Montepio. Prospeto para passar para ações já está na CMVM

O Montepio está prestes a passar a ser uma sociedade anónima. Em vez de unidades de participação vai passar a ter ações cotadas na bolsa. A CMVM já está a analisar o prospeto, sabe o ECO.

Carlos Costa começou por recomendar a alteração societária, mas acabou por impô-la. O Montepio vai mesmo passar a sociedade anónima, alteração que levará as unidades de participação a passarem a ações no mercado de capitais português. O processo já corre na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

O regulador do mercado de capitais português recebeu no início desta semana o prospeto que consagra a alteração, apurou o ECO. O documento vai ser agora analisado pela entidade liderada por Gabriela Figueiredo Dias. Não foi possível obter qualquer comentário sobre este processo junto da CMVM.

O processo de conversão das unidades de participação em ações vai decorrer ao mesmo tempo que se transforma o banco liderado por Félix Morgado numa sociedade anónima — tem de ser feita a alteração do registo comercial da entidade. Esta alteração, imposta pelo Banco de Portugal, é vital para a entrada de um novo acionista no capital da instituição.

O Montepio tem brilhado em bolsa. Na última semana, as unidades de participação dispararam 55%, chegando a um máximo quase desde a estreia no mercado de capitais de 95 cêntimos — os títulos foram vendidos a um euro, cada –, sendo que parte da escalada está associada à expectativa quanto à entrada de um investidor que permita dar um novo fôlego ao banco.

No seu comentário na SIC, Marques Mendes revela que “é muito provável que a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa entre no capital do Montepio”, não da Associação Mutualista, mas do banco Caixa Económica Montepio Geral.

O comentador afirma que, a acontecer este cenário, “a participação poderá chegar a 10%”, acrescentando que, ao longo desta semana, Pedro Santana Lopes, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, deverá ter uma reunião com Manuel Lemos, o Presidente da União das Misericórdias, no sentido de aferir a possibilidade de outras instituições de cariz social poderem também entrar no capital do banco.

O Público já tinha noticiado que os responsáveis da Santa Casa de Lisboa e do Montepio estiveram reunidos com o Banco de Portugal para discutirem os termos de uma parceria. O Expresso noticiou ainda que o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, estará a pressionar Pedro Santana Lopes para que este dê luz verde à entrada da instituição no capital do Montepio Geral.

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Maria Luís Albuquerque defende estudo aprofundado para evitar que Santa Casa seja prejudicada

  • Lusa
  • 5 Junho 2017

"Tentar ajudar qualquer instituição em prejuízo de outra que é também muito importante parece-me completamente irrazoável”, disse Maria Luís Albuquerque.

A ex-ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque defendeu esta segunda-feira em Madrid a realização de um estudo aprofundado ao Montepio, mas avisa que no caso de avançar, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa não deve sair prejudicada do negócio.

Suponho que vá haver um estudo adequadamente aprofundado sobre a racionalidade desse investimento”, disse Maria Luís Albuquerque, sublinhando que desconhece se já há decisões tomadas.

"Suponho que vá haver um estudo adequadamente aprofundado sobre a racionalidade desse investimento.”

Maria Luís Albuquerque

Ex-ministra das Finanças

No fim de semana, o Expresso avançou que o Banco de Portugal está a pressionar a Santa Casa para entrar no Montepio e, Marques no seu comentário semanal na Sic disse que essa participação iria chegar aos 10%. O Jornal de Negócios adianta na sua edição de hoje que “estão a ser feitas diligências, com a ajuda de consultores”, para se perceber “como poderá ser feito um possível investimento na caixa económica e se o mesmo é favorável” à instituição presidida por Pedro Santana Lopes.

“Tentar ajudar qualquer instituição em prejuízo de outra que é também muito importante parece-me completamente irrazoável”, concluiu a ex-ministra das Finanças do Governo de Pedro Passos Coelho e atual vice-presidente do PSD, realçando que está a falar “em termos abstratos”, sem se referir especificamente sobre a situação no Montepio.

"Tentar ajudar qualquer instituição em prejuízo de outra que é também muito importante parece-me completamente irrazoável.”

