FMI pede mais consolidação e, ao mesmo tempo, mais investimento público e uma revisão profunda à função pública

Ainda mais consolidação orçamental já em 2019 e 2020, diz FMI, tornará economia portuguesa mais resistente. Fundo pede o rebalanceamento da despesa pública de modo a favorecer investimento público.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) sugere ao governo português que avance ainda este ano com mais esforços de consolidação orçamental, num caminho que deve ser aprofundado em 2020, e cujo objetivo será abrir espaço para, de uma assentada, prosseguir com a redução do peso da dívida pública, aumentar o investimento público e criar margens para lidar com eventuais choques que surjam a médio prazo.

De acordo com o relatório anual de acompanhamento a Portugal — preparado no âmbito do artigo IV do FMI –, divulgado esta sexta-feira, um “esforço adicional” nas contas públicas ajudaria a economia portuguesa a reforçar a “resiliência”, pois intensificaria o ritmo de redução do peso da dívida pública, criando espaço para, caso venha a ser necessário, acomodar no Orçamento do Estado algum impacto adverso que venha a surgir no futuro — permitindo que o défice nominal cresça, mas sempre abaixo do ritmo de redução do peso da dívida.

“Na eventualidade de uma inversão da trajetória económica de sentido descendente, uma posição orçamental neutra, que permita aumentar o défice nominal, seria a resposta apropriada desde que o rácio da dívida pública persista em trajetória de redução”, detalha o FMI. Segundo o fundo, esta seria a melhor forma de ter a economia portuguesa devidamente preparada para lidar com pressões relacionadas com o envelhecimento da população, mas também com os impactos económicos das várias tensões geopolíticas e outros eventos.

O fundo sedeado em Washington avalia em dois mil milhões de euros os cortes necessários para este reforço da resiliência económica do país, ao apontar para um esforço adicional de um ponto percentual do PIB no saldo primário estrutural. Seria através deste esforço adicional que o governo poderia “reduzir a ainda elevada dívida pública mais rapidamente” e, dessa forma, “criar espaço para políticas públicas” contracíclicas, na eventualidade de serem necessárias.

Mas este reforço de resiliência terá também de vir de outras rubricas: mais investimento público e “revisão alargada” dos gastos com a função pública, refere o FMI.

“O investimento público mantém-se bem abaixo dos níveis pré-crise e das médias da União Europeia e vai ter de aumentar para apoiar o crescimento potencial”, sublinha a análise do FMI à economia portuguesa. Em abril último, o Governo cortou a meta de investimento público para 2019 em 471 milhões de euros, passando da promessa de 4,85 mil milhões feita no Orçamento do Estado para 2019 para 4,38 mil milhões no Programa de Estabilidade.

Além da intensificação dos níveis de investimento público, de um maior esforço de consolidação orçamental e de redução da dívida pública, o FMI entende igualmente que chegou a hora de Portugal avançar com um levantamento exaustivo ao “nível, composição e regras” do emprego público, única forma de “lançar as bases para um melhor controlo da trajetória da despesa corrente”, refere o relatório.

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FMI alerta para baixa poupança em Portugal. Pede mais incentivos fiscais para os PPR

O FMI apela a opções políticas mais específicas para aumentar a poupança das famílias, destacando a necessidade de mais incentivos fiscais para os planos de pensões privados.

A reduzida taxa de poupança em Portugal é um motivo de preocupação para o Fundo Monetário Internacional (FMI), que apela à necessidade de implementação de medidas que permitam alterar essa realidade. O reforço dos incentivos fiscais aos planos de pensões privados (PPR) é uma das medidas que aquela entidade considera importante implementar com vista a encorajar a poupança.

Os alertas surgem no relatório do FMI para Portugal no âmbito do artigo IV. Numa secção dedicada em específico à poupança, o organismo começa por destacar o facto de Portugal ter uma taxa de poupança inferior à média da Europa. E identifica vários fatores que poderão contribuir para essa realidade.

