Suspeitas de branqueamento de capitais congelam mais de 2,5 mil milhões de euros

  • ECO
  • 16 Fevereiro 2020

O número de operações bancárias suspensas mais do que triplicou em 2019 face ao ano anterior. Na origem da suspensão estiveram suspeitas de branqueamento de capitais ou de financiamento de terrorismo.

Suspeitas de branqueamento de capitais ou de financiamento de terrorismo levaram a Justiça portuguesa a ordenar o congelamento de mais de 2,5 mil milhões de euros no ano passado, adianta o Público (acesso pago). O número de operações bancárias suspensas mais do que triplicou em relação a 2018.

Enquanto em 2018 foram suspensas 143 operações bancárias, até 31 de outubro do ano passado já tinham sido suspensas 518. O valor das transações também atingiu maiores dimensões, sendo que o montante das operações suspensas em dólares ultrapassou o valor congelado em euros, em 2019.

As transações suspensas no ano passado atingiram o valor global de mais de dois mil milhões de dólares (cerca de 1,8 mil milhões de euros), ao que acrescem pelo menos 751 milhões em euros. Para além do aumento dos montantes congelados, também cresceram as comunicações de operações suspeitas que têm de ser transmitidas à Unidade de Informação Financeira da Polícia Judiciária e ao Departamento Central de Investigação e Ação Penal.

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Coronavírus ensombra maior feira de calçado do mundo. Portugal leva representação reduzida

Começa hoje a maior feira de calçado do mundo que reúne milhares de visitantes de mais de 30 países. Perante o perigo do coronavírus, os empresários estão preocupados e dizem que irá afetar a Micam.

Começa este domingo, em Milão, a maior feira de calçado a nível mundial, a Micam. Já vai na 89.ª edição, reúne cerca de 1.300 expositores e recebe mais de 43 mil visitantes profissionais, sendo 60% estrangeiros. No total, 69 empresas portuguesas estão representadas neste evento que decorre até quarta-feira, dia 19 de fevereiro. Portugal volta a destacar-se como a segunda maior delegação estrangeira, ao representar 12% dos expositores estrangeiros, sendo apenas superado por Espanha.

Este ano a feira é marcada pelo coronavírus que já levou ao cancelamento do Mobile World Congress em Barcelona. As empresas portuguesas que marcam presença em Milão consideram que o coronavírus vai ter um impacto negativo no evento e apontam o facto de haver muitas baixas, principalmente dos países asiáticos.

“O coranavírus está a afetar bastante até porque os nossos clientes da Ásia não vão aparecer e isso é uma baixa muito grande”, lamenta Pedro Abrantes, fundador da “As Portuguesas”. “Contarmos só com clientes europeus e americanos é muito pouco para uma feira internacional desta dimensão”, explica ao ECO.

O empresário acrescenta ainda que dois dias antes do início da Micam existiam “imensas ofertas de alojamento em Milão, o que noutras edições não aconteceria. A taxa de cancelamento foi brutal”, frisa.

“As Portuguesas”, joint venture entre a Fly London, que pertence ao grupo Kyaia, e a Corticeira Amorim, exporta 80% da sua produção e os principiais mercados são os EUA, Alemanha, Reino Unidos e países asiáticos, nomeadamente a China, Japão, Coreia, Singapura e Filipinas. “A última edição foi um sucesso para nós porque conseguimos angariar imensos clientes asiáticos e fazer bons negócios. Este ano não será assim. E para nós o impacto será brutal“, refere Pedro Abrantes.

“Dois dias antes do começo da feira recebemos um email de um cliente asiático a confirmar que não estará presente no evento porque Itália suspendeu os voos provenientes ou com destino à China”, conta, por seu turno, Hugo Ferreira, comercial da Centenário, empresa com 79 anos. Na sua avaliação o coronavírus vai afetar bastante a Micam.

A Centenário exporta 95% da produção e apesar do mercado asiático não ser o principal mercado da empresa, Hugo Ferreira sublinha que sempre tiveram muitos visitantes asiáticos no stand da Micam em anos anteriores e que este é um “mercado que tem vindo a crescer”.

Paulo Gonçalves, diretor de comunicação da Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Seus Sucedâneos (Apiccaps) tem uma opinião diferente e considera que o setor está a encarar com tranquilidade a questão do coronavírus e não foi isso que fez os empresários portugueses deixarem de marcar presença.

“Todas as empresas que estavam previstas estar na feira estão, não tivemos nenhuma desistência. Vamos ter cerca de 400 portugueses que viajam nos próximos dias para Milão e não tivemos nenhum expositor português que deixasse de viajar por esse motivo. É necessário ter cuidados e especial atenção, como tem alertado a Organização Mundial de Saúde e Direção Geral de Saúde, e esperar que tudo volte à normalidade num curto espaço de tempo”, explica ao ECO Paulo Gonçalves.

Só a comitiva portuguesa vai fazer cerca de 600 viagens de avião para estar presente neste evento internacional.

O coranavírus está a afetar bastante até porque os nossos clientes da Ásia não vão aparecer e isso é uma baixa muito grande.

Pedro Abrantes

O fundador da “As Portuguesas”

Paulo Gonçalves destaca que a grande questão é o clima de instabilidade. “O que nos preocupa em particular é o clima de incerteza, porque este ambiente é sempre prejudicial aos setores”, refere.

A China é o principal player na indústria de calçado à escala internacional. No entanto, o peso da China na produção mundial de calçado está em queda. Mesmo antes do surgimento do coronavírus, a China já estava a perder terreno. Em 2018, o crescimento da produção chinesa foi de 7% enquanto o crescimento da Índia, por exemplo, ascendeu a 25,2%.

Em 2018, a China assegurou 55,8% da produção mundial de calçado. Uma quota consideravelmente inferior à registada em 2011, que ascendia a 62,4% do total, segundo dados do World Footwear Yearbook.