Maria Luís Albuquerque

Ex-ministra das Finanças

Já a presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, acusou esta segunda-feira o Governo de opacidade na eventual entrada da Santa Casa de Lisboa no Montepio, sublinhando que se trata de dinheiro público e deve ser salvaguardado o interesse dos contribuintes. “Aquilo que sentimos é uma grande opacidade, falta de explicações dadas nesta matéria, além do mais, sem se explicar às pessoas que a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa só no nome é que é semelhante às outras Santas Casas. A Santa Casa de Lisboa pertence ao Estado, pertence ao Ministério da Solidariedade”, disse.

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Dinheiro depositado pelos portugueses na banca já só rende 0,5%

Os juros dos novos depósitos subiram ligeiramente, em abril, mas a remuneração do total de dinheiro depositado pelos portugueses nos bancos baixou para um novo mínimo histórico.

Nunca o dinheiro aplicado em depósitos a prazo rendeu tão pouco. Apesar de ter ocorrido uma ligeira subida na taxa de juro média das novas aplicações a prazo realizadas em abril, a remuneração do bolo total dos depósitos estacionais pelas famílias portuguesas nos bancos caiu para um mínimo histórico, revelam dados do Banco Central Europeu (BCE).

Enquanto a taxa de juro média dos novos depósitos a prazo subiu ligeiramente face ao mínimo histórico traçado em março, ao passar dos 0,31% para 0,32%, no caso do saldo total dos depósitos observou-se mais uma quebra. Em abril, a taxa de juro do saldo de depósitos a prazo situou-se, em média, nos 0,51%. Pelo menos desde o início de 2003, período a que remonta o histórico da entidade liderada por Mario Draghi, que o dinheiro depositado pelos portugueses nos bancos nacionais não rendia tão pouco.

Juros dos depósitos em queda

Fonte: Bloomberg

A quebra da remuneração dos depósitos a prazo naquele mês dá seguimento a uma tendência que se regista já há muito tempo. Grande parte da responsabilidade por essa diminuição está na fraca apetência dos bancos em captar recursos dos seus clientes, levando-os a passar grande parte da queda da queda dos juros no mercado para as remunerações oferecidas ao retalho. Isto numa altura em que a liquidez é elevada, com a banca a centrar atenções na concessão de crédito.

Esses efeitos são de tal ordem que no espaço de um ano, a remuneração média do bolo dos depósitos caiu para metade. Os atuais 0,51% de juros brutos comparam com os 0,92% que se verificavam em abril do ano passado. À medida que o tempo passa não só as novas aplicações vão sendo remuneradas a taxas mais baixas, como ao mesmo tempo vão também vencendo os depósitos que ofereciam os juros mais elevados. Esta situação justifica o corte observado no retorno médio do saldo de depósitos existente em Portugal.

O impacto da quebra dos retornos dos depósitos a prazo reflete-se no que respeita às quantias aplicadas. Também de acordo com dados do BCE, em abril, os portugueses detinham um total de 96.491 milhões de euros aplicados em depósitos a prazo. Trata-se do patamar mais baixo desde julho de 2011, período em que este tipo de aplicações concentravam 96.139 milhões de euros.

Portugal é um dos que menos paga pelos depósitos

Quando comparado com o resto da Zona Euro, Portugal é um dos países que menos paga pelos depósitos a prazo. Apenas na Áustria, na Lituânia e em Espanha, os depósitos a prazo são remunerados a taxas de juro médias mais baixas. Na Zona Euro, os bancos espanhóis são os que menos pagam, com o saldo de aplicações a prazo a apresentar uma remuneração média de 0,22%. Ou seja, menos de metade do valor que se verifica em Portugal. Já na Áustria e na Lituânia, as taxas médias situavam-se em 0,47% e 0,4%, respetivamente, em abril.

No lado oposto surgem a Holanda e a França, onde as taxas de juro do total de depósitos a prazo superam a fasquia dos 2%. Em abril, os saldos dos depósitos eram remunerados a taxas de 2,65% e 2,52%, respetivamente, em cada um desses países. Em média, na Zona Euro a taxa média situava-se nos 1,29%.

Se para os aforadores portugueses, o nível historicamente reduzido dos juros dos depósitos é uma má notícia, o mesmo já não acontece com os bancos. Tendo em conta a realidade dos restantes países, Portugal apresenta assim um dos custos de financiamento junto do retalho mais baixos da Zona Euro. Os depósitos representam mais de metade do financiamento total dos bancos.

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EDP paga fatura pesada na bolsa

A EDP foi a história do dia nos mercados. E não pelas melhores razões para os investidores.

