Fundo do JPMorgan pode comprar Naturgas à EDP

O fundo JPMorgan Infrastructure estará a juntar um consórcio e a negociar com a EDP a compra da Naturgas. A avançar, o negócio poderá valer dois mil milhões de euros.

O fundo de infraestruturas do banco JPMorgan Chase estará em negociações para adquirir parte ou a totalidade da Naturgas, uma sociedade do grupo EDP EDP 0,00% em Espanha e a segunda maior distribuidora de gás no país. A notícia é avançada este sábado pelo jornal espanhol Expansión, citando “fontes do setor financeiro”.

De acordo com o jornal, a avançar, a operação poderá ascender os dois mil milhões de euros, tornando-se automaticamente no maior negócio do ano no setor energético. O JPMorgan Infrastructure estará a negociar ainda com outros fundos de forma a criar um consórcio de grande dimensão para abordar a venda — entre eles, “distintos fundos europeus ou americanos”.

Como o ECO já tinha noticiado, a EDP começou a explorar a operação de alienação da Naturgas em meados de janeiro, contando com o JPMorgan Chase e com o Morgan Stanley para assessorar a venda. A EDP estará também à procura de compradores para a homóloga portuguesa EDP Gás, indica o Expansión.

Neste setor, em Espanha, há outro negócio negócio no horizonte: a venda da Renovalia Energia, detida pela CLH e pela Redexis, possivelmente à Endesa. A Renovalia tem a terceira maior rede de distribuição de gás em Espanha, logo a seguir à Naturgas. A venda desta última sociedade da EDP poderá, assim, condicionar o negócio, que tem vindo a sofrer “contratempos” nas últimas semanas.

Gráfico: Cotação das ações da EDP na Bolsa de Lisboa

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Web Summit terá mais espaço e novo programa de voluntariado em 2017

  • Lusa
  • 18 Fevereiro 2017

Paddy Cosgrave, o homem que encabeça a organização da conferência Web Summit, garantiu que a edição deste ano terá mais espaço e anunciou um novo programa de voluntariado. Evento decorrerá em Lisboa.

A próxima edição da Web Summit vai ter mais espaço disponível e contará com um programa de voluntariado que vai colocar 500 jovens a acompanhar os mais importantes oradores do encontro, disse o fundador da iniciativa. Paddy Cosgrave foi o orador da sessão de abertura do segundo dia do Fórum Empresarial Algarve, que decorre hoje em Vilamoura, e disse à Lusa, após se dirigir à plateia numa unidade hoteleira, que continua a ser surpreendido pelos números que a Web Summit consegue na capital portuguesa.

“Este ano vai ser maior, vamos ter espaço adicional. E tivemos quase 10.000 pessoas que se candidataram para ser voluntárias. Vamos fazer um programa de voluntariado, chamado Programa Embaixador, no qual vamos ter 500 líderes de empresas emergentes e de universidades com menos de 25 anos em Portugal que vão acompanhar os mais importantes oradores que vão estar na Web Summit”, adiantou Paddy Cosgrave.

O fundador da Web Summit mostrou-se convicto de que este programa é benéfico nos dois sentidos, porque “os oradores ganham ao terem um tratamento preferencial” e “há um ganho para Portugal porque estas 500 pessoas vão ser a face do futuro e podem construir relações produtivas com pessoas como um editor do New York Times, por exemplo”. A qualidade das infraestruturas em Lisboa também é decisiva para Paddy Cosgrave, em comparação com o local onde a cimeira começou a ser realizada em Dublin, na Irlanda.

Este ano vai ser maior, vamos ter espaço adicional. E tivemos quase 10.000 pessoas que se candidataram para ser voluntárias.

Paddy Cosgrave

Promotor da conferência Web Summit

“Em Dublin, fizemos a cimeira num espaço criado para exposições de vacas, não estava construído para humanos, mas em Lisboa temos locais já preparados para este tipo de evento. Onde na Europa há um local topo de gama para acolher o evento, preparado com todos os cabos de ligações, etc.”, questionou o irlandês, considerando que o Meo Arena é “um dos melhores pavilhões da Europa”.

Paddy Cosgrave disse ainda que a organização “aprendeu muito da primeira [edição] para a segunda”, que se realizará em novembro, e vai contar também com o “envolvimento de artistas portugueses”. “Há muitos artistas portugueses de grafitis, por exemplo, e acho que a Web Summit também deve ser um palco para estes artistas”, afirmou.

Questionado sobre o programa previsto para este ano, o fundador da Web Summit respondeu que “só é revelado a quatro semanas do evento”, mas frisou que atualmente esse já não é o aspeto mais importante da cimeira. “As pessoas já não vêm pelos oradores, vêm porque o tempo é bem empregue e está toda a gente no mesmo sítio ao mesmo tempo. E podem ter múltiplas reuniões num dia com potenciais parceiros e isso é importante”, acrescentou.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

PT tem centenas de trabalhadores sem função atribuída

  • ECO
  • 18 Fevereiro 2017

Existem cerca de 300 trabalhadores no quadro de mobilidade interna. Muitos não têm função atribuída e estão na fila para sair, avança o Expresso.

