Portugal prepara-se para vigiar a Covid como uma gripe

  • ECO
  • 28 Janeiro 2022

Objetivo é passar a monitorizar as infeções por SARS-CoV-2 da mesma forma que se faz há vários anos com a gripe e outras infeções respiratórias, através das redes-sentinela e dos laboratórios.

O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) está a preparar-se para integrar a infeção por Covid-19 nas redes sentinela da gripe e outras infeções respiratórias. A alteração poderá ser levada a cabo já a partir da primavera/verão, avança o Jornal de Notícias (acesso pago).

O objetivo é passar a monitorizar as infeções por SARS-CoV-2 da mesma forma que se faz há largos anos com a gripe e outras infeções respiratórias, através quer das redes-sentinela, quer da rede de laboratórios, contudo, para avançar ainda necessita do aval final da DGS. Esta mudança de paradigma surge numa altura em que os contágios estão a disparar, ainda que o reflexo desde aumento seja inferior ao de outras vagas, no que toca à mortalidade e pressão do SNS e que o Governo tem centrado a sua aposta na dose de reforço contra a Covid.

O Centro Europeu de Controlo e Prevenção de Doenças (ECDC) já tinha encorajado os países europeus a fazerem “a transição de um sistema de vigilância de emergência para outros mais sustentáveis e orientados para objetivos”, incentivando os Estados-membros a relatarem apenas os casos sintomáticos, dado que “isso melhorará a comparabilidade” entre países, explicou o organismo à Rádio Renascença. Pela Europa, há já países a ponderar fazê-lo como é o caso de Espanha, sendo que a Dinamarca, por exemplo, vai deixar de considerar a Covid como uma doença “crítica” a partir da próxima semana.

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Banco CTT negoceia entrada de novo acionista com até 30%

  • ECO
  • 28 Janeiro 2022

CTT vão avançar com um processo competitivo com vista à entrada de um novo acionista no Banco CTT, cuja participação será, no máximo, de 30%.

Está em cima da mesa a entrada de um novo acionista no Banco CTT, que ficará com uma participação até 30%, avança esta sexta-feira o Jornal Económico (acesso pago).

A operação que está a ser desenhada passará por um aumento de capital a ser subscrito pelo novo acionista minoritário, o que significaria, adianta o jornal, que os CTT diluiriam a sua participação a favor desse novo investidor. Segundo o Jornal Económico, já foram entregues várias propostas não vinculativas, sendo um dos interessados a Una Seguros, empresa que é controlada por um grupo chinês.

Depois da publicação da notícia, os CTT divulgaram um comunicado através da CMVM onde confirmam ter recebido “manifestações de interesse com vista a uma potencial aquisição de uma participação qualificada minoritária no capital do Banco CTT”.

“As partes têm desenvolvido contactos a esse propósito, que estão ainda, todavia, numa fase preliminar. Os CTT manterão os reguladores e o mercado informados de qualquer desenvolvimento relevante, o que neste momento se afigura prematuro”, acrescenta o grupo.

De notar que, no início desta semana, foi anunciado o lançamento de um novo produto da Una Seguros e o Banco CTT: um seguro de capitalização a cinco anos com capital garantido e com uma remuneração no final do prazo de 3%, ou seja, 0,6% ao ano. O lançamento deu início à parceria entre UNA e Banco CTT.

À luz destas informações, os analistas do CaixaBank/BPI, numa nota research, disseram esta sexta-feira que a entrada de um novo acionista minoritário no capital do Banco CTT é “potencialmente positivo” para o grupo: “Por diversas vezes no passado, os CTT reiteraram que o crescimento do Banco CTT não vai ser financiado através de compromissos de capital dos CTT e que o objetivo era reduzir a exposição direta ao Banco CTT através da entrada de um novo parceiro na estrutura acionista do banco, mas acreditamos que as condições de mercado difíceis estavam a atrasar a operação.”

Os analistas avaliam ainda o Banco CTT em 150 milhões de euros: “Avaliamos o Banco CTT na nossa soma das partes dos CTT em 0,6x o book value ou a 150 milhões de euros (100%), representando 14% do nosso future value ou 0,7 euros/ação. Avaliá-lo a 1x o book value tangível iria aumentar o nosso future value em 7% (+0,5 euros/ação).”

(Notícia atualizada às 10h25 com avaliação dos analistas)

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Hoje nas notícias: Banco CTT, SATA e Covid-19

  • ECO
  • 28 Janeiro 2022

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

O último dia útil da semana fica marcado pela nota de que o Banco CTT está a negociar a entrada de um novo acionista e de que os voos diretos da SATA entre Lisboa e três ilhas dos Açores estão em risco. Destaque ainda para o custo suportado pelo Estado com testes à Covid-19 e pela nota de que Portugal quer vigiar essa doença como uma gripe. Já o novo regime de auditoria alivia as exigências a empresas públicas.

Banco CTT negoceia entrada de novo acionista com até 30%

Está em cima da mesa a entrada de um novo acionista no Banco CTT, que ficará com uma participação até 30%. A operação que está a ser desenhada passará por um aumento de capital a ser subscrito pelo acionista minoritário, o que significaria que os CTT diluiriam a sua participação a favor desse novo investidor. Um dos interessados é a Una Seguros, que é detido por um grupo chinês.

Leia a notícia completa no Jornal Económico (acesso pago)

Voos diretos para Pico, Horta e Santa Maria em risco

Se o Ministério das Finanças não abrir os “cordões à bolsa”, os voos da SATA diretos de Lisboa para o Pico, Santa Maria e Horta podem acabar a partir de abril. O Governo dos Açores já mostrou preocupação, mas Lisboa ainda não deu resposta. De notar que a SATA está, neste momento, em reestruturação, como a TAP. Na sexta-feira à tarde, o Governo emitiu um comunicado onde garante que a notícia “não tem o mínimo de fundamento” e que “nunca se recusou a comparticipar o serviço público de ligação aérea aos Açores”.

Leia a notícia completa no Expresso nk indisponível)

Estado terá gasto mais de 375 milhões em testes à Covid

Desde o início da pandemia e até à passada terça-feira, Portugal realizou mais de 33 milhões de testes à Covid, dos quais 11 milhões nos últimos dois meses. Até ao final de novembro, a realização de testes PCR custaram 257,6 milhões de euros aos “cofres” do Estado, de acordo com os dados da Administração Central do Sistema de Saúde. Se a esse valor se somar os testes feitos entre o início de dezembro e 25 de janeiro, a despesa com os testes à Covid deverá superar os 375 milhões desde o início da pandemia.

Leia a notícia completa no Público (acesso condicionado)

Portugal prepara-se para vigiar a Covid como uma gripe

O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) está a preparar-se para integrar a infeção por SARS-CoV-2 nas redes sentinela da gripe e outras infeções respiratórias. A alteração poderá ser levada a cabo já a partir da primavera/verão e surge depois de o Centro Europeu de Controlo e Prevenção de Doenças (ECDC) ter encorajado os países europeus a “fazer a transição de um sistema de vigilância de emergência para outros mais sustentáveis e orientados para objetivo”.

Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (acesso pago)

Empresas públicas vão ser menos apertadas em auditorias

Há algumas empresas públicas, como a RTP, a CP ou o Metro do Porto, que vão passar a ter regras menos apertadas nas auditorias. Em causa está o novo Regime Jurídico de Supervisão de Auditoria (RJSA) que entra em vigor no domingo e diminui de 1.140 para cerca de 300 a lista de entidades sujeitas a um escrutínio mais apertado.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago)

(Notícia atualizada às 14h19 com reação do Governo à informação sobre a SATA)

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Digi quer lançar primeiras ofertas 5G em Portugal no segundo semestre

A operadora móvel está a trabalhar no sentido de lançar serviços 5G em Portugal no segundo semestre deste ano. Não deverá ter cobertura nacional nesta primeira fase.