As ações da elétrica nacional estiveram toda a sessão sob pressão vendedora. Os títulos chegaram a afundar mais de 4% esta manhã, mas terminaram o dia com uma queda de cerca de 2%. Isto por causa das investigações em torno das compensações financeiras que foram atribuídas à EDP no passado. António Mexia, presidente da empresa, foi constituído arguido e vai explicar esta terça-feira todos os pormenores deste caso.

 

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Almofada de liquidez custa 200 milhões de euros por ano. E vale a pena

  • Margarida Peixoto
  • 5 Junho 2017

A Plataforma para o Crescimento Sustentável estima que manter uma almofada de liquidez das dimensões atuais custa cerca de 200 milhões de euros por ano. Mas vale a pena, garante.

Custa 200 milhões de euros por ano, mas este é um seguro que vale a pena pagar: é a almofada de liquidez do Tesouro da República portuguesa. As contas e o conselho são de Ricardo Santos, um dos autores do estudo “Que caminhos para a dívida pública portuguesa?“, apresentado esta segunda-feira pela Plataforma para o Crescimento Sustentável.

O think tank, presidido pelo social-democrata Jorge Moreira da Silva e criado em outubro de 2011 na sequência do pedido de resgate internacional, apresenta uma radiografia da dívida pública nacional e aponta o caminho possível para a sua gestão. Sem deixar de sugerir ideias para debater com os parceiros europeus — como é o caso dos Eurobonds — defende sobretudo uma gestão dinâmica, com recurso ao mercado para alisar a maturidade dos reembolsos e atenuar assim os riscos de gerir uma carteira com cerca de 240 mil milhões de euros.

Uma das medidas vistas como essenciais para minorar estes riscos é precisamente manter a almofada de liquidez na dimensão atual, entre os seis e os oito mil milhões de euros. Ricardo Santos fez as contas aos custos desta estratégia — “são cerca de 200 milhões de euros por ano”, estima — mas os investigadores garantem que é importante para ter como reagir a quaisquer choques externos e dificuldades de acesso aos mercados.

Até porque, como frisou Teodora Cardoso, presidente do Conselho das Finanças Públicas, durante a apresentação do Estado, “não há soluções milagrosas nem soluções muito rápidas”. O “saldo primário tem de ser mantido”, não basta “sair do Procedimento por Défice Excessivo um ano e já está resolvido; a dívida continua lá”, diz a economista. “Temos de manter um saldo primário positivo durante muitos anos”, assegura.

Luís Campos e Cunha, ex-ministro das Finanças, corrobora o argumento e afasta quaisquer ideias de reestruturação dura, em que o Estado se dirigisse aos credores para dizer que não pagará uma parte do que lhe foi emprestado. “É uma lógica absurda, infantil”, garante, indo ao encontro do que defende o estudo da Plataforma para o Crescimento Sustentável.

Posto isto, o caminho será manter a disciplina das Finanças Públicas e promover o crescimento. E aqui Jorge Braga de Macedo, que também foi ministro das Finanças, garante que o problema “não é se não de qualidade da política económica, de perseverança das reformas estruturais, de legibilidade das reformas estruturais.”

E embora os autores do estudo tivessem frisado que o objetivo não era responder ao relatório da dívida publicado pelo grupo de trabalho dinamizado pelo BE e pelo PS, foi a própria audiência que pediu um comentário às soluções propostas pelos dois relatórios. Um dos pontos de maior diferenciação entre os documentos é que a proposta da esquerda passava, entre outras medidas, por aproveitar os custos mais baixos do financiamento de curto prazo, enquanto a proposta da Plataforma para o Crescimento Sustentável, que é próxima do PSD, promove o alisamento da maturidade dos empréstimos, através do seu alargamento.

Foi Braga de Macedo quem respondeu: “Se aquele documento a primeira coisa que faz é abundar no erro que já cometemos [substituir a dívida atual por dívida de curto prazo] não devemos perder muito tempo a refutá-lo. Já uma vez houve uma gestão de dívida de curto prazo e é preciso denunciá-lo”, frisou, defendendo que foi essa gestão, levada a cabo pelo Executivo de José Sócrates, que conduziu o país às dificuldades atuais.

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Carlos Costa: “BdP não esteve envolvido” na contratação de António Domingues

O governador do Banco de Portugal garante que o banco central não esteve envolvido na contratação de António Domingues e da restante equipa. Essa função é do BCE, esclarece Carlos Costa.