A PT Portugal tem cerca de 300 pessoas no quadro de mobilidade interna, a maioria sem qualquer função atribuída. A denúncia é feita por vários trabalhadores nesta situação e o caso é noticiado este sábado pelo Expresso [acesso condicionado], que recorda que esta é uma prática “ilegal”. Segundo o jornal, trata-se de “uma espécie de antecâmara para o despedimento negociado ou para a saída voluntária da empresa”.

O semanário avança que, nesta situação, encontram-se trabalhadores de diversos tipos e áreas, desde altos quadros, como engenheiros, gestores e jurídicos, aos trabalhadores menos qualificados. O problema não se estende apenas a Lisboa e Porto, mas também a Braga, Coimbra e Faro, entre outros.

De acordo com o Expresso, desde que a companhia foi adquirida pela Altice, mais de 1.000 pessoas “já mudaram de funções e de local de trabalho” e que o grupo “encolheu de 11.000 para cerca de 9.600 pessoas”, ou seja, “menos 1.400 num ano e meio”. São números não oficiais que a PT não confirma nem comenta, indica o jornal.

No caso do Porto, a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), que tem levado a cabo inspeções nas instalações da empresa, deu até julho para a PT resolver o problema dos trabalhadores sem função naquela região. Segundo o Expresso, há registo de queixas de trabalhadores por assédio moral e pressão psicológica e social no mercado de trabalho. “Tem sido um movimento discreto e com pouco eco, em parte também pelo medo que se instalou na PT e que leva as pessoas a optar pelo silêncio”, lê-se na edição deste sábado.

Recorde-se que, e dezembro, o gestor da empresa, Paulo Neves, quando questionado acerca deste assunto, disse ao Público que “não há” pessoas na PT “[deliberadamente] sem funções atribuídas”. “Temos um ambiente de perfeito diálogo com os trabalhadores, a comissão de trabalhadores e os sindicatos e por essa razão conseguimos algo que não se conseguia há anos”, acrescentou, referindo-se a acordo coletivo de trabalho assinado com os sindicatos em setembro do ano passado.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Privatização da EDP completa cinco anos. E marcou o início da aposta da China em Portugal

  • Lusa
  • 18 Fevereiro 2017

A privatização da EDP está prestes a fazer cinco anos e marcou o início de um período de fortes apostas da China no mercado português. Recorde algumas.

A China Three Gorges (CTG) entrou na EDP EDP 0,00% há cinco anos, no âmbito do processo de privatização da elétrica, num movimento que abriu as portas ao investimento chinês em Portugal em áreas tão diversas como banca ou media. Em 20 de fevereiro de 2012, os acionistas da EDP oficializavam a entrada da CTG no Conselho Geral e de Supervisão, em assembleia-geral extraordinária, após a privatização da elétrica portuguesa, na qual a empresa chinesa pagou cerca de 2,7 mil milhões de euros por 21,35%, tornando-se a maior acionista.

A entrada da CTG foi o ‘pontapé’ de saída para um fluxo de investimento chinês em Portugal, à ‘boleia’ de privatizações, já que o país serve de porta de entrada para a Europa e para os países de língua oficial portuguesa, isto sem falar na corrida às concessões de vistos ‘gold’. A EDP foi a primeira privatização a arrancar, durante o governo de Pedro Passos Coelho, em dezembro de 2011.

Em fevereiro de 2012, foi a vez da REN, com os chineses da State Grid a ficarem com 25% do capital, pagando 387 milhões de euros pela posição na empresa gestora das redes energéticas nacionais. Posteriormente, a chinesa Fosun comprou a seguradora Fidelidade e a Espírito Santo Saúde, tendo no final de 2016 adquirido 16,7% do capital do Banco Comercial Português (BCP), por cerca de 174,6 milhões de euros para ser o seu maior acionista. Em fevereiro, o grupo chinês reforçou a sua posição na instituição financeira para 23,92%, no âmbito de uma operação de aumento de capital.

Ainda no setor financeiro, em 2015, o Haitong Bank concluiu a compra do banco de investimento português BESI. Antes, no início de 2012, o Banco Internacional e Comercial da China (ICBC) abriu o seu primeiro escritório em Portugal, em Lisboa, e, um ano depois, foi a vez do Bank of China escolher a capital portuguesa para abrir um escritório e um balcão de atendimento. Mas não é só a banca que atrai os investidores chineses. Em outubro passado, o grupo de Macau KNJ Investment Limited, fundado em 2012, assinou um memorando de entendimento com a Global Media Group (GMG), que prevê que a empresa macaense passe a controlar 30% da dona do Diário de Notícias (DN), Jornal de Notícias (JN) e da TSF, entre outros títulos, através de uma injeção de capital de 17,5 milhões de euros.

Com a concretização da operação, prevista para este ano, a macaense KNJ tornar-se-á na maior acionista da dona do DN. Entre outros investimentos chineses em Portugal, destaca-se a inauguração, em fevereiro de 2012, do centro tecnológico da empresa de telecomunicações Huawei em Lisboa, que representou um investimento de 10 milhões de euros, que se juntou aos 40 milhões de euros que a multinacional chinesa tinha investido no mercado português.

