histórica acima dos mil pontos na passada segunda-feira. As bolsas norte-americanas abriram a sessão desta quarta-feira em terreno misto, numa altura em que a volatilidade continua elevada.

O Dow Jones avançou ontem mais de 2% e virou a página ao sell-off que varreu as praças em todo o mundo ainda há dois dias. Abriu novamente em alta, mas muito ligeira: soma 0,04% para 24.922,26 pontos e pode inverter para terreno negativo em pouco tempo. Em baixa abriram os outros dois principais índices: o S&P 500, que é a referência mundial, cede ligeiros 0,02% e o tecnológico Nasdaq cai 0,28%.

“Terminou em termos de movimentos baixistas severos que temos visto ultimamente, mas convém lembrar que estamos numa fase depois do choque”, referiu Rick Meckler, da LibertyView Capital Management, citado pela Reuters. “O que está a acontecer agora é que temos uma luta entre traders de curto prazo que compraram na fase mais baixa e estão a tentar sair antes de novo sell-off e traders que ganharam alguma confiança de que o mercado já bateu no fundo”, explicou Meckler.

Na Europa, as coisas estão mais tranquilas, sobretudo depois haver fumo branco para a formação de um governo na Alemanha. A CDU de Angela Merkel chegou a um acordo para coligar-se com os sociais-democratas do SPD, partido que deverá ficar com a importante pasta das Finanças. O alemão Dax-30 soma quase 1%. Em Lisboa, o PSI-20 ganha quase 2%, com a Pharol a disparar mais de 9%.

Os analistas consideram ser uma mudança significativa no perfil do ministro que tutela uma das áreas mais sensíveis na Alemanha e na zona euro e que se segue à tutela mais conservadora de Wolfgang Schäuble.

“Não subestimem o impacto que o SPD terá com o cargo influente do ministro das Finanças”, referiu o economista-chefe do Commerzbank, Jörg Kramer. “Isto marca uma grande mudança face à política de Schäuble no que toca à integração europeia e à transferência do risco em direção aos países da periferia”, acrescentou.

Queda dos mercados é um “grande erro”

Após dias de silêncio em relação ao mini-crash dos mercados acionistas em todo o mundo, Donald Trump recorreu ao seu meio de comunicação favorito para afirmar que as quedas foram um “grande erro”. Trump tem utilizado as escaladas dos índices norte-americanos para corroborar as suas políticas económicas e garante agora que a lógica está quebrada.

“Nos ‘velhos tempos’, quando as boas notícias eram anunciadas, o mercado acionista subia. Hoje, quando as boas notícias são anunciadas, o mercado acionista cai. Grande erro e temos tantas boas (ótimas) notícias acerca da economia”, escreveu Trump no Twitter.

(Notícia atualizada às 16h40 com a resposta de Donald Trump)

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Pagar as férias com criptomoedas? Espanha criou a primeira no mundo

A espanhola Knowdle uniu-se à colombiana Cubaaz para criarem a primeira moeda virtual turística. Os utilizadores vão poder pagar voos, hotéis ou cruzeiros através de uma única plataforma.

Uma empresa espanhola, em conjunto com uma colombiana, lançaram esta segunda-feira aquilo a que chama “a primeira oferta inicial de moeda digital (ICO)” no setor turístico. A Cubaaz Coin, assim se chama, vai permitir aos utilizadores pagarem voos, cinemas, hotéis e outras diversões, sem terem de ser redirecionados para outras plataformas.

Nasceu de uma parceria entre a colombiana Cubaaz e a espanhola Knowdle. A Cubaaz atua na área do turismo e, com esta ICO, pretende arrecadar entre 50 a 100 milhões de dólares (cerca de 40 a 80 milhões de euros) para conseguir realizar um sonho: tornar-se o maior portal de turismo do mundo, escreve o Cinco Días (conteúdo em espanhol).