Carlos Costa garante que o Banco de Portugal (BdP) “não esteve envolvido” na contratação de António Domingues nem do resto da equipa para o conselho de administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD). O governador do banco central português esclarece que esta função é do acionista do banco estatal — o Estado — e as autorizações são concedidas pelo Banco Central Europeu (BCE). Carlos Costa afirma ainda que nunca teve contactos com o Governo sobre este tema.

Governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, na comissão parlamentar de inquérito da CGDPaula Nunes/ECO

“O BdP não esteve envolvido, nem teve, no quadro das suas competências legais, qualquer intervenção no processo da contratação de António Domingues e da sua equipa, nem nas negociações que conduziram à mesma”, afirma Carlos Costa aos deputados da segunda comissão parlamentar de inquérito (CGD) à CGD criada para se tentar perceber que tipo de compromisso houve entre Mário Centeno e Domingues.

A nomeação do gestor e dos membros do conselho de administração, explica o governador, é da competência do Estado português, o seu acionista. Já as autorizações necessárias para que exerçam funções são da responsabilidade do banco liderado por Mario Draghi.

“A proposta de designação dos membros dos órgãos sociais da CGD é da responsabilidade do seu acionista — o Estado. E a autorização para o exercício de funções é, desde a entrada em funcionamento do Mecanismo Único de Supervisão, em 4 de novembro de 2014, da responsabilidade do BCE”, nota o governador.

Neste sentido, o banco central é apenas o “ponto de entrada das notificações das instituições de crédito” quando estas informam sobre a designação ou condução de um membro da administração, colabora com o BCE na recolha de toda a documentação e colabora ainda com uma equipa conjunto de supervisão — joint supervision team na avaliação da adequação dos membros. É depois feita uma proposta ao Mecanismo Único de Supervisão e a aprovação é dada pelo conselho de governadores do BCE.

A única coisa que tive ocasião de desejar foi felicidades a António Domingues quando me comunicou que tinha aceitado o convite”, responde Carlos Costa ao PS, quando questionado se se reuniu com o Governo para falar sobre este tema. O governador explica que foi a 19 de abril que o gestor informou o BdP que tinha sido convidado para ocupar a presidência da CGD. A notificação formal para efeitos de autorização deu entrada no banco central português no dia 22 de julho e, quatro semanas depois da entrada do pedido formal, o BCE comunicou a sua posição à CGD e ao BdP, esclarece.

Já em relação à idoneidade dos membros do conselho de administração da CGD, Carlos Costa explica que a prestação de informações encontra-se condicionada, porque a CGD é uma instituição bancária em plena atividade. Há, por isso, o dever de segredo profissional, afirma. “O BdP está assim obrigado a não divulgar os documentos que tenha em sua posse e digam respeito à idoneidade dos membros da CGD.”

Sobre o plano estratégico e de recapitalização da CGD, definido entre o Estado e a Comissão Europeia, Carlos Costa defende que não está coberto pelas ajudas de Estado. “O BdP foi sendo informado sobre o plano em causa em reuniões” com António Domingues e “através da troca de informações no âmbito do Mecanismo Único de Supervisão”.

O governador do Banco de Portugal é um dos nomes que estão de regresso à comissão da Caixa, em conjunto com António Domingues e Mário Centeno. Desta vez, Carlos Costa foi chamado para explicar os relatórios relativos à apreciação da idoneidade dos membros da equipa liderado por António Domingues, bem como a resposta dada pelo banco central liderado por Carlos Costa, de acordo com os pedidos entregues pelos sociais-democratas e centristas.

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Depois do BCP, sai administrador do banco na Pharol

A Pharol perdeu mais um administrador: André Navarro, nomeado pelo BCP, renunciou ao cargo não executivo, depois da venda da participação do banco na empresa.

O administrador da Pharol, nomeado pelo BCP, renunciou esta segunda-feira ao cargo. Falta saber se se mantém na Oi.PAULA NUNES/ECO

Depois da venda da participação do BCP na Pharol à High Bridge Unipessoal, o administrador não executivo nomeado pelo banco, André Cardoso Meneses Navarro, renunciou ao cargo, comunicou a empresa esta segunda-feira.

André Navarro estava no cargo desde 2 de setembro de 2015, um dia depois de ser nomeado administrador da operadora brasileira Oi, da qual a Pharol PHR 0,00% é a principal acionista. Desconhece-se, para já, se o gestor se mantém no board da operadora, ou se se seguirá a renuncia também dessa função.