Também o setor imobiliário tem vindo a ser uma aposta de investidores chineses, liderando, por nacionalidades, a obtenção de vistos ‘gold’ em Portugal. Desde que o programa de Autorização de Residência para a atividade de Investimento (ARI) arrancou, em 08 de outubro de 2012, até final de janeiro deste ano, foram atribuídos 3.154 vistos ‘gold’ a investidores de nacionalidade chinesa, de acordo com os dados estatísticos do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Paddy Cosgrave no arranque do Fórum Empresarial do Algarve

  • Lusa
  • 18 Fevereiro 2017

O responsável pelo Web Summit, Paddy Cosgrave, abre este sábado os trabalhos no V Fórum Empresarial do Algarve, a decorrer em Vilamoura. Em cima da mesa, temas como a digitalização e as exportações.

A criação de valor no mundo digital, as exportações e o papel do Estado na promoção de investimento são alguns dos temas que estarão hoje em debate no V Fórum Empresarial do Algarve, em Vilamoura. Ao todo, são esperados no fórum um total de 250 participantes, disse à Lusa Nasser Sattar, presidente do Comité de Gestão do LIDE Portugal, organização que há cinco anos promove a iniciativa.

No evento, que decorre num hotel em Vilamoura, estarão presentes os ministros da Economia, Manuel Caldeira Cabral, e das Finanças, Mário Centeno, assim como os secretários de Estado da Indústria e da Inovação.

Sob o tema ‘Crescimento e Criação de Valor’, a edição deste ano vai ter em debate temas relacionados com o impacto da transformação digital nos modelos de negócio das empresas, estratégias para melhorar as exportações, a importância do financiamento bancário e a sua relação com o equilíbrio das empresas e ainda o papel do Estado em fomentar o investimento.

A abertura dos trabalhos está a cargo do fundador da ‘Web Summit’, o irlandês Paddy Cosgrave, estando, ao longo de todo o dia, previstas intervenções de empresários, dirigentes de bancos e representantes do patronato e da Indústria, entre outros. O evento termina apenas no domingo, embora os trabalhos estejam todos concentrados no dia de hoje.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Lisboa: Cerca de 80 tuk-tuks oferecem viagens este domingo

  • Lusa
  • 18 Fevereiro 2017

Se tem um autocolante laranja no limpa para-brisas, é porque é gratuito. Cerca de 80 tuk-tuks vão oferecer viagens este domingo em Lisboa, numa chamada de atenção para a regulamentação do setor.

Os tuk-tuks abrangidos pela iniciativa estarão sinalizados com um autocolante cor de laranja no limpa para-brisas.Pixabay

A iniciativa “Cá vai Lisboa” junta no domingo mais de 80 tuk-tuks, que vão dar passeios gratuitos aos lisboetas e turistas para chamar a atenção da população sobre a regulamentação municipal que está a ser preparada.

João Tarrana, da Associação Portuguesa de Empresas de Congressos, Animação Turística e Eventos (APECATE), sublinhou à Lusa que a associação não está contra a regulação do setor, mas defende alterações ao Regulamento Municipal de Circulação de Veículos Afetos à Atividade de Animação Turística, que está até quarta-feira em consulta pública. “Achamos é que tem de ser feito com equilíbrio e bom senso e ouvindo os interessados, que são as empresas operadoras”, explicou, acrescentando que os operadores concordam, por exemplo, que o número de veículos elétricos a circular na cidade passe de 50 para 100 por cento.

No domingo, entre as 10h00 e as 17h00, vão existir três pontos de partida para uma tour de meia hora, na zona do Planetário, em Belém, na rua Garrett, no Chiado, e na Praça dos Restauradores, perto do elevador da Glória, sendo que os 83 tuk-tuks que aderiram vão estar identificados com um autocolante cor de laranja no limpa para-brisas.

Segundo o responsável, há diversas questões que são abordadas no regulamento, mas que não estão especificadas, dando como exemplo os horários que não estão estipulados, as restrições de circulação que se remetem a um mapa. Critica ainda o facto de o documento falar em circuitos quando a atividade em questão é “fazer programas” tendo a autonomia que os turistas exigem.

“Não se podem, no fundo, estabelecer regras sem pesar as consequências das mesmas”, avançou, lembrando que não existem pontos de carregamento elétricos no Miradouro da Graça, um dos muitos locais visitados pelos tuk-tuks, e que muitos pontos de carregamento elétrico na cidade não funcionam.

“Antes de definir regras temos de preparar a cidade para que isso seja possível. Já somos uma das indústrias com mais veículos elétricos a circular. Já somos um exemplo. Queremos ter um pouco mais de tempo para fazermos a reconversão total. Queremos uma autarquia reguladora e não castradora, é o repto que nós lançamos”, desafiou.

Daniela Miguéns, 22 anos, é desde dezembro passado proprietária e condutora do seu tuk tuk de três lugares, movido a gasolina. Atualmente não sabe como irá ser o seu futuro e, se daqui a uns meses, continuará a ter trabalho, uma vez que, admitiu, não tem dinheiro para fazer a mudança para elétrico. “Comprar um elétrico é muito caro e nem sequer tenho o dinheiro para o alterar, nem existe protocolo para o fazer. Não sei se daqui a uns meses terei trabalho. O que queremos no domingo é alertar a população para o que se está a passar”, desabafou a jovem.

