Petróleo avança e dá ganhos à Galp Energia. PSI-20 segue no verde

Índice de referência nacional abriu na linha de água. Os CTT continuam pressionados, tal como o grupo EDP. Já a Altri mantém o brilho da última sessão.

A bolsa de Lisboa abriu esta quarta-feira na linha de água e negociou nos primeiros minutos entre ganhos e perdas ligeiras. Enquanto as retalhistas pressionam, a Galp Energia impulsiona o índice, com um ganho de 1,02% para 13,31 euros por ação, graças aos avanços do preço do petróleo nos mercados internacionais.

O brent negociado em Londres sobe 1,57% para 66,07 dólares por barril, enquanto o crude WTI de Nova Iorque ganha 2,06% para 59 dólares por barril. A matéria-prima aproxima-se do valor mais elevado em quase um mês com a queda dos inventários de petróleo nos EUA a juntar-se à subida dos preços causada pelas tensões entre EUA e Irão.

As ações das petrolíferas são beneficiadas pelo aumento dos preços e a Galp Energia não é exceção. A cotada liderada por Carlos Gomes da Silva destaca-se positivamente no PSI-20, que abriu a valorizar 0,07% para 5.065,78 pontos. Também o BCP segue no verde (a ganhar 0,31% para 0,26 euros), tal como a Navigator (que sobe 0,25% para 3,26 euros).

Após um disparo superior a 5,3% na última sessão, ultrapassando os 5,80 euros, a Altri continua a valorizar no PSI-20. “O rally da ação foi, em parte, uma reação técnica às fortes quedas sofridas desde abril, mas também a devido a algum interesse comprador suscitado pela atratividade do seu dividend yield (cerca de 11%). Um outro fator que poderá ter impulsionado a ação foi o reforço da participação na empresa pela Livrefluxo (empresa controlada pelo empresário Domingos de Matos) para os 12,11%”, explicam os analistas do BPI.

Em sentido contrário, os CTT destacam-se pela negativa. A ação, que tem sido pressionada da ordem do regulador para que despesas do negócio postal e bancário sejam separadas, negocia num novo mínimo histórico: cai 0,98% para 2,01 euros.

Num dia em que continua a greve do setor corticeiro, a Corticeira Amorim recua 0,78% para 10,24 euros. Entre os pesos-pesados do índice, há ainda perdas da Jerónimo Martins (-0,39%), da EDP Renováveis (-0,22%) e da EDP (0,18%), que anunciou esta terça-feira um encaixe de 470 milhões de euros com venda de défice tarifário.

O vermelho não é a cor dominante nas cotadas do PSI-20, mas é generalizado nas principais praças europeias. O índice pan-europeu Stoxx 600 abriu a perder 0,1%, enquanto o francês CAC 40 cai 0,2%, o italiano FTSE MIB recua 0,22% e o britânico FTSE 100 cede 0,1%. Já o espanhol IBEX 35 avança 0,1%

O sentimento dos investidores a nível global é de espera, com o foco no encontro dos Presidentes da China e dos EUA. “A expectativa em relação ao encontro entre os Presidentes Xi Jinping e Donald Trump à margem da reunião do G20 poderá induzir alguns investidores a realizarem mais-valias. O mês de junho tem sido bastante ‘generoso’ para os mercados bolsistas europeus, contrariando a recente tendência”, acrescenta o BPI.

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Marcelo transmitiu “apoio incondicional” à PGR no combate à corrupção

  • Lusa
  • 26 Junho 2019

O Presidente da República disse ter transmitido à procuradora-geral da República, Lucília Gago, um "apoio incondicional" no combate à corrupção.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, transmitiu à procuradora-geral da República, Lucília Gago, o seu apoio ao combate à corrupção como prioridade nacional e à autonomia do Ministério Público em todas as circunstâncias.

O chefe de Estado foi ouvido pela agência Lusa a propósito da intervenção que o antigo Presidente da República António Ramalho Eanes fez na segunda-feira, em que considerou que a corrupção é “uma epidemia que grassa pela sociedade”, e do relatório do Grupo de Estados Contra a Corrupção (GRECO), que coloca Portugal como um dos países com maior atraso na implementação de medidas anticorrupção.

“Hoje mesmo tive a oportunidade de manifestar à senhora procuradora-geral da República um apoio incondicional e, mais do que isso, um incentivo, quanto ao combate à corrupção. E também lhe disse como via com apreço a crescente expressão desse combate visível nos últimos tempos por parte da atividade do Ministério Público, atividade essa visível ao longo dos últimos anos e que não tem parado de se manifestar”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa.

O Presidente da República adiantou que, em conversa telefónica com Lucília Gago, reiterou o seu entendimento de que o combate à corrupção “é, de facto uma prioridade nacional” e defendeu que “é impossível separar essa prioridade institucional do respeito estrito da autonomia do Ministério Público”.

“A Constituição consagra-o e importa em todas as circunstâncias ter presente o respeito da autonomia do Ministério Público, nomeadamente no seu estatuto legal. Incluindo o domínio do paralelismo que esse estatuto consagra já neste momento relativamente ao plano funcional, quer da magistratura, quer dos magistrados”, acrescentou.

Marcelo alerta poder político sobre “perceção externa” do combate à corrupção

O Presidente da República fez ainda um alerta ao poder político sobre a perceção do combate à corrupção em Portugal e disse esperar “empenho das várias forças político-partidárias” nesta matéria no período eleitoral.

“Não posso deixar de chamar a atenção para o relatório GRECO acabado de divulgar e que provém de uma organização independente relacionada com o Conselho da Europa, e que, de alguma maneira, ecoa a preocupação por muitas das recomendações formuladas tendo por destinatários órgãos do poder político português não terem sido, na visão dessa organização, devidamente seguidas ou adotadas na ordem jurídica interna”, declarou.