Recorde-se que o BCP detinha uma posição de 6,17% na antiga PT SGPS, na sequência de uma penhora sobre a Ongoing. Esta posição foi entretanto alienada à High Bridge Unipessoal.

Desconhece-se quem está por detrás da High Bridge Unipessoal, a compradora dessa posição, tendo circulado rumores de que se poderia tratar do empresário brasileiro Nelson Tanure, que terá planos para controlar a Oi. Luís Palha da Silva, presidente da Pharol, disse ao ECO, na altura, que não tinha “mais nenhuma informação”.

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Crise diplomática no Qatar é “elemento perturbador”, diz Augusto Santos Silva

  • Lusa
  • 5 Junho 2017

Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros, considerou "um elemento perturbador" os cortes de relações diplomáticas de vários países com o Qatar.

O ministro português dos Negócios Estrangeiros qualificou, hoje em Madrid, de “perturbadora” a decisão do Bahrein, Egito, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Iémen de cortarem relações diplomáticas com o Qatar. “Haver cortes de relação entre países é sempre um elemento perturbador”, disse Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, acrescentando ser necessário uma “boa concertação política e diplomática entre todos, e não de perturbação”.

Bahrein, Egito, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos acusam o Qatar de apoiar o terrorismo e anunciaram a retirada dos diplomatas desse país dos seus territórios, a par com planos para cortar as ligações aéreas e marítimas, tendo a Arábia Saudita dado ainda conta de que também pretende encerrar a sua fronteira terrestre.

Para o chefe da diplomacia portuguesa, “este caso é ainda mais perturbador porque ocorre poucos dias depois de uma reunião de todos os países do Golfo com a nova administração norte-americana”. Desse encontro “parecia ter saído uma mensagem de unidade e de envolvimento de todos no combate ao terrorismo”, disse Augusto Santos Silva.

Na sequência dos anúncios de corte de relações diplomáticas, a coligação internacional liderada pela Arábia Saudita que intervém no Iémen anunciou a exclusão do Qatar devido ao “seu apoio ao terrorismo”. Além da Arábia Saudita, Bahrein, Egito, Emirados Árabes Unidos, integram a coligação internacional a Jordânia, Koweit, Marrocos, Paquistão e Sudão.

Este sismo diplomático tem lugar 15 dias depois de uma visita a Riade do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o qual pediu aos países muçulmanos para agirem de forma decisiva contra o extremismo religioso. Estes desenvolvimentos representam um grave revés para o Qatar que, independentemente do seu papel regional, vai acolher o Mundial de Futebol de 2022.

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EDP coloca bolsa no vermelho cinco sessões depois

Lisboa caiu mas não foi a única. Investigação na EDP deixou elétrica sob pressão vendedora. Na Europa, cautela foi a palavra de ordem antes das eleições britânicas e da reunião do BCE.

A EDP foi a principal cotada responsável pelo mau desempenho da bolsa nacional. O PSI-20 terminou esta segunda-feira com um ciclo de quatro sessões em alta. Lisboa caiu mas não caiu sozinha. O sentimento europeu também ficou marcado por alguma aversão ao risco.

O principal índice português cedeu 0,74% para 5.278,13 pontos. Foi a primeira sessão no vermelho nos últimos cinco dias. Apenas duas cotadas nacionais (CTT e Pharol) conseguiram sobreviver à maré vermelha que se verificou não só no mercado acionista nacional, como europeu. Do lado das perdas, houve sobretudo um destaque negativo: a EDP.

As ações da elétrica caíram 2,25% para 3,17 euros. Estiveram a cair mais de 4% durante a manhã. Foram castigadas com as investigações que estão em curso e que tornaram António Mexia, presidente da EDP, e João Manso Neto, presidente da EDP Renováveis, arguidos no caso das compensações financeiras no setor energético. O Ministério Público suspeita de corrupção ativa, corrupção passiva e participação económica em negócio. Mas todos os contornos desta investigação vão ser explicados esta terça-feira por Mexia.

Primeiro, o óbvio impacto negativo em termos de governação já que ter os principais responsáveis da empresa a serem investigados por suspeitas de corrupção nunca é bom”, diz Jorge Guimarães, analista do Haitong. “Em segundo lugar, há a perda de foco da gestão à medida que o processo evolui”, refere, notando que apesar de não haver restrições em torno do contacto entre Mexia e Manso Neto, “isto irá naturalmente afetar a atividade”.