Também João Mendes, empresário de animação turística, adiantou à Lusa não ser razoável a autarquia exigir uma “transformação de algo que não existe”, explicando que qualquer outro setor que tenha veículos a combustão e que lhe seja pedido que passe para elétrico “em seis meses fecha”. “No nosso caso, temos também os ‘Go Car’, carrinhos amarelos, em que não existe solução para os transformar em elétricos. O caráter deles é tão diferenciador que são uma pequena produção. Lisboa, por os ter, tem uma vantagem competitiva em relação a outros destinos com que compete e a câmara, ao exigir a transformação, basicamente fecha o negócio”, explicou.

"Comprar um elétrico é muito caro e nem sequer tenho o dinheiro para o alterar, nem existe protocolo para o fazer.”

Daniela Miguéns

Proprietária e condutora de tuk-tuk

João Mendes explicou a diferença de preços entre ‘tuk tuk’ a gasolina, que custam 7.500 euros, enquanto os elétricos rondam os 25 mil euros, sendo que uma transformação pode rondar os 12 mil. No entanto, frisou não ser “real a homologação de um veículo de combustão para elétrico”, explicando que pode demorar, pelo menos, dois anos a ser aprovada, já que a homologação atualmente existente é europeia e não nacional.

“No caso dos ‘Go Car’ e de outros, por serem produções pequenas, nem sequer existe solução. Uma coisa é definir uma janela de tempo de quatro, cinco anos, durante a qual se saia do setor, desinvestia-se ou tentava-se procurar soluções de mercado. Outra coisa é dizer para em seis meses encontrarmos uma solução tecnológica, aprova-la e torna-la ‘road legal’ para continuar a desenvolver o negócio. Para mim não é razoável”, concluiu João Mendes.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Donald Trump cria instabilidade nas empresas portuguesas

  • Lusa
  • 18 Fevereiro 2017

A Câmara do Comércio Americana em Portugal alerta para um sentimento de incerteza e de instabilidade das empresas portuguesas face à nova realidade política dos Estados Unidos.

A Câmara do Comércio Americana em Portugal está a notar um sentimento de incerteza e de instabilidade das empresas portuguesas face à nova realidade política dos Estados Unidos, com a eleição de Donald Trump. “Em termos práticos ainda passou pouco tempo mas há uma diferença em relação à forma de olhar e um sentimento de incerteza e de instabilidade. É necessário esperar para perceber como é que as coisas vão funcionar daqui para a frente”, disse à agência Lusa a secretária-geral da Câmara do Comércio.

Graça Didier contou que a instituição aguarda com expectativa os efeitos da nova administração norte-americana, depois do aumento das exportações portuguesas para os EUA nos últimos anos. “Tudo leva a crer que efetivamente vai verificar-se um fechar da economia americana ao comércio internacional”, referiu, adiantando que “nas últimas semanas têm sido visíveis movimentos adversários aos acordos do livre comércio”. A “posição ainda não é clara”, esclareceu.

Para a secretária-geral da Câmara de Comércio Americana, os Estados Unidos podem vir a “fechar-se” aos produtos estrangeiros, havendo, no entanto, dúvidas sobre o protecionismo. “Em relação aos produtos chineses parece claro, mas ainda há incertezas em relação aos produtos europeus”, disse referindo que a União Europeia deve fazer chegar à nova administração norte-americana a vontade de continuar a trabalhar e manter a relação entre os dois blocos nas vertentes económica e comercial.

A responsável pela instituição com sede em Lisboa recorda que os Estados Unidos já têm tradicionalmente políticas restritivas mas “pode ser que a situação venha a ser ainda mais notada” porque muitos contratos a nível estadual e federal [nos Estados Unidos] são fechados e dirigidos a empresas norte-americanas. Segundo Graça Didier, nos últimos tempos verificou-se um aumento “significativo” das exportações portuguesas para os Estados Unidos que passaram a ser o país, fora da União Europeia, para onde as empresas portuguesas mais exportam.

Tudo leva a crer que efetivamente vai verificar-se um fechar da economia americana ao comércio internacional.

Graça Didier

Secretária-geral da Câmara do Comércio Americana em Portugal

Os Estados Unidos estão em quinto lugar na lista global dos países recetores das exportações portuguesas, ganhando lugares relativamente aos últimos anos sendo que o crescimento das exportações quase duplicou, em muitas áreas, nos últimos anos. “Havia uma dinâmica percetível de Portugal para os Estados Unidos que está relacionada com o empenho dos empresários portugueses em termos de exportações e também pela valorização do dólar face ao euro que tornou os produtos europeus, e também os portugueses, mais apetecíveis e concorrentes”, nota Graça Didier.

A instabilidade de outros mercados a nível internacional fez também como que os empresários portugueses tivessem encarado o mercado norte-americano, mais seguro em relação a outros destinos. Passadas quatro semanas sobre a tomada de posse de Donald Trump, “não há ainda nada em contrário”, diz a responsável adiantando que existe “expectativa” em virtude das declarações da nova Administração. “É preciso ver como é que o relacionamento se pode desenvolver no futuro”, conclui.

Donald Trump tomou posse como presidente dos Estados Unidos no dia 20 de janeiro tendo tomado posições polémicas em matérias como segurança interna, imigração, política externa e comercial, sobretudo em relação ao México.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Assunção Cristas reúne com Fernando Medina esta segunda-feira

  • Lusa
  • 18 Fevereiro 2017

A líder e candidata do CDS-PP à presidência da Câmara Municipal de Lisboa pediu uma reunião ao atual presidente socialista, Fernando Medina, para discutir "temas relevantes para cidade".

