Oeiras vai ter um pólo da Altice Labs. É o quinto fora de Aveiro

A Altice Portugal vai expandir o projeto da Altice Labs a uma nova localização: Oeiras. Ficará no Taguspark e ajudará o centro tecnológico da dona da Meo a produzir tecnologia para 60 países.

A Altice Portugal vai criar um pólo da Altice Labs em Oeiras, que será instalado no Oeiras Valley. É o quinto centro de investigação e desenvolvimento da Altice Portugal fora da cidade de Aveiro, onde se localiza a sede do projeto. Até agora, Viseu, Madeira, Olhão e Açores eram as regiões que tinham, ou preparam-se para ter, laboratórios deste tipo.

O anúncio de mais um pólo da Altice Labs foi oficializado esta quinta-feira pela empresa, dia em assinala o quarto ano desde que herdou este centro no conjunto dos ativos da antiga Portugal Telecom. Desde 2015, ano em que comprou à PT à Oi, que a Altice tem apostado em Aveiro como o “quartel-general” de inovação da marca, expandindo-o a outras regiões do país.

“Aproveitamos este quarto aniversário para anunciar mais um destes centros no país. Vamos abrir no Taguspark um novo laboratório”, disse o líder da Altice Portugal, Alexandre Fonseca, num encontro com jornalistas. A intenção é, numa primeira fase, deslocar talento da Altice Labs para coordenar o arranque do novo projeto, aproveitando, mais tarde, para captar talento nas regiões onde se localizam estes pólos.

Desta forma, a Altice Portugal está à procura de “um parceiro” académico para o novo centro em Oeiras, à semelhança do que fez nas outras cinco regiões. Mas a instalação deste novo centro “não está dependente disso”, garantiu Alcino Lavrador, líder da Altice Labs.

Um outro objetivo da dona da Meo é o de “criar postos de trabalho” e, assim, cativar talento e mão-de-obra para desenvolver as tecnologias do futuro. Ora, no mesmo encontro, a empresa assumiu a dificuldade crescente de encontrar recursos humanos na área da tecnologia, um problema que, de resto, tem afetado muitas empresas tecnológicas em toda a Europa.

A Altice Portugal aproveitou ainda a ocasião para prestar contas do crescimento da Altice Labs desde a aquisição da PT pela Altice. Houve um aumento no número de trabalhadores do projeto, de 600 para 700, bem como a abrangência do negócio da Altice Labs, que exporta “mais de 50%” da sua produção para um conjunto de 60 países, revelou Alexandre Fonseca.

Esta quinta-feira, a Altice Portugal promove uma cerimónia para marcar os quatro anos da marca Altice Labs. O comité executivo da empresa tem já presença garantida, assim como o presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Isaltino Morais, que se deverá deslocar ao norte do país para este evento.

Com mais de 65 anos de história, o Altice Labs em Aveiro nasceu como Grupo de Estudos de Comutação Automática, tendo evoluído para PT Inovação no tempo da Portugal Telecom. Acabou debaixo da chancela da Altice com a compra dos ativos que eram da PT na sequência da fusão falhada com a brasileira Oi.

A partir deste centro, a Altice tem continuado a desenvolver tecnologia, sendo uma das últimas um novo router de acesso à internet com suporte para Wi-Fi 6. Trata-se de um novo protocolo que acelera e melhora as atuais redes sem fios.

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Altice Portugal já sente “algum impacto” do coronavírus na cadeia de fornecedores

A Altice Portugal já sente "algum impacto" da epidemia do vírus na sua cadeia de abastecedores. A manter-se o surto, Alexandre Fonseca avisa para "escassez" de materiais dentro de "um par de semanas".

O coronavírus começa a ter “algum impacto” na cadeia de abastecimento da Altice Portugal, disse o presidente executivo da empresa, Alexandre Fonseca. O grupo já ativou um plano de contingência para a epidemia, numa altura em que surgem os primeiros casos de infeção deste novo vírus em Portugal.

“Ninguém estava à espera, há seis meses, que houvesse um coronavírus”. Mas a epidemia apareceu e, admite Alexandre Fonseca, começa a ter “algum impacto”, porém, ainda não significativo.

“Já começa a haver sinais de que as cadeias de abastecimento começam a sentir algum impacto. Começamos a ver pequenos impactos na cadeia que nos fazem acreditar que, daqui a um par de semanas, pode começar a haver material com escassez”, considerou, num encontro com jornalistas em Aveiro.

Este coronavírus teve origem na China e já infetou dezenas de milhares de pessoas em todo o mundo, matando mais de 3.000. O surto ameaça romper com as cadeias de fornecedores, sobretudo as que tenham raízes na China. Esta quarta-feira, as autoridades portuguesas confirmaram o sexto caso de infeção no país.

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Altice Portugal já pensa no 6G. E as estradas poderão ser as antenas

É em Aveiro que engenheiros da Altice Labs começam a pensar no que será o 6G daqui a dez anos. Previsões incluem transmissões instantâneas, comunicação via satélite e estradas a servirem de antenas.

Enquanto o país discute e implementa a quinta geração da rede de comunicações, há quem já esteja a pensar no 6G. É em Aveiro que a Altice Portugal tem alguns engenheiros debruçados sobre o que poderá ser o futuro das telecomunicações. E apesar de o 5G ainda não ter chegado, a dona da Meo quis levantar já o véu ao que nos espera daqui a dez anos.

“Como vemos o 6G daqui por dez anos? Com velocidades na ordem dos Tbps [terabits por segundo]”, disse aos jornalistas o diretor-geral da Altice Labs, Alcino Lavrador, o homem que comanda o “quartel-general” de inovação da Altice Portugal. “Estamos já a preparar o 6G num dos cinco projetos que decorrem a nível europeu”, garantiu, à margem do quarto aniversário da Altice Labs, em Aveiro.