Segundo o chefe de Estado, esta “é uma matéria sensível e que deve merecer a preocupação dos destinatários, porque respeita ao domínio da prevenção e da resposta quanto à corrupção e, portanto, à perceção externa da corrupção na sociedade portuguesa”.

O Presidente da República defendeu que há que “tudo fazer para que a perceção externa sobre a corrupção em Portugal não venha a ser influenciada por insuficiente ou deficiente resposta a recomendações vindas de quem tem estudado esta matéria e tem sobre ela formulado recomendações”.

Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou, no entanto, que “em termos de indicadores de perceção internacional da corrupção, Portugal se encontra sensivelmente a meio da tabela dos países europeus, em 30.º lugar, num conjunto de mais de uma centena de países de todo o mundo, ficando vários importantes outros Estados europeus em posição mais desfavorável”.

Questionado se espera que este seja um tema em destaque na campanha para as eleições legislativas de 6 de outubro, o Presidente da República começou por referir que “ainda há iniciativas legais em apreciação neste domínio, várias”, na atual legislatura. Depois, disse esperar que “também no período eleitoral que se irá seguir, este tema, que é um tema nacional prioritário, mereça o natural empenho das várias forças político-partidárias”.

Contudo, ressalvou que neste domínio o Presidente da República apenas “pode formular um apelo” e “respeita, naturalmente, aquele que é o livre espaço da atuação dos partidos e também, obviamente, do órgão que vai ser eleito, a Assembleia da República, que é um órgão decisivo em termos políticos e legislativos também no domínio em questão”.

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Cada vez mais casas são compradas a pronto e em dinheiro

  • ECO
  • 26 Junho 2019

Apesar de estarem proibidas as transações em numerário de valor superior a 3.000 euros, o número de imóveis comprados a pronto e em dinheiro aumentou este ano.

Está a aumentar o número de transações de imobiliário feito em numerário, apesar de estarem proibidas desde 2017, avançada o Público (acesso pago). Os dados do IMPIC mostram que, entre janeiro e maio, foram reportadas transações em numerário no valor global de 22,6 milhões de euros, uma subida de 32% face ao mesmo período do ano passado e que representam menos de 1% do total.

Os dados referentes a estas transações são agora remetidos pelos agentes económicos à Unidade de Informação Financeira da Polícia Judiciária, ao Departamento Central de Investigação e Ação Penal e ao Fisco, para apreciação, isto porque as transações em numerário acima de 3.000 euros são proibidas desde 2017.

O presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária em Portugal (APEMIP), Luís Lima, garante não ter dados para saber qual a incidência deste tipo de operações em dinheiro, mas lembra “que cerca de 30% dos negócios mobiliários não são mediados, logo não são fiscalizados”. Por outro lado, o presidente da Associação dos Mediadores do Imobiliário de Portugal (Asmip), Francisco Bacelar, diz que lhe chegam “cada vez mais relatos de negócios desfeitos por tentativas desse teor”, ou seja, pagamento em numerário.

Francisco Bacelar relata mesmo um caso que aconteceu com a sua empresa. Um comprador, que sabia que só podia fazer o pagamento por cheque bancário ou visado, apareceu na escritura com uma soma em dinheiro avultada. Mas a transação avançou porque “o negócio envolvia outra aquisição por parte dos vendedores e a anulação teria prejuízos importantes”. “Mas foi tudo reportado desde os bancos onde foi depositada a verba até à nossa declaração”, garante.

Imobiliárias com novas obrigações de identificação e comunicação

Este levantamento surgem no mesmo dia em que as empresas que desenvolvam, por exemplo, atividades de mediação ou promoção imobiliária, passam a ser responsáveis pelo reporte de informação exaustiva sobre os intervenientes em transações que superem 2.500 euros mensais em contratos de arrendamento e 15.000 euros no caso de compra de imóveis.

Em causa está um regulamento de prevenção e combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento do terrorismo que abrange todas as atividades de mediação e promoção imobiliária, de arrendamento e de compra, venda ou permuta de imóveis desenvolvidas pelas entidades imobiliárias.

Entre os novos deveres inclui-se o de identificação dos clientes, independentemente de se serem particulares ou empresas, bem como dos beneficiários efetivos, isto é, as pessoas singulares ou coletivas que detêm de forma direta ou indireta.

Esta identificação do cliente deve ser feita antes do estabelecimento da relação do negócio e terá de passar pela recolha do nome, morada, nacionalidade, NIF, profissão e entidade patronal ou, no caso das empresas, da morada da sede ou sucursal ou a identificação de todos titulares com participações superiores a 5%.

A par desta identificação, as entidades com atividade imobiliária estão ainda obrigadas a ter um registo escrito das informações recolhidas, que deve ser mantido por sete anos, e a definirem modelos de gestão de risco de forma a identificar operações suspeitas de branqueamento ou de financiamento do terrorismo.

As empresas do setor com mais de cinco colaboradores passam também a estar obrigadas a ter um Responsável pelo Cumprimento Normativo (RPN).

(Notícia atualizada às 9h26 com mais informação)

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Hoje nas notícias: casas, Fisco, alunos e geringonça

  • ECO
  • 26 Junho 2019

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

Compra de casas a pronto e em cash está a aumentar apesar de ser ilegal desde 2017, enquanto o travão ao big brother do Fisco às empresas, pedido pelo PCP, tem apoio garantido do CDS e poderá ter também do PSD. As notícias do dia incluem ainda uma entrevista à comissária europeia para o Comércio, Cecília Malmström, a desigualdade social no acesso ao ensino superior e as acusações do BE a Carlos César.