A candidata à Câmara de Lisboa e presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, reúne-se com o autarca da capital, Fernando Medina (PS), na segunda-feira, depois de ter pedido o encontro para debater “temas relevantes para cidade”. A reunião que Assunção Cristas tinha pedido a Fernando Medina terá lugar na segunda-feira, pelas 17h00, no edifício dos Paços de Concelho, disse à Lusa fonte oficial do CDS-PP.

A habitação, a mobilidade, a educação e o apoio a idosos são alguns dos temas que têm marcado a pré-campanha de Assunção Cristas e que foram enumerados à Lusa na altura em que a reunião foi pedida, no dia 25 de janeiro. A líder centrista protagonizou o primeiro anúncio de candidatura à presidência da autarquia de Lisboa, em setembro do ano passado, na rentrée do partido, num comício em Oliveira do Bairro.

Assunção Cristas realizou a primeira ação pública de campanha num bairro social na Ameixoeira, tendo voltado a visitar um bairro gerido pela empresa municipal de habitação Gebalis na semana passada, o bairro Alfredo Bensaúde. Nessa última visita, a candidata estimou que existem 1600 fogos de habitação social desocupados e falou de uma alegada falta de transparência na atribuição de casas, o que foi depois recusado pela vereadora da Habitação, Paula Marques, que sublinhou a existência de regras públicas nesse processo.

A candidata do CDS-PP tem criticado a política de obras públicas “nas grandes avenidas” do atual presidente de Câmara, em detrimento dos territórios como os bairros sociais e de populações como os idosos. A infância e a oferta de pré-escolar na capital tem sido outro dos temas que têm marcado o discurso da candidata e líder centrista.

Assunção Cristas já visitou também duas instituições de educação com oferta de pré-escolar, e na última dessas visitas, ao Externato João XII, no Parque das Nações, defendeu um modelo de contratualização com o setor privado e social para garantir que todas as crianças da capital têm vaga na creche e pré-escolar.

“Noto, olhando para os números, que na verdade já há capacidade instalada suficiente em Lisboa, é preciso que ela seja organizada”, afirmou Assunção Cristas, avançando que esse modelo passaria por a autarquia de Lisboa subsidiar as famílias que não pudessem pagar essas vagas existentes em instituições privadas e sociais.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Aeroporto no Montijo vocacionado para as companhias ‘low-cost’

  • Lusa
  • 18 Fevereiro 2017

O Ministério do Planeamento e Infraestruturas confirmou que ao complemento ao Aeroporto Humberto Delgado no Montijo será principalmente vocacionado para as companhias aéreas 'low-cost'.

O aeroporto complementar do Montijo vai estar vocacionado principalmente para as ‘low cost’ e para serviços de médio custo, disse hoje fonte do Ministério do Planeamento e Infraestruturas à agência Lusa. “O aeroporto complementar no Montijo será especialmente vocacionado para a operação das designadas companhias ‘low-cost’ e para serviços de médio curso”, disse o gabinete do ministro do Planeamento e das Infraestruturas à agência Lusa.

O gabinete de Pedro Marques assegurou que a pista principal da base aérea do Montijo tem “as condições para receber os aviões usados neste tipo de operações”. “A pista principal do Montijo, com um comprimento aproximado ao da pista secundária do Aeroporto Humberto Delgado, mas com melhor equipamento de voo por instrumentos, terá igualmente condições para receber aviões de maior porte, em situações de contingência ou indisponibilidade temporária do aeroporto principal, assim como a sua subsequente descolagem realizada em situação não comercial (menor peso)”, afirma a tutela.

Na quarta-feira, o Governo e a ANA – Aeroportos de Portugal assinaram um memorando de entendimento que visa “estudar aprofundadamente” a solução de um aeroporto complementar no Montijo para aumentar a capacidade do Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa. As companhias aéreas aguardam mais informações sobre a opção final do Governo acerca do aeroporto complementar em Lisboa antes de decidirem sobre uma transferência de operações, previsivelmente dentro de cinco anos, para o Montijo.

“O aeroporto complementar no Montijo será especialmente vocacionado para a operação das designadas companhias low cost e para serviços de médio curso”

Fonte do Ministério do Planeamento e Infraestruturas

Entre as várias companhias ouvidas pela agência Lusa, a TAP já descartou sair do aeroporto Humberto Delgado, enquanto outras adiam uma decisão, mas afirmam a necessidade de ficar acautelado o crescimento de movimentos na capital portuguesa. Pelas ‘low-cost’, a easyJet considerou que a solução apresentada irá “beneficiar todos os operadores, pois permitirá que o tráfego continue a crescer”, enquanto a Ryanair afirmou “apoiar o desenvolvimento do aeroporto do Montijo como aeroporto independente, secundário e ‘low cost’ (baixo custo) para Lisboa, de modo a concorrer com a Portela”.

José Lopes, diretor da easyJet em Portugal, considerou que “é uma solução que só será implementada em 2021/22 e, por isso, quando esta for apresentada mais em detalhe os operadores poderão tomar uma decisão, consoante as opções de crescimento de cada um”, afirmou o responsável, sublinhando que “nenhum operador será obrigado a mover-se, uma vez que todos têm direito a usufruir do espaço em que operam atualmente”.