De acordo com o CEO da Knowdle, Felipe García, a Cubaaz foi criada para “satisfazer uma necessidade insatisfeita“. “No entanto, agora vai ser possível reservar, contratar e pagar uma viagem através de uma única plataforma: voos, passaportes, táxis, parques temáticos, ofertas gastronómicas, cruzeiros, hotéis, cinemas, carros alugados… Ou seja, não será necessário redirecionar os clientes para outras plataformas de pagamento, como ocorre com o Trivago, por exemplo, e isso acaba com a necessidade de registos separados noutros serviços“.

"Agora vai ser possível reservar, contratar e pagar uma viagem através de uma única plataforma: voos, passaportes, táxis, parques temáticos, ofertas gastronómicas, cruzeiros, hotéis, cinemas, carros alugados…”

Felipe García

CEO, Knowdle

Este processo torna-se possível porque, para além de a empresa trabalhar “com mais de dez plataformas online, como o Trivago, o Airbnb ou o Booking”, utiliza ainda “diferentes tecnologias como o blockchain, criptomoedas, big data e inteligência artificial“. Assim, de acordo com o CEO, a Knowdle consegue destacar-se ao oferecer métodos únicos que a diferenciam das restantes. García explica que, através da blockchain, a empresa oferece “um sistema muito seguro e eficiente e, através da criptomoeda Cubaaz Coin, oferece um pagamento seguro, rápido e mais económico”.

Através da empresa espanhola, o utilizador terá ao seu dispor 90% dos métodos de pagamento disponíveis no mundo, nomeadamente bitcoin, Cubaaz Coin, Ethereum, Visa, Mastercard, Android Pay, Apple Pay, PayPal e Alypay, ainda assim, com comissões. Nos últimos três anos, a Knowdle investiu mais de quatro milhões em big data, inteligência artificial e coletiva, daí o interesse da colombiana Cubaaz em realizar a parceria.

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Juros portugueses de novo abaixo de 2% após acordo na Alemanha

Centeno diz que baixa dos juros nacionais deve-se ao "esforço de todos os portugueses". Taxa da dívida a dez anos está novamente abaixo dos 2%, depois do acordo para a formação de Governo na Alemanha.

Os juros das obrigações da periferia da zona euro estão esta quarta-feira em forte queda, beneficiando do acordo para a formação de Governo na Alemanha. No caso português, a taxa da dívida a dez anos está novamente abaixo dos 2%.

A yield associada às Obrigações do Tesouro a dez anos cede 7,5 pontos base para 1,99%, e vai a caminho da maior queda diária das últimas cinco semanas. Enquanto as taxas na Alemanha subiam, o prémio de risco de Espanha — calculada com base na diferença entre os juros alemães e espanhóis, recuava para 65 pontos, sendo este o diferencial mais curto em oito anos.

De Berlim vêm notícias positivas. A CDU de Angela Merkel e o SPD chegaram a um acordo de coligação esta quarta-feira, desbloqueando um impasse política que durava há meses. Olaf Scholz, presidente da câmara de Hamburgo e do SPD, deverá ser indicado ministro das Finanças, de acordo com a agência de notícias DPA.

Juros portugueses estão novamente abaixo dos 2%

Fonte: Reuters

Os analistas consideram ser uma mudança significativa no perfil do ministro que tutela uma das áreas mais sensíveis na Alemanha e na zona euro e que se segue à tutela mais conservadora de Wolfgang Schäuble. “Não subestimem o impacto que o SPD terá com o cargo influente do ministro das Finanças”, referiu o economista-chefe do Commerzbank, Jörg Kramer. “Isto marca uma grande mudança face à política de Schäuble no que toca à integração europeia e à transferência do risco em direção aos países da periferia”, acrescentou.

Entretanto, com os juros portugueses em mínimos, Mário Centeno, ministro das Finanças português, defendeu esta quarta-feira que a queda dos juros das obrigações portuguesas no último ano não se deve tanto ao programa de compra de ativos do Banco Central Europeu (BCE), mas antes àquilo que o país tem vindo a fazer em termos internos.

Não subestimem o impacto que o SPD terá com o cargo influente do ministro das Finanças. Isto marca uma grande mudança face à política de Schäuble no que toca à integração europeia e à transferência do risco em direção aos países da periferia.