Dentro de cerca de dez anos, conte com velocidades na ordem dos 2.000 Gbps (gigabits por segundo) e uma “latência quase nula”, segundo o responsável da Altice Portugal. Enquanto, no 5G, uma ligação a um servidor pode ser feita em quatro milissegundos, no 6G será tudo instantâneo, antevê a Altice Portugal.

Porém, a novidade mais surpreendente talvez seja o método de transmissão. Atualmente, no 4G, os smartphones ligam-se às antenas das operadoras. E no 5G não será muito diferente — apenas muda o facto de serem necessárias mais antenas, menos espaçadas entre si. Para a era do 6G, a Altice Portugal prevê a massificação de “redes não terrestres”, com comunicações via satélite. Neste cenário, disse Alcino Lavrador, as estradas, sendo superfícies planas e “reflexivas”, poderão, elas próprias, servir de antenas.

Outra possibilidade será a da comunicação ótica sem fios. Atualmente, estas comunicações à velocidade da luz acontecem no interior de um cabo de fibra ótica. No futuro, poderão ocorrer por laser, disse o engenheiro.

Além disto, a Altice Portugal falou ainda numa “‘explosão’ da desagregação do smartphone“, que é hoje “uma coisa monolítica”. “Esperamos que o processamento, o display e a memória possam estar em dispositivos distintos também”, afirmou o líder da Altice Labs. E o futurismo não se fica por aqui: o 6G poderá criar margem para novas tecnologias que permitam que os nossos cérebros comuniquem diretamente com as máquinas, admitiu.

“Isto é o que imaginamos para o 6G. Temos já um projeto que se baseia na parte da transmissão, de termos grande capacidade de comunicação”, afirmou. Este projeto está sediado na Alemanha e está a ser desenvolvido por um consórcio do qual a Altice Portugal faz parte. Até agora, foram conseguidas velocidades na ordem das “várias centenas de Gbps”, afirmou Alcino Lavrador.

“Estamos muito preocupados com o 5G”

O lançamento do 5G em Portugal está atrasado, repetiu Alexandre Fonseca aos jornalistas, num encontro esta quarta-feira. É uma ideia que tem sido reiterada pelo presidente executivo da Altice Portugal, que considera “impossível” cumprir o calendário da Anacom para a migração de frequências da TDT, necessária para o 5G.

A Meo é a empresa que gere a rede de televisão gratuita no país e colidiu com a Anacom na definição do calendário para esta operação. Assim, sem considerar o calendário proposto pelo regulador, Alexandre Fonseca disse que é o calendário da Altice Portugal que está “em vigor” e que “tem sido cumprido na íntegra”. A empresa espera ter o processo concluído na terceira semana de julho e, uma vez atribuídas as licenças do 5G, espera que as primeiras ofertas comerciais sejam lançadas em “três a seis semanas”.

Dito isto, o líder da Altice Portugal aproveitou para criticar o presidente da Anacom, João Cadete de Matos, considerando que o setor está a ser regulado “por opiniões” e não por factos. Reagindo a uma notícia do ECO, que deu conta que a Altice Portugal pediu ao Parlamento para que obrigue a Anacom a apresentar análises do impacto regulatório das medidas tomadas, o gestor disse: “Este regulador, desde que está em funções, não apresentou um único relatório [de análise do impacto].”

“Este regulador toma decisões e, depois, não tem a mínima noção. É mais do que uma regra de bom senso: é regra da própria Comissão Europeia, que obriga a que os reguladores tenham essa preocupação”, disse, referindo-se à carta que enviou em janeiro à comissão de economia, instando-a a passar legislação no sentido indicado.

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Altice Portugal quer que o Parlamento obrigue Anacom a autoavaliar-se

O líder da Meo apelou ao Parlamento para que obrigue a Anacom a avaliar sempre o impacto das suas medidas. Face à "turbulência" no setor, deputados vão chamar para audição o Governo e os reguladores.

A Altice Portugal quer que a Anacom seja obrigada a fazer avaliações aos impactos regulatórios das suas medidas, propondo mesmo ao Parlamento uma “alteração legislativa” nesse sentido. A informação está numa carta enviada pelo líder da empresa de telecomunicações ao presidente da Comissão Parlamentar de Economia, António Topa.

No documento datado de 20 de janeiro, a que o ECO teve agora acesso, Alexandre Fonseca tenta “sensibilizar” o Parlamento para a “necessidade de introdução pela Anacom de uma prática estruturada de avaliação de impacto regulatório”. Ou seja, por outras palavras, a dona da Meo quer que a Anacom seja forçada, por lei, a fazer autoavaliações das suas medidas futuras, estudando e publicando as conclusões quanto aos impactos no setor.

Este pedido deve ser visto à luz da degradação das relações entre Anacom e operadoras, que estão de costas voltadas com o presidente do regulador, João Cadete de Matos. A tensão subiu em novembro passado, depois de um estudo da Deloitte ter concluído que os preços das telecomunicações em Portugal são mais baixos, enquanto a Anacom, com uma metodologia diferente, aponta exatamente o contrário.

Falando num “grave problema cultural e metodológico no processo de decisão da Anacom”, Alexandre Fonseca vem agora avisar o Parlamento para a “inexistência de uma prática sistemática e estruturada de Avaliação de Impactos Regulatórios (AIR). “Ao longo dos últimos anos foram muito poucos os processos de consulta pública que envolveram, efetivamente, a avaliação de cenários alternativos de atuação e, ainda menos, aqueles em que houve algum esforço para tentar avaliar devidamente os custos e benefícios associados a cada cenário”, argumenta o presidente executivo da Altice Portugal.

Assim, lembrando que o próprio Governo português já começou a fazer autoavaliação das suas medidas com o programa “Custa Quanto?”, o gestor acusa a Anacom de recusar “sistematicamente” a sugestão das operadoras relativa à adoção de uma prática semelhante. Desta forma, insta o Parlamento a aproveitar a transposição do Código Europeu das Comunicações Eletrónicas, cujo prazo termina a 20 de dezembro, para passar “uma alteração legislativa” que force a Anacom a fazer estas análises.