Empresas que pisam a Micam pela 1ª vez também estão preocupadas

A Original Life e a Nevoa são empresas recentes que vão estrear-se na maior feira mundial de calçado. Para Vítor Magalhães, um dos fundadores da Original Life, este surto está a provocar um abrandamento a nível mundial e “vai afetar bastante a Micam, porque existem muitos clientes que não vão aparecer”, refere. Apesar de o principal mercado da Original Life ser o europeu, a marca já conta com clientes no Japão e na Coreia do Sul.

Vítor Magalhães lembra ainda que caso alguém seja infetado, a consequência de “ficar de quarentena, em Itália, é um risco que muitos não estão dispostos a correr“.

A Nevoa também é uma marca recente, que acaba de desenvolver a primeira coleção para apresentar na Micam. A fundadora Beatriz Vasconcelos está convicta que o coronavírus vai ter um impacto negativo no evento. “É um bocado assustador porque devido ao coronavírus vai muito menos gente à Micam. O nosso público-alvo não é o mercado asiático, mas sim os países nórdicos. Por isso, não acredito que vá afetar muito a Nevoa, mas acredito que irá afetar a feira em si”, refere a fundadora da Nevoa.

Para além da Micam (calçado), decorrem no mesmo período mais duas feiras internacionais em Milão: a Mipel (artigos de pele marroquinaria) e a Lineapelle (componentes de calçado). Estes três eventos internacionais vão juntar mais de 80 empresas portuguesas, responsáveis por criar 8.500 empregos e 600 milhões de euros de exportações. Paulo Gonçalves, da Associação Portuguesa do Calçado destaca que as empresas nacionais fizeram um investimento cerca de 1,5 milhões de euros para estarem presentes nesta feira.

Mercado inglês está a perder terreno. A culpa será do brexit?

O Reino Unido deixou oficialmente a União Europeia, 47 anos depois de entrar. As negociações para definir a futura relação económica e política entre a Europa e o Reino Unido vão arrancar em março. As empresas estão mais tranquilas, mas ao mesmo tempo continuam expectantes.

“Vendemos bem para o Reino Unido, no entanto a indefinição causa intranquilidade. No Reino Unido vendemos em libras, e com a queda da moeda estamos a perder margem. Esta indefinição fez com que as pessoas não comprassem tantos produtos e tivessem mais medo e incertezas. Houve, efetivamente, uma quebra grande nas vendas para o Reino Unido”, destaca Pedro Abrantes, o fundador da “As Portuguesas”.

“O mercado inglês já foi mais relevante para as empresas portuguesas do que é hoje (…) o peso relativo ao mercado inglês tem diminuído substancialmente ao longo destes últimos anos. No ano 2000 as exportações para o Reino Unido significavam cerca de 30%, hoje não chega a 7% sequer”, explica Paulo Gonçalves.

O diretor de comunicação da Associação Portuguesa do Calçado refere ainda que, segundo as informações que têm, “o setor do calçado não será penalizado nos acordos que vão ser concluídos entre a CE e o próprio Governo britânico (…) e não está previsto que as empresas portuguesas tenham que pagar algum tipo de taxas para exportar para o Reino Unido”. Todavia, explica que “se os controlos alfandegários e afins forem demorados, isso pode ter consequências para as nossas empresas e esperamos que isso não venha a acontecer”, refere Paulo Gonçalves.

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Acordo de concertação? São “mundos e fundos” para as empresas

  • ECO e Lusa
  • 15 Fevereiro 2020

Isabel Camarinha foi eleita secretária-geral da CGTP, e o discurso é o mesmo de Arménio Carlos. Atira críticas às propostas que estão em cima da mesa na concertação social e pressiona o Governo.

Isabel Camarinha já é formalmente secretária-geral da CGTP, vai participar já na segunda-feira na sua primeira reunião de Concertação Social e deixou o primeiro aviso ao Governo e às confederações patronais a propósito do acordo de rendimentos e competitividade. “É mais um pacote de mundos e fundos para as empresas, um conjunto de regras vagas com o objetivo de garantir ao patronato a contenção salarial”.

A secretária-geral da CGTP — que substitui Arménio Carlos — prometeu “intensificar a ação reivindicativa e a luta” para concretizar as prioridades da CGTP, como o aumento dos salários, considerando que as opções do Governo no Orçamento do Estado para 2020 (OE2020) “adiam a resposta aos problemas estruturais do país”.

Apesar de admitir que houve a inclusão de “medidas positivas” durante a discussão na especialidade do OE2020, a líder da intersindical sublinhou, contudo, que essas medidas vão exigir “ação e luta para que se concretizem”.

A líder sindical avisou que a CGTP não se vai “acomodar” no que respeita às normas “gravosas” da legislação laboral e que o Governo pode contar com “toda a determinação” dos trabalhadores nesse combate.

“Contem, isso sim, com a nossa luta, com a nossa mobilização, com o nosso inconformismo, que dão suporte a esta confiança na mudança possível e necessária”, afirmou Isabel Camarinha, arrancando fortes aplausos dos congressistas.

No discurso de encerramento do congresso da CTGP, Isabel Camarinha considerou que a Intersindical saiu fortalecida do congresso que terminou esta tarde no Seixal e com abertura para dinamizar a unidade na ação e intensificar a luta pelos direitos dos trabalhadores.

“Saímos deste congresso fortalecidos, com grande e genuína abertura para dinamizar a unidade na ação, com todos os que trabalham no nosso país, sejam eles de que nacionalidade forem, tenham que credo religioso tenham e mesmo os que não têm nenhum, votem em que partido votarem”, afirmou a nova líder da CGTP no encerramento do XIV Congresso da Intersindical que a elegeu como secretária-geral.

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Governo vai fazer estudo para expansão da rede de metro no Grande Porto

  • Lusa
  • 15 Fevereiro 2020

Matos Fernandes revelou que o Governo vai fazer um estudo de procura para todas as linhas de metro e metro-bus que “potencialmente” poderão ser construídas no Grande Porto.

O ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, afirmou este sábado que o Governo irá fazer um estudo de procura para todas as linhas de metro e metro-bus que “potencialmente” poderão ser construídas no Grande Porto.

“A Área Metropolitana do Porto [AMP] pediu ao Governo, na sequência do desafio lançado por este para ser a AMP a decidir sobre as linhas de expansão, que a Metro do Porto, que já tem estudos de procura com datas e metodologias diferentes, fizesse um estudo de procura para todas as potenciais linhas que poderão vir a ser potencialmente construídas”, referiu, à margem da inauguração do parque fotovoltaico da Lipor – Serviço Intermunicipalizado de Gestão de Resíduos do Grande Porto, em Gondomar, distrito do Porto.

Matos Fernandes disse ter acedido ao pedido da AMP, acrescentando que quem tem de se coordenar com as diferentes autarquias que a compõem é a AMP.

A resposta surge depois de o presidente da Câmara da Trofa, Sérgio Humberto, ter afirmado desconhecer o protocolo de expansão da rede do metro do Porto.

Já depois, o presidente da Área Metropolitana do Porto, Eduardo Vítor Rodrigues, desmentiu-o, afirmando ter enviado o documento a todos os municípios envolvidos.

Em declarações à Lusa, Sérgio Humberto assegurou desconhecer o conteúdo do protocolo de consolidação da expansão da rede, que vai ser assinado no dia 21, criticando o Governo e Eduardo Vítor Rodrigues.

“Vou estar presente, mas reajo com surpresa, porque isto nunca foi discutido na AMP, nem houve um acordo prévio que tenha envolvido todas as autarquias”, disse Sérgio Humberto, que admitiu a existência de “conversas e articulação com dois ou três presidentes de câmara” promovidas pelo “líder do Conselho Metropolitano”.

Reagindo às declarações de Sérgio Humberto, Eduardo Vítor Rodrigues fez chegar à Lusa a cópia do e-mail que, enquanto presidente da AMP, enviou aos autarcas envolvidos. Na missiva, informa que, na sequência do “repto lançado pelo ministro” do Ambiente, os oficiou “sobre a utilização dos 860 milhões de euros do Plano Nacional de Investimento para a expansão da rede do Metro, nos termos da carta anexa”.

Desses 860 milhões, 620 milhões destinam-se ao pagamento de novas linhas da Metro do Porto e 240 milhões destinam-se a soluções BTR/Metro-Bus”, refere o e-mail, indicando que “Vila Nova de Gaia é o único município que tem concursos públicos em curso para metro-bus, com orçamento exclusivamente municipal”.

“Mas todos os demais foram por mim convidados a estudar e propor soluções destas”, acrescentou.

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Catarina Martins considera “perigosa” concessão a privados do Hospital de Cascais

  • Lusa
  • 15 Fevereiro 2020

“O que o Governo tem de fazer nos próximos dias, isso sim, é cumprir o que foi feito na última legislatura e regulamentar a Lei de Bases", desafio a líder do Bloco de Esquerda.

A coordenadora do BE considerou este sábado “perigosa” a decisão do Governo de entregar a gestão de um hospital público a privados a poucos dias de acabar o prazo para regulamentação da Lei de Bases da Saúde.

“O Governo acaba de tomar uma decisão no mínimo perigosa” ao decidir abrir concurso para entregar a gestão de um hospital público [Cascais] a privados, disse Catarina Martins no final do Encontro Autárquico promovido pela distrital de Santarém do Bloco de Esquerda (BE), no Entroncamento (distrito de Santarém).

A líder bloquista lembrou o processo de criação da nova Lei de Bases da Saúde, na anterior legislatura, para reforçar “esse serviço público fundamental” e acabar com a “obrigatoriedade absurda” de caber ao Estado “proporcionar o negócio privado da saúde”.

A decisão do Governo, afirmou, não é “uma forma séria de assumir os compromissos com um dos serviços públicos mais importantes do país” e que a população “sente como fundamental”.

“O que o Governo tem de fazer nos próximos dias, isso sim, é cumprir o que foi feito na última legislatura e regulamentar a Lei de Bases, e dar segurança a todas as pessoas em todo o país se quer mesmo salvar o Serviço Nacional de Saúde”, declarou, lembrando que o partido já chamou a ministra da Saúde ao Parlamento.

Catarina Martins sublinhou que a nova Lei de Bases da Saúde é clara quanto à contratualização com privados apenas naquilo que o Estado “não é capaz de fazer”.

“Mas, o que é capaz de fazer, tem de fazer, e tem de fazer bem, e tem de garantir o acesso em todo o território e a todas as populações”, disse, referindo o papel do BE na garantia do “maior orçamento de sempre para o Serviço Nacional de Saúde, sem cativações”, no fim das taxas moderadoras nos cuidados primários, na exclusividade para os diretores de serviços, na criação do programa nacional de saúde mental, “fundamentais para que esta Lei de Bases começasse a ser cumprida”.

No discurso de encerramento do encontro, que serviu para fazer um “balanço intermédio e prioridades do mandato autárquico” e discutir a descentralização de competências para os municípios, Catarina Martins apontou como outros desafios na atual legislatura, as questões do sistema financeiro, que disse continuar sem alteração das regras apesar das sucessivas crises, e do trabalho, que, afirmou, continua precário e com salários mínimos e médios muito baixos.

Referiu ainda a questão ambiental, salientando a presença na sala de autarcas do partido que no distrito de Santarém se têm batido contra “empresas poderosas que têm ficado impunes”, apontando, nomeadamente, a necessidade de mudanças na Avaliação de Impacto Ambiental, mecanismo “refém de interesses económicos” e feito “sem a participação da população” e “sem transparência”.

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Metro de Lisboa anda há mais de uma década às voltas com a linha circular

O Parlamento travou a construção da linha circular do metro de Lisboa, mas o Governo não vai desistir. Contudo, anos depois, a expansão do metro continua sem ver a luz ao fundo do túnel.