Numa nota da Ryanair enviada à Lusa, a companhia mostrou-se “confiante de que o aumento da concorrência levará a uma melhor gestão de ambos os aeroportos, o que traduzir-se-á em menores taxas aeroportuárias que, sem dúvida, irão estimular o crescimento do tráfego em Lisboa e assim contribuir para a dinamização da economia”, considerando que a “capacidade de Lisboa continua artificialmente limitada”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Governo põe ponto final nas avaliações ao imposto sobre combustíveis

  • Lusa
  • 18 Fevereiro 2017

O Ministério das Finanças vai deixar de fazer a avaliação trimestral do Imposto sobre os Produtos Petrolíferos (ISP) este ano. Compromisso era só para "maio, agosto e novembro de 2016".

O Governo vai deixar este ano de fazer a reavaliação trimestral do Imposto sobre os Produtos Petrolíferos (ISP), ao contrário do que aconteceu em 2016. Uma nota do gabinete do Ministério das Finanças enviada à Lusa indica que, para o exercício de 2017, não estão previstas “alterações adicionais à tributação dos combustíveis”.

A mesma nota refere que o Orçamento do Estado de 2017 previa “uma descida na tributação sobre a gasolina com contrapartida numa subida de igual montante da tributação do gasóleo” e que foi introduzida “uma moratória na incorporação de biocombustíveis no gasóleo e gasolina, evitando a subida dos seus preços base”.

“O conjunto das alterações será assim neutro do ponto de vista do preço do gasóleo e contribuirá para a redução do preço da gasolina”, diz o Ministério, explicando que o Governo apenas assumiu o compromisso de realizar reavaliações do ISP “em maio, agosto e novembro de 2016”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Livro de Cavaco Silva é “ajuste de contas”, diz José Sócrates

  • ECO
  • 18 Fevereiro 2017

O ex-primeiro-ministro já reagiu ao novo livro de memórias do antigo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva. É um "vulgar exercício de mesquinhez disfarçado de relato histórico", acusa.

José Sócrates já reagiu ao livro Quinta-feira e outros dias, apresentado na passada quinta-feira por Aníbal Cavaco Silva e que relata, do ponto de vista do antigo Presidente da República, algumas das reuniões que teve com o então primeiro-ministro socialista. Num artigo de opinião no Diário de Notícias, o também arguido da Operação Marquês começa por dizer que “nunca um presidente ou primeiro-ministro relatou as conversas tidas entre ambos enquanto exerceram funções” pois “há boas razões para isso”.

O ex-primeiro-ministro diz que o livro de memórias de Cavaco Silva “é um autorretrato perfeito das consequências que o ressentimento pode ter no caráter de um político” e que nunca lhe ocorreu “seguir caminho tão indigno”. Segundo José Sócrates, a “maioria” das conversas relatadas pelo ex-Presidente são “distorcidas e falsas” e “não passam de vulgar exercício de mesquinhez disfarçado de relato histórico”.

"O livro não é uma prestação de contas, mas um ajuste de contas.”

José Sócrates

Ex-primeiro-ministro

Mas de todos relatos das tais reuniões entre os líderes do Estado e do Governo, que por norma ocorriam às quintas-feiras, há um que José Sócrates não deixa passar em branco: o episódio das escutas. Corria o ano de 2009 quando veio a público o episódio das alegadas escutas a Belém a mando do Governo. No livro, Cavaco Silva recorda uma das reuniões sobre o caso em que Sócrates “se exaltou ao ponto de subir o tom de voz”.

No entanto, o ex-primeiro-ministro José Sócrates relata agora a mesma reunião do dia 16 de setembro desse ano, que diz recordar “muito bem”: “Nessa reunião exprimi ao então Presidente o meu protesto por não ter visto desmentida uma grave acusação de escutas que o meu gabinete teria feito ao Palácio de Belém e que o Presidente sabia ser falsa”, escreve Sócrates.

E acrescenta: “O Presidente respondeu-me, como aliás faria noutras ocasiões, que não interromperia as suas férias para responder aos deputados do meu partido que tinham criticado a participação de membros da casa civil do Presidente na elaboração do programa de governo do PSD.” Sócrates diz não ter entendido a ligação entre os dois assuntos e que insistiu.

“A notícia das escutas era pessoalmente ofensiva e, estando o país em campanha eleitoral, tinha provocado sérios prejuízos ao Partido Socialista, podendo ter sido evitados se o Sr. Presidente da República a tivesse desmentido”, garante. “Uns dias mais tarde soube-se a verdade. A publicação de um e-mail permitiu saber que tais notícias tinham sido transmitidas a um jornalista pelo principal assessor de imprensa do Sr. Presidente da República. Estava identificado o executante”, aponta.

Sobre a obra, José Sócrates refere ainda que “o que se passou foi, tão simplesmente, isto: pela primeira vez na história democrática do país ficou provado que um Presidente concebeu e executou uma conjura baseada numa história falsa, por forma a deitar abaixo um governo legítimo em funções”. “O Presidente da República de então não tem moral para dar lições de lealdade institucional”, remata.