Mas a carta da Altice Portugal não se foca apenas neste tema. Nela, Alexandre Fonseca também tece críticas ao Plano Plurianual de Atividades da Anacom para o triénio de 2020-2022, nomeadamente a de “retrocesso” ao nível da “transparência” e “previsibilidade regulatórias”. Solicita, por isso, que os deputados interroguem João Cadete de Matos acerca disso, quando o presidente do regulador for à comissão de economia apresentar o mesmo.

Para além da carta, a empresa pediu uma reunião à comissão de economia para explicar estes assuntos. E essa reunião já aconteceu: foi esta terça-feira e contou com a presença de João Zúquete da Silva, administrador corporativo da Altice Portugal, assim como de Sofia Aguiar, diretora de regulação, concorrência e jurídica da empresa, entre outras figuras de relevo dentro da dona da Meo. A reunião não foi considerada uma audição, por ter decorrido à margem da comissão, mas contou com a presença dos coordenadores dos diferentes grupos parlamentares.

Segundo um comunicado da empresa, divulgado já na manhã desta quarta-feira, a Altice Portugal dá conta dessa ida à Comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação. As “preocupações” demonstradas pela empresa prenderam-se com o calendário de migração da TDT (que a Altice considera “impossível de cumprir”), com o braço-de-ferro dos preços e com o leilão do 5G previsto para abril.

Governo, Anacom e Concorrência chamados de “urgência” ao Parlamento

Para já, é certo é que a “turbulência” no setor vai continuar a marcar a agenda política e mediática. O degradar das relações entre regulador e operadoras não está a passar despercebido aos deputados desta legislatura, que decidiram chamar Governo e reguladores ao Parlamento, com “caráter de urgência”.

Esta quarta-feira de manhã, terá sido aprovado o requerimento do Bloco de Esquerda para chamar vários nomes ao Parlamento, disse uma fonte parlamentar ao ECO. Entre os nomes que deverão ser chamados à referida comissão está o do secretário de Estado Adjunto e das Comunicações, Alberto Souto de Miranda; o do presidente da Anacom, João Cadete de Matos; e a presidente da Autoridade da Concorrência (AdC), Margarida Matos Rosa. Até onde foi possível apurar, estas audições ainda não têm data marcada.

Segundo o documento, estas audições surgem “a propósito da concorrência no setor das telecomunicações e os seus efeitos na implementação do 5G em Portugal”. Visam ainda obter do presidente da Anacom “esclarecimentos” sobre “os critérios para a formação dos preços indicados para o leilão do 5G”, marcado para abril, mas também, no geral, sobre “quais as medidas a serem tomadas de forma a garantir melhores serviços” no setor das telecomunicações em Portugal.

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Altice integra 2.000 trabalhadores de prestação de serviços. Sindicato está “preocupado”

  • Lusa
  • 15 Janeiro 2020

2.000 trabalhadores que estavam na ManpowerGroup a prestar um conjunto de serviços para a Altice Portugal vão ser incorporados na Intelcia e passam a "integrar a folha salarial" do grupo.

A Altice alargou o universo de negócios, com o lançamento em Portugal da Intelcia, uma empresa de customer service detida em 65% pela operadora de telecomunicações que vai integrar 2.000 trabalhadores de contact centers e de serviços comerciais hoje a trabalhar na ManpowerGroup Solutions. A integração destes trabalhadores visa, segundo Alexandre Fonseca, assegurar que a Altice cria valor e se diferencia da concorrência pelos serviços, que ganham relevo face às infraestruturas.

“O grupo Altice decidiu realizar uma nova operação em Portugal”, afirmou o presidente executivo da Altice Portugal, Alexandre Fonseca, através da incorporação da Intelcia, que opera na área de outsourcing (subcontratação de serviços), com 20 anos de experiência, e faz parte do universo do grupo.

Assim, a Intelcia Portugal, que é detida em 65% pela Altice Portugal, passa a ser o prestador preferencial dos serviços de atendimento ao cliente da dona da Meo, pelo que as áreas de contacto com o cliente e comercial, que eram asseguradas até agora pela ManpowerGroup Solutions, vão passar a ser totalmente assumidas por aquela entidade.

Nesse sentido, os cerca de 2.000 trabalhadores que estavam na ManpowerGroup a prestar um conjunto de serviços para a Altice Portugal vão ser incorporados na Intelcia e passam a “integrar a folha salarial” do grupo.

Com esta medida, “a Altice volta a investir em Portugal e a criar emprego“, afirmou o gestor, salientando que “este movimento vai reforçar o compromisso do grupo” no mercado português.

Alexandre Fonseca garantiu que vão ser “asseguradas todas as condições que os trabalhadores tinham na sua empresa de origem”, além de que vão beneficiar de um seguro de saúde com acesso à rede da Altice Portugal.

A diretora-geral da Intelcia Portugal, Carla Marques, adiantou que a empresa “não ficará confinada à Altice, apesar de ser o prestador preferencial dos serviços de atendimento ao cliente” da dona da Meo.

A Intelcia irá prestar serviços “fora do universo” Altice, pretendo crescer no mercado português.

De acordo com Carla Marques, os três eixos estratégicos da Intelcia, que iniciou a operação em Portugal em setembro de 2018, são: ser parceira da Altice, ser operador multilingue e parceiro local do mercado português.

Com esta nova operação, a Altice Portugal pretende “reforçar” a sua “posição na qualidade do serviço com o cliente”, sublinhou Alexandre Fonseca.

“É um movimento que faz sentido”, considerou.

A Intelcia Portugal conta com uma centena de trabalhadores, aos quais se vão juntar os cerca de 2.000 trabalhadores da ManpowerGroup.

A Altice Portugal detém 65% da empresa, sendo que os restantes 35% são detidos por dois acionistas marroquinos.