Cada vez mais casas são compradas a pronto e em dinheiro

O montante das casas adquiridas em numerário aumentou para 22,6 milhões de euros nos primeiros cinco meses do ano, face aos 17,1 milhões registados no período homólogo, apesar de transações acima de três mil euros serem proibidas desde 2017. A partir desta quarta-feira entram em vigor novas regras, que obrigam as empresas que participam em atividades imobiliárias (mediação, promoção, compra e venda de imóveis) a terem de sinalizar casos suspeitos de branqueamento de capital. Leia a notícia completa no Público (acesso pago).

PCP e CDS unem-se contra acesso do Fisco a dados das empresas

O PCP está contra o diploma do Governo que prevê que as empresas tenham de enviar o ficheiro SAF-T de contabilidade à Autoridade Tributária para a entrega da declaração Informação Empresarial Simplificada (IES). A proposta comunista para travar o acesso do Fisco a estes dados deverá ser debatida esta quarta-feira no Parlamento e conta já com o apoio do CDS, enquanto o PSD deixa em aberto a posição, mas reconhece que há desproporcionalidade no nível de informação. Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago).

“Cabe a Portugal decidir a que investimento chinês dizer não”, diz Malmström

A Comissária Europeia para o Comércio, Cecília Malmström, considera que há atualmente uma “política de investimento muito agressiva por parte da China” em muitos países e que, em parte, estes são bem-vindos já que criam novos empregos e oportunidades. No entanto, vê com preocupação o facto de a China estar focada em investimentos e infraestruturas “críticas”. Acrescenta que não tem de ser a Comissão Europeia a decidir o que é bom ou mau. “Cabe ao Governo português decidir ao que dizer não e o que avaliar. A Comissão não pode dizer sim ou não a investimentos individuais”, sublinhou. Leia a entrevista completa no Jornal de Negócios (acesso pago).

Alunos mais pobres de fora dos cursos superiores com notas mais altas

Os cursos superiores com notas de acesso mais elevadas e associados a saídas profissionais com maior prestígio são tendencialmente vedados a alunos mais pobres. As vagas disponíveis em Medicina, Direito ou Engenharia são dominadas por estudantes de famílias mais ricas, segundo concluiu o estudo A Equidade no Acesso ao Ensino Superior do think tank Edulog, da Fundação Belmiro de Azevedo, a que o Jornal de Notícias e o Público tiveram acesso. Os alunos mais pobres vão sobretudo para institutos politécnicos. Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (acesso pago) ou no Público (acesso pago).

BE acusa Carlos César de querer “estilhaçar” a geringonça

O líder parlamentar do PS criticou o Bloco de Esquerda a propósito da Lei de Bases da Saúde, dizendo que o partido não manda no país, e apelou ao voto no PS para que o partido possa governar sozinho. O dirigente do Bloco de Esquerda, José Gusmão, respondeu esta sexta-feira aos comentários, dizendo que Carlos César quer “estilhaçar” a geringonça e que esta é uma tentativa de “destruir quaisquer hipóteses de entendimentos” entre os dois partidos no futuro. Leia a notícia completa no i (acesso pago).

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Cecilia Malmström: Investimento chinês “pode ser motivo de preocupação”

  • ECO
  • 26 Junho 2019

A comissária Cecilia Malmström alertou que a China se foca em investimentos em infraestruturas críticas e que isso "pode ser motivo de preocupação".

A comissária europeia Cecilia Malmström reconhece que os investimento chineses em países como Portugal “trazem novos empregos” e “novas oportunidades”, mas alertou que a política da China tem sido a de investir em “infraestruturas críticas”. E isso “pode ser motivo de preocupação”.

Numa entrevista ao Jornal de Negócios (acesso pago), a comissária com o pelouro do comércio assumiu que a China tem perseguido “uma política de investimento muito agressiva” em “muitos países”. Mas reconheceu que Bruxelas não pode dizer aos Estados-membros que investimentos são bons ou maus.

“Cabe ao Governo português decidir ao que dizer não e o que avaliar. A Comissão não pode dizer sim ou não a investimentos individuais. Mas faz sentido olhar para isto um pouco mais de perto, porque é uma estratégia bastante consistente dos chineses em investir em infraestruturas muito críticas e é preciso estar atento a que podem existir consequências”, disse. “É uma decisão que tem de ser tomada em Lisboa”, reiterou.

Malmström, na mesma entrevista, avançou ainda que o acordo comercial com o Vietname está prestes a ser assinado e que as negociações com o Mercosul estão no bom caminho. “Espero que no final do mês consigamos assinar o acordo com o Vietname, abrindo um grande mercado de 90 milhões de pessoas. Estamos a negociar muitos outros acordos. Estamos muito avançados com o Mercosul”, assumiu.

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PCP e direita contra acesso do Fisco a todos os dados empresariais

  • ECO
  • 26 Junho 2019

Dados sobre clientes, faturação, notas de cobrança, etc vão ser usados pelo Fisco, a partir de 2020, para preencher a Informação Empresarial Simplificada. Para PCP, CDS e PSD são dados a mais.

A quantidade de informação das empresas a que o Fisco quer ter acesso colocou lado a lado PCP, PSD e CDS. O Parlamento vai discutir esta quarta-feira o pedido de apreciação parlamentar dos comunistas do diploma que faz depender a entrega da declaração Informação Empresarial Simplificada (IES) do envio do ficheiro de contabilidade SAF-T, que contém toda a informação contabilística das empresas. E a direita também está contra este excesso de informação nas mãos do Fisco.