Jörg Kramer

Economista-chefe do Commerzbank

“Desde abril de 2016, na verdade, o BCE reduziu significativamente as compras de dívida portuguesa. A redução do spread entre Portugal e outros países europeus é o resultado do esforço de todos os portugueses”, explicou Centeno na conferência Banking Summit.

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Operação Fizz: Carlos Silva disponível para depor por vídeoconferência

  • Lusa
  • 7 Fevereiro 2018

O presidente do BPA quer responder às "falsidades" que têm circulado, disponibilizando-se a depor por vídeoconferência.

O presidente do Banco Privado Atlântico (BPA), Carlos Silva, disse esta quarta-feira estar disponível para ir depor como testemunha no processo ‘operação Fizz’, via videoconferência, mas que ainda não foi notificado para prestar depoimento.

Num comunicado, enviado à agência Lusa, Carlos Silva diz estar disponível “para prestar todos e quaisquer esclarecimentos que o Tribunal considere relevantes, face a às falsidades que têm sido ditas”, tendo esta quarta-feira mesmo manifestado a sua disponibilidade aos juízes da Operação Fizz.

“Atendendo a que vivo em Angola, e porque face às falsidades que têm sido ditas urge um esclarecimento célere, desde já, disponibilizo-me para que o meu depoimento possa ser efetuado por videoconferência, após notificação para o efeito”, adianta o banqueiro angolano.

Carlos Silva, que também é administrador do Millennium BCP, garante que não foi notificado para testemunhar no âmbito do julgamento em curso em Lisboa, acrescentando que, como consta do processo, a sua “morada pessoal e profissional localiza-se em Luanda, Angola”.

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Mini-crash? “Não estou preocupado. Espero que estas não sejam as minhas famous last words”, diz Moscovici

  • Margarida Peixoto
  • 7 Fevereiro 2018

Pierre Moscovici diz que "a Europa virou a página da crise económica" e que o crescimento "veio para ficar". Reconheceu riscos, mas diz que estão equilibrados. E o mini-crash não assustou.

Entre sexta-feira passada e esta terça-feira, os principais índices bolsistas sofreram fortes quedas, protagonizando aquilo a que rapidamente os mercados identificaram como um “mini-crash”. Mas Pierre Moscovici, comissário europeu para os Assuntos Económicos e Financeiros, garante que não se deixou assustar. “Não estou preocupado — e espero que estas não sejam as minhas famous last words“, respondeu.

A aversão ao risco começou na sexta-feira, em Wall Street, com o Dow Jones a cair mais de 6% ao longo da sessão. Na segunda e na terça-feira as ondas de medo alastraram-se à Ásia e à Europa, mas os Estados Unidos já tinham começado lentamente a recuperar. Esta quarta-feira, o pânico parece ter sido estancado e os analistas falam sobretudo de um movimento de correção abrupto.

Mas este tipo de volatilidade é precisamente um dos riscos negativos identificados pela Comissão Europeia no seu relatório com Previsões de Inverno, publicado esta quarta-feira. Confrontado com a materialização do risco, Moscovici desvalorizou — até por que o comissário trouxe sobretudo uma mensagem de otimismo.

“A Europa virou a página da crise económica”, começou por dizer Pierre Moscovici. As Previsões de Inverno publicadas em Bruxelas dão conta de uma revisão em alta do crescimento para o período de 2017 a 2019, tanto para a zona euro, como para a União Europeia. Um crescimento que, apesar de abrandar de ritmo nos próximos dois anos, “veio para ficar”.

Previsões revistas em alta

Fonte: Comissão Europeia, Previsões de Inverno

Moscovici explicou que esta recuperação económica está a ser conseguida com uma evolução contida dos salários e com uma inflação baixa, pelo que é “sólida e duradoura”. Reconheceu o contributo do crescimento mundial para acelerar a atividade da economia europeia e assinalou que o pacote fiscal dos Estados Unidos poderá acelerar ainda mais esse crescimento.

A certa altura, o comissário reconheceu mesmo que as previsões poderão estar marcadas pela prudência: “Poderá estar-se a subestimar a robustez desta expansão económica”, admitiu.