Em termos globais, a Intelcia conta com mais de 14 mil colaboradores e presença em nove países, apostando na continuação da sua expansão.

“Para isso está a apostar numa presença noutras geografias, nomeadamente nos EUA, prevendo um crescimento de número de colaboradores e diversificação linguística e de especialização em áreas de ITO e BPO em gestão de relações B2C [empresas que vendem produtos ou prestam serviços para o consumidor final] e B2B [empresas que vendem produtos ou prestam serviços para outras empresas], ‘outsourcing’ de processos de negócio, soluções informáticas e serviços digitais”, refere a Altice Portugal.

Sindicato está preocupado com a operação

Já depois do anúncio, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores Das Telecomunicações e Audiovisual (Sintaav) disse encarar “com preocupação” a anunciada incorporação na Intelcia.

“Vemos isso com preocupação, porque a transmissão de negócios de uma empresa para outra implica sempre preocupação para os trabalhadores e, em alguns casos, até prejuízo”, afirmou o dirigente nacional do Sintaav, Hernâni Marinho, em declarações à agência Lusa.

Admitindo que “já há agitação entre os trabalhadores”, o sindicalista disse que o Sintaav “já tem dirigentes no terreno, porque os trabalhadores entraram logo em contacto com o sindicato”, estando previsto para esta sexta-feira “um plenário de trabalhadores para discutir toda esta situação”.

A Intelcia Portugal passa a ser o prestador preferencial dos serviços de atendimento ao cliente da dona da Meo, pelo que as áreas de contacto com o cliente e comercial, que eram asseguradas até agora pela ManpowerGroup Solutions, vão passar a ser totalmente assumidas por aquela entidade.

Apesar das garantias para já avançadas pela ManpowerGroup Solutions, o dirigente sindical Hernâni Marinho diz que o Sintaav vai “ter de explorar melhor toda esta situação, quer com a ManPower, quer com a outra empresa que vai assumir a prestação de serviços”. É que, notou, mesmo ficando “tudo garantido em termos de direitos”, caberá aos trabalhadores “fazerem a sua opção” quanto à aceitação ou não da transmissão para a nova empresa.

“Se houver trabalhadores que, eventualmente, se oponham, teremos de os acompanhar no sentido de que todos os seus direitos sejam respeitados em termos da desvinculação da empresa, se for essa alternativa”, disse.

(Notícia atualizada às 12h01 com reação sindical)

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Altice encaixa mais 200 milhões de euros com venda de torres de telecomunicações. Cellnex fica com 100%

A Cellnex adquiriu a totalidade do capital da portuguesa Omtel, a empresa que resultou da venda das torres de telecomunicações que eram da Meo. Altice Europe encaixa 200 milhões com o negócio.

A Cellnex comprou a totalidade das torres de telecomunicações (infraestrutura metálica) que tinham sido parcialmente vendidas pela Meo em 2018.Pixabay

A Cellnex alcançou “um acordo” para adquirir a totalidade do capital da portuguesa Omtel, a empresa que, em 2018, ficou com 3.000 torres de telecomunicações que eram da Meo, revelou a companhia espanhola, que tem a família Bennetton entre os principais acionistas. Este acordo prevê a instalação de novas torres no país.

O negócio avalia a Omtel em 800 milhões de euros, sendo que a Altice Europe ATC 0,00% aceitou vender os 25% que ainda detinha na companhia, encaixando 200 milhões de euros com a operação. A informação foi confirmada pela dona da Meo num comunicado.

Segundo a Cellnex, “a aquisição contempla igualmente a instalação de 400 novas infraestruturas nos próximos quatro anos”. No entanto, o plano poderá ser alargado em “350 novas infraestruturas até 2027, “tendo em conta a evolução do mercado português e o desenvolvimento da rede 5G”.

A Omtel nasceu em 2018 depois de a Altice ter vendido uma posição de 75% na rede de torres de telecomunicações em Portugal a um consórcio constituído pelo Morgan Stanley Infrastructure Partners e pelo Horizon Equity Partners, ligado a Sérgio Monteiro e a António Pires de Lima. A dona da Meo recorda que, em 2018, “reinvestiu 108,8 milhões de euros” pelos 25% que agora vendeu. Ao que o ECO apurou, a Omtel era avaliada em 660 milhões quando foi constituída.

“Através desta transação, a Altice Europe inicia uma parceria de longo prazo com a Cellnex em Portugal, que compromete tanto o fornecimento de serviços de alojamento mobile em infraestrutura passiva, bem como a construção de novas torres”, refere a Altice Europe, numa nota divulgada acerca da operação. A operação, que está a merecer destaque na imprensa espanhola, representa a entrada oficial da Cellnex no mercado português.

“Uma vez finalizada a integração da Omtel e concluída a construção das novas infraestruturas estima-se que o EBITDA [lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações] adicional gerado para o grupo [Cellnex] seja de 90 milhões de euros. A aquisição e os futuros investimentos serão financiados com a disponibilidade de caixa do grupo Cellnex e os fluxos de caixa gerados pela própria empresa”, informa a Cellnex, na mesma nota divulgada esta quinta-feira.

A venda das torres de telecomunicações que eram da Meo não deverá ter qualquer impacto na rede móvel da operadora em Portugal. Estes negócios que envolvem a venda das torres de telecomunicações abrangem apenas as infraestruturas metálicas onde os equipamentos são colocados, pelo que são vistos numa ótica de interesse imobiliário. Sobretudo quando vem aí o 5G, a quinta geração de redes móvel de comunicações, que vai exigir uma capilaridade maior do que a atual rede 4G.

Esse facto também é enaltecido pela Cellnex: “A Omtel gere um atrativo portefólio de infraestruturas que representam aproximadamente 25% das torres de telecomunicações do mercado português. Os contratos da Omtel com os seus clientes têm uma duração média de 20 anos com períodos adicionais de cinco anos, sendo o principal a Portugal Telecom (Meo)”, sublinha a empresa espanhola de infraestruturas.