A operadora móvel Digi quer lançar as primeiras ofertas 5G no mercado português no segundo semestre de 2022, apurou o ECO junto de fonte familiarizada com os planos da empresa. O grupo com sede na Roménia investiu 67 milhões de euros na compra de licenças no leilão da Anacom no ano passado.

O calendário agora noticiado é o primeiro detalhe concreto acerca da estratégia do grupo Digi para Portugal. Apesar de já estar ativamente a recrutar no país, a empresa tem adotado uma postura reservada nesta fase e ainda não se apresentou oficialmente ao mercado.

A casa-mãe entende que ainda é cedo para anunciar a sua chegada a Portugal, apesar de ser público que adquiriu espetro à Anacom através da subsidiária Dixarobil. A escolha da marca com que vai operar ainda não está fechada, mas a designação comercial Dixarobil deverá ser alterada. A preferência vai para o nome original Digi, pelo que já registou o domínio “digi.pt”.

Numa fase inicial, a cobertura da Digi será limitada a algumas cidades, mas não foi possível apurar quais fazem parte do plano. A empresa beneficia do estatuto de “novo entrante”, por ter comprado espetro sem ainda ter presença no país, o que lhe confere poder para forçar Meo, Nos e Vodafone a negociarem acordos de roaming nacional, uma política que mereceu fortes críticas por parte das operadoras já estabelecidas.

Na quinta-feira, o ECO avançou que o CEO da Digi Portugal será Emil Grecu, ainda que os atos societários mostrem que o gerente da Dixarobil é Marius Varzaru, que é o líder da Digi Mobil em Espanha. O grupo tenciona que a operação em Portugal seja independente do negócio no mercado vizinho.

No que toca a recursos humanos, a Digi quer chegar ao final de março com 20 pessoas na equipa em Lisboa, entre pessoal técnico e de base e pessoas em funções ligadas às áreas financeira, legal e de tecnologia. Cerca de metade deste objetivo já estará cumprido. O ritmo de contratação vai acelerar em fevereiro, à medida que os trabalhos de lançamento vão avançando. Para já, está instalada num espaço de coworking no Parque das Nações.

Quanto à construção de rede, a Digi já tem operacionais na rua, que estão a fazer levantamentos técnicos para o desenvolvimento da operação. Não foi possível apurar mais detalhes acerca de potenciais acordos de roaming nacional ou os locais que a Digi se encontra a explorar.

O ECO contactou fonte oficial da Digi Communications na Roménia, no sentido de obter um comentário a estas informações, mas não obteve resposta até ao fecho deste artigo. A empresa ainda não tem um gabinete de comunicação em Portugal, centralizando a comunicação na casa-mãe.

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Primeiro cluster de hidrogénio em Portugal arranca já no próximo ano

  • Capital Verde
  • 28 Janeiro 2022

O projeto GreenH2Atlantic resulta de um consórcio de 13 entidades, entre as quais o ISQ, e conta com um financiamento de 30 milhões de euros. A construção do cluster vai começar em 2023.

O ISQ, Centro de Interface e Tecnologia, anunciou que foi selecionado na qualidade de I&D partner para integrar o GreenH2Atlantic, um projeto de produção de hidrogénio verde de 100 MW em Sines.

Este projeto conta com um financiamento de 30 milhões de euros para a fase de construção, a começar já em 2023, e tem o início da operação previsto para 2025. Além disso, será desenvolvido em consórcio com outras 13 entidades, entre as quais se incluem a EDP e a GALP, e muitos outros parceiros do mundo académico e da investigação como o INESC-TEC e CEA.

A inovação do projeto passa pelo desenvolvimento e implementação de um eletrolisador de 100 MW, composto por módulos escaláveis de 8 MW com elevada capacidade para atingir a máxima eficiência, mas também pelo sistema de interface composto por tecnologias de gestão avançadas que permitirão a ligação direta do eletrolisador a energia renovável híbrida local (solar e eólica).

“O ISQ irá contribuir em áreas de inovação como, por exemplo, os requisitos e design review na fase de desenvolvimento do eletrolisador, o estudo das normas e metodologias de certificação relevantes para sistemas de eletrolisação, o estudo das formas de valorização do oxigénio e calor (resultantes do processo de eletrolisação), assim como a capacitação dos recursos humanos em Portugal para operarem no novo processo de produção do H2 verde, em Sines”, referiu, em comunicado, Pedro Matias, presidente do ISQ.

O GreenH2Atlantic foi um dos três projetos selecionados no âmbito do Programa de investigação e desenvolvimento Horizon 2020 – European Green Deal, concebido para demonstrar a viabilidade do hidrogénio renovável numa escala de produção e aplicação tecnológica sem precedentes.

O projeto vai materializar a verdadeira transição de uma antiga central de produção de energia a partir do carvão para uma unidade de produção de hidrogénio renovável, um dos vetores energéticos decisivos no processo de descarbonização dos principais setores da economia.

“Com a criação de um cluster de hidrogénio verde em Sines, o ISQ contribuirá significativamente para os objetivos de sustentabilidade de Portugal e da região de Sines em particular, dando o seu contributo para o cumprimento do roteiro de transição energética que os países mais avançados estão a fazer, neste que é um projeto estratégico para Portugal”, concluiu o presidente do ISQ.

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Portugueses batem recordes e fazem 250 mil testes por dia

Só em janeiro, Portugal fez mais de 6 milhões de testes à Covid, o que dá uma média de cerca de 250 mil testes/dia, segundo os dados cedidos ao ECO. É o valor mais elevado desde o início da pandemia.

Só em janeiro, Portugal já realizou mais de seis milhões de testes à Covid, o que representa uma média de cerca de 250 mil testes diários e o valor mais elevado desde o início da pandemia, segundo os dados cedidos pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) ao ECO.

A elevada transmissibilidade da variante Ómicron tem provocado um aumento significativo de casos de infeção por Covid-19, com o país a tocar máximos desde o início da pandemia. Para conter este avanço, o Governo tem centrado a sua estratégia no reforço da vacinação contra a Covid, bem como no incentivo à testagem em massa, por forma a evitar danos mais pesados na Economia.

entre 1 e 25 de janeiro deste ano, já foram realizados 6.286.230 testes de diagnóstico à Covid, dos quais mais de 4,3 milhões são testes rápidos de antigénio (69,7% do total) e mais de 1,9 milhões são testes PCR (30,3%). Contas feitas, são “cerca de 250 mil testes laboratoriais por dia“, sinaliza a entidade liderada por Fernando de Almeida, em resposta ao ECO. Este é, portanto, um valor recorde de testes feitos em Portugal, superando a fasquia atingida em dezembro de 2021, período em que tinham sido feitos mais de 5,4 milhões de testes (cerca de 174 mil testes por dia).

Em termos acumulados, desde o início da pandemia e até 25 de janeiro deste ano, Portugal já realizou mais de 33 milhões de teste à Covid, do quais mais de 18,5 milhões PCR (56,1% do total) e mais de 14,5 milhões testes rápidos de antigénio (43,9%), adianta ainda o INSA. Contas feitas, o número de testes realizados em janeiro representam 18,9% do total de testes feitos, desde o início da pandemia.