Outro fator de pressão na bolsa centrou-se nas unidades da participação do Montepio. Depois das subidas acentuadas na semana passada, os títulos cederam 4,31% para 0,62 euros. Marques Mendes adiantou este domingo que a Santa Casa deverá ficar com 10% do banco da Associação Mutualista Montepio Geral.

No plano europeu, o início da semana começou com pouco apetite comprador. Os investidores apresentaram-se com alguma cautela durante toda a sessão, depois dos ataques terroristas em Londres no fim de semana, e com olhos postos nos principais eventos desta semana: as eleições no Reino Unido e reunião do Banco Central Europeu (BCE). As perdas em Madrid, Paris e Frankfurt situaram-se entre 0,1% e 0,9%.

“As bolsas europeias iniciaram a semana em baixa, apesar de o dia ter sido mais calmo em virtude do fecho das bolsas alemã e suíça. Os investidores mantêm-se expectantes em relação aos diversos eventos que se aguardam para esta semana, nomeadamente as eleições no Reino Unido e a reunião do BCE”, referiram os analistas do BPI no Comentário de Fecho.

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OPA: Invésteder ficou com 73,64% da SDC Investimentos

Já se conhecem resultados da OPA da Invésteder sobre a SDC Investimentos, de Manuel Fino: a empresa conseguiu 73,64% dos direitos de voto.

A Invésteder ficou a deter 73,64% dos direitos de voto da SDC Investimentos com a OPA lançada a 15 de maio. António Castro Henriques e Pedro Gonçalo Santos não conseguem, assim, atingir um patamar que lhes permita avançar com a aquisição potestativa das restantes ações da holding de Manuel Fino.

Recorde-se que a OPA terminou na última quinta-feira, 2 de junho. E mesmo sem o atingir do objetivo de 90% do total de 160 milhões de ações da empresa, a Invésteder já mostrou intenções de “prosseguir tento em vista a concretização, por outra via, do objetivo de perda de qualidade de sociedade aberta” da visada. A SDC Investimentos fechou a sessão desta segunda-feira a cair 11,11% para 2,4 cêntimos no PSI Geral.

Entre os objetivos da aquisição referidos pela Invésteder está a “manutenção das grandes linhas estratégicas definidas pela visada [SDC Investimentos], privilegiando a gestão e a rentabilização do património imobiliário detido”, bem como a continuação do “processo de reestruturação financeira da visada”.

A OPA foi lançada a um preço de 2,7 cêntimos por ação, tendo a Invésteder pago pelo menos 3,1 milhões de euros pela operação. “A oferente depositou junto do Banco Comercial Português [o intermediário financeiro] 4.320.000 euros correspondentes ao valor máximo a pagar como contrapartida”, lê-se na apresentação final dos resultados da OPA.

(Notícia atualizada às 16h54 com mais informação.)

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Portugal: O sucesso também traz problemas, avisa o Financial Times

O FT dá o alerta a António Costa: prevê que vem aí um novo capítulo na política portuguesa. A tensão acumula-se à esquerda e à direita e as águas deverão ficar agitadas ainda este ano.

O sucesso também traz problemas. É com este alerta a António Costa que o Financial Times inicia um artigo esta segunda-feira, onde garante que o primeiro-ministro enfrentará pressão acrescida face à crise de boas notícias que o país atravessa. A tensão está a acumular-se.

O diário britânico recorda as diversas notícias positivas que pintaram as páginas dos jornais nos últimos meses. Entre elas, a recomendação para a saída de Portugal do Procedimento por Défices Excessivos, o crescimento económico acelerado, a queda da taxa de desemprego, a redução do défice para 2% do PIB e o afundar das taxas de juro da dívida nacional.

Mas há, depois, o reverso da moeda. O Financial Times indica que os partidos e esquerda, que suportam o Governo, estão a aumentar a pressão sob os ombros do primeiro-ministro, pedindo cortes no IRS e aumentos nas pensões que “excedem de forma significativa os compromissos orçamentais de médio prazo do Governo”, lê-se no artigo. Será um teste às capacidades de António Costa de gerir o acordo com os comunistas e bloquistas.

O jornal vê António Costa como um “primeiro-ministro orgulhosamente contra a austeridade” e recorda que a reversão de algumas medidas apertadas implementadas entre 2011 e 2014, ao abrigo do programa de ajustamento, lhe trouxeram popularidade. Isso reflete-se nas sondagens, onde o PS já terá ganhado quase uma dezena de pontos desde o início da legislatura.