Com este anúncio, as ações da Cellnex Telecom SA estão a valorizar 2,68% na bolsa espanhola, para 39,40 euros. Os títulos da Altice Europe somam 2,99% em Amesterdão, para 5,92 euros, num dia que já estava a ser de fortes ganhos nos mercados acionistas.

Cotação das ações da Altice Europe em Amesterdão

(Notícia atualizada pela última vez às 17h49)

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“Meo será líder em todos os segmentos”

  • ECO
  • 22 Dezembro 2019

Alexandre Fonseca, presidente executivo da Altice Portugal, revela na primeira pessoa os seus desejos para 2020, do país ao setor, passando pelo futuro da própria empresa.

O presidente executivo da Altice Portugal já delineou as metas para o próximo ano: lançar o 5G em Portugal, superar a concorrência e integrar novos produtos e serviços no portefólio da empresa, assume Alexandre Fonseca, em resposta a um desafio colocado pelo ECO.

Com o ano de 2019 na reta final, conheça os desejos do gestor para o país, para o setor das telecomunicações e para a sua própria empresa, contados na primeira pessoa pelo homem que lidera a dona da operadora Meo em Portugal.

Um desejo para o país

Mais do que um desejo, tenho uma ambição muito clara para o país que passa pelo progresso de Portugal através do acesso de todos os portugueses a tecnologia de última geração, o 5G, e pelo investimento em literacia digital. Não basta possibilitar o acesso a melhores redes e a tecnologia de ponta, é preciso garantir formação para que todos os portugueses, crianças, jovens, adultos em idade ativa e seniores consigam tirar partido dessa mesma tecnologia, para que ninguém fique de fora.

O futuro é indubitavelmente digital e, por isso mesmo, a literacia dos portugueses no que diz respeito às novas tecnologias deve fazer parte das prioridades de qualquer Governo, das instituições e da sociedade civil. Por isso mesmo, a Altice Portugal, além de cobrir o país com fibra ótica garantindo acesso, tem já projetos concretos que contribuem de forma clara e inequívoca para essa mesma literacia digital. Posso dar como exemplo o projeto de desmaterialização do processo letivo, através de tablets com conteúdos escolares entregues às escolas, ou o tour da Fundação Altice que percorre o país com demonstração de soluções tecnológicas para todas as idades.

Não podemos permitir que se repita na digitalização, o analfabetismo que Portugal viveu no passado com consequências ainda no presente. Podemos e devemos ambicionar mais, podemos e devemos estar mais bem preparados, podemos e devemos ser progresso.

Um desejo para o seu setor

Espero que 2020 traga ao setor das telecomunicações previsibilidade, sobretudo regulatória. O setor das telecomunicações é essencial para o crescimento, desenvolvimento e progresso do país e as redes e as comunicações são hoje equiparadas, pelos cidadãos, a bens de primeira necessidade. No entanto, este setor tem vindo a estar debaixo de fogo por parte do próprio regulador (Anacom) que não só nada tem feito para defender o setor como ainda tem vindo a impor decisões unilaterais que estrangulam os operadores.

Por outro lado, o mesmo regulador falha em temas da maior importância para Portugal, como na estratégia e no calendário para o 5G, tema que vai dominar o ano de 2020, já em implementação em muitos países europeus e ainda sem um rumo concreto no nosso país. Enquanto presidente executivo da Altice Portugal tenho vindo a alertar para o atraso irrecuperável que já levamos na implementação do 5G e que compromete a competitividade de Portugal, sobretudo face aos seus congéneres europeus.

Um desejo para a sua empresa

2020 vai ser o ano da liderança total na Altice Portugal. O Meo será líder em todos os segmentos, destronando o incumbente de TV e consolidando a sua posição como primeira escolha e marca de confiança dos portugueses.

Por outro lado, vamos manter a nossa estratégia de proximidade ao território e ao país, de intervenção social, promovendo a igualdade de acesso e de oportunidades, assim como proximidade interna aos nossos colaboradores e equipas, na construção da Família Altice.

Assim, o meu desejo para 2020 é continuar a percorrer este caminho externo e interno, que se tem revelado de sucesso, continuar a merecer a confiança dos nossos colaboradores e dos portugueses, a desenvolver novos produtos e serviços, inovando em todos os campos de atividade e conquistando cada vez mais pessoas.

3 desejos para 2020 é uma série de artigos a antecipar o que vai acontecer no próximo ano, nos mais variados domínios. Desafiámos políticos, empresários, gestores, advogados, reguladores, sindicatos e patrões a revelarem três desejos para o próximo ano: 1) Um desejo para o país, 2) Um desejo para o seu setor e, finalmente, 3) Um desejo para a empresa/entidade que gerem. Todos os dias, até ao final do ano, não faltarão desejos aqui no ECO.

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Meo e Nowo acusadas de cartel pela Autoridade da Concorrência

A Autoridade da Concorrência (AdC) acusou as operadoras Meo e Nowo de constituição de cartel, inflacionando os preços para os consumidores, anunciou o regulador. A Altice garante estar "inocente".

A Autoridade da Concorrência (AdC) acusou as operadoras Meo e Nowo de constituição de cartel. Segundo o regulador, as duas empresas ter-se-ão envolvido em práticas que resultaram em preços mais caros para os consumidores. Ao ECO, porém, a Altice Portugal garante que a acusação é “totalmente infundada”.

“A AdC acusou a Meo e a Nowo de terem constituído um cartel de repartição de mercado e fixação dos preços dos serviços de comunicações móveis, do qual resultaram aumentos de preços e a redução da qualidade dos serviços prestados, bem como restrições na disponibilização geográfica dos serviços, que penalizaram os consumidores em todo o território nacional”, informou o regulador, num comunicado. As duas operadoras terão, agora, um prazo para responder às acusações das autoridades.