Face ao elevado número de casos, os laboratórios e as farmácias não têm tido mãos a medir para a enchente de marcações. Especialistas ouvidos pelo ECO admitem que uma “saturação do sistema de testagem”, nomeadamente nos laboratórios, que poderá estar a levar a que o número real de infeções possa ser superior. Atualmente, os testes PCR continuam a ser o método de referência para notificação de casos em Portugal, contudo, para certas situações, a DGS já admite a realização de testes rápidos de antigénio, como é o caso dos sintomáticos, de acordo com a norma 004/2020 da DGS.

Apesar desta “enchente”, o INSA garante que os laboratórios e as farmácias “têm mostrado capacidade de adaptação para escalar a resposta às necessidades de testagem nacional, afetando mais recursos humanos, abrindo novos pontos de testagem ou alargando horários de funcionamento, se necessário”. Nesse sentido, o organismo sublinha que, em linhas gerais, os laboratórios têm comunicado os resultados dos testes PCR entre 12h a 24h após a sua realização e entre 1h a 4h horas, no caso dos testes rápidos de antigénio. No entanto, admitem que “pontualmente, é possível que possam subsistir alguns constrangimentos”, devido à elevada procura.

De referir ainda que a exigência de apresentação de teste negativo à Covid ou, em alternativa, certificado de recuperação continua a vigorar para alguns setores, como para entrar em bares e discotecas, para as visitas em lares, visitas a pacientes internados em estabelecimentos de saúde, grandes eventos e eventos sem lugares marcados ou em recintos improvisados e recintos desportivos (salvo decisão da DGS), bem como para voos que cheguem a Portugal. Além dos recuperados, excluídos desta exigência estão as pessoas que tomaram a dose de reforço há mais de 14 dias.

Grande parte destes testes são pagos pelo Estado. Até ao final de novembro, a realização de testes PCR custaram 257,6 milhões de euros aos “cofres” do Estado, de acordo com os dados da Administração Central do Sistema de Saúde. Se a esse valor se somar os testes feitos entre o início de dezembro e 25 de janeiro, a despesa com os testes à Covid deverá superar os 375 milhões desde o início da pandemia, segundo as estimativas realizadas pelo Público (acesso pago).

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Do RBI à semana de 4 dias, as propostas “experimentais” dos partidos

Entre as muitas propostas apresentadas pelos partidos para estas eleições, há algumas que são mais "experimentais", tendo sido já testadas por vários países, mas não implementadas em larga escala.

O holandês Rutger Bregman chama-lhes utopias para realistas: são ideias que até já foram testadas diversas vezes, mas que até agora não foram implementadas em larga escala, pelo menos, nos países europeus. Nesta ida às urnas, vários partidos decidiram trazê-las para a ribalta, incluindo-as nos seus programas como propostas “experimentais“. Em causa estão nomeadamente o rendimento básico incondicional (RBI) — defendido pelo PAN e pelo Livre — e a semana de trabalho de quatro dias — referido pelo PS e pelo Bloco de Esquerda.

No que diz respeito à semana de trabalho reduzida, ainda no ano passado, Espanha ponderou testá-la para promover a criação de emprego, numa altura em que o mercado laboral estava abalado pela Covid-19.

Já antes, por razões diferentes, a Islândia tinha avançado nesse sentido. Entre 2015 e 2019, este país testou a semana de trabalho de quatro dias, sem reduções salariais, com um “sucesso esmagador“.

E agora, cerca de três dezenas de empresas do Reino Unido vão fazer uma experiência semelhante, durante seis meses, de modo a perceber o impacto da redução das horas trabalhadas no bem-estar e na produtividade dos trabalhadores, escreve a revista Fortune.

Por cá, também há várias empresas que já experimentaram este modelo. A Feedzai, por exemplo, encurtou a semana dos seus trabalhadores (mais de 500), em agosto do ano passado, mas decidiu não avançar com o alargamento deste modelo a todo o ano. “Não digo que não o possamos fazer algures no futuro, mas não é algo com que nos vamos comprometer neste momento”, adiantou fonte do unicórnio nacional à Pessoas, recentemente.

Já a Doutor Finanças garante que a experiência não vai terminar na primeira “ronda”. “A ideia é voltarmos a repetir a medida, num mês com outras características. Implementámos a medida em agosto, um mês que, por defeito, é atípico”, adiantou Irene Vieira Rua, diretora de recursos humanos dessa empresa.

À parte dos testes feitos pelas empresas portugueses, o PS e o Bloco de Esquerda defendem agora, nos programas apresentados para as eleições legislativas, que deve ser feita uma discussão sobre uma eventual aplicação mais ampla deste modelo por terras lusitanas.

Os socialistas querem, caso saiam vitoriosos da ida às urnas deste domingo, “promover um amplo debate nacional e na Concertação Social sobre novas formas de gestão e equilíbrio dos tempos de trabalho, incluindo a ponderação da aplicabilidade de experiências como a semana de quatro dias em diferentes setores e o uso de modelos híbridos de trabalho presencial e teletrabalho, com base na negociação coletiva”. António Costa já veio sinalizar, contudo, que a redução dos dias poderá não significar a diminuição das horas trabalhadas, mas antes a concentração do mesmo tempo em menos dias, o que até já é possível à luz do Código do Trabalho.

Por outro lado, os bloquistas querem abrir a porta à semana de quatro dias, a par da redução das horas trabalhadas semanalmente, mas não avançam mais detalhes no seu programa eleitoral.

Já as confederações patronais portuguesas rejeitam a discussão e a aplicação desta ideia, pelo menos, nos próximos anos, realçando que o país ainda está a recuperar do impacto da crise pandémica e sofre de níveis baixos de produtividade. “Em Portugal, não é previsível que os baixos níveis de produtividade consigam absorver um cenário desses nos próximos anos, tendo em conta a estrutura empresarial portuguesa”, sublinhou João Vieira Lopes, líder da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), em declarações ao ECO.

Convém notar que também o economista João Cerejeira já tinha defendido, em conversa com o ECO, que os níveis de produtividade nacionais — “muito inferiores à média da União Europeia” — retiram de cima da mesa qualquer possibilidade de uma semana de trabalho de quatro dias em Portugal, pelo menos a curto prazo.

Livre e PAN propõem distribuir “dinheiro grátis”

Tal como a semana de trabalho de quatro dias, a ideia de um rendimento básico incondicional não é recente e até já foi testada nomeadamente pela Finlândia, em 2017. Esse país tornou-se, assim, no primeiro Estado europeu a experimentar o RBI, atribuindo 560 euros por mês a dois mil cidadãos desempregados. Os testes não produziram, contudo, os resultados esperados.

De acordo com os dados preliminares, que foram conhecidos em 2019, o rendimento básico incondicional não cumpriu o objetivo de estimular o emprego. “O impacto [do RBI] no emprego parece ter sido marginal no decurso do primeiro ano do teste”, disse o ministro finlandês da Saúde, na altura.

Ainda assim, o PAN e o Livre propõem que Portugal teste esta distribuição de “dinheiro grátis”. No seu programa, o partido de Inês Sousa Real defende a criação de “projetos-piloto de implementação de um rendimento de dignidade e cidadania e projetos-piloto de um rendimento básico incondicional”. E o partido de Rui Tavares quer “testar, com vista à implementação faseada, um rendimento básico incondicional, que distribua a riqueza nacional produzida e garanta um rendimento a qualquer cidadão, independentemente da sua condição, dos pagamentos do Fundo de Desemprego ou de outros programas de apoio social”.