“Com o SAF-T, o Fisco terá dados sobre política de preços e de descontos das empresas, exemplifica o deputado comunista. “Estão em causa direitos dos cidadãos”, defende o deputado do PCP, Duarte Alves, em declarações ao Jornal de Negócios (acesso pago). Mas há mais: dados sobre clientes, faturação, notas de cobrança, etc vão ser usados pelo Fisco, a partir de 2020, para preencher a Informação Empresarial Simplificada.

Há “um grau de concentração de informação na Autoridade Tributária que não é necessário para simplificar o processo. Vai além disso”, acrescenta o deputado comunista. Uma preocupação partilhada com o PSD que também considera o volume de informação exigido “desproporcional”. Os social-democratas mostram “alguma apreensão” com a matéria e admitem estudar formas para “atenuar os efeitos desta desproporcionalidade de informação”, disse ao Jornal de Negócios o deputado Leitão Amaro.

O CDS também já admitiu “estar de acordo” com o PCP nesta matéria. “É um verdadeiro big brother fiscal, passando o Fisco a saber informação que, em alguns casos, nem os acionistas vão ter. Isto sem qualquer suspeita de incumprimento dos contribuintes, é uma obrigação genérica”, disse Cecília Meireles numa discussão no plenário na semana passada.

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Vão desaparecer mais de 400 mil empregos no Norte até 2030. E a culpa é dos robôs

Até 2030, os robôs vão roubar 421 mil empregos aos humanos que trabalham na zona Norte do país. Contudo, o processo de automação também deverá trazer a criação de 227 mil novos postos de trabalho.

É impossível negar: a automação vai, de facto, mudar o futuro do trabalho. Qual o verdadeiro impacto disto é que ainda não se sabe ao certo, mas entre postos de trabalho que irão desaparecer e empregos que serão criados, a Confederação Empresarial de Portugal (CIP) avança com algumas previsões. Até 2030, vão ser perdidos 421 mil postos de trabalho só na zona Norte, sobretudo no setor da manufatura.

De acordo com o relatório divulgado, esta quarta-feira, pela CIP, a zona Norte de Portugal enfrenta um saldo negativo face à automatização das atividades profissionais. Por um lado, a entidade prevê que desapareçam 421 mil empregos, mas, por outro — mais otimista — estima que sejam criados 227 mil novos postos de trabalho.

Contas feitas, prevê-se uma destruição líquida de cerca de 190 mil empregos, consequência da automação. Para António Saraiva, presidente da CIP, este número não tem “forçosamente” de se vir a concretizar. “O mérito deste estudo é, precisamente, despertar as consciências (entidades, empresas, Governo, sindicatos, os vários atores) para refletirem que, se nada for feito, o cenário mais provável é este“, afirma em declarações ao ECO.

Em maior detalhe, o relatório indica o setor os têxteis (dentro da manufatura) como a área mais afetada pela automação, em termos de perda de postos de trabalho, representando “metade das perdas”, pode ler-se no relatório da CIP.

Perda de postos de trabalho para a automação na zona NorteCIP

Em contrapartida, na área farmacêutica, as perdas serão quase inexpressivas. Uma discrepância que António Saraiva explica com a “própria especificidade do setor”. “Metade deste problema será no têxtil porque é um setor manual, muito especializado”, afirma.

"Metade deste problema será no têxtil porque é um setor manual, muito especializado.”

António Saraiva

Presidente da CIP

“Setores de mão-de-obra intensiva e pouco especializada têm maior necessidade de adaptação. Nestas, facilmente a robótica substitui o ser humano, ao contrário daquelas que já adotaram tecnologias mais sofisticadas, como é o caso da indústria farmacêutica”, acrescenta o presidente da CIP.

As fracas habilitações da maioria dos trabalhadores do setor da manufatura (65% tem baixas qualificações), bem como a idade mais avançada (55% tem entre 30 e 49 anos) não deixa de ser um fator que “pode introduzir alguma dificuldade” no processo de requalificação. Mas António Saraiva mostra-se otimista quanto a isto: “Recuso-me a pensar que hoje, no tempo mais moderno em que vivemos, as pessoas tenham ainda essas dificuldades como tiveram no passado na adaptação aos computadores, por exemplo. Há, obviamente, algum grau de complexidade, mas hoje é muito menor”.

Uma trilogia chamada requalificação

Para mitigar a eliminação de postos de trabalho, António Saraiva aponta, precisamente, a aposta na requalificação dos recursos humanos como o caminho. De acordo com o relatório da CIP, só na zona Norte, “234 mil trabalhadores necessitarão de se requalificar (14% da força de trabalho)”. “Só com a requalificação das qualificações é que este cenário pode ser alterado”, detalha o presidente da Confederação Empresarial de Portugal.

"Há já trabalho feito, mas tem de ser acelerado. Isto porque a mudança é veloz e nós temos de acompanhar a velocidade.”

António Saraiva

Presidente da CIP

As empresas, sendo “as principais beneficiárias” da requalificação dos trabalhadores, devem marcar o passo. E, para António Saraiva, o ritmo tem de ser muito mais rápido. “Há já trabalho feito, mas tem de ser acelerado. Isto porque a mudança é veloz e nós temos de acompanhar a velocidade”, refere.

Mas não são só as empresas a fazer parte desta equação. A requalificação de recursos “não deixa de ser um desígnio nacional onde o Estado, através do Governo, terá de ser envolvido”. “O país também sai beneficiado com trabalhadores mais qualificados. Não se pode deixar isso apenas às empresas“, sustenta.

De acordo com o estudo da CIP, os educadores são o último elemento desta trilogia. Se, por um lado, o Governo deve “consciencializar, informar e mobilizar todos os agentes da mudança” e os empregadores devem “planear a força de trabalho, executando iniciativas de requalificação”, por outro, os educadores têm a missão de “adotar novas estruturas de cursos e aumentar o foco em treino baseado em competências”.