Do lado dos riscos, contudo, para além das alterações abruptas nos mercados há que considerar a possibilidade de as limitações à capacidade instalada das economias se começarem a sentir mais cedo do que o previsto. Moscovici notou ainda que a política monetária à escala mundial está menos sincronizada, com o Banco Central Europeu a manter ainda muitos estímulos, mas a Fed já com a progressiva retirada em andamento.

“É tempo de mudar para reformas 2.0”

Sobre a orientação de políticas, Moscovici sublinhou a importância de se fazer agora “reformas estruturais inteligentes”. Não porque as anteriores não o tenham sido, ressalvou, quando questionado pelos jornalistas, mas porque se trata de passar para uma segunda fase de reformas, menos marcada pela urgência.

“Fizemos as reformas estruturais necessárias até agora: não podíamos viver sem a união bancária, ou as reformas no mercado de trabalho, ou no sistema de pensões”, argumentou o comissário. “Diria que foram reformas 1.0, as necessárias para ter uma economia sólida”, continuou, reconhecendo que “são dolorosas, mas indispensáveis” e que ainda não foram feitas em todo o lado.

Mas “agora é tempo de mudar para as reformas 2.0”, garantiu. O que é isso? Trata-se de “reforçar o capital humano, preparar o futuro”, aumentar a formação, prosseguir com o plano Juncker. “Não são reformas mais inteligentes, são uma nova geração de reformas, devido a uma nova fase do ciclo e tendo em conta o que já foi feito”, rematou.

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300 mil ainda usam cadernetas. Caixa quer que passem a digitais

Há mais de 300 mil clientes da CGD que hoje usam a caderneta. O banco público quer que pelo menos uma parte destes clientes esteja a usar a caderneta digital ainda este ano.

Depois de ter introduzido comissões para os clientes que façam levantamentos com a caderneta, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) vai dar início a uma “transição suave” da caderneta física para uma digital. São mais de 300 mil os clientes do banco público que hoje usam este documento e a administração liderada por Paulo Macedo quer que, no final deste ano, alguns destes clientes já estejam a utilizar a caderneta digital.

“O nosso projeto é, este ano, lançar a caderneta digital, para não quebrar um hábito, mas agora apresentada de uma nova forma. A caderneta que existe hoje e que a Caixa mantém vai ter condicionantes para servir como meio de autenticação, depois de as diretivas comunitárias estarem totalmente em vigor. A Caixa quer responder a este conjunto de pessoas, dando-lhes uma opção mais evoluída”, disse Paulo Macedo aos jornalistas, em declarações à margem da Banking Summit.

Em causa está uma nova diretiva europeia que fará com que o sistema da caderneta deixe de ser “considerado suficientemente forte a partir de uma determinada data”, explica Paulo Macedo. “Há um prazo e estamos a trabalhar para que as pessoas sejam minimamente afetadas”, adianta.

Este processo não será feito “de um dia para o outro” e o presidente da CGD garante que quer que “haja uma inclusão”, para que “as pessoas possam aprender a manusear” o novo instrumento.

Sem referir exatamente quantos clientes estão abrangidos, Paulo Macedo diz que são mais de 300 mil e que o objetivo é que parte destes já esteja, no final deste ano, a utilizar a caderneta digital. Seja como for, será “uma transição muito suave”, assegura. “O que queremos é que as pessoas sejam servidas”.

"Os custos são uma vertente essencial, mas, primeiro, está o serviço ao cliente. Se não fosse essa a principal preocupação, descontinuávamos a caderneta.”

Paulo Macedo

Presidente da CGD

O presidente da CGD também não refere que poupança, em termos de custos, é que esta medida vai representar para o banco público. “Os custos são essenciais, porque o que os portugueses dizem é que não querem pagar mais comissões. Os custos são uma vertente essencial, mas, primeiro, está o serviço ao cliente. Se não fosse essa a principal preocupação, descontinuávamos a caderneta”, aponta.