As propostas têm gerado, no entanto, críticas. Ao ECO, o socialista e ex-ministro do Trabalho e da Segurança Social José António Vieira da Silva sublinhou que o RBI “não é uma boa ideia” e teria mesmo “riscos sérios de fratura” da sociedade, além de elevados custos. “Experimentar uma coisa que é universal é quase uma contradição dos termos. Que ilações se podem tirar de um projeto-piloto?”, atirou o mesmo.

De notar que, quanto ao financiamento desta potencial experiência, o Livre propõe taxar as empresas que despeçam ou extingam postos de trabalho por introdução de automação, fazendo reverter o dinheiro assim coletado para o RBI. Já o PAN quer acabar com as “borlas fiscais a entidades poluentes” de modo a arrecadar verbas para o fim em causa

Também o antigo coordenador do Bloco de Esquerda Francisco Louçã (declarado crítico do RBI) já fez questão de atacar estas propostas. “O rendimento básico incondicional existe no Alasca, onde são distribuídos lucros do petróleo (e cada pessoa recebe o equivalente a 70 euros por mês), ou em Macau, onde são distribuídos lucros do jogo (e cada pessoa recebe cerca de 90 euros por mês). Mas leu bem os valores? O que é que isto tem de “básico”?”, enfatizou o político, numa opinião publicada no Expresso, dizendo-se chocado por “políticos sérios” virem prometer resolver os problemas de “qualquer pessoa com uma chuva de dinheiro”.

Os defensores do RBI, como o professor Roberto Merrill e o doutorando João Vasco Gama, defendem, porém, que a implementação de um projeto-piloto em Portugal permitiria avaliar os benefícios do RBI, “que vão muito além dos económicos”. Aliás, numa opinião divulgada no Público, este professor defendeu que o rendimento básico incondicional “poderia servir para melhorar a redistribuição da riqueza“, além de funcionar como “rede de segurança e degrau no qual todos se pudessem apoiar para se realizarem enquanto cidadãos”. “Um RBI tem ainda uma grande vantagem em relação aos serviços básicos que é de servir para valorizar todas as formas de trabalho, remuneradas ou não“, escreveu o académico.

Roberto Merrill, que é também presidente da Associação Portuguesa pelo Rendimento Básico Incondicional, rejeita, por outro lado, que os projetos-pilotos até agora realizados noutros países tenham falhado. “Os resultados podem considerar-se positivos: redução do stress, da ansiedade e até do número de hospitalizações, aumento da autonomia e do sentimento de segurança material, possibilidade de criação de negócios ou ainda o facto de a maioria dos participantes nestas experiências ter-se sentido mais feliz e com mais confiança nas instituições do Estado”.

Dar um subsídio a quem se despediu

Outra das ideias mais “fora da caixa” que tem gerado polémica é a atribuição de um subsídio de desemprego a quem se despede e não apenas a quem é despedido. A proposta é do Livre.

“Não faz imenso sentido que, num país em que há muita gente que às vezes está infeliz no seu trabalho, que sabe que se acabasse aquela pós-graduação ou aquele mestrado, ou se finalmente tivesse aquele ano para acabar o doutoramento que anda a ser arrastado há anos, poderia ser promovido, ter um trabalho melhor? Não faz sentido que essa pessoa, em momentos limitados da sua carreira contributiva, não é o tempo todo, possa usar o subsídio de desemprego?”, lançou a questão o fundador do partido em questão, Rui Tavares.

Ao contrário das duas outras medidas, esta já está disponível em França, país onde existe várias exceções à regra de que só quem é despedido tem direito ao subsídio de desemprego.

Ou seja, regra geral, mesmo em França, esse apoio só é aplicado a quem esteja involuntariamente desempregado, mas há exceções, confirma a Comissão Europeia: quem se tenha despedido por “razões legítimas” (como acompanhar um cônjuge numa mudança de cidade) e quem tenha um plano robusto de mudança de carreira por via da criação de um negócio ou da conclusão de um programa de formação.

Também em relação a esta proposta do Livre, as críticas já se fizeram ouvir. “Acho uma coisa absolutamente surrealista dar um subsídio de desemprego a quem se propõe ele próprio para o desemprego”, afirmou Rui Rio, líder do PSD, no debate com Rui Tavares. Para o presidente do partido laranja, o Livre está a propor um subsídio para quem quer ficar em casa. “Eu tenho um emprego, posso estar a trabalhar, mas aborreci-me, quero ficar em casa e, então, despeço-me. E aí o Livre diz: Se se despede, também recebe o subsídio de desemprego”, atacou Rio.

Já na opinião de João Duque, economista e professor catedrático no ISEG, esta proposta do Livre pode ser entendida como “uma brincadeira para com os portugueses que trabalham” e vai mesmo contra a lógica do subsídio de desemprego, que é, diz, apoiar os cidadãos num “percalço da atividade económica“. “Quando vai a pessoa por vontade própria [para o desemprego], já tem de contar com a necessidade” de compensar a não entrada temporária de rendimento, salienta.

Além disso, o economista alerta que isso exigiria mais verbas para cobrir os subsídios de desemprego, o que poderia exigir um agravamento dos descontos a que estão hoje sujeitos os salários. “Como muita mais gente ia usar esse benefício, teríamos de aumentar descontos para a segurança Social“, alerta.

Em Portugal, o subsídio de desemprego é destinado somente aos desempregados cuja perda do emprego tenha sido involuntária, servindo para compensar a falta de remuneração daí resultante.

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Executar OE2022, subir salários com desconto no IRC e semana de 4 dias. Eis o programa económico do PS

Os socialistas apresentam-se a eleições com o Orçamento de 2022, cujo chumbo levou à dissolução do Parlamento, como a sua principal arma económica. A novidade é o desconto de IRC e a semana de 4 dias.

O país vai a votos no dia 30 de janeiro. Até lá, todos os dias, vamos analisar à lupa para os temas económicos dos programas eleitorais dos partidos com representação parlamentar. Os salários, os impostos, as prestações sociais, as pensões, as carreiras, as regras laborais e os apoios às empresas. Afinal, o que querem os partidos para a economia.

O PS promete que Portugal irá convergir em termos económicos entre 2021 e 2026 com a média europeia. O objetivo dos socialistas passa por crescer por ano em média 0,5 pontos percentuais acima da média da União Europeia (27 Estados-membros) e um ponto percentual acima da média da Zona Euro (19 Estados-membros), mas não referem quais as previsões que usam para os cálculos.

Nas finanças públicas, o lema das “contas públicas certas” mantém-se entre os socialistas. Os socialistas assumiram que as contas certas vieram para ficar e traçaram o objetivo de baixar a dívida pública para menos de 110% do PIB até ao final da legislatura (2026), sendo que o ponto de partida será os “cerca de 127%” do PIB atingidos em 2021, segundo as Finanças.

“Temos de chegar a 2024 com uma dívida pública que não ultrapasse os 116% do PIB, o nível pré-pandemia, para que em 2026 o rácio esteja abaixo dos 110% do PIB, protegendo a credibilidade internacional do país”, afirmou Costa, revelando um dos objetivos do cenário macroeconómico subjacente ao programa eleitoral do PS e ao programa de Governo, caso vença as eleições como indicam as sondagens.

Executar o Orçamento de 2022 que criou a crise política

O PS tem apelidado esta crise política de desnecessária, pedindo uma maioria absoluta aos portugueses e acenando com o documento chumbado pelo Parlamento como uma garantia de estabilidade.