As vantagens de requalificar são, para António Saraiva, evidentes. Tendo em conta que, segundo a CIP, o investimento em requalificações tem o retorno de um para sete, “em termos empresariais, isto diz tudo”, remata António Saraiva. “Menores pagamentos com demissões”, “não precisa de contratar novos trabalhadores ao preço de mercado”, “menor mismatch entre tarefas e skills” e o aumento da “pool de trabalhadores para novas tarefas” são algumas das vantagens para os empregadores resultantes da vaga de requalificações que a CIP destaca no estudo.

Ainda assim, nota-se que requalificar os trabalhadores pesa sobre as contas das empresas, uma vez que esses colaboradores têm de “deixar de produzir” em períodos de formação, sendo ainda previsível que se verifiquem “aumentos salariais”. A avaliação geral diz, contudo, que “uma melhoria das qualificações de 10% da força de trabalho está associada a um aumento de produtividade entre 4% e 11% por setor de atividade”.

Do lado do Governo, a CIP defende a adoção de subsídios à formação, salientando que a requalificação da força de trabalho deverá resultar em “menores pagamentos de subsídios ao desemprego” e num “maior crescimento económico” do país.

Finalmente, para o trabalhador, o alvo da requalificação, os benefícios prendem-se com “mais oportunidades de emprego, aumento de salário, fazer tarefas menos repetitivas e maior satisfação com o emprego”.

Este relatório sobre o impacto da automação na zona Norte do país surge na sequência do estudo publicado em janeiro sobre o impacto da automação em todo o país e de um outro publicado em maio, que incidia sobre a zona Sul de Portugal. Recorde-se que, de acordo com o relatório que avaliava a situação global do país, metade das horas trabalhadas em Portugal são suscetíveis de serem substituídas por processos automatizados. Em contrapartida, poderão vir a ser criados entre 600 mil e 1,1 milhões novos postos de trabalho.

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5 coisas que vão marcar o dia

Esta quarta-feira, entram em vigor novas obrigações para imobiliárias e Ramada e Altri pagam dividendos. O dia fica ainda marcado pela audição de vários ministros na AR e por relatórios de BdP e CMVM.

O dia será agitado para os lados da Assembleia da República, com os deputados a dar especial atenção aos ministérios do Trabalho e das Finanças. A sustentabilidade da Segurança Social e os atrasos na atribuição de pensões serão abordados numa audição com o Ministro do Trabalho, enquanto o Ministro das Finanças foi convocado para duas audições quase em simultâneo em diferentes comissões. Os deputados vão ainda iniciar a apreciação dos projetos para combater familygates. Saindo do Parlamento e indo até aos mercados, é de destacar que a Ramada e a Altri pagam hoje dividendos, enquanto que em termos legislativos as atenções se viram para as imobiliárias que passam a estar sujeitas a novas obrigações.

F. Ramada e Altri pagam dividendos

A Altri e a Ramada Investimentos começam esta quarta-feira a pagar aos acionistas os dividendos relativos ao exercício de 2018, ano em que lucraram 194,5 milhões de euros e 69,7 milhões de euros, respetivamente. Os títulos das duas empresas já negoceiam desde segunda-feira sem direito a dividendo, o que se refletiu de imediato nas suas cotações. A Ramada vai distribuir um dividendo de 0,60 euros por ação, que soma a um dividendo extraordinário de 1,15 euros pago em dezembro, e a Altri distribui 0,72 euros por título.

Imobiliárias com novas regras

As entidades que exercem atividades imobiliárias têm a partir de esta quarta-feira novas obrigações de identificação, controlo e comunicação de operações de compra, arrendamento, venda ou permuta de imóveis. Em causa está um regulamento de prevenção e combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento do terrorismo que abrange todas as atividades dentro deste setor e que entra agora em vigor.

CMVM e BdP divulgam relatórios

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) divulga esta quarta-feira o relatório anual das atividades de supervisão desenvolvidas ao longo do ano passado, documento onde o supervisor acaba por abordar sempre alguns dos temas mais ‘quentes’ associados aos mercados. Além da CMVM, também o supervisor financeiro, Banco de Portugal, vai atualizar os números do endividamento da economia portuguesa.

Vaga de ministros no Parlamento

Mário Centeno tem duas audições no Parlamento esta manhã. Para as 9h, foi convocado para ser ouvido na Comissão de Assuntos Europeus e às 10h30 já terá a Comissão de Orçamento e Finanças à sua espera para uma audição regimental. Mas além do Ministro das Finanças, também o Ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e a Ministra da Justiça vão marcar presença na Assembleia da República, o primeiro para explicar os atrasos na atribuição de pensões e a segunda para uma audição regimental.

Transparência e familygate

A Comissão Eventual para o Reforço da Transparência no Exercício de Funções Públicas da Assembleia da República vai reunir ao final da tarde para apreciar a proposta do PS para o estabelecimento de limitações e regras de publicidade suplementar a nomeações para os gabinetes de apoio aos titulares de cargos políticos. Este é apenas uma das propostas preparadas pelos partidos para a definição destas regras, depois de várias notícias terem dado conta da nomeação de familiares de ministros ou de outros titulares de cargos públicos por gabinetes socialistas.

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“Recebeu dinheiro de Vale do Lobo?” As 90 perguntas a Sócrates no inquérito da Caixa

De Joe Berardo a Vale do Lobo, passando pela guerra acionista no BCP. Afinal, qual foi o papel de José Sócrates no sistema bancário quando era primeiro-ministro? É o que os deputados querem saber.