O Metropolitano de Lisboa foi crescendo ao longo dos anos. Ganhou novas linhas e novas cores, mas há ideias que continuam sem sair do papel. Com cada vez mais utilizadores, residentes e estrangeiros que descobriram nos últimos anos Lisboa, nasceu assim, em 2009, a ideia de se criar uma linha circular no metro da capital. O sonho cresceu, mas tem sido sistematicamente travado. Mais de uma década depois, continua sem ver a luz ao fundo do túnel.

Foi em 2009 que se lançou um ambicioso plano de expansão do metro de Lisboa, que previa a construção de 30 novas estações. Seriam mais 29 quilómetros de metro, num investimento de cerca de 2,5 mil milhões de euros, de acordo com o Jornal de Notícias. Odivelas, Benfica, Amoreiras, Alcântara e Aeroporto seriam algumas das novas estações e nessa altura também se falava em estender a linha verde até ao Campo Grande, ligando-a ao Hospital Amadora Sintra, em Queluz. E, já na altura, estava pensada a criação de uma linha circular do metro, que deveria estar a funcionar até 2020.

Sete anos depois, projeto sofre alterações… e fica mais barato

Anos mais tarde, em 2016, e já com o metro a chegar à Amadora Este e à Reboleira, foi apresentado oficialmente o Plano de Desenvolvimento Operacional da Rede do Metro, com ideias trazidas do plano inicial, e outras que acabaram por cair por terra. Em maio de 2017, o Governo anunciou que a expansão do metro de Lisboa passaria por unir a estação do Rato (final da linha amarela) ao Cais do Sodré (final da linha verde), através da construção das estações da Estrela e Santos, — concretizando-se a ideia da linha circular pensada em 2009.

O plano era, então, simples: ligar o Rato ao Cais do Sodré, criando uma linha circular a partir do Campo Grande com as linhas verde e amarela, passando as restantes linhas a funcionar como radiais — linha Amarela de Odivelas a Telheiras, linha Azul (Reboleira – Santa Apolónia) e linha Vermelha (S. Sebastião – Aeroporto). Construir esta linha circular custaria 216 milhões de euros, anunciou, na altura, o ministro do Ambiente, um investimento que seria feito com recurso a fundos do Banco Europeu de Investimento (BEI).

Mas todo o plano de expansão da rede seria bem mais caro. Entre a construção de novas estações — também Amoreiras e Campo de Ourique –, remodelação das existentes — Arroios, Areeiro, Colégio Militar, Olivais e Baixa-Chiado — e aquisição de carruagens, o investimento previsto era de 484,5 milhões de euros (incluindo os 216 da linha circular). Nessa altura, o Metropolitano de Lisboa estimava que as novas estações estariam a funcionar em 2021.

Das críticas na autarquia ao primeiro travão do Parlamento

Apesar do entusiasmo do Governo, os planos de expansão da rede não conquistaram muita gente. Dias depois de o plano ter sido apresentado pelo ministro do Ambiente, em maio de 2017, durante uma Assembleia Municipal de Lisboa onde se discutiu o assunto a pedido do Bloco de Esquerda, começaram a aparecer os primeiros entraves. De acordo com o Público, à exceção do PS, todos os deputados, especialistas e cidadãos presentes mostraram-se contra a construção da linha circular, apontando os riscos e complicações que as obras trariam.

Entretanto, mais de um ano depois, em julho de 2018, foi tornado público o Estudo de Impacte Ambiental (EIA), que concluiu que a construção de uma linha circular iria levar a uma “redução significativa do uso do transporte individual”.

Depois de em julho de 2018 o Estudo de Impacte Ambiental (EIA) ter concluido que a construção de uma linha circular iria levar a uma “redução significativa do uso do transporte individual”, contrariando as críticas partidárias na autarquia, foi lançado em janeiro de 2019 o concurso público para a construção da linha circular do metro. Este acabou adiado por duas vezes, de acordo com o Jornal de Negócios. O Ministério do Ambiente e da Transição Energética estimava que as obras de expansão começassem, ainda assim, durante o ano de 2019, mas isso acabou por não acontecer.

Depois de vários travões à linha circular, com sucessivos adiamentos dos concursos para a sua contrução, o “carrossel” começou a descarrilar. Foi em junho do ano passado que, com os votos favoráveis de todos os partidos, à exceção do PS, o Parlamento aprovou uma recomendação do PSD que defendia a suspensão da linha circular e pedia mais estudos para a expansão do metro até Alcântara e Loures. Nesta altura já se apontava 2024 como data de abertura das novas estações.

À segunda, partidos suspendem a linha circular

Um novo — e mais sério — entrave à linha circular surgiu agora na discussão e votação do Orçamento do Estado para 2020. Numa maratona de votações, o Parlamento votou e, por maioria, as obras de construção da linha circular do metro de Lisboa foram suspensas. As iniciativas do PAN e do PCP determinaram ainda que, durante este ano, o Governo realize um estudo técnico que permita comparar a linha circular e uma extensão até Alcântara e que seja dada prioridade à expansão do metro para Loures.

Após este chumbo, o PS apontou o dedo aos sociais-democratas, acusando o PSD de ser responsável pelo adiamento do metro de Lisboa por três anos, pela perda de fundos comunitários e pelo pagamento de indemnizações. “Do PSD esperávamos um pouco mais”, disse o socialista Duarte Cordeiro, apontando que o estudo que a proposta prevê já existe.

Também o ministro do Ambiente e da Ação Climática considerou esta suspensão “completamente irresponsável”, “lesando profundamente a cidade”. João Pedro Matos Fernandes voltou a sublinhar a ideia de que “o estudo que foi solicitado” pelo Parlamento já “foi executado” e que levou, precisamente, “à decisão da construção” da linha circular em detrimento da expansão da linha vermelha desde São Sebastião a Campo de Ourique”. Em resposta, o deputado do PSD, Carlos Silva, afirmou que “verdadeiramente irresponsável foi o Governo quando, durante estes últimos quatro anos, vinha à Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas” e era alertado “para todos estes problemas”.