“A poupança das famílias, tanto em percentagem do PIB como do rendimento disponível, tem estado numa tendência decrescente ao longo das últimas duas décadas”, começa por referir o fundo, lembrando que “é baixa face aos padrões europeus (3,1% do PIB em 2018). E considera que é necessário reforçar a poupança a médio prazo, sob pena de serem criados “desequilíbrios externos”.

Taxa de poupança de 3,8%, coloca Portugal abaixo da média europeia

O baixo rendimento disponível, a fraca riqueza financeira, o elevado rácio de pessoas com mais idade, os gastos governamentais elevados com as pensões e a proteção social, e também o facto de muitos portugueses terem casa própria, figuram entre os principais ingredientes que contribuem para essa situação, segundo o FMI. Mas há mais fatores a pesarem, como o baixo nível educacional, a taxa de fertilidade reduzida e a baixa cobertura de pensões privadas.

"A continuação do desenvolvimento de regimes privados de pensões em Portugal pode ajudar a reforçar e diversificar as fontes de rendimento na reforma para além do sistema público de pensões.”

FMI

Não considerando tratarem-se de problemas com soluções rápidas nem fáceis em termos de intervenção política, o fundo refere que as “opções políticas mais específicas para aumentar a poupança das famílias incluem medidas para promover planos ocupacionais e pessoais privados, incluindo algumas mudanças na tributação, e desenvolver incentivos para trabalhar após os 65 anos de idade“.

Uma das lacunas identificadas pelo FMI é no âmbito dos esquemas privados de pensões que diz serem pequenos, terem baixa penetração e fraca portabilidade além fronteiras, salientando o papel que estes “podem desempenhar um papel importante na diversificação do rendimento na reforma e na mobilização de poupança”. “A continuação do desenvolvimento de regimes privados de pensões em Portugal pode ajudar a reforçar e diversificar as fontes de rendimento na reforma para além do sistema público de pensões“, diz aquela entidade.

Mas para fomentar a aposta nesses instrumentos de fomento da poupança por parte dos portugueses, o FMI apela à ação do Governo. “Baixos incentivos fiscais às contribuições para os esquemas privados de pensões não encorajam as poupanças para a reforma”, avisa. Neste contexto, reitera algo que já tinha dito em maio: o reforço dos incentivos fiscais.

“As autoridades devem considerar um aumento dos incentivos fiscais de forma a encorajar poupanças para a reforma”, diz o FMI aconselhando a passar “lentamente” de um regime de impostos para empregados em que as contribuições e benefícios são taxados e o rendimento do investimento é isento, para um regime totalmente isento, algo que é comum à maioria dos países europeus.

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FMI recomenda revisão das reformas do sistema de pensões. É “dispendioso” e “não corrige desigualdades”

O FMI recomenda que Portugal reavalie as reformas levadas a cabo nos últimos anos no sistema de pensões, de modo a promover a igualdade de rendimentos na velhice e a controlar a despesa.

O sistema de pensões português é “dispendioso” quando comparado com os padrões dos demais países e “faz pouco para corrigir as desigualdades de rendimentos na velhice”. Esta avaliação é feita pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), no seu relatório sobre Portugal ao abrigo do Artigo IV, no qual recomenda mesmo que se reavaliem as reformas levadas a cabo nos últimos anos, de modo a promover a igualdade e manter uma monitorização “apertada” da despesa.

“Nas últimas décadas, o sistema público de pensões português foi alvo de múltiplas mudanças importantes de modo a reforçar a sua sustentabilidade, incluindo a subida da idade legal da reforma e a indexação à esperança média de vida, bem como a redução dos benefícios para os novos pensionistas desde 2007. Contudo, o sistema mantém-se dispendioso, generoso em comparação com os padrões da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico e faz pouco para corrigir a desigualdade de rendimentos na velhice“, explica o FMI no relatório divulgado esta sexta-feira.

Face a este cenário, a instituição até agora liderada por Christine Lagarde recomenda que Portugal reavalie os resultados das reformas recentes, de modo a identificar possíveis soluções focadas nas pensões mais elevadas. Isto de modo a promover a igualdade entre pensionistas e monitorizar de forma “apertada” a despesa implicada neste sistema. “Por exemplo, as taxas de formação das pensões mais elevadas podiam ser reduzidas de modo a convergir gradualmente com as taxas de substituição da União Europeia”, sugere o Fundo.