E termina com uma nota, em post-scriptum, sobre a parte em que Cavaco Silva refere que “as reuniões com [Mário] Soares eram sonolentas”. “Nunca tinha visto uma transmutação de personagens tão estrambólica. O livro não é uma prestação de contas, mas um ajuste de contas”, conclui José Sócrates.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

CGD: Marcelo pode ser chamado à nova comissão?

Dos SMS às declarações públicas, o Presidente da República envolveu-se no caso da isenção das declarações entre Domingues e Centeno. Mas será de "duvidoso interesse" político chamar Marcelo.

O Presidente da República e o primeiro-ministro estão a tentar dar o caso por encerrado, mas no Parlamento o PSD e o CDS continuam a insistir em descobrir a verdade por completo. A direita vai criar uma nova comissão parlamentar de inquérito para averiguar o período desde a negociação para a nomeação da anterior administração da CGD, presidida por António Domingues, até à demissão do gestor. O principal alvo deverá ser Mário Centeno, mas será que por causa do seu envolvimento Marcelo Rebelo de Sousa vai ter de ir à Assembleia da República?

A resposta mais rápida está no Regime Jurídico dos Inquéritos Parlamentares, nomeadamente no artigo 16º, o qual esclarece os métodos para a convocação de pessoas e contratação de peritos. “As comissões parlamentares de inquérito podem convocar qualquer cidadão para depor sobre factos relativos ao inquérito”, começam por estabelecer as regras.

No entanto, logo no segundo ponto surge uma exceção que envolve o Presidente da República, e ainda os ex-Presidentes, o Presidente da Assembleia da República e ex-presidentes da AR, o primeiro-ministro e os ex-primeiros ministros. Estes “gozam da prerrogativa de depor por escrito, se o preferirem”. Essa resposta deve ser remetida à comissão “no prazo de 10 dias a contar da data da notificação dos factos sobre que deve recair o depoimento, declaração, sob compromisso de honra, relatando o que sabem sobre os factos indicados”.

Esta regra aplica-se também a António Costa, caso os deputados queiram chamar o primeiro-ministro à nova comissão parlamentar de inquérito. Segundo um texto do professor de direito público, Nuno Piçarra, a primeira vez que um primeiro-ministro teve de responder perante uma CPI foi no caso da “Relação do Estado com a Comunicação Social e, Nomeadamente, Atuação do Governo na Compra da TVI”. Chamava-se José Sócrates e estávamos em 2010.

Nesse mesmo texto, entre vários assuntos relativos ao funcionamento da CPI, Nuno Piçarra relembra um artigo da Constituição para, no caso do Governo e do primeiro-ministro, o atual regulamento poder ser questionado. No artigo 177 relativo à participação dos membros do Governo, dentro da secção da Assembleia da República, afirma que, no que toca às comissões, os membros do Executivo “devem comparecer perante as mesmas quando tal seja requerido”. Assim, o professor da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa questiona se o “legislador ordinário” pode atribuir a prerrogativa ao primeiro-ministro, “quando a Constituição fala de um dever de comparência perante as comissões parlamentares?”

Há interesse em chamar o Presidente?

Ouvir Marcelo Rebelo de Sousa até poderia ajudar a deslindar os contornos da nomeação de António Domingues, mas os politólogos contactados pelo ECO explicam que é de “duvidoso interesse” político para a direita chamar o Presidente.

“É de duvidoso interesse chamar Marcelo”, defende António Costa Pinto, professor no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. O politólogo explica que PSD e CDS têm “todo o interesse em continuar a explorar o tema”, já que desta forma conseguem “diminuir o impacto dos resultados económicos, que o Governo poderia ter capitalizado politicamente”.

"Esta polarização só pode ter ganhos de continuidade se houver uma margem legal que vá provocando desgaste ao ministro. Mas a sua extensão ao Presidente da República pode ter um efeito ricochete muito grande para a oposição.”

António Costa Pinto

Politólogo

Contudo, “esta polarização só pode ter ganhos de continuidade se houver uma margem legal que vá provocando desgaste ao ministro.” Ora, “a sua extensão ao Presidente da República pode ter um efeito ricochete muito grande para a oposição”, defende. “Vai ser visto como uma provocação ao Presidente”, explica, lembrando que em Portugal não há tradição de fazer descer a Presidência ao nível do Parlamento.

"Metaforicamente, o que estes partidos estão a fazer é o encarniçamento terapêutico. Politicamente, o caso já rendeu o que tinha a render.”

Viriato Soromenho Marques

Politólogo

Viriato Soromenho Marques, professor na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, concorda que chamar Marcelo acabaria por prejudicar o PSD e CDS. “Metaforicamente, o que estes partidos estão a fazer é o encarniçamento terapêutico”, que é um termo da medicina que se usa quando se tenta prolongar a vida de um doente incurável e em fase terminal. “Politicamente, o caso já rendeu o que tinha a render”, defende, argumentando que insistir no caso através de uma comissão de inquérito é desproporcional. Além disso, para o politólogo, revela que PSD e CDS “estão disponíveis para perder um ministro competente para obter ganhos partidários”.

Do mesmo modo, os dois politólogos apostam que Marcelo fará tudo para se distanciar do caso — e que, por isso, se fosse chamado usaria dos meios disponíveis para se intrometer o menos possível. “O Presidente tem interesse em afastar-se”, diz Costa Pinto. “Já fez uma declaração curiosa sobre o ministro, numa clara manifestação de demarcação”, explica, defendendo que foram os socialistas que tentaram associar o Presidente também à nebulosa do ministro e dos SMS.