Em contrapartida, a oposição vê as coisas de forma diferente, sublinha o Financial Times. Pelo contrário, apontam que as boas notícias não têm nada a ver com anti-austeridade mas terão sido alcançadas à custa de cortes na despesa e no investimento público. O jornal cita mesmo Maria Luís Albuquerque, antiga ministra das Finanças no Governo de Pedro Passos Coelho, que disse que os cortes nos serviços públicos “nunca foram tão cegos e tão profundos” como o são na era de António Costa.

Face a tudo isto, o jornal conclui que Portugal deverá assistir, ao nível da política interna, novas tensões quando se iniciarem as negociações para o Orçamento do Estado do ano que vem. Um momento que coincide também com a realização de eleições autárquicas e que poderão abalar as águas já nos próximos meses.

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Não há receitas mágicas para baixar a dívida: vai dar muito trabalho

  • Margarida Peixoto
  • 5 Junho 2017

Fazer uma reestruturação dura da dívida pública é uma má ideia, defende a Plataforma para o Crescimento Sustentável. O caminho será sempre longo e duro.

Não há uma “silver bullet” para resolver o problema da dívida pública portuguesa. Baixar o rácio da dívida dos atuais 130% do PIB vai dar muito trabalho: será preciso disciplina orçamental e crescimento durante, pelo menos, mais de uma década. E os únicos caminhos que poderão atenuar o esforço português — como por exemplo as eurobonds — dependem de Bruxelas. Esta é a posição da Plataforma para o Crescimento Sustentável, um think tank presidido por Jorge Moreira da Silva, criado em outubro de 2011, na sequência do pedido de resgate à troika.

“Não há uma silver bullet e a reestruturação da dívida com haircut teria consequências negativas muito superiores às de uma solução por via da redução do endividamento”, defendeu Joaquim Sarmento, coordenador do policy paper “Que caminhos para a dívida pública portuguesa?”, num encontro com jornalistas, esta segunda-feira.

No estudo, com coautoria de Luís Bravo, Francisco Catalão, Nelson Coelho e Ricardo Santos, faz-se uma radiografia à dívida pública portuguesa, avaliam-se as consequências de uma reestruturação dura da dívida (com haircut) e propõe-se, como alternativa, um caminho de gestão dinâmica da dívida pública no mercado.

O objetivo, conforme explicou Joaquim Sarmento, não é tanto procurar ganhos de curto prazo, mas antes promover a sustentabilidade da dívida soberana. E apesar de chegar apenas cerca de um mês depois do relatório da dívida feito pelo grupo de trabalho do Bloco de Esquerda e do PS (o estudo da Plataforma estava, aliás, praticamente pronto em abril, quando os partidos apresentaram o seu relatório), os autores garantem que o objetivo não é responder às ideias da esquerda, mas antes apresentar mais contributos para o debate.

Porque não uma reestruturação com haircut?

Desde logo, pelas próprias características da dívida pública nacional. “Dos 240 mil milhões de euros de dívida pública, cerca de 105 milhões de euros estão em mãos nacionais”, explica Joaquim Sarmento. Ou seja, se fosse feita uma reestruturação com perdas para os detentores da dívida pública, uma parte significativa dos danos seria sentida internamente.

“Quase metade da dívida pública em mãos nacionais torna uma solução de haircuts com um custo brutal, não só externo, mas também interno para a poupança dos portugueses e no setor financeiro”, frisa o professor do ISEG.

Segundo o estudo da Plataforma, 44% das Obrigações do Tesouro são detidas por residentes, 38% estão nas mãos de não residentes, o Banco de Portugal tem 19% e o Banco Central Europeu tem 10%. Analisando por outro critério, verifica-se que dos tais 105 mil milhões de euros em mãos nacionais, 53 mil milhões estão nos bancos, 25 milhões é dívida que foi colocada no retalho, 8 mil milhões estão na Segurança Social e 20 mil milhões no Banco de Portugal.