Apesar da polémica que este tema tem dado, a suspensão da linha circular conseguiu deixar, claro, a autarquia de Loures satisfeita. Para o presidente Bernardino Soares, “o importante agora é que haja uma decisão [de expansão para Loures] e se iniciem os projetos técnicos para que se possa beneficiar do próximo quadro comunitário”, disse, citado pela Lusa.

Governo não desiste. Confia no Tribunal Constitucional

Apesar desta decisão do Parlamento, o Governo não vai desistir e, tal como já tinha dado a entender, vai mesmo contestar esta suspensão da linha circular aprovada no Parlamento junto do Tribunal Constitucional (TC). Na perspetiva do Grupo Parlamentar do PS, a adjudicação e outorga de contratos administrativos, de acordo com a jurisprudência do TC, são “domínios próprios da atividade executiva” e, como tal, “da esfera puramente administrativa do Governo”.

Fernando Medina, que também se mostrou descontente com esta decisão “gravíssima” e espera que a mesma seja revertida. “A decisão que foi tomada, que espero que seja revertida no Parlamento, é uma decisão gravíssima para os interesses de todos aqueles que têm de utilizar os transportes públicos em Lisboa, os que vivem na cidade, os que vêm de fora para trabalhar. É uma decisão que, a concretizar-se, adiará por muitos anos a expansão do Metro na cidade de Lisboa”, disse o presidente da Câmara de Lisboa.

E os fundos comunitários? Afinal, perdem-se ou não?

Uma das consequências apontadas pelo Governo para esta decisão tem a ver com os fundos comunitários. Nas palavras do ministro do Ambiente, logo após a decisão do Parlamento, Portugal poderá perder 83 milhões em fundos, num total que poderá ascender a 100 milhões incluindo potenciais indemnizações a empreiteiros, uma vez que as obras teriam de estar concluídas até 2023 e, com esta suspensão, serão adiadas por três anos. “Por termos tido possibilidade de reprogramar essas verbas [comunitárias], foi possível lançar esta empreitada”, disse Matos Fernandes.

Mas, desde essas primeiras declarações, já muito se tem dito sobre uma eventual perdas de fundos comunitários, com os membros do Governo a contradizerem-se. Enquanto Matos Fernandes alertou para a perda dos 83 milhões, o ministro do Planeamento contradisse essa ideia, referindo que o país iria assegurar a 100% a execução de fundos comunitários do Portugal 2020, afastando qualquer devolução de verbas a Bruxelas.

Horas mais tarde, o Ministério do Planeamento emitiu uma nota a esclarecer que “o projeto da linha circular” do Metro de Lisboa não pode “ser substituído no PT2020 por qualquer outro relacionado com a rede de metropolitano da cidade ou de natureza equivalente”. “Efetivamente, esse eventual projeto alternativo já não será exequível no âmbito do PT2020, dada a complexidade e o grau de maturidade exigido a uma iniciativa deste tipo”, salientou. Ou seja, sem a linha circular, o apoio perde-se.

Um dia depois das declarações de Nelson Souza, na terça-feira, o ministro do Ambiente voltou a pronunciar-se sobre o assunto, afirmando que “é completamente impossível” utilizar os fundos comunitários previstos para a construção da linha circular noutro projeto da mesma dimensão. “É preciso haver um projeto, um estudo de impacto ambiental, um concurso para a obra”, pelo que “é impossível que estas verbas sejam alocadas num outro projeto com esta dimensão e com esta estrutura em Lisboa”, disse Matos Fernandes, à margem de uma audição no Parlamento.

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Exportações na Saúde atingem máximo histórico. Empresas apostam no estrangeiro

As exportações portuguesas em Saúde atingiram um máximo histórico de 1,5 mil milhões de euros em 2019. Estrangeiro ganha dimensão no volume de negócios das empresas.

O ano de 2019 foi recorde para as exportações portuguesas em Saúde. Atingiram os 1,5 mil milhões de euros, valor que representa um máximo histórico, de acordo com os dados da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (Aicep), tendo como fonte o Instituto Nacional de Estatística (INE).

O setor da saúde “representa um volume de negócios anual na ordem dos 30 mil milhões de euros e um valor acrescentado bruto de cerca de nove mil milhões, envolvendo perto de 90 mil empresas e empregando quase 300 mil pessoas”, aponta a Health Cluster Portugal (HCP), uma associação privada sem fins lucrativos, em comunicado.

A evolução positiva registada até agora “traduz o investimento persistente que tem vindo a ser feito pelas empresas nacionais na sua aposta de internacionalização”, salienta Salvador de Mello, presidente do HCP, citado em comunicado. Uma dessas empresas é a Glintt, que exporta soluções hospitalares e de farmácia.

Em 2019 – até ao 3º trimestre – o valor investido em tecnologia para o estrangeiro já valia 26% do volume de negócios da empresa, adiantou, ao ECO, o CEO da Glintt, Nuno Vasco Lopes. “São, assim, valores que ultrapassam os 21 milhões de euros por ano“, continuou.

A empresa portuguesa exporta tecnologia na área da Saúde para países como Espanha, Brasil e Angola. Para este ano, a empresa está “otimista”, tendo nos planos “continuar a apostar no posicionamento ibérico, com elevado foco em Espanha”. Neste mercado, a Glintt está a “crescer de forma inorgânica através da aquisição de empresas”, como foi o caso da Loginfar e a Farmasoft.

A farmacêutica portuguesa Bial também é uma das exportadoras nesta área. “Nos últimos dez anos, o peso das vendas nos mercados internacionais tem sido crescente, representando hoje mais de 75% do volume de negócios do grupo, que em 2019 ultrapassou os 300 milhões de euros“, adiantou fonte oficial da Bial ao ECO.

A Bial vende internacionalmente medicamentos de investigação própria, nomeadamente um medicamento para a epilepsia e um anti-parkinsoniano. Tal como a Glintt, o mercado espanhol é um dos focos, sendo que, em 2019, ocupou o primeiro lugar nas vendas do grupo. Seguiu-se Portugal e os Estados Unidos.