O organismo admite, porém, que as reformas levadas a cabo nas últimas décadas estão a “mitigar os custos orçamentais do envelhecimento demográfico”, mas avisa que será preciso um esforço extra no futuro. Ainda assim e por agora, o Governo português reduziu a penalização associada à antecipação da reforma para as carreiras muito longas, que é “excessivamente pesada e injusta”, destaca o FMI, considerando que esta medida terá um “impacto orçamental mínimo”.

O Fundo recomenda, além disso, que se aposte nos Planos Poupança Reforma (PPR) e noutros esquemas privados de pensões, que poderão aliviar a pressão sobre o sistema público e atualmente estão subdesenvolvidos na economia portuguesa. Esta aposta resultaria, além disso, no reforço das poupanças das famílias, salienta o FMI, o que é necessário para “mitigar o impacto adverso das tendências demográficas” já referidas.

No relatório sobre Portugal divulgado pelo FMI em maio deste ano, a instituição já tinha deixado um aviso sobre as pensões, sublinhando que o sistema “beneficiaria” de alguns ajustamentos que amenizassem o acréscimo previsto das despesas face ao envelhecimento demográfico e atenuassem a desigualdade entre pensionistas, que é “mais alta do que a média europeia”.

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Bancos têm de “limpar” malparado. FMI pede mais lucros e cuidado com a dívida

O FMI reconhece o esforço, mas diz que os bancos têm de fazer mais para "limparem" os balanços. E pede às autoridades que encorajem o setor a aumentar a rentabilidade.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) reconhece os esforços dos bancos portugueses na redução do malparado. Tomou nota da descida do rácio de crédito em incumprimento para menos de 10%, mas salienta que este “fardo” continua a ser pesado, devendo o setor manter o foco na “limpeza”. Isto ao mesmo tempo que terá de “lutar” para aumentar a rentabilidade, numa altura de abrandamento do crescimento da economia. É vital para evitar surpresas negativas.

No Relatório do FMI para Portugal ao abrigo do Artigo IV, o Fundo dá boa nota à “gestão ativa” do stock de malparado por parte dos bancos nacionais, “que levou a uma quebra tanto em termos brutos como líquidos”. O “rácio de malparado estava, no final de 2018, abaixo dos 10%, sendo que, em termos líquidos, baixou dos 5%”, sublinha, ainda que continue a alertar para o facto de Portugal continuar a ter um dos rácios mais elevados entre os bancos europeus.

“Os supervisores devem garantir que os bancos continuam a resolver o ainda elevado stock de ativos problemáticos”, mas também o problema da “baixa rentabilidade”, refere o documento. “Baixas taxas de juro, elevados custos operacionais e imparidades continuam a pesar na rentabilidade, que está também ameaçada pelo aumento da concorrência por parte de instituições não financeiras”, diz o FMI, numa referência às grandes tecnológicas.

Este alerta para a necessidade de a banca aumentar a rentabilidade surge numa altura de abrandamento do ritmo de crescimento da economia portuguesa, o que pode dificultar o alcance dessa meta, deixando os bancos mais vulneráveis. “Os supervisores devem garantir que os rácios de capital estão resilientes a um potencial abrandamento”, refere o Fundo até agora liderado por Christine Lagarde.

“Uma economia mais fraca do que o esperado poderá levar a uma perda de qualidade dos ativos da banca e voltar a aumentar a pressão sobre os resultados“. Além disso, o FMI alerta para o excesso de exposição do setor tanto o mercado imobiliário como à dívida pública, nomeadamente a de Portugal.

Salientando que 8,8% dos ativos estava, no final do ano passado, alocado à dívida pública, o FMI nota que os bancos portugueses ficam vulneráveis à subida do prémio de risco dos soberanos. Com base numa simulação do fundo, utilizando os critérios da EBA nos testes de stress, o FMI diz que num cenário severo, o aumento de 250 pontos base nas yields da dívida com rating de BBB levaria a uma quebra de 1,5 pontos percentuais nos rácios de capital do setor, deixando-os em níveis apenas ligeiramente superiores aos de 2010.