Falou com Joe Berardo para pedir dinheiro à Caixa Geral de Depósitos (CGD)? O seu governo deu alguma orientação à Caixa para financiar a La Seda? Recebeu dinheiro de Vale do Lobo? Ficou aliviado ou preocupado com saída de Vara para o BCP? Fez parte do “triunvirato” que deu a bênção à guerra no BCP, como disse Filipe Pinhal no Parlamento?

São cerca de 90 as questões que os deputados do PS, PSD e Bloco de Esquerda na comissão parlamentar de inquérito à recapitalização e gestão da CGD enviaram ao antigo primeiro-ministro socialista José Sócrates. PCP e CDS não colocaram questões ao antigo governante.

Deu alguma orientação à Caixa em relação à La Seda?

A história entre a CGD e os catalães da La Seda foi uma das novelas quentes da comissão. O banco entrou para o capital da La Seda em 2006 com o objetivo de influenciar as decisões de investimento, nomeadamente de trazer uma unidade de produção de PTA para Sines, a Artlant. A fábrica teve o selo PIN (Potencial Interesse Nacional) do governo de Sócrates, mas revelou-se um desastre para o banco público. Há poucos dias, questionado pelo deputado socialista João Paulo Correia as razões que levaram a CGD a “acelerar” o investimento na La Seda quando já se sabia da existência de problemas, Faria de Oliveira, antigo presidente da Caixa respondeu-lhe de forma assertiva: “Porque foi objetivo do seu governo”.

Não há perguntas concretas da parte do grupo parlamentar do PS sobre a aventura da Caixa na La Seda, nem sobre Vale do Lobo. Sobre estes temas, os deputados socialistas confrontaram o antigo primeiro-ministro com uma questão genérica: “Alguma vez, usando da posição de acionista da CGD, sugeriu ou deu indicações por via direta ou indireta à administração do banco para que financiasse operações específicas?” Mas PSD e Bloco de Esquerda não deixaram o tema da La Seda cair no esquecimento.

“Qual foi o envolvimento do seu Governo no projeto La Seda/Artlant? Alguma vez entrou diretamente em contacto com algum administrador da CGD sobre o projeto Artlant? Reuniu como promotores do projeto?”, são as três perguntas dos bloquistas.

O PSD também formulou estas questões a Sócrates e deixou mais algumas com alvos políticos muitos específicos: “Teve conhecimento de que Matos Gil se reuniu com a Caixa BI para falar sobre este projeto, referindo que estava ali em nome do ministro Manuel Pinho? Confirma que, conforme referiu Faria de Oliveira a esta comissão, a aceleração do processo de financiamento para a La Seda se deveu à vontade do Governo? Como comenta o que revelou Faria de Oliveira nesta comissão, que foi instado pelo seu Governo e por Vieira da Silva (ministro da Economia) para a CGD financiar este projeto?”

Enfeitiçou Joe Berardo?

Quando foi ao Parlamento, Filipe Pinhal contou que Joe Berardo lhe tinha dito que alguém o havia enfeitiçado no sentido de comprar ações do BCP, e sugeriu que a pessoa de quem o comendador falava era José Sócrates. Pinhal também disse que o ex-primeiro-ministro fez parte do “triunvirato” que deu a bênção ao assalto acionista no BCP, no verão de 2007, juntamente com o então ministro das Finanças Teixeira dos Santos, e o ex-governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio.

Neste tema, o PS perguntou a José Sócrates se “alguma vez sugeriu ao sr. Comendador José Berardo que diligenciasse junto da CGD com o intuito de obter financiamento que lhe permitisse aumentar a sua posição acionista no BCP?”

PSD e Bloco de Esquerda questionaram Sócrates sobre se alguma vez falou e reuniu com Berardo. Os sociais-democratas foram, mais uma vez, mais extensos nas questões, tentando obter informações acerca da negociação do acordo de comodato entre o Estado e o comendador em torno da desejada Coleção Berardo, que os bancos tanto procuram para fazer face às perdas de 1.000 milhões de euros com empréstimos a sociedades do universo do empresário madeirense.

Questões dos sociais-democratas: “O primeiro empréstimo da CGD ao Sr. José Berardo ocorreu duas semanas antes da assinatura do protocolo firmado pelo governo relativamente à Coleção Berardo. O Eng. José Sócrates sabia do processo de empréstimo da CGD à Sociedade Metalgest, detida por José Berardo? A negociação da CGD com a Metalgest e a negociação do Governo que liderou com o Sr. Berardo foram totalmente independentes ou decorreram em bloco?”

Recebeu dinheiro de Vale do Lobo?

José Sócrates é um dos arguidos da Operação Marques, um processo que junta também o projeto do empreendimento turístico de Vale do Lobo, os seus promotores, Armando Vara, entre outros. Embora o antigo primeiro-ministro se possa escudar no facto de se tratar de um caso que está na justiça, PSD e Bloco foram diretos ao assunto: “Alguma vez recebeu qualquer transferência monetária proveniente de promotores do projeto de Vale do Lobo?” A pergunta é dos bloquistas, mas os sociais-democratas também a fazem alargando o leque de possibilidades. “O Sr. Engenheiro recebeu quantias monetárias ou outros bens por parte do Grupo BES, Grupo Lena ou Vale do Lobo?”, questiona o grupo parlamentar PSD

As perguntas dos dois partidos são semelhantes: “Como e quando teve conhecimento do projeto de Vale do Lobo? Alguma vez contactou com qualquer administrador da CGD ou promotor do projeto Vale do Lobo sobre o mesmo?”

Mais uma vez, o grupo parlamentar do PSD tenta explorar o tema. Deixou a questão: “O dr. Armando Vara funcionava como comissário político na administração da CGD?