O ECO contactou fontes oficiais da Altice Portugal e da Nowo, no sentido de obter uma reação à acusação divulgada esta sexta-feira. A Nowo ainda não reagiu à acusação da AdC. Já segundo fonte oficial da dona da Meo, a acusação da AdC não tem fundamento. A empresa está convicta da sua “inocência”.

“A Altice Portugal confirma ter recebido a decisão de inquérito dirigida também à Meo e à Nowo pela AdC alguns minutos antes de esta informação ser tornada pública nos órgãos de comunicação social”, começa por referir fonte oficial da Altice Portugal. “Conotamo-lo como um procedimento normal no âmbito de um processo já há muito do conhecimento público, sendo que, convictos da nossa inocência, reiteramos toda a nossa disponibilidade e colaboração no apuramento até à última instância da verdade, pois só essa nos interessa. Assim, a Altice Portugal refutará tudo o que não for nesse caminho”, sublinha.

“No decurso da decisão de inquérito, a nossa pronúncia será fulcral pelo que, no seu devido tempo, será remetida a esta autoridade, com toda a serenidade e tranquilidade que este processo sempre nos mereceu”, aponta a mesma fonte. Concluindo, indica que “importa referir para o cabal esclarecimento que a referida decisão de inquérito arquiva o processo contra a Altice e acusa a Meo e a Nowo, sendo também esta acusação totalmente infundada pelo que refutaremos também esta, com vista ao apuramento da verdade”.

Esta acusação surge exatamente um ano depois de o regulador liderado por Margarida Matos Rosa ter promovido buscas nas três principais operadoras. A 21 de dezembro de 2018, o ECO noticiou que a AdC encontrava-se a realizar “diligências de busca e apreensão em cinco localizações de quatro empresas de telecomunicações por suspeitas de práticas anticoncorrenciais lesivas da liberdade de escolha do consumidor”.

Na altura, fonte oficial da AdC explicou que o regulador “realiza buscas desta natureza, ao abrigo dos poderes que lhe são conferidos pela Lei da Concorrência, como meio de obtenção de prova de práticas anticoncorrenciais, não decorrendo da sua realização que as empresas visadas venham a ser objeto de condenação, nem implicando um juízo sobre a culpabilidade da sua conduta no mercado”.

Desta vez, porém, estas diligências resultaram, para já, numa acusação, visando a Meo, líder de mercado nos pacotes de telecomunicações, e a Nowo, a quarta operadora com a maior quota. Não foi possível apurar mais detalhes nem os contornos da investigação. A nota da AdC divulgada esta sexta-feira também não indica as penalizações a que estas empresas poderão estar sujeitas.

(Notícia atualizada às 18h36 com reação da Altice Portugal)

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Alexandre Fonseca: “Altice não abdica do controlo da fibra ótica”

A Altice vendeu 49,99% da rede de fibra ótica, e Alexandre Fonseca garante que a companhia vai continuar a controlar esta infraestrutura.

A Altice fechou o acordo de venda da fibra ótica à Morgan Stanley Infraestructures Partners, um processo que decorria há meses e com vários concorrentes, mas Alexandre Fonseca garante, num email enviado esta manhã de sexta-feira aos trabalhadores, a que o ECO teve acesso, que a “Altice Portugal não abdica do controlo do negócio desta infraestrutura e da sua posição dominante (mais de 50%)”.

A Altice vendeu à Morgan StanleyPInfrastructure Partners 49,99% da rede de fibra ótica que tem em território nacional, num negócio que avalia agora a rede em 4,63 mil milhões de euros. Com esta transação, que deverá estar concluída no primeiro semestre do próximo ano, a Altice espera umencaixe de 1.565 milhões de euros em 2020. Para além dos 1.565 milhões em 2020, a Altice receberá mais 375 milhões de euros em dezembro de 2021 e outros 375 milhões em dezembro de 2026, lê-se no comunicado.

No email aos trabalhadores, o presidente executivo da Altice explica esta opção. “Ao longo dos últimos meses, múltiplos operadores manifestaram interesse em utilizar as nossas infraestruturas em Portugal, num fulcral e positivo sinal quanto à importância e atratividade do mercado nacional. O interesse manifestado pela fibra ótica da Altice Portugal veio refletir o reconhecimento da estratégia do Grupo, o valor intrínseco e o prestígio do património e dos investimentos que a empresa tem realizado no País”.

Alexandre Fonseca sublinha que a Altice vai manter o controlo desta infraestrutura. “A infraestruturação do país em fibra ótica é um dos nossos eixos estratégicos para Portugal pelo que manteremos a nossa posição, de forma continuada, de sermos os maiores investidores em Portugal e o objetivo de alcançar as 5,3 Milhões de casas com fibra ótica, que vão tornar Portugal o primeiro país da Europa com cobertura praticamente integral de fibra ótica”.

Este e o maior negócio da Altice em Portugal desde que comprou a PT. “Este é um marco que vem demonstrar o potencial do País, assim como o compromisso e a capacidade da Altice em atrair investimento internacional, fundamental para a nossa liderança económica-financeira e tecnológica e também para a de Portugal”.

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Altice e Nos sobem preços em 2020. Aumento mínimo é de 50 cêntimos na Meo

As mensalidades dos pacotes da Meo vão aumentar em janeiro de 2020 ao nível da inflação. Mas a subida mínima é de 50 cêntimos, em alguns casos, acima da inflação prevista pela própria empresa.

As mensalidades da Meo vão ficar mais caras a partir de janeiro de 2020. A Altice Portugal vai voltar a atualizar os preços ao nível da inflação, mas desta vez com um referencial mínimo de 50 cêntimos, já com o IVA incluído. Ou seja, para alguns clientes, os preços poderão subir mais do que a inflação, uma vez que a empresa está a assumir uma taxa de 1% para 2020.