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FMI já vê Portugal com excedente orçamental em 2020

O FMI está mais otimista quanto ao saldo orçamental para o próximo ano, mas continua a ver necessidade para esforços adicionais de consolidação. Fundo sugere raio-x à despesa pública.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) melhorou a previsão para Portugal para o saldo orçamental no próximo ano e prevê um excedente de 0,1% do PIB. Em maio apontava para um saldo nulo. Apesar disso, o FMI não está tão otimista como o Governo português que assumiu um saldo positivo ainda maior. A instituição até agora liderada por Christine Lagarde sugere que Portugal faça uma revisão alargada da despesa, com uma atenção especial às pensões, salários e saúde.

A nova avaliação do FMI consta do relatório para Portugal publicado ao abrigo do Artigo IV, publicado esta sexta-feira pela instituição. Em maio, a instituição terminou o trabalho de campo em Lisboa, divulgou um comunicado de imprensa onde traçava as linhas gerais da sua avaliação e atualizava as previsões para Portugal. Este semana, o executive board do FMI aprovou o relatório completo para Portugal, que é hoje conhecido.

O FMI prevê que Portugal cresça este ano 1,7% e 1,5% no próximo, mantendo assim as previsões divulgadas em maio. No entanto, o Fundo altera o desempenho das componentes do crescimento económico para 2019, esperando mais consumo privado, mais consumo público, mais investimento, mas um crescimento superior ao de maio nas importações. Resultado final: a previsão de um crescimento do Fundo não mexe, mantendo assim uma diferença de duas décimas face ao Governo, que aponta para uma subida no PIB de 1,9% em 2019.

Ainda na frente económica, o Fundo dá nota da degradação da balança comercial. Para 2019 e 2020, o Fundo aponta para défices de 0,6% e 0,5% do PIB, enquanto em maio esperava desequilíbrios de 0,3% e 0,4%.

Em matéria de contas públicas, o FMI melhora as previsões do excedente orçamental em 2020 (ainda que fique aquém dos 0,3% esperados que o Governo assumiu em Bruxelas em abril no Programa de Estabilidade), em resultado da “descida da fatura dos juros”. As projeções de dívida pública também ficam melhores do que as inscritas no comunicado de imprensa de maio (também neste ponto o Governo mantém-se mais otimista do que o Fundo).

É por este motivo, e para fazer face a eventuais choques na economia, que o Fundo pede esforços “adicionais” de consolidação orçamental. Um recado que já tinha sido deixado em maio. Na altura concretizou que nos próximos dois anos, Portugal devia implementar “esforço adicional de um ponto percentual do PIB no saldo primário estrutural [que desconta os juros, o efeito do ciclo económico e as medidas one-off], tirando vantagem do ambiente ainda favorável, incluindo as condições da política monetária”. O que significa uma consolidação estrutural (sem juros) de 2.000 milhões de euros em dois anos”.

O objetivo do Fundo é que, perante um choque, Portugal consiga não interromper a trajetória de descida da dívida pública – que tem sido “firme” -, podendo até deixar deslizar o défice orçamental.

No relatório conhecido esta sexta-feira, o Fundo deixa algumas pistas sobre como fazer isto. Os responsáveis do FMI pedem “um exame adicional da qualidade e da composição da despesa, com o objetivo de orientar a despesa para mais investimento público. As despesas com pensões, salários e saúde também merecem uma análise mais fina”.

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Governo garantiu ao FMI moderação nos salários da Função Pública

Para o FMI, a "pressão" com a fatura dos salários no Estado está a aumentar, "apesar do compromisso" do Executivo para "reduzir o emprego público".