O HCP vê as exportações nesta área aumentar nos próximos anos. A organização, que assinou um pacto de competitividade e internacionalização para a Saúde com o Ministério da Economia, definiu como objetivo estratégico até 2025, ultrapassar os 2,5 mil milhões de euros de exportações em saúde.

No valor de exportações estão incluídas a fabricação de produtos farmacêuticos de base, a fabricação de preparações farmacêuticas, a fabricação de equipamento de radiação e eletromedicina e a fabricação de instrumentos e material médico-cirúrgico.

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Paulo Cafôfo anuncia candidatura a líder do PS/Madeira

  • Lusa
  • 15 Fevereiro 2020

O PS/Madeira tem eleições diretas para eleger o presidente do partido em 9 de maio, sendo a candidatura de Paulo Cafôfo a primeira formalizada ao cargo.

O deputado socialista no parlamento da Madeira Paulo Cafôfo apresentou este sábado a sua candidatura à liderança do PS/Madeira para “afirmar uma alternativa” política na Região Autónoma.

“Candidato-me à liderança do PS com uma convicção que estou a prestar o meu melhor contributo para afirmar uma alternativa que é capaz de mobilizar os madeirenses e porto-santenses (…) e por um dever de responsabilidade que sinto de não recuar e de manter a esperança (…) numa mudança política que vai acontecer mais cedo do que eles [PSD/CDS] pensam”, disse Paulo Cafôfo, no Funchal, na apresentação da sua candidatura, sob o lema “Avançar a Madeira pelas pessoas”.

O PS/Madeira tem eleições diretas para eleger o presidente do partido em 9 de maio, sendo esta a primeira candidatura formalizada ao cargo. A nova direção do partido será empossada no congresso marcado para 23 e 24 do mesmo mês.

Paulo Cafôfo disse haver no arquipélago da Madeira “uma maioria social” que apoia o PS e a mudança política que quer protagonizar na região. “Aquilo que nós temos de fazer é transformar essa maioria social em maioria política, é esse o desafio e só não o conseguimos porque o CDS decidiu prolongar a agonia deste regime na região”, declarou.

A Madeira é governada há 44 anos por executivos liderados pelo PSD, que nas últimas legislativas regionais, em 2019, perdeu pela primeira vez a maioria absoluta, havendo agora um governo de coligação PSD/CDS na região.

“Esta coligação do PSD e do CDS é uma fraude porque defraudou as expetativas de quem neles votou. O PSD e o CDS têm sido os protagonistas de uma perturbação social e política”, disse Paulo Cafôfo, exemplificando com a “novela” na nomeação do diretor clínico do Serviço Regional de Saúde, que levou à demissão de 33 diretores de serviços.

Paulo Cafôfo, duas vezes eleito presidente da Câmara Municipal do Funchal com o apoio do PS, encabeçou, como independente, a lista de candidatos dos socialistas às regionais de 22 de setembro passado, nas quais o partido elegeu 19 deputados, passando a ser a maior força política da oposição na Madeira.

A seguir às regionais de 2019, em novembro, Paulo Cafôfo filiou-se no PS, assumindo na altura a disponibilidade para se candidatar a líder do partido na Madeira.

Cafôfo assegurou este sábado que a sua candidatura marca “um novo ciclo no interior” do PS/Madeira que se vai concretizar ao nível da unidade e fortalecimento do partido, reforçando a sua influência política e social; nas eleições autárquicas e na afirmação dos socialistas como alternativa política na Região Autónoma da Madeira.

“O PS é um partido autonomista e é comigo, à frente do PS, que vamos refundar e aprofundar a autonomia, noutra estratégia, noutra visão para a nossa região”, garantiu, sublinhando: “Não podemos viver de uma conspiração constante inventada por parte do PSD”.

“Eu quero que haja uma construção de soluções e não uma construção de conspirações e é por isso que esta autonomia que defendo é uma autonomia que não pode servir, nem para criar medos, nem para fomentar vassalagens”, referiu. Paulo Cafôfo disse ainda que “sem decisão não há autonomia e essa decisão implica que a região e o governo desta região não se exclua de estar presente dos centros de decisão”.

“Esta autonomia é uma autonomia da responsabilidade, que serve para unir os madeirenses e não para dividir, temos de estar juntos porque os desafios implicam que todos estejamos no mesmo barco com opiniões diferentes mas não ponham madeirenses contra madeirenses”, afirmou.

Estiveram na apresentação desta candidatura o presidente da Câmara Municipal do Funchal, Miguel Gouveia, e o deputado à Assembleia da República Carlos Pereira.

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Boticas e Montalegre excluídas do concurso de pesquisa de lítio por já terem licenças

  • Lusa
  • 15 Fevereiro 2020

Em Boticas e Montalegre, duas das nove áreas identificadas como tendo grande potencial, já existem licenças de prospeção atribuídas.

O Governo não vai avançar com concurso público para a pesquisa de lítio em Boticas e Montalegre, duas das nove áreas identificadas como tendo grande potencial, por já existirem licenças de prospeção atribuídas, adiantou este sábado o ministro do Ambiente.

“Nas nove áreas que estão identificadas como tendo grande potencial para o lítio, em duas delas já há duas licenças, que ainda foram passadas pelo Governo da direita, uma em Montalegre e outra em Boticas, e, portanto, não faz sentido, sendo estas áreas razoavelmente sobreponíveis, estar a lançar um concurso público quando já estão no terreno alguns `players´ com licenças legítimas”, disse.

João Matos Fernandes falava aos jornalistas à margem da inauguração do Parque Fotovoltaico de Produção de eletricidade para Autoconsumo da Lipor, em Gondomar, distrito do Porto.

Sobre estas duas zonas do distrito de Vila Real onde já existem licenças outorgadas para a prospeção e que não serão incluídas no concurso público, sublinhou, está atualmente em curso um estudo de impacte ambiental para determinar se é possível ou não avançar com a exploração.