Quão envolvido está Marcelo?

Esta é uma das questões que os deputados deverão querer ver respondida. Mas as notícias das últimas duas semanas têm demonstrado que o envolvimento de Marcelo Rebelo de Sousa é mais profundo do que se pensava, assim como o do primeiro-ministro e de Mário Centeno. Mas temos de fazer um longo exercício de memória para perceber todos os passos, pelo menos dos que já são públicos.

A 30 de junho de 2016, depois de ter promulgado a exceção criada no Estatuto do Gestor Público aos gestores da CGD a 21 de junho, o Presidente da República emitiu uma nota a explicar a decisão. Em suma, para que a nova administração entrasse em funções, Marcelo priorizou a promulgação. “Foi no quadro da preparação e negociação desse plano, ainda em curso, que surgiu este decreto, apresentado pelo Governo como necessário para a entrada de funções de nova administração”, pode ler-se. Nesta nota existem múltiplas referências aos salários dos gestores, mas nenhuma sobre as declarações de rendimento e património.

Poucos dias depois de Marques Mendes ter levantado a questão das declarações, Marcelo emitiu outra nota sobre o tema: “Uma condição essencial é um sólido consenso nacional em torno da gestão, consenso esse abrangendo, em especial, a necessidade de transparência, que permita comparar rendimentos e património à partida e à chegada, isto é, no início e no termo do mandato, com a formalização perante o Tribunal Constitucional, imposta pela administração do dinheiro público”, escreveu na altura. O Presidente da República disse que a palavra final é do TC, mas considerou que “a obrigação de declaração vincula a administração da Caixa Geral de Depósitos”.

Em um mês o assunto tornou-se num pântano. O Governo negou a existência de um acordo para isentar a entrega de declarações, mas o Ministério das Finanças foi mais evasivo. Lobo Xavier garantiu que existia um acordo e a demissão da administração surgiu pouco depois. Em janeiro, na comissão de inquérito, a questão voltou a ser levantada, mas foi com a divulgação, pelo ECO, da correspondência entre o gestor e o ministro que Marcelo voltou a fazer parte do problema. No dia seguinte à notícia, Marcelo protegeu Centeno, referindo que só um documento assinado poderia servir de prova, e isolou Domingues.

Esse estado de dúvida não durou muito tempo. Depois de ter garantido que havia mais provas da existência de um acordo, Lobo Xavier mostrou os SMS a Belém durante o fim de semana passado e, segundo as notícias que vieram a público, Marcelo não gostou do que viu. Esta segunda-feira recebeu Mário Centeno para falar sobre o caso e horas depois o ministro das Finanças estava a dar uma conferência de imprensa invocando um “erro de perceção mútuo”. Antes da meia-noite, o Presidente da República lançou uma nova nota sobre o tema: segurou Centeno a bem da estabilidade financeira, mas deu um puxão de orelhas ao Governo.

Além disso, no 4º ponto, Marcelo escreveu que “a interpretação autêntica das posições do Presidente da República só ao próprio compete”. Uma frase que ganhou relevância quando, tal como Lobo Xavier tinha avisado, parte do conteúdo dos SMS foi revelado pela comunicação social. Segundo o Correio da Manhã, a primeira mensagem que o ministro das Finanças enviou a António Domingues dizia que Marcelo “queria muito” que ficasse “expresso na lei” a entrega das declarações.

Mas, poucos dias depois, após de uma conversa do primeiro-ministro com o Presidente da República, Centeno enviou um segundo SMS no qual defendeu que “o problema da entrega das declarações desapareceu”, dando a entender que foram desenvolvidas diligências para a “resolução” desse tema. Após estas revelações terem sido divulgadas, a imprensa noticiou que Marcelo avisou o Governo da lei de 83, mas que terá cumprido o pacto de silêncio até Marques Mendes ter trazido o assunto para a agenda mediática.

Uma fonte próxima de António Domingues revelou ao ECO que esses SMS, já do conhecimento do Presidente, não deixam margem para dúvidas. E como são trocados diretamente com o ministro, comprometem-no. O ECO sabe que António Domingues revelará o conteúdo dessas mensagens na comissão parlamentar de inquérito se a tal for obrigado, mas essa é uma dúvida que ainda persiste mesmo com a criação de uma nova CPI. A esquerda poderá bloquear outra vez o acesso ao conteúdo dos SMS, alegando que isso violaria a Constituição, a lei portuguesa e o regime jurídico dos inquéritos parlamentares.

Contudo, publicamente, Marcelo e Costa têm tentado colocar um ponto final no caso. “Para mim esta questão é uma questão encerrada. E quando fiz a nota, fiz a nota conhecedor de todos os elementos fundamentais, todos os que era possível conhecer na altura em que fiz a nota, todos os dados que eram essenciais para fazer aquela nota”, declarou o chefe de Estado na quarta-feira. Esta quinta-feira, o primeiro-ministro foi direto a responder às perguntas: “O quê, ainda andam com esse assunto? Ainda não ouviram o senhor Presidente da República? Isso já acabou tudo na segunda-feira”. Se os deputados da nova comissão de inquérito chamarem os dois a depor, o assunto voltará a estar em cima da mesa.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.