“Moderação na fatura com salários da Função Pública.” Esta é a garantia que o Governo deixou ao Fundo Monetário Internacional para assegurar o cumprimento das metas definidas no Programa de Estabilidade, que aponta para um défice de 0,2% este ano e um excedente de 0,3% em 2020. Desde junho que o primeiro-ministro vem prometendo aumentar os funcionários públicos se vencer as legislativas de outubro. Não tem dito que tipo de aumento, mas ao FMI revelou que será moderado.

Em entrevista ao Expresso, a 15 de junho, o chefe do Executivo prometeu mais funcionários públicos e a ganhar mais. António Costa disse que vê margem para voltar “à normalidade de haver atualização anual dos vencimentos” na Função Pública, ao mesmo tempo que admite abrir concursos para contratar mais funcionários públicos para fazer face à degradação dos serviços públicos.

A ideia voltou a ser reiterada na entrevista, esta semana, à revista Visão. António Costa voltou a dar pistas sobre eventuais aumentos na Função Pública, visando nesse âmbito os trabalhadores com salários mais altos, nomeadamente no setor da Saúde. “O Estado tem de olhar para as condições remuneratórias dos seus quadros superiores de outra forma, no futuro”, disse, acrescentando que após o aumento dos níveis salariais mais baixos, no que respeita aos quadros intermédios e superiores, “o Estado vai ter de rever a sua política remuneratória, senão será incapaz de conseguir contratar e reter os quadros mais qualificados”.

Estas declarações foram todas feitas posteriormente à visita dos técnicos do Fundo a Portugal que decorreu em maio, na sequência da qual divulgaram um comunicado de imprensa onde traçava as linhas gerais da sua avaliação e atualizava as previsões para Portugal. Este semana, o executive board do FMI aprovou o relatório completo para Portugal, que é conhecido esta quinta-feira.

O Executivo, nas conversas que manteve com os técnicos do Fundo, explicou que o excedente de 0,3% do PIB dará “uma almofada para os choques temporários e manter a dívida numa firme trajetória descendente”. Para o Governo chegará aos 115,2% em 2020, mas para o Fundo ficará em 116% do PIB. “Isto será conseguido pela continuação de ganhos de eficiência decorrentes da revisão de despesa, descida dos juros da dívida e moderação da fatura com salários da Função Pública”, diz o Executivo.

Isto será conseguido pela continuação de ganhos de eficiência decorrentes da revisão de despesa, descida dos juros da dívida e moderação da fatura com salários da Função Pública.

Governo português

Na avaliação do FMI a “pressão” com a fatura dos salários no Estado também está a aumentar. “Apesar do compromisso para reduzir o emprego público no Orçamento de 2018, cresceu mais de 2%, refletindo parcialmente as necessidades crescentes da passagem para as 35 horas”, escreve o FMI no seu Artigo IV.

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Preço das casas disparou. Mas não é preciso fazer nada, diz o FMI

O turismo levou os estrangeiros a comprarem cada vez mais casas em Portugal, o que fez disparar os preços do setor. Mas, para o FMI, "não é preciso nenhuma intervenção política imediata".

Não é novo que os preços das casas continuam a aumentar, embora a um ritmo que comece a mostrar sinais de desaceleração. Quem já reconheceu isso foi o Fundo Monetário Internacional (FMI) que defende que, apesar desse forte aumento dos preços — devido, sobretudo, aos estrangeiros –, não é necessário tomar medidas políticas para pôr um travão, pelo menos para já. Ainda assim, alerta que as autoridades nacionais devem acompanhar de perto o mercado e estar prontas a tomar medidas caso seja necessário.

A maioria das transações imobiliárias que fizeram disparar os preços das casas aconteceram em “locais-chave”, como Lisboa e Porto, e estiveram ligadas ao “forte crescimento do setor do turismo e aos investimentos diretos de não-residentes”, começa por referir o FMI, num relatório publicado esta sexta-feira. A presença — e o consequente peso — dos investidores estrangeiros começou a ser reforçada a partir de 2014, principalmente no mercado de luxo. Entre 2013 e 2017, 35% das compras superiores a 500 mil euros foram da responsabilidade destes não-residentes.