Assim, a principal promessa do PS na área dos impostos é concretizar o alívio fiscal em sede de IRS que tinha previsto no OE2022: o desdobramento do 3.º e 6.º escalão do IRS para diminuir a tributação sobre a classe média (150 milhões de euros), com retroativos a 1 de janeiro, o que significa que as taxas de retenção na fonte também terão de mudar; aumentar o mínimo de existência (mais 170 mil agregados familiares ficariam isentos); e alargar o IRS Jovem para cinco anos. No programa consta ainda a majoração da dedução por dependente até aos seis anos, em sede de IRS, a partir do segundo filho, de 600 euros para 750 euros em 2022 e 900 euros em 2023.

Às empresas, promete o fim do Pagamento Especial por Conta, um “forte incentivo ao investimento na modernização” com uma dedução à coleta de 25% das despesas de investimento e “estabilidade fiscal” durante a legislatura. Há ainda “um regime de tributação favorável para as startups e para os planos de opção, de subscrição ou de aquisição de valores mobiliários a favor de trabalhadores, conhecidos genericamente como planos de stock options, e reforçar a patent box para 85%”.

No caso das pensões, há o aumento extraordinário de dez euros para pensionistas que aufiram até 1.097 euros mensais. Ainda no que diz respeito à Segurança Social, mais especificamente, quanto à sua sustentabilidade, o PS quer alargar a lógica de consignação de receitas fiscais, estimular a adesão a certificados de reforma, fomentar a existência de esquemas complementares de Segurança Social e aprofundar a fuga contra a evasão contributiva. Os socialistas prometem também concretizar a declaração mensal de remunerações única, reduzindo para um único ato os atos mensais de comunicação das remunerações pagas à Segurança Social e a Autoridade Tributária.

Subida do salário médio com acordo na concertação social e salário mínimo nos 900 euros

Tendo sido uma das bandeiras do PS ao longo dos últimos seis anos, o partido continua a apostar no aumento do salário mínimo, apontando para os 900 euros em 2026, aumentando 195 euros durante a legislatura face aos atuais 705 euros. Anteriormente, os socialistas já tinham prometido atingir os 850 euros em 2025, nas negociações do Orçamento para 2022, cujo chumbo ditou a realização de eleições antecipadas.

Além do salário mínimo, o PS propõe-se a atingir a convergência do peso dos salários em Portugal com a média europeia. Para tal, será necessário, segundo as contas do PS, que os salários cresçam 20% nos próximos quatro anos. Costa admitiu que esta é uma meta ambiciosa, mas deixou a certeza de que “o aumento dos salários médicos tem de ser sustentado nos ganhos de produtividade”.

Para chegar lá mais rápido o PS quer criar um crédito fiscal em IRC para empresas que aumentem os salários dos trabalhadores e alterações também ao nível do IRS para certas situações, como quem está perto do mínimo de existência ou das margens dos escalões e que veja o seu salário subir.

Semana de quatro dias é a surpresa do programa eleitoral

O chumbo da proposta de Orçamento do Estado para 2022 e a consequente dissolução da Assembleia da República fizeram cair por terra o pacote de mexidas à lei laboral a que o Governo de António Costa deu o nome de Agenda do Trabalho Digno e que chegou mesmo a estar em consulta pública. Caso saia vitorioso da ida às urnas de 30 de janeiro, o PS já prometeu que quer ver aprovadas no Parlamento até ao final de julho todas as medidas previstas neste âmbito, que dizem respeito nomeadamente ao trabalho temporário, ao outsourcing e ao trabalho em plataformas digitais.

Outra das promessas feitas pelos socialistas ligadas ao mundo do trabalho é lançar a discussão em torno das novas formas de equilíbrio das várias esferas da vida (pessoal, profissional e familiar), “incluindo a ponderação de aplicabilidade em diferentes setores das semanas de quatro dias”. Esta é a principal novidade do programa eleitoral do PS, a qual não foi bem recebida pelos patrões.

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Portugal falha entrega de relatório sobre acessibilidade dos sites do Estado

O Governo português deveria ter submetido à Comissão Europeia um relatório de avaliação de acessibilidade dos sites e apps do Estado até 23 de dezembro, mas não o fez.

Portugal é um dos quatro países da União Europeia (UE) que não entregou à Comissão o relatório de avaliação à acessibilidade dos sites e aplicações móveis do Estado. No início do ano, Bruxelas tornou públicos os relatórios dos vários países, mas para Portugal surge indicado que o documento “ainda não está disponível”.

Fonte oficial da Comissão Europeia confirma que “não recebeu esse relatório de Portugal”, acrescentando, porém, estar “em contacto com os representantes portugueses” acerca deste dossiê. Em causa está a Diretiva da Acessibilidade da Web, que obriga os Estados-membros a “garantirem que os sites e aplicações de organismos do setor público são acessíveis a todos os utilizadores, em particular pessoas com deficiência”.

Segundo o ramo executivo da UE, os países tinham até 23 de dezembro de 2021 para submeterem à Comissão “um relatório da monitorização, incluindo dados de medição” da acessibilidade dos serviços digitais do Estado. Portugal, Chipre, França e Irlanda falharam o prazo e ainda não submeteram as respetivas avaliações.

O ECO contactou o Ministério da Modernização do Estado e da Administração Pública, que tem a tutela desta pasta, no sentido de apurar em que fase se encontra este processo e os motivos pelos quais Portugal não fez esta avaliação. Não foi obtida resposta até ao fecho deste artigo.

A diretiva remonta a 2016, estando em vigor na UE desde 22 de dezembro desse ano. O diploma estipula que os Estados-membros realizem uma avaliação à implementação de medidas de acessibilidade nos sites públicos de três em três anos. Esta é, por isso, a primeira leva de relatórios elaborados por causa da referida diretiva, enquanto os próximos terão de ser submetidos no final de 2024.

“Em linha com o Artigo 8 da Diretiva da Acessibilidade da Web, os Estados-membros devem periodicamente monitorizar a conformidade dos sites e aplicações móveis do setor público com os requisitos definidos na diretiva”, explica fonte oficial da Comissão Europeia. Por exemplo, a Áustria acompanhou o respetivo relatório com uma versão de “leitura fácil” e mais acessível.

Nos termos desta diretiva, os sites públicos são obrigados a incluir uma “declaração de acessibilidade”, um mecanismo de feedback para que os utilizadores possam reportar “problemas ou requerer informação publicada num conteúdo não acessível” e fazer a monitorização periódica da aplicabilidade das medidas. A diretiva vai ser alvo de uma revisão pela Comissão Europeia em junho, podendo vir a integrar novas exigências.

Certo é que Portugal não está a ignorar a diretiva. Uma visita a vários sites públicos mostra existirem declarações de acessibilidade, incluindo a realização de “testes de usabilidade” com uma amostra de pessoas com deficiência. Mas também existem sites do Estado com declarações generalistas. Por exemplo, o site da Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) refere apenas que “a CNPD continua a melhorar as condições de acessibilidade ao seu website” numa área dedicada a “avisos legais e outras informações”.

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PME reclamam solução governativa estável no pós-eleições

Os pequenos e médios empresários estão alinhados com os partidos na preocupação com a governabilidade do país a partir de segunda-feira. Conheça os argumentos e também as prioridades para a economia.