Ficou aliviado com saída de Vara para o BCP?

Outro tema que ocupou o inquérito a antigos responsáveis da Caixa: Carlos Santos Ferreira e a sua equipa, nomeadamente o administrador Armando Vara, num mandato que a auditoria da EY identificou como o mais ruinoso em termos de perdas de crédito na Caixa. Ainda hoje o ex-ministro das Finanças Teixeira dos Santos não se arrepende de ter nomeado os dois para a administração do banco público, conforme disse no Parlamento na semana passada.

Os socialistas querem agora saber o papel de Sócrates “na nomeação do novo presidente e administradores indicados pelo acionista Estado para o conselho de administração da CGD”.

O tema da chegada de Santos Ferreira confunde-se com o da sua saída para o BCP, no culminar da guerra acionista no seio do banco privado. O PSD apela ao juízo de Sócrates em relação a este assunto: “Considera ético que uma administração que financia de forma tão considerável, e com condições privilegiadas e contras pareceres do conselho de risco da própria CGD, acionistas do BCP transite diretamente para a administração deste banco, eleita pelas pessoas que financiou anteriormente?”.

Outras perguntas deixadas pelo grupo parlamentar social-democrata, algumas partilhadas pelos bloquistas: “Quando soube que três administradores, incluindo o seu presidente, iriam transitar da CGD para o BCP? Teve alguma conversa com algum administrador do BCP sobre o assunto? Ficou aliviado ou com preocupação redobrada com a ida de Armando Vara para o BCP?

Armando Vara já veio mostrar arrependimento por ter saído do banco público para o banco privado, porque deixou a imagem de que Sócrates queria controlar o BCP. “Se tivesse consciência do que viria a passar depois, não teria aceite ir para o BCP. (…) Se tivesse imaginado que a minha ida para o BCP seria entendido como uma tentativa do Governo de assaltar o banco, não teria aceitado o convite”, referiu o antigo responsável do banco e ministro.

Também fez parte do assalto ao BCP?

Filipe Pinhal colocou José Sócrates entre Teixeira dos Santos e Vítor Constâncio no “triunvirato” que deu a bênção ao assalto acionista ao BCP. Numa primeira reação, o ex-primeiro-ministro acusou Pinhal de “velhaca maledicência”. Sócrates tem agora nova oportunidade para responder a estas acusações do antigo administrador e presidente do BCP, dado que as questões dos deputados também tocam neste assunto.

Pergunta do PS sobre as offshores que incriminaram Filipe Pinhal: “Teve conhecimento de irregularidades na gestão do BCP, nomeadamente os factos apurados e que viriam a resultar na condenação em processos contraordenacionais e criminais de sete dos administradores do BCP? Em caso afirmativo, daí resultaram indicações à Caixa sobre o modo como deveria agir relativamente ao BCP, e aos clientes que fossem detentores de ações desse banco?”

Os socialistas questionam ainda Sócrates sobre se “tomou partido ou influenciou o desenrolar do resultado da disputa deste banco privado” e se foi abordado por alguma das partes para que “interferisse na disputa pelo controlo dos órgãos de gestão do BCP”.

Do lado do Bloco de Esquerda, é perguntado a José Sócrates se “reuniu com acionistas do BCP”, se “falou com António Mexia sobre a nova administração do banco ou se confirma a afirmação de Filipe Pinhal de que falou com Paulo Teixeira Pinto durante o período crítico da alteração da administração do BCP”.

Já o PSD quer saber se José Sócrates “alguma vez manifestou preocupação junto do Ministro das Finanças relativamente à instabilidade que se vivia em 2007 no BCP” e se sabia que era o banco do Estado que estava a financiar acionistas do BCP a reforçaram as suas posições no banco privado. “Sabia que esses financiamentos correspondiam a 8% do capital do BCP?”, questionam os sociais-democratas. Vítor Constâncio sabia desses financiamentos, mas não fez a “soma”.

Tem agora a palavra José Sócrates.

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Lisboa cai no ranking do custo de vida, mas preço da gasolina é dos mais caros do mundo

A maioria das cidades mais caras do mundo situa-se no continente asiático, sendo Zurique a única representante europeia no top 10. Lisboa caiu dois lugares desde o ano passado.

Depois de uma subida de 44 lugares que colocou Lisboa entre as 100 cidades mais caras do mundo, a capital portuguesa cai este ano dois lugares no ranking que mede o custo de vida, passando da 93º posição para 95º.

As flutuações cambiais, o custo da inflação no que se refere a bens e serviços e a volatilidade dos preços de alojamento são alguns dos fatores avaliados no estudo anual “Custo de Vida” da Mercer. Em Lisboa, destaca-se o preço da gasolina, que é um dos mais elevados tendo em conta as restantes cidades.

Um litro de gasolina sem chumbo, de 95 octanas, custa em média 1,68 euros na capital portuguesa, um valor que fica acima, por exemplo, daqueles praticados em Londres, Nova Iorque, Singapura ou Zurique. Já as rendas acabam por ficar mais em conta do que noutras cidades. O preço de arrendamento de um apartamento T3 nas zonas nobres de Lisboa ronda os 3.150 euros e em Hong Kong os 12.910 euros.

É precisamente Hong Kong que encabeça a lista e aparece como cidade mais cara do mundo, título que retirou a Luanda no ano passado. A capital angolana tem vindo a cair no ranking e situa-se, agora, na 26º posição, depois de uma queda de 20 lugares. A cidade africana que surge como a mais cara passa a ser Djamena, no Chade.