Contudo, a instituição até agora liderada por Christine Lagarde alerta que estes números podem não espelhar verdadeiramente o peso que os investidores internacionais têm no mercado imobiliário, uma vez que muitos compradores adquirem o estatuto de residente quando compram um imóvel. Exemplo disso são os vistos gold, que permitem a um cidadão estrangeiro obter uma autorização especial de residência em Portugal através de um investimento, por exemplo a compra de uma casa de valor igual ou superior a 500 mil euros.

Ainda assim, crédito habitação levanta preocupações

Neste sentido, e face aos preços das casas que continuaram a subir, a instituição financeira defende que “não é preciso nenhuma ação política imediata”, uma vez que “essas subidas variam de região para região”.

Mas há um fator que levanta preocupações ao FMI: os créditos concedidos para a compra de casa. “A maioria das transações imobiliárias não foi financiada com hipotecas”, lê-se no relatório. “Ainda assim, se a forte subida dos preços continuar, isto poderá levar a um aumento dos créditos à habitação (inclusive através de operações de refinanciamento), aumentando, ainda mais, a exposição da banca ao mercado imobiliário”.

Concluindo, a instituição sublinha que as casas continuam a estar cada vez mais caras — “apesar de alguns sinais recentes de arrefecimento” –, e que estes aumentos se devem à “forte procura dos não-residentes e ao turismo”. Mas ainda não é necessário agir. Contudo, “as autoridades portuguesas devem acompanhar de perto a evolução dos mercados hipotecários e estar prontas a ajustar as medidas macroprudenciais, se for preciso”.

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Governo garante aprovação de contas das empresas públicas até final do ano

Ministério das Finanças, que não específica quais as empresas que estão em situação irregular, avança ao ECO que os relatórios e contas das empresas públicas devem estar em ordem até final de 2019.

O gabinete de Mário Centeno diz que passou os últimos quatro anos a aprovar as contas das empresas públicas herdadas do Executivo de Pedro Passos Coelho, mas promete deixar a casa arrumada e diz que os serviços vão despachar até final do ano os Relatórios e Contas que faltam. Em causa está a notícia divulgada esta sexta-feira pelo Jornal Económico que dá conta que desde 2015 que as contas da CP não são aprovadas pelo Governo.

Sem divulgar o número de empresas que ainda aguardam a aprovação das contas por parte da tutela, fonte oficial do Ministério das Finanças, que reparte com as Infraestruturas a tutela da empresa pública, diz ao ECO que o acompanhamento do Setor Empresarial do Estado (SEE) “tem resultado na aprovação de contas de anos anteriores ao mandato deste Governo, estimando-se, durante o corrente ano, o desenvolvimento e a conclusão dos processos que se encontram em curso”.

O que também fica por esclarecer são que empresas, e por quantos anos, é que foram alvo deste atraso. Apenas se sabe que o mesmo aconteceu na Transtejo Soflusa, de acordo com declarações da presidente da empresa, Marina Ferreira ao Observador. “No primeiro dia depois de ter entrado em funções, percebi que não havia contas desde 2010”, revelou.

De resto, fonte oficial das Finanças esclarece que o acompanhamento do acionista Estado ao setor empresarial do Estado envolve três entidades: a Direção-Geral do Tesouro e Finanças, que é responsável pelo exercício da função acionista, a UTAM, unidade técnica que faz o acompanhamento e monitorização do SEE e por fim a Inspeção Geral de Finanças (IGF), a quem cabe a auditoria e controlo.

O Executivo acredita ter as ferramentas de controlo e acompanhamento que “garantem um adequado reporte contínuo da atividade das empresas do Estado, ao qual acrescem ainda os instrumentos disponíveis no âmbito da execução das respetivas leis orçamentais, enquanto entidades integradas no perímetro orçamental”.

Relativamente à CP, a aprovação das contas não interfere na gestão corrente da empresa, a qual se encontra realmente condicionada pela situação de fragilidade que se arrasta há vários anos — registou 800 milhões de euros de perdas desde 2014 — como refere a própria empresa: “Em termos de sustentabilidade económica, a CP enfrenta atualmente fortes constrangimentos à sua operação tanto no que se refere à obsolescência do material circulante de tração diesel e dos equipamentos e sistemas de venda e informação”, refere a administração da empresa no relatório e contas do ano passado.