Os investigadores calcularam as consequências de dois cenários de reestruturação com haircuts, concluindo que qualquer um deles teria consequências demasiado danosas:

  1. Haircut de 100% da dívida de privados: A dívida pública passaria dos atuais 130% do PIB para 83% e seria possível poupar o equivalente a 2% do PIB em juros. Contudo, as consequências esperadas pelos autores do estudo seriam a saída de Portugal dos mercados financeiros, a necessidade de recapitalizar os bancos e seria expectável um corte de 20% a 30% nos depósitos de particulares.
  2. Haircut de 100% da dívida em Obrigações do Tesouro, incluindo BCE e Banco de Portugal: Esta opção, semelhante à da Grécia de 2012, permitiria baixar o rácio da dívida para 64% do PIB e poupar 2,5% do PIB em juros. Mas para além das consequências do primeiro modelo, implicaria uma falência do Fundo de Capitalização da Segurança Social e a provável saída da zona euro, defendem os autores do documento.
  3. Reestruturação da dívida dos instrumentos europeus: Nesta solução, são considerados três caminhos. A extensão das maturidades é vista como uma possibilidade e recomendada a sua discussão para o futuro, uma vez que estes empréstimos só começam a ser pagos em 2025. O diferimento dos juros até 2025 geraria “uma ligeira folga nas necessidades brutas de financiamento”, mas frisa-se que uma redução de juros seria “praticamente impossível.” Por fim, um haircut neste tipo de dívida é visto como um passaporte para fora da zona euro.

Então o que fazer?

“Consideramos que a dívida pública portuguesa é sustentável, desde que se mantenham saldos primários e um caminho responsável”, diz Ricardo Santos. O mesmo é dizer que são precisos, pelo menos, saldos primários médios em torno de 3% do PIB nos próximos dez anos e um crescimento nominal a rondar os 3% ao ano. Valores abaixo destes, ou uma subida mais acentuada dos juros, implicaria adiar cada vez mais a redução do rácio da dívida.

Ainda assim, o economista explica que a estrutura da dívida nacional permite que a subida dos juros praticados pelos mercados leve tempo a repercutir-se nos custos de financiamento portugueses e que isso dá alguma margem de segurança à gestão da dívida portuguesa.

Além do mais, a almofada de liquidez permite acomodar, num primeiro momento, eventuais choques externos. Esta almofada “deve ser mantida nos níveis atuais”, mesmo que isso tenha custos implícitos, argumenta Ricardo Santos.

Depois, deve continuar a fazer-se uma gestão dinâmica da dívida, com a diversificação das opções de financiamento. Portugal emite agora mais para o mercado interno, o que é visto como uma boa solução uma vez que permite “diminuir o stress que possa vir de fora”, diz Ricardo Santos.

Por fim, os investigadores também validam a estratégia que tem vindo a ser levada a cabo pelo IGCP, de acelerar os reembolsos ao FMI — dívida com um juro elevado, que pode ser substituída através de novas emissões no mercado a preços mais baixos.

Do mesmo modo, deve procurar-se alisar o perfil de reembolsos para valores entre os seis e os oito mil milhões de euros por ano, para que as necessidades brutas de financiamento da República — somado o valor a financiar do défice em contabilidade pública — não ultrapasse os 10 mil milhões de euros. Isto faz-se, num primeiro momento, com os pagamentos antecipados ao FMI, e num segundo momento com operações de recompra em mercado aberto, acrescenta João Moreira Rato, ex-presidente do IGCP.

E não há mais soluções inovadoras?

Há, são os tais caminhos que poderiam aliviar os esforços, mas que dependem dos parceiros europeus. O policy paper apresenta três hipóteses para discutir em Bruxelas:

  1. Compra de OT por parte do Mecanismo Europeu de Estabilidade: O BCE poderia vender as OT portuguesas ao MEE, permitindo assim que o regresso a uma política monetária menos expansionista fosse menos penoso para Portugal. O MEE poderia refinanciar a dívida a custos mais baixos, mas esta opção teria ainda de ser acomodada pelos tratados europeus.
  2. Linha cautelar do MEE a quatro ou cinco anos: Aqui a ideia seria reforçar as ferramentas de estabilização da zona euro, transformando o programa cautelar do MEE de curto prazo num programa mais alargado, que diminuísse o ónus aos países que recorressem a esta ferramenta.
  3. Eurobonds até 60% da dívida: “Ao nível das soluções europeias, esta parece ser não só a melhor opção, mas também a mais justa para Portugal e para todos os países da área do euro”, lê-se no documento. A ideia é que apenas a dívida até aos 60% do PIB fosse mutualizada, continuando o excedente a ser da responsabilidade do Estado-membro. Mas para ser aplicada exige desde logo a criação de um tesouro europeu.

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