“A Meo procederá a uma atualização de preços em tarifários/pacotes de mensalidade, com efeitos a 1 de janeiro de 2020, de acordo com o previsto contratualmente, sendo a atualização calculada com base no Índice de Preços do Consumidor, conforme publicado em cada ano pelo INE“, afirmou ao ECO fonte oficial da operadora. No entanto, a mesma fonte indicou que o aumento terá “o valor mínimo de 50 cêntimos, com IVA incluído”.

Tendo como base de cálculo uma taxa de inflação de 1% em 2020, que foi o valor admitido ao ECO por fonte oficial da empresa, significa que uma fatura de triple play que custava 33,49 euros, por exemplo, até este mês vai passar a custar 33,99 euros já em janeiro, um aumento de 50 cêntimos. Ora, se a atualização fosse apenas feita com base na taxa de inflação prevista para o próximo ano, a fatura deveria aumentar apenas cerca de 33,78 cêntimos, para um valor final de 33,83 euros, já com o IVA.

A empresa garante que “os clientes abrangidos pela atualização de preços e condições estão a ser, ou já foram, devida e atempadamente informados, em cumprimento de todos os preceitos contratuais e legais”.

Nos também atualiza preços. Vodafone e Nowo prometem não mexer

Tal como a Meo, a Nos também admite que vai atualizar os preços ao nível da inflação, assumindo uma taxa de 1% para 2020.

Apesar de a empresa liderada por Miguel Almeida não ter respondido à pergunta do ECO, o Jornal de Negócios (acesso pago) avançou esta terça-feira, citando fonte oficial da operadora, que “os preços de alguns serviços serão atualizados, conforme previsto nas condições de serviço, em 1%, que corresponde à última taxa de inflação nacional anual publicada pelo INE”.

No caso da Vodafone Portugal, a empresa prometeu ao ECO que os preços se vão manter. “Não estão previstas alterações. À semelhança do que aconteceu no ano passado, não estão previstos aumentos generalizados de preços”, disse fonte oficial da empresa.

A Nowo também garantiu que não vai levar a cabo qualquer aumento: “A Nowo não irá ter price increase [aumento de preços] para o próximo ano”, afirmou ao ECO fonte oficial da operadora.

As atualizações de preços pelas operadoras são feitas, habitualmente, no início de cada ano, sendo que, em 2017, as operadoras decidiram não as fazer, depois de terem feito duas em 2016, por causa das compras milionárias dos direitos do futebol. A última atualização tinha sido feita em janeiro de 2019.

Subida em plena guerra de números

Este aumento dos preços surge em plena “guerra de números” entre o setor e os reguladores. Em novembro, a Apritel, a associação que representa as empresas de telecomunicações, publicou um estudo que conclui que os preços das comunicações em Portugal são até 34% mais baixos do que a média de dez Estados-membros da União Europeia (UE) com ofertas semelhantes. O estudo foi realizado pela Deloitte.

No entanto, estas conclusões seguiram a contraciclo com o que tem sido divulgado pelo Eurostat. Em junho, o organismo europeu indicou que os preços das comunicações no país são 19,7% maiores do que a média da UE. O setor justificou a discrepância com o cabaz de produtor que é usado pelo Eurostat e que, dizem as operadoras, não corresponde aos serviços que são efetivamente contratualizados pelos portugueses.

Já esta segunda-feira, a Autoridade da Concorrência (AdC) reiterou que as telecomunicações em Portugal são 20% mais caras do que na média da UE e os da internet 31% mais caros. A entidade reguladora foi ainda mais longe e criticou as fidelizações exigidas pelas operadoras.

“A atual política de fidelização reduz a fração de consumidores disponíveis para mudar de operador, reduzindo o efeito disciplinador sobre os preços de mercado, inovação e qualidade de serviço e, em resultado, os incentivos à concorrência, o que deixa os consumidores mais vulneráveis ao exercício de poder de mercado”, disse fonte da AdC.

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SIRESP já é do Estado. Governo paga sete milhões à Altice e Motorola pela rede de emergência

A SIRESP S.A. passa a ser do Estado a partir deste domingo, dia em que se efetiva o negócio fechado entre o Governo, a Altice Portugal e a Motorola este verão.

É este domingo que o SIRESP passa a ser totalmente controlado pelo Estado, depois da compra pelo Governo das participações que eram controladas pela Altice Portugal e pela Motorola, por sete milhões de euros, confirmou ao ECO fonte oficial da dona da Meo.

O Estado fica, assim, a partir de agora, com o controlo total das ações da empresa que detém a rede nacional de comunicações de emergência. Do preço a pagar pelo Estado, 5,5 milhões de euros cabem à Altice Portugal, que detinha 52,1%, enquanto os restantes 1,5 milhões cabem à Motorola, que controlava 14,90%.

Foi na quinta-feira de 13 de junho deste ano que o Conselho de Ministros aprovou a compra da totalidade da SIRESP S.A., depois semanas de negociações com as duas restantes acionistas. Em causa, uma promessa do Governo de que iria controlar o SIRESP depois das falhas registadas e que dificultaram o combate às chamadas nos grandes incêndios de 2017, incluindo o de Pedrógão Grande e os incêndios de outubro desse ano. Morreram mais de uma centena de pessoas.

Contudo, na prática, a rede vai continuar a ser mantida pela Altice e pela Motorola, enquanto fornecedoras e prestadoras de serviços externas. Em causa, uma Parceria Público-Privada (PPP) cujo fim está apenas previsto para 2021.

Como noticiou o Público em junho, os ativos da empresa SIRESP são as 451 antenas e 18 geradores da rede de redundância, os comutadores e os equipamentos das estações-base. Mas as infraestruturas em que se baseia a rede primária, o terminais e a própria tecnologia de encriptação das chamadas, conhecida por Tetra, continuam a ser fornecidas pela Altice e pela Motorola.