(Notícia atualizada às 14H40 com mais informação)

 

 

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BdP divulga lista dos devedores da banca até 17 de julho

  • Lusa
  • 12 Julho 2019

O Banco de Portugal terá de divulgar a lista dos grandes devedores da banca até 17 de julho de manhã, revelou a deputada Teresa Leal Coelho.

O Banco de Portugal (BdP) vai divulgar publicamente até dia 17 de julho informação agregada sobre os grandes devedores da banca, segundo disse à Lusa a presidente da Comissão de Orçamento e Finanças.

Em 23 de maio, o banco central entregou ao parlamento o relatório extraordinário sobre os créditos problemáticos e outros ativos que deram problemas à banca e levaram a ajudas públicas (por exemplo, dívida pública) nos últimos 12 anos, no último dia do prazo para o fazer, de acordo com a lei de fevereiro. Em causa estão os grandes devedores dos bancos Caixa Geral de Depósitos, BES/Novo Banco, Banif, BPN, BCP e BPI.

Esta informação é para já confidencial, ainda que os deputados possam decidir divulgá-la, na totalidade ou em parte, na parte que considerem não coberta por segredo bancário. Contudo, deveria também ter sido disponibilizado no site do Banco de Portugal um relatório com o mesmo tipo de informação, mas agregada e sem referir nomes de clientes, ou seja, excluída da informação abrangida pelo segredo bancário.

O Banco de Portugal não o fez na altura, tendo andado desde então em contacto com o Parlamento, nomeadamente com os deputados da Comissão de Orçamento e Finanças, para chegar a um entendimento sobre a informação que será pública e quando. Houve inclusivamente uma reunião à porta fechada na Comissão de Orçamento e Finanças com a vice-governadora do Banco de Portugal para acordar os termos do que será divulgado.

Segundo disse à Lusa a presidente da comissão, Teresa Leal Coelho, o acordado foi que o relatório terá de ser publicado até dia 16 ou, no máximo, 17 de julho, de manhã. Contactada pela Lusa sobre esta publicação, fonte oficial do Banco de Portugal não fez qualquer comentário.

Quanto à informação agregada que o Banco de Portugal divulgará, esta deverá ser por banco, referindo as perdas causadas por um devedor ou grupo empresarial (sem os nomear), informação sobre as perdas à data da ajuda pública e as medidas tomadas para recuperar esses créditos.

Uma das exigências dos deputados ao Banco de Portugal foi que, nesse documento, o código atribuído a cada devedor seja o mesmo independentemente de a dívida ser em bancos diferentes, considerando os deputados que se o número atribuído a cada devedor não fosse o mesmo poderia induzir em erro. Assim, mesmo sem nomear os devedores, será possível perceber as dívidas que um mesmo devedor tem a várias instituições financeiras.

Os deputados consideraram ainda que a anonimização dos devedores não pode levar à fusão de vários numa mesma linha de tabela, defendendo que essa agregação seja apenas por grupo empresarial.

O relatório a ser divulgado terá de ter assim a informação para cada banco da dívida de um devedor individual ou grupo empresarial em determinado período de tempo. Assim, os deputados querem que seja percetível o valor do crédito e a garantia originais, o capital reembolsado, as perdas já verificadas e as estimadas e as ações e medidas tomadas pelo banco para recuperar o investimento.

A lei publicada em fevereiro deu ao banco central “100 dias corridos” para fazer um relatório “com a informação relevante relativa às instituições de crédito abrangidas em que, nos 12 anos anteriores à publicação da presente lei, se tenha verificado qualquer das situações de aplicação ou disponibilização de fundos públicos”. A lei foi votada em janeiro e fez-se por partes, mas genericamente o PS absteve-se, enquanto PSD, PCP, BE e CDS votaram a favor. Aliás, esta legislação resultou de um texto de consenso entre PSD, PCP, Bloco de Esquerda (BE) e CDS-PP, proposto por iniciativa dos sociais-democratas.