A governabilidade foi o tema que dominou a campanha eleitoral para as legislativas do próximo domingo e também parece ser a principal preocupação dos pequenos e médios empresários e dos líderes das associações setoriais ouvidos pelo ECO ao longo dos últimos dias, que apelam à negociação de uma solução política estável e duradoura para viabilizar a retoma e as reformas na economia.

A partir de Vila Nova de Famalicão, onde tem sede e instalações fabris a ESI, que há 15 anos resultou de um projeto de empreendedorismo de três engenheiros mecânicos formados na Universidade do Minho, Gil Sousa reclama que esta solução governativa estável “será imprescindível para uma rápida recuperação económica”, pois “é importante para as empresas saberem com o que podem contar e fazerem planos a médio e longo prazo”. Nas políticas de fiscalidade, por exemplo, o gestor frisa que se devem “prolongar ao longo dos anos, independentemente dos governos que as venham a aplicar”.

O sócio fundador e administrador desta empresa especializada em projetos de automação industrial, que fatura seis milhões de euros por ano e emprega atualmente quase três dezenas de pessoas, destaca que, independentemente do Governo que venha a assumir funções na próxima legislatura, espera que nas várias matérias dê “claras indicações” de estabilidade e confiança ao mercado. E elenca as prioridades: fortalecer as políticas de apoio às PME, tomar ações para facilitar o acesso ao crédito e rever a carga fiscal que incide sobre as empresas para “permitir a recuperação e crescimento” da economia.

Gil Sousa, sócio fundador e administrador da ESI

São também três as áreas essenciais escolhidas por Juliana Oliveira, cofundadora e CEO da Olimec. A começar pelo emprego, com o apoio à formação e contratação por parte das indústrias de mão-de-obra intensiva, considerada não qualificada, mas altamente especializada e inexistente no mercado. E a prosseguir no incentivo à produção nacional, desde logo nas compras do Estado. “Foi preciso uma pandemia para o mundo inteiro perceber a dependência da China, e gostava que o Estado português entendesse a importância de apoiar os produtores nacionais, que antes de serem grandes exportadores, têm que conseguir vender dentro de portas”, desabafa.

O Acordo de Parceria do Portugal 2030, que será apresentado pelo futuro Governo à Comissão Europeia, é o terceiro ponto escolhido pela empresária da Maia, que gostaria que a proposta tivesse em conta as falhas que existiram nos anteriores quadros comunitários, para que os fundos tenham impacto em áreas mais abrangentes e “não sejam sempre os mesmos a obter as pontuações máximas”. Lembrando que “há inovação em setores tradicionais” e ironizando que “Portugal não vende só cortiça e os portugueses não são todos guias turísticos”, diz que “seria ‘inovador’ se o próximo quadro comunitário tivesse uma postura diferente dos anteriores em termos de avaliação de mérito dos projetos”.

Juliana Oliveira, cofundadora e CEO da Olimec

“Para mim, enquanto empresária, espero do próximo Governo, além de estabilidade, consistência e realismo nas decisões, apoio e soluções de médio e longo prazo capazes de fazer crescer a economia nacional. Em suma, gostava era que deixassem as bandeiras políticas de lado e privilegiassem as ações em torno do crescimento da economia nacional, com empresas criadoras de valor para o país e para os portugueses”, refere Juliana Oliveira, uma ex-auditora financeira da KPMG que se despediu em 2016 para tentar salvar a empresa do avô e que lidera uma metalomecânica especializada na venda, reparação e manutenção de equipamentos pesados, com destaque para camiões do lixo.

"A estabilidade política tem um valor bastante significativo no ecossistema económico e empresarial. (…) As empresas vivem de forma ininterrupta todos os processos eleitorais.”

Ricardo Costa

Presidente da Associação Empresarial do Minho

Ricardo Costa, CEO do Grupo Bernardo da Costa, sublinha que “a estabilidade política tem um valor bastante significativo no ecossistema económico e empresarial”, lembrando que “as empresas vivem de forma ininterrupta todos os processos eleitorais” e esperam uma solução governativa duradoura a partir de 31 de janeiro. Responsabilidade, inteligência e visão é o que pede ao próximo primeiro-ministro o também presidente da Associação Empresarial do Minho, valorizando a previsibilidade fiscal, a desburocratização do Estado ou a aplicação dos fundos europeus, que “irão ditar não só o sucesso da atividade governativa, como também os pilares que poderão ou não lançar a nossa economia para uma nova dimensão”.

Mafalda Monteiro, diretora comercial da Univerplast

“A estabilidade do país é a estabilidade das empresas. Quanto mais força espelharmos para a Europa, mais confiança teremos dos investidores”, concorda Mafalda Monteiro, diretora comercial da Univerplast, empresa de injeção de plásticos com fábrica em Lousada. A porta-voz da líder nacional na produção de cruzetas, que tem como clientes as confeções que abastecem a Zara, Massimo Dutti, Primark, Zippy ou SportZone, elege ainda como prioridades o combate à pandemia, o apoio aos mais pobres e desfavorecidos, e a “aposta no desenvolvimento do país para acompanharmos a Europa”.

Mais a Sul, Miguel Castel-Branco, sócio da Torres Novas, sustenta que “a estabilidade da solução governativa não é um bem em si mesmo” e só é positiva se for aproveitada “para fazer reformas de fundo, sobretudo ao nível da fiscalidade e simplificação dos processos do Estado”. “Se essa estabilidade vier às custas do foco em temas pouco prioritários para o país ou se for aproveitada para se continuar a aumentar o peso do Estado, não interessa”, completa o gestor, que há dois anos se juntou a Adolfo de Lima Mayer, Inês Vaz Pinto e Nuno Vasconcellos e Sá para relançar a histórica marca de toalhas criada em 1845.

Miguel Castel-Branco, sócio da Torres Novas

“Espero que o próximo Governo crie condições para o crescimento da economia. Isso passa necessariamente por uma redução significativa da carga fiscal que hoje em dia estrangula os contribuintes e as empresas. Mais concretamente, a redução imediata do IRS e da TSU permitiria reduzir rapidamente os custos de contratação de trabalhadores pelas empresas, potenciando o emprego, e melhorar o rendimento das famílias”, defende o gestor da empresa atualmente sediada em Lisboa, que fez regressar a marca de têxteis-lar depois da falência em 2011.

A diminuição dos impostos às empresas, para que possam gerar riqueza e mais empregos no país, está igualmente no topo do programa de Sara Monte e Freitas, partner da Expense Reduction Analysts em Portugal, que acabava com o IRC para “pequenas empresas que têm volumes de faturação muito baixos e que servem para se autossustentarem” ou reduzia o IVA como na Letónia e na Lituânia, “onde [os consumidores] não são ‘assaltados’ de cada vez que vão ao supermercado ou colocam combustível”. “Dar mais a quem constrói, retirar a quem destrói e ajudar a quem mais precisa”, resume a consultora desta rede internacional especializada na redução de custos das empresas, para quem “soluções governativas instáveis não têm condições para gerir além do curto prazo”.

Sara Monte e Freitas, partner da Expense Reduction Analysts

Ainda em Lisboa, o CEO da YDigital Media espera que desta ida à urnas resulte “a estabilidade política necessária”, argumentando que “não podemos andar a saltar entre sucessivas crises com Governos sustentados por coligações instáveis, sem um projeto reformista claro e mobilizador”. Nuno Machado dispensa “táticas e contabilidade política” e desafia o próximo Executivo a “apostar em tirar Portugal da cauda da Europa, potenciar o crescimento económico e valorizar um modelo que não esteja assente em alta carga fiscal, penalizadora tanto das empresas como dos trabalhadores”.