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Quantas pessoas desperdiça o mercado de trabalho? 900,9 mil

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 7 Fevereiro 2018

Desempregados, pessoas que gostariam de trabalhar mais horas e inativos que não estão disponíveis para trabalhar ou não procuram emprego. O retrato da subutilização do trabalho em Portugal.

Além dos desempregados, há ainda mais de 400 mil pessoas que não estão a ser totalmente aproveitadas pelo mercado de trabalho: ou porque não trabalham tantas horas quanto desejariam, ou porque não procuram emprego ou ainda porque não estão disponíveis.

Este é um indicador que permite ter uma visão mais ampla da subutilização do trabalho, uma vez que não aborda apenas o número de desempregados. Na reta final de 2017, a subutilização do trabalho abrangia 844,4 mil pessoas. Já no conjunto do ano, eram 900,9 mil, avançam dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) publicados esta quarta-feira. Quem são?

  • 462,8 mil desempregados
  • 201,7 mil trabalhadores a tempo parcial que pretendiam, e estavam disponíveis, para trabalhar mais horas
  • 23,5 mil inativos à procura de emprego mas não disponíveis para trabalhar
  • 213 mil inativos disponíveis para trabalhar mas que não procuram emprego

De acordo com os dados do INE, entre 2016 e 2017 só aumentou o número de inativos à procura de emprego mas não disponíveis (de 20,5 mil para 23,5 mil).

No conjunto, a subutilização de trabalho registou uma descida de 14,8% (ou 157 mil) comparando com 2016. Em causa está uma taxa de 16,5% — tendo em conta um conceito mais alargado de população ativa — acima da taxa de desemprego de 8,9%. Os números são menos expressivos do que em 2016 (19,5% e 11,1%, respetivamente).

Subemprego de trabalhadores a tempo parcial aumenta em comparação trimestral

Olhando especificamente para o último trimestre de 2017, a subutilização de trabalho abrangia 844,4 mil pessoas, o que corresponde a uma taxa de 15,5%. Também aqui a evolução é positiva, já que a subutilização do trabalho recuou 2,9% em termos trimestrais e 17,2% em termos homólogos — e a taxa também desceu.

Dos 844,4 mil ‘subutilizados’, 422 mil correspondem a desempregados, seguindo-se 201,3 mil inativos disponíveis mas que não procuram emprego, 200,1 mil trabalhadores a tempo parcial que gostariam de laborar mais horas e 20,9 mil inativos à procura de emprego mas não disponíveis para trabalhar.

Entre estes grupos, há dois a registar aumentos. O subemprego de trabalhadores a tempo parcial avançou, em termos trimestrais, 12,7%, ainda que tenha recuado 9,5% em comparação homóloga. E o número de inativos à procura de emprego mas não disponíveis para trabalhar manteve-se praticamente inalterado face ao trimestre anterior mas aumentou 5,5% (1,1 mil) em relação ao quarto trimestre de 2016.

“Desde o 1.º trimestre de 2013, quando a população desempregada e a subutilização do trabalho começaram a descer, até ao 4.º trimestre de 2017, a população desempregada e a subutilização do trabalho têm descrito uma trajetória descendente, com uma diminuição de 54,5% e 42,5%, respetivamente (abrangendo 504,8 mil e 625,2 mil pessoas)”, nota o INE.

O Instituto avisa, contudo, que a medida sobreavalia a subutilização do trabalho. Desde logo, porque “sobrestima o contributo potencial do subemprego de trabalhadores a tempo parcial, pois não considera as horas de trabalho realizadas por estes empregados (tipicamente, as horas trabalhadas correspondem a metade do total desejado)”, diz. Além disso, porque “sobrestima a população ativa alargada, uma vez que os dois subgrupos de inativos considerados têm, em geral, uma menor ligação ao mercado de trabalho do que os desempregados, o que se traduz na existência de uma menor probabilidade de transição para a população ativa, de uma maior proporção de pessoas que nunca trabalharam ou que deixaram de trabalhar há mais de 2 anos e de uma menor proporção de pessoas que se autoclassificam como desempregadas”, adianta ainda o INE.

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