“Imaginem que os estudos de impacte ambiental chumbam, o que quer dizer que os valores locais a proteger são de maior relevância do que o valor que é também o valor ambiental da exploração do lítio. Como é evidente, não faz sentido com esse grau de conhecimento, se assim vier a ser, o Estado promover um concurso para essas duas zonas. Vamos ver como evolui a avaliação de impacte ambiental”, frisou.

Segundo o governante, o concurso público só avançará quando houver um decreto que “reforce bastante” as regras ambientais em sede de prospeção, as maiores exigências ambientais e a partilha de ‘royalties’ (compensações financeiras) de exploração entre a administração central e as autarquias.

O ministro do Ambiente vincou que o Governo não tem qualquer projeto mineiro para Portugal, mas quer promover a exploração do lítio e acrescentar-lhe o maior valor acrescentado possível, porque é fundamental para a descarbonização.

“Sem baterias a lítio não há computadores portáteis, não há telemóveis e não há mobilidade elétrica, que é fundamental para que Portugal atinja as metas da neutralidade carbónica”, concluiu.

Este sábado, em Viana do Castelo, os participantes numa concentração de contestação à prospeção de lítio lançaram um “clamor social” contra o que consideraram ser uma “hecatombe” e uma “ameaça” ambiental “sem precedentes” em Portugal.

À Lusa, o comissário Costa Pereira, da PSP de Viana do Castelo, disse que o protesto, organizado por cinco movimentos cívicos do Alto Minho, Minho e Trás-os-Montes, contou com a participação de “250 a 300” pessoas. Já a organização apontou mais de 400 manifestantes.

O Governo quer criar em 2020 um ‘cluster’ do lítio e da indústria das baterias e vai lançar um concurso público para atribuição de direitos de prospeção de lítio. Devem ser abrangidas as áreas de Serra d’Arga, Barro/Alvão, Seixo/Vieira, Almendra, Barca Dalva/Canhão, Argemela, Guarda, Segura e Maçoeira.

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Draghi fechou a torneira à Grécia. Lagarde admite reabri-la

Parlamento Europeu recomenda ao BCE que analise possível entrada da dívida grega no programa de compra de ativos. Presidente diz que poderá vir a acontecer se condições no país continuarem a melhorar.

O Banco Central Europeu (BCE) foi a rede de segurança dos países da Zona Euro durante a crise económica e financeira. Como grande comprador de dívida, permitiu aos países da moeda financiarem-se a custos limitados. A todos, menos um. A Grécia ficou de fora do programa de compra de ativos e assim se mantém, mas já se poderá ver o fim dessa exclusão.

O Parlamento Europeu “lamenta que o BCE ainda não tenha incluído as obrigações gregas no programa de compra de dívida pública (PSPP), apesar das melhorias da Grécia em termos de sustentabilidade da dívida e recuperação do acesso ao mercado de capitais”, aponta o relatório do órgão europeu sobre a atuação do BCE, que foi debatido esta terça-feira em Estrasburgo.

A braços com uma crise da dívida soberana, que afetava especialmente Portugal, Irlanda e Grécia, o então presidente do BCE, Mario Draghi, prometeu fazer tudo o que fosse preciso para salvar o euro. A promessa concretizou-se num mega programa de compra de ativos (ou quantitative easing), que começou em 2014 com obrigações hipotecárias, tendo sido alargado a dívida pública em 2015 e dívida privada no ano seguinte.

Se os restantes países pareciam começar a recuperar, a Grécia mantinha-se como foco de risco devido à profunda crise política e revolta social. O italiano reagiu ao agravamento do risco de uma cisão na união monetária com uma injeção de capital maior — 80 mil milhões por mês a partir de abril de 2016 –, mas com uma novidade: a Grécia ficava de fora por não ter rating de qualidade por nenhuma das agências de notação consideradas pelo BCE (nem mesmo a canadiana DBRS que manteve Portugal à tona).

Desde então, muito mudou. A Grécia é um dos países da Zona Euro com maiores cicatrizes da crise e as principais agências de rating continuam a avaliar a dívida grega como “lixo”. Mas o país já regressou ao mercado primário para emitir dívida e, em secundário, os juros das obrigações a dez anos negociaram, esta quarta-feira pela primeira vez, abaixo de 1%.

"Os vários programas de compras públicas do BCE estão sujeitos a critérios de elegibilidade e servem para benefício do Eurossistema todo e todas as pessoas da Zona Euro. Portanto, penso que assim que a Grécia alcançar esses critérios de elegibilidade, tornar-se-á instantaneamente elegível para os programas.”

Christine Lagarde

Presidente do BCE

Neste cenário, o que o Parlamento Europeu quer é que “o BCE justifique porque é que a análise de sustentabilidade das obrigações gregas — um pré-requisito para as obrigações serem incluídas no quantitative easing — ainda não foi conduzida pelo BCE”.

Christine Lagarde admitiu que “se a situação continuar a melhorar”, a dívida grega “poderá vir a ser elegível” também, mas não explicou se a análise em questão já está a ser realizada.

Na primeira reunião de política monetária liderada pela francesa, a 12 de dezembro, o tema já tinha sido abordado. Na altura, Lagarde tinha igualmente elogiado os progressos do país, mas lembrou que há regras a cumprir.

“Os vários programas de compras públicas do BCE estão sujeitos a critérios de elegibilidade e servem para benefício do Eurossistema todo e todas as pessoas da Zona Euro. Portanto, penso que assim que a Grécia alcançar esses critérios de elegibilidade, tornar-se-á instantaneamente elegível para os programas. Até lá, temos de respeitar os critérios e cumprir as regras”, dizia no final do ano passado.

Se uma das decisões pelas quais Draghi é lembrado foi o corte à Grécia, Lagarde poderá assim ser responsável por reabrir a torneira da liquidez.