Preocupação com a “casa” das exportações e a inflação

As associações setoriais ouvidas pelo ECO estão alinhadas com as pequenas e médias empresas. João Rui Ferreira, secretário-geral da Associação Portuguesa da Cortiça (APCOR), espera que destas eleições resulte “um quadro estável e rápido” para a legislatura, para as empresas “não terem aí nenhum fator disruptivo” e poderem aproveitar as oportunidades criadas pelo PRR e pelo PT2030. Apesar de estarem sobretudo expostos ao contexto internacional – exportam 95% da produção –, os industriais da cortiça lembram que “é sempre mais favorável [ter] ambientes estáveis” também no mercado interno.

“Foi sempre a nossa tónica termos um diálogo constante e uma abertura total para dialogar com os governos, quaisquer que eles sejam. A cortiça, pela relevância que tem no país, terá sempre de ter esta responsabilidade. Todo o trabalho — seja de produção, de investigação, industrial, florestal — tem de ser desenvolvido em Portugal. Sendo líderes [mundiais], não é expectável que outro país possa fazer este trabalho por nós”, atira o porta-voz da indústria corticeira, constituída por 500 a 600 empresas e que representa atualmente cerca de 8 mil postos de trabalho diretos, concentrados em três grandes polos (Santa Maria da Feira, Coruche e Ponte de Sor).

João Rui Ferreira, secretário-geral da Associação Portuguesa da Cortiça (APCOR)

No têxtil e vestuário repete-se a preocupação dos empresários com a instabilidade política, com Mário Jorge Machado, presidente da associação do setor (ATP) a ambicionar que resulte destas legislativas antecipadas “uma solução governativa estável para Portugal, que privilegie o crescimento económico e que tenha como ambição melhorar as condições de competitividade do país”. Entre as respostas esperadas pelo também administrador da Adalberto Estampados está aquela que vai ser dada pelo poder político para “mitigar” o efeito da subida dos preços do gás natural ou para colocar o Banco de Fomento a “conseguir dar resposta” aos impactos que a inflação está a ter no capital das empresas.

"Esperamos que, decorridas as eleições legislativas, tenhamos uma solução governativa estável para Portugal, que privilegie o crescimento económico e que tenha como ambição melhorar as condições de competitividade do país.”

Mário Jorge Machado

Presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP)

Finalmente, no setor do turismo, em que as previsões apontam para que o volume de negócios em 2022 continue a aumentar, mas fique ainda mais de 20% abaixo do nível anterior à pandemia (2019), Francisco Calheiros mostra-se “confiante e empenhado” na recuperação do tecido empresarial e deseja que “Portugal tenha, num curto espaço de tempo, estabilidade política para que a economia não estagne e se implementem as reformas estruturais de que o país tanto precisa”.

O presidente da Confederação do Turismo Português (CTP) lamenta que os apoios e as medidas aprovadas para o setor continuem a “chegar tarde” às empresas e avisa que “é preciso que os apoios previstos ao nível do PRR, nomeadamente as verbas canalizadas para o Programa Recuperar o Turismo, cheguem efetivamente à economia real”. É que, mesmo com a mudança em curso na Assembleia da República, as PME “precisam rapidamente de medidas de recuperação económica e de capitalização” e de resposta a outros “entraves à retoma”, como a subida galopante dos custos com a energia, matérias-primas e combustíveis.

Francisco Calheiros, presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP)MIGUEL A. LOPES/LUSA 20 outubro, 2021

Na última semana da campanha eleitoral, um conjunto de empresários, incluindo o presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), António Saraiva, publicou um artigo de opinião na imprensa a apelar aos dois maiores partidos para viabilizarem “uma solução de governo, liderada pelo partido que sair vencedor das eleições de 30 de janeiro, através de um acordo de incidência parlamentar para uma legislatura, que se comprometa com a viabilização dos respetivos Orçamentos do Estado e com um programa de governo assente em reformas de fundo, que permitam alavancar e otimizar os fundos comunitários, designadamente o PRR e o Portugal 2030”.

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Quebra de produção leva Autoeuropa a avançar com plano de rescisões

No programa de rescisões, a Autoeuropa está a propor uma indemnização correspondente a 1,5 salários por cada ano de trabalho, mas com um teto máximo de dez anos. 70 pessoas já aceitaram.

A Autoeuropa quer reduzir o número de funcionários em Palmela até 2023. A administração decidiu avançar com um programa de rescisões voluntárias para fazer face à quebra de produção prevista para este ano (menos 53 mil veículos face a 2021) e que mantém a fábrica sem trabalhar aos sábados e domingo até março, pondo em risco a existência do quarto turno e o futuro de cerca de 900 trabalhadores.

Mas o plano também pretende acautelar o excesso de pessoal decorrente do fim da produção carrinha Sharan, previsto para este ano, que é assegurada por 300 trabalhadores. A incapacidade em atrair, para já, um novo modelo para as linhas de montagem é uma pressão acrescida para os mais de cinco mil trabalhadores da empresa. O ECO sabe que não há para já uma meta definida, mas pelo menos 70 trabalhadores já terão aceitado sair.

Aos trabalhadores estão a ser propostos dois “programas para terminação de contrato”, que têm um horizonte temporal de 2021-2023, e já resultaram na saída de 70 funcionários, desde novembro do ano passado, ao que o ECO apurou, quando começou a ser apresentado este plano.

Presentemente, a Autoeuropa já só produz o T-Roc e a carrinha Sharan, que deverá deixar de ser produzida em meados deste ano. É neste contexto que se insere esta redução: “As ações de produtividade planeadas e o final da produção do MPV [Multi-Purpose Vehicle] implica a criação de ações para ajuste do número de trabalhadores”, lê-se no documento a que o ECO teve acesso. Mas é ressalvada a necessidade de as medidas/programas criados serem flexíveis para “permitir uma adaptação às alterações do plano de produção e outras atividades/ações relacionadas com insourcings ou projetos temporários”.

A administração da Autoeuropa no pré-acordo laboral que assinou em maio com a Comissão de trabalhadores (e que prevê aumentos salariais de 1,7% em 2022) comprometeu-se a criar condições para garantir a atribuição de um novo produto à fábrica de automóveis de Palmela, mas até agora esse novo modelo ainda não chegou. Por isso, as linhas de produção estão paradas aos sábados e domingos até março, uma situação que a manter-se pode pôr em risco os postos de trabalho de cerca de 900 trabalhadores.

Espanha, em contrapartida, parece já ter tudo encaminhado ao assegurar um investimento de cinco mil milhões de euros em três veículos elétricos. Os modelos Cupra e Skoda serão produzidos na unidade da Seat em Martorell, na província de Barcelona, enquanto o modelo da Volkswagen será fabricado na unidade da VW em Landaben, em Pamplona, avançou o Expansión.

Este plano de redução de efetivos é composto por dois programas. Por exemplo, os trabalhadores com contrato permanente que demonstrem interesse em sair da empresa podem recorrer ao “Novas perspetivas”. Mas para sair é necessário que a empresa também esteja de acordo. Se assim for, o trabalhador tem direito a receber uma indemnização correspondente a 1,5 salários por cada ano de trabalho, mas com um teto máximo de dez anos. Ou seja, a indemnização pode não ter em conta toda a antiguidade do trabalhador. E nestas contas é considerado o salário base acrescido do subsídio de turno ou de isenção de horário.