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“Alguém à frente da Anacom está chateado com a vida”. Principais operadoras portuguesas criticam regulador

Os líderes das principais operadoras teceram duras críticas à Anacom no debate do Estado da Nação das Comunicações, o mais importante para o setor. Clima também aqueceu entre Nos e Altice.

Os líderes das três principais operadoras aproveitaram mais um debate do Estado da Nação das Comunicações para atirar farpas ao regulador do setor, mas endureceram as posições numa altura em que o país caminha a contrarrelógio para lançar o 5G, afirmando que o país está atrasado em termos comparativos com o resto da Europa.

“Alguém à frente do regulador está chateado com a vida. É completamente autista. Estamos perante um regulador que não tem visão estratégica”, disse Alexandre Fonseca, presidente executivo da Altice Portugal, que tem encabeçado as críticas à entidade reguladora liderada por João Cadete de Matos.

“O problema é o responsável da Anacom hoje. É um líder da área de regulação que passa o tempo entretido a encontrar artefactos para puxar este setor para baixo”, considerou o gestor. A Altice Portugal já pediu ao Governo para dar início a um processo para destituir João Cadete de Matos, apesar de o cargo ser inamovível.

Alexandre Fonseca acusou também a Anacom de ter retirado Portugal da lista de membros do ETSI, o fórum internacional de standards de comunicação, “à revelia do Governo”. “Não queria, pura e simplesmente, pagar a quota”, rematou.

No mesmo painel, que é um raro momento em que os líderes das operadoras discutem o setor em público, o presidente executivo da Nos NOS 0,54% , Miguel Almeida, recuperou uma declaração passada: “Seria muito mau para o país ter um 5G coxo. Pode haver quatro ou cinco operadores com 5G, mas que nenhum deles é 5G. São quase 5G. E isso seria dramático para o país”, avisou.

A Nos foi uma das empresas que avançou para tribunal para tentar retirar à Dense Air uma licença de 5G comprada em 2010, que deveria ter sido usada em 2012, apesar de a Dense Air continuar sem atividade. “O país não pode ficar refém de uma entidade. Este é um tema de política para os próximos dez anos. Entre os nossos receios está a atribuição absurda e gratuita de espetro à chamada Dense Air, que ninguém conhece porque não tem clientes, não tem receitas, não tem colaboradores. E nunca teve”, apontou, fazendo eco das exigências deixadas à tarde pelas responsáveis de regulação no mesmo evento.

Mário Vaz, o presidente executivo da Vodafone, alertou que o 5G em Portugal está atrasado e garantiu que a posição da empresa que representa sempre foi, “desde o início”, a de que o país “não se deve atrasar relativamente à Europa”.

“É recuperável, naturalmente que sim. Mas o 5G é demasiado importante para que possa ser deixado na roda livre do regulador e associado apenas à temática das frequências. O 5G é mais do que uma evolução meramente tecnológica”, apontou Mário Vaz. Lembrou, ainda assim, que a intenção da Anacom é lançar o 5G em maio do próximo ano. O leilão das frequências deverá arrancar em abril e está em curso o processo de mudança de frequências da TDT, que ocupa a faixa dos 700 MHz, uma das mais importantes para a quinta geração de rede de comunicações.

29o Digital Business Congress - 21NOV19
O Estado da Nação das Comunicações é o debate mais importante do setor. Da esquerda para a direita: Alexandre Fonseca (Altice Portugal), Mário Vaz (Vodafone Portugal) e Miguel Almeida (Nos).Hugo Amaral/ECO

Clima aquece entre Nos e Altice

Além das críticas ao regulador, o debate ficou marcado por uma divergência entre os líderes da Nos e da Altice Portugal. Recentemente, num encontro com jornalistas, o líder da dona da Meo levantou questões em torno do número “anormal” de adições líquidas de clientes de TV da concorrente Nos no último trimestre, que passou de um segundo trimestre flat para uma subida inédita de 14.000 clientes, de acordo com dados da Altice Portugal.

Confrontado com estas informações, o ambiente ficou pesado no auditório do Centro Cultural de Belém (CCB). “Compreenderá que me abstenho de comentar declarações do meu concorrente”, disse Miguel Almeida, líder da Nos. Mas acusou o homólogo da Altice Portugal de fazer “comunicados diários” e “aparições dia sim, dia não”.

De seguida, endereçando as dúvidas da empresa concorrente, destacou: “É o maior testemunho da qualidade de trabalho dos colaboradores da Nos. É um trabalho fantástico, como os números demonstram”, rematou.

Alexandre Fonseca também não mostrou abertura para aprofundar a questão e reiterou apenas que, “nos últimos dois anos”, a Altice Portugal encurtou a distância para a Nos (líder de mercado na TV) para 0,9 pontos percentuais. “Crescemos mais do que qualquer concorrente em relação à televisão”, disse.

Mário Vaz, da Vodafone Portugal, também não ficou alheio da discussão, mas puxou da ironia: “Ninguém reparou no pico da Vodafone porque a Vodafone está sempre em pico”.

Custo do espetro em Portugal “não é positivo”

Mário Vaz, da Vodafone Portugal, aproveitou ainda o debate para criticar o modelo escolhido pelo Governo para atribuir as frequências para a rede 5G, através de um leilão. Os preços base ainda não são conhecidos, mas, à partida, o gestor aponta que o custo de participar “não é positivo”.

Quando questionado sobre o que poderiam dizer, bem ou mal, da atuação do Governo no setor, Mário Vaz começou pelos pontos negativos. O custo do espetro em Portugal “não é positivo”, reiterou. Ainda assim, apontou que é com “satisfação” que vê o Governo a assumir responsabilidade sobre a temática 5G.

Momentos antes, no congresso, o secretário de Estado Adjunto e das Comunicações não adiantou qual seria o preço base, deixando apenas a garantia de que seria inferior aos seis mil milhões que as licenças custaram na Alemanha. Mas admitiu que o valor será “superior àquilo que [as empresas] gostariam”.

(Notícia atualizada às 19h31 com mais informações)

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