O início do mandato Lagarde ficou marcado pelo facto de Draghi ter delineado, antes de abandonar o cargo, a estratégia a implementar pela sucessora, cortando a taxa de juros de depósitos e relançando as compras líquidas de dívida numa das últimas reuniões que liderou. Assim, este poderá ser um tema de distinção entre os dois.

O mesmo acontece com a revisão estratégica, que foi lançada em janeiro. É a primeira vez desde 2003 que o banco central faz este exercício, que justifica com alterações estruturais profundas na economia do euro e do mundo como a diminuição do crescimento e da produtividade, o envelhecimento da população, bem como para o legado da crise financeira que levou à adoção de instrumentos de política monetária nunca antes usados.

O Parlamento Europeu concorda com a presidente do BCE Christine Lagarde que a revisão do enquadramento de política monetária é oportuno e justificado para assegurar que o BCE tem as ferramentas certas para melhorar apoiar as políticas gerais na UE sem prejudicar o objetivo primário de manter a estabilidade de preços”, avaliou Estrasburgo. O organismo europeu aconselhou ainda o BCE a realizar uma consulta pública para envolver mais stakeholders no processo.

(A jornalista viajou a Estrasburgo a convite do Gabinete do Parlamento Europeu em Portugal)

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Condenações de Tomás Correia em risco de prescrição

  • ECO
  • 15 Fevereiro 2020

Contratempos relacionados com recursos interpostos no processo fazem aumentar o risco de prescrição dos factos imputados a Tomás Correia.

Os factos imputados a Tomás Correia, que levaram o Banco de Portugal (BdP) a aplicar ao antigo administrador do Montepio uma coima de 1,25 milhões de euros, estão em risco de prescrição, enquanto se aguarda por uma decisão do Tribunal da Relação, avança o Expresso (acesso pago).

Em setembro, o tribunal de Santarém declarou nula a nota de ilicitude emitida pelo BdP condenando o Montepio e oito antigos administradores ao pagamento de coimas no valor total de 4,9 milhões de euros, depois de um recurso dos arguidos. O BdP, por sua vez, decidiu recorrer desta decisão, bem como o Ministério Público (MP). Mas o Tribunal da Relação só pode pronunciar-se quanto a isso quando for decidido se o recurso no tribunal de Santarém tem efeito suspensivo ou não.

A questão sobre efeito suspensivo, um recurso do MP, foi colocada antes do julgamento, anulando todas as decisões tomadas a seguir. Devido a este contratempo, o tribunal terá de voltar a decidir sobre a nulidade das acusações, bem como sobre o efeito suspensivo, que determina se os arguidos têm de pagar uma caução relativa às coimas aplicadas.

Consoante a decisão do juiz, poderão surgir novos recursos que podem atrasar o processo. Neste cenário, a retoma do julgamento pode arrastar-se até ao final do verão, o que levaria à prescrição de mais factos. Já em junho do ano passado, antes de o julgamento ter começado, prescreveram alguns factos, e em dezembro aconteceu novamente, porque as condenações são relativas a factos que aconteceram entre 2009 e 2014, e o período para prescrição é de oito anos. Em 2022, os factos estão todos prescritos.

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Siza falha promessa de criar banco de fomento em 100 dias

A promessa foi feita a 30 de outubro na apresentação do programa de Governo na Assembleia da República. Os 100 dias terminaram a 6 de fevereiro. Não há explicações para o atraso.

A promessa de Pedro Siza Vieira foi clara: criar um “verdadeiro banco promocional nacional” nos primeiros 100 dias de Governo. Mas o prazo passou e não há novidades sobre a nova instituição para além das avançadas pelo ECO no início de janeiro.

“Vamos criar, finalmente, um verdadeiro banco promocional nacional a partir da integração das diversas sociedades financeiras do Ministério da Economia”, disse o ministro de Estado e da Economia, no Parlamento, durante o debate do Programa de Governo a 30 de outubro. Pedro Siza Vieira precisou, ainda na altura, que, “nos próximos 100 dias, esta nova instituição deverá estar constituída, e dotada de recursos suficientes para disponibilizar às empresas portuguesas os meios de financiamento adequados à sua transformação”. “Irá funcionar, igualmente, como um Banco Verde, apoiando os investimentos necessários ao esforço de descarbonização da Economia e ao combate às alterações climáticas”, acrescentou.

Ora os 100 dias esgotaram-se a 6 de fevereiro e do novo “banco promocional nacional” não há novidades. Questionado sobre o que motiva o atraso no projeto, o Ministério da Economia disse apenas que não há novidades.

A pouca informação que existe foi avançada pelo ECO no início de janeiro. A proposta de Pedro Siza Vieira é que a instituição que resultará da fusão da Instituição Financeira de Desenvolvimento (IFD) e da PME Investimentos na SPGM, a entidade coordenadora do Sistema Português de Garantia Mútua, se chame Banco Português de Fomento, mas o Banco de Portugal não estará muito satisfeito com essa designação.

Por outro lado, o novo Banco Português de Fomento passa a ter quatro acionistas: o IAPMEI, a Aicep, o Turismo de Portugal e a Direção Geral do Tesouro e Finanças (DGTF) que, presentemente, tem 100% do capital da IFD (100 milhões de euros). Assim, as Finanças veem diluído o seu peso já que três dos acionistas da holding estão sob a tutela do Ministério da Economia.

A instituição vai manter a sede no Porto, terá nove a 11 membros do conselho de administração e o plano inicial era manter Ana Beatriz Freitas à frente do novo banco de fomento. A antiga adjunta de Caldeira Cabral é agora a presidente do conselho de administração da SPGM, mas o ECO sabe que o nome não reúne consenso; além disso, terá sempre de passar pelo crivo do Banco de Portugal. Aliás, como todo o projeto, tal como o ECO já avançou. Por outro lado, só o conselho de administração da SPGM se mantém em funções até à nomeação de um novo board.

De acordo com as informações que o ECO reuniu não está previsto um aumento de capital da instituição.

A instituição precisa de “luz verde” do Banco de Portugal mas também da Comissão Europeia, tal como o ECO já noticiou.

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