Assim, um trabalhador com 25 anos de casa tem direito a receber 1,5 salários por cada ano com um limite de dez anos, o que significam 15 salários de indemnização. Este valor pode ou não estar isento de IRS. A isenção vai até ao valor médio das remunerações regulares com caráter de retribuição sujeitas a imposto, recebidas nos últimos 12 meses, multiplicado pelo número de anos de trabalho. Por exemplo, um trabalhador com uma antiguidade de cinco anos e que nos últimos 12 meses de trabalho tenha recebido uma remuneração média mensal de 1.500 euros, o valor da indemnização por cessação de contrato de trabalho isento de IRS é de 7.500 euros. Se tiver recebido uma indemnização de dez mil euros, só tem de pagar IRS sobre 2.500 euros.

A empresa, liderada por Thomas Gunther desde 1 de dezembro do ano passado, considera que este programa específico pretende criar condições para os “trabalhadores mais jovens e com menos antiguidade possam por qualquer motivo pessoal e/ou profissional, abraçar um novo desafio profissional”.

Para os trabalhadores mais velhos foi desenhado um outro programa: “ponte para a reforma”. Tendo em conta que a idade legal para a reforma é este ano de 66 anos e sete meses, a administração propõe que quem tem 55 anos ou mais pode pedir uma redução do período normal de trabalho até metade do tempo. No máximo durante três anos, o trabalhador pode optar por ter uma redução de 50% do trabalho semanal, por trabalhar a tempo parcial, tendo neste caso de se conjugar com outro trabalhador, ou ainda ter dois ou três dias de trabalho semanal.

Esta redução de tempo é acompanhada de uma redução salarial de 40%. O trabalhador recebe 60% do salário base com subsídio de turno ou de isenção de horário. Além disso, os prémios e bónus também sofrem um corte de 40%. Mas as contribuições para a Segurança Social são mantidas a 100% do salário mensal, sendo a percentagem a cargo da empresa de 23,75%, para garantir que os trabalhadores não são penalizados na reforma ou numa eventual situação de desemprego.

Mas para os trabalhadores mais velhos até pode compensar terminar o contrato, receber a carta para poder receber o subsídio de desemprego, mas mantendo o seguro de saúde da empresa. Esta opção poderá ser mais vantajosa para os trabalhadores a partir dos 61 anos, de acordo com o exemplo apresentado pela empresa.

Negociação dos aumentos salariais retomada esta semana

Enquanto tenta negociar a saída dos trabalhadores, esta semana foram retomadas as negociações para os aumentos salariais. Em cima da mesa está ainda um aumento salarial de 1,7% com um mínimo de 20 euros por ano, de acordo com o pré-acordo que foi rejeitado o ano passado pelos trabalhadores, e a comissão de trabalhadores considera que “até agora a empresa avançou muito pouco” para satisfazer as reivindicações dos trabalhadores.

E como sem um novo modelo não haverá trabalho suficiente para manter uma quarta equipa, a administração sugere que 100% do prémio de 2022 seja transformado em 22 dias não trabalháveis “de forma a garantir a manutenção da quarta equipa”, de acordo com o comunicado da semana passada a que o ECO teve acesso. No comunicado de novembro, a comissão de trabalhadores alertava que o fim do quarto turno punha em risco o futuro de 900 trabalhadores.

A situação que a empresa atravessa levou a administração a “bloquear” os dias especiais e os downdays (ou dias de não produção). Esta é uma solução há muito em vigor em Palmela que introduziu uma flexibilidade laboral que não existia noutras fábricas. Esta opção permitia que os trabalhadores pudessem tirar até cinco dias sem terem falta para tratar de assuntos pessoais. Mas como a empresa já tem previsto que este ano terá de fazer 64 dias de paragens, decidiu impedir a marcação dos dias especiais por iniciativa dos trabalhadores.

Com a crise dos semicondutores e a falta de matérias-primas, a Autoeuropa foi obrigada a parar por diversas vezes ao longo de 2021. Ainda assim assegurou o ano passado o terceiro melhor ano em termos de produção, mas para 2022 está prevista uma redução da produção em 53 mil veículos face a 2021. A comissão de trabalhadores garante que a empresa assumiu que os trabalhadores poderão usufruir de três dias de gozo individual.

O ECO contactou oficialmente a Autoeuropa, mas até à publicação deste artigo não obteve respostas.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • Joana Abrantes Gomes
  • 28 Janeiro 2022

O dia será marcado pelo encerramento das campanhas eleitorais dos partidos às legislativas do próximo domingo. Destaque ainda para as estatísticas do comércio internacional de bens do 4.º trimestre.

A dois dias das eleições legislativas, os partidos fazem-se à estrada pelo último dia para o encerramento das suas campanhas eleitorais. Mas há mais assuntos que marcam o dia desta sexta-feira, como a divulgação dos resultados de 2021 do CaixaBank, dono do português BPI, e dos indicadores do comércio internacional de bens relativos ao quarto trimestre de 2021. O Eurostat publica a evolução dos salários mínimos dos Estados-membros, no dia em que se comemora o Dia Europeu da Proteção de Dados.

Último dia de campanha para as legislativas

Termina esta sexta-feira o período de campanha dos partidos políticos que concorrem às eleições legislativas do próximo domingo, 30 de janeiro. Neste último dia, PS e PSD vão descer à tarde o Chiado, em Lisboa, mas os socialistas ainda rumam ao Porto, para fechar a campanha com um comício no Pavilhão Rosa Mota. A CDU também encerra a campanha a norte, com um comício em Braga às 19h30, tal como a Iniciativa Liberal, que estará presente no porto de Leixões. O Chega terminará no Barreiro, em Setúbal, depois de uma arruada no Chiado.

Como compara Portugal com a UE no salário mínimo?

O Eurostat divulga esta sexta-feira como evoluem as retribuições mínimas para trabalhadores nos 21 dos 27 Estados-membros da União Europeia (UE) que têm fixados salários mínimos nacionais. Este ano, o salário mínimo português teve um aumento de 40 euros, fixando-se em 705 euros, mas dificilmente fará Portugal subir do meio da tabela na comparação com os restantes Estados-membros.

INE publica estatísticas do comércio internacional do último trimestre

Também esta sexta-feira, o Instituto Nacional de Estatística (INE) revela os indicadores do comércio internacional de bens referentes ao período de outubro a dezembro de 2021. No terceiro trimestre, as exportações e as importações de bens tinham registado subidas homólogas de 12,3% e 20,0%, respetivamente. Na comparação com o terceiro trimestre de 2019, em período pré-pandemia, as exportações aumentaram 8,9% e as importações cresceram 5,3%.

CaixaBank divulga resultados de 2021

O CaixaBank divulga os resultados financeiros relativos ao ano passado. Nos primeiros nove meses de 2021, o grupo espanhol, dono do português BPI – cujos resultados serão conhecidos na próxima quarta-feira, 2 de fevereiro -, teve um lucro de 4.801 milhões de euros, quase sete vezes mais do que no mesmo período em 2020, devido aos impactos associados à fusão com o Bankia.

Dia Europeu da Proteção de Dados

Nesta sexta-feira celebra-se o Dia Europeu da Proteção de Dados, uma data instituída em 2006 no Conselho da Europa com o objetivo de consciencializar as pessoas sobre a importância da privacidade e da proteção dos dados pessoais. Nesse âmbito, será apresentada pelas 14 horas a Plataforma de Serviços de Suporte Profissionais para Proteção de Dados e Segurança da Informação nas entidades da Administração Pública em Portugal.

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