Além da publicação de relatórios no imediato, as novas regras significam ainda que de futuro haverá maior transparência sobre bancos que recorram a ajuda pública (qualquer que seja o tipo de ajuda e concedida diretamente pelo Estado ou através do Fundo de Resolução bancário), com o Banco de Portugal a ter de publicar na sua página na internet informação agregada e anónima sobre os grandes devedores desses bancos e a ter de enviar ao parlamento a mesma informação mas detalhada.

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Manuel Pinho interrogado a 10 de setembro por suspeitas de corrupção

O Ministério Público quer ouvir Manuel Pinho no âmbito do caso EDP a 10 de setembro. Até ao dia de hoje nenhum dos outros arguidos foi notificado e este será o 1º interrogatório.

Manuel Pinho vai ser interrogado no dia 10 de setembro no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), por suspeitas de corrupção no âmbito do processo que está a decorrer envolvendo Manuel Pinho e a EDP, segundo avançou esta sexta-feira o Expresso.

O antigo ministro da economia e o seu advogado, Ricardo Sá Fernandes, já foram notificados para o interrogatório que está previsto para as 14h30. Se avançar será o primeiro interrogatório de um dos arguidos neste processo, uma vez, que até esta sexta-feira nenhum dos outros arguidos foi notificado, incluindo o presidente da EDP. António Mexia foi constituído arguido neste processo em junho de 2017. Segundo avança o Expresso, ainda não há nenhuma data definida para o interrogatório do presidente da EDP

Além do caso da EDP, os procuradores do Departamento Central de Investigação e Ação Penal, estão a investigar também as ligações de Manuel Pinho ao Grupo Espírito Santo e eventuais trocas de favores entre o ex ministro e entidade bancária.

Fruto desta investigação, os antigos administradores da Herdade da Comporta, Carlos Beirão da Veiga e Carlos Cortês também vão ser ouvidos pela DCIAP dia 4 e 5 de setembro, respetivamente.

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Luís Cabral deverá substituir Rosa Cullell na liderança da Media Capital

Atualmente CEO das rádios do grupo, Luís Cabral deverá ser o homem escolhido para suceder a Rosa Cullell na liderança da dona da TVI. Decisão deverá ser oficializada ainda hoje.

A liderança da dona TVI vai mesmo mudar e o novo CEO já está escolhido. Salvo alterações de última hora, Luís Cabral, atualmente líder da Media Capital Rádios, é o nome apontado pelos espanhóis da Prisa para suceder a Rosa Cullell na presidência do grupo Media Capital, apurou o ECO junto de fontes próximas do processo.

A escolha ainda não é final. O Conselho de Administração da Prisa ter-se-á reunido esta quinta-feira para votar a substituição de Rosa Cullell no cargo de CEO do grupo de media português. O anúncio oficial deverá acontecer ainda esta sexta-feira, já com Manuel Mirat, líder da Prisa, em solo português, apurou o ECO.

Luís Cabral, que deverá ser o novo CEO da empresa, é CEO da Media Capital Rádios desde julho de 2009 e foi um dos responsáveis pelo sucesso do negócio da rádio na dona da TVI. A Rádio Comercial, a principal rádio da Media Capital, é hoje uma das mais acarinhadas pelos portugueses e, mês após mês, disputa taco a taco a liderança de audiências com a concorrente RFM.

Luís Cabral em entrevista à Rádio Comercial

Logo após o falhanço da venda da Media Capital à Altice no ano passado terá sido acordada entre Cullell e a Prisa a saída da gestora. Fontes próximas garantem que a substituição foi apontada para abril deste ano, mas a guerra de audiências entre a TVI e a SIC levou a que o processo fosse adiado até este mês. Agora, com a TVI a perder a liderança até no horário nobre, tornou-se o momento ideal para virar a página na empresa.

Contactada na última semana para comentar a sua saída, Rosa Cullell não quis fazer declarações. A Media Capital e a Prisa também não quiseram fazer qualquer comentário.

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