Cidades asiáticas são as mais caras

O top 10 é completamente dominado por cidades asiáticas, sendo que apenas duas se situam noutros continentes. Isto deve-se, “em parte, a um forte mercado imobiliário”, aponta Tiago Borges, da Mercer Portugal, citado em comunicado. Depois de Hong Kong, é em Tóquio e Singapura que o custo de vida é mais elevado. Já a China tem três cidades entre as dez mais caras, Xangai, Pequim e Shenzhen.

Zurique, na Suíça, é a única cidade europeia entre as dez mais caras do mundo. “Apesar do aumento moderado de preços em grande parte das cidades europeias, as moedas europeias enfraqueceram face ao dólar, o que levou grande parte das cidades a baixar no ranking,” explica Tiago Borges.

“Além disso, outros fatores como a segurança e a preocupação com o cenário económico tiveram impacto na região”, aponta o líder de Rewards da consultora. É na Suíça que se continuam a situar-se as cidades europeias mais caras, sendo que a seguir a Zurique encontramos Berna e Genebra, em 12º e 13º lugar, respetivamente.

No espetro oposto, as cidades que se classificaram no fundo da lista que mede o custo de vida pelo mundo são maioritariamente africanas e asiáticas. Entre as 209 cidades avaliadas, as mais baratas do mundo são Tunes, na Tunísia (209º lugar), Tachkent, no Uzbequistão e Carachi, no Paquistão.

As dez cidades mais caras do mundo

  1. Hong Kong – Hong Kong
  2. Tóquio – Japão
  3. Singapura – Singapura
  4. Seul – Coreia do Sul
  5. Zurique – Suíça
  6. Xangai – China
  7. Asgabade – Turcomenistão
  8. Pequim – China
  9. Nova Iorque – Estados Unidos da América
  10. Shenzhen – China

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Investidores preocupados com riscos para a economia dos EUA. Wall Street encerra em queda

As bolsas norte-americanas encerram a negociação em queda, com os investidores preocupados com os riscos que a economia dos EUA enfrenta. As tensões com o Irão continuam no foco das atenções.

Os investidores estavam à espera de ouvir as palavras de Jerome Powell, presidente da Fed, continuam à espera de progressos nas negociações comercias e estão receosos quanto à escalda das tensões entre os Estados Unidos da América (EUA) e o Irão. Neste cenário, as bolsas norte-americanas encerraram a negociação em queda.

Num discurso no Conselho para as Relações Internacionais, Jerome Powell admitiu que a Reserva Federal norte-americana está atenta ao crescimento dos riscos para a economia dos EUA. Contudo, o líder da Fed disse, também, que uma reação exagerada significaria maior incerteza para o mercado.

“Os riscos para o cenário base favorável parecem estar a aumentar”, alertou Powell, acrescentando que a Fed não mudou a atuação de nenhum instrumento de política monetária (mantendo a taxa de juro de referência inalterada), mas fez “mudanças significativas” no discurso.

Mas a escalada das tensões entre os EUA e o Irão quase ofuscou o discurso do presidente da Fed. Depois de Donald Trump ter anunciado a imposição de novas e “pesadas” sanções contra o líder supremo da República islâmica, o respetivo gabinete e outras figuras relevantes do país, Teerão reagiu. O Presidente iraniano, Hassan Rouhani, afirmou que a política norte-americana revela um “atraso mental”.

Donald Trump depressa reagiu, no Twitter, dizendo que as palavras do Irão são “ignorantes e insultuosas”. “Qualquer ataque do Irão” será “recebido com grande e esmagadora força”, escreveu o Presidente dos Estados Unidos na sua conta da rede social.

Por outro lado, no foco das atenções dos investidores, está, também, a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China. O Presidente norte-americano, Donald Trump, e o Presidente chinês, Xi Jinping, deverão reunir-se esta sexta-feira, na cimeira G20 e, até lá, o mercado está a aguardar por progressos nas negociações comerciais.

Contudo, as declarações de uma fonte oficial da Casa Branca trouxeram algum receios aos investidores. Segundo esta mesma fonte, Donald Trump está “confortável com qualquer resultado” que saia das negociações com o seu homólogo chinês.

Neste cenário, o S&P 500 caiu 0,94%, enquanto o industrial Dow Jones recuou 0,66% e tecnológico Nasdaq perdeu 1,49%.

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Airbus descarta responsabilidade por episódios de enjoos nos voos da TAP

  • ECO
  • 25 Junho 2019

O esclarecimento da fabricante aeronáutica Aribus surge depois de ter sido notícia mais de um episódio de indisposição a bordo de voos operados nos novos A330Neo da TAP.

Depois de vários episódios anormais de enjoos, má disposição e até vómitos registados entre tripulantes e passageiros nos voos no novo avião Airbus A330neo da TAP, a Airbus descartou responsabilidades, dizendo que mantém “um ambiente seguro”, avança o Público esta terça-feira.

De acordo com a fabricante aeronáutica, existe “uma série de razões” para a ocorrência de “odores estranhos” na cabine do aparelho, que vão desde “dispositivos elétricos, produtos de limpeza, álcool, tabuleiros de comida ou outros passageiros”.

“Se um odor estranho for detetado, pode ser desagradável ou desconfortável, mas não está relacionado com contaminação do ar”, refere a Airbus, acrescentado que o A330Neo está “certificado por todas as autoridades para voar”. Já a TAP havia desdramatizado o caso, afirmando que o fenómeno é normal em aviões novos e que o cheiro “desaparece logos após as primeiras utilizações”.

O esclarecimento da Aribus surge depois de, esta terça-feira, ter sido notícia mais um episódio de indisposição a bordo de um voo A330Neo da TAP. O episódio junta-se a outros casos que têm sido denunciados ao longo dos últimos meses. O fenómeno está, agora, a ser investigado pela TAP e pela Airbus.

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